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ESTRADAS

André Luís Abitante


Revisão Técnica:
Shanna Trichês Lucchesi
Mestre em Engenharia de Produção (UFRGS).
Professora do curso de Engenharia Civil (FSG).

A148e Abitante, André Luís.


Estradas / André Luís Abitante. – Porto Alegre :
SAGAH, 2017.
245 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-094-8

1. Rodovias. 2. Vias urbanas. 3. Traçado de rodovias. I.


Título.

CDU 625.7

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094

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Drenagem superficial
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Expressar a importância da drenagem superficial em obras rodoviárias.


 Listar os dispositivos atuais de drenagem superficial de estradas.
 Identificar a melhor solução para cada caso específico (p. ex.: corte
e/ou aterro).

Introdução
Alagamentos e erosões acontecem, principalmente, através do escoa-
mento superficial concentrado, que provoca o aparecimento de sulcos
e ravinas nas encostas inclinadas, originando deslizamentos de terra ou
quedas de barreiras, contribuindo para acidentes automobilísticos. Estes
problemas são frequentemente acelerados pelas ações humanas, em
casos que se suprimem, ou tornam mais ralas, as coberturas vegetais
dos terrenos, bem como nas alterações que se introduz na topografia,
seja pela construção de obras e benfeitorias (como as estradas), seja pela
extração de materiais de construção.
Neste capítulo, você verá os dispositivos criados pela Engenharia para
atenuar ou eliminar os alagamentos e erosões que podem ocorrer no
corpo estradal e nas áreas adjacentes, garantindo o conforto e a segurança
dos usuários de rodovias.

A importância da drenagem superficial em


obras rodoviárias
Entre os projetos finais de obras viárias, o de drenagem tem importância
especial, pois interfere diretamente nas definições dos demais. A manutenção
de uma estrada é devida especialmente aos efeitos negativos da água, que tem
por consequência, segundo Pereira et al. (2007):

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 a redução da capacidade de suporte do subleito e demais camadas do


pavimento, por saturação;
 a variação de volume do subsolo, significativamente no caso de argilas
expansíveis;
 o surgimento de uma pressão hidrostática (pressão neutra) que diminui
a pressão efetiva de equilíbrio do solo;
 a erosão de estruturas de corte e de aterro ao longo do traçado;
 a instabilização de taludes e encostas naturais.
 a ocorrência de acidentes por aquaplanagem.

Os estudos hidrológicos de obras rodoviárias têm por objetivo subsidiar


com informações as avaliações do regime pluviométrico da região, estimando
sua interferência sobre o terreno natural, direcionando o projeto de terraple-
nagem, de pavimentação e o dimensionamento das estruturas de drenagem,
e até mesmo o estabelecimento do cronograma físico das etapas construtivas.
Pereira et al. (2007) conceitua drenagem como o controle das águas a fim de
se evitar danos à estrada construída, representado por meio da interceptação,
captação, condução e deságue em local adequado. Estas águas podem existir
no subleito, penetrar por infiltração no pavimento, precipitar-se sobre o corpo
estradal, escoar ou percolar de áreas adjacentes, através dos talvegues, por
exemplo, até os aterros.
O dimensionamento dos dispositivos de drenagem, quanto à seção de
vazão, conforme Pereira et al. (2007) apresentam dois aspectos distintos:
o primeiro corresponde aos estudos hidrológicos para a fixação do valor
da vazão e concepção dos dispositivos; o segundo, de natureza hidráulica,
compreende o dimensionamento propriamente dito. Seu custo de implanta-
ção é significativo na composição do orçamento, porém, indispensável, pois
garantem boas condições de tráfego e segurança aos usuários. O projeto de
drenagem é subdividido e classificado (PEREIRA et al., 2007) em: drenagem
superficial, drenagem para transposição de talvegues, drenagem profunda e
drenagem subsuperficial, estrutural ou de pavimento. Só será escopo deste
capítulo a drenagem superficial.

Drenagem superficial
Pereira et al. (2007) relatam que este sistema deve captar ou interceptar e,
principalmente, remover (ou conduzir) as águas precipitadas que escoam
superficialmente sobre as rodovias e suas áreas adjacentes, para fora do corpo

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estradal, ou para locais apropriados de deságue seguro, evitando o acúmulo


na estrada e a erosão dos terrenos marginais, proporcionando estabilidade aos
maciços de terra que constituem a infraestrutura.

Água superficial é toda água que resta de uma chuva, depois de deduzidas as perdas
por evaporação e infiltração. A seguir o detalhamento dos dispositivos de drenagem
superficial, baseado nas orientações de Pereira et al. (2007), que resumem e comple-
mentam as disposições do Manual de Drenagem do DNIT (BRASIL, 2006).

Valeta de proteção de corte


Também conhecida como valeta de coroamento, este dispositivo destina-se
a interceptar e conduzir as águas precipitadas em áreas lindeiras à rodovia,
a montante dos cortes, impedindo que escoem sobre o talude e cheguem ao
corpo estradal. São acabadas com revestimentos em grama, pedra arrumada
e/ou argamassada, concreto, solo-cimento ou o próprio solo, apenas compac-
tado. Geralmente, são estruturas paralelas às cristas dos cortes, distanciadas
em pelo menos 3,0 m da linha dos offsets, seção transversal trapezoidal ou
triangular, moldadas in loco manual ou mecanicamente. A Figura 1 apresenta
uma valeta típica de proteção de corte revestida em grama.

Figura 1. Esquema de valeta de proteção de corte revestida com grama.


Fonte: Pereira et al. (2007).

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Valeta de proteção de aterro


Semelhante à valeta de corte, este dispositivo destina-se a interceptar e con-
duzir as águas precipitadas sobre as áreas lindeiras à montante dos aterros,
impedindo que estas cheguem ao corpo estradal (pé do aterro), direcionando-as
aos bueiros. Também podem ser revestidas de grama, pedra arrumada e/ou
argamassada, concreto, solo-cimento ou o próprio solo compactado. Geral-
mente são executadas paralelamente ao pé do talude de aterro, distanciadas
minimamente em 1,0 m da linha de offsets, seção transversal trapezoidal ou
triangular, moldadas in loco manual ou mecanicamente. A Figura 2 apresenta
uma valeta de proteção de aterro revestida em concreto e em grama.

Figura 2. Esquema de valeta de proteção de aterro revestida em concreto.


Fonte: Pereira et al. (2007).

Sarjeta de corte
São elementos lineares executados paralelamente às pistas de rolamento,
objetivando captar e conduzir as águas precipitadas sobre a rodovia (e áreas
lindeiras) até os bueiros, saídas dos cortes ou talvegues naturais. Revestidas
com grama, pedra arrumada e/ou argamassada, concreto ou solo-cimento.
Geralmente são construídas junto aos acostamentos, veja Figura 3, com seção
transversal triangular, semicircular ou trapezoidal, moldadas in loco manual
ou mecanicamente.

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Drenagem superficial 205

Figura 3. Esquema de sarjeta de corte revestida em concreto.


Fonte: Pereira et al. (2007).

Sarjeta e meio-fio de aterro

Conforme apresentado na Figura 4, são elementos executados para conduzir


(longitudinalmente) até os bueiros de greide ou saídas de água, as águas
precipitadas sobre a pista de rolamento, evitando seu escoamento pelo talude
dos aterros e o surgimento de pontos de erosão. A sarjeta pode ser revestida
com grama, pedra arrumada e/ou argamassada, concreto ou solo-cimento,
normalmente construídas em seção transversal triangular ou trapezoidal,
moldadas in loco manual ou mecanicamente, em aterros com altura superior
a 3,0 m, em interseções e no bordo interno de curvas horizontais.
Os meios-fios possuem diferentes seções transversais, geralmente em
concreto (moldado in loco ou pré-moldado) e têm duas funções: limitar a
largura da plataforma, principalmente onde for necessário orientar o tráfego,
por exemplo, na existência de canteiro central ou interseções; e complementar
a função de orientação da drenagem superficial e da segurança da via.

Figura 4. Esquema de sarjeta e meio-fio em concreto.


Fonte: Pereira et al. (2007).

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Sarjeta (valeta) de canteiro central e de banqueta

São elementos lineares executados entre as pistas de rodovias duplicadas com


canteiro central côncavo, objetivando captar e conduzir longitudinalmente
as águas precipitadas sobre as faixas de rolamento e área central, até caixas
coletoras e bueiros de greide. As sarjetas de banquetas são aquelas implantadas
em taludes de corte ou aterro cuja altura requeira banqueteamento. Revestidas
com grama, pedra arrumada e/ou argamassada, concreto ou solo-cimento.
Geralmente, construídas com seção transversal triangular ou trapezoidal,
conforme apresentado na Figura 5, moldadas in loco manual ou mecanicamente.

Figura 5. Esquema de sarjeta em concreto para canteiro central.


Fonte: Brasil (2006).

Transposição de segmentos de sarjetas

São estruturas construídas para proporcionar acesso às propriedades lindeiras


ou vias laterais (secundárias), permitindo o fluxo de veículos sobre as sarje-
tas, sem provocar danos ao dispositivo ou interromper o fluxo canalizado.
Geralmente, utilizam-se dois tipos básicos para transposição de segmentos
de sarjetas: tubos de concreto (encaixe macho e fêmea, envolvidos por berço
e cobertura de concreto simples – apresentado na Figura 6) e laje de grelha
pré-moldada em concreto armado.

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Drenagem superficial 207

Figura 6. Exemplo de transposição de sarjeta com tubos de concreto.


Fonte: Pereira et al. (2007).

Saídas e descidas de água em talude

Segundo DNIT (BRASIL, 2006), as descidas de água têm como objetivo


conduzir as águas captadas por outros dispositivos de drenagem, pelos taludes
de corte e aterro, sendo que a descarga se faz normalmente em caixas coletoras
de bueiros de greide ou, excepcionalmente, na própria sarjeta de corte. As
descidas de água em taludes de aterros são locadas nos pontos mais baixos,
destinados a conduzir as águas de plataforma coletadas por sarjetas ou meios-
-fios e os fluxos de bueiros de greide, e normalmente são complementadas
por dissipadores de energia. Estas descidas podem ser rápidas (lisas) ou em
degraus (veja Figura 7), ambas moldadas in loco, em concreto simples ou
armado, pedra argamassada ou em calha metálica corrugada, com seção
transversal retangular ou trapezoidal.
Já as saídas de água (também chamadas de entrada de água) são disposi-
tivos em concreto simples, moldados in loco, destinados a receber as águas
da plataforma coletadas pelas sarjetas e meios-fios nos extremos de compri-
mentos críticos, conduzindo-as às descidas de água em taludes de aterros,
sem quebrar a continuidade do fluxo de água. Conforme o DNIT (BRASIL,
2006), devem ser instaladas na borda da plataforma, junto aos acostamentos
ou em alargamentos próprios para sua execução, nos pontos baixos das curvas
verticais côncavas, junto às pontes, pontilhões e viadutos e, algumas vezes,
nos pontos de passagem de corte para aterro.

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Figura 7. Esquema de entrada e descida de água.


Fonte: Pereira et al. (2007).

Dissipador de energia
São dispositivos construídos para reduzir a energia de fluxos de água con-
centrados por outros dispositivos de drenagem, diminuindo a velocidade de
escoamento, tanto no dispositivo como no deságue e disposição final, neste
caso, minimizando os efeitos erosivos junto ao terreno natural. O DNIT (BRA-
SIL, 2006) classifica-os em localizados (p. ex.: bacias de amortecimento) e
contínuos. Os primeiros, ilustrados na Figura 8, são construídos in loco, em
concreto e pedra de mão (diâmetro entre 0,10 e 0,15 cm) arrumada, assentada
sobre uma caixa escavada no terreno, com as paredes e fundo revestidos em
concreto, locada à frente e sob a extremidade de outro dispositivo de drena-
gem; na falta de pedra de mão, ou por opção, pode-se executar o concreto
denteado. Os segundos geralmente são associados a descidas de água em
degraus (ou cascatas).

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Figura 8. Exemplo de dissipador localizado.


Fonte: Pereira et al. (2007).

Bueiro de greide
Representado por uma estrutura linear de tubos de concreto, geralmente
armado, com diâmetro de 0,80 m, acomodado sobre um berço de concreto
magro, próximo a superfície da plataforma de terraplenagem, destinados
a conduzir, para locais de deságue seguro, as águas captadas pelas caixas
coletoras e outros dispositivos de drenagem superficial, cuja vazão admissível
tenha sido atingida.
Localizam-se em seções mistas, passagens de corte para aterro, pontos
mais baixos dos aterros e transposições de pistas quando necessário. Segundo
o DNIT (BRASIL, 2006), os bueiros de greide podem ser implantados trans-
versal ou longitudinalmente ao eixo da rodovia, com alturas de recobrimento
atendendo à resistência de compressão estabelecida para as diversas classes

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de tubo pela NBR-9794 da ABNT, sendo constituídos por caixas coletoras,


corpo e boca (veja Figura 9).

Figura 9. Exemplo de bueiro de greide.


Fonte: Adaptada de Brasil (2006).

Caixa coletora
São estruturas em concreto simples ou alvenaria de tijolos, que podem ser
construídas abaixo do nível do terreno natural, instalados nas extremidades
dos bueiros de greide (veja Figura 9) para a captação e transferência das águas
provenientes de sarjetas (caixa coletora de sarjeta) ou em substituição a boca
de montante de bueiros de grota (caixa coletora de talvegue). Permite ainda
a conexão de canalizações com alinhamentos, dimensões e declividades
diferentes que se interceptam em um ponto (veja Figura 10); também utiliza-
dos em segmentos de canalizações muito longos, para facilitar as tarefas de
manutenção e limpeza.

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Drenagem superficial 211

Figura 10. Exemplo de caixa coletora.


Fonte: Pereira et al. (2007).

Bacia de captação e vala de derivação


As bacias de captação são depressões rasas escavadas a montante de bueiros,
com objetivo de facilitar e disciplinar a entrada do fluxo de água. Já as valas
de derivação são construídas a jusante do bueiro, com objetivo de afastar
rapidamente as águas que o transpuseram. A Figura 11 apresenta um esquema
de instalação destes dispositivos.

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Figura 11. Esquema de bacia de captação e vala de derivação.


Fonte: Pereira et al. (2007).

Vala lateral e corta-rio


Valas laterais são construídas com o objetivo de interligar pequenas bacias e
conduzir os respectivos fluxos a um único e principal talvegue.
Os corta-rios são valas de desvio, com dimensões avantajadas, cujo ob-
jetivo é desviar pequenos cursos de água, para impedir (BRASIL, 2006) a
desestabilização dos pés de aterros, evitar a construção de sucessivas obras de
transposição de talvegues, ou até mesmo para melhorar a diretriz da rodovia
(veja Figura 12).

Figura 12. Exemplo de corta-rio.


Fonte: Brasil (2006).

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Drenagem superficial 213

Drenagem para transposição de talvegues


Muitas vezes o corpo estradal intercepta o caminho de águas que escoa pelo
terreno natural, impedindo sua passagem de um lado para outro do corpo
projetado. Estes dispositivos de drenagem, isolados ou em conjunto, segundo
Pereira et al. (2007), são estruturas projetadas para conduzir as águas dos
córregos, bacias e açudes interceptados pela estrada, e podem ser separados
em dois tipos:

 Pontes ou Obras de Arte Especiais (OAE): são estruturas, geralmente,


de grande porte que tornam possível a travessia de todo tipo de cursos
de água, de braço de mar, de grandes depressões ou obstáculos de
difícil transposição, muitas vezes exercendo indiretamente a função de
dispositivo de drenagem. São definidos projetos específicos conforme
o objetivo, e podem variar quanto à solução técnica melhor apropriada
(ponte simples, composta, com apoios, em balanço, estaiada, pênsil,
elevadiça, etc.), quanto aos materiais empregados (madeira, pedra,
concreto armado, concreto protendido, metálicas, mistas, etc.), quanto
à forma de execução (moldadas in loco ou pré-moldadas), bem como
à sua utilização (rodoviária, ferroviária, pedestres, etc.). Devido a sua
importância, nos cursos de Engenharia Civil, normalmente existem
disciplinas específicas que tratam destes dispositivos.
 Bueiros ou Obras de Arte Correntes (OAC): são dispositivos drenantes
lineares de escoamento de água, colocados sobre o terreno natural e
tendo sobre si todo o aterro, normalmente transversal à plataforma,
permitindo a livre passagem de água sob a rodovia. Podem drenar
tanto as águas precipitadas fora do corpo estradal e acumuladas nos
talvegues naturais como as precipitadas sobre a plataforma e taludes
de cortes e acumuladas em caixas coletoras. Existe uma diversidade
bastante grande de OAC, são objetos deste curso e Pereira et al. (2007)
classificam-os da forma como segue.

Classificação das obras de arte correntes


O detalhamento das OAC´s classifica-as conforme:

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 Tipo de estrutura e forma de seção transversal:


■ Bueiro tubular de concreto (Figura 13A): linha de tubos de concreto
armado, pré-moldados, seção transversal circular, com diâmetro entre
0,80 e 2,00 m, geralmente encaixe macho e fêmea simples ou de bolsa.
■ Bueiro celular de concreto (Figura 13B): constituídos por células
de concreto armado, moldadas in loco, normalmente com seção
transversal quadrada, lados entre 1,00 e 3,00 m, o que permite gran-
des vazões.
■ Bueiros especiais (Figura 13C): estruturas de concreto, metálica ou
alvenaria de pedra ou tijolos, geralmente em forma de arco, ovoide ou
quadrada / retangular (capeado), de dimensões variadas e aplicações
bem específicas.

Figura 13. Bueiros pela estrutura e forma da seção transversal.


Fonte: Pereira et al. (2007).

 Número de linhas:
■ bueiro simples: uma única linha de dispositivos de escoamento;
■ bueiro duplo ou triplo: constituídos por mais de uma linha; não é
usual; número maior que três linhas.
 Tipo de material:
■ bueiro de concreto armado;
■ bueiro metálico – chapa corrugada ou lisa – “ARMCO”/Tunnel-Linner;
■ bueiro de alvenaria, pedra;
■ bueiro de madeira (provisório);
■ bueiro de PVC;
■ bueiro de PEAD.
 Esconsidade:
■ Normal: quando o eixo do bueiro é ortogonal ao eixo da estrada;
mais fácil de ser construído e de menor custo (menor comprimento).

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■ Esconso: quando o eixo do bueiro não é ortogonal ao eixo da estrada,


tendo como referência o ângulo formado pela normal ao eixo da
estrada e o eixo do bueiro (normalmente devem ser múltiplos de 5º
até o máximo de 45º); gera um comprimento maior do bueiro.

Elementos dos bueiros


Normalmente são:

 corpo: estrutura com a função efetiva de dar passagem às águas;


 berço: constitui a base de assentamento do bueiro; normalmente de
concreto;
 bocas: são os dispositivos de entrada (montante) e saída (jusante) dos
bueiros, integrando o bueiro ao corpo do aterro;
 recobrimento: aterro de cobertura ao bueiro, com altura mínima esta-
belecida em função do tipo e dimensão do bueiro;
 declividade: inclinação longitudinal do bueiro cuja função é forçar (por
gravidade) o escoamento apropriado das águas.

Cálculo do comprimento dos bueiros


O seu dimensionamento (capacidade de vazão) segue os conceitos estabelecidos
nas disciplinas de Mecânica dos Fluidos, Hidráulica e Hidrologia dos cursos
de Engenharia. Já o cálculo do comprimento dos bueiros, segundo Pereira et
al. (2007), deve levar em consideração a largura da plataforma final de terra-
plenagem, a altura do aterro associada ao talude de aterro e a esconsidade. O
comprimento final (L) é obtido pela divisão da soma da largura da plataforma
(p) com os comprimentos correspondentes as projeções horizontais dos talu-
des de aterro (saias) a montante (pm) e jusante (pj) pelo coseno do ângulo de
esconsidade (cos.α), ou seja:

L = (p + pm + pj) / cos.α

Onde:

 pm = 1,5 × hm
 pj = 1,5 × hj

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Figura 14. Esquema para cálculo do comprimento dos bueiros de transposição dos
talvegues.
Fonte: Pereira et al. (2007).

1. Um aterro rodoviário comumente d) Dissipador de energia.


intercepta um talvegue; quando e) Revestimento poroso.
isto acontece, qual dispositivo de 3. Um eficiente sistema de
drenagem deve ser construído drenagem superficial faz uso,
para garantir o fluxo transversal geralmente, de uma série de
de água superficial? dispositivos, cada um com uma
a) Sarjeta. função distinta. O dispositivo
b) Caixa de dissipação. apresentado na figura chama-se:
c) Valeta de proteção.
d) Bueiro ou obra de arte corrente.
e) Bueiro de greide.
2. Para drenar uma rodovia em trecho
de aterro, foi necessária a instalação
de um dispositivo na superfície, a) Valeta de corte.
semelhante ao utilizado em ruas b) Sarjeta de corte.
urbanas, paralelo ao bordo da c) Valeta de aterro.
plataforma, para simplesmente d) Sarjeta de aterro.
conduzir a água precipitada e) Valeta de canteiro central.
até um local apropriado. Esse 4. Um projeto de drenagem de rodovia
dispositivo é denominado: apresentou várias saídas de água
a) Sarjeta e meio-fio. com grandes desníveis entre o
b) Valeta de proteção de aterro. dispositivo de drenagem e o local
c) Pavimento por calçamento. de deposição, ou seja, deve ser

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Drenagem superficial 217

previsto um dispositivo que conduza percurso de um curso de água


adequadamente as águas captadas para eliminar ou minimizar sua
pelos taludes de corte e aterro. Esse interferência no traçado de
dispositivo é chamado de: uma rodovia, denomina-se:
a) Bueiro. a) Bueiro.
b) Valeta. b) Dissipador de energia.
c) Transposição entre sarjetas. c) Corta-rio.
d) Escadas de água. d) Bacias de captação.
e) Caixa coletora. e) Vala de derivação.
5. A escavação ou construção de
vala com objetivo de alterar o

BRASIL. Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes. Manual de drenagem


de rodovias: versão preliminar. 2. ed. Rio de Janeiro: DNIT, 2006.
PEREIRA, D. M. et al. Dispositivos de drenagem para obras rodoviárias. Curitiba: Diretório
Acadêmico de Engenharia Civil, Universidade Federal do Paraná, 2007.

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esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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