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Disciplina: Tratamento de esgoto sanitário

Curso: Engenharia ambiental / Engenharia civil / TSA


Professor: Édio Damásio da Silva Júnior

Reatores biológicos anaeróbios


Reatores anaeróbios
(capítulo 4, volume 05)
São exemplos de reatores anaeróbios:

➢ Tanque séptico; Baixa retenção de biomassa ativa (viva)


➢ Lagoa anaeróbia; (elevado volume e TDH; reduzida eficiência)
Reatores anaeróbios de baixa carga orgânica
➢ Biodigestores; volumétrica

➢ Manta de lodo;
Alta retenção de biomassa ativa (viva)
➢ Leito granular expandido; (menor volume e TDH; maior eficiência)
➢ Leito fixo (filtros); Reatores anaeróbios de alta carga
orgânica volumétrica
➢ Outros.

Funcionam em crescimento biológico aderido ou disperso


Reatores anaeróbios
Tempo de retenção celular (θ)

O tempo que uma célula bacteriana permanece no reator (θ)


deve ser superior ao necessário para a mesma se duplicar.
Caso contrário, a célula será carreada para fora do reator ante
de multiplicar, reduzindo a eficiência do tratamento.

Baixa taxa: TDH = θ

Alta taxa: θ > TDH


Reatores anaeróbios
Reatores anaeróbios de baixa taxa

➢ Não há mistura: todas reações em um único tanque;


➢ Sedimentação, digestão dos sólidos e sobrenadante juntos;
➢ Sem dispositivo de retenção de biomassa ativa;
➢ Biomassa com baixa atividade (θ reduzido a poucos dias);
➢ Baixa eficiência (25 – 50%, de remoção de DBO);
➢ Elevado TDH e volume.

Contato entre
microrganismo/MO
Reatores anaeróbios
Reatores anaeróbios de baixa taxa

➢ Ocorrem geralmente 05 zonas dentro do reator:


✓ Zona de escuma;
✓ Zona de acúmulo de gases;
✓ Zona de sobrenadante (esgoto “tratado”);
✓ Zona de digestão ativa;
✓ Zona de lodo estabilizado.

Exemplo de um biodigestor de lodo


Reatores anaeróbios
Reatores anaeróbios de baixa taxa

Biodigestor

Lagoa anaeróbia Tanque séptico


Reatores anaeróbios
Reatores anaeróbios de alta taxa

➢ Baixo TDH e volume;


➢ Elevado tempo de retenção celular (θ superior a 30 dias);
➢ Dispositivo de retenção de biomassa ativa (anaeróbia);
➢ São exemplos:
✓Reator anaeróbio de leito fixo;
✓Reator anaeróbio de leito rotatório; Crescimento aderido
✓Reator anaeróbia de leito expandido;
✓Reator anaeróbio de leito granular expandido;
✓Reator anaeróbio de fluxo ascendente e Crescimento
disperso
manta de lodo (UASB).
Reatores anaeróbios

A – UASB
B – Leito fixo descendente
C – Leito fixo ascendente
D – Leito expandido
Reatores anaeróbios

Leito rotatório

Leito granular
Reator UASB
UASB (Up-Flow anaerobic Sludge Blanket)

➢ Mais famoso reator anaeróbio;


➢ Reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de lodo;
➢ Contato do esgoto (entrada) com densa camada de lodo
(biomassa). Elevado θ;
➢ Zonas diversas: Leito de lodo, manta de lodo, efluente
clarificado e formação de gases.
Reator UASB
Reator UASB
UASB (Up-Flow anaerobic Sludge Blanket)

➢ Compacto (baixa área demandada);


➢ Baixa produção de lodo;
➢ Baixo custo de operação e implantação;
➢ Boa eficiência: 65 – 75% de remoção de DBO;
➢ Pode necessitar de pós-tratamento (lodos ativados, por
exemplo).
Reator UASB
UASB (Up-Flow anaerobic Sludge Blanket)

➢ Muito susceptível a cargas tóxicas;


➢ Pode gerar maus odores;
➢ Elevado tempo de partida (star-up).
Reator UASB
Parâmetros de projeto

Parâmetro Vazão média Vazão máxima


Carga hidráulica volumétrica (m³/m³.dia) < 3,5 < 5,5
TDH (horas)
Velocidade ascendente do fluxo (m/h) 0,5 – 0,7 ≤ 1,1
Velocidade nas aberturas do decantador (m/h) ≤ 2,5 ≤ 4,0
TAS no decantador (m/h) ≤ 0,8 ≤ 1,2
TDH no decantador (horas)
Tanque séptico

Processos físico e biológico:


➢ Sedimentação;
➢ Degradação anaeróbia da matéria orgânica.

Aplicado ao tratamento de esgoto doméstico descentralizado

Tanque séptico ≠ fossa negra


Tanque séptico
Tanque séptico

Critérios de engenharia (NBR 7.229/1993)


(dimensionamento, impermeabilização, limpeza, etc)

Eficiência de remoção:
➢ DBO: 20 – 30%
➢ SS: 30 – 50%

É uma unidade de tratamento,


porém com baixa eficiência
(sistema anaeróbio).
Perfil de um tanque séptico
Fossa negra
Fossa negra

Sem critérios. Apenas um buraco para disposição


final do esgoto.

Contaminação do solo e
aquífero

É uma unidade de destinação final


de esgoto e não de tratamento.
Tanque séptico
➢ Formato: prismático ou cilíndrico;
➢ Material: alvenaria, plástico ou fibra de vidro;
➢ Número de câmaras: única, dupla ou mais.

Prismático em alvenaria (câmara dupla) Cilíndrico em concreto (câmara única)


Tanque séptico

Perfil de um tanque séptico com


câmara única

Perfil de um tanque séptico com


câmara dupla
Dimensionamento de tanque séptico
(esgoto doméstico)

Segundo a NBR 7.229/1993:

V = 1.000 + N x (C x T + K x Lf)

➢ N: número de pessoas;
➢ C: geração de esgoto per capita (L / hab.dia);
➢ T: período de detenção hidráulica (dias);
➢ K: taxa de acúmulo de lodo (dias);
➢ Lf: contribuição de lodo per capita (L / hab.dia).
Dimensionamento de tanque séptico
(esgoto doméstico)

Fonte de dados: NBR 7.229/1993

Exercício

Faça o dimensionamento de um tanque séptico para tratar


de forma descentralizada o esgoto doméstico gerado em um
pequeno conjunto habitacional que residem 30 pessoas.
Exercício – Tanque séptico

1º passo: obter dados da NBR 7.229 (Tabela 01)

N = 30 pessoas (padrão médio)


C = 130 L/pessoa.dia
Lf = 1 L/pessoa.dia
Exercício – Tanque séptico

2º passo: obter dados da NBR 7.229 (Tabela 02)

N x C = 30 x 130 = 3.900 L/dia


T = 0,83 dias
Exercício – Tanque séptico

3º passo: obter dados da NBR 7.229 (Tabela 03)

K = 177 dia-1 (temperatura > 20ºC)


Exercício – Tanque séptico

4º passo: calcular volume e demais dimensões do tanque

V = 1.000 + N x (C x T + K x Lf)
V = 1.000 + 30 x (130 x 0,83 + 177 x 1)
V = 9.547 L = 9,547 m³

V=CxLxh
9,547 = C x L x 2
h=2m
C/L = 3
9,547 = 3 x L x L x 2
L = 1,30 m
C/L entre 2 e 4 (tanque prismático)
C = 3,90 m Adotar câmara dupla
Exercício – Tanque séptico

5º passo: desenhos

V.2/3 V.1/3
2,0 m
h.2/3
Planta do tanque séptico

3,9 m
3,9 m
Perfil do tanque séptico

1,3 m V.2/3 V.1/3


Pós-tratamento de efluente de tanque
séptico

Esgoto doméstico

Filtro biológico
Tanque séptico ou
Wetland construída

Sumidouro
(Disposição final no solo)
Wetlands construídas

Processos físico e biológico:


➢ Sedimentação;
➢ Filtração;
➢ Degradação anaeróbia (zona
predominante) da matéria orgânica;
➢ Presença de plantas (microzonas
aeróbias).
Usadas para tratamento descentralizado
ou centralizado (em nível secundário ou
terciário).
Wetlands construídas

“Wet” = molhada, úmida ...


“Land” = terra, espaço ...

Águas residuárias

Microrganismos Meio suporte Plantas


(nem sempre presente)
Wetlands construídas

Microrganismos Bactérias aeróbias,


anaeróbias e facultativas

Meio suporte Brita, areia, solo, conduítes,


etc.

Bambu, taboa, lírio-do-brejo,


Plantas
papiros, capim vetiver, etc
Wetland construída

Por predominância dos processos anaeróbios, a eficiência de


remoção de DBO está na faixa de 60 – 70%.
Com a introdução de O2 de forma artificial (por aeradores, por
exemplo), a eficiência de tratamento pode chegar a 95%.

Fósforo: remoção desprezível


Nitrogênio: remoção até 80%
(combinando nitrificação/desnitrificação)
Wetlands construídas
Horizontal
Fluxo
Vertical

Superficial
Contato ar-água
Sub-superficial
Wetlands construídas

Fluxo horizontal superficial


Wetlands construídas

Fluxo horizontal sub-superficial


Wetlands construídas

Fluxo vertical sub-superficial


Dimensionamento – Exemplo

Cálculo da área superficial (As) de wetland construída


horizontal:

Método de dimensionamento:
Modelagem cinética-hidrodinâmica
(1º Ordem / Fluxo pistão)

Ca: concentração da entrada em termos de DBO (mg DBO/dia);


Ce: concentração da saída em termos de DBO (mg DBO/dia);
Q: vazão (m³/dia);
Kt: coeficiente de degradação da matéria orgânica (dia-1).
h: profundidade do meio (m);
α: porosidade do meio suporte (%).
Dimensionamento – Wetland construída

O valor de Kt é dado por:

t: temperatura média do mês mais frio (ºC).

➢ A profundidade (h) da wetland deve ser < 0,40 m para sistemas


de fluxo horizontal e < 0,80 m para verticais. Já a inclinação dos
taludes entre 45 e 60º.
➢ A relação comprimento / largura (C/L) deve ser entre 2 e 5 para
fluxo horizontal e 1 para vertical.
Exercício – Wetland construída

Faça o dimensionamento de uma wetland construída de


fluxo horizontal para tratar as águas residuárias de uma indústria
de laticínios. Considere os seguintes dados:

➢ DBO bruta: 2.250 mg/L;


➢ Vazão diária: 21.000 L/dia;
➢ Eficiência do sistema preliminar/primário: 30%;
➢ Porosidade do meio suporte: 45% (brita #2);
➢ Temperatura do mês mais frio: 24ºC.
Exercício – Wetland construída

1º passo: obter dados e área superficial


Ca = 2.250 x 0,70 = 1.575 mg/L
Ce = 60 mg/L
α = 0,45
Q = 21 m³/dia
t = 24 ºC
Kt = 1,30 d-1
h = 0,40 m (fluxo horizontal)

As = 293 m²
Exercício – Wetland construída

2º passo: obter dimensões

A=CxL
C/L = 3 m (adotado para fluxo pistão)
293 = 3 x L x L
h = 0,40 m
L = 10 m
C = 30 m
Exercício – Wetland construída

3º passo: desenhos

0,4 m

30,0 m

Perfil da wetland construída

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