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Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul 

Engenharia Ambiental e Sanitária 


  
  
  
  
  










Pedro Victor Silva dos Anjos - 36871  
  
  
  








  
Dimensionamento de Filtro Biológico Percolador & Decantador
Secundário
  
  
  
  
  








  
DOURADOS/MS  
2023
1. Dimensionamento de Filtro Biológico Percolador & Decantador
Secundário
O atual projeto teve como objetivo efetuar o dimensionamento de um
Filtro Biológico Percolador e Decantador Secundário para a população de projeto
formado por 36.871 habitantes como sendo a população de fim de plano da área
de projeto.

2.1. Memorial descritivo do Filtro biológico percolador (FBP)


Um filtro biológico consiste, basicamente, de um tanque preenchido com
material de alta permeabilidade, tal como pedras, ripas ou material plástico,
sobre o qual os esgotos são aplicados sob a forma de gotas ou jatos. Após a
aplicação, os esgotos percolam em direção aos drenos de fundo. Esta
percolação permite o crescimento bacteriano na superfície da pedra ou do
material de enchimento, na forma de uma película fixa denominada biofilme. O
esgoto passa sobre o biofilme, promovendo o contato entre os microrganismos
e o material orgânico.

O biofilme aderido ao meio suporte cresce à medida que o oxigênio


(gradiente de temperatura entre o interior do reator e ambiente externo) e o
substrato orgânico são disponibilizados. A indisponibilidade de oxigênio e de
substrato para os organismos inicialmente estabelecidos no biofilme causa o seu
desprendimento do meio suporte e a formação do floco biológico para posterior
remoção no decantador secundário. O processo de filtração biológica aeróbia
deve ser precedido de tratamento primário.

A rotina de operação do biofiltro requer basicamente a remoção do


material retido durante o processo de filtração por contra lavagem.

Na filtração há formação de biomassa que adere ao meio de enchimento,


vindo a colmatar progressivamente os vazios do filtro o que requer uma limpeza
periódica do mesmo.

O excesso de biomassa formado deve ser periodicamente retirado do


meio filtrante por lavagem contra corrente. Esta contra lavagem é normalmente
realizada com o próprio efluente tratado e ar.
Para lavagem do leito filtrante é necessário interromper totalmente seu
funcionamento. Assim, o filtro biológico deverá ser lavado nos períodos em que
a vazão afluente à ETE atinge seus valores mais baixos.

A maioria dos filtros biológicos são dimensionados para operar durante


períodos de 24 a 48 horas entre duas lavagens, no entanto, quando a opera
jusante do UASB, esse período pode superar sete dias. Esta frequência pode
ser aumentada caso seja detectada excessos de sólidos no esgoto efluente do
biofiltro.

A lavagem deverá ser convenientemente dosada para preservar a


integridade do leito filtrante e manter uma fração mínima de biomassa necessária
à partida do filtro biológico após a lavagem.

O volume de água de lavagem é estimado em 3 a 8% do volume de


esgoto tratado ou três vezes o volume do leito filtrante.

A rotina operacional do biofiltro aerado submerso envolve as seguintes


atividades a serem realizadas pelo operador:

• Verificar o fluxo de esgoto na chegada e na saída do biofiltro:


observar se o esgoto está chegando ao biofiltro. Interrupções no
fluxo do efluente pode indicar entupimento ou vazamento dos
tubos.
• Verificar o funcionamento dos sopradores de ar: se estão operando
corretamente, identificar eventuais ruídos inesperados ou peças
danificadas.
• Proceder semanalmente a lavagem do biofiltro: Interromper
completamente o seu funcionamento e proceder a retro lavagem.

2.2. Memorial de cálculo (FBP)

A população de projeto é formada por 36.871 habitantes como sendo a


população de fim de plano da área de projeto. A quota per capita é de 150
L/hab.dia. A temperatura do esgoto foi adotada como sendo de 20°C. Os demais
parâmetros de projeto (C, K1 e K2 ) foram retirados da NBR 9649.

1 - Critérios de projeto

População 36871
Temperatura do esgoto (T)(°C) = 20
k1 = 1,2
k2 = 1,5
C= 0,8
Qpc (L/hab.dia) = 150

Qmédia = Pop . Qpc . C = 36871 x 150 x 0,8 = 4424,5 m³/dia


1000 1000

Qmáx = K1 . K2 . Qméd = 1,2 x 1,5 x 4424,52 = 7964,1 m³/dia

2 - Dados de entrada

Vazão afluente média diária Qméd = 4424,5 m³/dia


Vazão afluente máxima Qmáx = 7964,1 m³/dia
Concentração de DQO efluente ao RALF SoDQO = 217,93 mgDQO/L
Concentração de DBO efluente ao RALF SoDBO = 85,73 mgDBO/L
Temperatura do esgoto bruto T= 20 °C

3 - Parâmetros de projeto

Coeficiente de produção de sólidos Y= 0,75 KgSST/kgDQOremov


Concentração esperada do lodo descartado C= 1 %
Densidade do lodo Dlodo = 1.020 kgSST / m³
4 - Carga orgânica volumétrica

A Carga orgânica volumétrica deve estar entre 0,4 e 2,5 kgDBO/m³.dia (JORDÃO
e PESSÔA, 2005).

Carga orgânica adotada Cv= 1,88 kgDQO / m³.dia

5 - Cálculo do volume de meio suporte:

Qméd (m³/dia) * DBOeflu.ralf (Kg/m³)


Volume =
Cv (kgDBO/m³.dia)

V= 201,76 m³

6 - Profundidade do meio suporte

Profundidade do meio suporte adotado: H= 3 m

7 - Cálculo da área do Filtro

V(m³)
A=
H(m)

A= 67,25 m²

8 - Número de Filtros adotados

Número de filtros adotados N= 2 unidade

9 - Cálculo do diâmetro de cada Filtro


Ø sugerido (m) = 4 * (A/N) 0,5

Diâmetro interno sugerido para cada Filtro Ø sugerido = 6,55 m


Diâmetro interno adotado para cada Filtro (Da) diam = 12 m
Área efetiva de cada Filtro ((π x Da 2 )/4) Auefet = 113,04 m²

10 - Verificação da carga hidráulica

A carga hidráulica deve estar entre 10 e 40m³/m².dia (JORDÃO e


PESSÔA, 2005).

Qn
qs =
Aauete . N

Para Qmed qs = 19,57 m³/m².dia

Para Qmax hor qs = 35,23 m³/m².dia

11 - Verificação da Carga Orgânica Volumétrica (COV)

A carga orgânica volumétrica deve ser de 0,4 a 2,5 kgDQO/m³.dia


(JORDÃO e PESSÔA, 2005).

So DQO(KgDQO/m³) x Qméd(m³/dia)
COV =
Aauete x H x N

COV = 1,42 kgDQO / m³ dia


12 - Estimativa da eficiência do Filtro (E)

100
E=
1 + 0,443 * √COV/F

Obs: para o atual filtro de baixa taxa com carga orgânica volumétrica de
1,42 kgDQO/m³.dia e temperatura média do esgoto de 20°C, o fator de
recirculação recomendado é de 1,0.

Logo:

Fator de recirculação F= 1
Eficiência E = 65,44 %

13 - Estimativa da Concentração do Efluente Final (DBOefl

DBOefl = (1- (E/100)) x So DBO (mgDBO/L)

DBOefl = 29,63 mg/L

14 - Avaliação da Carga Orgânica removida pelo Filtro (COR)

COR = SoDBO (KgDBO/m³) x Qméd (m³/dia) x E/100

COR = 248,21 kgDBO/dia

15 - Estimativa de produção de lodo

Produção de lodo = Y x COR Plodo = 186,16 kgSST/dia


Volume de lodo = Plodo / (Dlodo x C/100) Vlodo = 18,25 m³/dia
3.1. Memorial descritivo Decantador Secundário (DS) pós FBP
Os decantadores secundários utilizados a jusante dos filtros biológicos
percoladores são normalmente do tipo convencional e são dimensionados pela
taxa de escoamento superficial, uma vez que a concentração de sólidos
suspensos no efluente do FBP é relativamente baixa.

A operação de um decantador secundário envolve o controle da vazão de


entrada e saída, o monitoramento da qualidade do efluente e do lodo, a remoção
periódica do lodo excedente e a manutenção dos equipamentos e estruturas. A
operação deve garantir uma boa sedimentação dos flocos biológicos, evitando o
arraste ou o acúmulo excessivo de lodo no fundo do decantador.

3.2. Memorial de cálculo (DS)

1 - Dados de entrada:

Vazão afluente média diária Qméd = 4424,5 m³/dia


Vazão afluente máxima Qmáx = 7964,1 m³/dia
Concentração de DBO efluente ao Filtro Biológico Sodbo = 85,73 mgDBO/L

2 - Taxa de aplicação superficial (TAS)

A taxa de aplicação superficial (TAS) deve ser ≤ 24 m³/m².dia (JORDÃO


e PESSÔA, 2005).

Taxa de aplicação superficial adotada TAS= 24 m³/m².dia

3 - Área do decantador

Ø sugerido(m) 4 x (Asug / N) 0,5


= π
Área do decantador sugerida (Asug = Qméd /TAS ) Asug = 184,36 m²
Número de decantadores N= 1 unidade
Diâmetro de cada decantador sugerido Øsugerido = 15,32 m
Diâmetro do decantador adotado Da = 15 m
Área total do decantador (((π x Da²)/4)*N) At = 176,63 m²

4 - Verificação da taxa de aplicação superficial

TAS para Qméd (Qméd / At) TAS Qméd = 25,05 m³/m².dia


TAS para Qmáx (Qmáx /At) TAS Qmáx = 45,091 m³/m².dia

5 - Altura adotada

Altura adotada H = 3,5 m

6 - Volume total do decantador

Volume útil total (H x At) V = 618,19 m³

7 - Tempo de detenção hidráulica

TDH para Qméd (V/Qméd) TDH Qméd = 3,35 horas


TDH para Qmáx (V/Qmáx) TDH Qmáx = 1,86 horas
4.1. Plantas esquemáticas

Figura 1 - Cortes AA' e A' do Filtro Biológico Percolador e Decantador Secundário

Fonte: Autor (2023)

5.1. Referências bibliográficas

UFRJ. Filtro biológico percolador. Disponível em:


http://www.saneamento.poli.ufrj.br/index.php/br/infraestrutura/filtro-biologico.
Acesso em: 04 jun. 2023.

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