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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

APLICAÇÃO DA ENGENHARIA NATURAL NA


ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES

BRENDA PEREIRA BARBOSA


MURILO RODRIGUES DE FREITAS
PEDRO HENRIQUE DE ARAÚJO ARANTES
THALITA SILVA VIEIRA
VICTOR VENÂNCIO DA SILVA

GOIÂNIA
2016
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BRENDA PEREIRA BARBOSA


MURILO RODRIGUES DE FREITAS
PEDRO HENRIQUE DE ARAÚJO ARANTES
THALITA SILVA VIEIRA
VICTOR VENÂNCIO DA SILVA

APLICAÇÃO DA ENGENHARIA NATURAL NA


ESTABILIZAÇÃO DE TALUDES

Projeto de pesquisa apresentado na disciplina de Metodologia


Científica e Tecnológica do Curso de Graduação em Engenharia
Civil da Universidade Federal de Goiás.
Orientador: Dra. Simone Costa Pfeiffer

GOIÂNIA
2016
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4

2. JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 5

3. OBJETIVOS ................................................................................................................ 5

3.1. OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 5

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................... 5

4. REVISÃO LITERÁRIA ................................................................................................. 6

5. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................... 7

5.1. MATERIAIS ................................................................................................................. 7

5.1.1. Materiais Vivos ........................................................................................................... 7

5.1.2. Materiais Inertes ......................................................................................................... 8

5.2. MÉTODOS ................................................................................................................... 9

5.2.1. Medidas de proteção .................................................................................................. 9

5.2.2. Medida de correção .................................................................................................. 11

5.2.3. Medidas de reforço .................................................................................................. 12

6. RESULTADOS ESPERADOS ................................................................................... 14

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 14


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1 INTRODUÇÃO

Num cenário em que temas ambientais adentram cada vez mais os assuntos populares,
surgem novas técnicas promissoras - e eficazes- capazes de desatualizar e inviabilizar os
métodos tradicionais. No que tange à engenharia, nada muda. Cada vez mais as pessoas se
conscientizam da real necessidade de medidas à serem tomadas com o intuito de preservar
os recursos naturais e barrar o superaquecimento do planeta. É nesse contexto que surge a
ideia da Engenharia Natural.

Entende-se por engenharia natural a área da engenharia que se dedica a utilizar


elementos presentes na natureza, sobretudo vegetação, aliando-os ou não à métodos e
materiais tradicionais na solução de problemas, como erosão, estabilização de encostas,
taludes, etc. Na engenharia natural, a vegetação é tanto componente estrutural como
acabamento estético. No Brasil ainda não se tem um mercado amplo de atuação e
especialização na área, mas algumas empresas já estão começando a adotar alguns
procedimentos que tiveram berço na Engenharia Natural.

Este projeto surgiu da necessidade da estabilização de taludes sob um ângulo mais


econômico e sustentável e a implementação de práticas que aproveitem os recursos naturais
sem perda de eficácia estrutural. O projeto se trata do uso de técnicas com materiais naturais
para estabilização de taludes localizados ao longo da GO-080 (Figura 1), sendo assim uma
maneira mais sustentável e visualmente mais agradável.

Figura 1 – Trecho da GO-080

Fonte: Goiás, 2016


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2 JUSTIFICATIVA

A “vegetação tem sido utilizada na engenharia há séculos, no controle de processos erosivos


e como proteção e reforço em obras de engenharia civil, sendo denominadas as técnicas que
conjugam a utilização deste elemento vivo, engenharia natural” (KRUEDENER, 1951).

Na utilização da engenharia natural normalmente não é necessário a utilização de muitos


equipamentos ou de movimentação de terra. Isso assegura que haverá menos perturbação
durante a concretização de obras de proteção de taludes e controle de erosão. Alguns locais
que são de difícil acesso ou até inacessíveis para uso de máquinas, as técnicas dessa
engenharia podem ser a única alternativa viável para a execução da obra.

Segundo Golfari e Caser (1977), devido ao seu baixo custo, os requerimentos técnicos
relativamente simples para instalação e manutenção, a adequação paisagística e ambiental,
têm encontrado um largo campo de aplicação em regiões tropicais e semitropicais, já que
nestas regiões as condições favoráveis ao crescimento da vegetação ocorrem na maior parte
do ano.

Também deve-se considerar que “as plantas desenvolvem um papel importante ao nível do
ciclo hidrológico pois reduz a água no solo através da folhagem, raízes e ramos o que contribui
para a estabilização do solo” (SILVA, 2012). Por fim, também deve-se levar em conta que o
emprego dessas técnicas constitui uma elevada compatibilidade na integração ambiental,
contribuindo para a sustentabilidade.

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste projeto é o de apresentar o conceito de engenharia natural como


alternativa viável para estabilização de taludes. Especificamente, este trabalho fornece
exemplos de técnicas de engenharia natural e restauração com o objetivo principal de
estabilização de taludes com a vegetação adaptada no trecho que está sendo duplicado na
GO-080, entre o município de Nerópolis e o entroncamento com a BR-153.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


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Existem várias técnicas de engenharia natural, passíveis de serem usadas na estabilização


ou controle de uma erosão, podendo também ser combinadas com técnicas de engenharia
tradicional. Logo outro objetivo é estudar e identificar o(s) tipo(s) de solo(s) presentes ao longo
da área onde se quer empregar as técnicas de engenharia natural.

É também um objetivo a execução de uma parte prática onde se irá aplicar uma ou mais
técnicas de engenharia natural, de acordo com a identificação feita no(s) solo(s), verificando
quais são as técnicas mais adequadas aos taludes da área especificada.

4 REVISÃO LITERÁRIA

Para a realização eficaz de uma estabilização de talude, é necessário o conhecimento total


sobre os fatores que podem dificultar ou auxiliar o serviço a ser feito.

Primeiramente, taludes são zonas de topografia acentuada, com maior ou menor inclinação
com o solo, podendo ser natural ou consequência de ações humanas. Estes estão sujeitos a
fenômenos erosivos, sendo então comum a ocorrência de movimento de materiais terrosos
ou rochosos, chamados de “movimentos de vertente”. Assim, é essencial que sejam feitos
estudos dos métodos e materiais mais eficientes para a contenção desses tipos de
movimento.

O estudo das condições do solo é de grande importância para verificar condições existentes
locais. Para isso, segundo Silva (2012), estudos geológicos e geotécnicos definirão as
características geotécnicas dos materiais, como também dos possíveis mecanismos de
ruptura, permitindo aplicações de neutralização, a fim de evitar acidentes futuros.

Da mesma forma, é preciso que se tenha o conhecimento sobre a vegetação local e não local,
em alguns casos, para melhor determinação dos tipos de plantas mais adequadas ao solo
estudado, região em torno do talude, clima local, etc. De acordo com Portocarrero et al (2006),
a ampliação desse conhecimento permitirá o aumento da eficácia dos projetos de recuperação
ambiental e na estabilidade de taludes e encostas.

Uma proposta alternativa para a construção do talude do Beira Rio (margem esquerda do Rio
Itaíçu-Açu) da cidade de Blumenal – SC, como mostra a figura 2, pode ser usada como
exemplo do uso da vegetação local e não local e de elementos naturais, como estacas vivas
e blocos de rochas para a contenção da encosta feita naquele local. Além do uso do ambiente
construído para a criação de passeios e ciclovias no alto do talude.
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Figura 2 - Perfil do tratamento alternativo proposto para o Beira Rio

Fonte: Oficina de propostas alternativas da FURB,2009

5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 MATERIAIS

Para os materiais utilizados na construção dos taludes, foi utilizada a técnica da génese da
engenharia natural, que segundo Gray e Leiser (1989), consiste na utilização de sistemas
vivos, e através de um método dinâmico, sem gastos de energia que possam se desenvolver
através da seleção equilibrada entre os materiais inertes e os materiais vivos que obtém uma
alta sustentabilidade.

5.1.1 Materiais Vivos

Os materiais vivos são plantas, partes de plantas, sementes e todas as associações vegetais
(estacaria de arbustivas autóctones, sementes de herbáceas, plantas em torrão,
representados alguns exemplos na figura 3). Geralmente, no local de construção, são usadas
as vegetações que se encontram no local, dado que estas estão adaptadas às características
locais. Possuem uma função estabilizadora, que anteriormente era executada por materiais
inertes.
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Figura 3 - Exemplo de alguns materiais vivos

Fonte – Rúben Alberto Fernandes da Silva, 2012

5.1.2 Materiais Inertes

São usados como preparação do terreno para a receção das plantas, sendo utilizados uma
série de Técnicas de Engenharia Natural (mais comuns neste tipo de construção: madeira,
pedras, geotêxtis, metais e fibras, figura 4). Os materiais inertes, devem ser selecionados
pelas suas características técnicas, abundância na região, pela facilidade de aquisição e em
função do seu custo. Esses materiais podem ser alvenaria, restos culturais, madeira ou pedras
(Durlo e Sutili, 2003). Os materiais inertes têm como função assegurar a estabilidade do local
enquanto a vegetação se desenvolve.

Figura 4 - Exemplo de alguns materiais inertes

Fonte – Rúben Alberto Fernandes da Silva, 2012


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5.2 MÉTODOS

Dentre os métodos para a estabilização dos taludes, há alguns fatores que devem ser levados
em conta para a sua construção, dentre eles, os custos da obra, os materiais e equipamentos
disponíveis, dentre outros. Os principais problemas de instabilidade num talude são erosão,
os escorregamentos, a queda de blocos e os fluxos. As técnicas utilizadas neste tipo de
instabilidade podem ser agrupadas em três categorias: medida de proteção, correção e
reforço.

5.2.1 Medidas de Proteção

VALAS DE RETENÇÃO:

Esta proteção consiste numa vala construída na base do talude com o objetivo de reter os
blocos rochosos (figura 5). O seu dimensionamento depende da altura e da inclinação do
talude. Um talude com inclinações de 90º a 70º, os blocos terão uma trajetória em queda livre,
logo amontoam-se junto a base, para inclinações de 70º a 50º os blocos irão rebolar e devido
aos ressaltos tenderão a amontoar-se mais distantes da base do talude. A altura do talude irá
afetar a queda de forma proporcional, ou seja, quanto maior altura, mais distante da base irá
ser o amontoamento.

Figura 5 - Esquema de uma vala de retenção

Fonte – Rúben Alberto Fernandes da Silva, 2012


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BANQUETAS

Este tipo de proteção consiste no desmonte do talude de forma a criar vários degraus (figura
6). É uma proteção que pode não ser eficaz, se os blocos não se amontoarem na base de
cada banqueta. Para evitar ressaltos e rolamento dos blocos são muitas vezes utilizadas em
conjunto com redes metálicas que funcionam como barreiras de retenção.

Figura 6 - Esquema de talude em banquetas

Fonte: Highland & Bobrowsky, 2008

REDES

Este tipo de proteção é muito frequente no revestimento de taludes. A sua função consiste em
evitar a queda dos blocos rochosos mais pequenos, os blocos de maior dimensão serão
retidos na base do talude. Consiste numa malha de aço de grande resistência e flexibilidade,
o que permite uma grande adaptabilidade às condições do talude bem como o
desenvolvimento de uma cobertura vegetal que promoverá um suporte adicional (figura 7).
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Figura 7 - Exemplo de uma “Rede para rochas” que controla as quedas rochosas em áreas problemáticas.

Fonte: Highland & Bobrowsky,2008

5.2.2 Medida de Correção

REPERFILAMENTO DO TALUDE

Esta técnica é muito simples e eficaz, por isso, deve ser a primeira medida de correção a ser
considerada. Consiste na alteração da geometria do talude recorrendo ao corte ou aterro de
forma a conseguir um perfil mais estável (figura 8). É geralmente utilizada em conjunto com
obras de drenagem de forma a reduzir as infiltrações e o escoamento superficial, minimizando
os processos erosivos. Um dos fatores de instabilidade é a gravidade que está associada à
inclinação e à altura do talude. Estes dois fatores são os mais relevantes no reperfilamento
de um talude.
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Figura 8 - Exemplos de execução de reperfilamento em taludes

Fonte: adaptado de Carvalho et al.1991

5.2.3 Medidas de Reforços

OBRAS DE CONTENÇÃO

Entende-se por obras de contenção todas as estruturas que, uma vez implantadas em um
talude, oferecem resistência à movimentação deste ou à sua ruptura, ou ainda que reforça
uma parte do maciço, de modo que esta parte possa resistir aos esforços, independentemente
da instabilidade do mesmo. As obras de contenção podem classificar-se: muros de gravidade,
obras especiais de estabilização e soluções alternativas em aterros.

MUROS DE ALVENARIA DE PEDRA


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Estes muros são os mais antigos e em maior número. Consistem em pedras colocadas
manualmente em que a sua resistência depende exclusivamente do interligamento dessas
pedras (figura 9-A). Atualmente é cada vez menos frequente o uso destes muros,
especialmente em muros com maior altura, devido ao seu custo elevado. Este muro apresenta
algumas vantagens, tais como a simplicidade na construção e o facto de empregar qualquer
dispositivo de drenagem porque o material do muro é drenante. Pode ser vantajoso este tipo
de muro aquando no local estão disponíveis blocos de pedra, pois assim o seu custo é
reduzido. Pode-se considerar desvantagem, o facto de para alcançar a instabilidade interna
ser necessário os blocos de pedra possuírem dimensões regulares, o que causa um valor
menor do atrito entre as pedras.

Os muros de alvenaria de pedra devem ser unicamente aconselhados na contenção de


taludes com alturas inferiores a 2m e com base de largura mínima de 0,5 a 1,0 m. Para taludes
com alturas superiores deve empregar-se argamassa de cimento e areia para o
preenchimento dos espaços vazios nos blocos de pedra (figura 9-B).

Figura 9 - Muro de gravidade. A- Muro de alvenaria de pedra B- Muro alvenaria de pedra com argamassa

Fonte: Carvalho et al.,1991


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6 RESULTADOS ESPERADOS

O principal resultado esperado no projeto é a estabilização da rodovia com a utilização de


técnicas de engenharia natural, entre elas a vegetação e materiais orgânicos, em conjunto
com os métodos tradicionais.

Outros resultados também envolvem uma possível e provável redução dos custos da obra,
mediante a não utilização de grandes máquinas e a baixa movimentação de terra, destacando
também a simplicidade de instalação e manutenção. Além disso, os materiais utilizados são
naturais e possuem baixo custo.

Também esperamos cultivar um aspecto visual sem modificações humanas e visualmente


mais atrativo, no qual serão utilizados somente materiais naturais e a cor predominante no
ambiente continuaria sendo o verde, diferente das técnicas de estabilização artificial, onde
predomina a cor cinza devido aos materiais utilizados.

É esperado que a obra visada na pesquisa e os métodos utilizados possam alcançar e


incentivar outras construções a utilizarem as técnicas de engenharia natural, visto que o local
possui grande movimentação e visibilidade.

O impacto ambiental também será reduzido, devido ao uso da vegetação como material de
construção vivo, protegendo os recursos naturais e encontrando um equilíbrio entre as
atividades humanas e o sistema ecológico.

O projeto também irá influenciar e impulsionar o desenvolvimento de novas técnicas que


possibilitem a estabilização de taludes utilizando meios naturais, para que tais métodos
possam ser utilizados com eficiência em outros locais e situações diversas.

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, P. A. S.; ORLANDI, C; CAMARGO, J. C. C.; OKAWA, M.; PRIETO, V.; (1991)
– Manual de geotecnia: taludes de rodovias; orientação para diagnóstico e soluções de seus
problemas. São Paulo: IPT, 1991. p. 388.

DURLO, M. A. SUTILI, F. J. Manejo biotécnico de cursos de água: I – Intemperismo e


erosão, II – Escavação e transporte de materiais. UFSM/CCR, Caderno didático 10.
Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria: 2002.
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GOLFARI, L.; CASER, R. L. Zoneamento ecológico da região nordeste para experimentação


tropical. Centro de Pesquisa Florestal da Região do Cerrado. Belo Horizonte:
PNUD/FAO/IBDF/BRA-45, 1951. (Série Técnica, 10).

GRAY, D. H.; LEISER, A. T. Biotechnical slope protection and erosion control. Van Nostrand
Reinhold, New York: 1989.

HIGHLAND, L.M.; BOBROWSKY, P. The landslide handbook – A guide to understanding


landslides: Reston, Virginia, U.S., 2008. Geological Survey Circular 1325, 129p.

KRUEDENER, A. Ingenieurbiologie. Verl. E. Reinhardt, Muenchen-Basel: 1951.

_____________. Oficina de propostas alternativas da FURB. Blumenau: 2009.

PORTOCARRERO, Hugo. Aspectos hidrológicos e mecânicos da vegetação na estabilidade


de taludes e encostas naturais / Hugo Portocarrero ... [et al.]. – Dados eletrônicos – Rio de
Janeiro: Embrapa Solos, 2006.

Retomadas obras de duplicação da GO-080, 14/07/2016. Disponível em:


<http://www.goiasagora.go.gov.br/retomadas-obras-de-duplicacao-da-go-080/>. Acesso em:
23 nov. 2016.

SILVA, Rúben Alberto Fernandes da. Aplicação da Engenharia Natural na Estabilização de


Taludes. Funchal: 2012

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