Você está na página 1de 72

UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA E OBRAS DE


TERRA

ROBERTO HENRIQUE GUIMARÃES TEIXEIRA

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE SOLUÇÕES PARA


ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO.

MONOGRAFIA

São Luís
2020

1
ROBERTO HENRIQUE GUIMARÃES TEIXEIRA

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE SOLUÇÕES PARA


ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO.

Monografia apresentada ao curso de Pós-


Graduação em Geotecnia e Obras de Terra da
Universidade de Paulista – UNIP, como requisito
para obtenção do título de Especialista em
Geotecnia e obras de Terra .

Orientador: Prof. Dr. Marcos Porto.

São Luís
2020

2
ROBERTO HENRIQUE GUIMARÃES TEIXEIRA

ANÁLISE DA VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DE SOLUÇÕES PARA


ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO.

Monografia apresentada ao curso de Pós-Graduação em


Geotecnia e Obras de Terra. Da Universidade Paulista de
São Paulo, para obtenção do grau de Especialista em
Geotecnia e Obras de Terra.

Aprovado em: / /

Área de concentração:
Data da apresentação:

Resultado:______________________

BANCA EXAMINADORA

Prof.Dr.Marcos Porto
Doutor em Engenharia Geotécnica
Universidade Paulista _____________________________________

3
A Deus, por ter me concedido a oportunidade de
vivenciar momentos tão especiais em minha vida.

4
AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo dom da vida.


Aos meus pais, por terem tido a sabedoria de me conduzir por caminhos não
tortuosos.
À minha família, por ter suportado e compreendido a minha ausência durante o
transcorrer dessa trajetória.

5
RESUMO

Neste trabalho foi realizado estudo de caso em uma obra inicialmente projetada para
implementação em terreno cercado por taludes naturais, mas após algumas
verificações relativas à implantação do prédio no terreno, foram observadas
impossibilidades do uso de espaços destinados aos pátios de circulação interna e
estacionamentos,resultado da necessidade do uso de grandes áreas
pelos respectivos taludes.Em face desses problemas, impôs-se o uso das estruturas
de contenção dos maciços contíguos, e, como tais estruturas representam parte
significativa do custo global de uma obra, fez-se necessária a análise de duas ou
mais soluções para fundamentar a escolha daquela que se apresentava como a
mais viável sob os pontos de vista técnico e econômico, a fim de evitar que os
custos da obra fossem excessivamente onerados, o que poderia conduzir à
inviabilidade do empreendimento.
Definidos os parâmetros do solo(densidade, granulometria e resistência) e a
geometria dos cortes, foram dimensionadas as estruturas de contenção previamente
estabelecidas, sendo determinada desta forma, a mais viável técnica e
economicamente em função das alturas de corte apresentadas ao entorno da obra
em questão, cuja variação compreendia-se entre 2,0m a 6,5 m.

Palavras chave: estruturas de contenção; viabilidade técnico-econômica.

6
ABSTRACT

This work is a case study of a construction initially planned to be implemented on a terrain


surrounded by natural slopes. However, one further analysis regarding the execution of the
building on the terrain showed that the permanence of the slopes would make the use of the
areas intended for circulation courtyards and parking spaces unfeasible, due to the
considerable areas occupied by them. The existence of such problem made the use of
retaining structures necessary to prevent the surrounding land from collapsing. As such
structures stand for a significant share of the global costs of the project implementation, a
thoroughly analysis of the available solutions was vital to justify both technically and
economically the choices made, in order to avoid an excessive cost increase that could lead
to a non-possible execution.
Once defined the parameters of the soil (density, granulometry and resistance) and the
geometry of the cuts to be performed in the slopes, the previously established retaining
structures were dimensioned and thus determined the most viable - both technically and
economically-, considering the heights of cut of the surrounding land – which varied from 2,0
m to 6,5m.

Key-words: retaining structures; technical-economical viability

7
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 10
2.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................... 10
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 10
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 10
3.1 TIPOS DECONTENÇÕES .............................................................................. 10
3.1.1Muros de arrimo por gravidade
3.1.2Muros de arrimo por flexão................................................................ 11
3.1.3 Paredes diafragma com Cortinas de estacas moldadas in loco ............... 12
3.1.4 Solo Grampeado e Cortina atirantada
3.1.5 Cortinas de estacas prancha
3.1.6 Cortinas de estacas justapostas moldadas no local

4.MÉTODO DE ANÁLISE
4.1 TEORIADE COULOMB .................................................................................. 15
4.2 EQUILÍBRIO ATIVO E PASSIVO DE MACIÇOS DE SOLO ........................... 17
4.3 TENSÕES NO ESTADO ATIVO ................................................................ 19
4.4 TENSÕES NO ESTADO PASSIVO............................................................. 21
4.5 INFLUÊNCIA DA COESÃO ........................................................................ 22
4.6 EMPUXO ATIVO E EMPUXO PASSIVO..................................................... 22
4.6.1 Solos Granulares ........................................................................... 22
4.6.2 Solos Coesivos ............................................................................. 24
5 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 25
5.1MURO DE ARRIMO DE GRAVIDADE
5.1.1DIMENSIONAMENTO
5.2 CORTINA DE ESTACACAS JUSTAPOSTAS MOLDADAS NO LOCAL ......... 27
5.2.1 DIMENSIONAMENTO
5.3 SOLO GRAMPEADO
5.3.1 DIMENSIONAMENTO
5.4 ESTUDO DE CASO ........................................................................................ 32
6 DISCUSSÃO ..................................................................................................... 40
7 CONCLUSÃO ................................................................................................... 42
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 43

8
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Cortinas executadas na obra ..................................................................... 13


Figura 2: Resistência ao cisalhamento do solo em função da coesão e do ângulo de
atrito .......................................................................................................................... 15
Figura3:Função ......................................................................................................... 15
Figura 4: Círculo de Mohr .......................................................................................... 16
Figura 5: Atuação das tensões verticais e horizontais sobre um ponto em repouso.17
Figura 6: Estados de ruptura ativo e passivo ............................................................ 18
Figura 7: Círculos de Mohr para os estados de repouso, ativo e passivo ................. 18
Figura 8: Distribuição de tensões .............................................................................. 19
Figura 9: Distribuição das tensões para solos granulares ......................................... 20
Figura 10:Diagrama de tensões para os estados ativo e passivo e força resultante
....................................................................................................................................24
Figura 11: Diagrama de tensões para os estados ativo e passivo com ação de
sobrecarga na superfície em solos granulares .......................................................... 24
Figura 12: Diagrama de tensões para os estados ativo e passivo para solos coesivos
...................................................................................................................................25
Figura 13: Diagrama de tensões para os estados ativo e passivo com ação de
sobrecarga na superfície para solos coesivos .......................................................... 26

Figura 14: Corte esquemático de carregamento do muro de arrimo ......................... 27


Figura 15: Ações e resultantes atuantes sobre o muro de arrimo ............................. 27
Figura 16: Seção transversal do muro de arrimo ...................................................... 35
Figura 17: Vista frontal do muro de arrimo ................................................................ 35
Figura 18: Perfil do terreno pelo ensaio de SPT........................................................ 36
Figura 19: Seção transversal do muro de arrimo ...................................................... 40
Figura 20: Corte esquemático de carregamento da cortina ...................................... 39
Figura 21: Ações e resultantes atuantes sobre a estaca........................................... 39
Figura 22: Diagrama de Esforços da cortina ............................................................. 41
Figura 23: Perfil do terreno pelo ensaio de SPT........................................................ 44
Figura 24: Subsídios técnicos oriundos dos ensaios de SPT .................................... 35
Figura 26: Planta baixa do muro de arrimo e da cortina dimensionados................... 55
Figura 27: Vista frontal de uma estaca da cortina dimensionada .............................. 55
Figura 28: Seção transversal da estaca .................................................................... 56

Figura 29: Corte esquemático de carregamento da contenção de solo grampeado . 57


Figura 30: Ações e resultantes atuantes sobre a contenção de solo grampeado ..... 57
Figura 31: Detalhes dos grampos em solo grampeado ............................................. 59
Figura 32: Perfil do terreno pelo ensaio de SPT........................................................ 60
Figura 33: Perfil do terreno pelo ensaio de SPT........................................................ 62
Figura 34: Planta baixa do muro de arrimo e da cortina dimensionados................... 63

9
LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Distribuição das tensões na base do muro de arrimo ............................... 34

Tabela 2: Tabela de aços para concreto armado.......................................................54

10
1 INTRODUÇÃO

Com a necessidade premente de cada vez mais atingir-se uma melhor


otimização no tocante a áreas máximas construídas em um determinado terreno,
resultou de maneira inexorável em um uso bastante crescente das estruturas de
contenção, haja vista ter-se que utilizar áreas localizadas abaixo da linha de terra, ou
seja, lançando-se mão dos subsolos simples , duplos etcetera, com execução de
grandes cortes em relação aos terrenos contíguos.
Segundo Negro e Ranzini(1998), contenção é todo elemento ou estrutura
destinada a contrapor-se a empuxos ou tensões geradas em um maciço cuja
condição de equilíbrio foi alterada por algum tipo de escavação,corte ou aterro.
Como estes cortes em terrenos contíguos são executados na grande maioria
dos casos na vertical, o maciço de solo sofre um desequilíbrio, e
conseqüentemente,necessitará da inserção de uma estrutura de contenção.Esta
contenção será feita pela introdução de uma estrutura ou de elementos estruturais
compostos, que apresentam rigidez distinta do terreno que conterá(Medeiros,
A.G.B., 2005.).
Na engenharia civil, apresentam-se diversas soluções para a determinação
das estruturas de contenção mais apropriadas, e sabe-se que esta determinação é
feita primordialmente em função do tipo de maciço de solo a ser contido, pois,
somente com todas as informações tais como, as características e propriedades
físico-mecânicas do maciço em questão e sobre a existência de lençol freático, é
que se pode determinar de forma segura a melhor metodologia de análise, o
dimensionamento e finalmente o projeto dos elementos de contenção a serem
utilizados.

11
2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analise da viabilidade técnica e econômica de soluções para estruturas de


contenção de maciço de solos .

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

O trabalho possui os seguintes objetivos específicos:


Dimensionar e orçar a execução de cada uma das soluções analisadas para
permitir a análise comparativa;
Mostrar as vantagens e desvantagens do uso da cada tipo
de contenção analisado.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Estruturas de contenção são estruturas projetadas para resistir a


empuxos de terra e/ou água ,cargas estruturais e quaisquer outros esforços
induzidos por estruturas vizinhas ou equipamentos adjacentes ( Joppert Jr.
2007)

3.1 TIPOS DE CONTENÇÕES

Apresentamos abaixo a descrição de alguns tipos de contenção para a


escavação de subsolos.

3.1.1 Muro de arrimo de gravidade.

Muros de arrimo de gravidade ou de peso são estruturas de contenção que


através da combinação do seu peso próprio e dos esforços resultantes na base ,
reagem aos empuxos garantindo dessa forma a estabilidade. Os muros de arrimo
por gravidade são as estruturas de contenção mais simples e mais econômicas, e
das mais fáceis de serem executadas, entretanto apresentam como desvantagem a

12
ocupação de uma área considerável e o risco de de estabilidade às construções
contíguas, quando da sua execução ,na fase da implantação dos cortes.

3.1.2 Muro de arrimo por flexão

Muros de arrimo por flexão são estruturas constituídas por concreto armado
para resistirem os esforços de flexão provocados por empuxos.Em geral tornam-se
estruturas de contenção anti-econômicas quando são executadas para contenção de
cortes acima dos sete metros.

3.1.3 Paredes diafragma

É um tipo de contenção muito indicado quando há a necessidade de


ultrapassar-se o nível do lençol freático,,pois absorve o empuxo do solo e o empuxo
hidrostático com maior desempenho. Esse tipo de contenção não apresenta
restrições e pode ser opção em qualquer tipo de obra.As paredes diafragmas são
utilizadas nas escavações quando se pretende alcançar grandes profundidades e
geralmente abaixo do lençol freático e com certa agilidade executiva,pois,propicia-se
uma execução com muita rapidez comparada com outros tipos de contenção.É
constituída por uma parede de concreto armado ou de aço, escavada com o auxílio
de um equipamento chamado de clamshell , que funciona como uma parede de
contenção.Entretanto apresenta como desvantagens um custo relativamente alto
quando comparado com outras contenções, além do fato do equipamento utilizado
para execução ser de grande porte,portanto, não cabendo em qualquer terreno, e
também produz muito barro como resíduo, pois utiliza um fluído estabilizante no
decorrer da execução da obra.

3.1.4 Solo Grampeado e Cortina atirantada

Solo grampeado e Cortina atirantada são estruturas de contenção


constituídas por lajes de concreto armado presas por tirantes protendidos,
ancorados profundamente no maciço, e que se caracterizam por serem
autoportantes,ou seja, não dependem de nenhum outro apoio, e dessa forma
contém os maciços instáveis, quer sejam naturais ou provenientes de corte ou
13
aterro.Este tipo de contenção usa equipamentos de pequeno porte e de muita
versatilidade e com uma metodologia de execução relativamente simples o que a
torna uma solução viável e sem restrição de aplicabilidade, mesmo em locais de
difícil acesso e para qualquer tipo de solo. Apresenta como desvantagens um alto
custo de execução,os chumbadores,grampos ou tirantes invadem os terrenos
vizinhos,podendo atingir fundações de edificações já edificadas causando sérios
danos e também apresentam uma certa demora na execução da obra.

3.1.5 Cortinas de estacas prancha

Esta contenção é constituída por estacas de aço, concreto ou


madeira,cravados lado a lado, e portando engates laterais de modo que possam
encaixar-se lateralmente para formarem uma cortina contínua de
contenção.Apresentam um custo médio e rápida execução, porém apresentam muita
dificuldade quando são cravadas em solos duros.

3.1.6 Cortinas de estacas justapostas moldadas no local

A construção de contenções através de estacas de concreto moldadas in loco


justapostas é uma solução bastante simples e econômica (MOTA,2008)
Este tipo de contenção é constituído por estacas de concreto armado
justapostas que resistem ao empuxo gerado pelo maciço em decorrência de estarem
engastadas no solo. Apresenta-se , portanto como uma estrutura engastada no solo
em balanço,precisando de um embutimento mínimo para que se obtenha o equilíbrio
da parede.Este embutimento mínimo no solo é denominado de "ficha".Tem-se como
vantagem neste tipo de contenção um baixo custo, pois utiliza-se equipamentos
leves e simples para a efetivação das perfurações e mão-de-obra pouco
especializada e bastante disponível,tornando-se assim extremamente viável
econômicamente..

14
3.2 ESTRUTURA DE CONTENÇÃO COM A ALTERNÂNCIA DO MURO DE GRAVIDADE E
CORTINA DE ESTACAS JUSTAPOSTAS EM BALANÇO

Figura 1: Contenção em muro de gravidade e cortina de estacas moldadas no


local
Fonte: do AUTOR, São Luís-MA, 2018.

15
4 MÉTODO DE ANÁLISE

4.1 EMPUXOS DE TERRA

Segundo Moliterno (1994), chama-se empuxo de terra ao esforço exercido


pela terra contra uma estrutura de contenção. O empuxo de terra pode ser ativo ou
passivo. É considerado passivo quando atuar da estrutura contra a terra, como nos
casos de escoramentos de valas e galerias. O empuxo ativo por sua vez, designa-se
pela resultante da pressão da terra contra a estrutura. O empuxo ativo é causado
principalmente por cortes no terreno e aterros.

4.2 TEORIA DECOULOMB

A teoria de Coulomb estabelece algumas condições para o cálculo de


empuxos: solo é isotrópico e homogêneo e possui ângulo de atrito; a superfície de
ruptura é plana; as forças de atrito são distribuídas uniformemente ao longo da
superfície de ruptura; a cunha de ruptura é um corpo rígido; a ruptura é um problema
bidimensional, considerando uma unidade de comprimento de um corpo
infinitamente longo, e principalmente a consideração do ângulo de atrito no contato
solo-estrutura (MOTA,2008).
O critério de Coulomb sobre a resistência dos solos, aceito universalmente,
afirma que ocorre ruptura em um ponto de um maciço de terra quando, neste ponto,
a tensão de cisalhamento (τ’) iguala-se a resistência ao cisalhamento (τ) que é dada
por:

𝜏 = 𝑐 + 𝜎 . tan 𝜑 (01)

16
Figura 2: Resistência ao cisalhamento do solo em função da coesão e do ângulo de atrito

Onde:
: coesão do solo;
Tensão normal sobre o plano de ruptura;
: ângulo de atrito interno do solo.

A expressão (1) estabelece que a resistência ao cisalhamento é composta de


duas parcelas: a primeira é devido à coesão, que corresponde ao efeito de uma
tensão normal natural entre os grãos, e a segunda é devido ao atrito entre as
partículas, aumentando com a tensão normal que é aplicada sobre o plano de
ruptura.
O gráfico da Figura 3 abaixo representa a função (𝜏 𝑥 𝜎) é uma reta cuja
ordenada na origem corresponde à coesão e a inclinação ao ângulo de atrito.

Figura 3: Função

Para um solo submetido a um estado duplo de tensão ocorrerá ruptura em um


ponto quando o círculo de Mohr referente ao estado de tensões naquele ponto tocar
a reta de Coulomb, conforme a Figura 4 . Neste caso, em algum plano

17
passando pelo ponto, a tensão de cisalhamento igualou-se à resistência ao
cisalhamento.

Figura 4: Círculo de Mohr

Onde:
σ1= Tensão principal maior
σ3= Tensão principal menor

É fundamental a relação entre as duas tensões principais em um ponto para


que ocorra ruptura, que pode ser descrita pelas equações a seguir:

𝜎 = 𝜎 . 𝑁𝜑 + 2𝑐 𝑁𝜑 (02)

onde: = 𝑡𝑔 (45° + )
𝑁𝜑 = (03)

Particularmente, para o caso de compressão simples,𝜎 = 0 , tem-se:


𝜑
𝜎 = 𝑅 = 2. 𝑐. tan (45° + )
2

4.3 EQUILÍBRIO ATIVO E PASSIVO DE MACIÇOS DE SOLO

Considerando-se um ponto dentro de um maciço de terra em repouso, neste


ponto atuarão uma tensão vertical σv e uma tensão horizontal σh, como pode ser
observado na Figura 5 .

18
Figura 5: Atuação das tensões verticais e horizontais sobre um ponto em repouso

A relação entre as duas tensões pode ser estabelecida pelo coeficiente K0


(coeficiente de empuxo em repouso), conforme a equação 05.
𝐾 = (05)

Em se tratando de um estado de repouso, o círculo de Mohr referente a este


estado de tensão não tocará a reta de Coulomb.
Admitindo-se então uma parede vertical passando por este ponto, dois
estados de ruptura poderão ocorrer com o deslocamento da parede, como pode ser
observado na Figura 6 a seguir. Quando houver um deslocamento da parede para a
esquerda ocorrerá um alívio das tensões horizontais. Este alívio provocará um
aumento do raio do círculo de Mohr até que este (II) toque a reta de Coulomb,
ocorrendo então ruptura do solo. Quando este deslocamento da parede for para a
direita, ocorrerá um aumento das tensões horizontais. Inicialmente este aumento faz
com que o raio do círculo de Mohr diminua até a tensão horizontal igualar-se a
vertical. Continuando o movimento da parede, o raio do círculo de Mohr aumenta até
o círculo (III) tocar a reta de Coulomb, ocorrendo a ruptura do solo.
O primeiro estado de ruptura é chamado de Estado Ativo, pois se trata de
uma ação do solo sobre a estrutura. As tensões horizontais neste caso serão
designadas por σa.
O segundo caso, por sua vez, é denominado de Estado Passivo, pois se trata
de uma reação do solo ao movimento da estrutura. As tensões horizontais neste
caso serão designadas por σp.

19
Figura 6: Estados de ruptura ativo e passivo

Os círculos de Mohr referente a cada situação é apresentado pela Figura 7 a


seguir.

Figura 7: Círculos de Mohr para os estados de repouso, ativo e passivo.

Nota-se que sempre se terá σa< σh< σv< σp.

4.4 TENSÕES NO ESTADO ATIVO

Verifica-se no círculo de Morh (II) que o plano horizontal, onde atua σv, e o
plano vertical onde atua σa, são planos principais. A tensão principal σ1 é igual a σv,
que no caso da superfície do terreno ser horizontal é dada por:
𝜎 = 𝜎 = 𝛾. 𝑧 (06)

Onde:
γ: peso específico do solo.
A tensão principal menor σ3 será igual a σa.
Substituindo σ1 e σ3 na expressão (02) tem-se as tensões ativas em função
20
da tensãovertical.

𝜎 = 𝐾 . (𝛾. 𝑍 − 𝑅 )(07)

Onde Ka é chamado de coeficiente de empuxo ativo, dado por:

𝐾 = 𝑡𝑎𝑛 . 45° − = (1 − 𝑠𝑒𝑛𝜑)/(1 + 𝑠𝑒𝑛𝜑) (08)

Rs é a resistência a compressão simples dada pela expressão 04.


A distribuição de tensões é linear com a variação da altura. Se a resistência a
compressão simples é uma constante com a altura, existe uma faixa do terreno,
próxima a superfície, de altura z0, onde as tensões são negativas, ou seja, de tração.
Como o solo não possui resistência a tração, nesta região forma-se fendas de
tração, como pode ser observado na Figura8.

Figura 8: Distribuição de tensões

𝑧 = = . 𝑡𝑎𝑛 45° + (09)

Para solos granulares, sem coesão, a distribuição de tensões é triangular,


conforme a Figura 9, e a tensão σa em um determinado ponto é dada pela equação
10.

21
Figura 9: distribuição das tensões para solos granulares

𝜎 = 𝐾 . 𝛾. 𝑧 = 𝑡𝑎𝑛 45° − . 𝛾. 𝑧 (10)

4.5 TENSÕES NO ESTADO PASSIVO

22
Analogamente ao estado ativo, temos o círculo de Mohr (III), da Figura 07,
onde:
𝜎 =𝜎
𝜎 = 𝛾. 𝑧 (11)

Substituindo-se estes valores na expressão (02) tem-se:

𝜎 = 𝐾 . 𝛾. 𝑧 + 𝑅 (12)

Onde Kp é denominado de coeficiente de empuxo passivo e é dado por:

𝐾 = 𝑡𝑎𝑛 45° + (13)

Verifica-se que Kp é recíproco de Ka, ou seja:

1
𝐾 =
𝐾

23
No caso de solos granulares tem-se:

𝜎 = 𝐾 . 𝛾. 𝑧 = 𝑡𝑎𝑛 45° + (15)

4.6 INFLUÊNCIA DA COESÃO

24
Segundo Pereira (1984), a coesão atua sempre no sentido de diminuir as
tensões ativas e aumentar as tensões passivas. As tensões ativas significam ações
e as passivas significam resistências, a influência da coesão será sempre favorável,
pois diminui as ações e aumenta as resistências.
A coesão é de difícil determinação experimental e com grande variabilidade,
diferente do ângulo de atrito. Devido a este fato preferiu-se trabalhar com a
resistência a compressão simples que é um parâmetro de fácil determinação e que
engloba a coesão e o ângulo de atrito.

4.7 EMPUXO ATIVO E EMPUXO PASSIVO

Chama-se empuxo a força resultante, por unidade de comprimento, das


ações do solo sobre a estrutura de contenção. De acordo com a teoria de Rankine,
tal força pode ser obtida tomando-se a área do diagrama de tensões horizontais.

4.7.1 Solos Granulares

No caso de solos granulares, o diagrama de tensões é triangular. Sendo


assim,a obtenção da resultante e o ponto de aplicação, no caso ativo e passivo é
imediata, conforme pode-se observar na figura 10.

25
Figura 10: Diagrama de tensões para os estados ativo e passivo e força resultante

𝐸 = 𝑘 . 𝛾. (16)

𝐸 = 𝑘 . 𝛾. (17)

Quando o terreno apresentar uma sobrecarga uniformemente distribuída na


superfície de valor q, as tensões verticais sofrem um aumento de valor de q,, e as
tensões ativas e passivas, por consequência, sofrerão um aumento
Ka*q e Kp* q respectivamente.

Figura 11: Diagrama de tensões para os estados ativo e passivo com ação de sobrecarga na
superfície em solos granulares

𝐸 = 𝐾 . 𝑞. 𝐻 + 𝛾. . 𝑘 (18)

𝐸 = 𝐾 . 𝑞. 𝐻 + 𝛾. . 𝑘 (19)

4.7.2 Solos Coesivos

Quando o solo é coesivo o diagrama de pressões ativas sofre uma translação


para a esquerda da Ka.Rs e o de pressões passivas sofre uma translação para a
direita de Rs, conforme a Figura 12.
As forças resultantes podem ser obtidas tomando-se as áreas dos trapézios.

26
No caso de empuxo ativo, deve-se tomar um cuidado com as tensões
negativas, pois estas não têm como ser transmitidas à estrutura de contenção.
Deve-se então, desprezar a faixa de terreno de altura z0 a partir dasuperfície.

Figura 12: Diagrama de tensões para os estados ativo e passivo com ação de sobrecarga
na superfície em solos granulares

( )
𝐸 = 𝐾 .𝛾 (20)

𝐸 = 𝐾 . 𝛾. + 𝑅 .𝐻 (21)

No caso de atuação de sobrecarga na superfície do terreno, basta adotar-se o


mesmo procedimento utilizado para solos granulares, ou seja, desloca-se os
diagramas para a direita de Ka.q e Kp.q, conforme a Figura 13. Caso restarem
tensões negativas no caso ativo, as mesmas também devem ser desprezadas.

27
Figura 13: Diagrama de tensões para os estados ativo e passivo com ação de sobrecarga
na superfície para solos coesivos

Se Rs>q, tem-se:

𝑧′ = (22)

( . )
𝐸 = . (𝐻 − 𝑧 ) (23)

Por outro lado, se Rs<q, tem-se:

.
𝐸 = 𝐾 (𝑞 − 𝑅 ). 𝐻 + (24)

.
𝐸 = 𝑅 . 𝐻 + 𝐾 𝑞. 𝐻 + (25)

5 MATERIAIS E MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO

5.1MURO DE ARRIMO DE GRAVIDADE

CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO DO MURO DE ARRIMO


O cálculo dos muros de arrimo de gravidade devem obedecer rigorosamente à verificação da sua
estabilidade quanto ao seu equilíbrio estático e quanto ao seu equilíbrio elástico. Sendo assim, ao
serem projetados, deverá ser seguida a seguinte marcha:
- Fixação das dimensões:
Inicia-se com o lançamento de uma estrutura pré-dimensionada, com dimensões obtidas através de
critérios empíricos e com informações de projetos já executados.
- Verificação do conjunto:
Com as dimensões definidas calculam-se as cargas e verificam-se as condições de estabilidades em
relação ao terreno de fundação.
- Verificação das seções intermediárias:
Uma vez determinada a estabilidade do conjunto, parte-se para a verificação das seções
intermediárias do muro e da fundação.

5.1.1 EQUILÍBRIO ESTÁTICO


A mecânica preconiza que um sistema de forças coplanares, que atua sobre um corpo rígido, estará
em equilíbrio, quando forem satisfeitas as equações:

28
Figura 14: Corte esquemático de carregamento do muro de arrimo

①Σ N=0
②Σ T=0
As equações acima representam o equilíbrio de translação ou deslizamento.
③ΣM=0
Esta última representa o equilíbrio de rotação ou tombamento.

Para o uso simplificado destas equações, admite-se as seguintes restrições:

-1º O muro de arrimo por gravidade é um corpo rígido(indeformável);


-2º No plano ACB , junta do terreno, os esforços de compressão serão prevalecentes, sendo
desejável a ausência absoluta de esforços de tração.

-ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DE TRANSLAÇÃO-

Σ N=0. É necessário que N, componente normal de R, resultante das forças na seção considerada,
seja de compressão, e que o ponto C(centro de pressão)caia dentro da junta AB.

Σ T=0. Sendo T a componente tangencial da resultante R,já que não se pode contar com a
resistência ao cisalhamento, e nem mesmo com a aderência no solo,pois para isso ter-se-ia que ter
ensaios de cisalhamento “in situ”.Neste caso, a única força que deverá resistir a componente T é a
força de atrito exercida sobre o plano ACB:

Sendo Fa a força de atrito:


Fa =μ N
μ coeficiente de atrito:
Valores de μ:
Alvenaria/Alvenaria- μ = 0,75 a 0,70
Alvenaria ou concreto/solo- μ = {seco =0,55 a 0,50; saturado = 0,30
Alvenaria/concreto- μ = 0,55 .

Para haver equilíbrio, devemos ter-se-ia


Fa = T :: T = μ N ④

A expressão ④ representa a equação de equilíbrio limite. Para segurança Fa > T, daí termos que
adotar um coeficiente contra escorregamento ou deslizamento.
Portanto, devemos ter:

Ɛ1 T = μ N :: Ɛ1 T = μ N/T ⑤
Coeficiente de segurança contra escorregamento
Ɛ1 ≥ 1,5

Interpretação geométrica da equação ⑤

29
Pela figura tg ῳ = T/N
Pela ⑤ T/N= μ/Ɛ1; Portanto tg ῳ = μ/Ɛ1⑥
O coeficiente de atrito μ, pode ser expresso em função da tangente do ângulo de atrito entre os
materiais em contato. No presente caso, μ = tg ρ, sendo ρ, o ângulo de atrito. A expressão ⑥ fica:
tg ῳ = ρ/Ɛ1⑥, aproximadamente ῳ = ρ/Ɛ1.⑦
Finalmente , a expressão ⑦ , exprime a condição do equilíbrio de translação, isto é, que a resultante
E faça com a normal à junta ACB, um ângulo ῳ, Ɛ1 vezes inferior ao ângulo ρ de atrito entre os
materiais:
Valores de ρ;
alvenaria/alvenaria …. ρ = 35°
alvenaria ou concreto/solo =>{ Seco…. ρ = 28° ; Saturado …. ρ = 16°
Alvenaria/concreto …. ρ = 30 °
-ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DE ROTAÇÃO
A rotação do muro, como bloco indeformável, só pode se dar em torno do ponto A, da junta
AB.Temos:

Mg… Momento de G em torno do ponto A (contra a rotação);


Me….Momento de E em torno do ponto A (a favor da rotação)

Figura 15: Ações e resultantes atuantes sobre o muro de arrimo

Para que se estabeleça o equilíbrio deveremos ter:


Mg = Me

Isto significa que a resultante R de G e E deve passar por A. Entretanto, para maior segurança
devemos ter Mg >Me, ou seja, R deve cair no interior da junta AB, satisfazendo assim também a
condição de esforços de tração.
Adotando-se um coeficiente de segurança Ɛ2, chamado de coeficiente de segurança contra rotação
ou tombamento:
Ɛ2 = Mg/Me⑧ Ɛ2 ≥1.5.

Para obter-se Ɛ2, deve-se considerar as forças G e E, nas suas verdadeiras direções, e não pelas
suas componentes.

Segundo Moliterno (1994), a estabilidade resultante da aplicação do Equilíbrio Estático, é uma


estabilidade incerta e incompleta, pois, se assumirmos coeficientes de segurança Ɛ1 e Ɛ2 muito
elevados, pode ainda ocorrer uma estabilidade precária. Este fato se dá quando o valor da força N,
componente de R, se eleva de tal forma que possa produzir esmagamento da junta.
30
Existe portanto uma incerteza que deve ser eliminada, estudando-se a estabilidade elástica ou, em outros
termos, as tensões solicitantes devido ao carregamento.

5.1.2 EQUILÍBRIO ELÁSTICO

a---a…. seção transversal qualquer,junta.


CP … Centro de pressão(ponto de aplicação de R em a—a).
CG… Baricentro da seção transversal a—a.

S= bd...Área da seção resistente.


W = bd²/6 – Módulo de Resistência.
V… distância do centro de gravidade aos bordos, respectivamente A1 e A2.
e...Excentricidade.

U… Distância do CP ao bordo comprimido A1.


N… Componente normal de R.
31
K= W/S...= b/6 – Raio resistente.
K1 e K2… Pontos nucleares.

Através dos Tratados da Resistência dos Materiais quando do estudo da flexão composta ou presso-flexão,
temos:

σ = - N/S ± M/W
Como as tensões de compressão deverão prevalecer,para a análise dos resultados convenciona-se:
Sinal (+) positivo Tensão de Compressão
Sinal (-) negativo Tensão de Tração
Nestas condições, para uma seção intermediária qualquer, teremos:

Tensão máxima σ1 = N/S(1+e/k)


Tensão média (no baricentro da seção) σm = N/S
Tensão míniima σ2 = N/S(1-e/k)

Os valores de σ1 e σ2 variam com a relação e/k, chamada de módulo de excentricidade.De acordo com a
variação e/k, podemos considerar os seguintes casos de distribuição de tensões, indicadas na Tabela 2.
1º CASO- COMPRESSÃO SIMPLES ..... e=0;
2º CASO- COMPRESSÃO EXCÊNTRICA... e< k

Este 2º caso, corresponde ao “caso geral” para as seções intermediárias dos de alvenaria ou
concreto “ciclópico”, portanto poderemos chamá-lo de flexão composta ou presso-flexão, caso geral.

3º CASO- COMPRESSÃO EXCÊNTRICA OU FLEÃO COMPOSTA....e = k.


Este caso corresponde a situação limite das tensões nas seções intermediárias (juntas) dos muros de
alvenaria ou concreto ciclópico.

4º CASO FLEXÃO COMPOSTA COM TRAÇÃO..... e>k.


Divide-se este caso de distribuição de tensões nos seguintes itens:
A-) Flexão composta com tração
B-) Flexão composta excluindo a tração
Na tabela 2, apresentamos as características de cada caso de acordo com a relação e/k, designada por
quadro geral das leis de distribuição das tensões.

32
33
Tabela 1: Distribuição das tensões na base do muro de arrimo

5.1.2 DIMENSIONAMENTO DO MURO DE ARRIMO DE GRAVIDADE

Segundo Moliterno (1994), as formulações para cálculo dos muros de arrimo por gravidade seguem o roteiro a
seguir:
Fórmulas Empíricas:
Bo = 0,14 h; b= bo + h/3;
Bo largura do topo
B largura da base
h altura do muro
hs trecho enterrado (depende do solo)

_ VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE DO CONJUNTO(Junta do terreno de fundação)

1) Cálculo do Empuxo

A) Coeficiente de Coulomb
𝐾 = 𝑡𝑎𝑛 45° −

B) Altura de terra equivalente à sobrecarga


Ho = q/ ɣs

C) Altura total
H= h+ho

D) Grandeza
E= ½ K ɣs (H²-ho²)

E) Ponto de aplicação
Y=h/3*(2ℎ + 𝐻)/(ho +H)

F) Direção
𝛿 = φ1+θi=0

G) Componentes:
34
Ev=E*sen 𝛿
Eh=E*cos 𝛿
H) Braço:
y’=y+hs

2) Cargas e respectivos braços

A) Muro..... GM=1/2(bo + b)*h* ɣm

-Ponto de aplicação------------------XM=(bo² +b*bo+b²)/[3(b+bo)]


-Braço-------------------------------------gm=b-XM
B) Sapata....GS=hs*b* ɣm
-Braço-------------------------------------gs=b/2

3)Momentos:

Mi= GM*gm+GS*gs
Me= -Eh.y’

4) Posição do Centro de Pressão


U=M/N e N=GM +GS

5) Excentricidade
e=b/2 – u

6) Equilíbrio Estático
a)Coeficiente de segurança contra escorregamento
Ԑ1=μΜ/T e T=Eh e Ԑ1≥1,5
μ = concreto/solo =0,55
35
b)Coeficiente de segurança contra rotação
Ԑ2 = (GM* gm + GS * gs)/E*Y’ = Mi/Me≥1,5
7) Equilíbrio Elástico
N/S = N/b e 6e/b
Tensões:
-Máxima=> σ1 = N/S(1+6e/b)= .......................< = σadm. solo
-Mínima=> σ2 = N/S(1-6e/b)= ......................< 0
_VERIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE DAS JUNTAS

Δb= b-bo/ n.º de juntas(k) = b-bo/k= w


bi= bs+w
G=1/2(bs+bi)*h* ɣm

X=(bs² +bs*bi+bi²)/3(bs+bi)
G=bi-x
MG=G*g
E=1/2*k* ɣs (H²-ho²)

Y= h/3*(2ho+h)/(ho+H)
Me= E*Y
M=MG-ME e u=M/G e e=bi/2-u
Ԑ1= μG/E ≥ 1,5 e Ԑ2= MG/ME ≥ 1,5

N/S=G/bi e 6e/bi

σ1 = G/bi(1+6e/bi) .......................< = fcd

σ2 = G/bi(1-6e/bi).........................> 0

Apresentamos a seguir o perfil transversal do muro de arrimo de gravidade utilizado neste estudo
36
comparativo:

Pela Norma NBR 6118/2014


fcj=fck+1,95sd
sd=70
h=2 a fcj=180Kgf/cm2
5m fck=180-1,65x70
fck=74,50Kgf/cm2
𝑓
𝑓 = = 50𝐾𝑔𝑓/𝑐𝑚
𝛾

𝜑 = 32°
𝛾 = 1,9 𝑡𝑓⁄𝑚
𝜃 = 0°
𝜎 = 2,5 𝐾𝑔𝑓⁄𝑐𝑚 𝜑 = 0°

Figura 16: Seção transversal do muro de arrimo

Figura 17: Vista frontal do muro de arrimo

37
38
Figura 19a: Seção transversal do muro de arrimo

Figura 19b: Seção transversal do muro de arrimo

Figura 19c: Seção transversal do muro de arrimo

Figura 19d: Seção transversal do muro de arrimo

Apresentamos a seguir os parâmetros geotécnicos utilizados para a determinação dos esforços no


Muro de arrimo por gravidade, refletidos através do ensaio de sondagem à percussão(Nspt):

Foram adotados os seguintes parâmetros geotécnicos:


-Tensão admissível a compressão=>2,5 kgf ∕ cm²;
- Segundo Teixeira(1996) apud Godoy(1996), o valor da C da coesão é determinado pela fórmula
C=10*Nspt(médio)=10*18=>180KPa=1,80 kgf ∕ cm².Adotamos por segurança o valor de 5 KPa= 0,05
kgf ∕ cm²;
39
- Para estimativa do ângulo de atrito φ , Godoy(1983) menciona a seguinte correlação empírica com o
SPT: φ=28 + 0,4 Nspt=> φ=28 + 0,4*18=35,20. Adotamos : φ=32°;
- Segundo Teixeira(1996), o peso específico Ɣ para areia fina de pouco a medianamente compacta é
igual a 19KN/m³.
Foi elaborada uma planilha eletrônica utilizando-se toda a formulação apresentada,com as
verificações de Equilíbrio Estático e Equilíbrio Elástico, levando-se em conta todos os parâmetros
geótécnicos determinados, e daí obtivemos o dimensionamento das seções referentes às alturas de
corte do terreno que variaram de 2,0 m a 5,50 m.
De posse das seções dos muros referentes às alturas variadas, criou-se uma tabela com as
dimensões e consignou-se desta forma o custo efetivo deste tipo de contenção para as diversas
alturas de corte apresentadas.

5.2 CORTINA EM ESTACAS JUSTAPOSTAS MOLDADAS “IN LOCO”, ENGASTADAS NA


BASE E EM BALANÇO
5.2.1Determinação da ficha:

Admite-se a hipótese de que a estaca só apresenta movimento de corpo


rígido, válido na medida em que as deformações da estaca são desprezíveis diante
das deformações do terreno.O efeito do corte de altura H no ponto A, são resumidos
ao carregamento vertical Pv, a um empuxo ativo Ea e a um momento de tombamento
Ma.
Diante das solicitações elencadas acima, a estaca gira no sentido anti-horário,
em torno do ponto B conforme a Figura 14. Como resultado deste movimento tem-se
a ocorrência dos seguintes empuxos:
Acima do ponto B e a direita da estaca: empuxoativo;
Acima do ponto B e a esquerda da estaca:empuxo passivo;
Abaixo do ponto B e a direita da estaca:empuxo passivo;
Abaixo do ponto B e a esquerda da estaca: empuxo ativo;
Como incógnitas temos a altura X do pé da escavação até o centro de rotação
da estaca e a altura Z do centro de rotação até o pé da estaca. A ficha F é
estabelecida pela soma das duas alturas.
Como condições de equilíbrio, temos as duas condições da estática:
somatória de forças horizontais e momentos nulos. Assim, são duas incógnitas e
duas condições, que possibilitam a solução do problema.

40
Figura 20: Corte esquemático de carregamentos da cortina

5.2.2 Condições de equilíbrio da cortina

Considerando-se as definições até aqui apresentadas, pode-se fazer a


montagem do esquema carregamento sobre a estaca, a partir do pé da escavação.
Na Figura 15 abaixo têm-se as ações atuantes e a resultante delas.

Figura 21: Ações e resultantes atuantes sobre a estaca

41
Segundo Pereira (1984), admitindo-se o carregamento Pv como uma
sobrecarga, cada um dos carregamento, para espaçamento unitário de estacas, são
expressos da seguinte forma:
(26a)
(26b)
(26c)
(26d)
(26e)
(26f)
( 26g)
(26h)
A distância “A” refere-se ao ponto onde o carregamento se anula, e é dada
por:
(27)

Chamando de:
(28)
(29)

Tem-se:
(30)

A primeira condição de equilíbrio, oriunda do somatório de forças horizontais


igual a zero, de acordo com Pereira (1984), é dada por:

Substituindo-se os valores das expressões 26, 28 e 29, tem-se:

(31)

Tem-se na expressão (31), uma equação de 2º grau, que nos fornece a distância Z a
partir do ponto X.
Pereira (1984), também afirma que a segunda condição de equilíbrio, é a de
momento estático igual a zero, e por sua vez é obtida tomando-se por exemplo, o
momento no ponto B.
42
Desta forma, tem-se:

Substituindo-se os valores das expressões 26, 28 e 29, tem-se:

3. = 0 (32)
Tem-se a solução da equação(32),isolando-se Z de X na equação (31) e
substituindo-se na equação (32), o que resultaria numa equação de 3º grau da
variável X.
Entretanto, optamos pelo processo mais simples, por tentativas, onde se
arbitra um valor para X, e com o valor de X na equação (31), obtêm-se Z. A partir
daí, se verifica na equação (32) se os valores de X e Z anulam o momento no ponto
B.
Caso o valor arbitrado não satisfizer o objetivo, escolhe-se outro, de maneira
a se aproximar da condição expressa na equação (32). O valor da ficha é então
obtido somando-se as alturas X e Z.

5.2.3 Cálculo dos esforços na estaca

A cortina de estacas justapostas engastadas na base, é o tipo de estrutura de


contenção que trabalha predominantemente por flexão. Desta forma, deve-se
dimensioná-la para resistir ao momento máximo que estará sujeita.
É importante enfatizar-se que o momento máximo não ocorre no pé da
escavação, mas onde o esforço cortante for nulo. Nota-se na Figura 16, no pé da
escavação,exatamente no ponto A, o cortante é igual ao empuxo ativo.A partir deste
ponto, ele continuará aumentando,pois o carregamento tem o mesmo sentido do
empuxo ativo, até o ponto onde o carregamento se anula, atingindo o máximo
esforço cortante. Em seguida, com a inversão do carregamento, o cortante começa a
diminuir até atingir o valor nulo em um ponto distante Y do ponto A.

43
Figura 22: Diagrama de Esforços da cortina

Conforme Pereira (1984), a distância A é dada pela expressão 30. A distância


Y pode ser calculada impondo-se a condição de esforço cortante nulo. Daí tem- se:

Utilizando-se os valores das expressões 26, e considerando as equações


28,29 e 30, tem-se:

(33)

Desta forma, o valor do momento máximo é obtido substituindo-se X por Y na


equação 32.

3.D(34)
Onde:

(35)

(36)

(37)
Multiplica-se o valor obtido na equação 34 pelo espaçamento entre-eixos das
estacas para se obter o valor do momento em cada uma das estacas. Após a
obtenção dos esforços, procede-se o dimensionamento.
Segundo Pereira (1984), quando o tereno apresentar uma sobrecarga, esta
deverá ser considerada nos cálculos, haja visto que os esforços alteram
significativamente. Neste caso as equação 35, 36 e 37 sofrem o acréscimo deste
efeito da seguinte forma:

44
(38)

(39)

(40)
Onde:
q: sobrecarga no terreno

45
Figura 23: Perfil do terreno pelo ensaio de SPT

Apresentamos a seguir os parâmetros geotécnicos utilizados para a determinação dos esforços na


cortina de estacas, refletidos através do ensaio de sondagem à percussão(Nspt):

- Segundo Teixeira(1996) apud Godoy(1996), o valor da C da coesão é determinado pela fórmula


C=10*Nspt(médio)=10*18=>180KPa=1,80 kgf ∕ cm².Adotamos por segurança o valor de 5 KPa= 0,05
kgf ∕ cm²;
46
- Para estimativa do ângulo de atrito φ , Godoy(1983) menciona a seguinte correlação empírica com o
SPT: φ=28 + 0,4 Nspt=> φ=28 + 0,4*18=35,20. Adotamos : φ=32°;
- Segundo Teixeira(1996), o peso específico Ɣ para areia fina de pouco a medianamente compacta é
igual a 19KN/m³.

5.3 Dimensionamento

5.3.1Método de Cálculo

Para o dimensionamento das estacas foram considerados os esforços de


flexão simples,uma vez que a cortina não recebe carga normal de nenhuma
estrutura de travamento .

5.3.2 Dimensionamento da armadura longitudinal

Para seções circulares, tanto para a flexão simples como para a flexo-
compressão, a solução é obtida iterativamente. Foram utilizadas as fórmulas
apresentadas por Pereira(1984), com uso de notas técnicas do Prof. Lauro Modesto
dos Santos, através de exposição da matéria sobre “Instabilidade e Projeto de
Pilares”- São Paulo- Notas de Aulas-Curso ET—03A/78 da FDTE/USP, que
mostraremos a seguir.
O momento para o qual a estaca deve ser dimensionada é dada multiplicando-se o momento máximo
da expressão 34 pelo espaçamento entre estacas.
O dimensionamento da seção pode ser feito pelas fórmulas universais, válidas para seção
qualquer, admitindo-se uma distribuição uniforme de tensões no concreto.
Os parâmetros que definem a geometria da seção estão indicados na figura 27.

47
As1 = área da armadura tracionada pelo efeito exclusivo d momento fletor.
As2 = idem para armadura comprimida.
Ac = área de concreto total da seção.
Acc = área de concreto comprimida
z = posição do centro de gravidade da seção.
zg = posição do centro de gravidade da área de concreto comprimida.
e1, e2 = distâncias dos centros de gravidade das armaduras As1, As2, ao centro de gravidade da
seção.
x = posição da linha neutra.
y = 0,8∙x = altura da área de concreto comprimida.
h = altura total da seção.
d’ = cobrimento da armadura.
d = h – d’ = altura útil da seção.

Os parâmetros adimensionais da seção.


βe1 = e1/h ; βe2 = e2/h
βx= x/h
βy= y/h = 0,8∙βx
δ = d’/h
β= Acc/Ac
β’= Acc∙zg/Ac∙h
ρ1 = As1/Ac
ρ2 = As2/Ac

48
No caso de seção circular, tem-se:

𝑐𝑜𝑠𝜑 = 1 − 2 ⋅ 𝛽
β= (φ – sen φ∙cos φ)/π
β’= 0,5∙β – sen3 φ /3π
Os parâmetros adimensionais relativos aos esforços são:
𝜎𝑠1𝑑
𝛼1 =
𝜎𝑐𝑑
𝜎𝑠2𝑑
𝛼2 =
𝜎𝑐𝑑
𝑁
𝜈=
𝜎 ⋅𝐴
𝑀
𝜇=
𝜎 ⋅𝐴 ⋅ℎ

onde: σs1d e σs2d são as tensões nas armaduras As1 e As2, respectivamente, Nd e Md são o esforço
normal e o momento fletor de cálculo, e σcd é a tensão de compressão no concreto, dada por:
0,80
𝜎𝑐𝑑 = ⋅ 𝑓𝑐𝑘
1,4
As expressões que fornecem as duas taxas de armadura são:
𝛽𝑒2 ⋅ 𝜈 − 𝜇 − 𝛽′ + 𝛽 ⋅ 𝛿2
𝜌1 =
𝛼1 ⋅ 𝛽𝑒1 + 𝛽𝑒2
𝛽𝑒1 ⋅ 𝜈 + 𝜇 + 𝛽′ − 𝛽(1 − 𝛿)
𝜌2 =
𝛼2 ⋅ 𝛽𝑒1 + 𝛽𝑒2
No caso da flexão simples, esforço normal nulo, o dimensionamento pode-se dar na zona C
ou na zona D.

49
Na zona D o concreto resiste sozinho ao esforço de compressão e a armadura de compressão
é desnecessária. Neste caso temos como incógnita a posição da linha neutra. Como a armadura As2
é nula, a posição da L.N. é tal que:
𝜇 + 𝛽′ − 𝛽(1 − 𝛿)
=0
𝛼2 ⋅ 𝛽𝑒1 + 𝛽𝑒2
𝜇 = 𝛽(1 − 𝛿) − 𝛽′
O valor de βy é tal que o valor de μ, calculado pela expressão 50 seja igual ao μ dado, e deve
ser determinado por tentativas.
Nesta zona, a deformação na armadura de tração será sempre maior do que a deformação
correspondente ao escoamento. Logo sempre teremos:
𝑓𝑦𝑘
𝜎𝑠1𝑑 = 𝑓𝑦𝑑 =
𝛾𝑓
Na zona C a seção requer uma armadura de compressão. Nesta situação, a posição da linha neutra
deve ser imposta. Por questão econômica, adota-se para esta situação a posição da linha neutra
limite dada por:
35
βx lim= ⋅ (1 − 𝛿)
35+𝜉𝑦𝑑

onde ξyd é a deformação específica do aço para a tensão de escoamento.


O valor do μ limite é calculado pela expressão 50 calculando β e β’ com βy lim .
Na zona C, quando se trabalha com aço tipo A, a armadura é concentrada próxima a face
superior, a deformação na armadura As2 será sempre maior do que ξyd. Logo teremos:
𝜎𝑠2𝑑 = 𝑓𝑦𝑑
No caso de seções circulares, o momento adimensional μ pode ser dado em função do
momento M (em t∙m) do diâmetro D (em cm) da seção e da resistência característica fck do concreto
(em kg/cm²), considerando-se coeficientes de segurança iguais a 1,4., por:
311944
𝜇= ⋅𝑀
𝑓𝑐𝑘 ⋅ 𝐷³
Camamos de;
R1 = - μ - β’+ β∙δ
R2 = μ + β’-β∙(1-δ)
50
As armaduras As1 e As2, considerando-se sempre o aço em escoamento, podem ser dadas
por:
𝑅1 ⋅ 𝑓𝑐𝑘 ⋅ 𝐷²
𝐴𝑠1 =
9693
𝑅2 ⋅ 𝑓𝑐𝑘 ⋅ 𝐷²
𝐴𝑠2 =
9693
No adendo II apresenta-se uma tabela que fornece R1 e R2., em função de μ para o aço CA-
50. Para utilização desta tabela basta-se considerar as expressões 54 e 56.
Para o caso da zona D, armadura simples, os valores foram determinados atribuindo-se
valores crescentes para βy, calculando-se β e β’através das expressões 47, μ através da expressão
50 e R1 através das expressões 55 até atingir βy lim. A partir daí, para novos valores de μ, R1 e R2
foram calculados pelas expressões 59.
Para confecção desta tabela foi considerado um valor relativamente alto para a taxa de
cobrimento.
O valor utilizado foi determinado para estaca de diâmetro de 32 cm. Nestas a armadura é
colocada dentro de uma camisa de 25 cm. Considerando uma folga entre a armadura e a camisa, a
bitola usual de estribo (5 mm) e um possível deslocamento do centro de gravidade da armadura
devido ao grande número de barras, o valor encontrado para δ foi de 0,234.

51
52
53
5.3.3 Dimensionamento da armadura transversal

54
O dimensionamento ao cisalhamento deve satisfazer as condições
estabelecidas na NBR 6118 (2003):

(I)
(II)
Onde:
Vc é a força cortante resistente de cálculo do concreto;
Vsw é a força cortante resistente de cálculo do aço;
Vsd é a força cortante solicitante de cálculo, na seção;
VRd2 é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína das diagonais
comprimidas de concreto;
VRd3 = VC + Vsw, é a força cortante resistente de cálculo, relativa à ruína por tração
diagonal.

O dimensionamento da armadura transversal é apresentado a seguir:

𝑉 = 0,27. 𝛼𝜈 . 𝑓 . 𝑏 . 𝑑

Onde:

bw.d equivale a área efetiva de uma seção retangular, e será substituída pela
área referente ao diâmetro efetivo da armadura, definido por:

Onde D’ é o cobrimento da armadura.

Satisfazendo a condição 𝑉 ≤𝑉 , ou seja, as bielas de concreto resistem.


Verificando a força cortante Vsd,min relativa a armadura transversal mínima
tem-se:

Onde:

55
Onde:
fctk,inf: valor inferior da resistência característica à tração do concreto;
fct,m: resistência média à tração do concreto;
fck: resistência característica à compressão do concreto;
fctd: resistência de cálculo à tração do concreto;

𝑉 =𝜌 , í . 0,9. 𝑏. 𝑑. 𝑓
Onde:
𝜌 , í : taxa da armadura transversal mínima, dependente das resistências do concreto e do
aço. A seguir é apresentada uma tabela com os valores da taxa mínima da armadura
transversal, em porcentagem, segundo Pinheiro (2010).

Tabela 2: Libânio Miranda Pinheiro

Foi elaborada uma planilha eletrônica utilizando-se toda a formulação apresentada,com as


verificações de Equilíbrio Estático da cortina, levando-se em conta todos os parâmetros geótécnicos
determinados, e daí obtivemos todos os esforços para o dimensionamento das seções das estacas
constituintes dos diversos trechos de cortina, referentes às alturas de corte do terreno que variaram
de 3,50 m a 6,50 m.Com os esforços foram utilizados os estudos apresentados por Pereira(1984),
para o cálculo da ferragem longitudinal e as preconizações da ABNT, NBR-6118/2003, para o cálculo
da ferragem transversal.
De posse das seções das estacas das cortinas referentes às alturas variadas, criou-se uma tabela
com as dimensões(seçôes de concreto e aço) e consignou-se desta forma o custo efetivo deste tipo
de contenção para as diversas alturas de corte apresentadas.

56
Figura 26: Planta baixa do muro de arrimo e da cortina dimensionados

57
Figura 27: Vista frontal de uma estaca da cortina dimensionada

Figura 28: Seção transversal da estaca

5.3 CONTENÇÃO EM SOLO GRAMPEADO


5.3.1 SOLO GRAMPEADO
Segundo Muni Budhu(2013),este tipo de contenção é constituído por elementos de reforço que
formam um material compósito com o maciço de solo.Os elementos de reforço são grampos ou
estacas de pequeno diâmetro moldadas no campo.Os grampos são instalados em furos escavados
inclinados com pequeno espaçamento e injetando-se argamassa no furo.As tensões de cisalhamneto
do solo são transferidas para os grampos e são resistidas pela força de tração dos grampos.As faces
do solo grampeado são de concreto projetado ou de painéis de concreto pré-moldados ou moldados
no local.Os grampos são hastes metálicas, que podem ser instalados ou com um pré-furo seguido de
argamassa injetada(grouting) ou ao se acoplar uma broca(denominada broca de sacrifício, pois não
será recuperada)na ponta da haste e perfurando no solo e então injetando a calda de argamassa.
A maioria dos grampos é perfurada com um ângulo de 15° ou menos em relação ao plano
horizontal.O solo grampeado não é adequado para argilas moles,para solos expansíveis e colapsíveis
se a umidade não for controlada, para materiais orgânicos(como turfa,por exemplo), para aterros
fofos(Nspt<10).

5.3.2 DIMENSIONAMENTO DOS GRAMPOS DO SOLO GRAMPEADO


Segundo Muni Budhu(2013),um possível mecanismo de ruptura de um solo grampeado é
apresentado na figura 11.7. Tem-se na prática, formas diferentes de rupturas
consideradas(linear,bilinear,circular e espiral logarítmica).
As forças que surgem em um grampo típico na interseção da superfície de ruptura constituem-se em
força normal,N,em força cisalhante,T, e em um momemto fletor,M.
Considerando-se uma superfície de ruptura linear e um grampo isolado em um muro com grampoa
com espaçamentos vertical e horizontal iguais a respectivamente a Sz e Sy, como apresentado na
58
figura 11.8 e utilizando-se o Método do Equilíbrio Limite, tem-se forças ao longo da superfície de
ruptura:

Figura 29: Corte esquemático de carregamento da contenção de solo grampeado

Figura 30: Ações e resultantes atuantes sobre a contenção de solo grampeado

Força Atuante=> 𝑇 = 𝑊 . 𝑠𝑒𝑛Θ


Força Resistente=> 𝐹 = 𝑆 + 𝑇 . cos (𝛼 + Θ )
S=>Resistência ao cisalhamento;
Tn=>força na interface solo-grampo;
α =>é a inclinação do grampo com o plano horizontal;
Ɵa=>é a inclinação do plano de ruptura com o plano horizontal;
Wi=>é o peso da cunha do solo no local do grampo;
Fator de Segurança:
𝐹 = [𝑆 + 𝑇 . cos(𝛼 + Θ )]/[𝑊 . 𝑠𝑒𝑛Θ )

59
Desconsideram-se o momento da resistência e a resistência dos grampos.Além disso, levou-
se em conta que a massa de solo dentro da zona ativa produz força atuante. A resistência ao
cisalhamento do solo no plano de ruptura e a componente te tração no grampo fornecem a
resistência.

Para uma análise por tensão efetiva(ATE):


( ) 𝑆 = 𝑁. 𝑡𝑔Θ = [𝑊 . 𝑐𝑜𝑠Θ + 𝑇 . 𝑠𝑒𝑛(𝛼 + Θ )]

Para uma análise por tensão Total(ATT):


( ) S=Su * L;
Em que Su é a resistência não drenada e L é o comprimento da superfície de ruptura. O
Fator de Segurança será:

( )ATE=>FS=[Wi*cos Ɵa+Tn*sen(α+Ɵa)]*tgØ'ec.+Tn*cos(α +Ɵa)] / [ Wi*senƟa];

( )ATT=>FS=[Su*L + Tn*cos(α +Ɵa)] / [ Wi*senƟa].

Conforme Muni Budhu(2013), para os projetos de solo grampeado, deverão ser feitas duas
verificações:
A primeira verificação trata-se da estabilidade interna nos seguintes pontos:ruptura do
grampo à tração,arrancamento do grampo e a ruptura estrutural da conexção parede com a
cabeça do grampo.
A segunda verificação trata-se da estabilidade externa, ou seja,a segurança contra a
translação, contra a rotação, a capacidade de carga e ruptura profunda.A estabilidade
externa é obtida da mesma forma que se obtém para os muros reforçados.
Quanto à establidade interna, devemos seguir rigorosamente as orientações abaixo:

_ Ruptura por Tração:


A força de tração no grampo será: Tn=An*Fy,onde An é área da seção transversal dos
grampos e Fy a tensão de escoamento.

_ Arrancamento do Grampo:
O arrancamento do grampo pode ocorrer devido a fraca aderência entre o solo e a
argamassa ou entre a argamassa e o grampo.
É sabido que a aderência entre o solo e a argamassa é influênciada pela fluência do solo, e a
velocidade de fluência do solo deve ser inferior a 2mm/minuto para um período de seis a 60
minutos(escala logarítmica).

_ Cabeça do Grampo:
A resistência da cabeça do grampo depende da punção na face e nas suas conexões , da
resistência à tração do rebite da cabeça e da resistência à flexão da face.A carga mínima
admissível na cabeça do grampo é:Tnh=Ff*ka*Ɣ*Ho*Sz*Sy;
onde:
•Ff é o fator de serviço igaual a 0,5;
•Ka é o coeficiente de empuxo de terras ativo;
•Ho é a altura do muro;
•Sz é o espaçamento vertical entre os grampos;
•Sy é o espaçamento horizontal entre os gramps.
Abaixo apresentamos os detalhes de uma seção de solo grampeado(Fig.11.6).

60
Figura 31: Ações e resultantes atuantes sobre a contenção de solo grampeado

61
Figura 32: Perfil do terreno pelo ensaio de SPT

Apresentamos a seguir os parâmetros geotécnicos utilizados para a determinação dos esforços na


contenção de solo grampeado, refletidos através do ensaio de sondagem à percussão(Nspt):

- Segundo Teixeira(1996) apud Godoy(1996), o valor da C da coesão é determinado pela fórmula


62
C=10*Nspt (médio)=10*18=>180KPa=1,80 kgf ∕ cm².Adotamos por segurança o valor de 5 KPa= 0,05
kgf ∕ cm²;
- Para estimativa do ângulo de atrito φ , Godoy(1983) menciona a seguinte correlação empírica com o
SPT: φ=28 + 0,4 Nspt=> φ=28 + 0,4*18=35,20. Adotamos : φ=32°;
- Segundo Teixeira(1996), o peso específico Ɣ para areia fina de pouco a medianamente compacta é
igual a 19KN/m³.
Foi elaborada uma planilha eletrônica utilizando-se toda a formulação apresentada por Muni
Budhu(2013),com as verificações de Equilíbrio Estático da cortina de solo grampeado, levando-se em
conta todos os parâmetros geótécnicos determinados, e daí obtivemos todos os esforços para o
dimensionamento das seções dos grampos à tração, assim como da laje de ancoragem dos diversos
trechos de cortina, referentes às alturas de corte do terreno que variaram de 3,50 m a 6,50 m.Com a
determinação dos posicionamentos dos grampos equilibrantes das cunhas,partiu-se para o cálculo
final da laje de concreto armado que serve como anteparo do maciço em questão. A partir
daí,consignou-se desta forma o custo efetivo deste tipo de contenção para as diversas alturas de
corte apresentadas.Usando-se os mesmos parâmetros geotécnicos do soloque foram utilizados para
o cálculo do muro de arrimo por gravidade e para o cálculo da cortina constituída por estcas
justapostas em balaço, e com o uso de planilhas eletrônicas, efetivou-se o cálculo da contenção por
reforço em solo grampeado, obtendo-se as seguintes dimensões, para os cortes que variam entre
2,,5 m a 6,5 m:
Cortina em concreto armado com Fck=30,0 MPa e espessura de 20 cm com comprimentos contínuos
de 30 m, portanto grampos de diâmetro 20 mm em aço CA-50, dispostos em duas linhas, com
distâncias Sz e Sy iguais a respectivamente 2,0 m e 1,5 m para os cortes entre 2,5 m e 4,5 m de
altura,e dispostos em três linhas contínuas com as mesmas distâncias Sz e Sy para os cortes com
alturas entre 4,5 m e 6,5m.Os grampos foram dimensionados com comprimentos de 12m e com o
preenchimento de 8m de faixa de ancoragem com argamassa com fator A/C = 0,55.Com o resultado
deste projeto, apresentou-se os quantitativos e custos dispostos no orçamento de "Reforço de Solo
Grampeado" (pg xyz).

5.4 ESTUDO DE CASO

A metodologia demonstrada até o momento, foi aplicada para o projeto de


uma estrutura de contenção executada parte por muro de gravidade e outra parte
por cortina de contenção em balanço, para um edifício construído na cidade de São
Luís, Maranhão, com área de 2.237,84m². A altura de escavação variou de dois a
seis metros.
Houve a necessidade premente do uso das alternativas das referidas

63
contenções uma vez que buscava-se um aumento dos espaços internos, mitigar os
riscos quando da escavação próximas às edificações existentes, assim como obter-
se uma economia razoável para remanejamento de recursos financeiros para
complemento da obra.
É importante registrar a existência de edificações vizinhas em uma das
laterais do terreno. Foi executada uma campanha de sondagem para
investigação geotécnica do tipo “SPT”,
pela empresa Geocret Engenharia Ltda.
A determinação dos parâmetros geotécnicos deu-se através de correlações
com o NSPT.

64
Figura 33: Perfil do terreno pelo ensaio de SPT

65
Figura 34: Planta baixa do muro de arrimo e da cortina dimensionados

66
TABELA DE CUSTOS:

-MURO DE GRAVIDADE

--CORTINA DE CONTENÇÃO EM BALANÇO

67
-CORTINA DE CONTENÇÃO DE SOLO GRAMPEADO

68
6 DISCUSSÃO

Comparando-se as planilhas de custos das três alternativas de contenção


apresentadas (Muro de Gravidade,Cortina em estacas justapostas em balanço e em
Reforço por Solo Grampeado) confirmamos a nossa hipótese inicial que ao se
analisar a possibilidade de combinação de duas ou mais soluções de contenção
para a obra em questão, obteria-se resultados mais vantajosos sob os aspectos de
viabilidade técnica e econômica, haja vista que primeiramente utilizou-se a
contenção por muro de gravidade que foi a solução mais trivial e mais em conta
econômicamente até a altura de corte de aproximadamente 4,0 m, e em seguida,
lançou-se mão das contenções por estacas justapostas em balanço e pela
contenção por solo grampeado para as alturas de cortes maiores de 4,0 até 6,5m,
onde ficou demonstrado que a solução de contenção por estacas justapostas em
balanço apresentou uma economia de 10,68%(dez,sessenta e oito pontos
percentuais), aproximadamente R$ 72.000,00 (Setenta e dois mil reais), em relação
à solução por solo grampeado.

69
7 CONCLUSÃO

Demonstrou-se neste trabalho, que como as estruturas de contenção em


quaisquer edificações representam uma parcela significativa do valor gobal da
obra,sempre vale à pena apresentar-se um estudo de duas ou mais soluções
combinadas, pois somente desta forma a escolha das melhores alternativas a serem
combinadas poderão viabilizar realmente o empeendimento,levando-se em conta o
valor orçamentário e principalmente que a técnica executiva escolhida seja de
conhecimento das Empresas e dos profissionais de engenharia geoténica que atuam
na região onde a obra será executada.
Enfatiza-se a importância da execução de um maior número de ensaios dos
maciços de solos, para que os engenheiros geoténicos possam apropriar-se de
resultados bastante fidedígnos(coesão,ângulo de atrito,peso específico,nível do
lençol d'água após 24 h, númros de ensaios de SPT bem distribuídos e com
referências de nivelamento) no intuito de obtenção de uma análise teórica mais
próxima da realidade possível, que inexoravelmente produzirá uma economia
combinada com uma segurança eficaz no decorrer de todo o processo.

70
8 REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS

ANTUNES, R. B. Dimensionamento de cortina de estacas justapostas para


execução de subsolo de edifício comercial. Trabalho de Conclusão de Curso.
Graduação em Engenharia Civil. Universidade Estadual do Norte Fluminense,
Campos dos Goytacazes, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de


estruturas de concreto. Rio de Janeiro, 2003.

CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Rio de Janeiro: Livros


Técnicos e Científicos S.A., 1975.

CAPUTO, H. P. Mecânica dos solos e suas aplicações. Vol. 2. Rio de Janeiro:


Livros Técnicos e Científicos S.A., 1983.

CINTRA, J. C. A.; AOKI, N. Fundações por Estacas - projeto geotécnico. São


Paulo: Oficina de Textos, 2010.

MACCARINI, F. J. Análise da estabilidade de aterro sobre solos moles. Trabalho


de Conclusão de Curso. Graduação em Engenharia Civil. Universidade do Extremo
Sul Catarinense, Criciúma 2009.

MEDEIROS, A. G. B. Análise numérica de estruturas de contenção em balanço


e grampeadas do tipo “estaca justaposta” assentes em solo poroso do DF.
Dissertação. Mestrado em Engenharia Civil. Universidade de Brasília, Brasília,2005.

MOLITERNO, A. Caderno de muros de arrimo. 2 ed. São Paulo: Blucher, 1994.

MOTA, R. J. Análise da interação solo-estrutura de uma obra de contenção na


cidade de Goiânia-GO. Dissertação. Mestrado em Engenharia Civil. Universidade de
Brasília, Brasília, 2008.

71
PEREIRA, V. F. Cortina de estacas circulares em concreto armado. Curso de
Especialização em Engenharia Civil – Universidade Estadual de Londrina. Londrina
1984. Notas de Aula.

FERRANDIN,E.R.Análise e dimensionamento de cortinas de estacas


moldadas no local.Trabalho de Conclusão de Curso de Gaduação em
Engenharia Civil.Universidade Tecnológica Federal do Paraná,Toledo,2012.

JOPPERT JR,IVAN.Fundações e contenções de edifícios.PINI,2007.


BUDHU,MUNI.Fundações e estruturas de conteção.LTC,2013.

72

Você também pode gostar