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Índice

CAPÍTULO I: Introdução ............................................................................................................................. 1


1.1. Objectivos .............................................................................................................................................. 2
1.2. Objectivo geral ....................................................................................................................................... 2
1.3. Objectivos específicos ........................................................................................................................... 2
CAPITULO II: Fundamentação Teórica....................................................................................................... 3
2.1. Ciclo Hidrológico e Escoamento Superficial ......................................................................................... 3
2.2.1.Factores que Influenciam no Escoamento Superficial ......................................................................... 3
2.2.3. Grandezas que Caracterizam o Escoamento Superficial ..................................................................... 4
2.2.3.1. Vazão (Q) ......................................................................................................................................... 4
2.2.3.2. Vazão média diária .......................................................................................................................... 4
2.2.3.3. Vazão específica .............................................................................................................................. 5
2.3. Coeficiente de Escoamento Superficial (C) ........................................................................................... 5
2.3.1. Tempo de Concentração (tc) ............................................................................................................... 6
2.3.2. Tempo de Recorrência (T) .................................................................................................................. 8
3. Nível de Água (h)...................................................................................................................................... 8
4. Métodos de Estimativa do Escoamento Superficial .................................................................................. 8
5. Medição do Nível de Água ....................................................................................................................... 9
6. Considerações Gerais Sobre Sistemas de Drenagem de Águas Pluviais .................................................. 9
6.1. Tipos de Sistemas ................................................................................................................................ 10
6.2. Sistemas Unitários ............................................................................................................................... 10
6.3. Sistemas Separativos ............................................................................................................................ 11
6.4. Sistemas Mistos .................................................................................................................................. 11
6.5. Sistemas Separativos Parciais ou Pseudo-Separativos ......................................................................... 12
7. Componentes dos Sistemas ..................................................................................................................... 12
8. Conclusão................................................................................................................................................ 15
9. Referências Bibliográficas ...................................................................................................................... 16
CAPÍTULO I: Introdução
O crescimento e a expansão dos centros urbanos de maneira rápida e desordenada acarreta num
grande contingente populacional em um espaço reduzido, com grande competição pelos mesmos
recursos naturais, afectando profundamente a biodiversidade e ecossistemas naturais. Com esse
crescimento urbano, diversas alterações no meio ambiente são percebidas, provocando mudanças
no ciclo hidrológico, relacionadas à quantidade, qualidade e regime dos corpos de água em meio
urbano. De acordo como relatório “Perspectivas da Urbanização Mundial” da ONU de 2014,
actualmente 54% da população vive em áreas urbanas. Tal fenómeno provoca ocupações
desordenadas do uso do solo, o que gera o aumento das inundações observadas ano após ano,
devido à impermeabilização do solo, diminuição do volume infiltrado e aumento do escoamento
superficial.

Dessa forma, é necessário conhecer os processos da ocupação do espaço urbano, bem como suas
consequências, para que tanto a infra-estrutura necessária, como a minimização dos impactos
sejam planejados. As soluções sustentáveis de drenagem urbana usam estratégias de manejo que
buscam o planejamento multidisciplinar associado a práticas de conservação quali-quantitativas
das funções hidrológicas ao minimizar e mitigar os efeitos da acção antrópica no meio ambiente
(Souza et al., 2012). O controle das águas urbanas por meio dessa abordagem é também
conhecido por soluções de Desenvolvimento de Baixo Impacto ou Low Impact Development
(LIDs).

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1.1. Objectivos

1.2. Objectivo geral


O presente trabalho tem como objectivo geral a análise dos sistemas de drenagem e dos padrões
de ocupação urbana das regiões e a proposição de soluções de desenvolvimento de baixo impacto
para a manejo das águas pluviais urbanas da região a fim de minimizar os efeitos do processo de
urbanização.

1.3. Objectivos específicos


 Analisar os impactos do processo de urbanização da região no volume do escoamento e
nas vazões de pico devido o processo de urbanização na região por meio do modelo
computacional PCSWMM;
 Verificar o efeito da utilização de soluções de baixo impacto no local de estudo, com
relação a redução das vazões de escoamento superficial.

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CAPITULO II: Fundamentação Teórica

2.1. Ciclo Hidrológico e Escoamento Superficial


O ciclo hidrológico é o fenómeno global de circulação fechada de água entre a superfície
terrestre e atmosfera, impulsionado, fundamentalmente, pela energia solar associada à gravidade
e a rotação terrestre (TUCCI, 2001). Toda água no planeta está em contínuo movimento cíclico
entre as reservas sólidas, líquida e gasosa. As componentes do ciclo hidrológico são precipitação,
evaporação, transpiração infiltração e percolação (TUNDISI, 2016). Pode-se começar a
descrever o ciclo a partir do vapor de água que se condensa, formando gotículas de água. Quando
o agrupamento dessas gotículas atinge determinada dimensão, ocorre a precipitação. Parte da
precipitação não atinge o solo, seja devido a evaporação ou seja porque fica retido na vegetação
(PINTO et al., 1976). A Figura 3.1 abaixo mostra de maneira simplificada o ciclo hidrológico. A
água que atinge o solo pode, então, ser escoada e reservada em lagos e represas, e daí evaporar
para a atmosfera ou se infiltrar e percolar no solo (TUNDISI, 2016). A infiltração é o processo
pelo qual a água é absorvida pelo solo. Quando a intensidade da precipitação excede a
capacidade do solo de infiltração, ocorre o escoamento superficial da água. Boa parte dos estudos
hidrológicos está ligado ao aproveitamento das águas superficiais e aos fenómenos provocados
pelo seu deslocamento, dessa forma, o escoamento superficial é a fase de maior destaque no
ciclo hidrológico. Os processos de escoamento num rio, canal ou reservatório dependem tanto de
factores físicos, como, declividade, rugosidade e seção do escoamento, quanto de factores
climáticos como intensidade e duração da precipitação (VILLELA; MATTOS, 1975).

Das fases básicas do ciclo hidrológico, talvez a mais importante para o engenheiro seja a do
escoamento superficial, que é a fase que trata da ocorrência e transporte da água na superfície
terrestre, pois a maioria dos estudos hidrológicos está ligada ao aproveitamento da água
superficial e à protecção contra os fenómenos provocados pelo seu deslocamento.

2.2.1.Factores que Influenciam no Escoamento Superficial


Os factores podem ser de natureza climática, relacionados à precipitação ou de natureza
fisiográfica ligados às características físicas da bacia. Dentre os factores climáticos destacam-se
a intensidade e a duração da precipitação, pois quanto maior a intensidade, mais rápido o solo
atinge a sua capacidade de infiltração provocando um excesso de precipitação que escoará

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superficialmente. A duração também é directamente proporcional ao escoamento, pois para
chuvas de intensidade constante, haverá maior oportunidade de escoamento quanto maior for a
duração. Outro factor climático importante é o da precipitação antecedente, pois uma
precipitação que ocorre quando o solo está húmido devido a uma chuva anterior, terá maior
facilidade de escoamento.

Dentre os factores fisiográficos os mais importantes são a área, a forma, a permeabilidade e a


capacidade de infiltração, e a topografia da bacia. A influência da área é clara, pois sua extensão
está relacionada à maior ou menor quantidade de água que ela pode captar.

A permeabilidade do solo influi directamente na capacidade de infiltração, ou seja, quanto mais


permeável for o solo, maior será a quantidade de água que ele pode absorver, diminuindo assim a
ocorrência de excesso de precipitação. Outros factores importantes são as obras hidráulicas
construídas nas bacias, tal como uma barragem que, acumulando a água em um reservatório,
reduz as vazões máximas do escoamento superficial e retarda a sua propagação. Em sentido
contrário, pode-se rectificar um rio aumentando a velocidade do escoamento superficial.

2.2.3. Grandezas que Caracterizam o Escoamento Superficial

2.2.3.1. Vazão (Q)


A vazão, ou volume escoado por unidade de tempo, é a principal grandeza que caracteriza um
escoamento. Normalmente é expressa em metros cúbicos por segundo (m3.s-1) ou em litros por
segundo (L.s-1).

A vazão, ou volume escoado por unidade de tempo, é a principal grandeza que caracteriza um
escoamento. Normalmente é expressa em metros cúbicos por segundo (m3.s-1) ou em litros por
segundo (L.s-1).

2.2.3.2. Vazão média diária


É a média aritmética das vazões ocorridas durante o dia (quando se dispõe de aparelho
registrador – linígrafo, o mais comum é a média das vazões das 7 e 17 horas (horas de leitura do
nível da água – linímetro.

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2.2.3.3. Vazão específica
Vazão por unidade de área da bacia hidrográfica; m3.s-1.km-2, L.s-1.km-2, L.s-1.ha-1. É uma
forma bem potente de expressar a capacidade de uma bacia em produzir escoamento superficial e
serve como elemento comparativo entre bacias.

É comum ter-se como dados que caracterizam uma bacia, as vazões máximas, médias, mínimas,
Q7-10, Q95%, em intervalos de tempo tais como hora, dia mês e ano.

Figura: Estação Fluviométrica com réguas linimétricas e linígrafo

2.3. Coeficiente de Escoamento Superficial (C)


Coeficiente de escoamento superficial, ou coeficiente runoff, ou coeficiente de deflúvio é
definido como a razão entre o volume de água escoado superficialmente e o volume de água
precipitado. Este coeficiente pode ser relativo a uma chuva isolada ou relativo a um intervalo de
tempo onde várias chuvas ocorreram.

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Conhecendo-se o coeficiente de deflúvio para uma determinada chuva intensa de uma certa
duração, pode-se determinar o escoamento superficial de outras precipitações de intensidades
diferentes, desde que a duração seja a mesma.

2.3.1. Tempo de Concentração (tc)


Como definido anteriormente, o tc mede o tempo gasto para que toda a bacia contribua para o
escoamento superficial na seção considerada. O tempo de concentração pode ser estimado por
vários métodos, os quais resultam em valores bem distintos. Dentre eles, destacam-se:

- Método Gráfico

Consiste em traçar trajectórias perpendiculares as curvas de nível de diferentes pontos dos


divisores até a seção de controle.

em que: tc = tempo de concentração, em s; e

tp = tempo de percurso, em s.

em que:

L = comprimento do trajectória do escoamento, em m; e

v = velocidade de escoamento, em m.s-1.

em que:

f = factor de escoamento em função do tipo de superfície (anexo 3); e

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I = declividade das trajectórias, em %.

Equação de Kirpich

em que:

tc = tempo de concentração, em h;

L = comprimento do talvegue principal, em km; e

H = desnível entre a parte mais elevada e a seção de controle, em m.

Equação de Ventura

em que:

A = área da bacia, em km2; e

I = declividade média do curso d’água principal, em m/m.

em que:

Hm = elevação média, em m; e

Ho = elevação na seção de controle, em m.

Os valores de tc obtidos por estas equações diferem entre si. A equação mais utilizada tem sido a
de Kirpich e o motivo se evidencia pelo fato de que normalmente ela fornece valores menores

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para tc, o que resulta numa intensidade de chuva maior, por consequência, uma maior vazão de
cheia.

2.3.2. Tempo de Recorrência (T)


É o período de tempo médio em que um determinado evento (neste caso, vazão) é igualado ou
superado pelo menos uma vez. A recomendação do número de anos a ser considerado é bastante
variada: alguns autores recomendam período de retorno de 10 anos, para projectos de
conservação de solos. Outros recomendam o período de retorno de 10 anos somente para o
dimensionamento de projectos de saneamento agrícola, em que as enchentes não trazem
prejuízos muito expressivos. E ainda, para projectos em áreas urbanas ou de maior importância
económica, recomenda-se utilizar o período de retorno de 50 ou 100 anos.

3. Nível de Água (h)


Uma das medidas mais fáceis de serem realizadas em um curso d’água é expressa em metros e
se refere à altura atingida pelo nível d’água em relação a um nível de referência. Normalmente as
palavras cheia e inundação estão relacionadas ao nível d’água atingido. Denominar-se-á cheia a
uma elevação normal do curso d’água dentro do seu leito, e inundação à elevação não usual do
nível, provocando transbordamento e possivelmente prejuízos.

4. Métodos de Estimativa do Escoamento Superficial


Os métodos de estimativa do escoamento superficial podem ser divididos em quatro grupos
conforme a seguir:

a) Medição do Nível de Água

- É o mais preciso;

- Requer vários postos fluviométricos

b) Modelo Chuva-Vazão Calibrados

- Boa precisão

- Métodos baseados na hidrógrafa (Hidrograma Unitário)

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c) Modelo Chuva-Vazão Não Calibrado

- Média precisão

- Métodos baseados no método racional

d) Fórmulas Empíricas

- Baixa precisão

- Meyer, Gregory, etc

5. Medição do Nível de Água


A estimativa do escoamento superficial por meio de medição do nível de água é realizada em
postos fluviométricos, onde a altura do nível de água é obtida com auxílio das réguas linimétricas
(Figura 32) ou por meio dos linígrafos (Figura 33). De posse das alturas pode-se estimar a vazão
em uma determinada seção do curso d’água por meio de uma curva-chave. A esta curva
relaciona uma altura do nível do curso da água, a uma vazão.

Réguas Linimétricas.

6. Considerações Gerais Sobre Sistemas de Drenagem de Águas Pluviais


Os sistemas urbanos de drenagem de águas pluviais são um importante agente na gestão das
águas pluviais e têm como objectivo primordial assegurar a recolha e o transporte das águas das
chuvas, em condições apropriadas, para um meio receptor, de forma a evitar a ocorrência de
inundações indesejáveis. Pode afirmar-se que a drenagem pluvial urbana não é só uma

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necessidade, mas uma prioridade por estar directamente ligada à qualidade de vida e à segurança
de pessoas e bens (Marque et al., 2013).

6.1. Tipos de Sistemas


A legislação portuguesa presentemente em vigor (Decreto Regulamentar n.º 23/95, de 23 de
Agosto - Regulamento Geral dos Sistemas Públicos e Prediais de Distribuição de Água e de
Drenagem de Águas Residuais-RGSPPDADAR), refere que os sistemas de drenagem de águas
residuais podem classificar-se em quatro tipos, em função da origem das águas que escoam,
nomeadamente: sistemas unitários, sistemas separativos, sistemas mistos e sistemas separativos
parciais ou pseudo-separativos.

6.2. Sistemas Unitários


Os sistemas unitários (Figura 2.1) são constituídos por uma única rede de colectores, onde são
conjuntamente admitidas as águas residuais domésticas, industriais e pluviais. Estes recolhem e
drenam a totalidade das águas a afastar dos aglomerados populacionais. Em tempo seco, as águas
residuais são transportadas para uma estação de tratamento e, após serem tratadas, são
descarregadas para os meios receptores. Perante a ocorrência de precipitação, a capacidade do
sistema ou da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) poderá ser insuficiente,
devido aos caudais elevados, e as águas residuais podem ser directamente descarregadas nos
meios receptores através dos descarregadores de tempestade.

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6.3. Sistemas Separativos
Os sistemas separativos (Figura 2.2) são constituídos por duas redes de colectores distintas: uma
destinada a conduzir as águas residuais domésticas e industriais para a ETAR, e outra que
conduz as águas pluviais ou similares para os meios receptores, sem ligações entre as duas redes.
Teoricamente, a principal vantagem dos sistemas separativos é a separação dos dois tipos de
efluentes, águas residuais domésticas altamente poluídas e águas pluviais com uma menor carga
poluente. Na prática, a separação total dos dois tipos de efluentes nem sempre é possível, devido
à existência de ligações indevidas, o que pode originar descargas de poluentes prejudiciais ao
meio receptor.

6.4. Sistemas Mistos


A conjugação dos dois sistemas referidos anteriormente dá origem aos sistemas mistos, em que
uma parte da rede é unitária e a outra parte separativa. Este tipo de sistemas é típico de vilas e
cidades antigas, em fase de crescimento ou renovação.

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6.5. Sistemas Separativos Parciais ou Pseudo-Separativos
Os sistemas separativos parciais ou pseudo-separativos são aqueles “em que se admite, em
condições excecionais, a ligação de águas pluviais de pátios interiores ao coletor de águas
residuais domésticas”. É exemplo de sistema pseudo-separativo, a ligação de tubagens de
drenagem de telhados, pátios e logradouros à rede separativa de águas residuais domésticas,
devido a dificuldades físicas e construtivas de ligação à rede pluvial.

Regra geral, os sistemas do tipo separativo são os mais indicados, na medida em que previnem a
contaminação dos meios recetores (destino final), pois as águas residuais são encaminhadas
paras as ETAR. A decisão de utilizar um sistema unitário em vez de um sistema separativo, para
águas pluviais e águas residuais, tem sido objeto de discussão, tendo-se optado inicialmente
(segunda metade do século XIX) pelo sistema unitário e só mais tarde (início do século XX)
pelos sistemas separativos. A escolha do sistema unitário foi em muitos casos uma solução mais
económica, uma vez que era possível ligar as diferentes origens da água para o mesmo coletor.
Na realidade, de acordo com a legislação portuguesa “na conceção de sistemas de drenagem
pública de águas residuais em novas áreas de urbanização deve, em princípio, ser adotado o
sistema separativo” (RGSPPDADAR, n.º 1 do artigo 119º). Porém, podem existir
condicionamentos económicos, técnicos e/ou ambientais que inviabilizam a opção por um
sistema separativo.

7. Componentes dos Sistemas


Independentemente do tipo de sistema de drenagem, estes dispõem de um conjunto de
componentes principais que incluem, em regra, dois componentes base: rede de coletores e
elementos acessórios. À parte destes componentes mais comuns existem, por vezes, instalações
complementares nos sistemas, nomeadamente descarregadores, instalações elevatórias, sifões
invertidos e bacias de retenção.

A rede de colectores é o conjunto de canalizações que assegura o transporte das águas pluviais
desde os dispositivos de entrada até um ponto de lançamento ou destino final (Marques et al.,
2013). As redes mais recentes são constituídas, em geral, por colectores de betão de secção
circular. Há também a opção de tubos de plástico (Policloreto de Vinilo – PVC, Polietileno de
Alta Densidade – PEAD ou Polipropileno Corrugado – PPC), apresentando maior facilidade de

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instalação. No entanto, para diâmetros grandes, como é comum nas redes de águas pluviais,
torna-se mais dispendioso ou até inviável.

Os elementos acessórios são os dispositivos de entrada, as câmaras de visita e os


descarregadores.

Dispositivos de entrada – são órgãos do sistema que garantem o acesso das águas pluviais às
redes de drenagem (Sousa, 2001).

Sarjetas de passeio - são dispositivos normalmente integrados num lancil de passeio,


permitindo a entrada lateral de água na rede. No caso de sistemas unitários devem ser
sifonadas para impedir a saída de gases para o exterior. Por vezes é comum encontrasse
estes dispositivos combinados com sumidouros.

Sumidouros de grades - são dispositivos habitualmente implantados no pavimento, cuja


entrada da água é feita pela parte superior. Deve existir uma grade de modo a garantir a
entrada de água sem prejudicar a circulação rodoviária e a segurança dos peões. Estes
órgãos devem localizar-se nos pontos baixos da via pública e nos cruzamentos, afastando
o escoamento superficial da faixa de rodagem.

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Combinação de sumidouro com sarjeta de passeio (Imagem cedida por Joaquim Sousa)

Sumidouro de grades (Imagem cedida por Joaquim Sousa)

Câmaras ou caixas de visita – destinam-se a facilitar o acesso aos colectores para observação e
realização de operações de limpeza e manutenção dos colectores, desobstruções, e verificação
das condições de escoamento.

Descarregadores de tempestade – Os descarregadores de tempestade têm o objectivo de


prevenir a sobrecarga da rede, um troço a jusante de inundar ou mesmo de prevenir a entrada de
caudais superiores ao admissível nas estações de tratamento ou instalações elevatórias, aquando
da ocorrência de eventos mais extremos. Nestes casos, o excedente poderá ser encaminhado
temporariamente para uma bacia de retenção, até ser possível reencaminhá-lo para a estação de
tratamento (“by-pass”) ou descarregado directamente num curso de água próximo, sem qualquer
tratamento.

Desarenadores – permite a remoção de partículas com dimensão igual ou superior a 0,2mm,


evitando a deposição de materiais granulares presentes nas águas pluviais. Os desarenadores são
instalados, por exemplo, a montante de estações elevatórias para proteger o equipamento da

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abrasão causada pelas areias, e a montante de órgãos onde os efeitos causados pela acumulação
de areias prejudiquem o bom funcionamento do sistema tais como, descarregadores, ETAR e
trechos de colectores onde não estejam garantidas as condições de auto – limpeza. Existem dois
tipos de desarenadores: rectangulares (convencionais) e circulares (não convencionais).

Bacias de retenção ou de amortecimento – são utilizadas em sistemas unitários ou separativos


pluviais e destinam-se a regularizar os caudais pluviais afluentes, restituindo, a jusante, caudais
compatíveis com a capacidade de transporte da rede de drenagem ou curso de água.

Câmaras de infiltração ou drenantes – destinam-se à retenção e infiltração da água pluvial,


podendo ser associadas ou não a sistemas de drenagem convencionais constituídos por colectores
enterrados. Tipicamente, são constituídas por um fundo permeável executado com aglomerado
grosso que favorece a infiltração das águas no solo.

Instalações elevatórias – permitem o transporte da água para pontos de cotas mais elevadas.
Devem ser evitadas sempre que possível, tendo em conta os encargos de construção e de
exploração e a variabilidade dos caudais afluentes e consequente dificuldade de se manterem as
condições satisfatórias de funcionamento dos grupos electrobomba e da conduta de impulsão.

8. Conclusão
O presente trabalho apresentou os Sistemas Urbanos de Drenagem Sustentáveis, nomeadamente
as técnicas de controlo na origem, como sistemas alternativos e complementares à gestão de
águas pluviais em meio urbano. Ao longo do texto foram apresentadas e caracterizadas
detalhadamente as principais técnicas de controlo na origem, e foi possível apontar quatro
vantagens principais, comuns entre as técnicas referenciadas: a) redução do risco de inundação;
b) melhoria da qualidade das águas pluviais; c) desenvolvimento sustentável e d) redução dos
custos com sistemas de drenagem. Quando se refere que as técnicas de controlo na origem
apresentam grande potencial na redução do risco de inundação, é necessário ter em atenção que,
ao passar-se do sistema convencional de rede de colectores enterrados, praticamente
independente do meio em que se insere, para um conjunto de técnicas alternativas dispersas na
bacia urbana, cujo comportamento é função directa das características do meio (e.g. solo e
enquadramento paisagístico), aumenta a importância em termos de concepção global, por um
lado, e por outro a necessidade de estudos e simulações prévias de cenários de risco acrescido

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(e.g. precipitações atípicas ou falhas de funcionamento por colmatação). Em suma, as técnicas de
controlo na origem podem ser potencialmente mais eficazes do que a solução clássica de rede
enterrada, em termos de controlo de cheias, todavia exigem uma nova abordagem/postura, em
termos de concepção e implementação, marcada pela necessidade de intervenção de especialistas
em hidrologia e hidráulica urbana ao nível dos estudos de planeamento e do desenho urbano de
pormenor, bem como um conhecimento claro das suas limitações e, naturalmente, dos
respectivos domínios de aplicação e exclusão.

9. Referências Bibliográficas

ACIOLI, L. (2005). Estudo Experimental de Pavimentos Permeáveis para o Controle do


Escoamento Superficial na Fonte. Tese de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre.

ALBUQUERQUE, T. (s.d.). Sistema de Drenagem Urbana: Drenagem Sustentável.


Universidade Federal de Sergipe - UFS, Brasil. Amaral, R. (2011).

Avaliação de Soluções Naturais para o Tratamento de Excedentes Poluídos de Sistemas de


Águas Residuais. - Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa.

BICHANÇA, M. (2006). Bacias de Retenção em Zonas Urbanas como Contributo para a


Resolução de Situações Extremas: Cheias e Secas. Porto: Tese de Mestrado, Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, Porto.

Correia, C. (2007). Boas Práticas em Recursos Hídricos. CCDR-LVT, Lisboa. Costa, A. (2010).
Águas Pluviais em Meio Urbano - Contribuição de Lisboa para o seu Uso Sustentável. Tese de

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Mestrado, Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente - Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa.

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