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Resumo: A drenagem é um importante e simples processo de captar, conduzir e eliminar a água pluvial que
atinge determinada área, garantindo dessa forma a conservação e segurança do local havendo a necessidade
de realizar adequações no sistema de drenagem. Sendo assim, considera-se importante a realização de um
estudo que prova um melhor entendimento do processo de execução de um sistema de drenagem em
rodovias. Para tanto, foi realizado um estudo de caso envolvendo as alterações no sistema de drenagem em
um trecho de uma rodovia simples, no qual houve uma duplicação para atender o sistema de tráfego daquele
local. Após a finalização do projeto pôde-se concluir que o sistema foi refeito respeitando as normas vigentes
do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes.
O principal objetivo foi descrever os dispositivos e sistemas de drenagem possíveis assim como suas
utilizações. Após as análises realizadas, conclui-se que as opções adotadas no estudo de caso, foram
apropriadas.
O sistema de drenagem projetado e desenvolvido de acordo com as normas evitará o desenvolvimento de
possíveis patologias, proporcionado assim, segurança, conforto, mobilidade o aumento da vida útil da rodovia.
1. Introdução
É uma técnica que foi aperfeiçoada durante décadas. Inicialmente tinha por objetivo principal
o escoamento das águas da maneira mais rápida, através da impermeabilização do solo com a
pavimentação. A água coletada era direcionada para áreas de jusante a fim de evitar inundações
nos centros urbanos. No entanto, tal solução tornou-se um problema devido ao crescimento urbano.
O aumento de áreas pavimentadas dificultou a infiltração no solo, acarretando no crescimento do
volume de escoamento superficial (TUCCI, 2003).
Além deste estudo de caso, objetivou-se realizar breves, porém claras, explicações a
respeito de drenagem pluvial, para que serve e quais são os dispositivos comumente utilizados nas
obras, já que para cada caso tem-se a melhor opção de métodos a serem aplicados.
2. Referencial Teórico
O Brasil possuí em média “1.563,6 mil quilômetros de malha rodoviária no país, sendo 94,7%
rodovias estaduais e municipais, e 5,3% federais (76,5 mil quilômetros)” (BRASIL, 2019). A
conservação dessas rodovias é de grande importância já que inúmeras atividades são diretamente
ligadas pelo modal rodoviário, sendo o transporte de cargas e deslocamento de passageiros os
mais desempenhados. O investimento para essa empreita parte da ordem de milhões (SALOMÃO,
PEREIRA, CARVALHO, RIBEIRO, 2019).
Uma das maneiras mais eficientes para a conservação é realizando o sistema de drenagem.
Para a Associação Americana de Rodovias do Estado e Funcionários de Transporte – AASHTO
(1993) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT (2006), quando a água
não é drenada de maneira correta e está presente no pavimento, podem ocorrer diversas patologias,
como:
FIGURA 2 - PATOLOGIAS
FIGURA 3 - Disponível em
<https://intranet.ifs.ifsuldeminas.edu.br/paulo.borges/Download/EAC075/Projeto_Geometrico_de_Rodovias_Fases_de_I
mplantacao.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2022.
FIGURA 4 - Disponível em <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/levantamento-topografico>.
Acesso em 31 de maio de 2022.
FIGURA 5 – PROJETO GEOMÉTRICO
Vemos na figura 5 o traçado geométrico de uma rodovia desenvolvida com base nas
diretrizes estabelecidas.
Ainda de acordo com IPR 726 (DNIT, 2006), através desse estudo é definido o melhor
encaixe geométrico da nova estrutura viária a ser implantada (duplicação) prevendo as
interferências e impactos ambientais no meio do qual está sendo inserido.
2.3.4 ESTUDO HIDROLÓGICO
Garcez (1974, p.3) diz que, “A frequência de uma precipitação é o número de ocorrências
de uma dada precipitação (h, t), no decorrer de um intervalo de tempo fixado”.
Um dos estudos essenciais é o da hidrologia do local, seguindo os critérios do Manual de
hidrologia básica para estruturas de drenagem (2005). O principal objetivo é realizar a apresentação
dos dispositivos de drenagem que serão envolvidos para a realização da obra. É de grande
importância este estudo, ele despreza possíveis perdas como a absorção da natureza ou pela
evapotranspiração, garantido assim um resultado máximo suportável, além da resistência com
relação a frequência na qual será utilizado.
FIGURA 5 - Disponível em
<https://intranet.ifs.ifsuldeminas.edu.br/paulo.borges/Download/EAC075/Projeto_Geometrico_de_Rodovias_Fases_de_I
mplantacao.pdf>. Acesso em 31 de maio de 2022.
No gráfico da figura 6 pode-se observar as relações entre o tempo de recorrência (dado em
anos), a probabilidade de risco em porcentagem (J) e vida útil (dado em anos por n), que nada mais
é do que o risco de ocorrer uma enchente maior do que o previsto (DNIT, 2005).
FIGURA 6 – RISCO DE OCORRENCIA DE ENCHENTE
O tempo de ocorrência é o intervalo do tempo (anos) estimado para que uma ocorrência de
um evento específico ocorra novamente. Normalmente, por exemplo, os períodos de ocorrência
adotados são para bueiros são de 10 a 20 anos, pontes de 50 a 100 anos, esses períodos variam
de acordo com o tipo e a importância de cada obra a ser realizada (DNIT, 2005).
As caixas (FIGURA 10) coletam as águas provenientes das sarjetas, montantes de bueiros
onde podem ser construídas abaixo do terreno natural, das descidas d’água de corte. Além de
possibilitar a inspeção verificando sua funcionalidade e eficiência. Também comumente utilizadas
para possibilitar a alteração de dimensão dos bueiros, mudar a declividade e direção, ou até mesmo
receber o desague onde há mais de um bueiro (DNIT, 2006).
FIGURA 10 – VISTA SUPERIOR E CORTE VERTICAL E HORIZONTAL DE CAIXA DE COLETA DE
SARJETA COM GRELHA DE CONCRETO
Dissipadores de energia (escadas, bueiros, sarjetas) como o próprio nome já diz, serve para
dissipar a energia do fluxo de água, reduzindo sua velocidade para que não ocorra uma erosão no
terreno natural (DNIT, 2006).
As saídas ou entradas (quando se encontram em meios rodoviários), conduzem a água até
as descidas d’água, que por sua vez servem como condutores dessas águas captadas, conduzindo
pelo talude até o seu desague no terreno natural (DNIT, 2006).
3. Materiais e Métodos
Este estudo de caso seguiu aspectos de fundamentação e metodologias teóricas como fonte
de pesquisa e base para sua elaboração.
3.1 METODOLOGIA
Nesse estudo de caso, após pesquisas realizadas de empresas que realizam o serviço de
pavimentação asfáltica, mais especificamente em rodovias, encontrou-se uma empresa de
engenharia situada em Belo Horizonte-MG que desenvolveu a construção de túnel bala por meios
não-destrutivos, chamados também de mini túnel (MT), peças pré moldadas em Concretos de Alto
Desempenho (CAD), com fatores de resistência em torno de 50 MPa. Eles visam as necessidades
distintas de cada projeto com diversas secções.
3.2 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Para o estudo de caso, que envolveu o acompanhamento da execução de um sistema de
drenagem, em uma rodovia a ser duplicada, foi escolhido um trecho da BR 381 na altura do KM
389 próximo a cidade de João Monlevade/MG, conforme mostra a figura 11 e 12 a seguir. Após as
análises são apresentadas as modificações do sistema de drenagem geradas pela duplicação.
FIGURA 11 - VISTA SATÉLITE DO TRECHO ANALISADO
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Dispositivos retirados e implementados no processo de duplicação:
REMOVER IMPLANTAR
3 BSTC* - Ø 0,6 – C=19,0m
1 Sarjeta de Corte de Solo (SZC-01)
8 BSTC* - Ø 0,6 – C=19,0m 2 Sarjeta de Canteiro Central (SCC-01)
14 BSTC* - Ø 0,6 – C=19,0m Entrada de Saída d’água (EDA-01)
4 Descida d’água de aterro
19 BSTC* - Ø 1,0 – C=56,0m Dissipador de energia
5 Sarjeta de Canteiro Central (SCC-04)
29 BSTC* - Ø 0,6 – C=22,0m
6 Valeta de Proteção de corte (VPC-03)
Entrada de Saída d’água (EDA-02)
2 Descidas d’água de Aterro em Degraus (DAD)
7 2 Caixas Coletoras de Sarjeta (CCS)
BSTC - Ø 0,8 – C=34,2m
Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
Entrada de Saída d’água (EDA-01)
9 Descida d’ág+M14:N45ua de Corte em Degraus (DCD)
Sarjeta de Banqueta de Corte
Entrada de Saída d’água (EDA-02)
11
Descida d’água de Corte em Degraus (DCD)
12 Entrada de Saída d’água (EDA-01)
Descida d’água de Corte em Degraus (DCD)
Entrada de Saída d’água (EDA-01)
13
Descida d’água de Corte em Degraus (DCD)
Caixa Coletora de Sarjeta (CCS)
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BSTC - Ø 0,6 – C=10,5m
16 Sarjeta de Corte de Solo (SZC-01)
17 Sarjeta de Aterro (SCA-70/30)
MT ** 1,0x1,48m C=56,27
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Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
Entrada de Saída d’água (EDA-01)
20
Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
Entrada de Saída d’água (EDA-01)
21 Descidas d’água de Aterro em Degraus (DAD)
Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
22 Sarjeta de Corte de Solo (SZC-01)
23 Valeta de Proteção de corte (VPC-03)
24 Sarjeta de Banqueta de Corte
Entrada de Saída d’água (EDA-02
25
Descida d’água de Corte em Degraus (DCD)
26 Sarjeta de Corte de Solo (SZC-01)
27 Sarjeta de Aterro (SCA-70/30)
28 Sarjeta de Aterro (SCA-70/30)
Caixa Coletora de Talvegue (CCT)
30 BSTC – Ø 1,0M – C=33,5m
Caixa de Ligação e Passagem (CLP)
31 Caixa Coletora de Sarjeta (CCS)
4. Resultados e Discussões
A análise da planta (FIGURA 13) foi realizada no mesmo sentido de escoamento da água
(direita para a esquerda/Belo Horizonte/MG para Governador Valadares/MG). O projeto segue as
dimensões de cada dispositivos de acordo com a norma vigente do DNIT (IPR-376/Álbum de
projetos - Tipo de dispositivos de drenagem, 5ª edição, 2018). A verificação ocorreu apenas sobre
os dispositivos de drenagem superficial no trecho proposto.
Ao analisar o estudo de caso proposto, pode-se chegar observar que para a realização da
drenagem da via antes simplificada para uma rodovia duplicada, existem etapas nas quais são
necessárias e que sem elas não há como realizar os próximos passos. Cada processo é
fundamental para o desenvolvimento, planejamento e construção das rodovias, reformas e
melhorias efetuadas para um melhor conforto do usuário.
O estudo hidrológico, mostra a quantidade de chuva que a área estará sujeita a receber em
um período de tempo, não só a média das chuvas na região, mas também o tempo de ocorrência
que certa chuva possa vir ocorrer novamente permitindo, desta maneira, a realização de cálculos
de quais os tipos de dispositivos deverão ser usados para que possa suportar esta ocorrência.
Com o estudo de tráfego, obtém-se as informações sobre a rodovia, sua classificação, suas
características do tráfego; volume do tráfego, a velocidades, sua densidade. Através dele que faz
toda a contagem do tráfego, análise dos veículos que rodam na via, determinação do tráfego e sua
variação de acordo com o período, projetando até volumes de tráfego futuro. É também através
deste estudo que se determina o número “N”, calculo necessário para avaliação do tráfego e o que
o pavimento já sofreu pelo tráfego.
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projetos posteriores na duplicação da via, como os limites das propriedades, vegetação, rios,
rochas, vales, entro outros dados que serão embasados para a realização da duplicação.
As dimensões das sarjetas e valetas (FIGURAS 15 e 16) foram calculadas de acordo com a
capacidades necessária que suportasse os pontos de crise levantados nos estudos de hidrologia
da região, instalando a que melhor atendesse a vazão demandada. O projeto mostra quais as
sarjetas utilizadas na seção (3.3) com seus respectivos dimensionamentos no trecho (2.3.5).
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FIGURAS 15 E 16 – VPC E SARJETA CENTRAL CONSTRUIDAS
Foi realizado um estudo de caso que envolveu a realização da drenagem em uma via em
que estava sendo duplicada e, a partir das análises conclui-se que o sistema de drenagem
construído atendeu aos requisitos disponíveis nos manuais regulamentadores pesquisados. Pode-
se observar que todo estudo necessário para o desenvolvimento e implantação dos dispositivos foi
executado e proporcionará um melhor sistema de condução das águas que serão captadas e
direcionadas da melhor maneira.
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