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Lagoas Anaeróbias

Funcionamento

As lagoas anaeróbias constituem-se em uma forma alternativa de tratamento, onde a


existência de condições estritamente anaeróbias é essencial. Tal condição é alcançada
pelo lançamento de um grande carga de DBO por unidade de volume da lagoa, fazendo
com que a taxa de consumo de oxigênio seja vária vezes superior a taxa de produção.

A eficiência de remoção de DBO é da ordem de 50 a 60. Como a DBO efluente é ainda


elevada, implica na necessidade de uma unidade posterior de tratamento. As unidades
mais utilizadas são as lagoas facultativas, compondo o sistema lagoas anaeróbias
seguidas por lagoas facultativas (sistema australiano).

A estabilização anaeróbia se desenvolve em duas etapas:


- liquefação e formação de ácidos (ação das bactérias acidogênicas)
- formação de metano (através das bactérias metanogênicas)

As bactérias metanogênicas são bastante sensíveis às condições ambientais. Caso a sua


taxa de reprodução se reduza, haverá o acúmulo dos ácidos formados na 1ª etapa, com
as seguintes consequências:
- interrupção da remoção de DBO,
- geração de odores, pois os ácidos são fétidos.

Condições para o adequado desenvolvimento das bactérias metanogênicas: ausência de


oxigênio dissolvido, temperatura do líquido acima de 15oC e pH próximo a 7,0.
Critérios para projeto

Os principais parâmetros de projeto das lagoas anaeróbias são:

Taxa de aplicação volumétrica → baseia-se na necessidade de se ter um


determinado volume. Relaciona-se com a temperatura que influencia a
atividade das bactérias.

Tempo de detenção → Também relaciona-se com a atividade de bactérias.


Taxa de aplicação volumétrica

L
V =
Lv
Lv – 0,1 a 0,3 kg DOB5 m-3 dia-1
Onde:
V – volume requerida para a lagoa (m3)
L – carga de DBO total afluente (solúvel + particulada) afluente (kg DBO5 dia-1)
Lv – taxa de aplicação volumétrica (kg DBO5 m-3 dia-1)
Tempo de detenção
V
V = t . Q ou t = Q

Onde:
V – volume requerido para a lagoa (m3)
t – tempo de detenção (dias)
Q – vazão média afluente (m3 dia-1)
geralmente, adota-se t de 3 a 6 dias

Profundidade

V
H =
A

Onde:
H – profundidade (m)
V – volume requerido para a lagoa (m3)
A – área requerida para a lagoa (m2)
A tendência atual é de adotar H entre 4 a 5 m
Estimativa da Concentração Efluente de DBO

Critérios empíricos

Temperatura média da lagoa no mês mais frio Eficiência de remoção de DBO (%)
≤ a 20oC ≤ a 50
> 20oC ≤ a 60

Eficiência de remoção de DBO

So −S Onde:
E = . 100 So – concentração de DBO total afluente (mg L-1)
So
S - concentração de DBO total efluente (mg L-1)
Acúmulo de lodo

Taxa de acúmulo típico

0,03 a 0,04 m3 hab-1 ano-1

ou

2,2 a 5,7 cm ano-1.


Exemplo de dimensionamento

Dimensionar um sistema de lagoa anaeróbia-lagoa facultativa com base nos


seguintes dados:

• vazão afluente = 3000 m3 dia-1


• DBO afluente (So) = 350 mg L-1
• temperatura = 16 oC (líquido no mês mais frio)

• Sólidos suspensos (SS) no efluente = 100 mg L-1


• cada 1 mg SS L-1 ≈ 0,35 mg de DBO L-1
Solução

(a) Cálculo da carga afluente de DBO5

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Dimensionamento da lagoa anaeróbia

(b) Adoção da taxa de aplicação volumétrica Lv

(c) Cálculo do volume requerido


(d) Verificação do tempo de detenção

(e) Determinação da área requerida

(f) Concentração de DBO efluente

(g) Acumulação de lodo na lagoa anaeróbia


Dimensionamento da lagoa facultativa

(h) Cálculo da carga afluente de DBO5

(i) Taxa de aplicação superficial


(j) Cálculo da área requerida

(k) Adoção de um valor para profundidade

(l) Volume resultante

(m) Tempo de detenção


(n) Estimativa da concentração efluente de DBO (reator de mistura completa)
(o) Dimensões das lagoas
Referência
Von Sperling, M. Lagoas de estabilização. 2.ed. Belo Horizonte, UFMG, 1996.

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