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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS E
NUCLEARES

LUAN ALVES FURTADO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HIDROLÓGICO DE TÉCNICAS


COMPENSATÓRIAS PARA MANEJO SUSTENTÁVEL DE ÁGUAS URBANAS NA
REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Recife
2023
LUAN ALVES FURTADO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HIDROLÓGICO DE TÉCNICAS


COMPENSATÓRIAS PARA MANEJO SUSTENTÁVEL DE ÁGUAS URBANAS NA
REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Atividade de Plano de Curso apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Tecnologias
Energéticas e Nucleares da Universidade
Federal de Pernambuco, como requisito parcial
para obtenção do título de doutor em
Tecnologias Energéticas e Nucleares.

Área de concentração: Aplicações de


Radioisótopos na Agricultura e Meio
Ambiente.

Orientador: Prof. Dr. Artur Paiva Coutinho

Recife
2023
LUAN ALVES FURTADO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HIDROLÓGICO DE TÉCNICAS


COMPENSATÓRIAS PARA MANEJO SUSTENTÁVEL DE ÁGUAS URBANAS NA
REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Atividade de Plano de Curso apresentada ao


Programa de Pós-Graduação em Tecnologias
Energéticas e Nucleares da Universidade
Federal de Pernambuco, como requisito parcial
para obtenção do título de doutor em
Tecnologias Energéticas e Nucleares.

Área de concentração: Aplicações de


Radioisótopos na Agricultura e Meio
Ambiente.

Prof. Dr. Artur Paiva Coutinho (Orientador - PPGTEN)


Universidade Federal de Pernambuco

M.Sc. Luan Alves Furtado (Discente - PPGTEN)


Universidade Federal de Pernambuco
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA .................................................................... 4


1.1 HIPÓTESE DA TESE ............................................................................................... 5

2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 6
2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 6

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................... 6

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 7
3.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO ................................................................. 7

3.2 EXECUÇÃO DA UNIDADE ECOTECNOLÓGICA EXPERIMENTAL (UEE) ... 8

3.3 EQUIPAMENTOS PARA INSTAÇÃO .................................................................. 10

3.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DO SOLO E COMPONENTES ........ 11

3.5 SIMULAÇÃO DOS CENÁRIOS ............................................................................ 12

3.6 ANÁLISE DE DESEMPENHO DO MODELO ..................................................... 12

4 RESULTADOS ESPERADOS ............................................................................. 15


4.1 DESEMPENHO HIDROLÓGICO .......................................................................... 15

4.2 SIMULAÇÃO HIDROLÓGICA ............................................................................. 15

4.3 VALIDAÇÃO DO MODELO ................................................................................. 15

5 CRONOGRAMA ................................................................................................... 17
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 18
4

1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA
A dinâmica entre o crescimento populacional e a expansão das cidades tem
intensificado as atividades industriais, gerando impactos significativos e repercussões
abrangentes que afetam expressivamente a sociedade, a economia e o meio ambiente. Nesse
cenário, a relação entre o crescimento urbano e as mudanças climáticas torna-se cada vez mais
evidente. O aumento das emissões de gases de efeito estufa tem contribuído para o
aquecimento global e para as alterações nos padrões climáticos, que incidem sobre o aumento
de eventos críticos.
O aumento da intensidade e frequência dos eventos hidrológicos extremos, associado a
redução das áreas permeáveis nos centros urbanos, tem comprometido a absorção de água
pelo solo, o que compreende a diminuição do escoamento de base. Consequentemente, ocorre
um aumento significativo no volume das águas de chuva em escoamento superficial,
potencializando os riscos de alagamentos e inundações em função da sobrecarga nos sistemas
de drenagem (SANTOS et al., 2013).
A implementação de técnicas compensatórias nos centros urbanos, surge como uma
alternativa promissora no reestabelecimento das condições hidrológicas pré-urbanísticas.
Essas medidas desempenham um papel essencial no amortecimento de picos de vazão, por
meio de ações de retenção, infiltração e reutilização de águas pluviais, buscando reestabelecer
o equilíbrio hidrológico.
Nesse contexto, técnicas como telhados verdes, intertravados drenantes e pavimentos
permeáveis se apresentam como uma solução sustentável e eficiente na perspectiva de
amortecimento dos picos de escoamento superficial na malha urbana. Essas técnicas permitem
a detenção dos picos de escoamento bem como a retenção em lote de uma parcela
significativa do volume pluvial. Além disso, contribuem com a melhoria da qualidade do ar, o
aumento do conforto térmico, a diminuição do efeito das ilhas de calor e a recarga de
aquíferos (TASSI et al., 2014).
Devido as diversas contribuições apresentadas pelas técnicas compensatórias e sua
ampla empregabilidade na drenagem sustentável, diferentes pesquisas têm sido desenvolvidas
com o intuito de aperfeiçoar sua construção, analisar sua eficiência e empregabilidade em
diferentes tipos de ambientes e investigar o seu impacto sobre o retardo no escoamento
superficial (BAPTISTA et al., 2023; PALLA e GNECCO, 2022; FRENI e LIUZZO, 2019).
A simulação do comportamento hidrológico sobre as técnicas compensatórias
representa uma medida essencial à tomada de decisões sobre a empregabilidade destas
tecnologias. Durante este processo, são consideradas variáveis como precipitação, escoamento
5

e infiltração, que permitem avaliar o desempenho e as limitações que viabilizam, ou não, a


sua empregabilidade. Contudo, a calibração e validação de modelos por meio dados e
parâmetros experimentais permite a otimização destes sistemas, garantindo uma análise
realista sobre áreas com características hidrometeorológicas semelhantes.
Deste modo, considerando a relevância na empregabilidade de técnicas
compensatórias para enfrentamento dos problemas de drenagem, o presente estudo busca
analisar o desempenho de diferentes tipos de coberturas e composições vegetais para telhados
verdes por meio do modelo SWAT+ (Soil and Water Assessment Tool) e sua aplicabilidade
sobre a Região Metropolitana do Recife. A calibração do modelo será realizada por meio do
uso de módulos experimentais, utilizando como coberturas três espécies vegetais, entre
gramíneas e herbáceas, além de superfícies drenantes como intertravado vazado associado à
gramínea e concreto permeável.

1.1 HIPÓTESE DA TESE


Telhados verdes e pavimentos drenantes contribuem com a retenção hídrica de água de
chuva em áreas de clima tropical úmido e elevado índice pluviométrico?
6

2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar o desempenho hidrológico de diferentes técnicas compensatórias entre telhados
verdes, intertravado drenante e concreto permeável implementados em área de clima tropical
úmido e elevado índice pluviométrico.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Implantar de infraestrutura experimental para avaliação dos telhados e superfícies


com condições parcialmente controladas;

• Identificar a influência de diferentes tipos de coberturas vegetais, no formato de


telhados verdes e pavimentos permeáveis;

• Analisar a variação hidrológica referente à retenção de águas pluviais, a capacidade


de percolação da água, o retardo no escoamento superficial e a velocidade de
escoamento das diferentes tipologias de coberturas;

• Avaliar a aplicabilidade das técnicas compensatórias ao contexto da Região


Metropolitana do Recife por meio de simulação hidrológica.
7

3 METODOLOGIA
3.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO
O estudo será desenvolvido no campus Joaquim Amazonas da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), localizado no bairro Cidade Universitária, cidade do Recife, estado de
Pernambuco (Figura 1).
O Recife trata-se de uma cidade estuarina e costeira, com área territorial de 218 km² e
população estimada, para o ano de 2021, de 1.661.017 habitantes. A região encontra-se
localizada em uma zona de clima tropical úmido, de baixa amplitude térmica, e elevados
níveis de precipitação ao longo do ano, caracterizadas por raios e trovoadas além de
possuírem forte intensidade. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Recife,
capital de Pernambuco, é conhecida por sua localização litorânea e clima tropical úmido.
Segundo dados do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), a cidade apresenta um índice
pluviométrico anual de aproximadamente 2.100 mm, concentrando a maior parte das chuvas
entre os meses de abril e agosto. As temperaturas médias anuais variam entre 24°C e 30°C,
com leve queda durante os meses mais chuvosos. O tempo médio de insolação por ano é de
cerca de 2.600 horas, indicando um bom número de dias ensolarados. A umidade relativa do
ar se mantém elevada, com média anual em torno de 80%.
Localizado no campus da UFPE, encontra-se a nascente do Riacho do Cavouco,
afluente do rio Capibaribe, principal curso d'água de Pernambuco. Com extensão de 6.000
metros e largura variável entre 2 e 15 metros, o riacho percorre uma área que se estende desde
o Centro de Tecnologia e Geociências até o Hospital das Clínicas, recebendo carga poluidora
proveniente dos efluentes das próprias edificações. Apresentando um relevo praticamente
plano, com altitude média de 16 metros acima do nível do mar. Além disso, a região é cercada
pelas Unidades de Conservação de Mata Atlântica da Várzea e do Curado. A vegetação
presente no campus é diversa, composta por gramíneas, forrações, plantas herbáceas,
arbustos, árvores, palmeiras e algumas espécies nativas da região.
O Campus da UFPE em Recife possui uma variedade de usos e ocupações de solo. De
acordo com informações disponíveis no Plano Diretor Físico da Universidade, a área
construída total no campus é de aproximadamente 516.000 m². Essa área é composta por
diversos prédios acadêmicos, laboratórios, centros de pesquisa, bibliotecas, auditórios, áreas
administrativas, além de espaços destinados a atividades esportivas e culturais. A distribuição
desses edifícios é feita de forma a atender às demandas dos diferentes cursos e departamentos
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da universidade, proporcionando um ambiente propício para o ensino, a pesquisa e a vivência


universitária.

3.2 EXECUÇÃO DA UNIDADE ECOTECNOLÓGICA EXPERIMENTAL (UEE)


Para realização deste estudo foi construído um protótipo piloto, contendo sete módulos
experimentais, doravante intitulados ‘módulos’, sobre laje impermeabilizada com inclinação
de 7%. A UEE (Unidade Ecotecnológica Experimental) está localizada no terreno do
Departamento de Energia Nuclear (DEN), ao lado da Biorrefinaria Experimental de Resíduos
Sólidos Orgânicos (Berso).
O protótipo foi construído com base em um sistema construtivo amplamente utilizado
na região, composto por alvenaria de tijolos cerâmicos e laje pré-moldada com estrutura de
concreto e preenchida com placas de poliestireno expandido (EPS). Essa escolha foi feita
levando em consideração a popularidade e eficiência dessa técnica na região. Na parte
inferior, os ambientes permaneceram abertos, garantindo a ventilação.
Durante a execução do protótipo, foram realizados diferentes serviços, incluindo a
capinação do terreno, a construção das paredes, a instalação de lajes pré-moldadas de EPS, a
criação das platibandas, o chapisco, os acabamentos como emboço e reboco, contrapiso,
impermeabilização da laje com argamassa, pintura com cal, instalação dos portões, reforço na
impermeabilização da laje e a realização de testes de estanqueidade.

Figura 1 - Localização da área de implementação dos módulos experimentais.

Fonte: O Autor (2023).


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O protótipo (Figuras 2) foi projetado para abrigar 7 módulos com área interna de 2 m²
cada, distribuídos sobre uma laje de 18,86 m². A altura do protótipo foi de 1,50 e um pé
direito de 0,86 m, 12 cm de espessura de laje. A inclinação de 7%, na parte interior dos
módulos, foi obtida por meio de contrapiso. O isolamento dos módulos foi feito por meio de
alvenaria estrutural, com aproximadamente 0,15 m de largura.

Figura 2 – Planta baixa do protótipo.

Fonte: O Autor (2023).

É importante salientar que o protótipo, atualmente, encontra-se em fase de finalização, o


que inclui a instalação dos sistemas de coleta da vazão superficial e subsuperficial e
montagem dos módulos (Figura 3).

Figura 3 – Construção da UEE.

Fonte: O Autor (2023).

A composição dos módulos será padrão (Figura 4), seguindo uma estrutura composta
por camada impermeabilizante, camada drenante com espessura de 0,10 m utilizando argila
expandida (Tipo 3222), camada filtrante utilizando BIDIM, substrato com uma espessura de
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0,15 m composta de material orgânico decomposto fornecido pela BERSO, por fim, o plantio
da vegetação e instalação das diferentes superfícies de drenagem.

Figura 4 – Composição dos módulos experimentais.

Fonte: O Autor (2023).

Ao selecionar a vegetação para plantio nos módulos, foram levados em consideração


critérios como facilidade e baixo custo de manutenção, adaptação ao clima local, resistência à
exposição direta diária ao sol, além da facilidade de reprodução e propagação de mudas. Com
base nesses aspectos, as espécies escolhidas para o projeto foram a Grama São Carlos
(Axonopus comprissus), a Mini Espada de São Jorge (Sansevieria trifasciata) e a Lutiela
(Alternanthera dentata).
A fase experimental será realizada durante um período de 12 meses, com a coleta de
dados como níveis de precipitação pluviométrica na área, níveis de escoamento superficial e
subsuperficial nos módulos e avaliação da umidade do solo. Também serão analisados
parâmetros atmosféricos como temperatura e umidade do ar, direção e velocidade do vento,
luminosidade e radiação UV, evapotranspiração, sensação térmica e ponto de orvalho.

3.3 EQUIPAMENTOS PARA INSTAÇÃO


Para coleta de dados será instalada uma Estação Meteorológica Profissional Plugfield,
modelo WS22 contendo sensores temperatura e umidade do ar (termo-higrômetro), pressão
atmosférica (barômetro), precipitação (chuva), direção e velocidade do vento (anemômetro),
índice de luminosidade, radiação ultravioleta, evapotranspiração, sensação térmica, ponto de
orvalho, tabela delta T além de sensores de temperatura e umidade do solo, conforme
especificações contidas nas Tabelas 1 e 2.
A estação também possui tecnologia de conexão WiFi e GSM, além de um datalogger,
para registro e armazenamento de dados. Além disso, a estação também pode ser conectada a
11

sistemas de registro externos, possibilitando a transferência contínua e em tempo real dos


dados para outros dispositivos ou plataformas de análise.

Tabela 1 – Especificações técnicas dos sensores que integram a estação meteorológica.


Parâmetro Mínimo Máximo Resolução Precisão
Temperatura -30 °C 60 °C 0.1 °C ± 1°C
Umidade 1% 99% 1% ± 5%
0,3 mm (chuva < 1000mm)
Precipitação 0 mm - 0,3 mm 1 mm (chuva > 1000mm)
Rajada do Vento 0 km/h 180 km/h 4 km/h ± 4 km/h
Velocidade do vento 0 km/h 180 km/h 0,36 km/h ± 10%
Direção do vento 0° 359° 1° ± 15%
Intensidade
Luminosa 0 LUX 400000 LUX 0,1 LUX ± 15%
Intensidade UV 0 µW/m² 20000 µW/m² 1 µW/m² ± 1 µW/m²
Pressão Atmosférica 300 hPa 1100 hPa 0,1 hPa ± 1 hPa

Tabela 2 - Especificações técnicas dos sensores calculados.

Parâmetro Mínimo Máximo Resolução


Evapotranspiração 0 mm - 0,1 mm
Sensação Térmica -30 °C 60 °C 0,1 °C
Ponto de Orvalho -20 °C 40 °C 0,1 °C
Delta T 0 °C - 0,1 °C

3.4 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DO SOLO E COMPONENTES


Para simular o movimento da água nos solos, os modelos matemáticos geralmente
requerem um vasto conjunto de informações, o que frequentemente demanda ensaios de
campo e laboratório. No entanto, esses ensaios são dispendiosos e demorados. Portanto, o uso
de métodos indiretos, que se baseiam em dados disponíveis, comuns e de baixo custo, é uma
ferramenta importante para determinar alguns parâmetros do solo. Nesse contexto, teorias e
modelos matemáticos têm sido desenvolvidos para descrever de maneira precisa o movimento
da água no solo (SANTOS et al., 2013).
Portanto, para realização da estimativa dos parâmetros da curva característica da
umidade do solo ou curva de retenção da água no solo será utilizado o método semifísico
‘Beerkan’ (SANTOS, MONTENEGRO, 2012). Também serão realizados ensaios de
infiltração, utilizando infiltrômetros de anel simples.
A caracterização granulométrica do substrato será realizada no Laboratório de Física dos
Solos do DEN/UFPE, utilizando as determinações e sequência de etapas expressas por meio
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da NBR 7181 (ABNT, 1984). Além disso, serão realizados ensaios de densidade e densidade
específica de partícula.
A caracterização da camada drenante (argila expandida) será feita mediante ensaios de
teor de absorção, determinada pela NBR 16916 (ABNT, 2021) e caracterização da
microestrutura: caracterização mineralógica por meio de Difração de Raios - X, análise
morfológica e análise química elementar utilizando Microscopia Eletrônica de Varredura
(MEV). A realização destes ensaios encontra-se passível de alteração, pois depende da
identificação de estrutura laboratorial adequada.

3.5 SIMULAÇÃO DOS CENÁRIOS


A ferramenta SWAT+ é amplamente utilizada para a modelagem de cenários
hidrológicos que envolvem técnicas de compensação na drenagem urbana. Essa ferramenta
permite simular e avaliar os efeitos das técnicas de compensação, como telhados verdes,
bacias de detenção, pavimentos permeáveis, entre outros, na redução do escoamento
superficial e na preservação da qualidade da água. O SWAT+ possibilita a análise de
diferentes cenários, considerando variáveis como precipitação, escoamento, infiltração e
retenção de água, permitindo assim a tomada de decisões embasadas na gestão eficiente da
drenagem urbana. A modelagem com o uso do SWAT+ contribui para o planejamento
sustentável das áreas urbanas, auxiliando na escolha das melhores estratégias de compensação
para minimizar os impactos negativos da urbanização sobre os recursos hídricos
(NAVARATNAM et al., 2018).
Será escolhida, para simulação dos cenários, uma das bacias contidas na RMR com o
intuito de avaliar a aplicabilidade e o impacto das técnicas de compensação abordadas neste
estudo. Serão utilizados como parâmetros de entrada dados climáticos, como precipitação e
temperatura, características da bacia, como topografia e uso do solo, informações sobre o
solo, como tipo, textura e capacidade de infiltração, e dados sobre as práticas de manejo,
como uso de fertilizantes e cultivos agrícolas. Além disso, o software também receberá
informações sobre a vegetação, como cobertura vegetal, adquiridas a partir dos módulos
experimentais.

3.6 ANÁLISE DE DESEMPENHO DO MODELO


A fim de validar os parâmetros adotados, foram utilizadas as seguintes variáveis
estatísticas: coeficiente de determinação, razão de desvios, coeficiente de massa residual e
erro padrão. Essas métricas foram empregadas para avaliar a qualidade do ajuste dos
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parâmetros e verificar o quão bem os resultados obtidos pelo modelo se aproximaram dos
dados observados. Cada uma dessas variáveis estatísticas desempenha um papel fundamental
na análise de validação, fornecendo insights sobre a precisão e confiabilidade dos parâmetros
adotados no modelo.
O Coeficiente de Determinação (R²) trata-se de uma medida estatística que indica o grau
de variação dos dados observados que pode ser explicado pelo modelo. Varia de 0 a 1, sendo
que valores mais próximos de 1 indicam um ajuste melhor do modelo aos dados observados
(MAIA, 2013; ALVES et al., 2022).

𝑆𝑄𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙
𝑅2 = 1 − (1)
𝑆𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

Onde:
• SQresidual – Soma dos quadrados dos resíduos, exibida pela Equação 29;
• SQtotal – Soma dos quadrados totais, exibida pela Equação 30.

𝑁
𝑆𝑄𝑟𝑒𝑠𝑖𝑑𝑢𝑎𝑙 = ∑ (𝑀𝑖 − 𝑇𝑖 )2 (2)
𝑖=1

𝑁
𝑆𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑ ̅ )2
(𝑀𝑖 − 𝑀 (3)
𝑖=1

Já a Razão de Desvios (RD), compara as variações simuladas e observadas em relação à


média. Valores positivos indicam uma boa concordância entre os resultados simulados e
observados, enquanto valores negativos indicam uma má concordância (OLIVEIRA;
SOARES; HOLANDA, 2018).
O Coeficiente de Massa Residual (CMR) indica a ocorrência de superestimativa ou
subestimativa do modelo correspondente em relação aos valores observacionais. Valores
negativos indicam superestimação, enquanto os positivos indicam subestimação (ALVES et
al., 2022).

∑𝑁 𝑁
𝑖=1 𝑀𝑖 − ∑𝑖=1 𝑇𝑖
𝐶𝑀𝑅 = (4)
∑𝑁
𝑖=1 𝑀𝑖

O Erro Padrão (EP), trata-se de uma medida que estima a dispersão dos resíduos em
torno da linha de ajuste do modelo. É utilizado para avaliar a precisão das estimativas do
modelo, sendo desejável que o erro padrão seja o menor possível (SANTOS et al., 2013).
14

̅ )2
∑𝑛 (𝑀𝑖 − 𝑀
𝐸𝑃 = √ 𝑖=1 (5)
𝑛

Considerando, para as Equações 1 a 5:


• Ti – Valores obtidos por meio do modelo;
• Mi – Valores experimentais;
• ̅ – Média dos valores experimentais;
M
• N – Número de determinações.
15

4 RESULTADOS ESPERADOS
De modo preliminar, podem ser elencados três resultados que fundamentam a relevância
da pesquisa, respondendo a hipótese levantada, a saber:

4.1 DESEMPENHO HIDROLÓGICO


Por meio dos dados de precipitação, de monitoramento da umidade do solo e da
variação dos volumes de escoamento superficial e infiltração será possível obter o balanço
hídrico, que deverá ser aproximado ao obtido por meio do balanço realizado pela estação
meteorológica.
Por meio dos volumes infiltrado e escoado, que serão armazenados em caixas
hermeticamente fechadas, será possível definir a capacidade de retenção de água nos módulos
até a saturação e traçar o perfil que demonstra uma possível queda de desempenho, à medida
que se inicia o escoamento superficial.
A partir dessas análises, será viável identificar as coberturas com melhor e pior
desempenho na retenção de volumes de precipitação. É assumido que as coberturas vegetadas
apresentarão um desempenho superior na retenção de água em comparação com as superfícies
revestidas por materiais artificiais.

4.2 SIMULAÇÃO HIDROLÓGICA


Tendo em vista os resultados obtidos por meio dos ensaios de infiltração, a
granulometria dos solos e o cruzamento dos dados experimentais e de cobertura, será possível
obter uma representação precisa e confiável do comportamento hidrológico da bacia
hidrográfica selecionada para análise neste estudo.
Espera-se que a modelagem utilizando o SWAT+ seja capaz de fornecer informações
simuladas dos processos como precipitação, escoamento superficial, infiltração, transporte de
sedimentos e qualidade da água, além de insights sobre a distribuição espacial e temporal
desses processos, permitindo a análise de cenários hidrológicos e a avaliação de impactos de
diferentes práticas de manejo, como técnicas de compensação, uso do solo e alterações na
cobertura vegetal.

4.3 VALIDAÇÃO DO MODELO


No processo de validação do Modelo SWAT, espera-se obter resultados promissores ao
realizar a análise de variáveis estatísticas. Prevê-se que o coeficiente de determinação (R²)
indicará um ajuste satisfatório do modelo aos dados observados, evidenciando uma alta
16

capacidade explicativa. Espera-se também que a razão de desvios (NS) apresente valores
positivos, indicando uma boa concordância entre os resultados simulados e observados. Além
disso, é esperado que o coeficiente de massa residual (RMS) seja baixo, denotando uma
menor dispersão dos resíduos e, portanto, um bom ajuste do modelo. Por fim, espera-se que o
erro padrão seja reduzido, evidenciando a precisão das estimativas do modelo. Através dessa
análise estatística, prevê-se que o Modelo SWAT seja validado e demonstre sua capacidade
em simular adequadamente os processos hidrológicos da bacia estudada.
17

5 CRONOGRAMA
Conforme Tabela 3, que expressa o cronograma executivo para o doutorado, até a fase
de envio do Plano de Atividades, foram cumpridos parte dos créditos eletivos e da
implementação do protótipo para realização dos ensaios experimentais.

Tabela 3 - Cronograma previsto.


Primeiro ano
Período 2023.1 2023.2
Atividades / Meses jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Disciplinas obrigatórias
Disciplinas eletivas
Revisão bibliográfica
Metodologia
Implementação do protótipo
Seminários I
Análise experimental
Produção científica
Segundo ano
Período 2024.1 2024.2
Atividades / Meses jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Revisão bibliográfica
Metodologia
Análise experimental
Seminários II
Estágio docência
Proficiência
Análise e interpretação de
resultados
Produção científica
Redação da Tese
Terceiro ano
Período 2025.1 2026.2
Atividades / Meses jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Revisão bibliográfica
Estágio docência
Análise e interpretação de
resultados
Qualificação
Produção científica
Redação da Tese
Versão final da Tese
Defesa da dissertação de
mestrado

Legenda

Concluído
Em
execução
Projeção para execução
Datas relevantes
18

BIBLIOGRAFIA

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