Você está na página 1de 54

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ROBSON MELO DO NASCIMENTO

USO DE GEOGRELHAS NO REFORÇO DE SOLOS E BIOMANTA


PARA PROTEÇÃO DE TALUDES CONTRA EROSÃO

RECIFE

2010
ROBSON MELO DO NASCIMENTO

USO DE GEOGRELHAS NO REFORÇO DE SOLOS E BIOMANTA


PARA PROTEÇÃO DE TALUDES CONTRA EROSÃO

Trabalho de conclusão de curso ao Curso de


Graduação em Engenharia Civil, da
Universidade Federal de Pernambuco, como
requisito parcial para obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Orientador: Profº Roberto Quental Coutinho

Recife
2010
ROBSON MELO DO NASCIMENTO

USO DE GEOGRELHAS NO REFORÇO DE SOLOS E BIOMANTA


PARA PROTEÇÃO DE TALUDES CONTRA EROSÃO

Trabalho de conclusão de curso ao Curso de


Graduação em Engenharia Civil, da
Universidade Federal de Pernambuco, como
requisito parcial para obtenção do título de
Engenheiro Civil.

Trabalho , em de de 2010.

Profº Bernard Bulhões Pedreira Genevois

Profº Saul Barbosa Guedes

Profº Roberto Quental Coutinho


AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, por permitir que eu concluísse essa fase da minha vida,
fase estressante, porém, gratificante, e por colocar pessoas maravilhosas em meu caminho e
me dá forças para sempre continuar.

A minha mãe, Marli, Meu Pai, Milton, minha irmã, Marília, minha avó, Teresa, meus tios
Moab e Márcia, primos Junior e Neto por me ajudarem de forma efetiva na busca deste
objetivo.

À Silvana. minha noiva, companheira e amiga, pela sua paciência, sua ajuda, seu
companheirismo em todas as horas ao longo desta caminhada.

À meu orientador, Roberto Coutinho, sem o qual esse trabalho não seria possível, por sua
paciência e colaboração em contribuir para minha formação.

Aos meus companheiros do curso de Engenharia Civil.

Aos colegas da empresa Maccaferri do Brasil Ltda – Filial Recife pela grande ajuda.

Aos meus professores do Centro de Tecnologia e Geociências. Vocês foram à peça chave em
minha formação. Todos, que de uma forma ou de outra, me ensinaram algo que com certeza
levarei pra toda vida pessoal e profissional.
RESUMO

Do Nascimento, R. do; USO DE GEOGRELHAS NO REFORÇO DE SOLOS E


BIOMANTA PARA PROTEÇÃO DE TALUDES CONTRA EROSÃO. Recife, 2010.

Os Geossintéticos são aplicados em obras geotécnicas na substituição ou


aprimoramento de técnicas convencionais de engenharia. Associados com solos, os
geossintéticos permitem a elaboração de projetos com alta durabilidade e de baixo custo de
execução. Apesar de algumas empresas comercializarem estes materiais há bastante tempo,
nas escolas de engenharia o tema é pouco abordado. Neste trabalho, é feita uma pequena
revisão sobre os tipos de geossintéticos com aplicações e ensaio de caracterização dos
mesmos. Em seguida são discutidas as técnicas de reforço de solos e proteção de taludes. Para
complementação deste trabalho, foi realizado um estudo de caso no empreendimento Jardim
Imperial da empresa Moura Dubeux objetivando avaliar o comportamento de um talude
reforçado por geogrelhas e revestido por uma manta de combate a erosão como alternativa de
solução. Ainda neste capítulo são abordados os aspectos construtivos de ambas as técnicas.

Palavras chave: Geossintético, talude, erosão.


ABSTRACT

Do Nascimento, R. do; GEOGRIDS USE OF THE STRENGTHENING OF SOIL AND


BIODEGRADABLE FOR PROTECTION AGAINST EROSION ON SLOPES. Recife,
2010.

Geosynthetics are used in the geotechnical works on the replacement or enhancement


of conventional engineering techniques. Associated with soils, geosynthetics allow the
elaboration of projects with high durability and low cost of implementation. Although some
companies to trade these materials for a long time in engineering schools the subject is rarely
addressed. In this work, there is a brief review of the types of geosynthetics with applications
and test description of them. Then we discuss the techniques of soil reinforcement and slope
protection. To complement this work, we performed a case study in the Imperial Garden
venture company Moura Dubeux evaluate the performance of an embankment reinforced by
geogrids and covered with a blanket to combat erosion as an alternative solution. Although
this chapter deals with constructive aspects of both techniques.
Keywords: Geosynthetic, slope, erosion.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................9
1.1 Justificativa ..............................................................................................................9
1.2 Objetivos ..................................................................................................................9
1.1.1 Objetivos Gerais ...................................................................................................9
1.2.2 Objetivos Específicos .........................................................................................10

2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA .....................................................................................12


2.1 Geossintéticos ........................................................................................................12
2.1.1 Introdução...........................................................................................................12
2.1.2 Os geossintéticos e suas principais funções .......................................................12
2.1.3 Materiais constituintes........................................................................................ 13
2.1.4 Os tipos de geossintéticos...................................................................................13
2.1.4.1 Geotêxtil .............................................................................................................14
2.1.4.2 Geogrelha ...........................................................................................................16
2.1.4.3 Georrede .............................................................................................................19
2.1.4.4 Geotubo ..............................................................................................................20
2.1.4.5 Geomembrana..................................................................................................... 21
2.1.4.6 Geomanta............................................................................................................ 22
2.1.4.7 Geocélula ............................................................................................................22
2.1.4.8 Geocompostos .................................................................................................... 23
2.1.4.9 Geobarra ............................................................................................................. 23
2.1.4.10 Geotira ................................................................................................................23
2.1.4.11 Geoespaçador ..................................................................................................... 24
2.1.4.12 Resumo das aplicações dos geossintéticos ......................................................... 24
2.1.5 Ensaios de caracterização física ......................................................................... 24
2.1.5.1 Gramatura ........................................................................................................... 25
2.1.5.2 Espessura nominal .............................................................................................. 25
2.1.5.3 Densidade relativa dos polímeros ou porosidade ...............................................25
2.1.6 Ensaios de caracterização mecânica................................................................... 25
2.1.6.1 Resistência a tração ............................................................................................ 26
2.1.6.2 Resistência ao puncionamento............................................................................ 26
2.1.6.3 Interação solo-geossintético ............................................................................... 27
2.1.6.4 Ensaio de cisalhamento direto ............................................................................ 28
2.1.6.5 Ensaio de arrancamento...................................................................................... 28
2.1.7 Solo Reforçado ...................................................................................................28
2.1.8 Fatores de Redução.............................................................................................29
2.1.9 Proteção de taludes ............................................................................................. 31
2.1.9.1 Erosão .................................................................................................................31
2.1.9.2 Processo erosivo da água das chuvas .................................................................31
2.1.9.3 Efeito splash .......................................................................................................31
2.1.9.4 Escoamento superficial....................................................................................... 32

3. METODOLOGIA APLICADA ...................................................................................33

4. ESTUDO DE CASO .................................................................................................... 34


4.1 Descrição do empreendimento ...............................................................................34
4.2 Descrição da obra ...................................................................................................34
4.3 Escolha da solução ................................................................................................. 36
4.4 Análise de estabilidade da estrutura ....................................................................... 36
4.5 Verificação da estabilidade ....................................................................................41
4.6 Processo executivo geogrelha ................................................................................44
4.7 Etapas para a instalação da Biomanta .................................................................... 46

5. CONCLUSÃO.............................................................................................................. 49

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ......................................................................... 50


1. INTRODUÇÃO

O uso de materiais que melhoram as propriedades dos solos sempre


acompanhou a história da civilização. Os vegetais fibrosos eram comumente utilizados na
antiguidade em obras geotécnicas. Romanos e Persas utilizaram bambu como elemento de
reforço e fibras de coco como elemento de filtração para construção de suas estradas.
Ao longo do tempo a engenharia geotécnica passou a não utilizar mais estes
materiais devido a sua produção artesanal, dificuldade na avaliação do comportamento e sua
pouca durabilidade.
Neste século o desenvolvimento de materiais poliméricos veio sanar estas
dificuldades e os geossintéticos devido a sua grande versatilidade se tornaram presentes em
muitas obras geotécnicas da atualidade.

1.1 Justificativa

O fator mais relevante que pode ser dado como justificativa a este trabalho é o
desconhecimento de grande parte de estudantes e profissionais da engenharia no que tange a
respeito ao uso de geossintéticos.

1.2 Objetivos

1.1.1 Objetivos Gerais

Este trabalho tem como objetivo geral apresentar os geossintéticos, mostrar os


fatores relevantes na sua escolha, características e aplicabilidade em obras da construção civil.

9
1.2.2 Objetivos Específicos

Como objetivo específico mostrar:


 A viabilidade técnica no uso de geogrelhas para reforço de solo e biomantas para
proteção de taludes bem como sua instalação em obra;
 Maior conhecimento sobre geossintéticos;
 Exemplificar sua aplicação.

10
2. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

2.1 Geossintéticos

2.1.1 Introdução

O uso dos geossintéticos tem se tornado cada vez mais comum na área da
construção civil devido a sua facilidade no processo construtivo e bom desempenho técnico.
Eles representam uma modernidade tecnológica na engenharia com sucesso no mercado por
sua competitividade econômica e fácil integração com o meio ambiente.
Este capítulo apresenta os tipos de geossintéticos juntamente com suas funções e
principais aplicações com ênfase no solo reforçado por geogrelhas, e proteção de taludes por
biomantas anti-erosivas.

2.1.2 Os geossintéticos e suas principais funções

De acordo com a NBR 12553/99, Geossintético é a denominação genérica de um


produto polimérico (sintético ou natural), industrializado, cujas propriedades contribuem para
melhoria de obras geotécnicas.
Os geossintéticos podem desempenhar várias funções em obras geotécnicas, As
principais funções que eles desempenham são:
Filtração: Retenção do solo ou de outras partículas, permitindo a passagem livre do fluído em
movimento;
Drenagem: Coleta e condução de um fluido pelo corpo de um geossintético;
Barreira para controle de fluxo: Controle ou desvio de fluxo;
Reforço: Utilização das propriedades mecânicas de um geossintético para melhoria do
comportamento mecânico de uma estrutura geotécnica;
Proteção: Limitação ou prevenção de danos a elementos de obras geotécnicas;
Separação: Ação de impedir a mistura ou interação de materiais adjacentes;

11
Controle de erosão superficial: Prevenção da erosão superficial de partículas do solo devido às
forças do vento ou escoamento superficial.

2.1.3 Materiais constituintes

Além de atender as funções estabelecidas em projeto, os geossintéticos devem


garantir a continuidade destas funções durante o tempo. Normalmente produtos poliméricos
apresentam grande durabilidade e por este fato vem sendo largamente utilizados nas obras
geotécnicas.
Os polímeros são substâncias macromoleculares de natureza orgânica, com peso
molecular elevado, e são obtidos pela combinação de monômeros, que são moléculas de baixo
peso molecular.
O monômero base é uma molécula constituída por átomos de carbono e
hidrogênio. Através de mecanismos químicos, os monômeros podem juntar-se formando
longas cadeias moleculares. Este processo é denominado polimerização. A partir de um
mesmo monômero, é possível obter-se polímeros com propriedades distintas, caso sejam
utilizados diferentes tipos de aditivos químicos no processo de polimerização. Os aditivos são
introduzidos com o objetivo de melhorar os processos de fabricação ou modificar aspectos do
comportamento de engenharia do polímero básico (Bueno, 2004).
Os polímeros mais empregados na fabricação dos geossintéticos são: O poliéster
(PET), o polipropileno (PP), o polietileno de alta densidade (PEAD) e o polivinil cloreto
(PVC).

2.1.4 Os tipos de geossintéticos

Os geossintéticos mais empregados, conforme terminologia definida na NBR


12553/99 e recomendada pela IGS (International Geosynthetics society) são: Geotêxtil [GT],
Geogrelha [GG], Georrede [GN], Geotubo [GP],Geomembrana [GM], Geomanta [GA],
Geocélula [GL], Geocompostos [GC], Geobarra [GB], Geotira [GI] e Geoespaçadores [GB].

12
2.1.4.1 Geotêxtil

A NBR 12553/99 define o geotêxtil como um produto têxtil bidimensional permeável,


composto de fibras cortadas, filamentos contínuos, monofilamentos, laminetes ou fios,
formando estruturas tecidas, não-tecidas ou tricotadas, cujas propriedades mecânicas e
hidráulicas permitem que ele desempenhe várias funções numa obra geotécnica. Por meio da
figura 1 ilustra-se um exemplo de geotêxtil tecido.

Figura 1: Geotêxtil Tecido.


(fonte: Maccaferri 2009)

Em função do arranjo estrutural de suas fibras ou filamentos, os geotêxteis podem ser


classificados como tecidos, não tecidos ou tricotados. abaixo segue classificação de acordo
com a IGS (International Geosynthetics society):
Geotêxtil não-tecido [GTN]: composto por fibras cortadas ou filamentos contínuos,
distribuídos aleatoriamente, os quais são interligados por processos mecânicos, térmicos ou
químicos, dividindo-se basicamente em:
Agulhado [GTNa]: cujas fibras são interligadas mecanicamente, por processo de agulhagem;
Termoligado [GTNt]: cujas fibras são interligadas por fusão parcial obtida por aquecimento;
Resinado [GTNr]: cujas fibras são interligadas por meio de produtos químicos.
Geotêxtil tecido [GTW]: oriundo do entrelaçamento de fios, monofilamentos ou laminetes
(fitas), segundo direções preferenciais de fabricação denominadas trama (sentido transversal)
e urdume (sentido longitudinal).
Geotêxtil tricotado [GTK]: oriundo do entrelaçamento de fios por tricotamento.
As principais aplicações do geotêxtil são:

13
Filtração: Retenção do solo ou de outras partículas, permitindo a passagem livre do fluído em
movimento;

Figura 2: Geotêxtil com função de filtração ao tardoz de muro gabião.


(fonte: Maccaferri, 2009)

Reforço: Como reforço, melhorando a capacidade de suporte do solo;

Figura 3: Geotêxtil com função de reforço de base na pavimentação.


(fonte: Maccaferri, 2009)

Separação: Como elemento separador entre camadas de solo a fim de impedir a mistura ou
interação entre eles;

14
Figura 4: Geotêxtil como separador da base e sub-base na pavimentação.
(fonte: Maccaferri, 2009)

Proteção: proteção mecânica para prevenção de danos a outros geossintéticos;

Figura 5: Geotêxtil protegendo uma geomembrana.


(fonte: Maccaferri, 2009)

2.1.4.2 Geogrelhas

Segundo a ASTM D 4439, Standard Terminology for Geosynthetics, as


geogrelhas são geossintéticos formados por uma rede regular de elementos integralmente
conectados com abertura superior a 6,35mm (1/4 de polegada) a fim de permitir o
entrosamento com o solo envolvente.

15
Figura 6: Geogrelha.
(fonte: Engepol, 2006)

As geogrelhas são classificadas de acordo com o seu processo fabril, a


terminologia apresentada a seguir se baseia nas recomendações feitas pela IGS (International
Geosynthetics society):
Geogrelha extrudada [GGE]: Obtida através de processo de extrusão e sucessivo
estiramento, que pode ser em um único sentido formando geogrelhas unidirecionais ou nos
dois sentidos formando geogrelhas bidirecionais.
Geogrelha soldada [GGB]: Composta por elementos de tração longitudinais e
transversais, soldados nas juntas, produzidos geralmente a partir de feixes de filamentos
têxteis sintéticos, recobertos por um revestimento protetor.
Geogrelha tecida [GGW]: Composta por elementos de tração longitudinais e
transversais, tricotados ou intertecidos nas juntas, produzidos geralmente a partir de feixes de
filamentos têxteis sintéticos, e recobertos por um revestimento protetor.
Suas principais funções são:
Reforço de muros de contenção;

16
Figura 7: Contenção em solo reforçado com geogrelhas.
(fonte: Engepol, 2006)

Reforço em rodovias não pavimentadas e ferrovias;

Figura 8: Reforço de rodovia com geogrelhas.


(fonte: Engepol, 2006)

Reforço para execução de aterros sobre solos moles;

Figura 9: Reforço de aterro sobre solo mole com geogrelhas.


(fonte: Engepol, 2006)

17
Reforço de fundações;

Figura 10: Reforço de fundações rasas.


(fonte: Engepol, 2006)

Reforço de taludes íngrimes;

Figura 11: Reforço de taludes.


(fonte: Engepol, 2006)

Na década de 60, o Engenheiro Henri Vidal desenvolveu a técnica da “terra


armada”, que consiste no uso de tiras de aço como elemento de reforço. Estas tiras eram
susceptíveis a corrosão ao longo do tempo, esta limitação motivou a indústria a desenvolver
grelhas a partir de materiais poliméricos que podem ser usados em ambientes agressivos.
Os polímeros geralmente empregados na produção de geogrelhas são o polietileno
de alta densidade(PEAD), o poliéster(PET) e o polipropileno(PP).

2.1.4.3 Georrede

Produto constituído pela extrusão de barras poliméricas formando uma malha


aberta com uma configuração de grelha. A estrutura formada tem função especifica de
transmitir fluidos sob uma grande variedade de condições de campo. As resinas de PEAD
utilizadas na fabricação das georredes são inertes aos agentes químicos encontrados na
maioria das aplicações civis e ambientais.

18
Figura 12: Georrede.
(fonte: Engepol, 2006)

Uma das principais utilizações das georredes é como dreno testemunho em aterros
sanitários, na drenagem de chorumes e gases.

2.1.4.4 Geotubo

É um tubo fabricado com geotêxtil tecido em polipropileno de alta tenacidade que


exerce simultaneamente as funções de contenção e retenção da massa de sólidos e drenagem
de líquidos.
O Geotubo tem atuação principal na desidratação de lodos diminuindo a DBO dos efluentes, e
como estrutura de contenção “bag” impedindo a erosão marinha.

Figura 13: Geotubo usado na desidratação de lodos.


(fonte: Allonda, 2010)

19
2.1.4.5 Geomembrana

É um produto bidimensional, de baixíssima permeabilidade (k=10-12 cm/s). São


produzidas em PEAD (polietileno de alta densidade) mais a adição de aditivos para sua
resistência aos raios U.V.

Figura 14: Geomembrana.


(fonte: Maccaferri, 2010)

Suas principais funções são:


Impermeabilização de aterros de resíduos sólidos:

Figura 15: Geomembrana usada em aterros sanitários.


(fonte: Maccaferri, 2010)

20
Impermeabilização de lagoas para tratamento de efluentes:

Figura 16: Geomembrana usada em lagoas de estabilização.


(fonte: Maccaferri, 2010)

2.1.4.6 Geomanta

Produto com estrutura tridimensional permeável, usado para controle de erosão


superficial do solo, também conhecido como biomanta no caso de ser biodegradável.

Figura 17: Geomanta.


(fonte: Maccaferri, 2010)

21
Seu objetivo é a proteção imediata contra o efeito dos agentes erosivos, processos
de deslocamento e mobilização de partículas em áreas recém terraplenadas, taludes de corte e
aterro, e quaisquer superfícies de solo desprotegidas contra a ação dos processos erosivos.

Figura 18: Geomanta usada no revestimento de taludes.


(fonte: Maccaferri, 2010)

2.1.4.7 Geocélula

Produto com estrutura tridimensional aberta, constituída de células interligadas,


que confinam mecanicamente os materiais nela inseridos, com função predominante de
reforço e controle de erosão.

Figura 19: Geocélula.


(fonte: Maccaferri, 2010)

22
2.1.4.8 Geocompostos

Produtos industrializados formados pela superposição ou associação de um ou


mais geossintéticos entre si ou com outros produtos, geralmente concebido para desempenhar
uma função específica.

Figura 20: Geocomposto para drenagem.


(fonte: Maccaferri, 2010)

2.1.4.9 Geobarra

É um produto em forma de barra com função predominante de reforço.

2.1.4.10 Geotira

Produto em forma de tira com função predominante de reforço.

23
2.1.4.11 Geoespaçador

Produto com estrutura tridimensional constituída de forma a apresentar grande


volume de vazios, utilizado predominantemente como meio drenante.

2.1.4.12 Resumo das aplicações dos geossintéticos

Os geossintéticos podem desempenhar diversas funções, além da função principal


eles respondem a várias outras funções definidas como secundárias. O quadro abaixo ilustra
as aplicações de cada geossintético.

Tabela 1: Quadro resumitivo das aplicações dos geossintéticos.


(fonte: Adaptado de Koener, 1998)

2.1.5 Ensaios de caracterização física

As propriedades físicas dos geossintéticos são determinadas a partir de ensaios de


caracterização e independem das condições de utilização. As principais propriedades físicas

24
dos geossintéticos são a gramatura, a espessura e a densidade relativa dos polímeros que os
compõem.

2.1.5.1 Gramatura, MA (g/m²)

A gramatura é a relação entre a massa e a área de um corpo de prova de geometria


regular

2.1.5.2 Espessura nominal , tGT (mm)

De acordo com a NBR 12569/92 espessura nominal é definida como a distância


entre as superfícies inferior e superior do geossintético, medida para uma pressão confinante
de 2kPa aplicada em uma área de 2500mm², por placas rígidas paralelas.

2.1.5.3 Densidade relativa dos polímeros ou porosidade [nGT] (%)

É usualmente determinada em função da gramatura (MA) e da espessura (tGT) do


geossintético, da densidade do filamento (f) e da massa específica da água a 4ºC (w),
segundo a expressão:

gt= 1 - MA
tgt-f-w

2.1.6 Ensaios de caracterização mecânica

Em praticamente todos os tipos de aplicações geotécnicas, os geossintéticos estão


sujeitos a solicitações mecânicas, seja na fase de instalação e construção, seja durante a vida

25
útil da obra. As principais propriedades associadas às solicitações mecânicas são: resistência
à tração, resistência à penetração e à perfuração, resistência ao deslizamento na interface e
resistência ao arrancamento.

2.1.6.1 Resistência à tração

O comportamento de um geossintético em solicitações de tração depende de


vários fatores, tais como: tipo de polímero constituinte, estrutura, processo de fabricação, etc.
A resistência à tração não confinada de geotêxteis e produtos correlatos é
determinada a partir de ensaios de faixa larga. Segundo a norma brasileira NBR 12824/93,
estes ensaios são executados com corpos de prova de 200mm de largura e 100mm de
comprimento, submetidos a um esforço de tração sob velocidade de 200mm/min. A dimensão
de comprimento refere-se à distância entre as duas garras, localizadas nas extremidades da
amostra de geossintético.

Figura 21: Ensaio de tração não confinada.


(fonte: Maccaferri, 2009)

2.1.6.2 Resistência ao puncionamento

Os geossintéticos, quando aplicados em obras geotécnicas, podem sofrer


descontinuidades, provenientes de uma perfuração ou de um puncionamento (efeito de
compressão localizada).

26
A resistência ao puncionamento é definida com base na medição da
vulnerabilidade dos geossintéticos a compressões diferenciais ou a choques provocados pela
queda de materiais. A solicitação pode ser concentrada, estática ou dinâmica. De acordo com
a NBR 13359/95, a resistência à penetração por puncionamento estático é determinada
utilizando-se punção tipo CBR. O procedimento adotado aplica-se a geotêxteis,
geomembranas e produtos correlatos de pequena a média abertura. O risco de danos por
impacto é avaliado através de ensaio de determinação da resistência ao puncionamento
dinâmico . A resistência ao puncionamento dinâmico corresponde à energia mínima para que
um cone padrão puncione o geossintético.

2.1.6.3 Interação solo-geossintético

As propriedades mecânicas de interação entre o solo e o elemento de reforço são


fatores importantes para o projeto de estruturas em solo reforçado. Os ensaios de laboratório
mais usados para determinação da resistência de interface são os de arrancamento e de
cisalhamento direto.
Os ensaios de arrancamento e de cisalhamento direto diferem entre si basicamente
pela forma com que os esforços são aplicados ao geossintético, pelos mecanismos de ruptura
impostos e pelas condições de contorno de cada um. Os diferentes procedimentos de ensaio
trazem divergências experimentais. A padronização seria necessária para garantir a repetição
dos resultados.

Figura 22: Ensaios de cisalhamento direto e arrancamento.


(fonte: Teixeira, 2003)

27
2.1.6.4 Ensaio de cisalhamento direto

Nos ensaios de cisalhamento direto convencionais, o geossintético é colocado


entre as duas metades da caixa de cisalhamento, sendo a resistência mobilizada pelo
deslizamento relativo de uma das metades da caixa em relação ao geossintético. A metade
inferior da caixa pode estar preenchida com solo, ou constituir um suporte rígido.

2.1.6.5 Ensaio de arrancamento

O ensaio de arrancamento foi desenvolvido com o objetivo de avaliar o


comportamento de inclusões embutidas em solo, quando solicitadas por uma força de tração
capaz de provocar a perda de aderência com o solo circundante.
Os ensaios de arrancamento são realizados em equipamentos de cisalhamento
direto modificados através da adição de uma garra que impõe os deslocamentos horizontais de
arrancamento do geossintético. A amostra de geossintético é colocada entre 2 camadas de
solo. A extremidade que está conectada à garra é tracionada sob velocidade constante. Assim,
o movimento relativo entre o geossintético e o solo origina forças de cisalhamento nas duas
faces do geossintético, que se opõem ao movimento.

2.1.7 Solo Reforçado

Os solos possuem em geral elevada resistência a esforços de compressão, porém


baixa resistência a esforços de tração. Quando uma massa de solo é carregada verticalmente,
ela sofre deformações verticais de compressão e deformações laterais de extensão (tração).
Contudo, se a massa de solo estiver reforçada, os movimentos laterais são limitados pela
reduzida deformabilidade do reforço. Esta restrição de deformações é obtida graças ao
desenvolvimento de esforços de tração no elemento de reforço.
A técnica de solo reforçado consiste na introdução de elementos resistentes à
tração, convenientemente orientados, que aumentam a resistência e diminuem a

28
deformabilidade do maciço. Neste método, o comportamento global do maciço é melhorado à
custa da transferência de esforços para os elementos resistentes.

Figura 23: Técnica do reforço de solo.


(fonte: Abramento, 1998)

2.1.8 Fatores de Redução

Um projeto envolvendo materiais geossintéticos deve considerar três tipos de


propriedades: propriedade requerida, propriedade índice e propriedade funcional (Vidal et al,
1999).
A propriedade requerida está associada ao valor da função especificada no projeto
para efeito de dimensionamento. A partir da propriedade requerida, procede-se à escolha do
geossintético que melhor se aplica ao projeto. Os produtos capazes de atender às propriedades
requeridas podem ser posteriormente submetidos a ensaios, para possibilitar o
dimensionamento final.
As propriedades índice são obtidas a partir de ensaios de caracterização e
geralmente são fornecidas pelo fabricante. Estas propriedades são inerentes ao produto e não
consideram as condições de utilização do geossintético. Os ensaios de caracterização têm
como objetivo determinar as características básicas do produto e possuem procedimentos
estabelecidos em norma, tratando-se, em geral, de ensaios rápidos e simples.

29
A propriedade funcional deve levar em consideração o tipo de solicitação imposta
na obra e as condições de utilização do geossintético. Esta propriedade representa o
comportamento do geossintético sob as condições de utilização impostas pela obra e permite
considerar a interação com o meio adjacente.
A propriedade funcional (Tk) de um determinado geossintético pode ser
determinada pela razão entrea propriedade índice (Ti) e o fator de redução total (fT). O fator
de redução total (fT) é dado pelo produto dos fatores de redução parciais, definidos por função
e tipo de aplicação.

Tf= Ti
ff.fa.fe.fd

No caso de obras de solo reforçado com geossintéticos, os principais fatores de


redução a serem considerados são:
 Fator de redução devido a deformações por fluência (ff);
 Fator de redução devido à degradação química e biológica pelo meio
ambiente (fa);
 Fator de redução devido a eventuais emendas (fe);
 Fator de redução devido a danos mecânicos (fd)

Quadro 2: Quadro resumitivo dos fatores de redução dos geossintéticos.


(fonte: Adaptado de Koener, 1998)

30
2.1.9 Proteção de taludes

As obras de revestimento de taludes têm como finalidade proteger a superfície de


taludes geotecnicamente estáveis contra a erosão e deslizamentos superficiais, tendo também
a função de recuperar o aspecto ambiental desses taludes por meio de recobrimento vegetal.

2.1.9.1 Erosão

Entende-se por erosão o processo pelo qual ocorre o desprendimento, o transporte


ou a deposição de partículas de solo (ou sedimentos), que acabam causando grandes impactos
ambientais. (ORTIGÃO, 1993)

2.1.9.2 Processo erosivo da água das chuvas

Em muitos locais onde ocorre a ocupação desordenada do terreno, provocando o


desmatamento ciliar ou simplesmente onde o terreno é desprovido de cobertura vegetal, a
água das chuvas incide diretamente sobre a superfície do terreno, provocando a erosão
contínua.

2.1.9.3 Efeito Splash

A ação do “splash” ou salpicamento (Guerra e Guerra 1997) é a fase inicial do


processo erosivo causado pela água das chuvas, pois prepara as partículas do solo, geralmente
pela ruptura dos agregados para serem transportadas pelo escoamento superficial.

31
Figura 24: Efeito “splash”.
(fonte: Maccaferri, 2009)

2.1.9.4 Escoamento Superficial

Após a desagregação das partículas, ocorre o escoamento superficial, em que a


água realiza uma trajetória relativamente rápida e é capaz de transportar materiais do solo por
meio da força hidráulica do seu fluxo. Dependendo da força desse escoamento, dois tipos de
erosão são possíveis de acontecer: laminar, quando causada pela intensidade das gotas da
chuva, resultando na remoção progressiva do solo presente na superfície do terreno, e linear
em forma de canais, quando causada pelas linhas de fluxo desse escoamento. O processo de
erosão pode ser ainda mais rápido em caso de taludes com alta declividade (acima de 34°),
desagregando as partículas de solo. Quando a água das chuvas entra em contato com a
superfície desprotegida, iniciam-se as ravinas e posteriormente as voçorocas, problema este
que exige soluções mais eficazes e custos mais elevados, inviabilizando muitas vezes as obras
de intervenção.

Figura 25: Mecanismo de erosão causado pela ação das chuvas.


(fonte: Maccaferri, 2009)

32
3. METODOLOGIA APLICADA

Para realização deste trabalho, a metodologia aplicada consistiu em pesquisas,


normas, livros, teses e manuais técnicos para revisão bibliográfica. Na segunda fase foi
realizado um estudo de caso. Os dados obtidos para realização do estudo foram: topografia da
região, sondagens SPT (Standart Penatration Test) e fotos extraídas in loco.
33
3
4. ESTUDO DE CASO

4.1 Descrição do empreendimento

A Moura Dubeux Engenharia é uma das maiores construtoras e incorporadoras da


região Nordeste onde atua a 27 anos de forma destacada no mercado imobiliário. A sede é
localizada em Recife no estado de Pernambuco. Em 2009, lançou um empreendimento
denominado Jardim Imperial, localizado as margens da BR – 232, no município de Gravatá,
estado de Pernambuco.

Figura 26: Condomínio Jardim Imperial.


(fonte: Moura Dubeux, 2010)

4.2 Descrição da obra

O condomínio horizontal da Moura Dubeux situa-se em um terreno de topografia


acidentada, com vários taludes íngremes. Devido ao desmatamento (retirada da vegetação
nativa) para demarcação dos lotes e a coleta das águas pluviais que eram inexistentes, criou-se
uma situação propensa à erosão e a instabilidade de taludes.
Na fase da construção das vias de acesso aos lotes, um deslizamento ocorreu
impossibilitando a continuidade da obra. A Maccaferri do Brasil Ltda, devido a sua vasta
experiência em obras de contenção de encostas, foi convidada a realizar um estudo de
viabilidade técnica. Como estagiário desta empresa pude acompanhar todas as etapas do
estudo.

Figura 27: Deslizamento de talude.


(fonte: Moura Dubeux, 2010)

A figura abaixo representa a topografia do terreno após o deslizamento:

Figura 28: Topografia após o deslizamento.


(fonte: Moura Dubeux, 2010)

A solução adotada para obra deveria ter as seguintes características:

 A reposição deste talude não deveria avançar no lote vizinho


 O custo da intervenção não poderia ser muito oneroso;
 Velocidade e facilidade no processo construtivo;
 A intervenção deveria ter um aspecto visual agradável para não provocar
insegurança a possíveis compradores (integração total com o meio
ambiente).

4.3 Escolha da solução

Devido a várias restrições encontradas na obra em questão, a alternativa escolhida


foi a de um solo reforçado em geogrelhas com seus taludes revestidos por biomantas para
combate a erosão superficial. A solução permite que os taludes permaneçam com a antiga
geometria, porém estáveis devido ao reforço, sem a necessidade de muros de contenção.

4.4 Análise de estabilidade da estrutura

Para verificar a estabilidade da estrutura foi utilizado o software MAC.S.T.A.R.S


2000 (Maccaferri stability analysis of reinforced slopes). O programa MAC.S.T.A.R.S 2000
foi desenvolvido para verificação de estabilidade de solos reforçados, isto é, estruturas que
conferem estabilidade de taludes usando unidades de reforço capazes de absorver as tensões
de tração.
Para análise da estrutura o programa necessita dos seguintes dados de entrada:
1º) Modelagem do talude - A modelagem do talude foi feita de acordo com a
topografia (seções transversais) fornecida pela Moura Dubeux.
2º) Geometria das camadas - Para definir a geometria das camadas levamos em
consideração sondagens SPT (Standart Penetration Test) também fornecidas pela Moura
Dubeux. Os solos considerados foram: Aterro compactado e solo natural.
3º) Parâmetros de cálculo – Consiste em definir peso específico (), ângulo de
atrito () e coesão (c) para cada tipo de solo definido na geometria de camadas.
Aterro compactado

Para que ocorra o mecanismo de inter-travamento (atrito) entre o solo e a geogrelha


devemos utilizar um solo granular, por este motivo usamos um solo não coesivo.

Solo: ATERRO COMPACTADO Descrição:


Coesão [kN/m²] : 0.00
Ângulo de Atrito: [°] : 30.00
Valor de Ru : 0.00
Peso unitário – acima do Nível de água [kN/m³] : 19.00
Peso unitário – abaixo do Nível de água [kN/m³] : 18.00
Módulo Elástico [kN/m²] : 0.00
Módulo de Poisson : 0.30

Solo natural

Seus parâmetros de cálculo foram obtidos através da correlação de sondagens SPT


(Standart Penatration Test) com uma tabela de parâmetros de solo em função do SPT
conforme podemos ver a seguir:

Solo: SOLO NATURAL Descrição:


Coesão [kN/m²] : 20.00
Ângulo de Atrito: [°] : 26.00
Valor de Ru : 0.00
Peso unitário – acima do Nível de água [kN/m³] : 19.00
Peso unitário – abaixo do Nível de água [kN/m³] : 18.00
Módulo Elástico [kN/m²] : 0.00
Módulo de Poisson : 0.30

Vale ressaltar que apenas sondagens SPT não são suficientes para estimarmos
parâmetros como: coesão e ângulo de atrito. Para obter parâmetros mais confiáveis devemos
seguir o seguinte procedimento:
Levantamentos de dados pré-existentes - Esses dados são obtidos a partir de
mapas geológicos, geomorfológicos, cartas ou mapas geotécnicos e outros relatórios
disponíveis.
Investigações de Superfície - O levantamento em campo consiste no mapeamento
geológico da superfície, fotogrametria e identificação das feições de instabilidade (formações
geológicas, perfil de alteração, estruturas geológicas, geometria, interferências antrópicas).
Investigações de Subsuperfície - Obter a caracterização qualitativa e quantitativa
das unidades geológico-geotécnicas, identificação da superfície de movimentação,
determinação do nível d’água, realização de ensaios no campo e obtenção de amostras para
realização de ensaios em laboratórios.
Ensaios de laboratórios - Em laboratório, são determinados: índices de vazios,
umidade, porosidade, granulometria dos solos existentes, plasticidade, permeabilidade,
densidade e peso específico, coesão e ângulo de atrito interno de cada um dos solos através da
realização do ensaio triaxial.
Figura 29: Sondagem SPT (Standart Penetration Test) fornecida.
Quadro 3: Quadro de correlação entre faixa de SPT e parâmetros médios do solo natural.
(fonte: Maccaferri, 2009)
4.5 Verificação da estabilidade

O software permitiu conduzir as verificações de estabilidade usando o Método do


Equilíbrio Limite. O método utilizado na análise da estabilidade do talude, de denominação
geral Método de Equilíbrio Limite, baseia-se na hipótese de haver equilíbrio numa massa de
solo, tomada como corpo rígido-plástico, na iminência de entrar em um processo de
escorregamento. Neste método admite-se que a linha de ruptura seja um arco de
circunferência. A hipótese simplificadora de adoção de uma superfície de ruptura circular vem
a ser coerente com a hipótese de um escorregamento rotacional circular, que é o tipo de
movimento esperado para o talude, devido a suas características geológicas e geotécnicas.
Os cálculos foram feitos pelo Método de Bishop simplificado, que é um método
preciso utilizado apenas para superfícies circulares. Este método satisfaz a condição de
equilíbrio vertical e de momento de equilíbrio. A sua simplificação assume que as forças entre
as fatias são horizontais. As suas condições de equilíbrio são:

∑Fv = 0

∑Mo = 0

35 Análise da estabilidade global (Método de cálculo: Rígido)


SF = 1.703 Legenda
ATERRO COMPACTADO
SOLO NATURAL
FREÁTICA
30

25

20

15

10

[m] 50 55 60 65 70 75 80 85 90

MacStARS 2000 Nome do Projeto:


Maccaferri Stability
Analysis of
Reinforced Slopes
Data: 14/09/2010 Seção transversal:
Pasta: Arquivo: Moura Dubeux - Gravatá

Figura 30: Verificação de estabilidade no programa MAC.S.T.A.R.S 2000.


(fonte: Macccaferri, 2010)
O fator de segurança calculado (FS=1,703) foi considerado satisfatório já que a
norma NBR 11682/06 recomenda que o fator de segurança seja maior que 1,5. O software
dimensionou a geogrelha com resistência de 120 kn/m, extensão 7,0m e com um espaçamento
vertical entre as camadas de 0,6m. A figura abaixo apresenta uma proposta de solução com
detalhes de projeto.
Figura 31: Proposta de solução (seção típica).
(fonte: Macccaferri, 2010)
4.6 Processo executivo geogrelha

 Durante o período de estocagem das Geogrelhas, devem-se evitar ambientes


agressivos, temperaturas elevadas e o contato ou exposição direta da geogrelha com
materiais que possam danificá-la; o armazenamento deve ser feito em pilhas não
superiores a 3,0m, e acima destas não devem ser colocadas nenhuma sobrecarga;
devido ao peso dos rolos estes podem necessitar de içamento mecânico para manuseio.
Nestes casos aconselha-se muito cuidado para prevenir danos ao material
 As bobinas são envolvidas em filme de polietileno preto, visando mitigar os esforços
advindos das operações de manuseio e transporte; cada bobina é devidamente
 A área onde será aplicada a geogrelha deve ser devidamente preparada, estando toda
área limpa, plana e isenta de materiais que possam puncionála.
 A geogrelha deve ser desenrolada, no próprio local ou em suas proximidades; podendo
ser feito manualmente ou com auxílio mecânico; a parte livre da geogrelha deve ser
fixada por pinos, estacas ou pesos na posição exata do reforço.
 A geogrelha deve ser posicionada de forma que a urdidura (longitudinal) de maior
resistência coincida com a de maior solicitação da estrutura. Sendo esta informação
essencial no corpo do projeto. A geogrelha deve estar totalmente esticada, sem
apresentar ondulações em nenhum ponto.
 O solo utilizado na cobertura da geogrelha deve ser espalhado e compactado, de modo
que não haja formação de dobras nem movimentação da mesma. Para que se possa
efetuar um bom controle de compactação do solo em campo tem-se que atentar para os
seguintes aspectos:
 tipo de solo;
 espessura da camada;
 entrosamento entre as camadas;
 número de passadas;
 tipo de equipamento;
 umidade do solo;
 grau de compactação alcançado.

Assim alguns cuidados devem ser tomados:


 A espessura da camada lançada não deve exceder a 30cm, sendo que a espessura da
camada compactada deverá ser menor que 20cm.
 Deve-se realizar a manutenção da umidade do solo o mais próximo possível da
umidade ótima.
 Deve-se garantir a homogeneização do solo a ser lançado, tanto no que se refere à
umidade quanto ao material.
 Com a finalidade de uma melhor interação entre o solo natural existente e a camada de
aterro, executar um escalonamento (escavações na forma de degraus) do terreno
original antes dos serviços de aterro e compactação, para que haja um bom
“imbricamento” entre o material lançado e compactado (terrapleno) e o natural
remanescente.

Figura 32: Aplicação da geogrelha.


(fonte: Macccaferri, 2009)

 O maquinário utilizado na compactação, nunca deve operar diretamente sobre a


geogrelha; deve-se considerar uma espessura de solo de cobertura da ordem de 15cm,
para efetivamente dar-se início ao tráfego de máquinas sobre a área coberta; as
máquinas devem evitar grandes velocidades e paradas bruscas, visando restringir
movimentações da geogrelha durante a construção do aterro.
Figura 33: Espalhamento do solo bobre a geogrelha.
(fonte: Macccaferri, 2009)

4.7 Etapas para a instalação da Biomanta

 Regularização do talude e “coveamento” (furo para sementes): Inclui o acerto manual


dos taludes, recuperando os pontos erodidos e ravinas com o preenchimento de solo
orgânico e material fibroso;
 Após o acerto manual do talude, são feitos, em toda a extensão do talude, furos com
5,0cm de profundidade e distanciados de 10,0cm uns dos outros. Esta atividade tem
como objetivo o abrigo dos insumos e aumento da rugosidade do terreno, dificultando
o escoamento superficial;
 Semeio: Após o preparo do talude, o semeio é feito de forma manual e imediata,
facilitando a fixação dos insumos. Uma camada fina deverá recobrir as sementes,
evitando assim o contato direto com a manta vegetal;
 Fertilização: A fertilização é baseada em adubos orgânicos, condicionadores de solo,
corretivos e adubos químicos. Após 45 dias uma adubação de cobertura deve ser feita
para eliminar alguma deficiência nutricional, sendo realizada através da água de
irrigação;
 Aplicação da Manta Vegetal Biodegradável: Após a regularização do talude,
“coveamento” (furo para sementes), semeio e fertilização, a manta será estendida ao
longo do talude ou áreas a serem recobertas. A partir da crista do talude, onde será
grampeada, a manta será desenrolada por toda vertente até o total recobrimento da
área. Para evitar pontos de abertura, recomenda-se o transpasse de 10 cm em todas as
emendas;

Figura 34: Hidrosemeadura na biomanta.


(fonte: Macccaferri, 2009)

 Fixação da Biomanta Vegetal: A fixação da manta vegetal poderá ser efetuada com
grampos de aço, bambu ou madeira, dependendo exclusivamente da constituição
estrutural do solo no talude ou das áreas a serem recobertas;
 Os grampos em aço são em forma de "L" ou “U” e os de bambu/madeira em formas de
estacas pontiagudas. Os tamanhos serão estimados de acordo com o grau de dureza do
terreno. A densidade é variável, de 4 à 8 grampos por metro quadrado, devido a
grande necessidade de perfeita adesão da manta vegetal ao talude, impedindo a
exportação dos insumos através do escoamento superficial.
Figura 35: Aplicação da biomanta.
(fonte: Macccaferri, 2009)
5. CONCLUSÃO

O objetivo principal deste estudo foi apresentar de uma forma geral os


geossintéticos com ênfase na geogrelha e biomanta, e a partir deste estudo concluímos que:
 Os Geossintéticos têm vasta aplicabilidade na construção civil, principalmente na área
da geotecnia e por isso devem ser mais explorado nas escolas de engenharia.
 A geogrelha e a biomanta se mostraram viáveis tecnicamente, podendo em muitos
casos substituir soluções mais onerosas.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Estabilidade de encostas, 2006,


NBR 11682.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Geossintéticos: Terminologia,


1999, NBR 12553.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Geotêxteis: Determinação da


espessura, 1992, NBR 12569.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Geotêxteis: Determinação da


resistência a tração, 1993, NBR 12824.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resistência a penetração por


puncionamento, 1995, NBR 13359.

BECKER, L.B. (2006). Comportamento de geogrelhas em muro de solo


reforçado e em ensaios de arrancamento, Tese de Doutorado. Puc. Rio de Janeiro ,307p

TEIXEIRA, S.H.C. (2003), Estudo da Interação solo-geogrelha em testes de


arrancamento e a sua aplicação na análise e dimensionamento de maciços reforçados.
Tese de Doutorado, Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo, São
Carlos, 214p.

ABRAMENTO, M., KOSHIMA, A., ZIRLIS, A. C., Reforço do Terreno. Fundações –


Teoria e Prática, 2ª ed.,capítulo 18, ABMS/ABEF (eds), São Paulo, Ed. PINI. 1998.

VIDAL, D., FABRIN, T. e MONTEZ, F.T., O conceito de fatores de redução aplicados às


propriedades dos geossintéticos; I Simpósio Sul-americano de Geossintéticos / 3o Simpósio
Brasileiro de Geossintéticos, Rio de Janeiro, vol.1, pp. 189-198. Out, 1999.

VERTEMATTI, José Carlos. Manual Brasileiro de Geossintéticos, 1ª ed , São Paulo:


Edgard Blucher, 2004. p. 407

MACCAFERRI. Critérios gerais para projeto, especificação e aplicação dos


geossintéticos, 1ª ed, São Paulo: Maccaferri, 2009. p.321

VIDAL, Indiara Giugnividal. Manual de geossintéticos, 3ª ed, São Paulo: Engepol, 2006.
p.180

KOERNER, R., Designing whit Geosynthetics, 4th ed. - Prentice-Hall, New Jersey, 1998.

ORTIGÃO, J.A., Introdução à mecânica dos solos dos estados críticos, Rio de Janeiro,
Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda., 1993.
Pesquisa em internet:

www.maccaferri.com.br
www.allonda.com.br

Você também pode gostar