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Tratamento de Resíduos

04 - Aterros Sanitários (Resíduos IIA)


Concepção e Operação

Prof. Dra. Viviane Trevisan


Aterros sanitários

O Aterro Sanitário é um equipamento projetado para


receber e tratar o lixo produzido pelos habitantes de
uma cidade, com base em estudos de engenharia, para
reduzir ao máximo os impactos causados ao meio
ambiente.

Atualmente é uma das técnicas mais seguras e de mais


baixo custo.
Aterros sanitários

Preferencialmente deve possuir uma vida útil superior a


10 anos, prevendo-se ainda o seu monitoramento por
alguns anos após o seu fechamento.

O projeto de aterro sanitário exige cuidados como:


impermeabilização do solo, implantação de sistemas de
drenagem eficazes, evitando uma possível
contaminação da água, do solo e do ar devido ao
chorume e ao biogás.
Aterros sanitários
Aterros sanitários Lixão
Aterros sanitários Lixão
Aterros sanitários Lixão
Pontos fundamentais para
escolha da área de instalação do
aterro
Área do aterro
Para ser ter uma estimativa do tamanho da área, é
necessário estimar a geração de resíduos e o volume do
aterro.

A estimativa atual de geração de resíduos sólidos municipais


pode ser feita pela seguinte equação:

Por sua vez, a geração futura de resíduos sólidos é dada por:


t
Área do aterro

Onde:
Exercício 1
Defina o volume útil total, necessário para a implantação de um
novo aterro sanitário, para as seguintes características:
População atual do município: 85.000 hab.
Geração per capita: 0,80 kg/hab.d
Cobertura de coleta atual: 80 %
Cobertura de coleta futura: 90 %
Vida útil mínima do aterro: 10 anos
Peso específico dos resíduos compactados no aterro: 0,8 t/m3.
Volume de terra para cobertura: 15 % do volume de resíduos.
Taxa de crescimento populacional: 0,85 % ao ano.
Taxa de aumento da geração per capita: 1% ao ano.
Dias úteis por ano: 313 dias (excluídos os domingos).
Exercício 2

Defina o volume útil total, necessário para a implantação de um


novo aterro sanitário, para as seguintes características:
População atual do município: 65.000 hab.
Geração per capita: 0,50 kg/hab.d
Cobertura de coleta atual: 100 %
Vida útil mínima do aterro: 10 anos
Peso específico dos resíduos compactados no aterro: 0,8 t/m3.
Volume de terra para cobertura: 15 % do volume de resíduos.
Taxa de crescimento populacional (censo 2000): 0,3 % ao ano.
Taxa de crescimento populacional (censo 2010): - 1 % ao ano.
Taxa de aumento da geração per capita (censo 2000): 0,5% ao ano.
Taxa de aumento da geração per capita (censo 2010): - 0,9% ao ano
Dias úteis por ano: 313 dias (excluídos os domingos).
Tipos de aterros

Dois tipo de aterro de acordo com a técnica de operação:

Aterro em superfície - “area method” ou “ramp method”

Aterro em trincheira – “trench method” (ASPP)


Aterros em superfície – “area method”

Aplicado nas seguintes condições:

• Nível freático muito alto;

• Condições geológicas adversas para escavação;

• Necessidade de uma grande frente de trabalho;

• Necessidade de trabalho em mais do que um nível


diariamente;

• Perspectivas de utilização futura.


Aterros em superfície – “area method”

Operação – iniciada com a construção de um talude, onde


serão colocadas as primeiras camadas de resíduos.

Essas camadas se prolongam ao longo de uma estreita faixa


cujo comprimento é calculado de modo que ao final do
dia a altura da camada seja de cerca de 2 metros.
Aterros em superfície – “area method”
Aterros em superfície – “area method”
Aterros em superfície – “ramp method”
Operação - inclui a escavação no local de uma pequena
depressão adiante de cada célula ou faixa de onde é
extraído parte do material de cobertura
Descarga do resíduo sólido
Aterros em superfície

Vantagens
• Possibilidade de trabalho em várias camadas, limitado
apenas pela cobertura disponível e operacionalidade;
• Frente de trabalho facilmente ajustada conforme as
necessidades;

Desvantagens
• Necessidade de transporte de material de cobertura a
longa distância;
• Possibilidade de dispersão pelo vento de material
exposto.
Aterros em trincheiras – “trench method”
Realizado em áreas planas ou declives suaves com níveis freáticos
profundos que permitem escavações. Também chamados de
aterros sanitários de pequeno porte (ASPP).

Os resíduos são colocados em trincheiras abertas com dimensões


de:
• 30-120m de comprimento;
• 3m de profundidade (max);
• 3m de largura (recomendado);

O solo retirado na construção da trincheira serve de cobertura da


mesma.

Capacidade de recebimento de resíduos: até 20 ton/d.


Aterros em trincheiras – “trench method”
Aterros em trincheiras – “trench method”
Aterros em trincheiras – “trench method”
Aterros em trincheiras – “trench method”
Vantagens
• Menor impacto do vento;
• Permite visualizar o volume de enchimento;
• O nível de terreno é preservado;
• Frente de trabalho menor.

Desvantagens
• Necessidade de mais equipamento e pessoal;
• Menor volume de aterro devido a necessidade de deixar
paredes de suporte entre tricheiras;
• Área de trabalho limitada.
Aterros em trincheiras – “trench method”
Regulamentado pela NBR 15849/2010

Resíduos permitidos
• Provenientes de domicílios, de serviços de limpeza
urbana, de pequenos estabelecimentos comerciais,
industriais e de prestação de serviços, que estejam
incluídos no serviço de coleta regular de resíduos e que
tenham características similares aos resíduos sólidos
domiciliares.
Aterros em trincheiras – “trench method”
Regulamentado pela NBR 15849/2010

Resíduos não permitidos


• Resíduos perigosos;
• Resíduos da construção civil;
• Resíduos provenientes de atividades agrosilvopastoris;
• Resíduos de mineração;
• Resíduos de serviços de saúde, sem tratamento prévio ou
sujeitos às exigências de destinação especial.
Impermeabilização do aterro

A camada de base do aterro é uma das partes importantes e


sensíveis de toda obra pois impede a contaminação das
águas subterrâneas por lixiviados e gases.

Em aterros de médio e grande porte, é praticamente


impossível fazer qualquer reparo nesta camada se houver
alguma ruptura.

A instalação desta camada começa com a terraplanagem do


terreno, retirando a vegetação, rochas e outros materiais.
Impermeabilização do aterro
Impermeabilização do aterro
Impermeabilização do aterro

Não tecido de poliester fabricado com fibras de poliester de alta resistência.


Gramaturas: 150, 180, 200, 250, 300, 400, 500 e 600gr/m2.
Impermeabilização do aterro

Solos argilosos de baixa permeabilidade (usualmente inferior a 10-7 cm/s)


Drenagem de gases

CO2 e CH4 contribuem para o agravamento do efeito


estufa, eles precisam ser drenados e tratados
adequadamente.

Estima-se uma geração de 370 a 400 Nm3 de biogás, por


tonelada de matéria seca digerida dos resíduos sólidos.

Esses valores têm sido freqüentemente utilizados em


projetos de aterros brasileiros.
Drenagem de gases

Vazão volumétrica expressa em m³/h não informa qual a


“quantidade” (ou massa) de gás está sendo
movimentada.

Para que a informação seja completa, a vazão em m³/h


deve vir acompanhada da pressão e da temperatura do
gás.
Para facilitar a comparação entre vazões de gases, foi
convencionado uma condição padrão (“Normal“).
A vazão volumétrica medida nessa condição “Normal” é
expressa em Nm³/h.
Drenagem de gases

A condição padrão normalmente utilizada é:


■1,013 bar de pressão (1 atm)
■0 graus centígrados de temperatura
■0% de umidade relativa

Para converter vazão de gás de m³/h para Nm³/h:

Nm³/h = m³/h . (Tp/Tr) . [Pr - (Pv.Rh)]/Pp


Drenagem de gases

Onde:

■Tp: Temperatura padrão em kelvin (273,15 K = 0 °C)


■Tr: Temperatura real do ar em kelvin
■Pp: Pressão padrão em bar absoluto (1,013 bar)
■Pr: Pressão real do ar em bar absoluto
■Pv: Pressão parcial de vapor em bar absoluto
■Rh: Umidade relativa local (%)
Drenagem de gases

Para o sistema de drenagem de gases de aterros, são


utilizados tanto drenos verticais quanto horizontais.

Os drenos verticais de gás são os mais utilizados e


sempre são interligados com os drenos horizontais de
lixiviados.

Os drenos verticais possuem diâmetros que variam de


50 cm a 100 cm, preenchidos com brita 3, 4 ou 5.

Aterros maiores e de maior altura podem possuir


drenos verticais de até 150 cm de diâmetro.
Drenagem de gases

A distribuição em planta dos drenos verticais de gases


é feita considerando-se um raio de influência, ou de
captação de biogás, de cada dreno, que pode variar
de 15m a 30 m.
Drenos para coleta do biogás
Drenos para coleta do biogás
Etapas de Geração do Biogás
Composição típica do Biogás
Drenagem de lixiviado

O lixiviado é um produto derivado da hidrólise dos


compostos orgânicos e da umidade do sistema.

Possui elevada carga orgânica, fontes de nitrogênio – como


a amônia –, metais pesados e grupos microbianos.

Lixiviados podem contaminar as águas subterrâneas e


superficiais, transmitir doenças ao homem, como a hepatite
A.
Drenagem de lixiviado
Cálculo da vazão de lixiviado gerado
Cálculo da área do dreno
Lixiviado
Tratamento de lixiviado
Exercício 3

Considere um aterro sanitário ainda em operação, com área útil


de 6 ha, recebendo cerca de 400 t/d de RSU. Suponha que o
aterro esteja localizado em um município onde a chuva média
anual é de 1.500mm/ano. Calcule:

a) vazão média de lixiviado gerado;


b) seção transversal do dreno de lixiviados (área e dimensões);
Exercício 4

Considere um aterro sanitário ainda em operação, com área útil


de 7 ha, recebendo cerca de 450 t/d de RSU. Suponha que o
aterro esteja localizado em um município onde a chuva média
anual é de 3.150mm/ano. Calcule:

a) vazão média de lixiviado gerado;


b) seção transversal do dreno de lixiviados
Cobertura final do aterro

Sc = 20 a 30 cm
Ac = 60 cm
Dc = 15 a 20 cm
Cobertura final do aterro

Alguns dos materiais alternativos para cobertura de


aterro sanitário são os lodos de estação de tratamento de
água (ETA) e de estações de tratamento de esgoto (ETE),
a areia de fundição e os entulhos da construção civil.

Porém, esses materiais alternativos devem ser


classificados como inertes.
Encerramento do aterro

Exemplos de profundidades de raízes são:

Gramíneas – 0,3 m ou mais para algumas espécies;

*Árvores com sistema radicular radial – 1 a 2 m;

*Árvores com sistema radicular axial ou pivotante –


até 4 m.

*Não recomendadas
Normas técnicas

NBR 10157/87 – Aterro de resíduos perigosos - Critérios para projeto,


construção e operação

NBR 12235/92 - Armazenamento de resíduos perigosos

NBR 13896/97 – Aterros de Resíduos não Perigosos – Critérios para


Projeto, Construção e Operação

NBR 15113/04 - Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes -


Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação

NBR 15849/10 - Aterros sanitários de pequeno porte – Diretrizes para


localização, projeto, implantação, operação e encerramento

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