Drenagem de obras Junto com o crescimento da indústria da
Fonte: Blog Limpinho e Cheiroso - 25/01/2011
construção, aumenta a ocorrência de enchentes, alagamentos e demais impactos ambientais as- sociados ao assoreamento de galerias pluviais, FABIO BARATELLA córregos e rios coletores. POZZER Todos os anos são lançados nos rios Tietê é arquiteto, mestrando e Pinheiros cerca de 500 mil m³ de sedimentos em Habitação no IPT e coordenador de durante o verão, período de fortes chuvas. No Consultoria para Obras começo de 2012 já haviam sido retirados 3,7 Sustentáveis do CTE milhões de m³ de sedimentos em obras de de- Enchentes na marginal do Rio Tietê sassoreamento. As enchentes, além dos riscos à saúde e dos altos custos com a degradação evidências de obras sem sistema de drenagem do patrimônio público e privado, não são os provisória eficiente. únicos problemas associados ao lançamento de As ações que podem ser adotadas para sedimentos no sistema de captação pluvial; a evitar essa poluição são simples, porém é ne- sedimentação muitas vezes diminui a qualidade cessária a mudança de atitude dos gestores da da água e pode acelerar o envelhecimento dos obra. Com o uso de materiais de baixo custo lagos, rios e córregos, por meio da eutrofização. como lona plástica, grama, membrana geotêxtil A construção não é a única responsável e brita, pode-se atuar em todas as frentes de ser- pelo despejo de sedimentos em galerias plu- viços de um canteiro de obras que ocasionem viais, porém sua contribuição para o proble- erosão e sedimentação, executando estratégias ma é significativa, devido ao baixo controle que irão preparar a obra para receber a água da das obras com a perda de solo por processos chuva e controlar o carreamento de sedimentos. erosivos e sistemas de drenagem ineficientes. As boas práticas devem começar com a No que tange à legislação, o Conama dis- limpeza do terreno, identificando-se as áreas de GISLEINE COELHO DE pôs na Resolução 430/2011 sobre as condições cobertura vegetal ou pavimentações existentes CAMPOS e padrões de lançamento direto e indireto de que não necessitam ser retiradas no início da é engenheira, doutora, efluentes em corpos hídricos, definindo o limite obra, reduzindo ao máximo as áreas de solo pesquisadora do IPT e coordenadora da de sólidos sedimentáveis em 1ml/l. No Estado exposto suscetíveis à erosão. No princípío da Universidade Anhembi de São Paulo esses padrões são retificados pelo obra, os acessos são as principais fontes de Morumbi Decreto 8.468/1976, atualizado pelo Decreto saída de sedimentos. As portarias e as vias de 54.487/2009; no Município de São Paulo, a saí- circulação internas devem ser estabilizadas da de sedimentos da obra para as vias públicas, para reduzir a geração de poeira e impedir que inclusive pelo ar (poeira), é contemplada pela o solo adira aos pneus dos veículos, condição Envie seus comentários, Lei de Limpeza Urbana 13.478/2002. que demanda a instalação de um sistema de críticas, perguntas e Apesar do conhecimento desses proble- lava-rodas. sugestões de temas para esta coluna: mas e de haver regulamentação sobre o assunto, Lançamento irregular de efluente em vias públicas fpozzer@yahoo.com.br pouco se faz em relação aos impactos ambien- gisleine@ipt.br tais gerados pela obra. É comum passar por uma rua suja de terra em função de uma obra próxima, ou ver enxurradas de lama correndo pelo meio fio e entrando em bocas de lobo,
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Taludes temporários estabilizados O tapume ou qualquer outro fechamento geotêxtil. Em todos os casos, ao se descartar o com cal jet e aspersão de água do perímetro do terreno deve ser executado efluente tratado, deve-se aferir sua qualidade. para controle de poeira; cerca prevendo o controle do escoamento pluvial, filtrante com membrana geotêxtil A associação das estratégias para preven- ou seja, com uma calha, lombada ou anteparos ção e controle de erosão e que impeçam a passagem das águas pluviais sedimentação às práticas da da obra para o entorno. Essa água deverá cor- construção podem resultar rer sobre superfícies estabilizadas, como por em menor contribuição deste camada de brita, e ser conduzida para locais setor para o assoreamento das que prevejam, além do seu acúmulo, seu tra- galerias pluviais e córregos, e tamento, a fim de que possam ser descartadas com isso promover a redução para as galerias pluviais atendendo a legislação. das enchentes e a preservação Os sistemas para tratamento de água com dos recursos hídricos. Dada sedimentos em obra podem atuar independen- a relevância da indústria da tes ou associados, dependendo das condições Poço de drenagem com sistema de construção no mercado e na retenção de sedimentos de espaço do canteiro, índices pluviométricos, sociedade, sem a sua adesão tipologia de solo e qualidade do efluente. Os às boas práticas para controle sistemas mais comuns são: decantação em dos impactos ambientais, o bacia de sedimentação, que será mais eficiente desenvolvimento sustentável quanto mais arenoso for o solo e quando houver almejado pela geração atual área disponível na obra; cercas filtrantes, que não será uma realidade. devem ser localizadas no terreno de maneira O desafio está em con- a conter os sedimentos finos presentes no ciliar planejamento e custo escoamento pluvial, reduzir sua velocidade da produção na construção e até acumular pequenos volumes de água; e com os controles dos impac- Coleta de amostra do poços de drenagem, que atuarão como filtros, tos ambientais associados a efluente filtrado na entrada da galeria pluvial prevendo a passagem do efluente com sedi- cada atividade, prevendo no mentos por camadas de brita e membranas de cronograma e no orçamento as estratégias para os controles dos impactos ambientais. Estabilização dos acessos e vias de Resultado positivo no ensaio do Cone de Imhoff circulação com camada de brita