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Elisângela Maria Ferrarez

Engenheira Sanitarista e Ambiental


(65) 99617-8032
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SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES


LÍQUIDOS

EMPREENDIMENTO: POUSADA RIO NOVO LTDA


CNPJ: 33.655.505/0001-43
LOCAL: COMUNIDADE RIO NOVO, S/N, ZONA RURAL - BARÃO DE
MELGAÇO/MT

Janeiro/2024

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Engenheira Sanitarista e Ambiental
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1. APRESENTAÇÃO

O presente documento descreve o sistema de tratamento de efluentes líquidos


implantado no empreendimento denominada Pousada Rio Novo, localizado em Zona Rural
no Municipo de de Barão de Melgaço.
O empreendimento está situado local fica proximo ao Rio Cuiabá, afluente do Rio
Paraguai, Pantanal Matogrossense.
A estrutura do presente dispositivo foi escolhida a partir do passo a passo para o
dimensionamento dos componentes do sistema, apontado os critérios adotados conforme as
NBR’s e autores da área.

2. SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS

2.1. Generalidades
O Sistema de Tratamento de Efluentes Líquidos foi implantado na dependencias da
pousada visando o melhor aproveitamento dá area do terreno.

A pousada contem 13 quartos, 12 banheiros, 01 lavanderia, 01 cozinha. Os quartos


estão distribuidos no predio principal e em cabanas externas, e a capacidade máxima de
pessoas é de 28 pessoas, considerando os funcionarios do local.

Por se tratar de Zona Rural, a região não possui rede de coletora e tratamento de
efluente doméstico, e assim escolheu-se um sistema de fossa séptica seguida de filtro
anaeróbio e vala de infiltração, tal opção foi ideal devido à simplicidade de construção,
manutenção e por ser um sistema de tratamento muito difundido. O sistema foi dimensionado
considerando a população máxima que o local poderá comportar que é de 28 pessoas.
Entretanto, cabe informar que a estura do dispositivo não será de alvenaria, mas de PEAD
(Polietileno de Alta Densidade) fabricados conforme as normas NBR 7229/93 - NBR
13.969/97 - NBR 12.209/11 da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.

2.2. Normas Brasileiras


Normas Brasileiras consultadas no estudo:
● NBR 7229 - Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos;
● NBR 13969 - Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e
disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, Construção e Operação.

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2.3. Fossa Séptica


Fossa séptica ou biodigestor é uma unidade cilíndrica ou prismática retangular de
fluxo horizontal, para tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação e
digestão. Jordão e Pessoa (1995) estabelecem também que a fossa séptica pode ser definida
como câmeras convenientemente construídas para reter os despejos domésticos e/ou
industriais, por um período de tempo especificamente estabelecido, de modo a permitir
sedimentação dos sólidos e retenção do material graxo contido nos esgotos, transformando-
os, bioquimicamente, em substâncias e compostos mais simples e estáveis.
O funcionamento de um tanque séptico consiste em atividades de sedimentação e
digestão do lodo, com reações anaeróbias de estabilização da fase liquida ocorrendo em
segundo plano. O tratamento do efluente nas fossas sépticas somente é possível devido ao
tempo de detenção do efluente dentro da câmara, proporcionando reações químicas,
reduzindo o volume de lodo e sua estabilização. O lodo da sedimentação e a escuma formada
por óleos e graxas, são atacadas por bactérias anaeróbias, oferecendo um melhor grau de
tratamento.

2.4. Sumidouro e vala de infiltração


O efluente que sai do tanque séptico é destinado ao filtro anaeróbio e posteriormente
é direcionado ao sumidouro, poço absorvente ou para vala de infiltração. que consiste em
escavações feitas no terreno para receber efluentes, que se infiltram no solo através de
aberturas nas paredes e considerando a eficiencia do tratamento do sistema compacto em
95%, consiste basicamente na capacidade natural de infiltração do efluente no solo e posterior
transformação deste em matéria orgânica no local.

2.5. Fossa Séptica


A NBR 7229 (ABNT, 1993), dispõe sobre as condições exigíveis para projeto,
construção e operação de sistemas de tanques sépticos, incluindo tratamento e disposição de
efluentes e lodo sedimentado. Desta forma o projeto do tanque séptico, foi todo feito
conforme estabelece a NBR citada anteriormente.

O tanque séptico pode possuir uma única câmara, em série, ou câmaras sobrepostas.
Além disso, sua seção transversal pode ser retangular ou circular. No caso do formato
retangular, a sua relação comprimento/largura deve estar compreendido entre 2:1 e 4:1.
A normalização brasileira vigente relativa ao projeto de tanque séptico considera os

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seguintes parâmetros no seu dimensionamento:
⮚ Estabelecer o número de pessoas usuárias do local (N)
⮚ Estabelecer o tipo de empreendimento para qual a fossa será dimensionada, e
depois consultar na Tabela 1 da NBR 7229, qual será a contribuição de esgoto
(C) por pessoa diariamente e qual será o valor de lodo fresco (Lf) para o mesmo
tipo de empreendimento.
⮚ Consultar então na Tabela 2 da NBR 7229, o período de detenção dos despejos
(T), por faixa de contribuição diária. Mas para isso é preciso calcular a
quantidade de esgoto gerada diariamente, e é dada por:

𝑸 = 𝑪. 𝑵 (𝒏º 𝒅𝒆 𝒑𝒆𝒔𝒔𝒐𝒂𝒔)

Onde:
● Q= quantidade de esgoto gerada diariamente, em L/hab.dia; C=
contribuição de esgoto por habitante/dia;

*O período de detenção deverá sempre ser dado em dias, não em horas.

⮚ Consultar na Tabela 3 da NBR 7229 a taxa de acumulação total de lodo (K), em dias,
por intervalo entre limpezas e temperatura do mês mais frio. Estabelece-se então a
temperatura média da cidade que será dimensionada a fossa séptica, e em função disso
estabelece também de quanto em quanto tempo deverá fazer a limpeza da fossa, com
isso achará a taxa de acumulação de lodo, para o caso em questão (K).
⮚ Depois de achadas todas as variáveis que influenciam no cálculo da fossa séptica, é
achado então o volume da fossa pela seguinte fórmula:

𝑽 = 𝟏𝟎𝟎𝟎 + 𝑵 (𝑪. 𝑻 + 𝑲. 𝒇)

Onde:
V= volume útil em litros;
N= número de habitantes;
C= contribuição de esgoto, em L/hab.dia;
T= período de detenção em dias;
K= taxa de acumulo de lodo;
Lf= lodo fresco.

⮚ Fazer então as dimensões da fossa séptica, consultar na Tabela 4 da NBR 7229 a

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Profundidade útil mínima e máxima, por faixa de volume útil. Ou seja, com o
resultado do volume achado no cálculo, procurar nesta tabela a profundidade mínima
ou máxima que o projetista poderá adotar nas dimensões da fossa.
⮚ Calcula-se então a área superficial da fossa, que é dada pela fórmula:

𝑽
𝑨=
𝒉
Onde:
A= área superficial da fossa séptica em m²;
V= volume da fossa séptica em m³;
H= altura estabelecida de acordo com a Tabela 4 da NBR 7229, e é dada em metros.

⮚ Encontram-se então as outras dimensões da fossa, pela relação:

𝑽 = 𝒍𝒂𝒓𝒈𝒖𝒓𝒂. 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒓𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐. 𝒂𝒍𝒕𝒖𝒓𝒂

3.1.1. Manutenção da Fossa Séptica


A NBR 7229 (ABNT, 1993) estabelece que o tempo de limpeza dos tanques
sépticos deve ser o mesmo previsto em projeto, mas faz uma ressalva, permitindo o
aumento ou uma diminuição no intervalo caso ocorram variações nas vazões previstas.

3.1.2. Memorial de Cálculo da Fossa Séptica

Este memorial englobará 01 dispositivo de tratamento para os efluentes que serão


gerados no canteiro de obras. O dimensionamento do sistema será considerando o numero de
ocupantes fixos em cada local para que a eficiencia do tratamento seja garantida.
*População fixa: 28 pessoas)
*Contribuição de esgoto (C) - Tabela 1 da NBR 7229 – Ocupantes temporários de
longa permanencia - 100 L/hab.dia

O tempo de detenção é baseado na quantidade de esgoto gerado por dia, então temos:

Cálculo:
𝑄 = 𝐶. 𝑁 (𝑛º 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎𝑠)
𝑄 = 100*28
𝑸 = 2.800 𝑳/𝒅

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*Lodo Fresco - Tabela 2 da NBR 7229 - hotel (exceto lavanderia e cozinha- 1
*Tempo de detenção (T) - Tabela 2 da NBR 7229 - 3001 a 4500 – 0,83 dia ou 20
horas
*Taxa de acúmulo de lodo - Tabela 3 da NBR 7229 - Temperatura maior que 20ºC
- 1 Ano - K= 57

Cálculo:

𝑉 = 1000 + 𝑁 (100. 𝑇 + 𝐾. 𝐿𝑓)


𝑉 = 1000 + 28(100.0,83+ 57.1)
𝑉 = 4.920 𝑙 𝑜𝑢 4,92 𝒎³

OBS: Sabendo da possibilidade de oscilação de ocupantes no local devido a


sazonalidade e temporada de pesca, e sabendo que ocorre a necessidade de realizar um
dimensionamento de formar a garantir a eficiencia do tratamento final do efluente sem o risco
de subdimensionar ou superdimensionar o sistema, o volume considerado para a implantação
do STE, foi de 5 m³. Pensando dessa maneira, foi optado em adquirir um dispositivo constituido
por reator anaerobio + filtro anaeróbio de PEAD (Polietileno de Alta Densidade) com alto
padrão de qualidade na fabricação, proporcionando maior resistência e estanqueidade para as
finalidades para as quais foram projetadas.

2.6. Canteiro de infiltração e de evapotranspiração

É o processo que consiste na disposição final do esgoto, tanto pelo processo de


evapotranspiração através das folhas de vegetação quanto pelo processo infiltrativo no solo.

2.7. Aplicação
O canteiro de infiltração e de evapotranspiração é empregado em locais não propícios à
simples infiltração, substituindo o solo e/ou condições desfavoráveis por solos de melhores
características.
O canteiro permite também a evapotranspiração do líquido, reduzindo o volume final
do esgoto. O canteiro deve ser coberto de vegetação com raízes pouco profundas para a proteção
do canteiro e para acelerar a evapotranspiração do líquido.
A área do canteiro não deve ser arborizada e, se possível, o canteiro deve ser instalado
em local aberto, com boa ventilação e insolação.
O esgoto deve ser aplicado no canteiro de modo intermitente.

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São considerados locais não propícios para infiltração:
a) com nível aqüífero raso;
b) com rocha fissurada ou fraturada no subsolo que permita rápido escoamento do esgoto
para o lençol aqüífero;
c) com camada de areia ou solo arenoso que não permita bom tratamento do esgoto, com
taxas de percolação extremamente elevadas;
d) com solos com taxas de percolação muito reduzidas, exigindo extensa área para
infiltração.

3.2.1. Sugestões de plantio.

O plantio é realizado com espécies que consumem muita água, de folhas largas como:
bananeiras, mamoeiro, taiobas, bambus, entre outras.
Não será plantado alimentos de raízes, como mandioca ou batata doce, devido que
estariam em contato com o efluente. Contudo, os frutos de bananeiras, por exemplo, podem ser
consumidos, pois não existe perigo de contaminação

3. CONCLUSÃO
Esse projeto de sistema de tratamento de efluentes sanitários, oriundo da pousada Rio
Novo localizada no Municipio de Barão de Melgaço, tem por finalidade impedir danos
ambientais que poderiam ser poluentes ao meio ambiente das atividades físicas humanas.
Ressalta-se que os mesmos atendem as Normas Técnicas vigentes. Portanto, conclui-se que
este projeto esteja apto para a aprovação por este órgão responsável.

Cuiabá, 24 de janeiro de 2024.

Respeitosamente,

Elisangela Maria Ferrarez


Engenheira Sanitarista e Ambiental
Registro Nacional n° 1215941129

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4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. 1993 NBR 7229 - Projeto,


construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio de Janeiro, ABNT, 1993.
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 13969 – Tanques Sépticos:
unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos. Rio de Janeiro,
ABNT, 1997.
FSESP. Manual de Saneamento. FUNASA, Rio de Janeiro - 1999/2000. Disponível em
<http://www.funasa.gov.br/pub/manusane/manusan00.htm>. Acesso em: 01/abril/2022.
JORDÃO, E.P., PESSÔA, C.A. Tratamento de esgotos domésticos. Rio de Janeiro, ABES, 3ª
edição, 941 p, 2009.

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5. ANEXO

ANEXO A – DETALHES DOS SISTEMAS DE


TRATAMENTO DE EFLUENTES LÍQUIDOS

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1450
1350

1300
1450

1300

1240
2250 2250
mínimo 2650 mínimo 2650

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ANEXO B – FOTOS

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