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artigos

Paulo Roberto Rodrigues Soares

Produção do espaço urbano,


financeirização e gestão urbana nas
metrópoles e cidades na atualidade

Resumo O artigo trata do atual processo de produção das cidades e metrópoles apontando
sua dependência aos processos de globalização e financeirização. Observa-se como
ambos têm levado ao avanço da mercantilização e privatização dos espaços urbanos.
As consequências destes processos na gestão urbana e na própria produção das
cidades são analisadas. Por fim, trata-se das resistências e alternativas de produção
das cidades de modo que estas sejam social e espacialmente justas para todos os
habitantes.

Globalização Financeirização Metropolização

Gestão urbana Justiça espacial

Abstract The article deals with the current process of production of the cities and
metropolises, pointing out their dependence on the processes of globalization
and financialization. It is observed how both have led to the advance of the
commodification and privatization of urban spaces. The consequences of these
processes in urban management and in the cities production are analyzed. Finally,
we deal with the resistance and alternatives to the production of cities, seeking
they are socially and spatially just for all inhabitants.

Globalization Financialization Metropolization

Urban management Spatial justice


artigos

N
o mundo globalizado, metrópoles e cidades co, preferimos nos referir a uma fração do capital ou
se confrontam com um conjunto de trans- força econômica: o capital financeiro.
formações, socioespaciais, relacionadas a
um novo ciclo econômico de produção do espaço
que está alterando características importantes da sua O CAPITAL FINANCEIRO,
morfologia urbana. Dois dos componentes mais im- O REGIME DE ACUMULAÇÃO
portantes da morfologia das cidades, os espaços habi- PREDOMINANTEMENTE
tacionais e os equipamentos comerciais e de serviços, FINANCEIRO
estão sofrendo mudanças significativas em termos de
sua arquitetura e localização. O processo de globalização, especialmente após o
Estas mutações são sintomas de processos mais período de reestruturação do capitalismo fordista,
gerais e profundos de transformação das nossas me- fomentou a desregulação da economia capitalista e
trópoles e cidades. Nossas, no sentido de brasileiras e o crescimento do poder das finanças na escala pla-
latino-americanas, pelo menos aquelas inseridas nas netária. François Chesnais definiu a “mundialização
redes que as conectam aos fluxos dos circuitos hege- do capital” como a “nova etapa de desenvolvimen-
mônicos da rede urbana global. to do capitalismo mundial”. Nesta, “as formas mais
Assim, o objetivo deste artigo1 é analisar as ori- concentradas do capital – capital financeiro predo-
gens, ou, pelo menos, a influência de forças econô- minantemente industrial ou capital de investimen-
micas, políticas e sociais mundializadas no processo to financeiro puro” – avançam sobre “um campo de
de produção de nossos espaços urbanos. Partimos, operações e de um espaço de dominação” que se es-
então, conforme nos foi proposto pelo IAB-RS, de tende sobre a totalidade do planeta, trazendo consigo
uma pergunta clássica, já realizada e respondida por o novo “regime de acumulação predominantemente
diversas perspectivas teóricas e filosóficas, especial- financeiro” (CHESNAIS, 2001, p. 8 e 16).
mente do campo considerado como da teoria crítica: Assim, podemos afirmar que as tendências do ca-
“quem manda nas cidades?”2 pitalismo mundial nos últimos trinta anos são: neoli-
Antes de começar a respondê-la poderíamos beralismo, globalização e financeirização. Esta última
acrescentar a esta pergunta outras mais, que orienta- pode ser interpretada a partir de diferentes significa-
rão nossa argumentação ao longo deste ensaio: quem dos, desde a expansão do volume e da abrangência
manda no estado (RS), no país (Brasil), na América geográfica das transações financeiras e dos novos pro-
Latina e no mundo atualmente? dutos financeiros, até a crescente dominância no po-
Poderíamos responder nos referindo a tendên- der político e econômico do mercado de capitais, dos
cias políticas, entre as que dominam os principais bancos e das classes rentistas, estas últimas com re-
países do mundo geopoliticamente falando. No caso, percussões na produção imobiliária, o que aproxima
nos dias atuais temos os chamados “populismos” de a financeirização da análise do urbano e das cidades.
direita ou de extrema direita, nos Estados Unidos, Hoje, o capital financeiro apresenta um volume
na Europa e (infelizmente) na América Latina. Mas nunca alcançado na história do planeta: o volume
como consideramos que o poder político não é exer- da riqueza financeira mundial já representa cerca de
cido simplesmente como “coação” ou dominação, 3,5 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) da econo-
estando estreitamente vinculado ao poder econômi- mia “real”. Sendo que este que já inclui as atividades
financeiras no setor terciário. Considerando um PIB
mundial de 85,8 trilhões de dólares em 2018, segun-
1 O artigo apresenta as ideias desenvolvidas na mesa de de- do o Banco Mundial, chegamos aos 300 trilhões de
bates “Desafios para Gestão Pública e Democrática: Quem
manda nas cidades?”, organizada pelo Instituto de Arquite-
dólares de riqueza financeira, a qual inclui a capita-
tos do Brasil (IAB-RS) em Porto Alegre no dia 18 de julho de lização de empresas em bolsa, os títulos de dívidas
2019. Participaram do debate o autor e Wrana Panizzi, pro- públicas, os títulos de instituições financeiras, de
fessora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal corporações não financeiras, além dos empréstimos
do Rio Grande do Sul (UFRGS). securitizados e não securitizados. Por outro lado, a
2 As ideias aqui apresentadas sintetizam diversos debates
teóricos do que poderíamos chamar de “estudos urbanos dívida global está próxima dos 250 trilhões de dóla-
críticos”, desenvolvidos na Geografia e Sociologia urbanas res, ou mais de 300% do PIB mundial. Esta dívida
especialmente. Não se trata de um estudo de caso específico, global inclui as dívidas dos Estados (a dívida públi-
embora façamos referências à metrópole de Porto Alegre. Para ca), das empresas e das famílias (especialmente a dí-
uma análise crítica de um caso específico (mas sem deixar de
vida imobiliária).3
lado a teoria urbana), recomendamos o trabalho de Charles
Henrique Voos, Quem manda na cidade? Poder e rent-
seeking urbano. Curitiba: Appris, 2018. 3 Fontes: Banco Mundial (2019), The McKinsey Global Ins-
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Este volume de capital muitas vezes considerado a força política das redes sociais digitais, decidindo
“capital fictício”, dado o seu indomável descolamento até mesmo eleições nacionais, questionando e ultra-
da economia real produtora de bens e mercadorias, passando os tradicionais canais de debate político-
está transformando a economia e a sociedade, acom- -ideológico, pondo em xeque as grandes estruturas
panhado de outros processos não menos importan- político-partidárias. Também a transmissão de conte-
tes, como a revolução tecnológica, as transformações údos culturais e de entretenimento por streaming está
do mundo do trabalho, além da própria mundializa- provocando mudanças no mundo da mídia, abalan-
ção ou globalização econômica, que, a despeito das do as grandes redes tradicionais e introduzindo novos
“guerras comerciais” recentes, continuam sua mar- canais e atores, bem como novas formas de interação
cha. entre produtores e consumidores de conteúdos.
Gerald Epstein (2005, p.3), em um esforço de Mas é no mundo do trabalho que temos as mais
síntese, definiu a financeirização como o crescente importantes transformações. No século XXI, na era
papel dos motivos financeiros, dos mercados finan- do capital financeiro, o trabalho está sendo cada vez
ceiros, dos atores e das instituições financeiras na mais mediatizado pelas tecnologias de comunicação
operação das economias domésticas e internacionais. e informação. Já nas décadas finais do século XX, a
Recentemente, o geógrafo Ricardo Méndez “revolução informacional” (LOJKINE, 1995) intro-
(2018) abordou a financeirização como um fenô- duziu o microcomputador no mundo do trabalho,
meno sistêmico que acompanha, reflete ou reforça subvertendo o sistema fordista e permitindo a adoção
outros processos socioeconômicos, com suas reper- de sistemas flexíveis de produção e o controle do pro-
cussões espaciais e territoriais. Entre elas, a revolução cesso produtivo e dos estoques de forma instantânea
tecnológica e das tecnologias da informação e comu- e remota em sistemas tipo just-in-time e just-in-case.
nicação, a mercantilização das relações sociais e a “ra- Hoje temos uma nova forma de controle e gestão do
cionalização financeira” das diferentes esferas sociais trabalho, via telefones celulares e internet, presente
e culturais. em todos os lugares, e o trabalho intermediado por
Manuel Aalbers (2019), a partir de diferentes aplicativos, os quais são criações de empresas globa-
estudos, identifica três aproximações principais nos lizadas de alta tecnologia que controlam o trabalho
estudos sobre financeirização: como regime de acu- de milhões de pessoas em diferentes países e conti-
mulação, sobre a crescente valorização das ações das nentes, impondo sua própria “legislação trabalhista”
empresas e dos impactos desta na vida cotidiana (es- e modalidades novas de relações de trabalho.
pecialmente com relação ao endividamento). Nestas Assim, temos um mundo e processos de trabalho
três aproximações é possível incluir a análise urbana, cada vez mais globalizados, individualizados e perso-
uma vez que a produção imobiliária é cada vez mais nalizados, no qual os espaços-tempos são totalmente
central no processo de acumulação capitalista em subsumidos, ou seja, um trabalho em que os tempos
muitos países (como ficou evidente na crise econô- tradicionais estão subvertidos, pois desaparecem os
mica de 2008). Além da presença dos capitais finan- “horários de trabalho”, os dias laborais, os finais de
ceiros nas empresas construtoras e incorporadoras semana, os períodos de férias. Assim como os espa-
submetidas, portanto, às lógicas e às racionalidades ços de trabalho: os tradicionais “lugares” de trabalho
do capital financeiro, o que rebate na vida cotidiana são substituídos pelo trabalho doméstico (o home
com o endividamento das famílias em função de hi- working), espaços compartilhados (coworking). Isso
potecas e financiamentos imobiliários. também vale para o tempo-espaço de consumo, que,
via internet, pode ser realizado de qualquer lugar e
a qualquer momento. As compras via aplicativo, em
A REVOLUÇÃO TECNOLÓGICA lojas virtuais e o cartão de crédito permitem que se-
E O MUNDO DO TRABALHO jamos consumidores full time. Vivemos, como traba-
lhadores e consumidores, no esquema 24/7 demarca-
Vivemos também um período de intensa revolução do por Jonathan Crary (2014): vinte e quatro horas
científica tecnológica, no qual se destaca a penetração por dia e sete dias por semana.4
das novas tecnologias de informação e comunicação Um trabalho cada vez menos material e com rela-
em todas as esferas da vida, capitaneadas pela internet ções de produção cada vez menos perceptíveis, embo-
e pela generalização dos telefones móveis. Esta intro- ra presentes. Um trabalho precário e sub-remunerado,
dução está alterando comportamentos, transforman- com o desaparecimento do salário fixo, disfarçado de
do o cotidiano e as relações pessoais e sociais. empreendedorismo, no qual o indivíduo é empreen-
Entre os inúmeros exemplos, temos recentemente
4 CRARY, J. 24/7: capitalismo tardio e os fins do sono. São
titute (2015) e Valor Econômico em 09/06/2019. Paulo: Cosac Naify, 2014.

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dedor de si mesmo, e de economia colaborativa, na A dominância financeira afeta fortemente as


qual o trabalhador “colabora” com a empresa que o empresas do chamado setor produtivo, que passam
explora. Trata-se da ascensão do “precariado digital”, a ser dominadas pela lógica financeira. Semanal-
como aponta Ricardo Antunes (2018), uma nova mente temos anúncios de empresas, especialmente
modalidade do precariado, que se soma aos milhões familiares, que se tornam propriedades de fundos
de trabalhadores terceirizados e subcontratados que de investimento com operação global. As famílias
predominam hoje no setor de serviços, mas também ricas, a clássica burguesia industrial e comercial, se
cada vez mais presentes no setor industrial. retiram do comando empresarial em favor de ges-
Ou ainda a “sociedade do desempenho”, na qual tores profissionais, formados nas business schools de
os habitantes convertem-se em “sujeitos do desem- prestígio internacional. Abandonam os problemas e
penho e da eficiência”, e que, ao final, produz a “so- as incertezas da gestão em troca dos resultados finan-
ciedade do cansaço” (HAN, 2015), de indivíduos ceiros. “Guardam” seu patrimônio em family offices
esgotados física e (principalmente) psiquicamente ou family funds, cuja função é preservar e multiplicar
pela incessante busca de resultados positivos e super- o patrimônio familiar, inclusive o patrimônio imo-
lativos no trabalho. biliário, imóveis e terras. Trata-se de uma forma de
No plano do capital físico da empresa, das plan- “metamorfose da riqueza”, que está menos ancora-
tas industriais, observamos em uma ponta a grande da na empresa produtora, na produção e venda de
indústria de tipo enclave, cada vez mais desconcen- mercadorias tangíveis do que na reprodução da esfera
trada, descolada dos territórios, com flexibilidade e financeira, na propriedade da terra, na produção do
quase total autonomia de localização, além de in- imobiliário.
ternamente estar “povoada” por robôs e quase total-
mente automatizada. E, ao mesmo tempo, na base,
difundem-se as pequenas fábricas, manufaturas sub- O CAPITAL FINANCEIRO
mergidas, quase invisíveis, mas superexploradoras da DOMINANDO A VIDA COTIDIANA
força de trabalho. Pequenas e microempresas inseri-
das em redes e cadeias globais de produção, nas quais “A produção econômica passa por um período de
produtos são concebidos em espaços privilegiados transição no qual os resultados da produção capita-
(“ilhas de prosperidade”) no “primeiro mundo”, e lista são cada vez mais relações sociais e formas de
mercadorias são produzidas em fábricas localizadas vida”, apontam Hardt e Negri (2016, p. 153). Ou
nas “bacias de precariedade” do Sul Global. A mais- seja, não se trata apenas da produção e reprodução
-valia é extraída globalmente e apropriada pelos fun- de relações sociais de produção, trata-se também da
dos financeiros, localizados nos distritos financeiros produção de racionalidades, de representações do
das “world cities”, fundos que frequentemente se mundo e de mentalidades.
convertem em acionistas majoritários das empresas Em “o homem endividado”, Maurizio Lazzarato
globais. (2013) analisa como a dívida se torna um compo-
nente da vida de homens e mulheres na era da fi-
nanceirização (a partir dos anos 1970 no chamado
O CAPITALISMO FINANCEIRO Primeiro Mundo). Nos dias atuais, grande parte da
DOMINANDO AS EMPRESAS população (especialmente as classes médias, o prole-
tariado e os mais pobres) vive e convive com a dívi-
Das cinco empresas mais “valiosas” do mundo, se- da.6 Desde cedo, os jovens de vinte e poucos anos,
gundo a revista Forbes (2019), duas não produzem trabalhadores do precariado já estão endividados. Os
“coisas”, simplesmente (ou não tão simples assim) baixos salários do setor de serviços levam os trabalha-
recolhem, armazenam, gestionam, manipulam e dis- dores a depender do capital financeiro para manter o
tribuem informação: Google e Facebook. As demais consumo. O próprio sistema de consumo se mantém
também podem ser consideradas empresas “.com”: assim. Grandes redes de distribuição e do comércio
Apple, Amazon e Microsoft. Todas com valor de varejista empenham-se mais para que seus clientes
mercado que ultrapassa ou se aproxima dos 100 bi- adquiram cartões de crédito, do que propriamente
lhões de dólares. Somadas em seu valor de mercado, pela venda de mercadorias.
estas empresas ultrapassam 1/3 do PIB brasileiro.5 A dívida também tem uma função de contro-
le social, o trabalhador endividado é um trabalha-
5 BADENHAUSEN, Kurt. As 100 marcas mais valiosas do
mundo em 2019. Forbes. 22 mai. 2019. Disponível em: 6 La fábrica del hombre endeudado: ensayo sobre la condi-
https://forbes.uol.com.br/listas/2019/05/as-100-marcas- ción neoliberal. Buenos Aires-Madrid: Amorrortu Editores,
mais-valiosas-do-mundo-em-2019/. Acesso em 15 mar. 2020. 2013.

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dor moralmente domesticado, temeroso de perder mado “neodesenvolvimentismo”, o neoliberalismo


seu emprego, que é precário, que paga mal, mas continuou dominando o pensamento econômico,
que “pelo menos paga”. De acordo com Lazzarato a burocracia estatal e, principalmente, os meios de
(2013, p. 36), “os capitalistas deslocaram o conflito comunicação, os formadores de opinião e as mentes
e o modo de pensar da relação capital-trabalho para de grande parte da população, incluindo aqui as clas-
credor-devedor”. A dívida traz consigo uma “captura ses médias e altas e seu discurso de “competência e
do tempo” do indivíduo e da sociedade, mais do que meritocracia” e as ascendentes “novas classes médias”,
o tempo de trabalho. Isto não seria possível sem o aderentes ao discurso das “teologias da prosperidade”
Neoliberalismo. propagado por uma miríade de denominações reli-
As políticas neoliberais, implantadas nos últimos giosas empresariais.
trinta anos garantiram o terreno para a reestruturação
do capitalismo, a flexibilização e a precarização. Além
de atuarem fortemente na psicosfera social contra o O REFLUXO DO CAPITAL
que é público, o que é estatal e o espírito coletivo. PRODUTIVO
Atualmente o mais importante, o melhor, é o priva-
do, o individual. Enquanto as finanças avançam, o capital produtivo,
É “a nova razão do mundo”, como apontam submetido à lógica financeira, à lógica do acionista,
Pierre Dardot e Christian Laval, a fábrica do sujeito recua. A indústria de transformação se retrai em ter-
neoliberal.7 A competição, a eficiência, o esforço in- mos de formação do PIB mundial, estando hoje em
dividual são a tônica do nosso tempo. Segundo eles, 30%, concentrando-se especialmente nos países “in-
“a concepção que vê a sociedade como uma empresa dustriais emergentes”, especialmente na China, que
constituída de empresas necessita de uma nova nor- concentra 25% do PIB industrial do mundo. No caso
ma subjetiva, que não é mais exatamente aquela do brasileiro, a indústria concentra hoje cerca de 20% do
sujeito produtivo das sociedades industriais”. Este é PIB, sendo que a indústria de transformação concen-
justamente o sujeito neoliberal em formação: “hiper- tra apenas 11% do total do que é produzido no país
moderno, impreciso, flexível, precário, fluido, sem (IBGE, 2019). Igualmente, em termos de ocupação
gravidade” (DARDOT e LAVAL, 2016, p. 321). da força de trabalho, é nos serviços que o emprego se
Dois exemplos: a quantidade de concursos e expande com mais força. A inovação tecnológica nos
competições que temos nos programas de televisão, processos produtivos industriais e agrários diminui
especialmente de culinária, mas diversos outros, e a os postos de trabalho nos setores primário e secun-
“explosão” do fenômeno do coaching, dos “profes- dário, ao mesmo tempo que expande os postos de
sores” ou “gurus” que nos ensinam como vencer na trabalho no setor terciário. Ainda que muitos destes
vida, como trabalhar, se alimentar, emagrecer, se re- novos empregos sejam qualificados, em setores como
lacionar. “O novo sujeito é o homem da competição o financeiro e de pesquisa e desenvolvimento (P&D),
e do desempenho. O empreendedor de si é um ser a maior parte são empregos que exigem menor quali-
feito para ganhar, ser bem-sucedido” (DARDOT e ficação e pagam menor remuneração. Por conseguin-
LAVAL, 2016, p. 353), um “sujeito de desempenho, te, temos o aumento das desigualdades de renda e o
senhor e soberano de si mesmo, submisso apenas a si deslocamento da riqueza para o setor financeiro.
mesmo” (HAN, 2015, p. 29). Segundo Ladislau Dowbor,
O neoliberalismo é variável, não é monolítico,
apresenta diferentes faces, em diferentes tempos e
o PIB mundial cresce num ritmo situado entre 1%
formações sociais.8 E tem as suas fases: a fase inicial,
e 2,5% segundo os anos. As aplicações financei-
nos anos 1980 e 1990, um período de refluxo, nos
ras rendem acima de 5%, e frequentemente muito
anos 2000, e agora o seu retorno na forma mais per-
mais. Gerou-se, portanto, uma dinâmica de trans-
versa, apoiado nos governos autoritários e protofas-
formação de capital produtivo em patrimônio fi-
cistas que brotam pelo mundo afora.
nanceiro: a economia real sugada pela financeiriza-
Mas mesmo no período de concessões para os
ção planetária (2017, p. 33).
governos de esquerda e centro-esquerda, no cha-

Para o mesmo autor, “a lógica da acumulação


7 DARDOT, P. e LAVAL, C. A nova razão do mundo. En- capitalista mudou”, pois “em termos simplesmente
saio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
8 THEODORE, Nik; PECK, J.; BRENNER, N. Urbanismo
econômicos, de lucro, reinvestimento, geração de
neoliberal: la ciudad y el imperio de los mercados. Temas So- empregos, consumo e mais lucros – o ciclo de repro-
ciales, Vol. 66. Santiago de Chile: Ediciones SUR, mar. 2009. dução do capital --, o sistema trava o desenvolvimen-

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to” (2017, p. 91). Instaura-se, assim, a era do “capita- crescimento exponencial dos valores do solo urbano.
lismo improdutivo”, no qual as aplicações financeiras Os negócios imobiliários assumem a dianteira no
rendem e geram mais riqueza que a produção de processo de acumulação urbana:
mercadorias. Com isso a outrora chamada “burgue-
sia industrial” abandona todo e qualquer projeto de
Enquanto a fábrica industrial gera lucro, já que sua
inovação, submetendo-se à racionalidade do cálculo
produtividade depende do esquema de cooperação
financeiro.
e do comando do capitalista, a metrópole gera pri-
Enquanto isso, o capital financeiro desregulado
mordialmente renda, que vem a ser o único meio
busca novas fronteiras de investimentos. A ausência
de o capital capturar a riqueza criada de maneira
de barreiras e entraves lhe outorga capacidade de
autônoma. Os valores imobiliários urbanos sem
investimento em todos os mercados interessantes
grande medida representam assim expressões do
(consolidados e emergentes) do planeta. Os Estados
comum, ou o que os economistas chamam de “ex-
nacionais, submissos a políticas monetárias neolibe-
ternalidades” integrados ao terreno metropolitano
rais, atuam de todas as formas para atrair investimen-
circundante (HARDT e NEGRI, 2016, p. 279).
tos externos diretos e indiretos, daí a onda mundial
de privatizações, concessões e todo tipo de parcerias
público-privadas. Bens públicos e comuns são alguns Ou seja, a “fúria” rentista, seja por parte das eli-
dos alvos principais desta “nova fronteira” do capital. tes dominantes (incluindo, obviamente, os grandes
A terra como reserva de valor e investimento proprietários de terra) ou das grandes corporações
também se constitui como uma fronteira. Tanto a (incluindo os fundos financeiros), volta-se ao espaço
terra rural, passível de utilização para a produção da metrópole, uma vez que a acumulação industrial,
de commodities agrícolas, como a terra urbana, na as plantas industriais, distancia-se cada vez mais do
busca de localizações para grandes empreendimentos seu núcleo através dos processos de desconcentração
imobiliários. E é justamente na produção e no mer- e desindustrialização.
cado imobiliário que a financeirização e a produção No espaço interior da metrópole, os processos
do espaço (especialmente, do espaço urbano) se en- de homogeneização, fragmentação e hierarquização,
contram. tal como propostos por Lefebvre, se exacerbam. O
capital imobiliário transforma todo o espaço da me-
trópole em locus de interesse e passível de acumula-
E COMO FICAM AS CIDADES ção (homogeneização), mas essa se produz com os
E AS METRÓPOLES? diversos agentes outorgando valores diferenciados
para os distintos “pedaços” do solo urbano, repartido
A metrópole passa por todos estes (e mais alguns) em diferentes empreendimentos (fragmentação), o
processos de transformações produtivas, técnicas, que depende também de sua posição e atributos no
sociais e culturais. Uma “mudança na dinâmica terri- espaço como um todo, tal como a sua proximidade e
torial que incide na formação de um novo padrão de interação com as múltiplas centralidades (hierarqui-
forma urbana, que foi se impondo generalizadamen- zação), que por sua vez também exercem funções de
te”, a ponto de vivermos uma autêntica “metamor- importância diferenciada no espaço metropolitano e
fose metropolitana” (DE MATTOS, 2010, p. 245). na rede urbana.
Transitamos de uma cidade-metrópole indus- Porto Alegre suporta os impactos da desindustria-
trial-fordista para uma “metrópole de serviços difusa lização. Primeiro com a saída das plantas industriais,
e policêntrica”. Com uma série de consequências e para municípios adjacentes da Região Metropolitana
implicações. e para os espaços perimetropolitanos. Recentemente,
A metrópole fordista continha indústria, era uma com a perda das sedes de empresas que se deslocam
máquina produtiva. Além de uma grande fonte de para São Paulo, o que representa uma perda de po-
arrecadação fiscal. A indústria se destacava na for- der e de centralidade da metrópole em uma hierar-
mação da paisagem urbana, era um componente do quia metropolitana no espaço nacional e continental
espaço urbano, assim como seus bairros operários. (Mercosul). Atualmente, dados os últimos movi-
A metrópole pós-fordista perde a indústria para mentos de muitos grupos industriais, já podemos
suas periferias, para a região metropolitana e para conjecturar a hipótese de “desindustrialização” da
os espaços perimetropolitanos, que é substituída própria Região Metropolitana, como demonstram
pela generalização dos serviços e a valorização do os dados dos PIBs dos municípios metropolitanos.
seu espaço interior. A “implosão-explosão” (LEFE- A desindustrialização leva à queda de arrecada-
BVRE,1970) das centralidades também acarreta o ção e à consequente perda de poder fiscal das cidades

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em crise. Como alternativa, estas se voltam para o sua condição de “metrópole periférica” situada entre
imobiliário como forma de movimentar a economia grandes metrópoles do continente (São Paulo, Bue-
urbana e gerar empregos. Não somente em Porto Ale- nos Aires e Santiago do Chile). A oportunidade da
gre, no núcleo metropolitano, o setor imobiliário se Copa do Mundo de 2014 foi debilmente aproveita-
torna crucial para a economia. Também em outros da, inclusive por desacertos do próprio aparato buro-
importantes municípios metropolitanos, os empre- crático municipal, que não estava preparado para o
endimentos imobiliários de grande porte ganham volume de intervenções simultâneas que foram pro-
importância. gramadas. Destarte, muitas “obras da Copa” não fo-
ram concluídas ou simplesmente, abandonadas pelas
gestões municipais sucedâneas. Um caso exemplar de
AS ADMINISTRAÇÕES PASSAM imbróglio urbanístico é o do processo de “revitaliza-
A PRIORIZAR O IMOBILIÁRIO ção” do Cais Mauá, anunciado em 2007 e até hoje
envolvido em questões jurídicas para sua execução.
Convertendo-se no principal setor da economia ur- Além da ampla oposição de setores da sociedade civil
bana, a promoção imobiliária e a construção civil com relação ao projeto, criticado pelo seu viés extre-
passam a ser priorizadas pelas gestões municipais. A mamente mercadológico e pasteurizado nos modelos
flexibilização dos regulamentos e da gestão urbana é globais em termos de desenho de projeto.
caminho encontrado pelas administrações munici- Atualmente, a orla do Lago Guaíba se configura
pais para promover a economia municipal. Os ne- como um grande setor de atração de investimentos
gócios imobiliários não podem sofrer restrições, pois imobiliários, especialmente dos grandes projetos co-
são eles que movimentam a economia da cidade. O merciais e empresariais. Por enquanto os empreendi-
caminho é a desregulação, o urbanismo de exceção mentos residenciais não estão permitidos. O amplo
convertido em norma e regra. projeto, realizado pela prefeitura, de “revitalização”
No caso de Porto Alegre, é o instrumento dos da orla, requalificando espaços públicos para promo-
“Projetos Especiais”, previsto no Plano Diretor de ver o aproveitamento da mesma para atividades de
Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA), lazer, tem atraído outros investimentos de grandes
que permite que as grandes incorporadoras e cons- construtores nacionais para setores próximos a mes-
trutoras realizem seus empreendimentos “driblando” ma. Configura-se assim uma nova frente de acumu-
a legislação urbanística vigente nos diferentes setores lação urbana, na qual a natureza se apresenta como
da cidade. O instrumento prevê que, caso um empre- um ativo a mais em termos de valorização do solo
endedor deseje construir além do permitido, solicite urbano.
a admissão do empreendimento como “projeto espe-
cial”, indicando “compensações” e medidas “mitiga-
doras” dos impactos causados. Como praticamente O CAPITAL FINANCEIRO-
todas as solicitações ao Conselho Municipal de De- IMOBILIÁRIO AVANÇA
senvolvimento Urbano e Ambiental (CMDUA), o SOBRE O TERRITÓRIO
conselho do Plano Diretor, são aprovadas, a cidade
hoje se constrói com base em “projetos especiais”, Assim, podemos afirmar que é o capital imobiliário
que passam a constituir a normalidade da produção e os proprietários fundiários os que mandam na ci-
do espaço na metrópole.9 dade. No atual contexto de financeirização da eco-
Paralelo ao processo de desregulação, as adminis- nomia capitalista acrescentaríamos que é o capital
trações municipais tratam de incentivar grandes pro- financeiro-imobiliário que manda na cidade. Este
jetos urbanos, buscando preparar o espaço da cidade estende seus “tentáculos” pela propriedade da terra e
para a atração de investimentos internacionais. Os pelo processo de produção imobiliária nos diferentes
modelos globais são muitos e bastante conhecidos: o tipos de empreendimentos: residenciais, comerciais,
caso emblemático de Barcelona e o projeto de Puerto industriais, de alto padrão, de habitação popular.
Madero, em Buenos Aires, para trazer um exemplo Capital imobiliário e proprietários fundiários es-
mais próximo. Porto Alegre também tenta inserir- tão alimentados pelo capital financeiro global através
-se neste circuito. Um processo mais difícil, dada a dos papéis financeiros criados e lastreados nos ne-
gócios imobiliários: Fundos de Investimentos Imo-
biliários (FII), Letras de Crédito Imobiliário (LCI),
9 Sobre os projetos especiais em Porto Alegre, ver o trabalho
de Júlia Ribes Fagundes, “Projetos especiais em Porto Alegre:
Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certi-
reflexões sobre a prática da exceção” nos Anais do Congresso ficados de Potencial Adicional de Construção – CE-
Observatório das Metrópoles Vinte anos (2018). PACs. As municipalidades também se “financeiri-

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zam” com a criação de empresas de “gestão de ativos de manter e preservar estes espaços o que os leva à
municipais”, que reúnem o patrimônio imobiliário degradação. Também são tratados como estruturas
municipal, incluindo aqui os equipamentos públicos ociosas, que poderiam estar gerando recursos e “dan-
e bens comuns (parques, teatros, arenas esportivas) do lucro” para o próprio Estado, uma vez que seu
visando a utilizá-los como “lastro” e garantia em ope- potencial econômico é considerado subaproveitado.
rações financeiras, como emissões de papéis, conces-
sões e parcerias público-privadas.
Neste sentido, o incremento do valor do solo ur- E AS RESISTÊNCIAS?
bano constitui-se em peça fundamental do processo,
sendo que o capital imobiliário vai utilizar-se de di- Frente a este quadro que pode ser considerado mun-
ferentes estratégias de valorização, entre elas a “colo- dial, continental e nacional de avanço do privado
nização” e a “gentrificação” dos espaços. sobre o público, de mercantilização dos espaços pú-
As populações tradicionais e a produção agrícola blicos e das cidades, inúmeras e variadas formas de
de pequenas propriedades são afetadas pelas frentes organização e mobilização da sociedade civil e dos
de expansão do capital imobiliário. Trata-se do pro- setores populares são gestadas. Registre-se que estas
cesso de dispersão urbana, de intenso crescimento do se dão em uma conjuntura bastante desfavorável,
tecido urbano, que se expande sobre áreas rurais e tanto pelo poder do capital financeiro global, pela
territórios de populações tradicionais. A produção presença de governos pró-mercado nas diferentes es-
agrícola do entorno das metrópoles é deslocada para feras do Estado, bem como pelo atual momento de
pontos mais distantes, e as populações tradicionais refluxo da organização da classe trabalhadora, dados
são espoliadas de seus territórios e de seus meios de os processos de terceirização e precarização das rela-
reprodução social. ções de trabalho.
Os bairros “tradicionais” da metrópole igual- Assim, uma miríade de movimentos pode ser
mente sofrem com a gentrificação, especialmente os apontada: movimentos de base, movimentos comu-
tradicionais bairros operários, da memória da cidade nitários, ocupações na periferia, ocupações nas áreas
industrial e da vida cotidiana da classe trabalhadora, centrais, “novos” movimentos sociais em torno de
seus lugares de sociabilidade, que são “elevados” à ca- uma nova cultura urbana, movimentos pró-susten-
tegoria de espaços “da moda”, adotados pelo novo tabilidade, pró-mobilidade urbana, de defesa dos es-
empreendedorismo da “economia criativa” e pelo paços públicos, da cultura, das identidades. Muitos
próprio capital imobiliário, que desenha novos em- deles apoiados por setores da academia (setores, pois
preendimentos à medida do público de classe média a universidade não é monolítica como certos discur-
que converge para estes bairros. sos se apressam em afirmar).
Também os serviços públicos são objeto de “colo- A questão que se impõe para estes movimentos é
nização” através dos processos de privatização, con- a sua reunião em uma “frente” comum na qual a “jus-
cessão e parcerias público-privadas. Grandes grupos tiça espacial” e o resgate das cidades para os cidadãos
monopolistas, nacionais e multinacionais, a maioria sejam os objetivos principais. Edward Soja aponta
com a participação de fundos de investimento entre que “as geografias socializadas da injustiça afetam
seus acionistas, se apropriam dos serviços públicos, significativamente nossas vidas, criando estruturas
além dos tradicionais como transporte público, co- duradouras de vantagens e desvantagens distribuí-
leta de resíduos, saneamento, iluminação pública, das” (no espaço) “de maneira desigual”. E que estas
chegando até aos processos de terceirização e con- geografias podem ser modificadas através de formas
tratualização de serviços sociais como saúde, edu- coletivas de ação social e política (2014, p. 52). Ou
cação e assistência social. Municipalidades realizam seja, com a construção de modelos alternativos de
grandes projetos de ajuste e “reformas” estruturais, produção das nossas cidades, onde se priorize o di-
especialmente com relação ao funcionalismo público reto à cidade para tod@s, a sustentabilidade urbana,
(salários e previdência), visando ao reordenamento a justa distribuição dos serviços públicos e da quali-
das contas públicas, dado que os recursos devem ser dade de vida, o que implica uma nova mobilidade,
direcionados para o cumprimento dos contratos com formas menos segregadoras de produção do espaço e
o setor privado. a radicalização da democracia na gestão das cidades.
A mercantilização dos espaços da cidade comple- São alternativas possíveis no momento histórico.
ta-se com o avanço do capital privado sobre os bens Contrapor-se ao movimento de mercantilização e
comuns: orlas, parques, espaços públicos igualmente privatização das cidades, preservar e reforçar os bens
são objeto de privatização e concessão. A narrativa comuns, a participação popular e a justiça socioes-
dominante é que o Estado não tem mais capacidade pacial.

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Paulo Roberto Rodrigues Soares é professor


associado do Departamento de Geografia e
do Programa de Pós-graduação em Geografia
da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS). Pesquisador do Observatório das
Metrópoles (Núcleo Porto Alegre).
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