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CONCEITOS GERAIS E

CONCEPÇÃO DE ETEs ESCOLA POLITÉCNICA DA USP


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
PHA 3413 – Tratamento de Esgoto Sanitário HIDRÁULICA E AMBIENTAL

Prof. Dr. Theo Syrto Octavio de Souza


CONCEITOS GERAIS
O que é esgoto sanitário?

Esgoto doméstico

Efluentes industriais

Águas de infiltração
Por que tratar esgoto sanitário?
 É a água residuária mais produzida no mundo
 Impactos ambientais e na saúde pública
Composição do esgoto sanitário
 Sólidos grosseiros
 Sólidos suspensos e dissolvidos
 Matéria orgânica O que remover?
 Nutrientes: N e P Com que eficiência?
 Organismos patogênicos
 Poluentes específicos

Resoluções CONAMA e decretos estaduais:

PADRÕES DE QUALIDADE
PADRÕES DE EMISSÃO
Vazões de esgoto
 Vazão de esgoto doméstico: QED
◦ Função do tamanho da população e de seus hábitos
◦ Sujeita a variações diárias e horárias

 Vazão de esgoto industrial: QIND


◦ Deve ser analisada caso a caso

 Vazão de águas de infiltração: QINF


◦ Função da extensão e condições da rede coletora
Vazão de esgoto doméstico
Qmed ,ED  q e  C  P

 Onde:
◦ qe = consumo efetivo per capita de água (L/hab.dia)
Quanto efetivamente é fornecido de água por habitante
por dia através do sistema de abastecimento de água

◦ C = coeficiente de retorno esgoto/água (C= 0,8, usualmente)


Quanto da água fornecida se converte em esgoto nos
domicílios
◦ P = população atendida (hab)
Vazão de esgoto doméstico
 Deve-se levar em consideração as variações na
contribuição de esgoto doméstico ao longo do ano

k1: coeficiente de máxima contribuição diária


Vazão de esgoto doméstico
 Deve-se levar em consideração as variações na
contribuição de esgoto doméstico ao longo do dia

k2: coeficiente de máxima contribuição horária


k3: coeficiente de mínima contribuição horária
Vazão de esgoto doméstico
 Vazão máxima de esgoto doméstico:

Qmax,ED  k1  k 2  Qmed ,ED

k
 Vazão mínima de esgoto doméstico:

Qmin,ED  k 3  Qmed ,ED

k1 = 1,2
k = 1,8
NBR 9649 k2 = 1,5
k3 = 0,5
Vazão industrial
 Pode estar presente ou não
 Vazão constante ou variável
 Lançamento na rede de coleta deve obedecer a critérios
para não prejudicar as tubulações ou o tratamento
◦ Decreto nº 8.468 (Set/1976)
◦ Art. 19: Onde houver sistema público de esgoto, em condições de atendimento,
os efluentes de qualquer fonte poluidora deverão ser neles lançados.
◦ Art. 18 - VIII: Regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão
média diária.
◦ Art. 19 A: Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser
lançados em sistemas de esgotos, se obedecerem às seguintes condições:
◦ I. pH entre 6,0 e 10,0;
◦ II. Temperatura inferior a 40°C;
◦ III. Materiais sedimentáveis até 20 ml/l; ...
Vazão de infiltração
 Infiltração através de juntas, paredes, caixas de
passagens, poços de visita.
 Depende do material da tubulação, da qualidade do
assentamento, do nível do lençol freático, do tipo de
juntas, do tipo de solo.
 Taxa de infiltração: Vazão por km de extensão de rede

NBR 9649:
TINF = 0,05 a 1,0 L/s.km
Vazões de projeto
 Média:

Qmed  Qmed ,ED  QINF  QIND


 Máxima:

Qmax  k1  k 2  Qmed ,ED  QINF  QIND


 Mínima:

Qmin  k 3  Qmed ,ED  QINF  QIND


Vazões de projeto
 Quando utilizar cada uma das vazões?
◦ Vazão máxima: dimensionamento do gradeamento, caixas
de areia, decantadores primários, canalizações entre unidades
do tratamento preliminar e primário, elevatórias e linhas de
recalque afluente, medidores de vazão, estruturas de entrada

◦ Vazão média: dimensionamento de unidades em geral,


cálculos de necessidade de reagentes, custos operacionais,
balanços de massa

◦ Vazão mínima: Verificações em geral


Dados:
P = 120.000 hab
Vazões de projeto qe = 150 L/hab.d
C = 0,8
k1 = 1,2 ; k2 = 1,5; k3 = 0,5
 Exemplo: Tinf = 0,2 L/s.km
Lrede = 200 km
Desconsiderar QIND

Q med ,ED  q e  C  P  150  0,8 120.000  14.400.000 L / d


14.400.000
Q med ,ED   166,7 L / s
24  60  60
CUIDADO COM
AS UNIDADES!
Q INF  TINF  L rede  0,2  200  40 L / s

Q med  Q med ,ED  Q INF  Q IND  166,7  40  0  206,7 L / s


Q max  k1  k 2  Q med ,ED  Q INF  Q IND  1,2 1,5 166,7  40  0
 340,1 L / s
Q min  k 3  Q med ,ED  Q INF  Q IND  0,5 166,7  40  0  123,4 L / s
Características do esgoto doméstico
Parâmetro Forte Médio Fraco
DBO5,20 (mg/L) 400 200 133
FÍSICO-QUÍMICOS

DQO (mg/L) 1016 508 339


NTK (mg/L) 69 35 23
Nitrogênio Orgânico (mg/L) 29 14 10
Nitrogênio Amoniacal (mg/L) 41 20 14
Fósforo Total (mg/L) 11 5,6 3,7
Sólidos em Suspensão (mg/L) 389 195 130

Fonte: Metcalf & Eddy (2016)


MICROBIOLÓGICOS

Parâmetro Médio
Coliformes Termotolerantes (NMP/100 mL) 106 – 107
Cistos de Protozoários (/100 mL) 102 - 105
Vírus (/100 mL) 103 - 104
Ovos de helmintos (/100 mL) 101 - 103
Cálculo de cargas
 Cargas: relacionam a concentração de
determinado parâmetro e a vazão afluente
 Representam o fluxo mássico
 Usualmente: kg/d
 Podem ser calculadas cargas de DBO, de
nitrogênio, de fósforo, de sólidos etc.

C arg a  concentração  vazão

UNIDADES!
Cálculo de cargas
 Exemplo:
Para Qmed = 206,7 L/s (exemplo anterior)
DBO = 300 mg/L
NTK = 40 mg N/L
Conversão em kg/L Conversão em L/d

1
Carga de DBO = 300   206,7  86.400  5357,7 kgDBO / d
1.000.000

1
Carga de N = 40   206,7  86.400  714,4 kgN / d
1.000.000
Contribuições unitárias
 Podem ser utilizadas na ausência de determinações
diretas de parâmetros
 NBR12209:2011
Parâmetro Contribuição unitária
(g/hab.d) Valor usual
DBO 45 a 60 54 gDBO/hab.d
DQO 90 a 120
Sólidos Suspensos (SS) 45 a 70
Nitrogênio (N) 8 a 12
Fósforo (P) 1,0 a 1,6

(variam geograficamente, recomenda-se


investigação local)
Contribuições unitárias
 Exemplo: neste caso, o cálculo da carga é direto
P = 120.000 hab
Contribuição unitária de DBO = 54 gDBO/hab.d

1
Carga de DBO = 120.000  54   6480 kgDBO / d
1000

 A contribuição unitária também pode ser utilizada para


calcular a população equivalente, no caso de
contribuição industrial:
◦ População que produziria a mesma carga de DBO à produzida
pela indústria considerada.
◦ Exemplo: para uma indústria que produz 1200 kgDBO/d:
1200
População equivalente =  22.222 hab
0,054
CONCEPÇÃO DE ETEs
Estações de tratamento de esgoto (ETEs)
 Remoção de sólidos grosseiros/areia/gordura
Tratamento
preliminar  Gradeamento/Caixa de areia/Caixa de gordura

 Remoção de sólidos sedimentáveis


Tratamento
primário  Decantador primário
ESTA CLASSIFICAÇÃO É
VARIÁVEL DEPENDENDO
DO AUTOR
 Remoção de matéria orgânica
Tratamento
secundário  Reatores/Lagoas

 Remoção de nutrientes/orgânicos complexos/desinfecção


Tratamento
terciário  Unidades específicas

 Tratamento e disposição do lodo


Manejo do
lodo  Adensamento/Digestão/Secagem
Estações de tratamento de esgoto (ETEs)
 Diversas possibilidades de combinações de unidades
 Quais utilizar?
 O que remover do esgoto?
 Quanto remover dos parâmetros selecionados?

DEPENDE:

Características do esgoto

Corpo receptor

LEGISLAÇÃO
Legislação e Normas
 Padrões de qualidade das águas:
◦ Resolução CONAMA 357/2005
(http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459)

◦ Estado de São Paulo: Decreto 8468/76


(http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1976/decreto-8468-08.09.1976.html)

 Padrões de emissão:
◦ Resolução CONAMA 430/2011
(http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646)

◦ Estado de São Paulo: Decreto 8468/76

 ABNT NBR 12209:2011: Elaboração de projetos


hidráulico-sanitários de estações de tratamento
de esgotos sanitários
Padrões de qualidade
 Definem valores máximos para diversos parâmetros
após mistura no corpo receptor, para diferentes classes
de corpos hídricos

 Diluição:
C
 C Q
i i

Q i

 Com o valor máximo de determinado parâmetro


permitido na mistura (corpo receptor), pode-se calcular
seu valor máximo no efluente da ETE e, por
consequência, o grau de tratamento necessário para
este parâmetro.
Padrões de qualidade
 CONAMA 357/2005 e Decreto 8468/76 (SP)
◦ Exemplos: DBO, OD e Coliformes

Águas Doces Classe 2


DBO5,20 < 5 mg/L
OD > 5 mg/L
Coliformes termotolerantes < 103 NMP/100 mL

Águas Doces Classe 3


DBO5,20 < 10 mg/L
OD > 4 mg/L
Coliformes termotolerantes < 4x103 NMP/100 mL
Padrões de qualidade
 CONAMA 357/2005
◦ Exemplos: Nitrogênio Amoniacal

Águas Doces Classes 1 e 2 – Nitrogênio amoniacal total


3,7 mg N/L para pH ≤ 7,5
2,0 mg N/L para 7,5 < pH ≤ 8,0
1,0 mg N/L para 8,0 < pH ≤ 8,5
0,5 para pH > 8,5

Águas Doces Classe 3 – Nitrogênio amoniacal total


13,3mg N/L para pH ≤ 7,5
5,6 mg N/L para 7,5 < pH ≤ 8,0
2,2 mg N/L para 8,0 < pH ≤ 8,5
1,0 para pH > 8,5
Padrões de lançamento
 CONAMA 430/2011
 Limites para concentrações no efluente lançado
 Complementa os limites requeridos pelos padrões de
qualidade

Efluentes de sistemas de tratamento de esgoto sanitário


pH entre 5 e 9
Temperatura < 40 oC
Materiais sedimentáveis até 1 mL/L
DBO5,20 < 120 mg/L ou 60% de redução

No Estado de SP este padrão é mais


restritivo: <60 mg/L ou 80% de redução
Decreto 8468/76
Concepções usuais
ETE BASEADA EM SISTEMA DE LODOS ATIVADOS CONVENCIONAL
Concepções usuais
ETE BASEADA EM SISTEMA DE LODOS ATIVADOS CONVENCIONAL

ETE Barueri: 9,5 m3/s


Concepções usuais
ETE BASEADA EM SISTEMA DE LODOS ATIVADOS
COM AERAÇÃO PROLONGADA
Concepções usuais
ETE BASEADA EM SISTEMA DE LODOS ATIVADOS
COM AERAÇÃO PROLONGADA EM BATELADA
Concepções usuais
LAGOAS AERADAS SEGUIDAS DE LAGOAS DE DECANTAÇÃO
Concepções usuais
FILTROS BIOLÓGICOS AERÓBIOS
Concepções usuais
LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO
Concepções usuais
ANAERÓBIO + AERÓBIO

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