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HIDROLOGIA – AULA 4

- PRECIPITAÇÃO
PRECIPITAÇÃO

Introdução
A precipitação é a descarga líquida ou sólida que se abate sobre a superfície
terrestre, resultante da condensação do vapor d’água atmosférico. A
precipitação pode ocorrer sob diversas formas como:

• Chuvisco
• Chuva
• Granizo
• Orvalho
• Geada
• Neve
PRECIPITAÇÃO

Introdução

Chuvisco (ou garoa) consiste em gotículas muito finas de água, com diâmetros
entre 0,1 e 0,5 mm, que se precipitam sobre a superfície com intensidades tão
baixas que às vezes parecem flutuar no ar atmosférico.

A Chuva é formada por gotas maiores, com diâmetros entre 0,5 e 5 mm, que se
precipitam com intensidades muito variáveis e dependentes do mecanismo de
ascensão das massas de ar úmido.
PRECIPITAÇÃO

Introdução

Algumas nuvens convectivas de desenvolvimento vertical podem produzir


Granizo, ou seja precipitação sob a forma de pedras de gelo de dimensões
variadas.
PRECIPITAÇÃO

Introdução

O resfriamento noturno pode provocar a condensação do vapor d’água nas


folhagens das plantas e em superfícies de objetos expostos ao ar, provocando
o que se chama de Orvalho.

Quando a temperatura é inferior a 0°C, o orvalho pode dar origem à Geada,


formando cristais de gelo nas superfícies expostas ao ar.

A Neve resulta da precipitação de cristais de gelo, os quais formam flocos de


dimensões e formas variadas. A ocorrência de neve no Brasil está limitada a
regiões pouco extensas do sul do país.
PRECIPITAÇÃO

Formação e tipos de precipitações


Para que a precipitação possa ocorrer é necessário, inicialmente, que algum
mecanismo faça o ar úmido resfriar-se até a temperatura de saturação de
vapor d’água. Convecção térmica, barreiras de relevo ou fenômenos frontais
podem ser esse mecanismo. Atingido o nível de saturação, o vapor d’água
começa a condensar-se propiciando a formação da nuvem, ou seja, um
aerossol constituído por ar, vapor d’água e gotículas de água (em estado
líquido ou sólido) de diâmetros entre 0,01 e 0,03 mm.

Esse aerossol permanece em suspensão devido à turbulência atmosférica e às


correntes de ar ascendente que se opõem à ação da gravidade. Para haver
precipitação, é preciso que as gotículas adquiram um volume tal que seu peso
supere as forças que as mantêm em suspensão.
PRECIPITAÇÃO

Formação e tipos de precipitações


O principal mecanismo de crescimento das gotas d’água é conhecido como
o da coalescência direta, segundo o qual o aumento de volume ocorre pela
colisão das gotículas em suspensão.

numa nuvem existem gotículas de maior tamanho cuja tendência é de


descender mais rapidamente (ou de ascender mais lentamente) do que as
gotículas menores. Esse fato, associado à intensa turbulência no interior da
nuvem, provoca a repetida colisão entre as gotículas, as quais coalescem para
formar gotas maiores com peso suficiente para se precipitarem.
PRECIPITAÇÃO

Formação e tipos de precipitações


PRECIPITAÇÃO

Formação e tipos de precipitações


As gotas de chuva podem atingir diâmetros de até 6 mm e velocidades de
queda de até 9,17 m/s (Linsley et al., 1975). A continuidade do processo de
crescimento das gotículas e a velocidade de realimentação das nuvens por
correntes ascendentes de ar úmido podem originar precipitações de
intensidades e durações muito variadas.

Conforme descrito na aula 2, as precipitações classificam-se em orográficas,


convectivas e frontais, de acordo com os mecanismos de ascensão das
massas de ar úmido que as produzem.
PRECIPITAÇÃO

Formação e tipos de precipitações


As precipitações orográficas (relevo) resultam do resfriamento de massas de ar
em expansão ao longo de uma encosta de uma serra, geralmente localizadas
sobre uma certa área e apresentam características variáveis de intensidade e
duração.
PRECIPITAÇÃO

Formação e tipos de precipitações


As precipitações convectivas resultantes da convecção térmica, são
geralmente de grande intensidade, de curta duração e restritas a pequenas
áreas. Em função dessas características, as precipitações convectivas podem
produzir enchentes em bacias de pequena área de drenagem.
PRECIPITAÇÃO

Formação e tipos de precipitações


Já as precipitações frontais apresentam maior duração e podem atingir
extensas áreas; suas intensidades, entretanto, são relativamente baixas ou
moderadas. Essas características fazem com que as precipitações frontais
estejam na origem das enchentes em bacias de grande área de drenagem.
PRECIPITAÇÃO

Pluviometria
A chuva que se abate sobre uma determinada área pode ser medida
pontualmente através de aparelhos denominados pluviômetros e pluviógrafos
e espacialmente através do radar meteorológico. O pluviômetro é um
recipiente metálico com volume capaz de conter as maiores precipitações
possíveis em um intervalo de 24 horas. Esse recipiente possui uma superfície
horizontal de captação da chuva tal que o total diário de precipitação possa
ser obtido por:

Onde;
• P é a altura diária de chuva em mm.
• V é o volume recolhido no recipiente em cm3.
• A é a área da superfície de captação em cm2.
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Pluviometria
Existem vários modelos de pluviômetros em uso no mundo, diferentes entre si
por meros detalhes construtivos. O modelo de uso mais difundido no Brasil é o
pluviômetro “Ville de Paris”, esquematicamente desenhado na figura a seguir:
PRECIPITAÇÃO

Pluviometria
Esse pluviômetro possui uma área de 400 cm2 para a captação da
chuva e é instalado geralmente a 1,5 m do solo. O volume de
chuva, acumulado entre as 7 horas de um dia e as 7 horas do dia
seguinte, é retirado pela torneira da parte inferior do pluviômetro e,
em seguida, é transformado em altura diária de precipitação (mm),
através de provetas especificamente graduadas para a superfície
de 400 cm2; a graduação das provetas decorre da equação
apresentada anteriormente.
Existem provetas com capacidades máximas de 7 e 25 mm, ambas
com graduação de 0,2 mm e precisão de 0,1 mm. A grande
limitação do pluviômetro é a de não poder individualizar
precipitações de duração inferior a 24 horas.
PRECIPITAÇÃO

Pluviometria
Essa limitação, inerente ao pluviômetro, é
contornada pela utilização de outro aparelho,
chamado pluviógrafo.

Tal como o pluviômetro, esse aparelho possui


uma superfície que capta os volumes
precipitados e os acumula em um recipiente,
Diferentemente do pluviômetro, o pluviógrafo
permite o registro contínuo das variações da
precipitação ao longo do dia. Existem vários
tipos de pluviógrafos, os quais diferem entre si
pelos seus detalhes de construção.
PRECIPITAÇÃO

Pluviometria
O gráfico da variação da chuva ao longo do
dia é denominado pluviograma; o impresso
apropriado a esse gráfico deve ser substituído
pelo operador da estação pluviográfica, às 7
horas da manhã de cada dia.

Recomendação de pesquisa: Funcionamento


do pluviógrafo.
PRECIPITAÇÃO

Pluviometria
Figura a seguir mostra o pluviograma registrado pelo pluviógrafo do tipo massa
da estação pluviográfica “Usina Biogás”, localizada na região metropolitana
de Belo Horizonte.
PRECIPITAÇÃO

Pluviometria
As grandezas características de um evento chuvoso são:

• a altura pluviométrica ou altura de chuva P, a qual representa a espessura


média (em mm) de uma lâmina d’água distribuída por sobre a área
atingida pela precipitação;
• a duração t que representa o intervalo de tempo (em min ou horas),
decorrido entre o início e o fim da precipitação; e
• a intensidade i que é a altura de chuva por unidade de tempo, geralmente
expressa em mm/h. A intensidade apresenta variabilidade temporal ao
longo da duração da precipitação.
PRECIPITAÇÃO

Pluviometria
Recomenda-se que os pluviômetros e os pluviógrafos sejam instalados a uma
certa distância de obstáculos passíveis de exercer influência sobre as
observações, tais como árvores e casas. As medições das chuvas através de
pluviômetros e pluviógrafos podem apresentar erros devidos a diversos fatores,
dentre esses se citam:

• Defeitos de fabricação
• Evaporação da água recolhida
• Falhas mecânicas
• Operação incorreta
• Ação dos ventos.
PRECIPITAÇÃO

Pluviometria
Os pluviômetros e pluviógrafos são utilizados para a quantificação da
precipitação em um determinado ponto. Com a finalidade de se medir a
intensidade variável da precipitação ao longo de uma determinada área, tem
sido utilizado o radar meteorológico.

O princípio do radar consiste na emissão de energia eletromagnética e


posterior captação de seu eco, provocada pela reflexão parcial por algum
objeto situado ao longo do raio de alcance do aparelho. No caso do radar
meteorológico, a refletividade do eco é uma medida da intensidade da
precipitação.
PRECIPITAÇÃO

Pluviometria
Como a distância do aparelho até a área de
precipitação pode ser medida pelo tempo entre a
emissão e a reflexão, o radar meteorológico permite
quantificar a variação espacial da intensidade da
chuva em cada instante, dentro de um raio usual de
180 km.

Fatores como o tipo e a distância da precipitação, a


presença de partículas na atmosfera e a
interferência de prédios e árvores podem afetar
significativamente as medidas pluviométricas com
radar meteorológico (Singh, 1992).
PRECIPITAÇÃO

Análise de dados pluviométricos


Os dados de uma estação pluviométrica são publicados geralmente sob a
forma de uma folha-resumo de totais diários para cada ano de observação.
Essa folha-resumo também apresenta as alturas pluviométricas mensais e
anual. As séries pluviométricas assim constituídas podem, entretanto, conter
períodos sem informações ou com observações incorretas devidas a
problemas de operação ou com os aparelhos de registro.

Algumas técnicas simples, como as descritas a seguir, podem ser usadas para
preencher períodos com falhas nas observações ou para detectar e corrigir
erros sistemáticos eventualmente presentes em séries pluviométricas.
PRECIPITAÇÃO

Análise de dados pluviométricos - Preenchimento de Falhas

A técnica aqui descrita é conhecida como a da ponderação regional, sendo muito


utilizada para o preenchimento de falhas de dados mensais e anuais. Suponha que a
estação X possua falhas mensais (ou anuais) e que esteja próxima a três outras estações
A, B e C, essas com período ininterrupto de observações. A falha para um determinado
mês (ou ano), denotada por PX, pode ser preenchida através da seguinte equação:

Onde;
N - representa a média pluviométrica anual de longo período, calculada para cada estação .
P - denota a altura pluviométrica, observada em cada local, naquele mês (ou ano) específico.
PRECIPITAÇÃO

Análise de dados pluviométricos - Preenchimento de Falhas

Uma estação pluviométrica X deixou de operar durante alguns dias de um mês, quando
houve forte chuva. As alturas pluviométricas nesse mês, em três estações vizinhas – A, B e C –
foram de 106 mm, 88 mm, e 122mm, respectivamente. Nesse caso, sabendo que as alturas
pluviométricas normais anuais nas estações A, B, C e X são de 978 mm, 1.120 mm, 934 mm e
1199 mm, calcule a altura pluviométrica mensal no mês com falha, na estação X .

𝟏 𝟏𝟏𝟗𝟗 𝟏𝟏𝟗𝟗 𝟏𝟏𝟗𝟗


= ( x 106) + ( x 88) + ( x 122)
𝟑 𝟗𝟕𝟖 𝟏𝟏𝟐𝟎 𝟗𝟑𝟒

Px = 126,9 mm
Onde;
N - representa a média pluviométrica anual de longo período, calculada para cada estação .
P - denota a altura pluviométrica, observada em cada local, naquele mês (ou ano) específico.
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Análise de Consistência de Séries Pluviométricas


A eventual alteração da localização de uma estação pluviométrica, ou a
mudança do vento local provocada pelo crescimento de árvores ou pela
construção de prédios próximos, ou o uso inadvertido de provetas
inadequadas à superfície de captação do pluviômetro, ou mesmo horários e
padrões diferentes de tomada das observações podem introduzir os
chamados erros sistemáticos em uma série pluviométrica. Esses erros podem ser
identificados e corrigidos através de uma técnica simples de consistência de
séries pluviométricas, conhecida como curva de dupla acumulação.

O funcionamento desta técnica não será abordada aqui, porém fica o registro
de sua existência e importância.
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Variações da Precipitações
As precipitações médias anuais no Brasil variam entre cerca de 450 mm na
região nordeste a 3500 mm em algumas regiões da Amazônia. Na região
sudeste, as precipitações médias anuais situam-se entre 1000 e 2000 mm, com
valores superiores a 2000 mm ao longo da orla litorânea.
PRECIPITAÇÃO

Variações da Precipitações
O regime pluviométrico anual é diferente nas várias regiões do país.

Na região sul, as precipitações mensais variam pouco ao longo do ano, não


permitindo a caracterização de épocas mais ou menos chuvosas. A região
norte, embora sujeita a totais elevados de precipitação ao longo de todo o
ano, tem a sua época mais chuvosa entre os meses de março e maio e sua
época menos chuvosa entre setembro e novembro. No nordeste brasileiro, a
época mais chuvosa situa-se entre os meses de maio e julho, enquanto a
época seca ocorre entre setembro e novembro. Nas regiões sudeste e centro-
oeste, as precipitações concentram-se entre outubro e março e são muito
escassas durante os meses de inverno.
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Precipitação Média Espacial


A altura média de precipitação sobre uma determinada área ou bacia, decorrente de
uma chuva isolada ou em intervalos mensais ou anuais, é um requisito importante em
diversos problemas de engenharia hidrológica. O método mais simples de obtenção da
precipitação média espacial consiste no cálculo da média aritmética das precipitações
observadas nas estações existentes na área.

Esse método produz resultados satisfatórios em bacias de declividade muito pequena,


nas quais as estações pluviométricas encontram-se uniformemente espaçadas.
PRECIPITAÇÃO

Precipitação Média Espacial


PRECIPITAÇÃO

EXERCÍCIO – Calcule a precipitação média na bacia hidrográfica utilizando o


método da média aritmética:

OBS: Valores em mm
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Precipitação Média Espacial


Outro método é o de Thiessen, recomendado para regiões relativamente planas, onde as
estações não se encontram uniformemente espaçadas. A essência do método de
Thiessen é atribuir um fator de ponderação a cada estação pluviométrica, em função de
sua suposta área de influência. As etapas sequenciais desse método são as seguintes:

• localizar as estações em um mapa da bacia e conectá-las mediante segmentos de reta;


• traçar a mediatriz de cada segmento de reta definindo polígonos em torno de cada estação,
cujos lados definem a sua respectiva área de influência;
• calcular o fator de ponderação de cada estação, dividindo a área formada pelo polígono
correspondente (dentro dos limites da área em questão) pela área total;
• calcular a precipitação média espacial através da média ponderada das precipitações em
cada estação, usando os fatores anteriormente calculados.
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Precipitação Média Espacial


PRECIPITAÇÃO

Precipitação Média Espacial


O método das isoietas, exemplificado na figura a seguir, permite considerar
indiretamente os efeitos da topografia e outras influências subjetivas sobre a
hidrometeorologia da região ou bacia.

Esse método consiste essencialmente no traçado de linhas de igual


precipitação, chamadas isoietas, a partir das observações pontuais. Em
seguida, as áreas entre isoietas adjacentes são obtidas por planimetria e
expressas em porcentagem da área total. Os incrementos percentuais são
então multiplicados pela altura média de chuva estimada para a região entre
as isoietas sucessivas correspondentes. A soma desses produtos fornece a
precipitação média sobre a bacia.
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Precipitação Média Espacial


PRECIPITAÇÃO

EXERCÍCIO – Calcule a precipitação média na bacia hidrográfica utilizando o


método das isoietas:
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EXERCÍCIO – Calcule a precipitação média na bacia hidrográfica utilizando o


método das isoietas:
Obrigado pela atenção

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