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Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul 

Engenharia Ambiental e Sanitária 


  
  
  
  
  










Pedro Victor Silva dos Anjos - 36871  
  
  
  








  
Dimensionamento de Leitos de Secagem
  
  
  
  
  








  
DOURADOS/MS  
2023
1. Memorial Descritivo
O atual projeto teve como objetivo dimensionar os leitos de secagem para a
desidratação do lodo gerado pela Estação de Tratamento de Esgoto Ypê, cuja vazão média
de projeto é de 80 L/s e, através de ensaio de floculação, obteve-se o volume de lodo por
litro em 30 minutos de sedimentação igual a 180 mL/L. O desaguamento será feito do
decantador secundário e do Reator UASB para os leitos de secagem. A concentração de
sólidos é de 7%.

O leito de secagem é um processo natural para a disposição do lodo digerido


(matéria orgânica decomposta), usados para a desidratação de lodo. A secagem do lodo
tem grande impacto nos custos de disposição final: quando o lodo é desidratado de uma
concentração de 2% de sólidos para 20% de sólidos o seu volume é reduzido em 90%.

Depois de seco, o lodo é removido do leito de secagem é disposto em aterro


sanitário ou em áreas agrícolas como fertilizantes. A remoção de lodo pode ser feita
manualmente (rendimento de 1 a 2 m³/h), manualmente com esteira transportadora
(rendimento de 3 m³/h) ou mecanicamente com pás escavadoras (rendimento de 10 a 12
m³/h). Em condições climáticas normais, o lodo poderá ser removido do leito de secagem
após um período de 12 a 20 dias, com a umidade em torno de 70 a 60%.

De modo geral, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM) apresenta


algumas indicações de roteiro de operação:

• Espalhar o lodo uniformemente sobre o leito, com uma espessura que varia
de 15 a 30 cm, dependendo do tipo de lodo e das condições climáticas;
• Remover periodicamente o lodo seco dos leitos e destiná-lo conforme as
normas ambientais vigentes;
• Limpar e desobstruir o sistema de drenagem dos leitos, removendo os
resíduos sólidos que possam prejudicar o escoamento da água;
• Manter os leitos cobertos para evitar a entrada de chuva e animais, que
podem interferir na secagem do lodo;
• Higienizar os equipamentos e ferramentas utilizados na operação dos
leitos, bem como os EPIs dos operadores;
• Monitorar os parâmetros de qualidade do lodo seco, como teor de
umidade, sólidos totais, demanda química de oxigênio (DQO), pH e
coliformes termotolerantes.
A taxa de aplicação e a área do leito de secagem são dimensionadas de acordo
com o processo de produção de lodo digerido. A tabela 1 (a) e 1 (b) apresenta parâmetros
para projeto de leitos de secagem, conforme recomendados por Metcalf & Eddy (1979,
1991) e Munoz (1992).

Com base nos dados abordados foi possível iniciar o dimensionamento dos
Leitos de Secagem.

2. Memorial de Cálculo

1 - Dados de entrada

Vazão média de projeto (Q) 80 L/s


Volume de lodo por litro em 30 minutos de sedimentação (V) 180 mL/L
Concentração de sólidos (C) 7 %
Fonte: Autor (2023)

Ou:

288.000,00 L/h
0,18 L/L
0,07 unidade
Fonte: Autor (2023)

Em seguida será calculado a Vazão de lodo (Qi) pela equação:

Qi = Q (L/h) x V(L/L)

Qi = 288.000,00 x 0,18 = Qi = 51.840,00 L/h


Também correspondendo há:

1.244.160,00 L/dia e 1.244,16 m³/dia

2 – Área de leitos necessária por dia (A)

Em seguida orçaremos a área de leitos necessária por dia (A) através da equação:

Qi (m³/dia)
A=
h (m)

Com a altura h do leito adotada como sendo de 30 cm temos que:

A= 1244,16
0,3

Logo:

A= 4.147,20 m²/dia

3 – Área total de leitos (At)

Para secagem em 15 dias, serão necessários 16 leitos, ou seja, um a mais, por tanto
multiplica-se a área de leitos por 16 dias.

At = 4.147,20 (m²/dia) x 16 (dia)

At = 66.355,20 m²
A área total de leitos é consideravelmente grande. Para ser viável
economicamente, recomenda-se utilizar como área máxima total 1.000 m². Recomenda-
se como alternativa para o lodo em questão a utilização de um filtro prensa, ou, até
mesmo, um adensador de lodos, que além na redução de área, também pode reduzir o
período de secagem do lodo.

Como o atual projeto já possui uma concentração de sólidos de 7% e o máximo


que um adensador de logo consegue concentrar é de 8%, adotaremos para o projeto a
utilização do filtro prensa.

O filtro prensa é constituído por uma série de placas verticais quadradas côncavas,
isto é mais espessas nas bordas do que na parte central, formando quando estão unidas
um vazio (câmara) entre o qual é acumulado o lodo.

Este sistema de filtração é feito por batelada, na qual primeiro as placas são
comprimidas junto ao tecido filtrante por um pistão hidráulico, para depois o lodo ser
bombeado a alta pressão forçando a passagem do líquido pelo meio filtrante, ficando os
sólidos retidos nos espaços entre as placas. O líquido filtrado é direcionado às ranhuras
das placas e através de dutos são conduzidos novamente à Estação de Tratamento
Efluentes.

Após a despressurização do filtro e secagem da torta, as placas são separadas


manual ou automaticamente e por gravidade as tortas caem através de um funil para os
tambores, caçambas, big bags ou qualquer outro recipiente de coleta, para a armazenagem
e posterior disposição final.

O ciclo de filtragem é realizado por bombeamento, pressurização, secagem com


ar (opcional) comprimido e descarga, sendo que a desidratação o lodo é feita nas três
primeiras etapas do ciclo. O tempo de filtração é variável dependendo de parâmetros de:

• Granulometria dos sólidos


• Porcentagem de sólidos
• Temperatura de lodo
• Tipo de floculante

Assim como no leito de secagem, o tamanho e o valor do filtro prensa são maiores
quanto maior for o volume de lodo gerado, porém não na mesmo proporção e menor é o
custo por kg filtrado. Assim um pequeno aumento no custo do filtro equivale a um grande
aumento no volume a ser filtrado.

Logo, temos:

5 – Massa de lodo em kg/d (Md)

Qi (L/d) x Cs (%)
Md =
100

Substituindo temos:

Md = 1.244.160,00 x 7
100

Md = 87.091,20 Kg/dia

6 – Volume de lodo adensado por dia (Vad)

Para escolhermos um filtro prensa mais precisamente, precisa-se do


volume de lodo produzido que pode ser calculado pela seguinte equação:

Md
Vad =
C's

Logo:

Vad = 1.244,16 m³/dia; ou 51,84 m³/h


Após as análises, concluímos que o filtro prensa adequado para a
situação em que nos encontramos é o filtro com as seguintes dimensões:

Figura 1 - Especificações técnicas

Fonte: BOMBETEC® (2023)

Plantas

Como foi adotado que para a ETE em questão utilizaremos o Filtro Prensa para
separação dos sólidos no efluente, não haverá leitos de secagem.
Figura 2 - Dimensões das placas do filtro prensa

Fonte: BOMBATEC® (2023)

Referências Bibliográficas

CANTEIRO DE ENGENHARIA. Operação e manutenção de ETE. Canteiro de


Engenharia, 2021. Disponível em:
https://canteirodeengenharia.com.br/2021/01/06/operacao-e-manutencao-de-ete/. Acesso
em: 05 de junho de 2023.

BOMBETEC. Filtros Prensa FPA/FPM 630x630-4. Catálogo Bombetec, c2021.

Disponível em: https://catalogo.bombetec.com.br/item/filtros-prensa/filtros-


prensa-fpa-fpm/630x630-4. Acesso em: 05 jun. 2023.

CHERNICHARO, C. A. L. (Coord.). Pós-tratamento de efluentes de reatores


anaeróbios. Belo Horizonte: Projeto PROSAB, 2001. 544 p.
CONAMA. Resolução número 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem
como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências. Conselho Nacional do Meio Ambiente.

JORDÃO, E. P.; PESSÔA, C. A. (2005) Tratamento de esgoto doméstico. 4ª ed. Rio de


Janeiro, 2005. 932 p.

LETTINGA, G.; HULSHOFF POL, L. (1995). Anaerobic reactor technology: reactor


and process design. In: International course on anaerobic treatment. Wageningen
Agricultural University/IHE Delft. Wageningen, p.17-28.

NUVOLARI, Ariovaldo. Esgoto sanitário: coleta, transporte, tratamento e reuso


agrícola. São Paulo: Edgard Blucher, 2003, 520 p.

VAN HAANDEL, A. C.; LETTINGA, G. Tratamento anaeróbio de esgotos: um


manual para regiões de clima quente. Campina Grande: Epgraf, 1994

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