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Imagem: Blog Seleção Engenharia

Instalações Hidrossanitárias

DIMENSIONAMENTO DE FOSSA
SÉPTICA E SUMIDOURO

Professor: Mateus Zimmer Dietrich


Introdução
A fossa séptica, o filtro anaeróbio e o sumidouro são elementos
que compõem o Sistema Individual de Coleta e Tratamento de
Esgoto, sendo responsáveis pelo tratamento dos efluentes.

Fonte: http://mundodasfossas.com.br/fossa-septica-em-governador-valadares/
Fossa Séptica
A fossa séptica, ou tanque séptico, é uma “unidade cilíndrica ou
prismática retangular de fluxo horizontal, para tratamento de
esgotos por processos de sedimentação, flotação e digestão”
(NBR 7229, 1993, p. 2, grifo nosso).

Sedimentação: processo em que, por gravidade, sólidos em suspensão se separam do


líquido que os continha;
Flotação: processo de separação de misturas heterogêneas por inserção de bolhas de
ar no líquido;
Digestão: decomposição da matéria orgânica em substâncias progressivamente mais
simples e estáveis.
Fossa Séptica
Escuma: matéria graxa e sólidos
em mistura com gases, que
flutuam no líquido em
tratamento.

Lodo: partículas sólidas


acumuladas na zona de digestão;
Lodo digerido: lodo estabilizado
por processo de digestão. Fonte: NBR 7229 (1993)
Fossa Séptica
Escuma: matéria graxa e
sólidos em mistura com
gases, que flutuam no líquido
em tratamento.

Fonte: https://acquablog.acquasolution.com/problemas-com-espuma-na-ete-causas-e-medidas/
Fossa Séptica
Assim, a fossa séptica é dimensionada para manter o esgoto
doméstico por um determinado período de tempo (tempo de
detenção) para que ocorra a transformação bioquímica dos
dejetos em substâncias e compostos mais simples e estáveis.

Essa transformação se dá pelo ataque, predominante, de


bactérias anaeróbicas.
Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
Segundo NBR 7229 (1993), a determinação do volume do tanque
séptico (V) é determinado pela fórmula:

V = 1000 + N.(C.T + K.Lf)

A seguir, serão especificados cada parâmetro da fórmula.


Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
Parâmetros para o dimensionamento:
• Número de pessoas a serem atendidas (N): número de
pessoas que habitam o local.
– Duas pessoas por quarto, exceto quarto de empregada;
– Uma pessoa por dependência destinada à empregada doméstica.
Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
Parâmetros para o dimensionamento:
• Contribuição de despejos (C): contribuição diária, por
habitante, de esgoto (Tabela 1 da norma).
– Residência padrão baixo: 100 litros/pessoa/dia;
– Residência padrão médio: 130 litros/pessoa/dia;
– Residência padrão alto: 160 litros/pessoa/dia;
Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
Parâmetros para o dimensionamento:
• Período de detenção dos despejos (T): tempo em que o
esgoto fica retido no tanque, sendo função do volume de
contribuição diário (Tabela 2 da norma).
– Até 1500 litros de contribuição diária: 01 dia de detenção;
– De 1501 a 3000 litros de contribuição diária: 0,92 dia de detenção.
Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
Parâmetros para o dimensionamento:
• Contribuição de lodo fresco (Lf): contribuição de lodo fresco
por pessoa em um dia (Tabela 1 da norma).
– Ocupante permanentes: 01 litro/pessoa/dia.
– Ocupantes temporários: varia segundo o uso da edificação.
Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
Parâmetros para o dimensionamento:
• Taxa de acumulação total de lodo (K): representa a taxa de
acumulação de lodo em dias, estando relacionada com o
intervalo de limpeza do tanque séptico e com a média da
temperatura ambiente do mês mais frio onde o tanque opera
(Tabela 3 da norma).
Fossa Séptica
Tabela 1 - Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de ocupante

Contribuição Contribuição de
Prédio Unidade
de esgoto (C) lodo fresco (Lf)
1. Ocupantes permanentes:
Residência:
- Padrão alto; litro(s)/pessoa/dia 160 1
- Padrão médio; litro(s)/pessoa/dia 130 1
- Padrão baixo; litro(s)/pessoa/dia 100 1
- Alojamento provisório. litro(s)/pessoa/dia 80 1
2. Ocupantes temporários:
- Fábrica em geral: litro(s)/pessoa/dia 70 0,30
- Escritório; litro(s)/pessoa/dia 50 0,20
- Edifícios públicos ou comerciais; litro(s)/pessoa/dia 50 0,20
- Escolas (externatos) e locais de longa litro(s)/pessoa/dia 50 0,20
permanência;
- Bares; litro(s)/pessoa/dia 6 0,10
- Restaurantes e similares; litro(s)/refeição 25 0,10
- Cinema, teatro e locais de curta litro(s)/lugar 2 0,02
permanência;
- Sanitários públicos* litro(s)/bacia sanitária 480 4,0
*Apenas de acesso aberto ao público (estação ferroviária, rodoviária, logradouro público, estádio
esportivo, etc.)
Fossa Séptica
Tabela 2 - Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição

Tempo de Detenção (T)


Contribuição Diária (L)
Dias Horas
Até 1.500 1,00 24
De 1.501 a 3.000 0,92 22
De 3.001 a 4.500 0,83 20
De 4.501 a 6.000 0,75 18
De 6.001 a 7.500 0,67 16
De 7.501 a 9.000 0,58 14 Tabela 3 - Taxa de acumulação total de lodo (K), em dias, por intervalo
Mais que 9.000 0,50 12 entre limpezas e temperatura do mês mais frio

Valores de K por faixa de


Intervalos entre
temperatura ambiente (t), em °C
limpezas (anos)
t ≤ 10 10 < t ≤ 20 t > 20
1 94 65 57
2 134 105 97
3 174 145 137
4 214 185 177
5 254 225 217
Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
Fossa cilíndrica:
Segundo a NBR 7229 (1993), o diâmetro interno (Dint) da fossa
deve obedecer a:
• Mínimo: 1,10 m (Dint ≥ 1,10 m);
• Máximo: duas vezes a altura útil.
Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
Fossa prismática retangular:
Segundo a NBR 7229 (1993), as dimensões da fossa devem
obedecer a:
• Largura interna mínima: 0,80 m (Wint ≥ 0,80 m);
• Relação comprimento/largura:
– Mínimo de 2:1;
– Máximo de 4:1.
Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
Fossa prismática retangular em corte: Fonte: NBR 7229 (1993)

h
Fossa Séptica
Projeto/dimensionamento:
A profundidade útil (h) mínima e máxima da fossa é função do
volume útil, conforme tabela a seguir.
Tabela 4 - Profundidade útil mínima e máxima por faixa de volume útil

Volume útil Profundidade Profundidade


(m3) útil mínima (m) útil máxima (m)
Até 6,0 1,2 2,2
De 6,0 a 10,0 1,5 2,5
Mais de 10,0 1,8 2,8
Fossa Séptica
Exercício de aplicação:
Dimensionar uma fossa séptica, no formato cilíndrico, para uma
residência de 3 dormitórios na região rural do município de Nova
Venécia/ES.
Considerar residência de padrão médio, intervalo de limpeza de
dois anos, fentrada = fsaída = 100 mm.

➢ Diâmetros internos comerciais: 1,0; 1,2; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 m.


Fossa Séptica
Materiais:
Concreto

Fonte: http://mundodasfossas.com.br/fossas-septicas-de-concreto/
Fossa Séptica
Materiais:
Fibra de Vidro (PRFV)

Fonte:
https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-
Fonte: http://mundodasfossas.com.br/fossa-septica-fibra-de-vidro-prfv/ 891588683-fossa-septicabiofiltro-1000lts-
caixa-fibra-12x-sem-juros--_JM
Fossa Séptica
Materiais:
Polietileno (PEAD)

Fonte: https://www.tecnotri.com.br/fossa-septica-
tecnotri/

Fonte: http://mundodasfossas.com.br/fossas-septicas-de-pvc/
Fossa Séptica
Distâncias mínimas:
Os tanques sépticos devem observar as seguintes distâncias mínimas
horizontais, computadas a partir da face externa mais próxima aos
elementos considerados:
• 1,5 metros: de construções, limites de terreno, sumidouros, valas
de infiltração e ramal predial de água;
• 3,0 metros: de árvores e de qualquer ponto de rede pública de
abastecimento de água;
• 15,0 metros: de poços freáticos.
(NBR 7229, 1993)
Filtro Anaeróbico
Propicia um tratamento complementar dos efluentes da fossa
séptica. “Consiste num reator biológico onde o esgoto é
depurado por meio de micro-organismos não aeróbios,
dispersos tanto no espaço vazio do reator quanto nas superfícies
do meio filtrante” (NBR 13969, 1997, p. 4, grifo nosso).
Receberá uma
camada de material
Filtro Anaeróbico
(normalmente brita
n° 4 ou n° 5) que
formará o meio
filtrante.

Efluentes vindos
Efluentes que
da fossa séptica
seguem para o
sumidouro

Fonte: http://atacadodoconcreto.com.br/?attachment_id=309
Filtro Anaeróbico
Efluentes que
seguem para o
sumidouro

Efluentes vindos
da fossa séptica

Fonte: http://torri.com.br/produto/categoria/73/filtro-anaerobio/2
Filtro Anaeróbico
Dimensionamento:
O volume útil do leito filtrante (Vu), em litros, é obtido pela
equação:
Vu = 1,6.N.C.T ≥ 1000 L
onde:
N: o número de contribuintes;
C: a capacidade de despejos, conforme Tabela 3;
T: tempo de detenção hidráulica, conforme Tabela 4.
(NBR 13969, 1997)
Filtro Anaeróbico
Tabela 3 - Contribuição diária de esgoto (C)
Contribuição
Prédio Unidade
de esgoto (C)
1. Ocupantes permanentes:
Residência:
- Padrão alto; litro(s)/pessoa/dia 160
- Padrão médio; litro(s)/pessoa/dia 130
- Padrão baixo; litro(s)/pessoa/dia 100
- Alojamento provisório. litro(s)/pessoa/dia 80
2. Ocupantes temporários:
- Fábrica em geral: litro(s)/pessoa/dia 70
- Escritório; litro(s)/pessoa/dia 50
- Edifícios públicos ou comerciais; litro(s)/pessoa/dia 50
- Escolas (externatos) e locais de longa litro(s)/pessoa/dia 50
permanência;
- Bares; litro(s)/pessoa/dia 6
- Restaurantes e similares; litro(s)/refeição 25
- Cinema, teatro e locais de curta litro(s)/lugar 2
permanência;
- Sanitários públicos* litro(s)/bacia sanitária 480
*Apenas de acesso aberto ao público (estação ferroviária, rodoviária, logradouro público, estádio esportivo, etc.)
Filtro Anaeróbico
Tabela 4 - Tempo de detenção hidráulica de esgotos (T), por faixa de
vazão e temperatura do esgoto (em dias)

Temperatura média do mês mais


Vazão (L/dia) frio (°C)
t ≤ 15 15 < t ≤ 25 t > 25
Até 1500 1,17 1,00 0,92
De 1501 a 3000 1,08 0,92 0,83
De 3001 a 4500 1,00 0,83 0,75
De 4501 a 6000 0,92 0,75 0,67
De 6001 a 7500 0,83 0,67 0,58
De 7501 a 9000 0,75 0,58 0,50
Acima de 9000 0,75 0,50 0,50
Filtro Anaeróbico
Filtro tipo circular com entrada única de esgoto:

Fonte: NBR 13969 (1997)


Filtro Anaeróbico
Filtro tipo circular com entrada única de esgoto:
H = h + h1 + h2
sendo:
H: altura total interna;
h: altura total do leito (≤ 1,20 m);
h1: altura da calha coletora;
h2: altura sobressalente (variável).

Obs: a altura do fundo falso, mais a laje,


é limitada a 0,60 m.

Fonte: NBR 13969 (1997)


Filtro Anaeróbico
Exercício de aplicação:
Dimensionar um filtro anaeróbico cilíndrico para receber os
efluentes da fossa séptica do exercício anterior.

Dados:
N = 6 pessoas;
Residência de padrão médio.
Diâmetros internos comerciais: 1,0; 1,2; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 m.
Sumidouro
Sumidouro, ou poço absorvente, é um “poço escavado no solo
destinado à depuração e disposição final do esgoto no nível
subsuperficial” (NBR 13969, 1997, p. 3, grifo nosso).

“Poço seco escavado no solo e não impermeabilizado, que


orienta a infiltração de água residuária no solo” (NBR 7229,
1993, p. 2, grifo nosso).
Sumidouro
É construído, geralmente, com:
• Revestimento em alvenaria
de blocos cerâmicos;

Fonte: http://www.geocities.ws/joseclaudiocardosodeoliveira/Sumidouro.html
Sumidouro
É construído, geralmente, com:
• Tijolos comuns assentados com juntas livres;
Sumidouro
É construído, geralmente, com:
• Anéis de concreto convenientemente furado.
Fonte: http://www.hollasecia.com.br/produtos.php

Fonte: https://desentop.com.br/2017/09/12/conheca-servico-
desentupimento-de-sumidouro/
Sumidouro
Atenção:
• Recomenda-se revestir o fundo com brita,
pedregulho ou cascalho (espessura ≥ 0,30
m);
• Por se tratar de dispositivo verticalizado,
seu uso é favorável nas áreas onde o
aquífero é profundo.

Fonte: https://tratamentodeefluentes.wordpress.com/tag/sumidouro/
Sumidouro
Solos não arenosos:
• Garantir distância mínima de 1,5 m entre o
fundo do poço e o nível máximo do lençol
freático;
• Solos com capacidade média de percolação
(kmédia) maior que 500 min/m, determinado
segundo Anexo A da NBR 13969 (1997).

Fonte: https://tratamentodeefluentes.wordpress.com/tag/sumidouro/
Sumidouro
Solos arenosos:
Para não contaminar o aquífero, deve-se:
• Prever uma camada filtrante envolvente
do sumidouro, solo com k > 500 min/m;
• A espessura da camada protetora não deve
ser inferior a 0,30 m;
• Distância do fundo do sumidouro e o nível
máximo do aquífero deve ser superior a
1,5 m.
Fonte: NBR 13969 (1997)
Sumidouro
Aquífero profundo Aquífero pouco profundo

Vários sumidouros rasos (h) e de pequenos


Poucos sumidouros de grandes diâmetros (d).
diâmetros (D) e profundidades
(H). Fonte: NBR 13969 (1997)
Sumidouro
Dimensionamento:
(I) Volume de contribuição diária (V):
V = N.C
onde:
N: número de pessoas contribuintes;
C: contribuição de despejos em litros/pessoa/dia.

Obs: ambos parâmetros já conhecidos de itens anteriores.


Sumidouro
Dimensionamento:
(II) Cálculo da área de infiltração (Ai):
Ai = V/Ci
onde:
V: volume de contribuição diária;
Ci: coeficiente de infiltração (ver tabela no próximo slide).
Sumidouro
Dimensionamento:
(II) Cálculo da área de infiltração:
Coeficiente de
Tipos de solos Absorção relativa
percolação (L/m²/dia)
Areia grossa ou cascalho Maior que 140 Rápida
Areia fina 140 – 70 Média
Argila arenosa 70 – 32 Vagarosa
Argila 32 – 21 Semi-impermeável
Argila compacta ou rocha Menor que 21 Impermeável
Fonte: Manual Saneamento da FUNASA (1994).
Sumidouro
Dimensionamento:
(III) Dimensões do sumidouro cilíndrico:

A área de infiltração (Ai) é função da altura útil (h) e do diâmetro


interno (Dint) do sumidouro.
➢ A área de infiltração (Ai) é determinada como a área vertical
interna, abaixo da geratriz inferior da tubulação de lançamento do
efluente, acrescida da superfície de fundo (NBR 13969, 1997).
2 Τ
𝐴𝑖 = 𝜋𝐷𝑖𝑛𝑡 ℎ + (𝜋𝐷𝑖𝑛𝑡 ) 4
Por questão de segurança, é comum não levar em consideração a superfície de fundo.
Sumidouro
Dimensionamento:
(III) Dimensões do sumidouro cilíndrico:

Observações:
• O menor diâmetro interno (Dint) do sumidouro deve ser de
0,30 m;
• A altura útil (h) do sumidouro deve ser determinada de modo
a manter distância vertical mínima de 1,5 m entre o fundo do
poço e o nível máximo do aquífero.
Sumidouro
Exercício de aplicação:
Dimensionar um sumidouro cilíndrico para receber os efluentes do
filtro anaeróbio do exercício anterior, para as condições:
a) Profundidade do nível máximo do aquífero: 7 m;
b) Profundidade do nível máximo do aquífero: 4 m.
Dados:
N = 6 pessoas;
Residência de padrão médio;
Solo argilo-arenoso;
Diâmetros internos comerciais: 1,0; 1,2; 1,5; 2,0; 2,5 e 3,0 m.
Referências
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7229:
projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. Rio
de Janeiro, 1993.
ABNT – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13969:
Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e
disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e
operação. Rio de Janeiro, 1997.
TODA MATÉRIA. Flotação. 2019. Disponível em: <
https://www.todamateria.com.br/flotacao/>. Acesso em: 01 nov.
2019.

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