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RESUMO
i. INTRODUÇÃO
ii.1.1. Macrodrenagem
Os sistemas de macrodrenagem são compostos, na sua maioria, por canais de maiores
dimensões, arquitetados para vazões de 25 a 100 anos de período de retorno e que englobam
áreas de no mínimo 2 km² (TUCCI; BERTONI, 2003).
Tem por função escoar, da forma mais rápida possível, a contribuição oriunda do sistema de
microdrenagem até o corpo receptor, através de canalização dos trechos de maior criticidade.
Embora supra as necessidades da região onde foi aplicado, a macrodrenagem não leva em
consideração os sistemas de drenagem e ocupação urbana das áreas à jusante a sua instalação,
além disso, pode gerar impactos como a deterioração do ecossistema fluvial e a diminuição do
tempo de concentração da bacia de drenagem.
Para os cálculos e dimensionamentos do projeto de macrodrenagem é possível utilizar
métodos que estimam a precipitação como distribuição espacial, distribuição temporal,
método dos blocos alternados e hidrograma unitário triangular, sendo este o recomendado por
GELLER (2019), por envolver maior precisão na utilização das variáveis de entrada que
compõem o dimensionamento de redes das bacias.
ii.1.2. Microdrenagem
O sistema de microdrenagem é composto por pavimentos das ruas, guias e sarjetas, bocas de
lobo, canais de pequenas dimensões e pequenas galerias de águas pluviais. De acordo com
Curitiba (2012), o sistema é dimensionado para o escoamento de vazões de 2 a 10 anos de
período de retorno e, se bem projetado e mantido, reduz as inconveniências e interrupções
decorrentes das inundações e enxurradas nas áreas urbanas.
Em termos práticos, é a parte visível do sistema de drenagem e, portanto, uma importante
ferramenta para a implantação das alternativas sustentáveis e não convencionais de drenagem
como o Sustainable drainage systems (SuDS), que na tradução literal se refere à sistemas de
drenagem sustentáveis. De acordo com Agostinho e Poleto (2012), métodos como o SuDS
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promovem o aumento do período de retenção das águas das chuvas através da utilização de
valas de infiltração, faixas de vegetação e pavimentos permeáveis.
ii.1.3. Soluções Sustentáveis/Novas tecnologias
A urbanização das bacias hidrográficas em países em desenvolvimento, de um modo geral, se
dá de forma acelerada e desordenada.
Para Silveira (2002), o fenômeno da urbanização gera a impermeabilização do solo, a qual
impede a infiltração das águas pluviais no solo, gerando mais água para ser captada pelos
sistemas de drenagem.
Assim, a rede pluvial acelera os escoamentos, favorecendo o acúmulo de água em pontos de
saturação, ou seja, provoca inundação.
Segundo Tucci (1997), esses problemas constituem grandes calamidades a que a população
brasileira está sujeita e acontece como resultado da ocupação inadequada dos leitos dos rios
e/ou urbanização das cidades.
Segundo Fletcher et al (2014), com intuito de aumentar a infiltração do solo, buscar uma
melhoria no equilíbrio do ciclo hidrológico e incentivar o uso de água pluvial (Figura 1), foi
formalizado no Reino Unido, o conceito SuDS.
Este sistema surgiu com a evolução do conceito sanitário-higienista, no intuito de preservar a
saúde populacional e acabar com qualquer tipo de incômodo que a água poderia provocar,
como odores e degradação da paisagem (JONES e MacDONALD, 2007).
Segundo Poleto e Tassi (2011), levando em consideração todas as alterações geradas pela
urbanização desenvolveu-se o SuDS que é um novo conceito de drenagem, ou melhor, uma
evolução do conceito antigo de drenagem urbana (sanitário-higienista).
Com o conceito ambiental de drenagem, em substituição ao higienista, aparecem soluções
alternativas, compensatórias ou ambientais, agindo em conjunto com as estruturas
convencionais, que procuram compensar sistematicamente os efeitos da urbanização em
termos quantitativos e qualitativos (SILVA, 2007).
Dentre as soluções estruturais e não-estruturais alinhadas com o conceito do SuDS estão:
pavimento permeável e semipermeável, reservatórios de detenção e retenção, trincheiras de
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infiltração, vala e valeta de infiltração, poço de infiltração, telhado verde e faixas gramadas.
Como forma de auxiliar tanto no entendimento do conceito como nas formas de aplicá-lo, o
The SuDS Manual (CIRIA, 2015), é, para Neto (2016), o mais importante guia do sistema
SuDS.
As aplicações das soluções propostas pelo conceito SuDS ocorrem, por exemplo, em países
como Estados Unidos, Austrália, Suécia, China bem como nos países que integram o Reino
Unido. Em Portland, maior cidade do estado do Oregon (EUA), as iniciativas voltadas para o
conceito SuDS tiveram início em 1996 através da criação do Stormwater Policy Advisory
Committee (SPAC), pelo qual a prefeitura de Portland promove, através de diversos
programas, a implantação de soluções de drenagem sustentáveis como o Ecoroofs Program
(Programa telhados Verdes), que oferece subsídios para os moradores aplicarem o conceito de
telhado verde em suas edificações, como também o Green Streets Program (Programa Ruas
Verdes), no qual a prefeitura promove a instalação de faixas gramadas, pavimentos
permeáveis e jardins de chuva.
Como forma de financiar os investimentos na rede de drenagem, a prefeitura de Portland
cobra uma taxa de drenagem dos habitantes, exemplo seguido pela cidade de Santo André,
São Paulo, que desde 1998 utiliza esta ferramenta como forma de arrecadação.
De acordo com Fendrich (1989), a máxima intensidade precipitada é obtida através das curvas
IDF (Intensidade - Duração - Frequência).
Na região de Curitiba, é possível estimar a intensidade média de uma chuva através da
aplicação das equações de Pfafstetter (1957), Parigot de Souza (1959), Mello (1973), Holtz
(1966) ou Fendrich (1989). Segundo análises anteriores do IAT, recomenda-se a equação de
Fendrich (1989).
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Analisando-se as curvas propostas(curva de Mello, Parigot, Pfafstetter e Fendrich) notou-se
que a curva de Mello, demonstra valores distintos das demais curva, por sua vez a curva de
Parigot, Pfafstetter e de Fendrich, demonstram resultados semelhantes quando se referem a
um tempo de duração (Td) menor ou igual a 2 horas, já a curva de Holtz se enquadra na
mesma situação citada anteriormente com o diferencial de um tempo de duração (Td) de 12
horas, dessa forma minimizando as intensidades de duração menor, sendo assim a equação de
Fendrich, sendo a mais atual sugere-se segundo o IAT a sua utilização no uso de projeto
generalizados.
I (máx)=¿ Eq. 2
Residencial 2-5 2
Comercial 2-5 2
Áreas de prédios
2-5 2
Microdrenagem públicos
Áreas comerciais e
2 - 10 2
avenidas
Aeroportos 5 - 10 5
Macrodrenagem - 10 - 50 10
Zoneamento de áreas
- 5 - 100 50
ribeirinhas
Tc=57∗¿ Eq. 3
De acordo com PARANÁ (2002), sugere-se que o tempo de duração da chuva para aplicação
do método racional seja limitado a um valor mínimo de 10 minutos. Assim, em pequenas
bacias, quando se obtiver valores menores que 10 minutos, deve-se adotar td = 10 min.
De acordo com BRASIL (2002) o Coeficiente de Escoamento (C) depende das características
físicas da bacia Hidrográfica estudada, características estão apresentadas no Quadro 2.
Quadro 3 - Área verde disponível nos bairros da bacia do Rio Juvevê Norte.
Bairros Área do bairro (m²) Áreas verdes
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Fonte: Rocha et al (2020)
v. METODOLOGIA
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O input (V), calibração do modelo, terá como base o cenário 0 do trabalho realizado por
Rocha et al (2020). A partir deste ponto serão lançados todos os cenários definidos
anteriormente neste trabalho.
Para a geração dos resultados dos cenários (VI) disponíveis no SWMM, os cenários serão
analisados de forma individual e combinados.
Desta forma serão avaliados dados fornecidos pelo sistema como a sobrecarga nos condutos,
alagamento dos nós e a sobrecarga dos mesmos bem. A visualização dos resultados se dá por
meio de tabelas, gráficos.
Após realizado o levantamento das áreas permeáveis pelos autores, conforme figura 4 e
quadro 4, os dados foram inseridos no software SWMM conforme os limites das sub-bacias
(Figura 3). Com os dados das áreas totais, áreas permeáveis e parâmetros foram simulados os
cenários apresentados a partir do tópico 4.1.2.
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Quadro 4 - Áreas atuais x Áreas disponíveis
SUB-BACIA ÁREA (Km2) ÁREA PERMEÁVEL (m2)
1 0,4297 66.383,20
2 0,1956 30.574,00
3 0,1574 23.899,00
4 0,0937 14.213,00
5 0,1243 19.321,20
6 0,1247 19.075,20
7 0,1332 31.046,00
8 0,1346 20.807,00
9 0,3102 47.130,10
10 0,0598 -
12
Fonte: Autores, (2021).
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Figura 4 – Áreas da Bacia do Rio Juvevê Norte
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No entanto, ocorreu uma diminuição expressiva no volume alagado, cerca de 74% menor do
que o obtido no cenário atual. Nota-se também a sobrecarga nos condutos E13 e E17.
Considerando as cisternas como solução, conforme apêndice E, o TR para o período de 1,
5 ,10 e 15 anos não apresenta pontos de alagamentos, cabe apenas observar uma sobrecarga
no nó E5.
Por fim, o TR do 25º ano demonstra o alagamento do nó E5 e sobrecarga nos condutos E5,
E13 e E17. Cabe ressaltar a redução de 64% do volume de alagamento deste cenário quando
comparado ao cenário atual (Apêndice A).
Ao adotar a solução Swales conforme apêndice G, para os tempos de TR de 1, 5, 10 e 15 anos
é observada uma sobrecarga no nó E5.
No entanto, não ocorrem alagamentos ao longo da bacia durante os períodos citados. Já para o
TR do 25º ano o nó E5, que antes apresentava sobrecarga, acaba alagando.
Da mesma forma observado nas soluções anteriores, ocorreu uma redução de 65% do volume
alagado se comparado ao cenário atual (Apêndice A), bem como uma sobrecarga nos
condutos E13 e E17.
Utilizando o conjunto de soluções SuDS propostas neste estudo (Pavimento Poroso,Cisterna,
Swales e asfalto permeável), conforme descrito no apêndice I, constata-se que para os TR do
1º ao 15º ano não ocorrem pontos de alagamento, existindo apenas uma sobrecarga no nó E5.
Já para o TR do 25º ano o nó E5 transborda, porém o volume transbordado é cerca de 65%
menor se comparado ao cenário atual (Apêndice A) ocorre, ainda, uma sobrecarga nos
condutos E13 e E17.
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vii. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da combinação das soluções Lid´s apresentadas, é possível obter uma grande melhora
no sistema de drenagem atual aliviando pontos de alagamento e sobrecarga.
No entanto, apesar de não solucionar os pontos de alagamentos na bacia de imediato, houve
uma melhora expressiva chegando a 87% de redução em relação ao cenário atual.
Ao analisarmos os resultados apresentados ao longo deste estudo é possível identificar, para
os tempos de retorno compreendidos entre 1 e 15 anos, que as soluções SuDS aplicadas na
bacia do Rio Juvevê Norte proporcionam o fim dos alagamentos, o sistema ainda demonstra
uma sobrecarga no nó E5 no exutório da bacia, para que pudéssemos extinguir os alagamentos
seria necessário uma área permeável de contribuição muito maior do que a existente no
cenário atual.
Embora as soluções sustentáveis propostas por este estudo solucionem o problema dos
alagamentos no curto e médio prazo (TR 1 a 15 anos), elas não são suficientes no cenário de
longo prazo (TR 25 anos). Conclui-se portanto que para reduzir o volume escoado ao fim do
Rio Juvevê Norte, são necessários outros métodos em complemento ao proposto, tais como a
proposição combinada de uma modificação no sistema atual de drenagem, combinado as
soluções SuDS. Ao que se refere a aplicação de SuDS nota-se a existência de projetos como
de dispositivos complementares ao atual sistema, tal como a proposta da Sanepar para a
criação de um parque filtrante nas proximidades do estádio Durival Britto e Silva (Bacia do
Rio Juvevê), este parque trará várias soluções SuDS combinadas, o que aliviará o sistema de
drenagem que comporta a bacia do rio Juvevê Norte.
Quanto aos impactos da inserção de pavimentos permeáveis, citamos os transtornos tanto para
habitantes e comerciantes como para quem transita nas áreas onde o pavimento poderia ser
aplicado, visto que seria necessária a remoção do pavimento atual e a grande circulação de
equipamentos, materiais e operários. Embora a viabilidade econômica/financeira não tenha
sido objeto deste estudo, acreditamos que os gastos para a implementação das soluções
sustentáveis somados aos transtornos em uma região tão desenvolvida e consolidada como a
bacia do Rio Juvevê Norte, teriam forte resistência quanto a aprovação pelos órgãos públicos
envolvidos, visto que no longo prazo os alagamentos não seriam completamente
solucionados.
No entanto é preciso não apenas pensar no lado financeiro mas também no impacto gerado
pela integração da população com a questão da drenagem urbana e o meio ambiente. O
exemplo da integração e do cuidado com o meio ambiente deve servir como guia/referência
para outras regiões da cidade de Curitiba que encontram-se em fase de desenvolvimento e
que, com planejamento adequado, poderão desfrutar de todas as vantagens mencionadas neste
estudo. As soluções SuDS são mais uma ferramenta a ser implantada para que Curitiba
continue a ser a capital ecológica.
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18
APÊNDICE A – CENÁRIO 0 (ATUAL)
5 52 APÊNDICE B SOBRECARGA E5
19
20
APÊNDICE C - CENÁRIO 1 (PAVIMENTO POROSO)
5 52 APÊNDICE D SOBRECARGA E5
5 52 APÊNDICE F SOBRECARGA E5
5 52 APÊNDICE H SOBRECARGA E5
25
Fonte: Autores, 2021
26
APÊNDICE I - CENÁRIO 4 (PAVIMENTO POROSO + CISTERNA +SWALES +
ASFALTO PERMEÁVEL)
5 52 APÊNDICE J SOBRECARGA E5
27
10 0.910 0.900 0.890 0.875 0.863
28
ANEXO A – TABELA DE COEFICIENTE DE RUNOFF TR 25 ANOS
SUB-BACIA RUNOFF
1 0,913
2 0,907
3 0,937
4 0,935
5 0,895
6 0,911
7 0,874
8 0,907
9 0,904
10 0,910
29
ANEXO B – PROJETO DA BACIA DO RIO JUVEVÊ
30
ANEXO C - PARÂMETROS LID PAVIMENTO PERMEÁVEL
Altura de borda 0
Vegetação 0
SUPERFÍCIE
Manning 0,012
Declividade 1%
Espessura 150 mm
Fator de entupimento 0
Altura 350 mm
Fator de entupimento 0
31
Vegetação 0.9
Manning 0,041
SUPERFÍCIE
Declividade 1%
32
ANEXO E – PARÂMETROS LID CISTERNA
Vegetação 0
SUPERFÍCIE Manning 0
Declividade 0
Espessura 150 mm
Fator de entupimento 0
Altura 350 mm
Fator de entupimento 0
33