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TANQUES SÉPTICOS

 Post author:Nathalie Brites


Quando falamos em saneamento básico logo o primeiro pensamento é voltado
para esgotamento sanitário, porém muitos locais (grande parte em áreas rurais)
ainda não possuem soluções coletivas de saneamento básico, como por exemplo
uma rede de tratamento de esgoto doméstico. Em situações como essas algumas
soluções simples podem ser implantadas, como por exemplo os tanques sépticos.

Nesse artigo, vamos descrever os principais conceitos, características e


dimensionamento de tanque sépticos ou fossa séptica.

O que é um tanque séptico?


O tanque séptico ou fossa séptica, como também é chamado, nada mais é do que
um sistema de tratamento primário, que consiste em uma caixa, construída em
alvenaria ou concreto (em grande maioria) que recebe os despejos domésticos de
esgoto. Esse tanque realiza um tratamento físico e químico desses despejos,
reduzindo o impacto desses despejos no meio ambiente. É uma solução prática,
de baixo custo e fácil manutenção.

CURSO COMPLETO - FOSSA, FILTRO E SUMIDOURO


QUANDO É INDICADO A UTILIZAÇÃO DE FOSSA/
TANQUES SÉPTICOS?
A utilização da fossa séptica é recomendada para locais onde não há uma rede
pública de coleta de despejos de esgotos. Em grande parte, esses locais são áreas
rurais, porém em muitas cidades o sistema público de coleta de esgoto não atente
toda a área urbana. Dessa forma, é necessário consultar a concessionária de
saneamento básico da região para saber sobre o atendimento do sistema de esgoto
local.

COMO A FOSSA / TANQUE SÉPTICO FUNCIONA?


A fossa séptica é utilizada para o tratamento primário do esgoto doméstico. O
funcionamento é bem simples.

A fossa recebe o esgoto doméstico que é formado pelos despejos provenientes de


aparelhos, incluindo pias de cozinhas, lavatórios de banheiros, chuveiros,
descargas de vasos sanitários, bidês, máquinas de lavar louça e de lavar roupas,
tanques, mictórios e outros.

No interior da fossa séptica o esgoto doméstico passa pelo processo de


tratamento físico e químico. Esse tratamento inclui sedimentação, flotação e
digestão.

Vamos entender um pouco sobre cada um desses processos.


Sedimentação:
Os despejos domésticos são encaminhados por meio de tubulações próprias para
essa finalidade (escoamento somente do sistema de esgoto). Ao chegar até o
tanque séptico, é iniciado o processo de sedimentação, que consiste em manter o
repouso desse efluente de forma que os sólidos contidos nesses despejos sejam
sedimentados, ou seja, os sólidos sejam separados naturalmente do líquido pela
ação da gravidade formando o lodo.
Flotação:
O efluente passa pelo processo de flotação, que consiste no transporte de
pequenas partículas de sólidos suspensos, graxas e outros, por microbolhas de
gases que “carregam” essas partículas para a superfície do efluente formado
a escuma.
Digestão:
O processo de digestão é realizado por bactérias anaeróbicas, que realizam a
decomposição da matéria orgânica. Esse processo libera as pequenas bolhas de
gases que fazem com que aconteça a flotação.

Ao final desses processos e conforme o efluente vai se acumulando dentro do


tanque, esse líquido resultante passa para a próxima etapa (geralmente a fossa ou
tanque séptico funciona em conjunto com um filtro anaeróbio e um sumidouro).

MEDIDAS MÍNIMAS PARA TANQUE SÉPTICO


A NBR 7229 também estabelece algumas medidas mínimas para o bom
funcionamento do sistema séptico.
Para tanques cilíndricos: diâmetro interno mínimo Ø1,10m

Para tanques prismáticos: largura interna mínima 0,80 e relação


comprimento/largura – mínima 2:1 e máxima 4:1

AFASTAMENTO MÍNIMOS
A NBR 7229 estabelece algumas distancias mínimas que devem ser observadas
para a implantação da fossa séptica.

LOCAL DISTÂNCIA EM
METROS

Construções, limites de terreno, sumidouros, valas de infiltração e ramal predial de água 1,5

Árvores e qualquer ponto de rede pública de abastecimento de água 3,0

Poços freáticos, corpos d’água de qualquer natureza 15,00

QUAIS OS TIPOS DE FOSSAS/TANQUES SÉPTICOS:


Quanto à sua geometria, as fossas sépticas podem possuir formatos cilíndricos ou
prismáticos. A NBR 7229 recomenda a utilização de tanques cilíndricos em
situações onde se deseja priorizar a área útil, em favor da profundidade, ou seja,
uma fossa mais profunda, porém ocupando uma área reduzida. Já para os tanques
prismáticos a recomendação é para situações em que se deseja priorizar a
profundidade em favor da área horizontal, ou seja, uma maior área de ocupação e
uma profundidade reduzida.
Quanto à configuração da fossa séptica, ela pode ser do tipo câmara única, que é
o tipo mais utilizado.

TANQUE SÉPTICO PRISMÁTICO DE CÂMARA ÚNICA

TANQUE SÉPTICO PRISMÁTICO DE CÂMARA ÚNICA - CORTE

TANQUE SÉPTICO CILÍNDRICO DE CÂMARA ÚNICA


TANQUE SÉPTICO CILÍNDRICO DE CÂMARA ÚNICA - CORTE
Pode ser do tipo câmara múltipla em série, que é recomendado pela NBR
7229 para volumes pequenos e médios, para atendimento de uma população de
até 30 pessoas.

TANQUE SÉPTICO PRISMÁTICO DE CÂMARA MÚLTIPLA

TANQUE SÉPTICO PRISMÁTICO DE CÂMARA MÚLTIPLA - CORTE


TANQUE SÉPTICO CILÍNDRICO DE CÂMARA MÚLTIPLA

TANQUE SÉPTICO CILÍNDRICO DE CÂMARA MÚLTIPLA - CORTE


A quantidade de câmaras varia conforme a geometria do tanque séptico, de
acordo com a recomendação normativa, temos que para tanques cilíndricos até 03
câmaras em série e para tanques prismáticos duas câmaras em série.

DIMENSIONAMENTO:
O cálculo para o dimensionamento de uma fossa séptica considera os seguintes
parâmetros:

V = volume útil (litros)


N = número de pessoas ou unidades de contribuição
C = contribuição de despejos (litros/pessoa x dia ou litro/unidades x dia)
(Tabela 1)
T = período de detenção em dias (Tabela 2)
K = taxa de acumulação de lodo digerido em dias, equivalente ao tempo de
acumulação de lodo fresco (Tabela 3)
Lf = contribuição de lodo fresco (litros/pessoa x dia ou litro/unidades x dia)
(Tabela 1)
A formula a ser aplicada para o cálculo do volume útil da fossa é descrita
pela NBR 7229 como:
V = 1000 + N (C * T + K * Lf)

Para aplicação da fórmula, observamos as tabelas da NBR 7229.


Tabela 1 – Contribuição diária de esgoto (C) e de lodo fresco (Lf) por tipo de prédio e de ocupante

Prédio Unidade Contribuição de esgotos (C) e de lodo fresco (Lf)

Ocupantes permanentes

– Residência

Padrão alto Pessoa 160 1

Padrão médio Pessoa 130 1

Padrão baixo Pessoa 100 1

– Hotel Pessoa 100 1

– Alojamento provisório Pessoa 80 1

Ocupantes temporários

– Fábrica em geral Pessoa 70 0,30

– Escritório Pessoa 50 0,20

– Edifícios públicos ou comerciais Pessoa 50 0,20

– Escolas (externatos) ou locais de Pessoa 50 0,20


longa permanência

– Bares Pessoa 6 0,10

– Restaurantes e similares Refeição 25 0,10

– Cinema, teatros e locais de curta Lugar 2 0,02


permanência

– Sanitários públicos* Bacia sanitária 480 4,00

*
apenas de acesso aberto ao público (estação rodoviária, ferroviária, logradouro público, estádio esportivo, etc)

Tabela 2 – Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária

Contribuição diária (L) Tempo de detenção

Dias Horas

Até 1500 1,00 24


De 1500 a 3000 0,92 22

De 3001 a 4500 0,83 20

De 4501 a 6000 0,75 18

De 6001 a 7500 0,67 16

De 7501 a 9000 0,58 14

Mais que 9000 0,50 12

Tabela 3 – Taxa de acumulação total de lodo (K) em dias, por intervalo entre limpezas e temperatura do mês
mais frio

Intervalo entre limpezas (anos) Valores de K por faixa de temperatura ambiente (t), em °C

T ≤ 10 10 ≤ t ≤ 20 T > 20

1 94 65 57

2 134 105 97

3 174 145 137

4 214 185 177

5 254 225 217

MATERIAIS UTILIZADOS NA CONSTRUÇÃO:


Os principais materiais utilizados para a construção de uma fossa séptica são:

Concreto
ANÉIS DE CONCRETO PRE MOLDADO
Utiliza-se anéis de concreto pré moldado ou concreto armado com espessura
entre 8 a 10cm.

Alvenaria de tijolos cerâmicos maciços ou blocos de concreto

BLOCOS DE CONCRETO E BLOCOS CERAMICOS


Utiliza-se alvenaria de tijolo inteiro, ou tijolo deitado, com espessura entre 20 e
22 cm.

LIMPEZA E MANUTENÇÃO:
A manutenção da fossa deve ser periódica, sendo o intervalo de limpeza
realizado conforme o dimensionamento do tanque (parâmetros de projeto).

As aberturas da fossa (tampões) devem possuir diâmetro mínimo 60cm. Para que
a limpeza ocorra de forma correta, a NBR recomenda que seja considerado um
raio de alcance de 1,5m, a partir da extremidade da abertura principal de 60cm.
Em casos em que o raio de alcance seja ultrapassado, deverá ser colocada uma
abertura secundária, com diâmetro mínimo de 20cm.
RAIO DE ALCANCE PARA LIMPEZA - ATÉ 1,5M

RAIO DE ALCANCE PARA LIMPEZA - SUPERIOR A 1,5M

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