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Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 115

15 SISTEMA DE DRENAGEM URBANA

15.1 Introdução

As relações do homem com a chuva nem sempre foram pacíficas, e ainda hoje, apesar dos
avanços da engenharia, não o são muitas vezes. Por outro lado o homem reconhece os benefícios da
chuva desde os mais remotos tempos, como suprimento de água para o abastecimento e agricultura, por
exemplo.
Provavelmente os primeiros trabalhos de drenagem consistiram na construção de telhados
inclinados e escavação de valas, com a finalidade de desviar para longe as chuvas indesejadas.
A drenagem pluvial foi tratada, como uma prática acessória e emergencial até meados do século
XIX quando começaram a surgir grandes aglomerados humanos. As mudanças ocorridas no tratamento
de drenagem pluvial foram impulsionadas com a constatação de que as águas de banhados e zonas
alagadiças influenciavam na mortalidade de pessoas e animais. Isso fez com que tivesse início um
processo de extinção de banhados, bem como de aterramento de fossas receptoras de esgoto cloacal, e
substituição destas últimas por canalizações enterradas, como medida de saúde pública.
A partir deste contexto, as redes de esgoto deveriam evacuar a águas contaminadas, o mais
rápido possível, e para mais longe dos locais de produção, fossem elas de origem pluvial ou cloacal.
Observa-se que a drenagem urbana como ação pública não evoluiu em decorrência da
modernização de práticas de engenharia em busca de conforto, mas sim de uma recomendação de
profilaxia média.
O movimento higiênico, que introduziu a ideia de drenagem urbana partiu dos profissionais da
saúde. Porém, evidentemente, coube aos engenheiros e urbanistas a tarefa de materializá-la em obras e
integrá-las ao espaço urbano.
Mas o maior impulso no desenvolvimento da ideia de drenagem urbana organizada foi devido às
epidemias de cólera nas grandes cidades do mundo do século XIX.
No final do século XIX muitas cidades importantes do mundo foram dotadas de sistemas
unitários de esgotamento sanitário. O sistema unitário é caracterizado pela coleta do esgoto pluvial,
doméstico e industrial em um único coletor.
O movimento higienista chegou ao Brasil em 1864, com a implantação das primeiras redes de
esgoto sanitário no Rio de Janeiro, mas este conceito começou a ser efetivamente aplicado a partir de
1889.
No fim do século XIX no Brasil tem início a atuação do Engenheiro Saturnino de Brito, que em
1898, apresentou argumentos em favor do sistema separador absoluto contra o sistema dominante da
época que era o unitário.
Em decorrência da atuação do Engenheiro Saturnino de Brito, ficou estabelecido como regra nas
cidades brasileiras já a partir do início do século XX, o conceito higienista, usando uma rede de água
pluvial separada de rede de esgoto doméstico.
O conceito higienista predominou neste século no mundo inteiro até que em meados dos anos
60 a conscientização ecológica nos países desenvolvidos expôs as limitações deste conceito que não
considera os conflitos ambientais entre as cidades e o ciclo hidrológico. Com isso nasce o conceito
ambiental aplicado à drenagem urbana, a partir daí o rol das obras tradicionais como condutos, sarjetas,
bocas de lobo, arroios retificados, entre outras, teria de ser aplicado para soluções alternativas e
complementares à evacuação rápida dos excessos pluviais, dentro do contexto ambiental. Com isso
obras como retenção e amortecimento de escoamentos, pavimentos permeáveis e valas de infiltração,
reservatórios e lagos de detenção e a preservação de arroios passaram a fazer parte do vocabulário de
drenagem urbana.
A evolução da drenagem urbana para alcançar o estágio, atual, avançado de abordagem do
saneamento pluvial urbano é fruto de numerosas pesquisas e pode ser dividido em três fases:
 Higienismo;
 Racionalização e normatização dos cálculos hidrológicos;
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 116

 Abordagem científica e ambiental no ciclo hidrológico urbano.


A terceira etapa, a atual, foi impulsionada pela consciência ecológica e explosão tecnológica.
A abordagem ambientalista da drenagem urbana propõe a não ampliação das chuvas naturais o
que contraria o conceito higienista da evacuação rápida das águas, além de preservar uma produção
quantitativa de escoamento compatível com o natural. Nota-se que esta abordagem preocupa-se com a
manutenção e recuperação de ambientes saudáveis interna e externamente à área urbana ao contrário
do tradicional, higienismo, que se preocupa só em sanear o interior da cidade.
Os equipamentos de drenagem e tratamento de esgoto devem caracterizar os sistemas de
saneamento como parte integrante da organização dos espaços urbanos que valoriza os cursos de
águas, preservando-os até recuperando-os. Isto conduz à noção de auto-sustentabilidade das cidades
com respeito ao ambiente interno e externo. A cidade torna-se viável pelos equipamentos de
saneamento e drenagem, mas estes equipamentos preservam a quantidade dos cursos para a
sociedade e para o ambiente.
A maioria das obras de drenagem urbana no Brasil segue ainda, o conceito higienista. Isso
ocorre pelo fato da abordagem ambiental ser muito mais difícil e cara de aplicar, pois exige ações
integradas sobre grandes áreas, com conhecimento técnico multidisciplinar, ao contrário das ações
higienistas, voltadas para soluções locais e concebidas unicamente por engenheiros civis.
No Brasil tem-se ainda o agravante do conceito higienista ser mal aplicado, seja por mau
dimensionamento, falta de recursos, má execução ou por manutenção deficiente.
Pode-se dizer de uma maneira geral que o problema da drenagem no Brasil nunca foi técnico,
mas sim, devido ao fato de não ser dada à drenagem urbana a devida importância, o que está
começando com a abordagem ambientalista.
A história da drenagem urbana no Brasil apesar das dificuldades parece estar hoje numa
transição entre a abordagem higienista e a ambiental. Muitas capitais como Rio de Janeiro, Belo
Horizonte, Porto Alegre e Curitiba, promoveram ações no sentido de estabelecer planos diretores de
drenagem urbana seguindo os preceitos do conceito ambiental que passa pela conscientização de que a
drenagem urbana deve-se integrar ao planejamento ambiental das cidades, deixando de ser apenas um
mero problema de engenharia.
O desenvolvimento urbano brasileiro tem produzido um aumento caótico na frequência das
inundações, na produção de sedimentos e na deterioração da quantidade de água.
A medida que a cidade se urbaniza, ocorre o aumento das vazões máximas devido à
impermeabilização e canalização. A produção de sedimentos também aumenta de forma significativa,
associada aos resíduos sólidos e a qualidade de água, que chega a ter 80% da carga de um esgoto
doméstico.
A falta de planejamento da ocupação tem como uma das consequências a ocorrência cada vez
mais frequente de inundações que resultam em prejuízos sociais, econômicos e sanitários que variam
com a proporção destas. Pode-se destacar entre outros, os seguintes aspectos negativos:
 Prejuízos econômicos devido à invasão de propriedades residenciais, comerciais e
industriais pelas águas;
 Prejuízos ao transporte urbanos com o impedimento de circulação de veículos e pessoas
pelas ruas inundadas;
 Perdas de veículos;
 Perdas de vidas humanas, não raras nas inundações mais graves.
Para evitar ou minimizar os efeitos das inundações em geral há necessidade de execução de
obras de custo geralmente elevado. Porém devem se comparados o custo e benefícios decorrentes
destas obras.
No Brasil, o mais comum é que essas obras sejam de responsabilidade municipal, mas devido
ao seu alto custo, as Prefeituras geralmente não tem condições de executá-las seguindo uma tecnologia
adequada, razão a qual existem tantos problemas com inundações nas áreas urbanas.
Na Figura 15.1 é apresentado um esquema dos efeitos da urbanização sobre os processos
hidrológicos.
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 117

Figura 15.1 - Efeitos da urbanização nos processos hidrológicos

15.2 Aspectos Gerais

Da água que se precipita sobre uma área, parte escoa pela superfície e à medida que vai
escoando pelo terreno seu volume vai aumentando. Ao atingir a via pública pavimentada essas águas
vão se concentrar nas laterais do leito carroçável, cuja seção transversal é construída para atender a
essa função, através das sarjetas.
As sarjetas funcionam como canais que devem manter o fluxo dentro de sua capacidade e com
velocidade dentro de limites adequados.
Quando a vazão ultrapassa a capacidade da sarjeta, águas excessivas, ou quando a água tende
a ficar parada ou ainda com velocidade elevada, deverá ser feita a captação pelas bocas de lobo e a
condução para canalizações denominadas galerias água pluviais, cuja função é transportar as águas
excessivas para um local de disposição adequada.
O sistema de drenagem urbana é formado pela série de obras que vão desde a captação das
águas excessivas até a sua disposição em local onde não causem inconvenientes.
O sistema que capta as águas excessivas e as leva aos fundos de vale chama-se de sistema de
microdrenagem ou sistema de galerias de águas pluviais.
O sistema formado pelos cursos de águas naturais ou artificiais, para os quais afluem os
sistemas de galerias de águas pluviais, denomina-se de sistema de macrodrenagem. Nas cidades de
topografia acidentada as vias de escoamento do sistema de macrodrenagem percorrem, em geral, os
fundos de vales, enquanto nas cidades planas o sistema de macrodrenagem é constituído por canais
artificiais.
Na Figura 15.2 é mostrado um exemplo de sistema de micro e macrodrenagem.
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macrodrenagem

macrodrenagem

macrodrenagem

Figura 15.2 - Sistema de micro e macrodrenagem

15.3 Partes Constitutivas do Sistema de Drenagem Urbana

15.3.1 Dispositivos Gerais

Na Figura 15.3 é apresentado um cruzamento típico de ruas, mostrando o escoamento


superficial, captação e demais partes componentes do sistema de galerias, bem como um corte típico do
sistema de captação e condução da água para o interior da galeria.
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a - frente dos lotes;


b - guia e sarjeta;
c - boca de lobo;
d - conduto de ligação;
a c e - galeria pluvial;
b
f - poço de visita;
d
g - caixa de ligação;
e f g sentido do escoamento

PLANTA

calçada boca de lobo pavimento calçada


NA
NA sarjeta guia

NA poço de visita
conduto de ligação
galeria
CORTE
Figura 15.3 - Cruzamento de ruas e corte típico de um sistema de captação de águas pluviais

a) Sarjetas
São as faixas de via pública, paralelas e vizinhas ao meio-fio (Figura 15.4). A calha ou canal
formado é o receptor das águas pluviais, que incidem sobre as vias públicas e terrenos, que para elas
escoam.
As sarjetas podem assumir formas diversas, como triangulares, parabólicas ou mistas. Na figura
15.5 é esquematizada a seção transversal mais comum da sarjeta.

Figura 15.4 - Sarjeta e meio-fio

Figura 15.5 - Esquema típico da seção transversal da sarjeta


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b) Bocas de lobo
São caixas de concreto ou alvenaria localizadas nas sarjetas, geralmente próximas à intersecção
de ruas, onde possuem aberturas que promovem o afluxo das águas pluviais, em escoamento na
superfície do solo, para o interior das galerias (Figura 15.6).

(a) (b)

Figura 15.6 - Bocas de lobo

Em princípio deverá haver bocas de lobo sempre que a lâmina de água na rua, resultante da
chuva, for tão grande que possa causar inconvenientes.
Existem diversos tipos de bocas de lobo, algumas com grade e abertura de entrada horizontal
(boca de lobo com grelha - Figura 15.6a) e outras só com entrada lateral sem grade (boca de lobo de
guia - Figura 15.6b). As bocas de lobo com grades horizontais podem ser utilizadas em ruas limpas,
pavimentadas, onde não haja carregamento demasiado de objetos obstruidores. Este tipo praticamente
já não é usado, pois para um funcionamento satisfatório é necessário haver manutenção frequente.
Nas Figuras 15.7 e 15.8 são apresentados os diferentes tipos e a localização das bocas de lobo,
respectivamente.

Figura 15.7 - Tipos de bocas de lobo


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Figura 15.8 - Localização das bocas de lobo

Recomenda-se que as bocas de lobo sejam locadas:


 Em ambos os lados da rua quando a vazão máxima admissível da sarjeta for atingida ou
quando a capacidade de engolimento da boca de lobo for ultrapassada;
 Em pontos baixos das quadras;
 Com espaçamento máximo de 60 m entre elas, caso não seja possível calcular a vazão
máxima admissível da sarjeta;
 Em pontos a montante de cada faixa de cruzamento usada pelos pedestres, junto às
esquinas (Figura 15.8).
c) Condutos de Ligação
São condutos que ligam as bocas de lobo entre si, ou as bocas de lobo aos poços de visita ou às
caixas de ligação (Figura 15.9). Como mostrado na Figura 15.3 pode ser feita a interligação de duas
bocas de lobo por um conduto de ligação, o que permite um traçado de menor desenvolvimento do total
desses condutos resultando em economia.
Os condutos de ligação devem reunir as seguintes características:
 Serem retilíneo;
 Declividade mínima de 0,01 m/m;
 Diâmetro mínimo de 300 mm;
 Terem recobrimento mínimo de 60 cm;
 Devem seguir o traçado de menor desenvolvimento.
d) Poços de Visita
São câmaras de acesso às galerias, conforme mostrado na Figura 15.9, possibilitando a
inspeção, limpeza ou reparos nas mesmas. Recebem a água das bocas de lobo para encaminhá-la às
galerias de águas pluviais.

Figura 15.9 - Poço de visita


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Na Figura 15.10 são mostrados os detalhes para execução do poço de visita.

Figura 15.10 - Detalhes do poço de visita

Os poços de visita (PVs) devem ser localizados em pontos de:


 Mudança de direção da galeria;
 Junções de galerias;
 Mudança de seção;
 Extremidades de montante;
 Em trechos longos, de modo que a distância entre dois poços de visita sucessivos não
exceda cerca de 120 metros. Quando a velocidade de escoamento for suficientemente
elevada e a galeria for visitável (grande diâmetro), o intervalo entre PVs poderá ser de até
150 metros (Tabela 15.1).

Tabela 15.1 - Espaçamento entre poços de visita

Diâmetro do conduto [mm] Espaçamento [m]

300-600 90
700-900 120
1000 ou mais 150

e) Galerias de Águas Pluviais


São condutos destinados ao escoamento das águas de precipitação coletadas para o destino
fina (Figura 15.11).

Figura 15.11 - Galerias de águas pluviais


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Localizam-se em planta, geralmente, a um terço da largura da rua ou no eixo da rua. Com


relação à profundidade esta deve ser tal que permita o recobrimento mínimo apropriado da tubulação e
que possibilite a ligação dos condutos de ligação de forma a proporcionar uma declividade condizente
com as suas condições de escoamento e capacidade necessária.
Geralmente são adotadas galerias de seção circular, feitas em concreto centrifugado e armado
nos diâmetro 400, 500, 600, 700, 800, 900, 1200 e 1500 mm. Para seções maiores que 1500 mm, em
geral são usadas células construídas em concreto armado moldadas no local.

f) Caixas de Ligação
São caixas de concreto ou alvenaria (Figuras 15.12e 15.13), sem tampão externo (sem entrada
para o operador) destinadas a:
 Ligar à galeria aos condutos de ligação de bocas de lobo intermediárias;
 Junção dos condutos de ligação entre si, quando for conveniente reuni-los em um único
conduto para seu encaminhamento ao poço de visita, ou a outra caixa de ligação na galeria.

Figura 15.12 - Caixa de ligação

São usadas caixas de seção retangular de 1,00 x 1,00 m ou 1,40 x 1,40m, conforme a
profundidade e dimensão da galeria.

Figura 15.13 - Exemplo de caixa de ligação

g) Sarjetões
São formados pela própria pavimentação nos cruzamentos das vias públicas, formando calhas
que servem para orientar o fluxo das águas que escoam pelas sarjetas (Figura 15.14).
Quando a sarjeta ainda tem capacidade, o escoamento de montante pode ser transportado para
jusante através de canaleta conhecida como sarjetão, dispensando neste caso, o uso de boca de lobo e
galeria. Observa-se que os sarjetões em hipótese algum devem cortar vias preferências de tráfego.
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 124

Figura 15.14 - Sarjetão

15.3.2 Dispositivos Especiais

Muitas vezes, nos sistemas de galerias encontram-se dispositivos especiais, destinados a fins
específicos, tais como:
a) Sifões Invertidos
Trechos de galeria em que o conduto assume uma forma deprimida longitudinal, a fim de passar
por baixo de estruturas existentes como canalizações, túneis, etc.
b) Estações Elevatórias
Conjuntos destinados ao recalque das águas coletadas quando as condições topográficas locais
impossibilitarem o escoamento por gravidade, por exemplo, na transposição de bacias ou presença de
obstáculos.
c) Estruturas de Dissipação de Energia
Destinadas a proporcionar diminuição das velocidades do fluxo, para evitar efeitos danosos nas
estruturas.
d) Estruturas de Junção de Galerias
Quando duas ou mais galerias se unem, dependendo do seu porte pode haver necessidade de
uma estrutura especial para que a turbulência seja a menor possível.

15.4 Dimensionamento do Sistema de Drenagem Urbana

15.4.1 Estimativa das Vazões de Águas Pluviais

A chuva que precipita sobre uma área urbana se acumula nas superfícies dando início ao
escoamento superficial sobre telhados, terrenos vazios, jardins, pisos, etc., procurando os pontos mais
baixos, até atingir as ruas onde se acumulam nas suas laterais (sarjetas) que funcionam como canais.
O dimensionamento das galerias pluviais depende das vazões que devem ser captadas nas ruas
e que por sua vez dependem da quantidade de chuva precipitada e das características das superfícies
por onde escoa, tais como declividade, graus de impermeabilidade.
Para a estimativa de vazões pluviais para os sistemas de microdrenagem tem sido amplamente
utilizado o método racional, baseado na Equação 15.1.
Q  C.i.A (Equação 15.1)
sendo:
Q: vazão pluvial [m3/s];
C: coeficiente de escoamento superficial ou relação entre o volume escoado superficialmente em uma
seção pelo volume precipitado na área drenada por essa seção [adimensional];
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 125

i: chuva crítica [m/s];


A: área de drenada à montante do ponto considerado ou área de contribuição [m2].

15.4.2 Coeficiente de Escoamento Superficial

Pode ser estimado por fórmulas empíricas, que levam em conta os principais fatores que
influenciam no escoamento superficial, tais com natureza do terreno e tempo de duração da chuva, pois
à medida que a chuva se desenvolve o terreno permeável vai se saturando, diminuindo a infiltração. Este
coeficiente pode também ser adotado a partir de dados da literatura.
Uma das expressões mais usadas é a de Horner (Equação 15.2):

C = 0,364 . log t + 0,0042.p - 0,145 (Equação 15.2)


sendo:
t: tempo de duração da chuva [min];
p: relação entre a área impermeável e a área total [%].
Nas Tabelas 15.2 e 15.3 são apresentados alguns coeficientes de escoamento superficial em
função do uso da área e das características da superfície.

Tabela 15.2 - Coeficientes de escoamento superficial em função do uso da área

Descrição da área C
. Área comercial
- central 0,70-0,90
- bairros 0,50-0,70
. Área Residencial
- residências isoladas 0,35-0,50
- unidades múltiplas (separadas) 0,40-0,60
- unidades múltiplas (conjugadas) 0,60-0,75
2 0,30-0,45
- lotes com área maior que 2000 m
Áreas com Apartamentos 0,50-0,70
. Área Industrial
- indústrias leves 0,50-0,80
- indústrias pesadas 0,60-0,90
. Parques, cemitérios 0,10-0,25
. Playgrounds 0,20-0,35
. Pátios ferroviários 0,20-0,40
. Áreas sem melhoramentos 0,10-0,30
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 126
Tabela 15.3 - Coeficientes de escoamento superficial em função das características da superfície

Características da superfície C
. Ruas
- pavimentação asfáltica 0,70 – 0,95
- pavimentação de concreto 0,80 – 0,95
. Passeios (calçadas) 0,75 – 0,85
. Telhado 0,75 – 0,95
. Terrenos relvados (solos arenosos)
- pequena declividade (2%) 0,05 – 0,10
- declividade média (2 a 7%) 0,10 – 0,15
- forte declidade (7%) 0,15 – 0,20
. Terrenos relvados (solos pesados)
- pequena declividade (2%) 0,15 – 0,20
- declividade média (2 a 7%) 0,20 – 0,25
- forte declidade (7%) 0,25 – 0,30

15.4.3 Intensidade da Chuva

O processamento dos dados dos pluviógrafos relativos a chuvas intensas conduz a uma
expressão da intensidade da chuva (Equação 15.3), função do tempo de duração e do período de
retorno.
m
k x Tr
i (Equação 15.3)
(t d  t o )n

sendo:
i: intensidade da precipitação máxima média (chuva crítica);
Tr: tempo de retorno ou recorrência;
td: tempo de duração da chuva, sendo utilizado igual ao tempo de concentração da bacia ou tempo de
escoamento superficial; *
k, m, t0, e n: parâmetros a determinar para o local.

* OBS.: Devido ao princípio básico do método racional que considera que a vazão máxima ocorre
quando toda a bacia está contribuindo, o td deve ser igual ao tc, pois se td<tc a chuva para antes que toda
a bacia esteja contribuindo, portanto a vazão no ponto considerado será equivalente a Q*(t d/tc), se td>tc
apesar da chuva continuar mesmo após toda a bacia estar contribuindo a intensidade será menor uma
vez que para uma mesma frequência (TR) para maiores td menores serão as intensidades
A expressão relativa a chuvas para a cidade de Londrina é dada pela Equação 15.4:

0,093
3132,56 x TR (Equação 15.4)
i
(t  30)0,939
sendo:
i: intensidade média de precipitação [mm/h];
TR: tempo de retorno [anos];
t: tempo de duração [min].

15.4.4 Tempo de Duração da Chuva

O método racional se baseia na hipótese de que a chuva de projeto ou chuva crítica é aquela
cujo tempo de duração é igual ao tempo de concentração da bacia ou da área de drenagem.
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 127

O tempo de concentração relativo a uma seção de um curso de água é o intervalo de tempo,


contado a partir do início da precipitação, para que toda a bacia hidrográfica correspondente passe a
contribuir na seção de estudo.
A fórmula que expressa o tempo de concentração é dada pela Equação 15.5.

tc  te  tg
(Equação 15.5)
sendo:
tc: tempo de concentração [min];
te: tempo de escoamento superficial [min];
tg: tempo de percurso dentro da galeria [min].
O tempo de percurso dentro das galerias é obtido pela Equação 15.6.

L
tg  (Equação 15.6)
V x 60

sendo:
tp: tempo de percurso dentro da galeria [min];
L: extensão do trecho da galeria [m];
V: velocidade média da água na galeria [m/s].
Os tempos de escoamento superficial, normalmente adotados para sistemas de drenagem
urbana, considerando que as áreas de contribuição sejam pequenas, são apresentados na Tabela 15.4.

Tabela 15.4 - Tempos de escoamento superficial normalmente utilizados para drenagem urbana

Autor Condições locais t [min] Referência


SUDERHSA geral 5 a 20 SEMA
ruas conservadas
HORNER (1910) 2a5 PLANEPAR
(0,50 ≤ i ≥ 5,0%
HORNER (1910) terrenos gramados 10 a 20 PLANEPAR
SECEAM geral 10 PLANEPAR

A estimativa do tempo de escoamento superficial pode ser feita por fórmulas empíricas, que
consideram fatores intervenientes no escoamento superficial como declividade do terreno, características
da superfície e extensão do percurso.
Uma das fórmulas empíricas utilizadas é a Equação de Kerby (Equação 15.7).

0,45
nx L
t s  1,44  (Equação 15.7)
 I 
sendo:
ts: tempo de escoamento superficial [minutos];
L: distância [metros];
I: declividade média [m/m];
n: coeficiente relativo à natureza do terreno, cujos valores são apresentados na Tabela 15.5.
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 128
Tabela 15.5 - Coeficiente relativo à natureza do terreno (n) para a fórmula de Kerby

Superfície n
Lisa e impermeável 0,02
Dura e desnuda 0,1
Pasto ralo 0,2
Pasto médio 0,4
Mata e arbustos 0,6

15.4.5 Tempo de Retorno

O tempo de retorno utilizado na microdrenagem varia de 5 (cinco) a 10 (dez) anos. Para áreas
pouco densas e residenciais utilizam-se dois anos e para áreas comerciais onde as perdas podem ser
maiores, pode-se escolher até dez anos. Na Tabela 15.6 são apresentados tempos de retorno para
áreas com diferentes ocupações para sistemas de drenagem urbana.

Tabela 15.6 - Tempos de retorno utilizados em sistemas de drenagem urbana em função do tipo
de ocupação da área
Tipo de obra Tipo de ocupação da área Tempo de retorno
Residencial 2
Comercial 5
Microdrenagem Áreas com edifícios de serviço público 5
Aeroportos 2-5
Áreas comerciais e artérias de tráfego 5 - 10
Áreas comerciais e residenciais 50 - 100
Macrodrenagem
Áreas de importâncias específicas 500

15.4.6 Delimitação das Áreas de Contribuição

Após a indicação do sentido de escoamento na rua devem-se delimitar as áreas de contribuição.


A água que cai no interior das quadras escoa através dos lotes para as ruas. Para delimitar as áreas de
escoamento parte-se da hipótese de que a quadra funcione como se fosse um telhado, dirigindo as
águas para as ruas, conforme a Figura 15.15.

Figura 15.15 - Delimitação da área de contribuição


Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 129
15.4.7 Dimensionamento de Sarjetas

Na Figura 15.16 é mostrada uma seção transversal de uma sarjeta.

Figura 15.16 - Seção transversal da sarjeta

sendo:
L: comprimento da rua;
l: metade do comprimento da rua;
y: altura da lâmina de água;
i0: inclinação transversal da rua.
A vazão da sarjeta, considerando que o nível da água atinja a crista da rua, é calculada pela
Equação de Manning (Equação 15.8).

1 2/3 . I1/2
Q sarjeta  . A m . Rh (Equação 15.8)
n
sendo:
Qsarjeta: vazão da sarjeta [m3/s];
n: coeficiente de rugosidade;
Am: área molhada da seção [m2];
Rh: raio hidráulico [m];
I: declividade longitudinal [m/m].
Pelas Equações 15.9 e 15.10 são calculadas a área molhada da seção e o raio hidráulico,
respectivamente.
l. y
Am  (Equação 15.9)
2
A molhada l. y
Rh   (Equação 15.10)
Pmolhado 2 . (y  y 2  l2 )

Substituindo-se as Equações 15.9 e 15.10 na Equação 15.8, tem-se a Equação 15.11:


2/3
 
1 l.y  l. y 
Q sarjeta  . . . I1/2 (Equação 15.11)
n 2  2 . (y  y 2  l2 ) 
 
Depois de calculada a vazão da sarjeta, deve-se verificar as seguintes condições:
a) Qpluvial>Qsarjeta ↔ há necessidade de coletar água;
b) Qpluvial<Qsarjeta ↔ não há necessidade de coletar água, apenas verificar a velocidade do
escoamento;
c) 0,5≤Velocidade ≤ 3,0 [m/s].
Para calcular a velocidade da água é necessário encontrar a altura e o comprimento da lâmina
de água, conforme a vazão pluvial.
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 130

Como: y  l . i o
Então: 2/3
2  
1 l .i0  l2 . i 0  (Equação 15.12)
Q pluvial  . . . I1/2
n 2  2 . (l.i  l.i 2  l2 ) 
 0 0 
A velocidade da água será igual a (Equação 15.13):

Qpluvial
v (Equação 15.13)
A sarjeta

Conforme Equação 15.13, a área da sarjeta será a área da seção molhada da mesma.

Na Tabela 15.7 são apresentados os coeficientes de rugosidade do material de sarjetas.

Tabela 15.7 - Coeficiente de rugosidade para sarjetas

Tipo de superfície n
Sarjeta de concreto, bom acabamento 0,012
Pavimento de asfalto
. Textura lisa 0,013
. Textura áspera 0,016
Sarjeta de concreto com pavimento de asfalto
. Textura lisa 0,013
. Textura áspera 0,015
Pavimento de concreto
. Acabamento com espalhadeira 0,014
. Acabamento manual alisado 0,016
. Acabamento manual áspero 0,020

A capacidade da sarjeta a ser utilizada no projeto deve ser minorada por um fator de redução da
capacidade teórica. De forma, geral, os fatores de redução de descarga consideram as imperfeições
durante a construção de sarjetas e assentamento de guias, baixa frequência ou ausência de
manutenção, aumento do coeficiente de rugosidade em função da abrasão por sedimentos, defeitos
resultantes de aberturas e escavações com reparos mal elaborados, obstruções temporárias ou
permanentes. Além disso, duas situações típicas exigem a utilização de fatores de redução da
capacidade das sarjetas:
 Em sarjetas com declividade longitudinal muito baixa, limita-se a descarga para controlar o
depósito de sedimentos, uma vez que a velocidade do escoamento será muito reduzida;
 Em sarjetas com declividade longitudinal muito elevada, limita-se a descarga para reduzir as
possibilidades de abrasão da sarjeta resultante do atrito do transporte de sedimentos. Além
disso, a descarga é também controlada para reduzir o risco de acidentes com pedestres.
Na Tabela 15.8 são apresentados alguns valores de redução na capacidade de escoamento das
sarjetas em função da declividade das mesmas.

Tabela 15.8 - Fator de redução da capacidade da sarjeta em função da declividade

Declividade da sarjeta [%] Fator de redução


16
0,4 0,50
1,0 a 3,0 0,80
5,0 0,50
6,0 0,40
8,0 0,27
10,0 0,20
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 131
15.4.8 Dimensionamento de Bocas de Lobo

15.4.8.1 Bocas de lobo de Guia

Na Figura 15.17 é mostrada uma vista em planta de uma boca de lobo de guia.

Figura 15.17 - Vista em planta de uma boca de lobo de guia

sendo:
L: comprimento da boca de lobo;
h: abertura da boca de lobo (± 15 cm);
a: declividade do meio-fio (± 5 cm);
y0: lâmina de água a montante da boca de lobo;
y: lâmina de água na boca de lobo.

 1° Caso: Bocas de lobo em pontos intermediários


A vazão para bocas de lobo de guia em pontos intermediários é calculada pela Equação 15.14:

Q  1,02. L . y1,5
0 (Equação 15.14)
sendo:
Q: vazão de engolimento da boca de lobo [m3/s];
L: comprimento da boca de lobo [m];
y0: lâmina de água a montante da entrada (y) + 0,05 m (depressão) [m].

 2° Caso: Bocas de lobo em pontos baixos


1) Quando y≤h, a boca de lobo funcionará como vertedouro e a vazão será calculada pela Equação
15.15:

Q  1,71. L . y1,5
0 (Equação 15.15)
sendo:
Q: vazão de engolimento da boca de lobo [m3/s];
L: comprimento da boca de lobo [m];
y0: lâmina de água a montante da entrada (y) + 0,05 m (depressão) [m].

2) Quando y≥2h, a boca de lobo funcionará como orifício e a vazão será calculada pela Equação 15.16:

Q  C d .A 2 . g .H
(Equação 15.16)
sendo:
Cd: coeficiente de descarga (Cd=0,7);
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 132

A: área da seção [m²];


g: aceleração da gravidade [m/s²];
H: carga hidráulica sobre a abertura da boca de lobo [m].

Substituindo Cd=0,7 e g= 9,81 m/s², sabendo-se que H=y - 0,5 h e A = L x h, tem-se a Equação 15.17.

Q  3,101.L.hy - 0,5 .h0,5 (Equação 15.17)


sendo:
L: comprimento da boca de lobo;
h: abertura da boca de lobo;
y: lâmina de água na boca de lobo.

3) Quando h<y<2h, a situação será instável, o funcionamento da boca de lobo é indefinido cabendo ao
projetista avaliar o comportamento como vertedor ou como orifício afogado.

15.4.8.2 Bocas de lobo com Grelha

Na Figura 15.18 é mostrada uma vista em planta de uma boca de lobo com grelha.

Figura 15.18 - Vista em planta de uma boca de lobo com grelha

sendo:
L: largura da boca de lobo;
h: abertura da boca de lobo.

1) Quando y≤12 cm, a vazão será calculada pela Equação 15.18:

Q  1,655.P . y1,5
0 (Equação 15.18)
sendo:
P: perímetro da boca de lobo [m].
y0: lâmina de água a montante da entrada (y) + 0,05 m (depressão) [m].

2) Quando y≥42 cm, a vazão será calculada pela Equação 15.19:

Q  2,91. A u . y 0,5
0 (Equação 15.19)
sendo:
Au: área útil (área da grelha - área das grades) [m²].
y0: lâmina de água a montante da entrada (y) + 0,05 m (depressão) [m].

3) Quando 12<y<42 [cm] o dimensionamento fica a critério do projetista.


Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 133

Na Tabela 15.9 são apresentados os fatores de redução para as bocas de lobo.

Tabela 15.9 - Fator de redução do escoamento para bocas de lobo

Localização na sarjeta Tipo de boca-de-lobo % permitida sobre o teórico

. de guia 0,80
Ponto baixo . com grelha 0,50
. combinada 0,65
. de guia 0,80
. com grelha longitudinal 0,60
Ponto intermediário . com grelha transversal ou
0,60
longitudinal com barras transversais
110% dos valores indicados para a
. combinada
grelha correspondente

15.4.9 Dimensionamento Hidráulico das Galerias de Águas Pluviais

Na Figura 15.19 é mostrada uma seção circular de uma tubulação.

Figura 15.19 - Seção circular de uma tubulação

sendo:
D: diâmetro da tubulação [m];
y: altura da lâmina de água na tubulação [m];
θ: ângulo [rad].
A área molhada, o perímetro molhado e o raio hidráulico da seção circular são calculados pelas
Equações 15.20, 15.21 e 15.22, respectivamente:

D2
Am  θ - senθ (Equação 15.20)
8

Pm 
1
θ . D (Equação 15.21)
2

A m D  senθ 
Rh   1-  (Equação 15.22)
Pm 4 θ 

Substituindo as Equações 15.20, 15.21 e 15.22 na Equação 15.8, tem-se a Equação 15.23:

2
1 D2  D  senθ  3
.θ - senθ. .1 -
1
Q .  .I 2 (Equação 15.23)
n 8 4  θ 
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 134

O ângulo formado com o eixo da seção circular (θ) e a altura da lâmina de água (y) são
calculados pelas Equações 15.24 e 15.25, respectivamente:

 2.y 
θ  2.arccos 1 - 
 D  (Equação 15.24)

D  θ 
y .1 - cos  (Equação 15.25)
2   2 

Considerando a galeria funcionando a seção plena, ou seja, y=D, tem-se as Equações 15.26 e
15.27:
 . D2
A (Equação 15.26)
4

(Equação 15.27)
P . D

Substituindo as Equações 15.26 e 15.27 na Equação 15.8, tem-se as Equações 15.28 e 15.29:
2/3
1  D2  . D2 1 
Q . . .  .I1/2 (Equação 15.28)
n 4  4  .D 

1
Q . 0,3117. D 2,67 .I1/2 (Equação 15.29)
n

15.5 Elaboração do Projeto de Sistemas de Drenagem Urbana

15.5.1 Introdução

Para o desenvolvimento do projeto de microdrenagem há a necessidade primordial de


conhecimento das características hidrológicas da bacia hidrográfica e das definições geométricas de
traçado das vias, além das características de ocupação do solo em estudo. Com base nas informações
podem-se definir os parâmetros hidrológicos do projeto que possibilitarão o dimensionamento hidráulico
dos dispositivos de drenagem.
Para elaborar um projeto de microdrenagem, são necessários os seguintes dados:
 Planta da localização estadual da bacia;
 Planta da bacia em escala 1:5.000 ou 1:10.000;
 Planta altimétrica da bacia em escala 1:1.000 ou 1:2.000, constando as cotas das esquinas e
outros pontos importantes. As plantas da bacia em escala de 1:1.000 até 1:5.000
normalmente atendem às necessidades de projeto de um sistema de drenagem urbana, em
sua fase preliminar. As curvas de nível devem ter equidistância tal que permita a
identificação dos divisores das diversas sub-bacias do sistema. Admite-se um erro máximo
de três centímetros na determinação das cotas do terreno nos cruzamentos das ruas e nas
rupturas de declividade entre os cruzamentos. Deve-se fazer um levantamento topográfico
de todas as esquinas, mudanças de greides das vias públicas e mudanças de direção. Deve-
se, também, dispor de um cadastro das redes públicas de água, eletricidade, gás, esgoto e
águas pluviais existentes que possam interferir no projeto. No projeto definitivo são
necessárias plantas mais minuciosas das áreas onde o sistema será construído. As plantas
devem indicar com precisão os edifícios, as ferrovias, as rodovias, os canais, as redes de
gás, água, esgoto, telefone, eletricidade, enfim quaisquer estruturas que possam interferir
com o traçado proposto das tubulações de águas pluviais.
 Dados sobre a urbanização. Dispor de dados sobre o tipo de ocupação das áreas, a
porcentagem de ocupação dos lotes e a ocupação do solo nas áreas não urbanizadas
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 135

pertencentes à bacia, tanto na situação atual como nas previstas pelo plano diretor. É
necessário obter o perfil geológico, por meio de sondagens, ao longo do traçado projetado
para a tubulação, se houver suspeita da existência de rochas subsuperficiais, para que se
possa escolher o traçado definitivo com um mínimo de escavação em rocha.
 Dados sobre o curso receptor. Dispor de informações sobre os níveis máximos do curso de
água no qual será efetuado o lançamento final, assim como do levantamento topográfico do
local deste lançamento.
A rede coletora deve ser lançada em planta baixa de escala 1:1.000 ou 1:2.000, de acordo com
as condições naturais de escoamento.
O traçado do sistema de galerias de águas pluviais consiste em localizar em planta topográfica
da cidade ou loteamento as obras necessárias para a coleta, transporte e disposição final das águas
excessivas. Por isso torna-se necessário o estudo detalhado do escoamento superficial, pelas ruas e
áreas de contribuição.
Esse estudo deverá ser feito em uma planta topográfica planialtimétrica, em escala 1:1.000 ou
1:2000, observando-se o caimento do terreno e indicando o sentido do escoamento nas sarjetas, de
maneira a ser possível a delimitação da área de contribuição de um ponto qualquer na rua.
A partir da delimitação das áreas de contribuição é possível estimar a vazão devido às águas
pluviais excessivas, pelo método racional.
O sistema (galerias) terá início a partir da localização da primeira captação (boca de lobo) cuja
necessidade será estabelecida no caso de:
 A vazão pluvial na rua for maior que a capacidade (vazão) da sarjeta;
 A velocidade de escoamento superficial for muito pequena ou muito grande. A velocidade do
escoamento superficial deverá ser maior que 0,50 m/s, o que nem sempre é possível em
ruas com baixa declividade, e menor que 3,0 m/s.
A partir da primeira captação a tubulação (galeria) prossegue pelas ruas, seguindo um
caminhamento a ser estabelecido em função dos seguintes fatores:
 Minimizar escavações, isto é, procurando-se o percurso de maior declividade;
 Possibilitar a declividade de maneira a que a velocidade da tubulação fique dentro dos
limites adequados (v min= 0,75 m/s; v máx= 5,0 m/s);
 Passar por ruas nas quais a construção seja mais fácil e menos onerosa, tendo em vista: sua
importância para o tráfego, pavimentação, interferências, largura, presença de comércio,
segurança de edifícios ou outras obras.
Em geral há mais de uma alternativa possível para o traçado do sistema de galerias. A escolha
deverá ser baseada em uma análise conveniente dos fatores acima relacionados.
Na Figura 15.20 é apresentado um esquema com as informações necessárias em projetos de
galerias de águas pluviais.
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 136

Figura 15.20 - Esquema com as informações necessárias que o projeto de drenagem de


águas pluviais deve apresentar

15.5.2 Escoamento Superficial nas Ruas

Em uma rua pavimentada distinguem-se as seguintes partes: leito carroçável, guias, sarjetas e
passeios. Na Figura 15.21 é apresentada a indicação de cada uma dessas partes, na qual as setas
indicam o sentido do escoamento.

Figura 15.21 - Representação das partes constituintes de uma rua pavimentada


Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 137

Uma sarjeta pode transportar determinada vazão que se traduz em inundação parcial da via
pública, conforme Figura 15.22. Além dos aspectos de segurança, dirigibilidade dos veículos
(aquaplanagem) e conforto dos transeuntes, devem ser considerados os aspectos relativos à inundação
completa do pavimento de rodagem e das calçadas inclusive com prejuízos causados às residências e
ao comércio.

Figura 15.22 - Capacidade de escoamento da via pública

O sistema de galerias (no caso a primeira boca de lobo) deverá iniciar-se no ponto onde é
atingida a capacidade admissível de escoamento na rua.
Para determinação da capacidade das vias (Figura 15.23) devem ser levados em consideração
os seguintes fatores: largura da faixa elementar (Tabela 15.10), declividade transversal da sarjeta (em
geral, próxima a 10%) e da via (Tabela 15.11), capacidade de escoamento da via pública (Tabela 15.12)
e coeficiente relacionado à rugosidade do material (Tabela 15.13).

Figura 15.23 - Características das vias


Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 138
Tabela 15.10 - Valores da faixa elementar para vias públicas

Faixa elementar [m]


Circulação de carros
Estacionamento Trânsito
Leves 2,50 3,00
Caminhões e ônibus em velocidade controlada 3,00 3,50
Caminhões e ônibus em velocidade controlada para tráfego
3,00 3,75
intenso e velocidade livre

Tabela 15.11 - Dimensionamento da seção transversal das vias públicas

Relação entre a flecha do arco e


Revestimento
a largura da pista (1:Z)
Macadame comum 1:40 a 1:50
Macadame betuminoso 1:50 a 1:70
Asfalto ou paralelepípedo 1:70 a 1:100
Concreto 1:100 ou menos

Tabela 15.12 - Capacidade de escoamento da via pública

Classificação da rua Inundação máxima

Secundária O escoamento pode atingir até a crista da rua


Principal O escoamento deve preservar, pelo menos uma faixa de trânsito livre
Avenida O escoamento deve preservar, pelo menos uma faixa de trânsito livre em cada direção
Via expressa Nenhuma inundação é permitida em qualquer faixa de trânsito

Tabela 15.13 - Valores do coeficiente “n” de Manning-Strickler sugeridos por alguns


pesquisadores para o revestimento de ruas e sarjetas

Tipos de revestimento n

Sarjeta de concreto com bom acabamento 0,012


Pavimento de asfalto 0,013 a 0,015
Sarjeta de concreto com pavimento de asfalto 0,013 a 0,015
Pavimento de concreto 0,014 a 0,020

Na Figura 15.24 é ilustrado como no cruzamento de uma rua secundária, com inclinação
transversal, com uma principal a capacidade da sarjeta de maior elevação diminui.
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 139

Figura 15.24 - Características típicas de cruzamento de uma rua secundária com uma rua principal

15.5.3 Escoamento Superficial no Cruzamento de Ruas

O escoamento nos cruzamentos se processa conforme a configuração das sarjetas. Os casos


possíveis são mostrados na Figura 15.25.

Figura 15.25 - Escoamento nos cruzamentos: (a) a água se afasta do cruzamento;


(b) a água se concentra no cruzamento
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 140

Observa-se que na Figura 25 (b) é mostrado um poço de visita que recebem 8 (oito) condutos e
sai 1 (uma) galeria, considerando que o PV esteja na profundidade mínima, seria difícil executá-lo com
tantos tubos chegando.
Em alguns casos quando a sarjeta ainda tem capacidade, o escoamento de montante é
transportado para jusante através de uma valeta, em continuidade à sarjeta. Essa valeta é conhecida
como sarjetão (Figura 15.26).

Figura 15.26 - Corte transversal de um sarjetão

Na Figura 15.27 é apresentado um exemplo de direcionamento do escoamento utilizado em


sarjetões
Observa-se que os sarjetões em hipótese alguma devem cortar vias preferenciais de tráfego.

Figura 15.27 - Direcionamento do escoamento utilizado em sarjetões

15.5.4 Procedimentos para o Traçado do Sistema de Galerias Pluviais

a) Informações necessárias: para o traçado do sistema, é necessária uma visita à cidade,


percorrendo-se as ruas e anotando os seguintes aspectos:
 Ruas pavimentadas e não pavimentadas;
 Tipo de pavimentação; localização de sarjetões;
 Forma geométrica da rua: dimensões de guias, sarjetas, sobre elevação, etc.;
 Importância para o tráfego de pedestres;
 Importância para o tráfego de veículos;
 Importância da proteção das ruas contra inundações: edifícios, comércio, etc.;
b) Plantas necessárias:
 Planta em escala 1:5000 planialtimétrica, para se fazer o estudo geral;
 Planta em escala 1:2000 e 1:1000 planialtimétrica para estudos específicos;
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 141

c) Adotar o período de recorrência, tendo em vista a importância da rua. Para vias secundárias,
residenciais, tem-se adotado 5 anos; para vias preferenciais e comerciais 10 anos e para as avenidas
mais importantes 25 anos. Esses valores servem apenas para dar uma idéia. Cada caso deve ser
estudado.
d) Adotar para cada tipo de rua a altura máxima permissível da lâmina de água nas sarjetas (y)
ou a faixa de inundação máxima, em relação ao período de retorno do item c.
1/2
e) Para uma sarjeta com declividade I, a vazão que escoa é definida por Qsarjeta= M x I , sendo
1
M  . A m . R h2/3, para o valor de M máximo, de acordo com a lâmina de água adotada no item d, tem-se
n
a capacidade máxima da sarjeta para o valor I. Quando a vazão pluvial na sarjeta, calculada por Q= C x i
x A, for igual a Qsarjeta deve se localizar a primeira boca de lobo.
f) A partir do ponto acima definido, deve-se fazer o traçado da galeria até o seu ponto de
lançamento, percorrendo o trajeto mais adequado, conforme já foi explicado no início deste capítulo.
g) No caso de velocidade de escoamento muito baixa, também se deve fazer a captação de
águas pluviais, desde que não leve a exageros o que pode acontecer em áreas muito planas. Pode-se
estabelecer um limite mínimo de velocidade de 0,50 m/s para o ponto em verificação. No caso, em que
área for muito plana pode-se fazer a sarjeta com usando a declividade mínima de 0,4%.
h) Manter a velocidade máxima do escoamento abaixo de 3,0 m/s.

15.5.5 Projeto Geométrico

O projeto geométrico corresponde ao desenho da galeria em planta e perfil, com todos os dados
necessários à sua construção.
Os fatores que intervém nesse projeto referem-se à locação em planta e perfil em
compatibilidade com as outras obras de infraestrutura.
Fatores condicionantes ao traçado do perfil:
a) profundidade mínima: É condicionada à profundidade suficiente para receber as
canalizações provenientes das bocas de lobo; recobrimento mínimo (Figura 15.28) para absorção de
choques devido às cargas móveis, que em geral é da ordem de 1,0 m.

R= recobrimento

h= profundidade

Figura 15.28 - Perfil da locação da tubulação


b) profundidade máxima: Em decorrência do custo de escavação, escoramento e outros se
procura limitá-lo em cerca de 4 metros.
c) velocidade máxima: Procura-se limitar a declividade de maneira que a velocidade não
ultrapasse a cerca de 5 m/s para as vazões máximas. Se necessário, são projetados degraus para
manter a velocidade abaixo desse valor. Os degraus não devem ser maiores que um metro.
d) velocidade mínima: As galerias devem ser autolimpantes, devendo para isso manter
velocidades não inferiores a 0,75 m/s para as vazões máximas.
e) travessia de tubulações: A travessia de tubulações sob rodovias, avenidas expressa e
ferrovias, geralmente, são feitas por processos não destrutíveis, ficando as dimensões da seção sujeita
às patentes disponíveis no mercado.
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 142

f) concordância da superfície da água nas galerias: O cálculo das lâminas de água (y) nas
tubulações permite estudar a concordância da superfície de água na entrada e saída dos poços de
visitas. O nível de água (NA) de jusante deve concordar com o de montante ou ficar abaixo.

15.5.6 Compatibilidade do Perfil da Galeria com o Perfil da Rua

A galeria, em perfil, é projetada tendo em vista os seguintes fatores:


 Aproveitar ao máximo a declividade do terreno, sempre que a velocidade caia dentro da faixa
de valores recomendados; a situação ideal é a galeria ser paralela ao perfil da rua;
 Garantir um recobrimento mínimo desejável da ordem de 1 (um) metro;
 Garantir condições adequadas de lançamento na confluência de galerias ou na disposição
final.
Algumas vezes esses fatores conduzem a uma revisão do perfil da rua para garantir condições
adequadas para a drenagem. Nesses casos, o projeto deve indicar o perfil atual da rua e o perfil
recomendado.

 1° Caso: h1=hmín (recobrimento)


Imín ≤ Irua ≤ Imáx

Adota-se: Igaleria=Irua ↔ h1=h2

 2º Caso: h1≥hmín (recobrimento)


Irua<Imáx

Adota-se: Igaleria=Imín ↔ h2=h1+L(Igaleria – Irua)

Caso Irua for contrário ao Igaleria: h2=h1+L(Igaleria + Irua)

 3º Caso: h1>hmín (recobrimento)


Irua>Imín
Igaleria≥Imín
h2≥hmín

Determinar Igaleria, de tal modo que h2≥hmín


h2=h1+L(Igaleria – Irua) ou h2=h1 - L(Irua – Igaleria)

 4º Caso: h1>hmáx
Irua>Imáx

Adota-se: Igaleria=Imáx e h2≥hmín


h2=h1 - L(Irua – Igaleria) ou h2=h1+L(Igaleria – Irua)
ou h1=h2+L(Irua - Igaleria)
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 143
 5º Caso: Irua>Imáx
Igaleria≤Imáx
h2≥hmín

As galerias a montante do PV1 estão em profundidade adequada, porém I rua>Igaleria,máx, assim a


profundidade do PV1 deve ser aumentada (poço de queda), de modo que a declividade da galeria seja
mantida, ou seja, Igaleria≤Imáx (h2≥hmin).

Neste caso: h2=h1+ h3 - L(Irua - Igaleria),


e h3 é imposto, de maneira que:
Igaleria=(h1 + h2 - h3)/L, sendo Igaleria≤Imáx

Na Tabela 5.14 são mostradas as relações y/D o cálculo do escoamento em diferentes alturas de
lâmina líquida em condutos circulares parcialmente cheios.
Na Tabela 15.15 é apresentado um formulário para estudo de capacidade de vias e na Tabela
15.16 um formulário para projeto de galerias de águas pluviais.

Tabela 15.14 - Relações y/D para o cálculo do escoamento em diferentes alturas de lâmina líquida
em condutos circulares parcialmente cheios

y/D Q/Qplena y/D Q/Qplena y/D Q/Qplena y/D Q/Qplena


0,01 0,0002 0,26 0,1480 0,51 0,5170 0,76 0,9258
0,02 0,0007 0,27 0,1595 0,52 0,5341 0,77 0,9394
0,03 0,0016 0,28 0,1712 0,53 0,5513 0,78 0,9525
0,04 0,0030 0,29 0,1834 0,54 0,5685 0,79 0,9652
0,05 0,0048 0,30 0,1958 0,55 0,5857 0,80 0,9775
0,06 0,0071 0,31 0,2086 0,56 0,6030 0,81 0,9892
0,07 0,0098 0,32 0,2218 0,57 0,6202 0,82 1,0004
0,08 0,0130 0,33 0,2352 0,58 0,6375 0,83 1,0110
0,09 0,0167 0,34 0,2489 0,59 0,6547 0,84 1,0211
0,10 0,0209 0,35 0,2629 0,60 0,6718 0,85 1,0304
0,11 0,0255 0,36 0,2772 0,61 0,6890 0,86 1,0391
0,12 0,0306 0,37 0,2918 0,62 0,7060 0,87 1,0471
0,13 0,0361 0,38 0,3066 0,63 0,7229 0,88 1,0542
0,14 0,0421 0,39 0,3217 0,64 0,7397 0,89 1,0605
0,15 0,0486 0,40 0,3370 0,65 0,7564 0,90 1,0658
0,16 0,0555 0,41 0,3525 0,66 0,7730 0,91 1,0701
0,17 0,0629 0,42 0,3682 0,67 0,7893 0,92 1,0733
0,18 0,0707 0,43 0,3842 0,68 0,8055 0,93 1,0752
0,19 0,0789 0,44 0,4003 0,69 0,8215 0,94 1,0757
0,20 0,0876 0,45 0,4165 0,70 0,8372 0,95 1,0745
0,21 0,0966 0,46 0,4330 0,71 0,8528 0,96 1,0714
0,22 0,1061 0,47 0,4495 0,72 0,8680 0,97 1,0658
0,23 0,1160 0,48 0,4662 0,73 0,8829 0,98 1,0567
0,24 0,1263 0,49 0,4831 0,74 0,8976 0,99 1,0420
0,25 0,1370 0,50 0,5000 0,75 0,9119 1,00 1,0000
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 144

Tabela 15.15 - Formulário para estudo de capacidade de vias

Estudo de Capacidade de Vias


Nome da Rua: Área: Data: Folha:
Chuva Crítica: Bacia:
Coeficiente de Escoamento Superficial: Projeto: Cálculo:
Largura Área de Vazão Declividade do Velocidade Capacidade Número de Necessidade
Ponto Nome da via Trecho/Localização
Total [m] Contribuição [m2] [m3/s] trecho [m/m] [m/s] do Trecho [m3/s] Boca-de-lobo de Galeria
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 145

Tabela 15.16 - Formulário para projeto de galerias de águas pluviais

Projeto de Galerias de Águas Pluviais


Nome da Rua: Área: Data: Folha:
Chuva Crítica: Bacia:
Coeficiente de Escoamento Superficial: Projeto: Cálculo:
Declividade Declividade Profundidade da
Área de Cota do Terreno Cota da Galeria Prof. do
Extensão Vazão Diâmetro do da Velocidade Galeria
Trecho y [m]
(m) Contribuição [m3/s] [m] Terreno Galeria [m/s]
Montante Jusante Montante Jusante Montante Jusante PV (Montante)
[m2] [m/m] [m/m]
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 146

15.6 Exercícios

I Para uma rua secundária, situada na cidade de Maringá, cuja largura total é de 12,0 m, a
declividade transversal de 0,02 m/m e a declividade longitudinal de 0,0045 m/m, pede-se:
a) Determinar a capacidade da sarjeta do tipo triangular, considerando o coeficiente de
rugosidade de 0,016 (asfalto).
b) Calcular a vazão pluvial, considerando a área de contribuição de
0,5 ha, coeficiente de escoamento superficial de 0,6, tempo de retorno de 5 anos e tempo de
duração de 12 minutos.
c) Calcular a velocidade de escoamento de água.

II Determine a capacidade de engolimento de uma boca de lobo de guia (Figura 15.29), localizada
em um ponto intermediário da rua, para uma lâmina de água a montante da mesma de 0,10 m.
Considere o fator de redução de 0,8 para a vazão.

Figura 15.29 - Vista em planta da boca de lobo de guia em um ponto intermediário da rua

III Determine a capacidade de engolimento de uma boca de lobo com grelha (Figura 15.30), para
uma lâmina de água a montante da mesma de 0,10 m. Considere o fator de redução de 0,6 para a
vazão.

Figura 15.30 - Vista em planta da boca de lobo com grelha

IV Dimensionar as galerias de águas pluviais em um trecho de um bairro situado na cidade de


Londrina, conforme visualizado na Figura 15.31. Considerar:
 Ruas secundárias;
 Tempo de retorno: 5 anos;
 Tempo de duração: 12 minutos;
 Coeficiente de escoamento superficial: 0,6;
 Coeficiente de rugosidade: 0,014;
 Recobrimento mínimo: 1,0 m;
 Diâmetro mínimo: 400 mm.
Capítulo 15: Sistema de Drenagem Urbana 147

A1= 0,7 ha A2= 1,0 ha A3= 0,5 ha

PV1 PV2 PV3

1-1 2-1

A4= 0,8 ha

1-2
A5= 0,6 ha

PV4 PV5
3-1

A6= 1,0 ha
1-3

PV6

Figura 15.31 - Trecho de um bairro situado na cidade de Londrina

15.7 Bibliografia

 BOTELHO, M.H.C. (2011). Águas de chuva: engenharia das águas pluviais nas cidades. São
Paulo: Blucher.
 CANHOLI, A.P. (2005), Drenagem urbana e controle de enchentes. São Paulo: Oficina de Textos.
 FENDRICH, R. et al. (1997). Drenagem e controle da erosão urbana. Curitiba: Editora
Champagnat.
 FENDRICH, R. (2003). Chuvas intensas para obras de drenagem no estado do Paraná. Curitiba:
Editora Champagnat.
 GRIBBIN, J. E. (2009). Introdução à hidráulica e hidrologia na gestão de águas pluviais. São
Paulo: Cengage Learning.

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