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SOCIEDADE DE ENSINO SUPERIOR DE SERRA TALHADA

FACULDADE DE INTEGRAÇÃO DO SERTÃO


CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

KEVIN WILLIAN SILVA MEDEIROS

ANÁLISE DE RISCOS PARA MORADORES QUE RESIDEM A JUSANTE DE UMA


BARRAGEM: Estudo de caso na Barragem da Cavalhada, no município de Flores – PE

SERRA TALHADA – PE
2023
KEVIN WILLIAN SILVA MEDEIROS

ANÁLISE DE RISCOS PARA MORADORES QUE RESIDEM A JUSANTE DE UMA


BARRAGEM: Estudo de caso na Barragem da Cavalhada, no município de Flores – PE

Artigo apresentado ao curso de Bacharelado em


Engenharia Civil da Faculdade de Integração do
Sertão como requisito parcial para obtenção de
título de bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Esp. Bruno Allyf Bezerra Lima.

SERRA TALHADA – PE
2023
KEVIN WILLIAN SILVA MEDEIROS

ANÁLISE DE RISCOS PARA MORADORES QUE RESIDEM A JUSANTE DE UMA


BARRAGEM: Estudo de caso na Barragem da Cavalhada, no município de Flores – PE

Artigo apresentada à disciplina de TCC 2 do curso de Bacharelado em


Engenharia Civil, da Faculdade de Integração do Sertão – FIS, como
requisito parcial para o título de Bacharel em Engenheiro Civil, sob a
orientação do(a) Prof. Prof. Esp. Bruno Allyf Bezerra Lima.

Artigo ____________________ pela banca examinadora, _________ ressalvas


(Aprovado/Reprovado) (com/sem)

com nota ________ (_______________)

em ____ de _________________ de _________

Banca Examinadora:

______________________________________________
Examinador: Prof.º Me. Raimundo Paulo da Silva Junior
Faculdade de Integração do Sertão – FIS

______________________________________________
Examinador: Prof.º Me. Athos Murilo Queiroz Araújo
Faculdade de Integração do Sertão – FIS

____________________________________________
Orientador (a): Prof. Esp. Bruno Allyf Bezerra Lima.
Faculdade de Integração do Sertão – FIS

DISCENTE

________________________________________________
Kevin Willian Silva Medeiros
1

Artigos Originais
ANÁLISE DE RISCOS PARA MORADORES QUE RESIDEM A JUSANTE DE UMA
BARRAGEM: Estudo de caso na Barragem da Cavalhada, no município de Flores – PE

RISK ANALYSIS FOR RESIDENTS RESIDING DOWNSTREAM OF A DAM: Case


study at the Cavalhada Dam, in the municipality of Flores – PE

Kevin Willian Silva Medeiros1


1
Faculdade de Integração do Sertão, Serra Talhada-PE, Brasil

RESUMO

A pesquisa abordou a crescente preocupação com a segurança de barragens, destacando a importância de preservar
esses reservatórios para garantir a segurança de pessoas, meio ambiente e biodiversidade circundante. O estudo
concentrou-se na Barragem da Cavalhada, em Flores – PE, originalmente construída para abastecer a área urbana
da cidade. No entanto, devido a novos projetos de abastecimento, a barragem tornou-se obsoleta, servindo apenas
aos moradores locais. O objetivo foi realizar um estudo de caso sobre os riscos enfrentados pelos moradores das
comunidades a jusante da Barragem da Cavalhada. Utilizando métodos como georreferenciamento cartográfico, a
análise considerou fatores hidrológicos, hidrográficos, de armazenamento e vazão, com recursos como visita in
loco, imagens aéreas e o software QGIS-3DPE para a configuração de dados. Os resultados indicaram a ausência
de risco imediato de rompimento, mas alertaram para a possível comprometimento futuro da segurança devido à
falta de monitoramento adequado e ao desgaste ao longo do tempo. Conclui-se que, embora o risco iminente seja
baixo, a barragem exige cuidados contínuos para prevenir problemas futuros, destacando a necessidade de
monitoramento de segurança apropriado.

Palavras-chave: Barragem 1. Riscos 2. Monitoramento 3.

ABSTRACT

The research addressed the growing concern about dam safety, highlighting the importance of preserving these
reservoirs to ensure the safety of people, the environment and the surrounding biodiversity. The study focused on
the Cavalhada Dam, in Flores - PE, originally built to supply the city's urban area. However, due to new supply
projects, the dam has become obsolete, serving only local residents. The aim was to carry out a case study on the
risks faced by residents of communities downstream of the Cavalhada Dam. Using methods such as cartographic
georeferencing, the analysis considered hydrological, hydrographical, storage and flow factors, with resources
such as on-site visits, aerial images and QGIS-3DPE software for data configuration. The results indicated that
there was no immediate risk of a breach, but warned that safety could be compromised in the future due to a lack
of adequate monitoring and wear and tear over time. It is concluded that, although the imminent risk is low, the
dam requires continuous care to prevent future problems, highlighting the need for appropriate safety monitoring.

Keywords: Dam 1. Risks 2. Monitoring 3.

Kevin Willian Silva Medeiros, Rua Cel. José Medeiros, 13, Centro – Flores – PE. E-
1

mail: kevin.willian_01@hotmail.com
2

INTRODUÇÃO

A questão da manutenção de barragens de todas as naturezas e finalidades sempre foi


motivo de debate em âmbito mundial e por consequência no Brasil. Todavia, essa questão ficou
mais evidente depois dos eventos ocorridos em grande escala em barragens de concentração de
rejeito de minérios do estado de Minas Gerais, ganhando destaque a necessidade de prevê e
antevê eventos que possam causar danos à natureza e prejuízos financeiros e humanos. Tais
questões destacam-se por constituírem problemas socioeconômicos, os quais podem ser
causados por fenômenos diversos mas, principalmente por falta de monitoramento sistemático
ou feitos de forma errônea (CORRÊA, 2020).
Dessa forma, estudar os problemas existentes em barragens no Brasil, tornou-se um dos
principais objetos da engenharia civil, bem como de outros órgãos de segurança hídrica e meio
ambiente. Com uma maior preocupação a partir dos desastres ocorridos com reservatórios de
rejeitos nos municípios mineiros de Mariana e Brumadinho quando nos anos de 2015 e 2019,
respectivamente, ocorrerem fatos que chamaram a atenção de diversos setores sociais e do
governo brasileiro para avaliar a situação de reservatórios de toda natureza e em todos os
lugares do país. Esses “dois acidentes refletem a dimensão dos danos e impactos causados por
rompimento de barragens” no Brasil (Melo, 2021, p. 16).
De acordo com Laschefsk (2020, p. 99), esses são eventos que figuram “entre os maiores
desastres ambientais do mundo”, fazendo aumentar a discussão sobre a necessidade de
monitoramento constante da barragens de qualquer natureza, estrutura e capacidade de
armazenamento espalhadas por todos os lugares do Brasil.
Para Rocha (2018, p. 13), “barragens são estruturas capazes de armazenar ou conter
substâncias líquidas, como por exemplo água, resíduos industriais e rejeitos de mineração, e
são destinadas para usos como irrigação, abastecimento de água” entre outras finalidades, sejam
elas de cunho particular ou público, e precisam ser sempre verificadas para evitar problemas
futuros.
Muitos reservatórios construídos no Brasil estão em condições de atenção, sobretudo no
interior do país onde os olhos das grandes corporações midiáticas não chegam e, onde muitas
vezes, as próprias populações locais não denunciam a situação desses reservatórios. Todavia,
de acordo com o Manual do Empreendedor sobre Segurança de Barragens da ANA – Agência
Nacional de Águas em seu volume VII, diz que “as condições de segurança das barragens
devem ser periodicamente revisadas, levando em consideração eventuais alterações resultantes
3

do envelhecimento e deterioração das estruturas ou de outros fatores, como o aumento da


ocupação nos vales a jusante” (ANA, 2016, p. 13).
Nesse sentido, o estudo de caso que ora se apresenta neste trabalho destina-se à
identificação dos riscos que podem ser ocasionados na barragem da Cavalhada, principalmente
pela falta de manutenção nos taludes a montante e a jusante (este com maior ênfase). Entre os
problemas está a falta de acompanhamento e manutenção, e que se percebe, sobretudo que é
um totalmente tomado por árvores que podem danificar a estrutura do barramento de concreto
que sustenta a crista e o vertedouro daquela Barragem. Consequentemente, pode-se levar a
grande risco os moradores que residem a jusante do barramento, consequentemente, do
barramento da mesma.
Buscando discorrer sobre a problemática acerca de existir ou não riscos para os
moradores a jusante da Barragem da Cavalhada, tem-se como objetivo: Realizar um estudo de
caso sobre os riscos que existem para os moradores das comunidades a jusante da Barragem da
Cavalhada no município de Flores – PE, feito através de um estudo de caso, analisando a
situação do reservatório que cria uma sensação de risco para os moradores jusantes.

MÉTODO
Descrição da área de estudo
A área investigada foi a Barragem de Cavalhada, situada na periferia dos Sítios
Cavalhada e São Jerônimo, no município de Flores, no estado de Pernambuco. Esse reservatório
está posicionado a 7 km da sede municipal e pode ser alcançado por uma estrada de asfalto, a
BR 426. Ele está posicionado dentro do canal do curso d'água conhecido como “Riacho da
Velha”, e se estende a jusante por aproximadamente 5 km até se juntar ao Rio Pajeú, que fica
Informar se há moradores
dentro da região urbana da cidade. a jusante

A construção da barragem ocorreu entre os anos de 1976 e 1979, com este último
marcando sua inauguração oficial. Para atender às necessidades de abastecimento de água da
área urbana de Flores - PE (CEPE, 1976), uma área de aproximadamente 7 hectares, separada
de pequenas propriedades rurais locais, foi desapropriada.
Coleta de dados
A pesquisa foi conduzida a partir de uma perspectiva teórica, contando com uma
bibliografia abrangente que engloba várias análises de barragens, com ênfase particular em
questões de segurança, bem como no monitoramento de barragens de concreto sólido. Nesse
sentido, estudos como os realizados por Melo et al., (2023) sobre o monitoramento de barragens
de rejeitos no estado do Amapá; Melo (2021), com foco em barragens de minério no mesmo
4

estado; Sales e Passos (2023) e Sena et al., (2017) sobre a utilização de geotecnologia para
monitoramento de barragens, foram consultados. Além disso, estudos relevantes realizados em
grandes barragens em todo o país também foram levados em consideração. Um exame da
barragem do Brejinho, localizada no município de Triunfo - PE (Santos, 2022), mostrou-se
crucial, pois ela compartilha características semelhantes à barragem de Cavalhada e está situada
nas proximidades. Além disso, documentos da Agência Nacional de Águas (ANA) relativos ao
monitoramento e segurança de barragens, entre outros, foram utilizados como fontes
fundamentais para gráficos, tabulação e estipulações legais.
Em termos de material teórico, artigos e trabalhos foram recuperados de fontes como
Google Scholar, SciELO e outras plataformas acadêmicas e/ou científicas, em um período de
até dez anos (2013 a 2023), a menos que se refira a livros ou legislação. Sites científicos que
abrangem o mesmo período também foram consultados. O processo de coleta de dados
envolveu uma visita in loco realizada na manhã de 21 de outubro de 2023, durante a qual foi
utilizado equipamento de captura aérea para obter imagens, conforme ilustrado na figura 1.

Figura 1: Imagens aéreas (captadas por drone) da Barragem da Cavalhada – Flores – PE.
Fonte: Odair Bismarck/2023.
5

Para o propósito desta investigação específica, foi utilizado um modelo de drone


chamado DJI Mini 2. As dimensões do drone quando dobrado mediam 138 X 81 X 58 mm. Ele
possuía a capacidade de gravar vídeos em resolução 4K a uma taxa de quadros de 30 fps, com
suporte para 24 fps e 25 fps. Além disso, ele pode capturar imagens em resoluções de 2,7K e
Full HD a uma taxa de quadros máxima de 60 fps. Em termos de fotografia, o drone tinha uma
câmera de 12 MP equipada com tecnologia HDR e suporte RAW. Além disso, as imagens
também foram capturadas usando câmeras de telefones celulares que atendiam aos requisitos
de resolução apropriados descritos nas especificações da ANA (2016). Para expandir os
recursos disponíveis, uma pesquisa abrangente foi realizada no Google Earth, e dados de vários
estudos e agências federais, como APAC, COMPESA, DNOCS, ANA e outros, também foram
utilizados. O primeiro gráfico apresentado neste estudo ilustra as dimensões da bacia
hidrográfica junto com seus elementos cartográficos correspondentes.

Figura 2: Mapa de caracterização de elementos da barragem da Cavalhada no município de Flores – PE.


Produzido pelo Autor: 2023.

De acordo com as diretrizes e formulários estabelecidos pela Agência Nacional de


Águas (ANA, 2016) para fins de inspeções de segurança de barragens, as seguintes
características foram analisadas para o reservatório em estudo. A barragem é conhecida como
Barragem da Cavalhada, localizada em Flores, Pernambuco. No entanto, não foi possível
encontrar o código da barragem no cadastro do órgão fiscalizador. A barragem está associada
6

à COMPESA, mas não parece estar atualmente em uso por esta organização, indicando que ela
pode estar desativada. A identificação da pessoa técnica responsável pela inspeção e preparação
do relatório está ausente ou não está disponível. Da mesma forma, o local e a data específicos
da inspeção não puderam ser determinados. Informações sobre quaisquer doações associadas à
barragem e sua data de construção também não foram encontradas. A construção da barragem
ocorreu entre 1976 e 1979, sendo a COMPESA (Companhia Pernambuco de Saneamento)
responsável por sua implantação.
Conforme destacado por Melo et al. (2023, p. 2584), a utilização de ferramentas
geotecnológicas pode ajudar muito na aquisição, recuperação, organização, visualização e
análise de informações relativas às barragens, suas áreas circundantes e os possíveis caminhos
de resíduos em caso de ruptura. À luz da declaração acima mencionada, o quadro mostra os
dados fundamentais obtidos por meio da utilização do software QGIS, utilizando as imagens
capturadas com a ajuda do drone.
DADOS GERAIS - CONDIÇÃO ATUAL
1 – Nome da Barragem: CAVALHADA
2 - Coordenadas: E = 610159,667 e N= 9134926,533 Datum: SIRGAS 2000 UTM / zone 24S
3 - Município/Estado: FLORES – PE
4 - Data da Visita: 21/10/2023 Visita N.º: 01/2023
5 - Cota atual do nível d’água: 543 m Cota de fundo: 533 m
6 – Bacia hidráulico: 380 hec. Curso d’água barrado: Riacho da Velha
7 - Empreendedor: COMPESA
8 Nível de Perigo da Barragem Avaliado Nesta Inspeção:
( X) BAIXO ( )NORMAL ( )ATENÇÃO ( )ALERTA ( )EMERGÊNCIA
Quadro 1: Ficha de inspeção regular de barragem adaptado do modelo da ANA, 2016.
Produzida pelo Autor: 2023

Ainda sobre as características gerais, foram coletados os seguintes dados: Bacia


hidrográfica2 onde foi construída a barragem: Bacia hidrográfica do Pajeú; Curso d’água
barrado: Riacho da Velha; Coordenadas geográficas: A barragem está na posição 7º 49’ 20” S,
37º 59’ 59” W, e tem altitude de 545 m acima do nível do mar; Finalidade (inicial): fornecer
água para a área urbana da cidade de Flores – PE; Finalidade (atual): a barragem é utilizada
apenas por moradores locais, sem acompanhamento e/ou inspeção de nenhum órgão estatal.
Capacidade do reservatório de acordo com os dados obtidos na APAC: 0,6779 hm³ (APAC,

2
Essa não é a bacia hidrográfica especificamente que desagua na barragem, mas a região hidrográfica
onde ela está situada, de acordo com as definições da ANA (2016).
7

2013); Área inundada (desapropriada de pequenos proprietários locais (CEPE, 1976): 7,5 ha
Tipo de barragem: maciço de concreto (CEPE, 1976); Extensão do barramento: 170 m; extensão
do extravasor: 45 m (ANA, 2017) e altura do vertedouro 9,892 m, esse último item está
representado nas figuras 3 e 4 respectivamente.

Figura 3: Representação gráfica mostra o barramento a jusante. Fonte: Autor/2023.

Figura 4: Representação gráfica mostra o barramento a montante. Fonte: Autor/2023.


Quanto à situação geral da barragem o quadro 2 apresenta a visão a partir dos dados
coletados in loco.

FORMULÁRIO DE INSPEÇÃO DE BARRAGEM DE MACIÇO DE CONCRETO


Nome da Barragem: Barragem da Cavalhada. Data da Inspeção: 21 de outubro de 2023 Nome do Inspetor:
Kevin Willian Silva Medeiros
Condições Gerais:
1. Estado Geral da Barragem:

Regular

Verificação de Rachaduras ou Danos no Concreto:

Rachaduras pequenas e superficiais



Estado dos Drenos e Canaletas:

Parcialmente obstruídos
3.
o Completamente obstruídos
Estabilidade e Drenagem:
1. Inspecionar o Sistema de Drenagem:
o
corretamente
Acúmulo de água ao redor da barragem (especificamente próximo ao extravasor)

Controle de Vegetação:

2.
o Vegetação descontrolada próxima à barragem
Segurança Operacional:
8

1. Verificação de Comportas e Válvulas:

 Vazamentos nas comportas ou válvulas


Monitoramento de Níveis de Água:
Níveis de água dentro dos limites seguros

Estado das Estruturas Auxiliares (como pontes e passagens):
 Não se aplica

3.
o Requerem reparos (especificar)
Documentação e Manutenção:
1. Registros de Inspeção Anteriores:
Documentação completa e atualizada
 Documentação incompleta ou desatualizada
Recomendações de Manutenção Pendentes (RMP):
 Não foi encontrado registro de RMP

2.
o Recomendações de manutenção pendentes (especificar)
Observações Adicionais:
Não foi localizado um órgão que acompanhe ou monitore a Barragem. Também não foi encontrada a
documentação da Barragem. A falta dessas informações dificultam a verificação dos dados da mesma. A vistoria
teve como finalidade o levantamento de dados para o TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Engenharia Civil.

Assinaturas:
Vistoriador: Kevin Willian Silva Medeiros
Responsável pela Barragem: Barragem construída pela COMPESA
Data: 21 de outubro de 2023.

Quanto aos requisitos legais, serão utilizados os sites dos órgãos governamentais das
três esferas do poder público (federal, estadual e municipal), com ênfase nas esferas federal e
estadual ao referir-se à legislação ambiental e à política de monitoramento de barragens.
A análise de dados será realizada por meio de gráficos e tabelas disponíveis no sistema
Microsoft 365 (Office), bem como outros aplicativos e/ou dados disponíveis no sistema
Windows, seguindo as normatizações legais. Também serão empregados modelos
disponibilizados nas Resoluções da ANA (Agência Nacional de Águas) e de outros órgãos
governamentais que abordam a questão da segurança de barragens, além das normatizações da
ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) sobre o assunto.
A análise topográfica foi conduzida com o software QGIS – PE3D, fornecendo dados
topográficos, como a variação de barramento (área de abrangência da barragem) a jusante e a
montante da parede de barramento. Constatou-se que a jusante, o barramento tem uma cota de
493,86 m de altura, enquanto a montante é de 503 m, resultando em uma variação de 10 m de
altura entre ambas as extremidades. Em relação ao perfil latitudinal, destaca-se uma altitude de
505 m na crista do barramento. Vale ressaltar a diferença no derrame de água no vertedouro,
observando-se um maior fluxo do lado oeste (lado da BR 426) em comparação ao lado leste,
9

que apresenta maior incidência de vegetação e, portanto, maior assoreamento. Não há régua de
monitoramento, impossibilitando o cálculo da lâmina d’água. A bacia hidrográfica abrange
aproximadamente 380 hectares, com uma estimativa de volume de 135 mm/h entrando na bacia.
Quanto à estrutura, trata-se de uma barragem de maciço de concreto, com extravasor de
lavagem na própria parede do talude a jusante, ou seja, sem tubulação específica ou lateral.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Constata-se que a Barragem da Cavalhada está inserida em uma bacia hidrográfica


composta por cursos d'água que deságuam no Riacho do Velha, onde está localizada a referida
barragem. Considerando o pensamento original acerca dos aspectos do estado da barragem, sua
finalidade social, situação hidrológica e hidrográfica, diversos aspectos foram revelados e estão
expressos nos gráficos e tabelas do método.
Observou-se que a Barragem da Cavalhada é um reservatório de água construído na
década de 1970, entre 1976 e 1979, conforme registros no Diário Oficial do estado de
Pernambuco e imagens digitalizadas da época (CEPE, 1976). Entretanto, os dados obtidos
resultaram de iniciativas próprias, como a inspeção in loco e a pesquisa com imagens coletadas
por meio aéreo (drone), além das informações presentes na "Ficha de inspeção regular de
barragem adaptada do modelo da ANA, 2017" (Quadro 1) e no Formulário de Inspeção de
Barragem de Maciço de Concreto.
O principal objetivo da pesquisa foi analisar as condições da barragem, considerando os
riscos para a população. Sobre os riscos, Tominaga, Santoro e Amaral (2015, p. 147) afirmam
que "risco é a possibilidade de se ter consequências prejudiciais ou danosas em função de
perigos naturais ou induzidos pelo homem".
Os dados hidrográficos da Barragem da Cavalhada (Quadro 1) indicam uma bacia de
799,212 hectares, com uma média de entrada de água de 135 mm/hora no reservatório. A
barragem possui uma cota de 493,86 m de altura a jusante e 503 m a montante, com uma
variação de 10 m entre os barramentos. O barramento tem uma extensão de 170 m, com 45 m
de extravasor localizado na própria estrutura e altura do vertedouro 9,892 m.
Conforme descrito no Formulário de Inspeção de Barragem de Maciço de Concreto,
verificou-se que as condições gerais do estado da barragem estão em um nível regular,
apresentando pequenas rachaduras superficiais, conforme figura 3.
10

Figura 3: Rachadura no extravasor da barragem da Cavalhada – Flores/PE. Fonte do Autor: 2023.

Já quanto aos aspectos de vegetação e segurança, constatou-se que há acúmulo


controlado de água a jusante do extravasor. E quanto à vegetação, existe vegetação nas encostas
próximas ao barramento, tanto a jusante quanto a montante. A figura 4 mostra a situação
verificada antes e durante a inspeção da barragem. Em ambas se percebe a presença tanto de
vegetação rasteira quanto de árvores ao longo do barramento.

Figura 4: Presença de vegetação na altura do extravasor. Fonte: Odair Bismarck: 2023.

Quanto à segurança e à documentação, este é um dos itens mais desafiadores em todo o


processo de elaboração do trabalho. Sobre a segurança, não foram identificadas válvulas ou
comportas, embora se admita a sua existência; contudo, a falta de manutenção impediu a
identificação desses elementos. No que diz respeito ao monitoramento, não há indícios de um
sistema sistemático, nem mesmo esporádico, na barragem.
O Plano Municipal de Saneamento Básico de Flores (PMSB) alerta sobre os riscos aos
mananciais e reservatórios de água no município, destacando a falta de preservação desses
cursos e/ou reservatórios. O PMSB enfatiza que Flores – PE não possui programas ou projetos
de implantação ou ampliação de rede de drenagem, seja na área urbana ou rural, e que esses
11

problemas "estão ligados à ausência, manutenção e limpeza dos dispositivos" (PMSB, p. 515,
2015).
A falta de documentação da barragem também dificultou a pesquisa. Durante a
investigação, os únicos dados encontrados remontam à época da construção, obtidos apenas
através do Diário Oficial de Pernambuco da década de 1970. Não foi encontrado nenhum
documento de inspeção anterior. No entanto, a segurança de barragens é fundamental,
envolvendo aspectos técnicos, inspeções e até mesmo eventual desativação (Brasil, 2016).
O inciso VII do Artigo 2º da Lei 12.334/2010, que trata dos objetivos do PNSB,
estabelece a necessidade de "fomentar a cultura de segurança de barragens e gestão de riscos"
(Brasil, 2010, p. 2). Contudo, não foram identificadas recomendações de manutenção
pendentes, tornando impossível prever se houve alguma inspeção oficial a curto ou médio
prazo. A inspeção visual revelou sinais de abandono e falta de manutenção, embora a estrutura
não apresente grandes riscos à população a jusante.

CONCLUSÕES

A investigação realizada na barragem de Cavalhada, localizada em Flores - PE, lançou


luz sobre aspectos significativos sobre esse reservatório de água. O estudo revelou que a
barragem não está sujeita ao monitoramento por órgãos governamentais, em contradição com
a Política Nacional de Segurança de Barragens, dadas as ocorrências que ocorreram em todo o
país na última década.
É crucial enfatizar que a segurança das barragens não depende de sua magnitude; todas
as barragens precisam de monitoramento. Mesmo na ausência de um risco iminente, o
monitoramento é imperativo para evitar danos futuros ao meio ambiente e às populações que
residem a jusante da barragem.
Tanto a pesquisa no local quanto as análises de georreferenciamento foram
fundamentais para compreender as facetas essenciais do reservatório, como as dimensões da
bacia hidrográfica, a composição da barragem (concreto sólido), as dimensões do
transbordamento, o nível da água e a deterioração resultante da falta de manutenção. O
assoreamento do reservatório também foi ressaltado, levando a uma redução no fluxo de água.
Vale ressaltar que, devido ao seu desuso para abastecimento urbano, a Barragem de
Cavalhada apresenta sinais de abandono e falta de manutenção. A aquisição de dados mais
aprofundados foi possível graças à tecnologia da informação, já que nenhuma documentação
de projeto ou monitoramento foi descoberta pelos órgãos reguladores.
12

Diante dessa situação, pode-se concluir que a Barragem de Cavalhada não representa
um risco imediato à população ou ao meio ambiente em termos de ruptura. No entanto, um
esquema de monitoramento mais abrangente é necessário para evitar problemas futuros, tanto
para a população quanto para o meio ambiente.

REFERÊNCIAS

ANA [Agência Nacional de Águas (Brasil)]. Relatório de segurança de barragens 2016 /


Agência Nacional de Águas. -- Brasília: ANA, 2017.

ANA [Agência Nacional do Aguas (Brasil)]. Guia de Orientação e Formulários para


Inspeções de Segurança de Barragem / Agência Nacional das Águas. -- Brasília: ANA,
2016. Disponível em: https://www.snisb.gov.br/. Acesso em: 06 mar. 2023.

Barragem da Cavalhada – Flores – PE, Google Earth. Disponível em:


https://www.google.com.br/maps/search/barragem+da+cavalhada+flores+pe/@-7.86095,-
38.2342449,10z/data=!3m1!4b1. Acesso: 13 mar. 2023

BRASIL. Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010 - Estabelece a Política Nacional de


Segurança de Barragens destinadas à acumulação de água para quaisquer usos etc.
Disponível em: https://progestao.ana.gov.br. Acesso em 06 mar. 2023.

BRASIL. [Ministério do Meio Ambiente] Conselho Nacional de Recursos Hídricos.


Resolução no 143, de 10 de julho de 2012. Estabelece critérios gerais de classificação de
barragens por categoria de risco etc. Disponível em:
https://www.ceivap.org.br/ligislacao/Resolucoes.pdf. Acesso em: 13 mar. 2023.

CORRÊA, Claudia Vanessa dos Santos. A geotecnologia no monitoramento, alerta e


prevenção de desastres - os desastres naturais e tecnológicos no cenário brasileiro e
estudos de caso do emprego de geotecnologias como subsídio a sua mitigação. 2020.
Disponível em: https://www.agbbauru.org.br/publicacoes/Reducao2020/Reducao_2ed-2020-
22.pdf. Acesso em 08 set. 2023.

CEPE [Companhia Editora de Pernambuco]. Diário Oficial de Pernambuco. Construção de


Barragens. Recife: CEPE, 1976. Disponível em:
https://diariooficial.cepe.com.br/diariooficialweb. Acesso em: 27 mar. 2023.

LASCHEFSKI, K. A. Rompimento de barragens em Mariana e Brumadinho (MG): Desastres


como meio de acumulação por despossessão. AMBIENTES: Revista de Geografia e
Ecologia Política, [S. l.], v. 2, n. 1, p. 98, 2020. DOI: 10.48075/amb.v2i1.23299. Disponível
em: https://e-revista.unioeste.br/index.php/ambientes/article/view/23299. Acesso em: 6 mar.
2023.

MELO, Jéssica Costa. Distribuição e caracterização espacial de barragens de rejeito nas


áreas de mineração no estado do Amapá. 2021. 102 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Graduação em Ciências Ambientais) - Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento,
13

Universidade Federal do Amapá, Macapá, 2021. Disponível em:


http://repositorio.unifap.br:80/jspui/handle/123456789/742. Acesso em: 08 set. 2023.

MELO, Jéssica Costa; CARMONA, Sávio; FUNI, Cláudia; SANTOS, Valdenira Ferreira dos.
Mapeamento de Áreas Potencialmente Impactadas por Barragens de Rejeito no Estado
do Amapá. Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade
Federal do Amapá – UNIFAP. Anais do XX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto –
Florianópolis: INPE, 2023. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Valdenira-
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dos Santos Nascimento, Jaqueline Serafim do Nascimento. Belo Horizonte: GESOIS, 2015.

ROCHA, Ana Karlla Penna. Condições operacionais de estruturas hídricas destinadas ao


armazenamento de água no Vale do Rio Pajeú / Ana Karlla Penna Rocha. – Serra Talhada,
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SALES, Jepherson Correia; PASSOS, Joelson de Souza. Uso de geotecnologia para


obtenção de áreas de prioridade para mapeamento geomorfológico na Bacia do Alto
Paraguai-BAP. 6º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, Cuiabá, MT, 22 a 26 de outubro
2016. Embrapa Informática Agropecuária/INPE, p.329 -336. Campo Grande/MT:
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Disponível em:
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SANTOS, Giovana Alcântara Brazil dos. Avaliações de risco em barragens: estudo de caso
da Barragem do Brejinho em Triunfo, Pernambuco / Giovana Alcântara Brazil dos
Santos. Orientador: Prof.ª Ma. Débora Cristina Pereira Valões. – Serra Talhada; FIS, 2022.

SENA, Adahil Pereira de; FRANÇA, Josefa Marciana Barbosa de; ALBUQUERQUE
Francisco Robério Bezerra; ANDRADE, Maria Joceli Noronha de; SENA, Daniel Lima de. O
Uso de Geotecnologias Aplicadas à Gestão dos Recursos Hídricos na Bacia Hidrográfica
do Açude Mucambo – Ceará. XXII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos – Associação
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TOMINAGA, Lídia Keiko; SANTORO, Jair; AMARAL, Rosangela do (Orgs). Desastres


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Disponível em: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/wp-
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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus! Cada momento e dificuldades que passei durante todo o meu curso
foi suprimido por ele que me garantiu a fé, a força e disposição para seguir adiante com esse
audacioso projeto. A meus pais, que sempre me disseram para ir em frente e não parar, mesmo
nos momentos de medo e indecisão. A minha querida esposa que se dedicou com toda sua
coragem e determinação de mulher para garantir-me toda a logística física, espiritual e
psicológica que precisei no meu cansaço e nas minhas fraquezas. A meu Amor: meu filho que,
mesmo vendo eu chegar cansado do trabalho ou da faculdade, pulava nas minhas costas para
brincar e quando não fazia isso, usava de sua inocência para afastar de mim todas as dores que
eu sentia. E elas sumiam sim! À FIS e a todas e todos os que destinaram suas competências
para fazer de mim um profissional em uma profissão de responsabilidade como é a engenharia
civil. Ao meu orientador, que a todo o momento que o exigia ele dava-me uma nova aula, como
se fosse sempre a primeira. A Adelmo Barbosa pela colaboração e a todos os que colaboraram
de alguma forma para eu concluir meu curso e, em particular, esse trabalho. Só tenho a
agradecê-los.
Muito Obrigado!

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