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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

Escola Politécnica

SISTEMAS DE TRATAMENTO DE
ESGOTOS
CODICRED 4422T-04
LAGOAS ANAERÓBIAS
E LAGOAS DE MATURAÇÃO
Área 10 - Lagoas Anaeróbias e de Maturação
TRATAMENTO SECUNDÁRIO:
- Sistemas de Lagoas de Estabilização
Lagoas de Estabilização -
Lagoa Anaeróbia – Lagoa de Facultativa – Lagoa de Maturação

Área 10 - Lagoas Anaeróbias e de Maturação


Área 10 - Lagoas Anaeróbias e de Maturação
TRATAMENTO SECUNDÁRIO:
- Sistemas de Lagoas de Estabilização
- Lagoas Anaeróbias
Lagoas Anaeróbias
Condições anaeróbias alcançado através do lançamento de uma
grande carga de DBO por unidade de volume da lagoa.

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A taxa de consumo de oxigênio seja várias vezes superior à taxa
de produção.

No balanço de oxigênio, a produção pela fotossíntese e pela


reaeração atmosféricas são praticamente desprezíveis.
Lagoas Anaeróbias
A eficiência de remoção da DBO nas lagoas anaeróbias é da
ordem de 40% a 70%.
A DBO efluente é ainda elevada, implicando na necessidade de

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uma unidade posterior de tratamento.

Então por que utilizar a LA?


Lagoas Anaeróbias
A remoção da DBO na lagoa anaeróbia proporciona uma
substancial economia de área para lagoa facultativa.
Área total (LA+LF) seja em torno de 45 a 70% da área total um

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sistema composto apenas de LF.
Lagoas Anaeróbias Descrição do Processo
De forma simplificada, a conversão anaeróbia se
desenvolve em duas etapas:

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• Liquefação e formação de ácidos (através das bactérias
acidogênicas); e
• Formação de metano (através das bactérias
metanogênicas).
Lagoas Anaeróbias Descrição do Processo
• Primeira fase (bactérias acidogênicas)
Não há remoção de DBO, apenas a conversão da matéria

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orgânica a outras formas (moléculas mais simples e
depois ácidos)
• Segunda fase (bactérias metanogênicas)
A DBO é removida, com matéria orgânica (ácidos
produzidos na primeira etapa) sendo convertida a
metano, gás carbônico e água.
Configuração de Lagoas Anaeróbias

Classificação das lagoas anaeróbias em dois


modelos hidráulicos básicos :

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•Lagoa anaeróbia convencional;
•Lagoa anaeróbia de alta taxa.
Configuração de Lagoas Anaeróbias

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Nas lagoas convencionais o escoamento do efluente
líquido ocorre de forma horizontal, definido pela
posição de entrada e saída.
Configuração de Lagoas Anaeróbias
As lagoas anaeróbias de alta taxa, apresentam fluxo hidráulico
ascendente junto a zona de entrada, a qual esta localizada na parte
inicial da lagoa, ao fundo de uma câmara profunda. Apresentam

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menores tempos de retenção de sólidos, uma vez que permitem
um maior contato com a biomassa ativa e ao sistema de
alimentação.
Critérios de Projeto para as Lagoas Anaeróbias

Os principais parâmetros de projeto das lagoas


anaeróbias são:

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• Taxa de aplicação volumétrica;
• Taxa de aplicação superficial;
• Tempo de detenção hidráulico;
• Profundidade;
• Geometria(relação comprimento/largura).
Critérios de Projeto para as Lagoas Anaeróbias
• Taxa de aplicação volumétrica (Lv)
Principal parâmetro de projeto das lagoa anaeróbias, é função da
temperatura. Locais mais quentes permitem uma maior taxa Lv (menor
volume).

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=
• Carga de DBO total afluente (KgDBO/d)
• Lv = Taxa de aplicação Volumétrica (kg DBO/m³.d)
• V = volume requerido para a lagoa (m³)

Taxa de aplicação volumétrica (Lv) 0,1 a 0,3 kgDBO/m³.d


VON SPERLING, 2002.

Taxa de aplicação volumétrica (Lv) 0,1 a 0,4 kgDBO/m³.d


Jordão & Pessôa, 2014.

No Brasil as lagoas vem operando de forma satisfatória com Lv = 0,05kgDBO/m³.dia


Jordão & Pessôa, 2014.
Critérios de Projeto para as Lagoas Anaeróbias
• Taxa de aplicação superficial (λ)
Principal parâmetro de projeto das lagoa anaeróbias, é função da
temperatura. Locais mais quentes permitem uma maior taxa.

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Taxa de aplicação superficial (λ) comumente adotada 500 a 1500 kgDBO/ha.d

=
• A – é a área em ha; λ
• Carga de DBO5
• λ – taxa de aplicação superficial kDBO/ha.dia

Não se pode admitir taxa inferior a 500kgDBO/ha.dia para evitar formação


aeróbia
E não pode ter taxa em final de plano superior a 2000 kgDBO/ha.dia
Critérios de Projeto para as Lagoas Anaeróbias
Tempo de detenção hidráulico (td)
td= V/ Q
• Q = Vazão média afluente (m³/d)

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• td ou θh = Tempo de detenção hidráulica (d)
• V = Volume requerido para a lagoa (m³)
Tempo de detenção hidráulico(θh), expresso em dias (Faixas admissíveis)

Temperatura Tempo de Remoção de Eficiência


da lagoa detenção provável de remoção de
(°C) (θh) (dias) DBO5 (%) coliformes
(%)
<20 4-6 50
67 a 94
>20 3-5 60
Critérios de Projeto para as Lagoas Anaeróbias

• Geometria (relação comprimento/largura)


As lagoas anaeróbias variam entre quadradas ou

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levemente retangulares, com relação:

Comprimento/largura (L/B) =
na ordem de 1 a 3
Acúmulo de Lodo nas lagoas Anaeróbias

A taxa de acúmulo é da ordem de 0,01 a 0,04m³/hab.ano.


As lagoas anaeróbias devem ser limpas segundo uma das

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seguintes estratégias :
• Quando a camada de lodo atingir
aproximadamente 1/3 da altura útil.
• Remoção de um certo volume anualmente, em um
determinado mês, de forma a incluir a etapa de
limpeza de uma forma sistemática na estratégica
operacional da lagoa.
Exemplo
Dimensionamento lagoa anaeróbia – lagoa facultativa- maturação
Dimensionar uma lagoa anaeróbia para os seguintes dados:
•População: 20.000 hab.
•Vazão afluente: 3.491 m³/d

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•Concentração de DBO = DBOafluente: S0=275mg/L (= 275g/m³)
• Número mais provável de coliformes no esgoto afluente: N = 5.107
CF/100mg/L
•Temperatura: T=23°C
• Eficiência de remoção de DBO desejada na lagoa anaeróbia: E = 50%
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TRATAMENTO Terciário:
- Sistemas de Lagoas de Estabilização
- Lagoas de Maturação
Lagoas de Maturação - Descrição Do Processo
O objetivo principal da lagoa de maturação é a :
• Remoção de organismos patogênicos;
• Remoção de Nitrogênio e fósforo

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Nas lagoas de maturação predominam condições
ambientais adversas para bactérias patogênicas, como:
• Grande zona fótica – radiação UV todo perfil vertical,
• Elevado pH,
• Elevado OD,
• Temperatura mais baixas que a do corpo humano,
• Falta de nutrientes e predação por outros organismos
Lagoas de Maturação
ESTIMATIVA DA CONCENTRAÇÃO EFLUENTE DE COLIFORMES
Cálculo da contagem de coliformes no efluente

Onde:

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• No = contagem de coliformes
afluente (NPM/100 mL)
• N = contagem de coliformes
efluente (NPM/100 mL)
• Kb = constante de decaimento
bacteriano (d-1)
• t = tempo de detenção total (d)
• n = número de lagoas em série
• d = número de dispersão

. 1
= =

Eficiência: fluxo pistão > lagoas em série > fluxo disperso > mistura completa
Lagoas de Maturação - ESTIMATIVA DA CONCENTRAÇÃO EFLUENTE DE
COLIFORMES

Kb - Constante de decaimento bacteriano


• Para fluxo disperso (a 20C )

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45 = 0,542. : /;, <=

• Para mistura completa (a 20C )


Faixa mais ampla (d variando de 0,1 a 4,0; Kdisp.t variando de 0 a 10)

!"# -,)'-.
= ', ) + ), ))+) × %!"& ×# × %/',0'01
$ %!"&

Faixa mais estreita (d variando de 0,1 a 1,0; Kdisp.t variando de 0 a 5)


!"# ',2'33
= ', ) + ), )10) × %!"& ×# × %/),20+3
$ %!"&
Lagoas de Maturação - Critérios De Projeto
Regime hidráulico indicado – (elevadas eficiências)
• Fluxo em pistão: percurso predominantemente longitudinal
, que pode ser alcançado numa lagoa com chincanas através
de defletores que fornecem um percurso em zig-zag.

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• Lagoas em série: preferencialmente 3 ou mais.
• Profundidade
• Baixas (radiação solar, fotossíntese, elevação pH)
• Faixa: 0,8 – 1,0 m
• Observância de outros critérios
• Tempo de detenção mínimo de 3 dias em cada lagoa
Lagoas de Maturação

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Lagoa Lagoa Lagoa
de de de
Matura Matura Matur
ção 1 ção 2 ação 3

Lagoas de maturação em série


Lagoas de Maturação – Relação comprimento/ largura
O calculo da relação L/B em uma lagoa com divisórias internas (chicanas)
que opera de forma aproximada em fluxo de pistão pode ser aproximado
por meio de:

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• Divisórias paralelas à largura B
+
> = ?+'

• Divisórias paralelas ao comprimento L


> = ?+' +

Onde
L = comprimento da lagoa (m)
B = largura da lagoa (m)
n = número de divisórias internas
Lagoas de Maturação
Eficiência de remoção em função das unidades LOG removidas

Unidades log removidas

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@A B log BF GA = −I ;J 100 − K /100
• Onde E= eficiência
Lagoas de Maturação - Critérios De Projeto
Kb - Constante de
decaimento bacteriano

Tempo
Kb mistura
Tipo de de Profundida Relação Kb fluxo

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completa
lagoa detenção de H (m) L/B disperso (d-1)
(d-1)
td (d) 45 = 0,542. : /;, <=

Facultativa
15 a 40 1,5 a 2,0 2a4 0,2 a 0,3 0,4 a 0,5
Primária
Facultativa 6 a 12
1,5 a 2,0 2a4 0,2 a 0,3 0,4 a 0,5
Secundária dias
3 a 5 (em
Maturação
cada 0,8 a 1,0 1a3 0,4 a 0,7 0,6 a 1,2
(em série)
lagoa)
Adoção do
Maturação
modelo de
(com 10 a 20 0,8 a 1,0 6 a 12 0,4 a 0,7
fluxo
chicana)
disperso
Exemplo
Dimensionamento de lagoas de maturação para tratar o efluentes do
sistema de lagoas Anaeróbias e facultativas.
Dados gerais:
•População: 20.000 hab.
•Vazão afluente: 3.491 m³/d

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•Coliformes fecais no esgoto bruto N0 = 5x107 CF/ 100mL
•Temperatura: T=23°C
• Eficiência na remoção de coliformes da LA: E L.A.=80 % (dado típico de lagoas
anaeróbias)
• Eficiência na remoção de coliformes da LF: E L.F.=98,7% (Calculado pelo
modelo de dispersão )
Lagoa Facultativa 1

Lagoa Facultativa 2

L.M.1 L.M L. M. L.
Lagoa Facultativa 3 2 3 M.n..

Lagoa Facultativa 4
Arranjo Final (Lagoas Facultativas + Lagoas de Maturação em série)
Coliformes fecais no
esgoto bruto N0 = N = 1,46x103 CF/ 100mL (FD)
5x107 CF/ 100mL
NLF = 1,30x105 CF/
NLF = 1,00x107 CF/ 100mL

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100mL

Lagoa Facultativa 1

RIO
Lagoa Facultativa 2

L.M.1 L.M 2 L. M. 3 L.
Lagoa Facultativa 3 M.n..

Lagoa Facultativa 4
Arranjo Final (Lagoas Facultativas + Lagoas de Maturação em série)
N = 1,46x103 CF/ 100mL (FD)

O sistema não atenderia às diretrizes da OMS para irrigação


irrestrita < 1.103 CF/100ml
Poderia atender ao padrão Classe 2 do CONOMA < 1.103

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CF/100ml uma vez que dependeria da da razão de diluição do
corpo recepetor r= vazão do rio/vazão do esgoto

Para aumentar a eficiência:


Aumentar tempo de detenção: através do aumento da área
superficial e não da profundidade (por causa da Kb que seria
reduzido)
Aumentar o número de lagoas: cuidado respeitar tempo mínimo
por lagoa 3 dias;
Tornar as lagoas mais retangulares (maior relação L/B): diminui
a dispersão
Material Consultado

• ABNT – NBR 12.209/1992: ―Projeto de Estações de Tratamento de

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Esgoto Sanitário
• PESSOA, C. A. e JORDÃO, E. P. - Tratamento de Esgotos Domésticos.
ABES/BNH.
• ROQUE PASSOS PIVELI - Tratamento de Esgoto .
• VON SPERLING – Lagoas de Estabilização. UFMG, 2002.

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