Você está na página 1de 19

Sistemas de drenagem em estradas: estudo de caso em uma obra de

duplicação de trecho rodoviário


Matheus Carvalho Ribeiro1, Nádia Corrêa Arantes 2, Walker Cristian de Souza Maia3
(matheuscr22@hotmail.com)1, (nadiacorreaarantes@yahoo.com.br)2, (walkermaia@outlook.com)3

Prof(a). Marcela Bruna Braga Franca Guerra (Orientadora)


Centro Universitário de Belo Horizonte – UNIBH Campus Cristiano Machado

Resumo: A drenagem é um importante e simples processo de captar, conduzir e eliminar a água pluvial que
atinge determinada área, garantindo dessa forma a conservação e segurança do local havendo a necessidade
de realizar adequações no sistema de drenagem. Sendo assim, considera-se importante a realização de um
estudo que prova um melhor entendimento do processo de execução de um sistema de drenagem em
rodovias. Para tanto, foi realizado um estudo de caso envolvendo as alterações no sistema de drenagem em
um trecho de uma rodovia simples, no qual houve uma duplicação para atender o sistema de tráfego daquele
local. Após a finalização do projeto pôde-se concluir que o sistema foi refeito respeitando as normas vigentes
do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes.
O principal objetivo foi descrever os dispositivos e sistemas de drenagem possíveis assim como suas
utilizações. Após as análises realizadas, conclui-se que as opções adotadas no estudo de caso, foram
apropriadas.
O sistema de drenagem projetado e desenvolvido de acordo com as normas evitará o desenvolvimento de
possíveis patologias, proporcionado assim, segurança, conforto, mobilidade o aumento da vida útil da rodovia.

Palavras-chaves: (alargamento, ampliação, bueiro, drenos, crescimento, escoamento, estrada,


tráfego, trecho, via)

1. Introdução

A drenagem representa em sua essência o processo simples de captar, conduzir e eliminar


a água pluvial que atinge determinada área, garantindo dessa forma a conservação e segurança do
local.

É uma técnica que foi aperfeiçoada durante décadas. Inicialmente tinha por objetivo principal
o escoamento das águas da maneira mais rápida, através da impermeabilização do solo com a
pavimentação. A água coletada era direcionada para áreas de jusante a fim de evitar inundações
nos centros urbanos. No entanto, tal solução tornou-se um problema devido ao crescimento urbano.
O aumento de áreas pavimentadas dificultou a infiltração no solo, acarretando no crescimento do
volume de escoamento superficial (TUCCI, 2003).

Considerando o contexto descrito, faz-se relevante o estudo de sistemas de drenagem para


estradas. O sistema de drenagem é uma das várias etapas do processo construtivo que compõe
rodovias, ruas, aeroportos, já que é através deste processo que, quando corretamente executado,
consegue-se corrigir os problemas de solo saturado devido ao excesso de chuva, ou de solos com
baixa capacidade de drenagem o que ocasiona em deslizamento de encostas, alagamentos e, no
caso das estradas aquaplanagem (BOTELHO, 1998).
O estudo de caso envolveu o acompanhamento da execução de um sistema de drenagem
adotado como solução para uma pista de uma rodovia a ser duplicada. São apresentadas as
modificações do sistema de drenagem geradas pela duplicação.

Além deste estudo de caso, objetivou-se realizar breves, porém claras, explicações a
respeito de drenagem pluvial, para que serve e quais são os dispositivos comumente utilizados nas
obras, já que para cada caso tem-se a melhor opção de métodos a serem aplicados.

O princípio geral é adquirir conhecimento de como realizar o melhor sistema de drenagem


em uma rodovia simples já existente, transformando-a em uma rodovia duplicada.

2. Referencial Teórico

A seguir serão apresentados alguns conceitos e procedimentos, disponíveis na literatura,


normas e manuais, que são considerados fundamentais para o estudo proposto neste trabalho.

2.1 A IMPORTÂNCIA DO SISTEMA DE DRENAGEM

O Brasil possuí em média “1.563,6 mil quilômetros de malha rodoviária no país, sendo 94,7%
rodovias estaduais e municipais, e 5,3% federais (76,5 mil quilômetros)” (BRASIL, 2019). A
conservação dessas rodovias é de grande importância já que inúmeras atividades são diretamente
ligadas pelo modal rodoviário, sendo o transporte de cargas e deslocamento de passageiros os
mais desempenhados. O investimento para essa empreita parte da ordem de milhões (SALOMÃO,
PEREIRA, CARVALHO, RIBEIRO, 2019).

Uma das maneiras mais eficientes para a conservação é realizando o sistema de drenagem.
Para a Associação Americana de Rodovias do Estado e Funcionários de Transporte – AASHTO
(1993) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (2006), quando a água
não é drenada de maneira correta e está presente no pavimento, podem ocorrer diversas patologias,
como:

 Redução da resistência da sub-base e base quando não adotados os dispositivos


especiais para drená-las;
 Decapagem no pavimento de concreto, surgindo rachaduras e deterioração;
 Decapagem dos agregados finos;
 Desníveis no pavimento asfáltico.
A presença de água na via com a junção de trafego contínuo, decorrem em redução do
tempo útil do asfalto, permitindo assim que a água percole de maneiras diferentes no pavimento.
A figura 1 a seguir, mostra um exemplo de rodovia com dispositivos irregulares de drenagem,
o que ocasionou em acumulo de água na via de tráfego. Já na figura 2 apresenta uma rodovia com
deterioração devido a patologias provocadas pela falta de um sistema de drenagem adequado.
FIGURA 1 - IRREGULARIDADES

(Fonte: Página do G1, 2019)

FIGURA 2 - PATOLOGIAS

(Fonte: Página Por Dentro de Minas, 2022)


2.2 NORMAS REGULAMENTADORAS PARA EXECUÇÃO DE UM SISTEMA DE
DRENAGEM EM RODOVIAS

“O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) é uma autarquia federal


vinculada ao Ministério da Infraestrutura, criada pela lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001” (BRASIL,
2001), responsável pela definição e regulamentação dos critérios que hoje são adotados pelos
projetistas de drenagem rodoviária através dos manuais disposto por esse departamento. Estes
buscam simplificar e facilitar os procedimentos para sua aplicação.

A autarquia tem por objetivo implementar a política de infraestrutura de transportes


terrestres e aquaviários, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país.
Os recursos para a execução das obras são da União. Ou seja, o órgão é gestor e
executor, sob a jurisdição do Ministério da Infraestrutura, das vias navegáveis,
ferrovias e rodovias federais, instalações de vias de transbordo e de interface
intermodal e instalações portuárias fluviais e lacustres (BRASIL, 2001).

FIGURA 1 - Disponível em <https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2019/05/06/forte-chuva-alaga-trecho-da-


rodovia-da-conceicao-em-salto.ghtml>. Acesso em: 30 de maio de 2022.
FIGURA 2 - Disponível em < https://pordentrodeminas.com.br/noticias/gerais/2022/01/br-381-br-356-e-br-262-veja-
quais-pontos-ainda-seguem-interditados-nas-estradas-de-minas-gerais/>. Acesso em: 30 de maio de 2022.
2.3 REALIZAÇÕES DE DRENAGEM EM UMA DUPLICAÇÃO DE RODOVIA
Quando ocorre um aumento significativo no tráfego de veículos em determinado trecho de
uma rodovia simples acarreta em congestionamentos constantes, sendo necessário realizar
duplicação na rodovia para sanar esse problema. São realizados estudos de tráfego, topografia e
hidrologia da área. Após a conclusão dos estudos, efetua-se o projeto de duplicação, que engloba
o perfil constitutivo da rodovia (geometria) apresentando cotas e perfis, projeto de terraplenagem e
pavimentação acompanhado do projeto de drenagem (DNIT, 2006; PONTES, 1998).
2.3.1 ESTUDO DE TRÁFEGO
De acordo com o Manual de Estudo de Tráfego – IPR 723 (DNIT, 2006), é verificado a
capacidade da via, através da quantidade de faixas e suas respectivas larguras, presença e largura
do acostamento, velocidade média, raios de curvatura, entre outros pontos que constituem o
embasamento de um projeto rodoviário.
As principais características do tráfego são: fluxo, composição, velocidade, densidade e
capacidade.
Ainda seguindo o IPR 723 (DNIT, 2006), o fator de classificação da rodovia é denominado
de nível de serviço. Estes níveis de serviço são 6: A, B, C, D E e F, onde A tem a melhor fluidez e
F corresponde a uma circulação forçada, velocidade baixa e filas frequentes. Eles refletem a
percepção do usuário como a velocidade desenvolvida e tempo de viagem, a interrupção do tráfego,
liberdades para realizar manobras, conforto, segurança e conveniência.
Para que haja a duplicação da rodovia existem alguns critérios que devem ser seguidos:
restrições geométricas (grandes aterros e/ou cortes) além de fatores ambientais e sociais; faixas de
tráfego iguais ou superiores a 3,60 m; acostamento ou área livre com largura livre igual ou superior
a 1,80m além de outros critérios (DNIT, 2006).
As rodovias são divididas em três classes, sendo: Classe I, rodovias de alta velocidade,
principais rotas entre cidades, rotas de uso diário, principal tráfego. Classe II, média velocidades,
acesso às rodovias de classe I, rotas turísticas, viagens curtas ou sendo o começo/início de uma
viagem mais longa e Classe III, rodovias que servem em locais de desenvolvimento moderado,
podem ser segmentos de rodovias classe I e II no qual passam por cidades pequenas ou
surgimentos maiores que passam em cidades recreacionais espalhadas, gerando um tráfego maior,
reduzindo sua velocidade (DNIT, 2006).
2.3.2 ESTUDO TOPOGRÁFICO
O objetivo é a elaboração de um modelo topográfico digital, que permita a definição
geométrica da rodovia, levantando dados georreferenciados e oferecendo informações à
elaboração dos projetos geométricos, de terraplanagem, de drenagem, obras de artes recorrentes
e especiais do projeto em questão (BRASIL, 1973).
A realização do estudo topográfico é embasada nas recomendações normativas e/ou
especificações do contratante, além de estar em conformidade com o que é disposto nas Instruções
de Serviço. As comumente adotadas são a IS-227 (Levantamento Aerofotogramétrico para Projetos
Executivos de Rodovias) e IS-205 (Estudos Topográficos para Projetos Executivos de Engenharia).
A IS-227 se refere ao levantamento utilizando drones com alta tecnologia, possibilitando a obtenção
de precisões centimétricas, suficientes para verificar detalhes de invasões de faixa de domínio,
taludes, áreas de vegetações densas, dentre outros fatores.
Na figura 3 pode-se ver a representação de como são realizados os estudos topográficos,
enquanto na figura 4 tem-se o levantamento topográfico com curvas de nível de uma planta baixa.
FIGURA 3 - TOPOGRAFIA

(Fonte: Página IF Sul de Minas, 2018)

FIGURA 4 – PLANTA TOPOGRÁFICA

(Fonte: Página Núcleo do Conhecimento, 2021)

2.3.3 PROJETO GEOMÉTRICO


Seguindo a IPR 726 (DNIT, 2006) obtém-se o traçado de uma rodovia e suas características
técnicas, tais como: rampas, plataformas, raios de curvas, além de características de operações
dos veículos, segurança e eficiência das estradas, reação dos motoristas e volume do tráfego. Os
critérios para realizar o projeto de geometria de estradas são baseados em princípios da geometria,
da física e em características de operações dos veículos (PONTES, 1998).

FIGURA 3 - Disponível em
<https://intranet.ifs.ifsuldeminas.edu.br/paulo.borges/Download/EAC075/Projeto_Geometrico_de_Rodovias_Fases_de_I
mplantacao.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2022.
FIGURA 4 - Disponível em <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/levantamento-topografico>.
Acesso em 31 de maio de 2022.
FIGURA 5 – PROJETO GEOMÉTRICO

(Fonte: Página IF Sul de Minas, 2018)

Vemos na figura 5 o traçado geométrico de uma rodovia desenvolvida com base nas
diretrizes estabelecidas.
Ainda de acordo com IPR 726 (DNIT, 2006), através desse estudo é definido o melhor
encaixe geométrico da nova estrutura viária a ser implantada (duplicação) prevendo as
interferências e impactos ambientais no meio do qual está sendo inserido.
2.3.4 ESTUDO HIDROLÓGICO
Garcez (1974, p.3) diz que, “A frequência de uma precipitação é o número de ocorrências
de uma dada precipitação (h, t), no decorrer de um intervalo de tempo fixado”.
Um dos estudos essenciais é o da hidrologia do local, seguindo os critérios do Manual de
hidrologia básica para estruturas de drenagem (2005). O principal objetivo é realizar a apresentação
dos dispositivos de drenagem que serão envolvidos para a realização da obra. É de grande
importância este estudo, ele despreza possíveis perdas como a absorção da natureza ou pela
evapotranspiração, garantido assim um resultado máximo suportável, além da resistência com
relação a frequência na qual será utilizado.

FIGURA 5 - Disponível em
<https://intranet.ifs.ifsuldeminas.edu.br/paulo.borges/Download/EAC075/Projeto_Geometrico_de_Rodovias_Fases_de_I
mplantacao.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2022.
No gráfico da figura 6 pode-se observar as relações entre o tempo de recorrência (dado em
anos), a probabilidade de risco em porcentagem (J) e vida útil (dado em anos por n), que nada mais
é do que o risco de ocorrer uma enchente maior do que o previsto (DNIT, 2005).
FIGURA 6 – RISCO DE OCORRENCIA DE ENCHENTE

(Fonte: DNIT, 2005)

O tempo de ocorrência é o intervalo do tempo (anos) estimado para que uma ocorrência de
um evento específico ocorra novamente. Normalmente, por exemplo, os períodos de ocorrência
adotados são para bueiros são de 10 a 20 anos, pontes de 50 a 100 anos, esses períodos variam
de acordo com o tipo e a importância de cada obra a ser realizada (DNIT, 2005).

2.3.5 PROJETO DE DRENAGEM


Após os estudos e projetos dos processos anteriores, inicia-se o procedimento para a
definição dos dispositivos de drenagem (BRASIL, 1973).
Seguindo a IPR 715 (DNIT, 2005), na drenagem de transposição, serão utilizados bueiros,
permitindo a passagem livre da água, seu corpo situa-se sob os cortes e aterros e as bocas servem
para a admissão e lançamento da água. A figura 7 ilustra o modelo BSTC (Bueiro Simples Tubular
de Concreto).

FIGURA 6 - Disponível em <https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de-


manuais/vigentes/715_manual_de_hidrologia_basica.pdf>. Acesso em: 31 maio 2022.
FIGURA 7 - BSTC

(Fonte: DNIT, 2018)

Para a drenagem superficial, as valetas de corte interceptam a água que escorrem


naturalmente pelo terreno, impedindo de chegar ao talude de corte. Já as valetas de aterro (FIGURA
8), impedem a água de chegar ao pé do talude de aterro, além de receber as águas das sarjetas e
valetas de corte, conduzindo até onde terão seu desague (DNIT, 2006).
FIGURA 8 - VPC

(Fonte: DNIT, 2018)

Representada na figura 9, as sarjetas, ou comumente chamada, valetas de canteiro central,


são necessárias quando há uma duplicação da via para uma drenagem da água que escoa das
pistas e do próprio canteiro, levando até o dispositivo de captação instalado (DNIT, 2018).

FIGURA 7 - Disponível em <https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de-


manuais/vigentes/736_LBUMDEPROJETOSTIPODEDISPOSITIVOSDEDRENAGEM.pdf>. Acesso em: 31 maio 2022.
FIGURA 8 - Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de-
manuais/vigentes/736_LBUMDEPROJETOSTIPODEDISPOSITIVOSDEDRENAGEM.pdf. Acesso em: 31 maio 2022.
FIGURA 9 – SARJETA DE CANTEIRO CENTRAL

(Fonte: DNIT, 2018)

As caixas (FIGURA 10) coletam as águas provenientes das sarjetas, montantes de bueiros
onde podem ser construídas abaixo do terreno natural, das descidas d’água de corte. Além de
possibilitar a inspeção verificando sua funcionalidade e eficiência. Também comumente utilizadas
para possibilitar a alteração de dimensão dos bueiros, mudar a declividade e direção, ou até mesmo
receber o desague onde há mais de um bueiro (DNIT, 2006).
FIGURA 10 – VISTA SUPERIOR E CORTE VERTICAL E HORIZONTAL DE CAIXA DE COLETA DE
SARJETA COM GRELHA DE CONCRETO

(Fonte: DNIT, 2018)

Dissipadores de energia (escadas, bueiros, sarjetas) como o próprio nome já diz, serve para
dissipar a energia do fluxo de água, reduzindo sua velocidade para que não ocorra uma erosão no
terreno natural (DNIT, 2006).
As saídas ou entradas (quando se encontram em meios rodoviários), conduzem a água até
as descidas d’água, que por sua vez servem como condutores dessas águas captadas, conduzindo
pelo talude até o seu desague no terreno natural (DNIT, 2006).

FIGURA 9 e 10 - Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de-


manuais/vigentes/736_LBUMDEPROJETOSTIPODEDISPOSITIVOSDEDRENAGEM.pdf. Acesso em: 31 maio 2022.
Canais de desvios são utilizados como corta-rio afim de evitar que um curso de água já
existente interfira obras mais complexas na construção das rodovias como as transposições de
talvegues. Servem também como um fator de segurança impedindo que a água serpentei a estrada,
evitando a instabilidade dos aterros (DNIT, 2006).

3. Materiais e Métodos

Este estudo de caso seguiu aspectos de fundamentação e metodologias teóricas como fonte
de pesquisa e base para sua elaboração.

3.1 METODOLOGIA

Nesse estudo de caso, após pesquisas realizadas de empresas que realizam o serviço de
pavimentação asfáltica, mais especificamente em rodovias, encontrou-se uma empresa de
engenharia situada em Belo Horizonte-MG que desenvolveu a construção de túnel bala por meios
não-destrutivos, chamados também de mini túnel (MT), peças pré moldadas em Concretos de Alto
Desempenho (CAD), com fatores de resistência em torno de 50 MPa. Eles visam as necessidades
distintas de cada projeto com diversas secções.
3.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Para o estudo de caso, que envolveu o acompanhamento da execução de um sistema de
drenagem, em uma rodovia a ser duplicada, foi escolhido um trecho da BR 381 na altura do KM
389 próximo a cidade de João Monlevade/MG, conforme mostra a figura 11 e 12 a seguir. Após as
análises são apresentadas as modificações do sistema de drenagem geradas pela duplicação.
FIGURA 11 - VISTA SATÉLITE DO TRECHO ANALISADO

Fonte: Google MAPS

FIGURA 11 – Disponível em: <https://www.google.com/maps/@-19.8550627,-43.2649915,17z>; Acesso em: 31 maio


2022.
FIGURA 12 – TRECHO ANTES DA DUPLICAÇÃO

Fonte: Google MAPS

FIGURA 12 – Disponível em: <https://www.google.com/maps/@-19.8550627,-43.2649915,17z>; Acesso em: 31 maio


2022.
FIGURA 13 – PROJETO DE DUPLICAÇÃO EM RODOVIA COM SISTEMA DE DRENAGEM

Fonte: Imagem cedida pela empresa responsável pela duplicação, 2022.

12
Dispositivos retirados e implementados no processo de duplicação:

REMOVER IMPLANTAR
3 BSTC* - Ø 0,6 – C=19,0m
1 Sarjeta de Corte de Solo (SZC-01)
8 BSTC* - Ø 0,6 – C=19,0m 2 Sarjeta de Canteiro Central (SCC-01)
14 BSTC* - Ø 0,6 – C=19,0m Entrada de Saída d’água (EDA-01)
4 Descida d’água de aterro
19 BSTC* - Ø 1,0 – C=56,0m Dissipador de energia
5 Sarjeta de Canteiro Central (SCC-04)
29 BSTC* - Ø 0,6 – C=22,0m
6 Valeta de Proteção de corte (VPC-03)
Entrada de Saída d’água (EDA-02)
2 Descidas d’água de Aterro em Degraus (DAD)
7 2 Caixas Coletoras de Sarjeta (CCS)
BSTC - Ø 0,8 – C=34,2m
Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
Entrada de Saída d’água (EDA-01)
9 Descida d’ág+M14:N45ua de Corte em Degraus (DCD)
Sarjeta de Banqueta de Corte
Entrada de Saída d’água (EDA-02)
11
Descida d’água de Corte em Degraus (DCD)
12 Entrada de Saída d’água (EDA-01)
Descida d’água de Corte em Degraus (DCD)
Entrada de Saída d’água (EDA-01)
13
Descida d’água de Corte em Degraus (DCD)
Caixa Coletora de Sarjeta (CCS)
15
BSTC - Ø 0,6 – C=10,5m
16 Sarjeta de Corte de Solo (SZC-01)
17 Sarjeta de Aterro (SCA-70/30)
MT ** 1,0x1,48m C=56,27
18
Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
Entrada de Saída d’água (EDA-01)
20
Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
Entrada de Saída d’água (EDA-01)
21 Descidas d’água de Aterro em Degraus (DAD)
Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
22 Sarjeta de Corte de Solo (SZC-01)
23 Valeta de Proteção de corte (VPC-03)
24 Sarjeta de Banqueta de Corte
Entrada de Saída d’água (EDA-02
25
Descida d’água de Corte em Degraus (DCD)
26 Sarjeta de Corte de Solo (SZC-01)
27 Sarjeta de Aterro (SCA-70/30)
28 Sarjeta de Aterro (SCA-70/30)
Caixa Coletora de Talvegue (CCT)
30 BSTC – Ø 1,0M – C=33,5m
Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
31 Caixa Coletora de Sarjeta (CCS)
4. Resultados e Discussões

Na rodovia em questão já havia sido construído um sistema de drenagem no qual incluía


sarjetas de aterro e de corte não regulares pois não atendia a infraestrutura existente. Os
dispositivos do trecho analisado foram todos retirados para que houvesse a implantação dos novos.
Esses dispositivos são escolhidos de acordo com a necessidade que ocorre na área, e através dos
estudos citados anteriormente e com os cálculos que se consegue definir qual a melhor solução de
dispositivo que atenderá as necessidades da via duplicada.

No trecho da rodovia em análise, a pista foi duplicada, acrescentado um canteiro central e


duas faixas foram acrescentadas ao longo da via. Em ambos os lados da pista haviam sarjetas de
aterro (SCA-70/30) que foram retiradas e onde há uma nova sarjeta, que foi refeita de acordo com
as normas vigentes do DNIT e com as necessidades da nova via.

A análise da planta (FIGURA 13) foi realizada no mesmo sentido de escoamento da água
(direita para a esquerda/Belo Horizonte/MG para Governador Valadares/MG). O projeto segue as
dimensões de cada dispositivos de acordo com a norma vigente do DNIT (IPR-376/Álbum de
projetos - Tipo de dispositivos de drenagem, 5ª edição, 2018). A verificação ocorreu apenas sobre
os dispositivos de drenagem superficial no trecho proposto.

Ao analisar o estudo de caso proposto, pode-se chegar observar que para a realização da
drenagem da via antes simplificada para uma rodovia duplicada, existem etapas nas quais são
necessárias e que sem elas não há como realizar os próximos passos. Cada processo é
fundamental para o desenvolvimento, planejamento e construção das rodovias, reformas e
melhorias efetuadas para um melhor conforto do usuário.

O estudo hidrológico, mostra a quantidade de chuva que a área estará sujeita a receber em
um período de tempo, não só a média das chuvas na região, mas também o tempo de ocorrência
que certa chuva possa vir ocorrer novamente permitindo, desta maneira, a realização de cálculos
de quais os tipos de dispositivos deverão ser usados para que possa suportar esta ocorrência.

Com o estudo de tráfego, obtém-se as informações sobre a rodovia, sua classificação, suas
características do tráfego; volume do tráfego, a velocidades, sua densidade. Através dele que faz
toda a contagem do tráfego, análise dos veículos que rodam na via, determinação do tráfego e sua
variação de acordo com o período, projetando até volumes de tráfego futuro. É também através
deste estudo que se determina o número “N”, calculo necessário para avaliação do tráfego e o que
o pavimento já sofreu pelo tráfego.

A importância de um bom estudo topográfico (FIGURA 14) permite o estudo da região,


inclinação, localização, variações do relevo, orientação, com representações gráficas ou plantas
topográficas. Com seus estudos se obtém informações necessárias para a criação de projetos,
obtendo dados de além de colher informações necessárias que serão utilizadas e embasadas em

14
projetos posteriores na duplicação da via, como os limites das propriedades, vegetação, rios,
rochas, vales, entro outros dados que serão embasados para a realização da duplicação.

FIGURA 14 – PROJETO TOPOGRÁFICO DO TRECHO ANALIZADO

Fonte: Imagem cedida pela empresa responsável pela duplicação, 2022.


O objetivo do projeto geométrico é a definição das caraterísticas técnicas da rodovia, como
seus raios de curvatura transmitindo aos usuários as sensações de curvas mais seguras de serem
realizadas, melhorando o percurso. Os projetos geométricos realizam uma elaboração bem definida
da rodovia, contendo as informações e definições dos acostamentos, o alinhamento horizontal,
determinando o traçado e o percurso da rodovia, alinhamento vertical, as barreiras, impedindo que
os veículos desgovernados saiam da pista, protegendo objetos e também as defensas, definição
dos canteiros centrais. O projeto geométrico é o responsável por todo o desenho da rodovia,
definição de dispositivos, só é possível essa projeção com os estudos realizados anteriormente.

É de suma importância também a realização de um projeto de drenagem bem adequado, já


que ele é um dos fatores para que ocorra a conservação das rodovias. Os dispositivos e
mecanismos instalados, foram projetados, para desviar o fluxo de água evitando o acumulo no
pavimento entre outras patologias e também prevenindo acidentes causados pela aquaplanagem.

As dimensões das sarjetas e valetas (FIGURAS 15 e 16) foram calculadas de acordo com a
capacidades necessária que suportasse os pontos de crise levantados nos estudos de hidrologia
da região, instalando a que melhor atendesse a vazão demandada. O projeto mostra quais as
sarjetas utilizadas na seção (3.3) com seus respectivos dimensionamentos no trecho (2.3.5).

15
FIGURAS 15 E 16 – VPC E SARJETA CENTRAL CONSTRUIDAS

Fonte: Próprios Autores, 2022.


Foi construído um mini túnel (FIGURA 17 e 18) através do prolongamento dos bueiros com
o objetivo de evitar a paralisação da rodovia. Esse método descrito pelo DNIT 096/2006 – ES
(Drenagem – Bueiros de concreto tipo mini túnel sem interrupção do tráfego), possibilita a realização
de uma construção limpa e rápida, sem ter que realizar a paralização da rodovia para a cavação do
túnel que passa em baixo dela, um método tecnológico que agiliza o processo de reformas das vias,
podendo ser utilizado não apenas em reformas de rodovias, como também passando por ferrovias,
linhas de pouso, substituição de bueiros já existentes realizando a troca ao mesmo tempo de sua
construção.

FIGURA 17 e 18 – MINI TÚNEL

(Fonte: DNIT, 2018; Completa Engenharia,2021)


FIGURA 17 - Disponível em: <https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de-
manuais/vigentes/736_LBUMDEPROJETOSTIPODEDISPOSITIVOSDEDRENAGEM.pdf>. Acesso em: 31 maio 2022.
FIGURA 18 - Disponível em: <https://completaengenharia.com.br/Documentos/Tunel_Bala.pdf>. Acesso em: 07 junho
2022.
Tanto as caixas coletoras (FIGURA 19), quanto as caixas de ligação e passagem, foram
dimensionadas de acordo com a capacidade de vazão em um estado crítico, posicionadas nos
pontos baixo da ou durante a descida da via. Estas caixas são posicionadas linearmente com
sarjetas centrais, em ou diretamente ligadas nas descidas de água.

FIGURA 19 – CAIXA COLETORA DE BUEIRO

Fonte: Próprios autores, 2022.


5. Conclusões

Foi realizado um estudo de caso que envolveu a realização da drenagem em uma via em
que estava sendo duplicada e, a partir das análises conclui-se que o sistema de drenagem
construído atendeu aos requisitos disponíveis nos manuais regulamentadores pesquisados. Pode-
se observar que todo estudo necessário para o desenvolvimento e implantação dos dispositivos foi
executado e proporcionará um melhor sistema de condução das águas que serão captadas e
direcionadas da melhor maneira.

Pode-se afirmar que o objetivo de descrever os dispositivos e sistemas de drenagem


possíveis assim como suas utilizações, foi atingido. Conclui-se, portanto, que as opções adotadas
no estudo de caso, foram apropriadas.

O sistema de drenagem projetado e desenvolvido de acordo com as normas evitará as


patologias já citadas nesse estudo, proporcionado assim, segurança, conforto, mobilidade o
aumento da vida útil da rodovia.

17
6. Referências Bibliográficas

AASHTO. American Association of State Highway and Transportation Officials. Guide for
design of pavement structures. Washington D.C. 1993;
BORGES, Paulo Augusto F. Traçado de estradas. Desenvolvimento de traçados. Pouso
Alegre, MG, 16 abr. 2018. Disponível em:
https://intranet.ifs.ifsuldeminas.edu.br/paulo.borges/Download/EAC075/Projeto_Geometrico_de_R
odovias_Fases_de_Implantacao.pdf. Acesso em: 28 maio 2022;
BOTELHO, M. H. C. Águas de chuva: engenharia das águas pluviais nas cidades. 2.ed.
São Paulo: Editora Edgard Blucher, 1998;
BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Especificação de Serviço – ES. Brasília, DF, 2006.
Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de-
normas/coletanea-de-normas/especificacao-de-servico-es/dnit_096_2006_es.pdf. Acesso em: 07
maio 2022;
BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Síntese - Setor Rodoviário. Brasília, DF, 2019.
Disponível em: https://antigo.infraestrutura.gov.br/component/content/article.html?id=5341. Acesso
em: 28 maio 2022;
BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Vigentes - IPR-715 Manual de hidrologia básica
para estruturas de drenagem. Brasília, DF, 2005. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-
br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de-
manuais/vigentes/715_manual_de_hidrologia_basica.pdf. Acesso em: 27 maio 2022;
BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Vigentes - IPR-723 Manual de estudos de tráfego.
Brasília, DF, 2006. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-
pesquisa/ipr/coletanea-de-manuais/vigentes/723_manual_estudos_trafego.pdf. Acesso em: 27
maio 2022;
BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Vigentes - IPR-724 Manual de drenagem de
rodovias. Brasília, DF, 2006. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-
e-pesquisa/ipr/coletanea-de-manuais/vigentes/724_manual_drenagem_rodovias.pdf. Acesso em:
27 maio 2022;
BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Vigentes - IPR-726 Diretrizes básicas para
elaboração de estudos e projetos rodoviários - escopos básicos e instruções de serviço.
Brasília, DF, 2006. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-
pesquisa/ipr/coletanea-de-manuais/vigentes/726_diretrizes_basicas-escopos_basicos-
instrucoes_de_servico.pdf. Acesso em: 27 maio 2022;
BRASIL. Ministério da Infraestrutura. Vigentes - IPR-736 Álbum de projetos - Tipo de
dispositivos de drenagem - 5ª edição. Brasília, DF, 2018. Disponível em:
https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/planejamento-e-pesquisa/ipr/coletanea-de-
manuais/vigentes/736_LBUMDEPROJETOSTIPODEDISPOSITIVOSDEDRENAGEM.pdf. Acesso
em: 27 maio 2022;
18
BRASIL. Organizações. Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes –
DNIT. Brasília, DF, 2019. Disponível em: https://dados.gov.br/organization/about/departamento-
nacional-de-infraestrutura-de-transportes-dnit. Acesso em: 12 maio 2022;
BRASIL. Regulamentação Atual. Normas para o Projeto das Estradas de Rodagem.
Brasília, DF, 1973. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/rodovias/operacoes-
rodoviarias/faixa-de-dominio/regulamentacao-atual/normas-para-o-projeto-das-estradas-de-
rodagem. Acesso em: 12 maio 2022;
GARCEZ, Lucas Nogueira. Elementos de Engenharia hidráulica e sanitária. 2 ed. São
Paulo, SP: Edgard Blucher, 1974;
PONTES, Glauco Filho – “Estradas de Rodagem - Projeto Geométrico”, Universidade de
São Paulo, São Carlos,1998;
SALOMÃO, Pedro E. Amador, PEREIRA, Rowan de Mello, CARVALHO, Paulo Henrique V.,
RIBEIRO, Paulo Toledo. A importância dos serviços de conservação em rodovias pavimentadas.
Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento. Itajubá, MG, v.08, n. 08, 2019. DOI:
https://doi.org/10.33448/rsd-v8i8.1189. Disponível em:
https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=560662199016.
TUCCI, Carlos E. M et al. Drenagem Urbana. Revista Ciência e Cultura, São Paulo, v.55,
n. 04, p. 36-37, out./dez. 2003. DOI: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v55n4/a20v55n4.pdf.
Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
67252003000400020. Acesso em: 12 maio 2022;

19

Você também pode gostar