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Núcleo de Geotecnia

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Geotécnica


PPGEG

Dissertação

Uso de estacas metálicas


tubulares em estruturas de
proteção à jusante de
barragens de rejeito de
mineração .

Isabella do Nascimento Viel

2022
ISABELLA DO NASCIMENTO VIEL

USO DE ESTACAS METÁLICAS TUBULARES EM


ESTRUTURAS DE PROTEÇÃO À JUSTANTE DE
BARRAGENS DE REJEITO DE MINERAÇÃO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação


em Engenharia Geotécnica do Núcleo de Geotecnia da
Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto,
como parte integrante dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Engenharia Geotécnica.

Área de concentração: Geotecnia de Mineração.

Orientador: Prof. Dr. Lucas Deleon Ferreira


Coorientador: Prof. Dr. Marcos Massao Futai
SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO

V659u Viel, Isabella do Nascimento.


VieUso de estacas metálicas tubulares em estruturas de proteção à
jusante de barragens de rejeito de mineração. [manuscrito] / Isabella do
Nascimento Viel. - 2022.
Vie106 f.: il.: color., gráf., tab..

VieOrientador: Prof. Dr. Lucas Deleon Ferreira.


VieCoorientador: Prof. Marcos Massao Futai.
VieDissertação (Mestrado Profissional). Universidade Federal de Ouro
Preto. Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas. Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Geotécnica.
VieÁrea de Concentração: Geotecnia Aplicada à Mineração.

Vie1. Construção metálica - Estruturas de contenção a jusante. 2.


Construção metálica - Estacas metálicas. 3. Barragens de rejeitos -
Descaracterização de barragens. I. Ferreira, Lucas Deleon. II. Futai,
Marcos Massao. III. Universidade Federal de Ouro Preto. IV. Título.

CDU 624.13:622

Bibliotecário(a) Responsável: Maristela Sanches Lima Mesquita - CRB-1716


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
REITORIA
ESCOLA DE MINAS
COORDENACAO DO PROGRAMA DE POS-GRADUACAO
EM ENG. GEOTECNICA

FOLHA DE APROVAÇÃO

Isabella do Nascimento Viel

Uso de estacas metálica tubulares em estruturas de proteção de barragens de rejeito de mineração

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Geotécnica do Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas da
Universidade Federal de Ouro Preto, como parte integrante dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Geotécnica,
área de concentração Geotecnia aplicada à Mineração.

Aprovada em 09 de março de 2022

Membros da banca

Prof. Dr. Lucas Deleon Ferreira - Orientador (Universidade Federal de Ouro Preto)
Prof. Dr. Tales Moreira de Oliveira - (Universidade Federal de São João del-Rei)
Prof. Dr. Eduardo Souza Candido - (Universidade Federal de Lavras)

Prof. Lucas Deleon Ferreira, orientador do trabalho, aprovou a versão final e autorizou seu depósito no Repositório Institucional da UFOP
em 06/05/2022.

Documento assinado eletronicamente por Lucas Deleon Ferreira, COORDENADOR(A) DO MESTRADO PROFISSIONAL EM
ENGENHARIA GEOTÉCNICA, em 09/05/2022, às 13:34, conforme horário oficial de Brasília, com fundamento no art. 6º, §
1º, do Decreto nº 8.539, de 8 de outubro de 2015.

A autenticidade deste documento pode ser conferida no site http://sei.ufop.br/sei/controlador_externo.php?


acao=documento_conferir&id_orgao_acesso_externo=0 , informando o código verificador 0320836 e o código CRC
B3862C6F.

Referência: Caso responda este documento, indicar expressamente o Processo nº 23109.005712/2022-26 SEI nº 0320836

R. Diogo de Vasconcelos, 122, - Bairro Pilar Ouro Preto/MG, CEP 35400-000


Telefone: (31)3559-1508 - www.ufop.br
DEDICATÓRIA

Dedico à minha amada Cecília Viel por ter iluminado nossas vidas.

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiro a Deus e a toda a espiritualidade por ter me acompanhado em todo esse
trajeto.

À minha mãe, meu maior exemplo de luta e perseverança e minha maior torcida.

À meu pai, maior inspiração. Minha busca é me tornar uma profissional competente e generosa
como ele.

À minha irmã, pela força, exemplo de superação e pelo companheirismo.

À Cecilinha por me fazer vibrar por todas as pequenas vitórias e me mostrar todos os dias que
a felicidade está nas pequenas coisas.

Ao professor Marcos Massao Futai, pelos conhecimento e pelas orientações no


desenvolvimento dos projetos e da dissertação.

Ao professor Lucas Deleon Ferreira, por ter abraçado minha proposta e dado todo suporte para
que eu conseguisse concluir mais essa etapa.

À FONNTES GEOTÉCNICA em especial ao Michel e Michelle pela oportunidade de trabalhar


com novas tecnologias e pelo apoio e incentivo para que esse projeto se concretizasse.

À GIKEN em especial ao Edgardo, Massa e Lucky pelo apoio técnico e principalmente por ter
apresentado a solução.

Aos amigos pela paciência de aguardarem enquanto eu continuava “escrevendo”.

iv
“... Faz escuro mas eu canto porque a manhã vai chegar.”

Thiago de Melo (1965).

v
RESUMO

Os acidentes ocorridos com barragens de mineração na última década, provocaram atualizações


na legislação brasileira vigente, das quais destaca-se a necessidade de descaracterização das
barragens alteadas pelo método de montante ou método declarado desconhecido. A
obrigatoriedade de descaracterização desses barramentos em prazos reduzidos, associada à
necessidade de implantação de estruturas de contenção a jusante dessas barragens para
viabilização do processo de descaracterização, vem impulsionando a busca por novas
tecnologias construtivas. Neste contexto, e tendo como referência as barreiras de contenção
utilizadas no Japão contra Tsunamis, instaladas pelo método Press in, o uso de estacas metálicas
torna-se uma possibilidade para a construção de estruturas provisórias de proteção contra
possíveis rupturas de barragens de rejeito em processo de descaracterização. Além da própria
matéria prima (aço), que apresenta resistência superior aos materiais tradicionalmente
utilizados, a cravação pelo método press in ainda minimiza a geração de ruídos e vibrações
durante a execução da obra, o que possibiliza sua instalação em regiões mais próximas às
barragens a serem descaracterizadas. O fato de ser um método mais silencioso, também diminui
os transtornos junto às comunidades, reduzindo o impacto social negativo inerentes em
implantações dessa natureza. A adoção do sistema de estacas ainda ocupa menores áreas,
minimizando as intervenções na região de jusante. Para o dimensionamento dessas contenções
alguns itens merecem atenção especial, dentre os quais o cálculo das pressões de impacto
provocadas pelo rejeito mobilizado, os momentos e deslocamentos atuantes nas estacas, além
da avaliação do comportamento dos materiais de fundação frente às solicitações impostas. O
presente trabalho apresenta um contexto geral da aplicação de estacas tubulares metálicas para
fins de contenção através da tecnologia do press in e o dimensionamento geotécnico dessas
estruturas provisórias mediante a análise de uma contenção hipotética. O objetivo deste
dimensionamento é de promover discussões sobre estas estruturas provisórias de proteção à
jusante de barragens rejeitos em processo de descomissionamento.

Palavras-chave: estruturas de contenção a jusante, estacas metálicas, press in, barragens de


rejeito, descaracterização de barragens.

vi
ABSTRACT

Recent accidents with mining dams in the last decade have led to updates in current legislation,
of which the need to de-characterize dams raised by the upstream method or method declared
unknown stands out. The obligation to de-characterize these dams in reduced deadlines,
associated with the need to implement the downstream containment structures of these dams
for the feasibility of the projects, has been driving the search for new construction technologies.
With containment barriers used in Japan against Tsunamis as reference, the use of metallic piles
had not yet been considered for retaining mining tailings mobilized from geotechnical
structures. Depending on the technology used in driving the piles, there are many advantages
in adopting this system. In addition to the raw material itself (steel), which has superior
resistance to the materials traditionally used, the press in method also minimizes noise
generation and vibrations during construction, which allows its installation close to the dams to
be de-characterized. The fact that it is a quieter method also reduces inconvenience to
communities, reducing the negative social impact inherent in projects of this nature. The
optimization of the construction processes can also be verified, with less need for accesses and
reduction in the time of implantation of the structure. The adoption of the pile system also
occupies smaller areas, minimizing interventions in the downstream region. For the design of
these retainers, some items deserve special attention, among which the calculation of the impact
pressures caused by mobilized tailings, the moments and displacements acting on the piles, in
addition to the evaluation of the behavior of the foundation materials against the imposed
requests. In this sense, in addition to presenting a general context of the application of metallic
tubular piles for containment purposes, through the press in technology, this dissertation
suggests a methodology for the geotechnical design of these temporary structures.

Keywords: downstream containment structures, metallic piles, press in, tailings dams,
decommissioning dam.

vii
Lista de Figuras

Figura 2.1 – Estrutura de contenção em concreto a jusante implantada em São Gonçalo do


Bação. (Fonte: Jornal Estado de Minas, 2021). ........................................................................ 11
Figura 2.2 – Estrutura de contenção em concreto a jusante implantada em Barão de Cocais.
(Fonte: De fato, 2021). ............................................................................................................. 12
Figura 2.3 – Estrutura de contenção a jusante em enrocamento implantada na comunidade de
Macacos em Nova Lima. (Fonte: Jornal Estado de Minas). ..................................................... 13
Figura 2.4 – Principais tipos de estacas metálicas (Modificado de Giken, 2015). ................... 15
Figura 2.5 – Comparação do desempenho de diferentes perfis de estacas metálicas (Modificado
de Giken, 2015). ....................................................................................................................... 17
Figura 2.6 – Modelo de martelo para cravação de estaca à percussão (Ferreira, 2018). .......... 19
Figura 2.7 – Martelos vibratórios: (a) suspenso por guindaste; (b) acoplado a escavadora.
(Ferreira, 2018). ........................................................................................................................ 21
Figura 2.8 – Princípio do método de instalação Press in. (Modificado de Giken, 2020). ....... 22
Figura 2.9 – Velocidades de vibração de partículas gerados pelos diferentes métodos para
cravação de estacas. (Modificado de White at al., 2002). ........................................................ 24
Figura 2.10 – Gráfico comparativo dos níveis de ruídos induzidos pela utilização de diferentes
métodos para cravação de estacas (Modificado de White et al., 2002). ................................... 25
Figura 2.11 – Equipamentos que compõe o sistema GRB (Modificado de Giken, 2015). ...... 27
Figura 2.12 – Sistema de jato de água ( IPA, 2019). ................................................................ 29
Figura 2.13 – Sequência de cravação com execução de pré-furo. ............................................ 29
Figura 2.14 – a) Perfuratriz utilizada para a cravação de estacas no método Gyropress. b)
Detalhe da broca e sistema para descarga de água (Hirata, 2016). .......................................... 31
Figura 2.15 – Sistema de conexão (cantoneiras) entre estacas (Hirata, 2016). ........................ 32
Figura 2.16 – Detalhes da cravação dos conectores (Modificado de Giken, 2015). ................ 32
Figura 2.17 – Procedimento inicial de cravação (Modificado de Giken, 2015). ...................... 33
Figura 2.18 – Procedimento de instalação das estacas tubulares metálicas pelo método de
rotação e prensagem (Modificado de Hirata, 2016). ................................................................ 34
Figura 2.19 – Diagrama resultante das pressões pelo Método de Blum (Mota, 2018). ........... 36
Figura 2.20 – Modelo de cálculo utilizado no procedimento simplificado (Método de Chang).
IPA (2019). ............................................................................................................................... 42
Figura 2.21 – Pressão do solo e pressão da água agindo sobre uma estaca. IPA (2019). ........ 43

viii
Figura 3.1 – Vazão da mancha de inundação pelo Modelo HISTAV (modificado de Almeida,
2021). ........................................................................................................................................ 49
Figura 3.2 – Conceito do fluxograma para dimensionamento das estacas para contenção de
rejeitos. ..................................................................................................................................... 54
Figura 4.1 – Seção empírica projetada. .................................................................................... 61
Figura 4.2 – Figura da simulação para obtenção das pressões de impacto. ............................. 62
Figura 4.3 – Pressões desenvolvidas em diferentes elevações na parede da estrutura. ............ 63
Figura 4. 4 – Pressões de maior relevância no tempo por altura para a seção. ........................ 64
Figura 4.5 – Variação da profundidade em função do tempo. ................................................. 65
Figura 4.6 – Velocidade em função do tempo. ......................................................................... 65
Figura 4.7 – Figura da simulação numérica do momento aproximado de ocorrência da maior
profundidade. ............................................................................................................................ 66
Figura 4.8 – Figura da simulação numérica do momento aproximado de ocorrência da maior
velocidade. ................................................................................................................................ 67
Figura 4.9 – Comparativo das pressões de impacto calculadas. ............................................... 68
Figura 4.10 – Modelo de cálculo para verificação do comprimento de embutimento. ............ 70
Figura 4.11 – Diagrama das pressões e indicação dos momentos atuantes da estrutura .......... 71
Figura 4.12 – Seção modelada.................................................................................................. 72
Figura 4.13 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 1.
.................................................................................................................................................. 75
Figura 4.14 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 2.
.................................................................................................................................................. 75
Figura 4.15 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 3 no
tempo 3,90 s.............................................................................................................................. 76
Figura 4.16 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 4 no
tempo 4,30 s.............................................................................................................................. 77
Figura 4.17 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 5 no
tempo 4,57 s.............................................................................................................................. 77
Figura 4.18 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado nos estágios 6.
.................................................................................................................................................. 78
Figura 4.19 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações de
cisalhante no estágio 1. ............................................................................................................. 80
Figura 4.20 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações de
cisalhante no estágio 2. ............................................................................................................. 81

ix
Figura 4.21 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações
cisalhantes no estágio 3. ........................................................................................................... 82
Figura 4.22 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações
cisalhantes no estágio 4. ........................................................................................................... 83
Figura 4.23 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações
cisalhantes no estágio 5. ........................................................................................................... 84
Figura 4.24 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações
cisalhantes no estágio 6. ........................................................................................................... 85
Figura 4.25 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio 1.
.................................................................................................................................................. 86
Figura 4.26 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio 2.
.................................................................................................................................................. 86
Figura 4.27 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio 3.
.................................................................................................................................................. 87
Figura 4.28 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio 4.
.................................................................................................................................................. 87
Figura 4.29 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio 5.
.................................................................................................................................................. 88
Figura 4.30 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio 6.
.................................................................................................................................................. 88
Figura 4.31 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado no
estágio 1. ................................................................................................................................... 91
Figura 4.32 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado no
estágio 2. ................................................................................................................................... 91
Figura 4.33 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado no
estágio 3. ................................................................................................................................... 92
Figura 4.34 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado no
estágio 4. ................................................................................................................................... 92
Figura 4.35 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado nos
estágios 5. ................................................................................................................................. 93
Figura 4.36 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado nos
estágios 6. ................................................................................................................................. 94
Figura 4.37 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado nos
estágios 6 com simulação do sismo. ......................................................................................... 95

x
xi
Lista de Tabelas
Tabela 2.1 – Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos, em dB (NBR
10.151/2000). ............................................................................................................................ 26
Tabela 2.2 – Valores referência para o módulo de elasticidade E α (IPA,2016). ................... 39
Tabela 4.1 – Parâmetros geotécnicos adotados ........................................................................ 61
Tabela 4.2 – Valores calculados para obtenção do comprimento de embutimento ................. 69
Tabela 4.3 – Parâmetros das estacas ......................................................................................... 74
Tabela 4.4 – Resultados das análises de momentos e deslocamentos ...................................... 79
Tabela 4.5 – Fatores de segurança por SRF ............................................................................. 89
Tabela 4.6 – Fatores de segurança por equilíbrio limite. ......................................................... 95

xii
Lista de Símbolos, Nomenclatura e Abreviações

LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANM - Agência Nacional de Mineração
CCR - Concreto Compactado a Rolo
CFD - Computational Fluid Dynamics
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPT - Cone Penetration Test - Ensaio de cone
DCE - Declaração de Condição de Estabilidade
FEAM - Fundação Estadual de Meio Ambiente
FS - Fator de segurança
IPA - International Press-in Association
NSPT - Índice de Resistência à Penetração do Solo
PNSB - Política Nacional de Segurança de Barragens
SEMAD - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
SIGBM - Sistema Integrado de Gestão de Barragens de Mineração
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

LETRAS PARA VARIÁVEIS

Bref - Comprimento da placa de ensaio de coeficiente de empuxo horizontal realizados no Japão


BH - Largura de carregamento equivalente
dB - Decibel medido com filtro de frequências em ponderação
Fmax - força hidrodinâmica do fluxo de detritos por unidade de largura
E - Módulo de elasticidade do solo
g - Gravidade
h - Horas
I - Momento de inércia da estaca tubular metálica
KH - Coeficiente de reação horizontal da estaca
kHO - Coeficiente de reação horizontal inicial da estaca

xiii
L0 – Comprimento de embutimento
MMAX - Momento de inércia máximo induzido nas paredes da estaca
p - Força de reação do solo da porção embutida
s - Segundos
v - velocidade do fluxo no momento do impacto
y - deslocamento lateral da porção embutida de estacas tubulares de aço

LETRAS GREGRAS

α - coeficiente de correção do valor do módulo de elasticidade de acordo com o ensaio


𝛽 - Valor característico das estacas
σMAX - tensão na parede da estaca
λ - Rigidez relativa
𝛾 - peso específico do material mobilizado

xiv
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 1

1 INTRODUÇÃO 1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1

1.2 JUSTIFICATIVA DA DISSERTAÇÃO 4

1.3 OBJETIVO DA DISSERTAÇÃO 5

1.3.1 Objetivo geral 5


1.3.2 Objetivos específicos 5
1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO 6

CAPÍTULO 2 8

2 CONTEXTUALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 8

2.1 ATOS REGULATÓRIOS 8

2.2 PROPOSTAS PARA ESTRUTURAS PROVISÓRIAS DE PROTEÇÃO 10

2.2.1 Estruturas de contenção a jusante implantadas 10


2.2.2 Estruturas de contenção a jusante em Estacas metálicas 13
2.3 MÉTODOS PARA INSTALAÇÃO 18

2.3.1 Percussão com o uso de bate estacas 19


2.3.2 Martelo vibratório 19
2.3.3 Métodos de instalação Press in 21
2.3.4 Análise comparativa entre os métodos 23
2.4 SISTEMA GRB 27

2.5 DETALHES PARA INSTALAÇÃO DE ESTACAS PELO MÉTODO PRESS IN 28

2.5.1 Análise do subsolo 28


2.5.2 Sistema de pressão rotativa (Gyropress) 30
2.5.3 Procedimentos iniciais de cravação 32
2.5.4 Sequência de cravação das estacas pelo método press in 34

xv
2.6 METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS DE
CONTENÇÃO EM BALANÇO – CORTINAS DE ESTACAS 35

2.6.1 Métodos analíticos 36


2.6.2 Metodologia IPA para dimensionamento da estaca tubular 38
2.7 METODOLOGIAS PARA CÁLCULO DOS ESFORÇOS DE IMPACTO DEVIDO À
MOBILIZAÇÃO DO REJEITO 44

2.7.1 Modelos hidráulicas hidrodinâmicos 45


2.7.2 Método numérico computacional tridimensional 46
CAPÍTULO 3 48

3 METODOLOGIA DESENVOLVIDA PARA O DIMENSIONAMENTO DE


CORTINA DE ESTACAS METÁLICAS TUBULARES PARA CONTENÇÃO DE
REJEITOS 48

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 48

3.1.1 Aspectos relacionados à escolha da posição da estrutura de proteção à jusante 48


3.1.2 Controles necessários durante a obra 50
3.1.3 Dimensionamento geotécnico e bases para a modelagem numérica 50
3.2 MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO 52

3.3 VALIDAÇÃO DOS OBJETIVOS DA ESTRUTURA DE CONTENÇÃO E LIMITES


ADMISSÍVEIS 55

3.3.1 Deslocamento máximo admissível no topo da estaca 55


3.3.2 Momento máximo admissível 56
3.4.1 Verificação de zonas de plastificação no solo de fundação 57
3.4.2 Fatores de segurança pelo método de Tensão-deformação 57
3.4.3 Fatores de segurança da análise de equilíbrio limite 58
3.4.4 Verificações estruturais 59
CAPÍTULO 4 60

4 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA HIPOTÉTICA DE CONTEÇÃO 60

4.1 DEFINIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA O DIMENSIONAMENTO DA


ESTRUTURA 60

xvi
4.2 OBTENÇÃO DAS PRESSÕES DE IMPACTO NA ESTRUTURA DE CONTENÇÃO 61

4.2.1 Simulação numérica computacional 61


4.2.2 Avaliação das pressões de impacto obtidas pelo método computacional com a equação
clássica de cálculo de pressão de impacto 64
4.3 ESTIMATIVA DO COMPRIMENTO DE EMBUTIMENTO DA ESTRUTURA 68

4.3.1 Metodologia da IPA 68


4.3.2 Verificação do dimensionamento do comprimento do embutimento pelo método
clássico 69
4.4 AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DIMENSIONADA 71

4.4.1 Verificação utilizando método computacional por modelo tensão-deformação 72


4.4.2 Verificação da estrutura utilizando método computacional por equilíbrio limite 89
4.4.3 Avaliações e medidas adicionais 95
CAPÍTULO 5 97

5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA OUTROS ESTUDOS 97

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS 97

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 98

REFERÊNCIAS 99

xvii
CAPÍTULO 1
1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A última década foi marcada por dois grandes rompimentos ocorridos em barragens de
mineração no estado de Minas Gerais, responsáveis por mudanças significativas na legislação
estadual e federal, e nas técnicas para disposição de rejeitos de mineração.

Após a primeira ruptura de grandes proporções, ocorrida na Barragem de Fundão no Município


de Mariana em novembro de 2015, foram intensificadas as discussões sobre os riscos
envolvidos no alteamento de barragens de mineração utilizando o método a montante. Cerca de
três anos depois, em janeiro de 2019, após outra ruptura, também em Minas Gerais, no
município de Brumadinho (Barragem B1), foram instauradas modificações mais substanciais
na legislação mineral, no sentido de extinguir as barragens alteadas por montante. Nesse
contexto, foi publicada a Resolução da Agência Nacional de Mineração – ANM nº 4, revogada
pela Resolução nº 13, ambas de 2019 (ANM, 2019a e 2019b) de abrangência nacional, que
estabelece medidas regulatórias cautelares objetivando assegurar a estabilidade das barragens
de mineração com esse tipo de alteamento. Especificamente no estado de Minas Gerais, houve
a publicação da Lei 23.291, de 2019 (MINAS GERAIS, 2019) que instituiu a Política Estadual
de Segurança de Barragens, aplicada a barragens destinadas à acumulação ou à disposição de
rejeitos e resíduos, ou líquidos associados a processos industriais ou de mineração. Essa lei foi
implementada em articulação com a Lei Federal nº 12.334 de 2010 (BRASIL, 2010), alterada
pela Lei Federal 14.066 de 2020 (BRASIL, 2020) que estabeleceu a Política Nacional de
Segurança de Barragens.

Além da proibição da construção de novas estruturas alteadas pelo método à montante, foi
definido que, as barragens já existentes construídas por essa metodologia, precisariam ser
descaracterizadas conforme a resolução conjunta da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e da Fundação Estadual de Meio Ambiente (FEAM)-
Resolução SEMAD/FEAM 2.784, de 2019 (SEMAD & FEAM, 2019). Essa resolução ainda

1
estabeleceu um comitê para definir as diretrizes e premissas de descaracterização de barragens,
que utilizem ou que tenham utilizado o método de alteamento a montante no Estado de Minas
Gerais. Os trabalhos do comitê culminaram em um termo de referência, que definiu os
requisitos mínimos de um Projeto para a Descaracterização de Barragens alteadas pelo método
de montante no Estado de Minas Gerais. Para estruturas em nível 2 ou 3 de alerta, é sugerida a
construção de uma estrutura provisória de proteção (back-up dam), situada à jusante, para
suportar o impacto dos rejeitos em caso de rompimento da barragem em risco, durante as
operações de descaracterização. A concepção destas estruturas é o foco desta dissertação de
mestrado.

Os curtos prazos, estabelecidos nas legislações, para descaracterização, além de fatores como
indisponibilidade de áreas e restrições construtivas, como a geração de vibração e ruídos que
poderiam ser gatilhos para o processo liquefação e instabilização dos barramentos, demandaram
a busca por novas alternativas para essas Estruturas de Contenção a Jusante (comumente
chamadas de ECJ).

Nesse cenário, iniciaram-se estudos prevendo a utilização de estacas metálicas como elemento
construtivo, tendo como vantagens:
• geração de pouca perturbação ou vibrações no terreno;
• prazos de entrega da obra reduzidos (no caso de perfis de seção comercial);
• facilidade de transporte e manuseamento dos materiais para construção;
• facilidade em executar emendas e cortes;
• possibilidade de execução de comprimentos diferenciados;
• elevada resistência à compressão, flexão e corte;
• permite instalação em rocha de resistência elevadas;
• elevado controle de qualidade durante as etapas construtivas.

Dentre as diversas tecnologias para instalação das estacas, destaca-se o método de prensagem
(Press in). Essa metodologia é amplamente utilizada no processo de construção de muros
construídos no Japão para proteção contra Tsunamis, conforme aponta a empresa Giken
desenvolvedora do método (Giken, 2020). Em função das características de resistência do
terreno de fundação, pode ser necessária para a cravação das estacas associando o método
Press in à técnica de rotação (Gyropress), mediante a utilização de equipamentos de cravação

2
específico. Neste caso, as estacas tubulares podem ser associadas a elementos de corte na ponta,
fato que possibilita a cravação em materiais resistentes, tais como rochas ou estruturas de
concreto. As vantagens do referido método relacionam-se com:

• baixos níveis de vibrações, podendo ser instaladas nas proximidades dos barramentos em
risco e de residências, minimizando, assim, os impactos às estruturas adjacentes;
• baixos níveis de ruídos, diminuindo o incômodo à população do entorno e possibilitando
até mesmo a execução da obra no período noturno, otimizando o tempo de construção;
• facilidade de cravação em quase todos os tipos de terrenos;
• minimização dos danos à jusante, uma vez que podem ser fixadas mais próximas das
barragens.

Observou-se nos estudos desenvolvido de dimensionamento das estacas metálicas como


estruturas para proteção a jusante (backup dams), que um dos fatores preponderantes para o
dimensionamento assertivo dessas estruturas, relaciona-se à obtenção das pressões de impacto
provocadas pelo rejeito mobilizado.

Após definição das pressões de impacto e obtenção das características dos materiais de
fundação na qual pretende-se executar a contenção, pode-se realizar o dimensionamento da
estrutura. No caso de projeto envolvendo uso de estacas tubulares instaladas pela metodologia
de prensagem, nas análises deste trabalho, optou-se pela adoção das premissas e critérios
consolidados pela International Press-in Association (IPA), no documento Press-in retaining
structures: a handbook (IPA, 2019).

A IPA é uma organização acadêmica que se dedica à explicação dos fenômenos e mecanismos
desenvolvidos nos materiais de fundação em função da utilização da engenharia de prensagem
(press in). A associação atua com estreita coordenação de várias áreas técnicas, como
ambiental, geotécnica, mecânica, instrumentação e engenharia de construção (IPA, 2019).

Diante das vantagens da utilização de estacas metálicas e do método de prensagem, busca-se


com este trabalho, apresentar uma análise de viabilidade técnica da utilização de estacas
tubulares metálicas para a construção de estruturas temporárias a jusante de barragens que
necessitam ser descaracterizadas. Será apresentada uma proposta metodológica para o

3
dimensionamento deste tipo de estrutura em território nacional, abordando as particularidades
e adaptações necessárias. Além disso, ainda será apresentado o dimensionamento de uma
estrutura de contenção de rejeitos fictícia, projetada segundo a metodologia proposta.

1.2 JUSTIFICATIVA DA DISSERTAÇÃO

Existe atualmente a necessidade de implantação de estruturas de contenção a jusante das


barragens que deverão ser descaracterizadas, de maneira a buscar os mínimos impactos
possíveis ao meio ambiente e principalmente à vida da população residente nas áreas
diretamente afetadas, no caso de falha das barragens durante o processo de descaracterização.
Neste contexto, observa-se a necessidade de consolidar e ampliar alternativas para implantação
de estruturas que suportem os impactos, diante de uma eminente ameaça de ruptura de
barragens de rejeitos.

A implantação destas estruturas de contenção é complexa, sendo destacados aspectos


relacionados à sua localização e às estimativa de esforços solicitantes e deformações
admissíveis. Em termos locacionais, tem-se a discussão do quão próximo a estrutura pode estar
em relação ao barramento, sendo que, quanto mais afastadas das barragens a serem
descaracterizadas, maior será a segurança em relação aos possíveis gatilhos que possam
desencadear processos de instabilização do barramento (indução de vibrações, por exemplo).
Contudo, a construção de estruturas muito distantes estará associada à possíveis desocupações
de áreas fora da propriedade das mineradoras, além de ampliar a abrangência de áreas
impactadas por possível rompimento durante o processo de descaracterização.

A possibilidade da instalação de estruturas de contenção próximas às barragens e aos


equipamentos urbanos, é uma solução que apresenta vantagens que vão além da minimização
dos impactos ambientais e da relocação da população do entorno.

Neste contexto, o trabalho se justifica por apresentar discussões e análises sobre o tema, a partir
da apresentação de uma estrutura de contenção construída em estacas metálicas justapostas
(comumente conhecida como cortina de estacas) a jusante. A escolha desta alternativa está
associada à possibilidade das contenções serem implantadas próximas às barragens gerando o
mínimo de vibrações e ruídos durante a instalação, além de ocuparem menores áreas. Pretende-
se alcançar os objetivos apresentados no item a seguir, que podem auxiliar no entendimento

4
desta tecnologia de cravação de estacas e no dimensionamento das estruturas.

1.3 OBJETIVO DA DISSERTAÇÃO

Os objetivos desta dissertação são apresentados nas seções a seguir.

1.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral do trabalho é apresentar a utilização de estacas metálicas justapostas instaladas


(cravadas) pelo método de prensagem (Press in), para a construção de estrutura temporária de
proteção que deve suportar o rejeito mobilizado de barragens em processo de descaracterização.
Ainda será apresentada uma proposta de metodologia para o dimensionamento dessas
estruturas. O método sugerido, será uma adaptação às condições e legislações brasileiras da
metodologia japonesa de dimensionamento destas estacas, apresentada pelo manual Press-in
retaining structures: a handbook (IPA, 2019). O referido manual considera além das avaliações
da capacidade de suporte ao impacto de rejeitos da estrutura, as peculiaridades dos
procedimentos de instalação que serão adaptados às condições geológico-geotécnicas e de
infraestrutura brasileiras.

1.3.2 Objetivos específicos

• Apresentar de maneira sucinta a metodologia de instalação de estacas tubulares


metálicas pelo método de prensagem (Press in) com opção da adoção do sistema de
rotação (Gyropress ).

• Analisar e propor adaptações no método de dimensionamento de contenções executadas


com estacas metálicas, proposto pela International Press-in Association (IPA, 2019),
para ao dimensionamento de estruturas provisórias de proteção (back-up dam) em
barragens de rejeitos que serão submetidas ao processo de descaracterização.

• Comparar a metodologia proposta pela IPA com metodologia tradicional de


dimensionamento das fichas de cortinas de estacas (estruturas de contenção
convencionalmente utilizadas no Brasil).

5
• Avaliar modelo empírico para estimativa das forças de impacto provocadas pelo fluxo
de rejeitos mobilizado devido ao rompimento hipotético de uma barragem de rejeito,
com os resultados obtidos por meio de métodos computacionais. A simulação
computacional foi realizada com a utilização do software FLOW-3D® da empresa Flow
Science, para obtenção dos dados para o dimensionamento conceitual da estrutura de
contenção.

• Apresentar uma proposta metodológica para dimensionamento de estruturas provisórias


de contenção (proteção) a jusante de barragens de rejeitos em processo de
descaracterização (back-up dam) tendo como base as diretrizes da metodologia proposta
pela IPA (2019);

• Executar uma análise computacional do comportamento de uma estrutura pré-


dimensionada mediante estudos de tensão-deformação e equilíbrio limite de uma seção
da contenção. Será avaliada a seção em função das solicitações resultantes do impacto
do fluxo de detritos promovido pela ruptura hipotética de uma barragem de rejeitos
situada à montante. Sendo analisada também a contenção após estabilização do rejeito
que ficará retido pela estrutura.

1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação está dividida em sete capítulos, cujos temas são estruturados conforme descrito
neste item.

O primeiro capítulo descreve a estrutura geral da dissertação, contextualiza o problema


abordado e discute seus objetivos.

O Capítulo 2 apresenta uma contextualização bibliográfica que se inicia com os aspectos legais
relacionados à necessidade da descaracterização das barragens alteadas a montante e da
indicação em alguns casos da necessidade da implantação de estruturas de proteção a jusante,
para execução segura da descaracterização de barragens. Posteriormente, ainda na
contextualização bibliográfica, é apresentado um estudo sobre a adoção de estacas metálicas
nas estruturas de proteção, com indicação dos tipos e suas vantagens para utilização como
estruturas de contenção. Serão apresentados os diferentes métodos de instalação das estacas,

6
além de detalhes da metodologia Press in. Este capítulo abordará adicionalmente, alguns
conceitos e metodologias para dimensionamento das estacas e métodos para cálculo da pressão
de impacto em função da mobilização do rejeito.

O Capítulo 3 disserta sobre a metodologia proposta para o dimensionamento de uma estrutura


da contenção em estaca tubular metálica, a ser implantada pela metodologia de rotação e
prensagem. Este dimensionamento é baseado nas diretrizes da IPA, apresentada por
especialistas japoneses, detentores da tecnologia de instalação das estacas pelo método de
prensagem (press in).

No Capítulo 4 será apresentado um estudo de uma estrutura hipotética que contemplará seu
dimensionamento para suportar a mobilização dos rejeitos na ocorrência de uma ruptura de uma
barragem de rejeitos situada a montante, utilizando a metodologia proposta nesta dissertação.

O Capítulo 5 discute sobre as principais conclusões a respeito da metodologia e do sistema de


contenção proposto de classificação, além de proposições finais que visem o refinamento do
estudo apresentado.

7
CAPÍTULO 2
2 CONTEXTUALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA

Serão apresentados os conceitos básicos relativos ao tema de estudo, atos regulatórios,


vantagens da utilização de estacas metálicas, diferentes métodos de instalação de estacas,
metodologias de dimensionamento e de cálculo das pressões de impacto.

2.1 ATOS REGULATÓRIOS

A Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), instituída pela Lei Federal 12.334 de
2010, foi a primeira regulamentação a tratar especificamente da segurança de barragens. A
referida lei é destinada a qualquer tipo de barragem independente de sua destinação, para
acumulo de rejeitos, resíduos industriais ou água. É aplicável para barragens que apresentam
alturas iguais ou superiores a 15m ou capacidade total do reservatório maior ou igual a
3.000.000 m³ ou resíduos perigosos ou categoria de dano potencial associado, médio ou alto,
em termos econômicos, sociais, ambientais ou de perda de vidas humanas. Através da
regulamentação de padrões de segurança, buscou-se a prevenção de acidentes a partir da
manutenção da integridade estrutural e operacional e a preservação da vida, da saúde, da
propriedade e do meio ambiente (Brasil, 2010).

Considerando o histórico recente de rompimentos de barragens de mineração no estado de


Minas Gerais, foi identificada a necessidade de estabelecer mudanças nas diretrizes do
gerenciamento de barragens e impor restrições especificamente às estruturas que utilizam ou
que pudessem vir a utilizar a metodologia construtiva de alteamento a montante.

Após a ruptura da Barragem de Fundão em Mariana no estado de Minas Gerais, em 05 de


novembro de 2015, foi instituída, por meio do Decreto Estadual 46.993 de 02/05/2016 (MINAS
GERAIS, 2016), a realização de auditoria Técnica Extraordinária de Segurança de Barragem
em todos os empreendimentos que fazem a disposição final ou temporária de rejeitos de
mineração em barragens, que utilizem ou tenham utilizado o método de alteamento para
montante. Cabendo ao órgão competente, de acordo com o resultado desta auditoria,

8
determinar, em última instância, a desativação da estrutura. Até que o Conselho Estadual de
Política Ambiental (COPAM) definisse critérios e procedimentos adicionais, ficaram suspensos
os novos licenciamentos e ampliações de barragens que utilizem ou tenham utilizado o método
a montante. Com exceção aos processos que já tenham sido formalizados anteriormente à data
de publicação do decreto.

Apesar das restrições impostas pelo estado de Minas Gerais, em 2016, outra ruptura com
impactos sociais ainda mais críticos ocorreu no município de Brumadinho no dia 25 de janeiro
de 2019. Em 30 de janeiro de 2019, apenas cinco dias após o novo rompimento, foi instituída a
Resolução Conjunta SEMAD/FEAM nº 2.765 que veio a ser revogada pela Resolução 2.784 de
21 de março de 2019 (SEMAD & FEAM, 2019). Dentre outras providências, determinou a
descaracterização de todas as barragens de contenção de rejeitos e resíduos, alteadas pelo
método a montante, provenientes de atividades minerárias, existentes em Minas Gerais.

Tendo também como justificativa os últimos eventos de rupturas, a Agência Nacional de


Mineração, publicou a Resolução n°4 em 15/02/2019 (ANM, 2019a) que proibiu a utilização
do método de construção ou alteamento de barragens a montante em todo o território nacional.
Ainda foram definidos prazos para execução de reforço ou de nova estrutura a jusante, que
deveria convergir para a descaracterização dessas estruturas. Esta resolução foi revogada pela
Resolução nº 13 de 08/08/2019 (ANM, 2019b) que dentre outras determinações, alterou os
prazos para protocolo dos projetos de descaracterização e conclusão das referidas obras nas
barragens alteadas a montante ou método declarado desconhecido. O prazo limite para
descaracterização das estruturas segundo a Resolução nº 13 foi determinado para até 15 de
setembro de 2022, para barragens com volume inferior a 12 milhões de metros cúbicos; até 15
de setembro de 2025 para barragens com volume entre 12 milhões e 30 milhões de metros
cúbicos; e até 15 de setembro de 2027 para barragens com volume superior a 30 milhões de
metros cúbicos.

O estado de Minas Gerais também sancionou no dia 22/02/2019, o Projeto Lei 3.676/16 que
deu origem à Lei 23.291 de 25/02/2019 (MINAS GERAIS, 2019) que instituiu a Política
Estadual de Segurança de Barragens. Dentre as diretrizes da nova lei, foi vedada a concessão
de licença ambiental para operação ou ampliação de barragens destinadas à acumulação ou à
disposição final ou temporária de rejeitos ou resíduos industriais ou de mineração que utilizem
o método de alteamento a montante. Além disso, o empreendedor ficou obrigado a promover a

9
descaracterização das estruturas inativas alteadas a montante e àquelas em operação teriam até
três anos para promover uma migração para uma tecnologia alternativa de acumulação ou
disposição de resíduos.

Conforme previsto pela Política Estadual de Segurança de Barragens do estado de Minas Gerais
(MINAS GERAIS, 2020), foi estabelecido, através do Termo de Referência (TR) para
descaracterização de barragens alteadas pelo método de montante, os requisitos mínimos de um
projeto para a Descaracterização de Barragens alteadas pelo método de montante. O referido
termo ainda prevê para estruturas que estiverem em nível 2 ou 3 de alerta, a construção de uma
barreira de proteção em caso de rompimento, durante as operações de descaracterização. A
construção desta estrutura a jusante, passou a ser uma medida de segurança importante para
segurança da população durante a execução das obras de descaracterização. A otimização destas
estruturas de proteção também passou a ser item relevante ao processo

Em fevereiro de 2022 foi publicada a ANM nº 95/2022 que consolidou os atos normativos que
dispõem sobre Segurança de Barragens de Mineração no Brasil. A nova legislação unificou os
normativos acerca de barragens de mineração além de ter revogado dentre outras, a Portaria
DNPM nº 70.389/2017 e a Resolução ANM nº 13/2019. Com relação à descaracterização, a
norma estabeleceu que até 25 de fevereiro de 2022 deve ser concluída a descaracterização das
barragem alteadas a montante, podendo o prazo ser prorrogado pela ANM mediante
apresentação de justificativa técnica, desde que seja referendada pela autoridade licenciadora
do SISNAMA (sistema nacional do meio ambiente). Ainda foi definida a obrigatoriedade de
apresentar por meio do SIGBM (sistema integrado de gestão de barragens de mineração), a
DCE (declaração de condição de estabilidade) da ECJ.

2.2 PROPOSTAS PARA ESTRUTURAS PROVISÓRIAS DE PROTEÇÃO

2.2.1 Estruturas de contenção a jusante implantadas

Projetos de estruturas provisórias de proteção à jusante de barragens de rejeito têm sido


executados com o emprego de técnicas tradicionalmente adotadas para barreiras de contenção
de água e rejeitos tais como, barragens construídas em aterros de solo compactado, de
enrocamento, e em concreto compactado a rolo (CCR).

10
Como exemplo dessas estruturas, podemos citar os “muros” implantados no estado de Minas
Gerais, todos pertencentes à empresa Vale. Estão localizados especificamente em São Gonçalo
do Bação, distrito de Itabirito; no município de Barão de Cocais e na comunidade de Macacos,
em Nova Lima,

A Figura 2.1 apresenta uma imagem da contenção em CCR, em São Gonçalo do Bação.
Conforme dados disponíveis no site da empresa (VALE, 2022), a estrutura foi implantada para
conter os rejeitos das barragens Forquilhas I, II e III e IV e Grupo. Sua localização está a 11 km
a jusante da barragem Forquilha I, possuindo 60 metros de altura e 350 metros de extensão. Ela
proporcionará, em um cenário de ruptura das estruturas a montante, a proteção dos municípios
de Itabirito, Raposos, Rio Acima, Nova Lima e três bairros de Belo Horizonte (Bairros Jardim
Vitória III, Beija-Flor e Maria Tereza).

Figura 2.1 – Estrutura de contenção em concreto a jusante implantada em São Gonçalo do


Bação. (Fonte: Jornal Estado de Minas, 20211).

A proteção implantada no município de Barão de Cocais (Figura 2.2), foi projetada para conter
os rejeitos, em um cenário de ruptura da barragem Sul Superior. Foi concebida também em

1
Divulgação VALE. Jornal Estado de Minas, 2021. Contenção para rejeitos de barragem em nível crítico é
finalizada em Minas. Disponível em:
https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2021/07/13/interna_gerais,1286088/contencao-para-rejeitos-de-
barragem-em-nivel-critico-e-finalizada-em-minas.shtml . Acesso em: 07, fevereiro e 2022.

11
CCR e está localizada à 6 km da referida barragem. Possui 36 metros de altura e 306 metros de
extensão (Vale, 2022).

Na comunidade de Macacos, conforme Vale (2022), a contenção possui 30 metros de altura e


190 de extensão (Figura 2.3). Trata-se de uma barreira formada por pedras (enrocamento),
localizada a 8 km a jusante da barragem B3/B4. A obra é fundamental para proteger a bacia do
Rio das Velhas e a Estação de Tratamento de Água de Bela Fama, além de toda a Zona de
Segurança Secundária (Honório Bicalho, Rio Acima, Raposos, Nova Lima).

Figura 2.2 – Estrutura de contenção em concreto a jusante implantada em Barão de Cocais.


(Fonte: De fato, 20212).

2
Anna Gonçalves. De Fato, 2021. Vale conclui obras de muro próximo a barragem em Barão de Cocais. Disponível
em: https://defatoonline.com.br/vale-conclui-obras-de-muro-proximo-a-barragem-em-barao-de-cocais/ . Acesso
em: 07, fevereiro e 2022.

12
Figura 2.3 – Estrutura de contenção a jusante em enrocamento implantada na comunidade de
Macacos em Nova Lima. (Fonte: Jornal Estado de Minas3).

2.2.2 Estruturas de contenção a jusante em Estacas metálicas

A proposta de utilização de estruturas de proteção mais esbeltas, tais como as cortinas


construídas com estacas metálicas têm se apresentado como uma alternativa viável para esse
tipo de projeto.

Essas estruturas, também chamadas de cortina de estacas, já são amplamente adotadas em obras
de escavação, proteção de margens de rios, aterros em rodovias, e estruturas portuárias.
Contudo, a aplicação destas estruturas como contenções provisórias à jusante de barragens de
rejeito em processo de descaracterização para suportar o impacto dos rejeitos, no caso de
colapso, é uma aplicação inovadora e desafiadora.

Dentre os desafios dos projetos de estruturas de contenção a jusante, destacam-se aspectos


relacionados ao risco de ruptura das barragens a serem descaracterizadas, principalmente
durante as obras de implantação das estruturas de proteção. Sendo que a própria execução da
obra pode ser um gatilho para deflagração de mecanismos potenciais de instabilização como,

3
VALE. Jornal Estado de Minas, 2020. Barragem que ameaça Macacos começa a ser desmanchada pela Vale.
Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2020/11/13/interna_gerais,1204422/barragem-que-
ameaca-macacos-comeca-a-ser-desmanchada-pela-vale.shtml . Acessado em 15/01/2021

13
por exemplo, a liquefação). Deve ser levado em conta também, o tempo para implantação das
obras, quanto mais rápida for efetuada, menor será o tempo de exposição e de risco para a
população residente na região potencialmente atingida pela mancha de ruptura. A estrutura
dimensionada deve também possuir uma elevada capacidade de resistir à esforços, uma vez
que, as magnitudes dos impactos provocados pela mobilização da lama de rejeito podem ser
muito elevadas.

Considerando as questões apontadas anteriormente, a utilização de cortinas construídas com


estacas metálicas, demandam um menor tempo para instalação quando comparadas com os
demais tipos de contenções, além de ocuparem menores áreas para a implantação de canteiros
de obra. Ainda, de acordo com o método construtivo adotado (sendo possível a redução de
vibrações induzidas durante a obra), a instalação das estacas pode ser realizada muito próximo
às barragens em risco de ruptura, reduzindo assim, o impacto às áreas a jusante. Destacam-se
ainda as facilidades construtivas (como a execução de emendas e cortes, reduzindo o
desperdício de material), rígido controle de qualidade e de transporte e manipulação das estacas
metálicas. Outro aspecto importante é a proximidade de fornecedores deste tipo de elemento
estrutural (estaca metálicas) nas regiões de Minas Gerais onde se encontram uma boa parte das
barragens que serão descaracterizadas, minimizando assim, os custos de transporte.

As cortinas são estruturas de contenção que estão sujeitas a deformações por flexão devido a
sua esbeltez e que são utilizadas em obras de contenção permanentes e temporárias. De acordo
com Gerscovich, Danziger e Saramago (2016), a expansão do conhecimento destas estruturas
no Brasil se deu a partir da década de 1970 por meio da execução de grandes escavações para
a implantação de subsolos, execução e obras de metrôs nas principais capitais brasileiras. A
construção de cortinas de contenção pode ser realizada em diferentes soluções construtivas,
sendo comum a adoção de cortinas utilizando perfis de madeira com vigas de solidarização
(obras temporárias); paredes de concreto com a utilização de estroncas; cortinas atirantadas
(que utilizam tirantes para a garantia da estabilidade da estrutura); cortinas construídas em perfil
metálico; cortinas de estacas (metálicas ou de concreto) justapostas; além da possibilidade de
soluções mistas.

As estruturas de proteção para contenção ou barramentos, são comumente construídas com


perfis de estaca pranchas em aço laminado com seções planas em forma de U, Z ou H mostradas
na Figura 2.4.

14
Figura 2.4 – Principais tipos de estacas metálicas (Modificado de Giken, 2015).

Estes perfis possuem encaixes longitudinais que conectam duas estacas adjacentes permitindo
a construção de paredes contínuas mediante a cravação sucessiva dos perfis metálicos. Quando
são utilizadas estacas metálicas tubulares, conforme ilustra a estrutura denomina-se cortina de
estacas justapostas, sendo o processo de conexão e cravação destes elementos semelhante aos
demais perfis.

Para a definição do tipo de estaca a ser adotado deve-se levar em consideração alguns critérios,
destacando as características dos materiais de fundação e as pressões de impacto a serem
suportadas. Os principais perfis de estacas metálicas para contenções, são apresentados na
Figura 2.4.

Quando se está especificando uma estaca para contenções, conforme Arcelor (2019), a
característica mais importante a ser observada é o módulo da seção que combinado com o tipo
de aço resultará na capacidade de suportar um determinado momento fletor da estaca.

De acordo com Cintra (2002), nas análises de estacas submetidas a carregamentos horizontais,
deve ser considerada uma relação entre a rigidez horizontal do solo (kh) e a rigidez à flexão da
estaca (expressa pelo módulo elástico e momento de inércia da estaca - EI). Define-se assim,

15
um fator de rigidez relativa estaca-solo que vai depender da forma e da variação do módulo de
reação com a profundidade.

Neste contexto, na especificação de um projeto procura-se sempre a relação Módulo Elástico x


Massa (kg/m²) mais econômica. O grande desafio de um projeto de contenções em estacas
metálicas passa por combinar os seguintes itens:

• maior módulo elástico possível;


• menor peso/m² possível (fator relacionado à custos de aquisição, mobilização e cravação);
• maior momento de inércia possível;
• qualidade de aço mais apropriada para a aplicação (considerando aspectos relacionados à
resistência e durabilidade deste elemento que estará sujeito à corrosão);
• maior largura útil da estaca possível (Maior produtividade de instalação).

Considerando os quatro perfis metálicos usualmente adotados em contenções e mostrados na


Figura 2.4, foi apresentado pela empresa Giken (2015), uma análise de “desempenho”,
apresentada na Figura 2.5. É importante destacar que a massa de ferro dos perfis possui uma
relação direta com o custo dos mesmos.

16
Figura 2.5 – Comparação do desempenho de diferentes perfis de estacas metálicas
(Modificado de Giken, 2015).

Nesta análise da Figura 2.5, é considerado um metro de seção da estrutura de contenção e


diferentes tipos de perfis metálicos U, Z, H e tubular. No primeiro ábaco foram comparados o
módulo elástico e a massa da seção de cada perfil, enquanto no segundo ábaco, foi feita uma
comparação entre o momento de inércia e a massa da seção. Este tipo de análise preliminar para
a escolha do perfil, é embasada na comparação entre a variação do módulo e momento de inércia

17
(representativos da capacidade de suporte do perfil, “resistência”) em relação ao custo
associado (massa por metro linear de contenção).

De acordo com os ábacos da Figura 2.5, comparando os diferentes perfis, verifica-se que a faixa
de variação de valores do momento de inércia para os perfis U, Z e H é pequena em relação às
estacas tubulares. Nas análises fica evidente que para pequenas variações de massa, o perfil
tubular apresenta um elevado incremento tanto no módulo da seção quanto no momento de
inércia, demonstrando assim, uma maior versatilidade deste tipo de perfil em relação aos
demais.

Conclui-se que a estaca tubular é a melhor escolha em termos de custo e resistência para sua
utilização como estrutura de contenção à jusante de barragens, como é o caso de nosso estudo.
As estacas tubulares são as mais indicadas para serem adotadas, considerando as elevadas
solicitações a que as estruturas podem ser submetidas, em função dos altas pressões de impacto
que podem vir a suportar. Além disso, caso seja necessário, poderão ter sua rigidez elevada com
o preenchimento de sua seção interna com concreto, por exemplo. Cabe ressaltar que, o custo
efetivo de cada perfil ainda pode estar associado a outros aspectos não analisados aqui, sendo
esta, uma avaliação preliminar para a escolha do perfil.

Conforme Mello (1979a), as estacas tubulares possuem elevada capacidade portante, maior
momento de inércia e consequentemente maior rigidez à flexão, torção e flambagem (durante a
cravação), quando comparadas a outros tipos de estacas. Para atendimento às resistências
especificadas nos projetos, elas podem ser produzidas em diferentes espessuras de parede e
diâmetros. Em uma estrutura de contenção em cortina de estacas, a rigidez relativa (relacionada
à interação entre a estrutura e maciço circundante) influencia na distribuição e intensidade dos
esforços sobre a cortina, sendo estes esforços relacionados aos deslocamentos e deformações
na interface maciço e estrutura.

2.3 MÉTODOS PARA INSTALAÇÃO

O processo de cravação de estacas metálicas pode ocorrer por percussão, vibração ou


prensagem (método denominado press in), estas metodologias serão apresentadas nos tópicos
a seguir. Sendo melhor detalhado o último método, por ser a metodologia de cravação a ser

18
considerada no trabalho.

2.3.1 Percussão com o uso de bate estacas

A percussão é a forma mais comum de cravação de estacas (Velloso e Lopes, 2010). O processo
é executado por um bate-estacas, normalmente compostos por uma torre montada sobre
plataforma, onde cabos de aço acionados por um guincho mecânico erguem o martelo utilizado
na cravação. A cravação é executada mediante sucessivas quedas do martelo sobre a cabeça da
estaca, devidamente protegida, até que seja alcançada a sua cota de apoio.

A cravação de estacas por impacto pode ser efetuada com a utilização de diferentes tipos de
martelos e com diferentes mecanismos de funcionamento, configurações e energias de impacto.
Os martelos mais utilizados na cravação por impacto são os martelos de queda livre, martelos
a diesel, martelos pneumáticos e martelos hidráulicos (Ferreira, 2015).

A cravação da estaca se deve à deformação permanente do solo devido à energia aplicada na


estaca pela queda livre do martelo. Este método de cravação além de produzir elevadas
vibrações, quando comparado aos demais avaliados é o que produz maiores níveis de ruídos. A
Figura 2.6 apresenta uma imagem esquemática de um martelo para cravação à percussão.

Figura 2.6 – Modelo de martelo para cravação de estaca à percussão (Ferreira, 2018).

Para execução deste tipo de solução é necessária a limpeza e regularização de todo entorno da
região de implantação da cortina para acesso e fixação do guincho que realizará a operação.

2.3.2 Martelo vibratório

19
A cravação por vibração consiste na aplicação de vibrações na estaca, utilizando martelos
vibratórios, reduzindo a resistência do solo e permitindo a penetração da estaca sob seu peso
próprio (Deckner, 2013).

Os martelos vibratórios mais comuns são compostos essencialmente por três sistemas: o sistema
de vibração, o sistema de transmissão de energia e sistema de produção de energia. O sistema
de vibração é designado por oscilador e nele estão contidos pares de massas excêntricas, que ao
rodarem sincronizadamente permitem a geração de uma força sinusoidal. Esta força é
transmitida ao sistema através da utilização de rolamentos antifricção, que também facilitam a
rotação. A estaca é ligada ao oscilador por um dispositivo de fixação hidráulico. O sistema de
transmissão de energia permite transmitir a energia do gerador para o oscilador através de
mangueiras hidráulicas e cabos elétricos, enquanto o sistema de produção de energia é
composto por um gerador que pode ser a diesel ou elétrico, e um painel de controle.

O tempo de cravação de estacas por vibração é cerca de 10% do necessário na cravação de


estacas por impacto (Rausche, 2002). Este tipo de cravação é usado em solos granulares (que
em condições saturadas apresentam perda de resistência significativa devido à vibração) e em
solos coesivos, sendo que nestes últimos deve-se operar com baixas frequências, permitindo
uma diminuição da resistência do solo e reduzindo assim os custos de cravação. Destaca-se que
em terrenos coesivos pode ser necessária a utilização de soluções combinadas, aplicando, por
exemplo, a cravação por percussão em determinados trechos.

Apesar dos menores ruídos que a instalação a percussão, os martelos vibratórios podem
produzir maiores vibrações.

Os dois principais tipos de martelo vibratório são o suspenso por guindaste (Figura 2.7-a) e o
acoplado a uma escavadora (Figura 2.7-b). Durante a cravação, o suporte destes martelos
oferece um acréscimo de peso que favorece a penetração da estaca no solo (Ferreira, 2018 apud
Ferreira, 2015).

20
Figura 2.7 – Martelos vibratórios: (a) suspenso por guindaste; (b) acoplado a escavadora.
(Ferreira, 2018).

Para execução deste tipo de solução, assim como no método percussivo, é necessária a limpeza
e regularização de toda a região de implantação para acesso e instalação dos equipamentos de
cravação.

Os métodos dinâmicos tradicionais para instalação de estacas (por percussão e por martelo-
vibratório), podem gerar ruídos e vibrações excessivas, restringindo a sua construção muito
próximo às residências, aos equipamentos urbanos e ao próprio barramento cujo volume deverá
ser contido em caso de ruptura. Neste contexto, o método de prensagem (Press in) para
instalação de estacas, apresenta vantagens executivas, frente às demais alternativas.

2.3.3 Métodos de instalação Press in

O método Press in consiste na utilização de macacos hidráulicos acoplados no equipamento de


instalação das estacas que pressionam as estacas contra o solo. Ao realizar a comparação com
as outras técnicas de cravação empregadas, o press in se sobressai por sua rápida execução e
baixos ruídos e vibrações, essa técnica também determina a capacidade de carga das estacas,
uma vez que esta cravação se assemelha às provas de carga estáticas (Tehrani et al., 2016).

A instalação por prensagem utiliza a carga estática para sua execução. Sua concepção baseia-
se no emprego da resistência à tração de estacas previamente instaladas no terreno para
obtenção da força de reação para pressionar, com carga estática, as novas estacas que serão

21
cravadas no terreno, conforme apresentado na Figura 2.8. Segundo o manual do IPA (2019) a
operação de prensagem de estacas tubulares metálicas pode ser realizada com diâmetros de 500
à 2.500 mm. O processo executivo do método Press in será detalhado em um tópico específico
ao longo do trabalho.

Figura 2.8 – Princípio do método de instalação Press in. (Modificado de Giken, 2020).

Segundo o manual desenvolvido pela IPA (IPA, 2019), o método foi desenvolvido no Japão.
Destacando entre as vantagens de sua aplicação:

• minimização dos impactos ambientais uma vez que provoca baixos níveis de ruídos e
vibrações do solo;

• pequena área necessária para instalação de canteiro de obras, sem necessidade de estruturas
temporárias como escoras;

• construção seguras e de alta precisão;

• versátil sendo possível sua instalação em diferentes tipos de litologias, podendo ser
instalada até mesmo em estruturas resistentes;

• aplicável a uma variedade de tipos de estacas como estacas pranchas e estacas tubulares;

22
• método de construção de alta precisão;

• possibilidade de coletar automaticamente dados durante a cravação como variação da


resistência à penetração em função da profundidade, durante a operação de instalação.

2.3.4 Análise comparativa entre os métodos

Neste item será apresentada uma análise comparativa dos diferentes métodos de instalação
aplicáveis à estacas-prancha. O estudo comparativo de vibrações e ruídos foi realizado por
pesquisadores do Departamento de Engenharia da Universidade de Cambridge. Nele são
apresentadas medições de campo, de ruído e vibrações do solo durante a instalação de estacas
pelo método de prensagem em dois locais de trabalho distintos. As medições são apresentadas
e comparadas com outras técnicas de instalação de estacas inclusive analisando-as aos limites
recomendados na Europa à época de realização do estudo. As medidas apresentadas no estudo
foram realizadas com ajuda de geofones e sismógrafos. As vibrações foram avaliadas pelo
parâmetro velocidade pico de partículas (PPV), não sendo considerada a frequência da emissão.

Conforme White at al. (2002), historicamente, a poluição sonora e vibração criadas pelos
métodos convencionais de cravação de estacas têm impedido que as vantagens das estacas de
aço fossem amplamente exploradas. No entanto, os autores mencionaram a prensagem como
uma nova técnica para a instalação de grandes estacas de aço tubular, sem ruído e vibração.

• Comparação dos níveis de vibrações

Em comparação com as vibrações induzidas pelos dois métodos (percussivo e vibratório),


conforme verificado pelo gráfico da Figura 2.9 as velocidades de vibração de partículas geradas
pelo método de Press in são inferiores às geradas pelos demais métodos avaliados. Portanto, a
metodologia de prensagem viabiliza a implantação das estacas próximas às barragens em risco
e residências, gerando o menor nível de vibração, visando a garantia da integridade das
estruturas e moradias existentes no entorno das obras.

No Brasil é possível utilizar como referência a Norma ABNT NBR 9.653 de 2018, que
apresenta um guia para avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações
em áreas urbanas. Estabelecendo limites de vibração, como objetivo de controle executivo. Sua

23
concepção se deu através de dados experimentais, não sendo considerados os diferentes tipos
de edificações. Ela leva em conta a velocidade de partícula e a frequência associada à onda de
choque como um parâmetro deflagrador de danos. Simplificadamente, sem considerar as
variações de frequência, a norma estabelece o limite de 15mm/s. Verifica-se que o método de
prensagem, se mantêm muito abaixo deste valor, mesmo considerando distâncias muito
reduzidas da obra e dos pontos de medição das vibrações (Figura 2.9).

Figura 2.9 – Velocidades de vibração de partículas gerados pelos diferentes métodos para
cravação de estacas. (Modificado de White at al., 2002).

Especificamente para as obras próximas à barragens que se enquadram nos critérios para serem
descaracterizadas, é importante o acompanhamento sistemático das vibrações geradas durante
as atividades de implantação das estruturas de contenção com o uso de geofones e/ou
sismógrafos.

Os níveis de vibrações admitidos para cada obra, devem ser definidos em função das
características do terreno de fundação e das condições da barragem alvo de descaracterização.
Conforme Brito ( 2014), o tipo de solo altera as condições de propagação da energia vibratória.
Solos argilosos e coesivos possibilitam maior amortecimento da energia vibratória, ao contrário
dos solos arenosos. Portanto, cada estrutura pode apresentar limites de vibrações admissíveis
diferentes.

24
• Comparação dos níveis de ruídos

Com relação aos ruídos emitidos, o gráfico da Figura 2.10, indica os níveis de ruídos emitidos
pelos diferentes métodos de instalação de estacas. Na análise do gráfico é possível observar que
o método por prensagem apresenta os menores níveis de ruído em comparação com os demais.

No gráfico também se observa, que os ruídos gerados pela operação por prensagem, apresentam
valores inferiores aos tipicamente adotados para áreas rurais de 70 db, conforme padrão
Britânico de controle de vibrações na construção apresentado pela norma BS5228 (British,
1992).

Figura 2.10 – Gráfico comparativo dos níveis de ruídos induzidos pela utilização de diferentes
métodos para cravação de estacas (Modificado de White et al., 2002).

Na resolução do Conama 01 de 08 de março de 1990, é definido que são prejudiciais à saúde e


ao sossego público, os ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma
ABNT NBR 10.151:2000 (ABNT, 2000). A referida normativa apresenta a Tabela 2.1, que
especifica os níveis de ruídos em função dos tipos de área, e períodos do dia. O período noturno
deve começar depois das 22h e não deve terminar antes das 7h do dia seguinte, com este período

25
especificando limites aceitáveis menores. Se o dia seguinte for Domingo ou feriado o término
do período noturno não deve ser antes das 9h.

Tabela 2.1 – Nível de critério de avaliação NCA para ambientes externos, em dB (NBR
10.151/2000).
Tipos de áreas Diurno Noturno
Área de sítios e fazendas 40 35
Área estritamente residencial urbana ou de hospitais ou de escolas 50 45
Área mista, predominantemente residência 55 50
Área mista, com vocação comercial e administrativa 60 55
Área mista, com vocação recreacional 65 55
Área predominantemente industrial 70 60

Verifica-se pela análise da Figura 2.10 e dos limites apresentados pela Tabela 2.1, que os níveis
de ruído provocado pelo press in são inferiores aos induzido pelos demais métodos. Os níveis
gerados pela tecnologia press in nas obras sejam executadas em distâncias acima de 2 metros,
não excedem os limites estabelecidos para áreas industriais no período diurno. Em instalações
que distem mais de 50 metros, os ruídos produzidos equivalem aos definidos para área de sítios
e fazendas durante o dia.

• Outras comparações

Na avaliação dos prazos de execução, Rausche (2002) descreve que o tempo de cravação de
estacas por vibração é cerca de 10% do necessário na cravação de estacas por impacto. Apesar
de ser verificado que o tempo de cravação pelo método de prensagem pode ser menor, a
otimização no tempo da obra, pode estar relacionada ao fato de que a cravação não precisa de
possuir acesso do guindaste por todo o comprimento da linha de estacas (se for considerada a
utilização do sistema GRB, que será detalhado no item 2.4).

Com relação aos custos dos equipamentos de cravação por prensagem no Brasil, o maior custo
pode estar relacionado à aquisição de equipamentos para a instalação, pois atualmente, os

26
equipamentos e a tecnologia são importados. Para os demais métodos de instalação o mercado
nacional dispõe de algumas empresas que realizam esse tipo de serviço.

2.4 SISTEMA GRB

Com o objetivo de otimizar a implantação das estacas e minimizar a necessidade de


intervenções como acessos para implantação das mesmas, foi desenvolvido pela empresa Giken
o sistema chamado de GRB System. Segundo Giken (2015), o sistema GRB foi desenvolvido
para que todos os processos de cravação da estaca, sejam realizados do topo das próprias
estacas. Nesse sistema, os procedimentos de cravação, o transporte das estacas até o guindaste,
o erguimento e a atividade de prensagem são executados do topo das estacas previamente
instaladas. É necessária apenas a preparação de um local de acesso para início da cravação.

Plataformas de trabalho temporárias ou estradas de desvio não são necessárias, mesmo em


condições de solo instáveis. Sua aplicação é indicada em locais de acesso restrito, na água, em
declives e em outras condições de local desfavoráveis. Deve-se considerar que a faixa de
influência de trabalho é limitada, ao longo da cortina, pela largura dos equipamentos.

Conforme verificado pela Figura 2.11, todo o sistema se posiciona sobre as estacas já cravadas,
incluído a unidade de energia.

Figura 2.11 – Equipamentos que compõe o sistema GRB (Modificado de Giken, 2015).

27
A partir de um local de acesso inicial, no qual foram cravadas as primeiras estacas, é feito o
carregamento dos tubos no transportador já posicionado na plataforma, por onde os tubos são
conduzidos até a proximidade do equipamento de cravação. Com o auxílio do guindaste os
tubos são erguidos e posicionado para serem cravados. Essa operação se repete até que toda a
contenção seja concluída, conforme ilustrado na Figura 2.11.

2.5 DETALHES PARA INSTALAÇÃO DE ESTACAS PELO MÉTODO PRESS IN

Neste item serão apresentados detalhes importantes para execução das obras de implantação
das estacas metálicas, que devem ser considerados para a implantação das estruturas,
principalmente se forem locadas próximas às estruturas em risco. Além disso, é importante
considerar as condições do terreno de fundação e avaliar se a metodologia Press in é capaz de
cravar as estacas até a profundidade requerida no projeto.

2.5.1 Análise do subsolo

Como todas as obras geotécnicas, o conhecimento do subsolo é fundamental para o


dimensionamento e até mesmo, para a definição do tipo de procedimento de cravação e quais
equipamentos auxiliares seriam necessários à execução da cravação.

Conforme IPA (2019), o conhecimento da geologia da fundação, assim como os valores de


NSPT (Índice de Resistência à Penetração do Solo), os resultados de análises de compressão
uniaxial da rocha, a granulometria do solo, o nível de água e os contatos geológicos são fatores
que afetam a construção, além de serem essenciais para validar a utilização do método de
prensagem.

O solo mais adequado para adoção de prensagem seria composto por uma camada uniforme com
resistência baixa a média. Em camadas compactadas de material arenoso ou areia/cascalho com um
valor de NSPT maior que 25, a instalação pelo método de prensagem necessitará de auxílio do
sistema de jato de água (IPA, 2019). O jato de água pode ser aplicado a materiais arenosos com
até 50 de NSPT. A Figura 2.12, apresenta uma imagem do sistema de jato implantado em uma
estaca.

28
Figura 2.12 – Sistema de jato de água ( IPA, 2019).

Para materiais arenosos com NSPT acima de 50 deve ser adotada a execução de pré-furo
(indicado na Figura 2.13) ou o sistema de pressão rotativa conhecido como Gyropress
(apresentado no item 2.5.2).

Figura 2.13 – Sequência de cravação com execução de pré-furo.

É importante destacar que os limites apresentados para definição da tecnologia são definidos
considerando a referência internacional de um tipo específico de solo. Para solos tropicais a
faixa de limites de NSPT admissível para cada sistema pode variar.

29
2.5.2 Sistema de pressão rotativa (Gyropress)

Dependendo das condições do terreno de fundação, o sistema de prensagem apenas utilizando


a força de reação das estacas, pode não ser suficiente para cravação das estaca. Para esses casos,
foi desenvolvido o sistema de pressão rotativa chamado de Gyropress, pelas empresas Nippon
Stelle & Sumitomo Metal e Giken Ltda (Hirata, 2016). Aplicando essa metodologia, é possível
a cravação de estacas tubulares metálicas com diâmetros entre 0,50m à 1,5m, sendo necessárias
diferentes perfuratrizes para cada diâmetro. Essa metodologia foi desenvolvida inicialmente
para reforço ou melhoria de fundações, para construção contenção de margens de rios, e
estruturas de contenção em estradas e outras infraestruturas urbanas, muitas das quais estão
envelhecendo, especialmente em áreas urbanas, e exigindo reformas ou reconstrução. O
trabalho de construção em áreas urbanas, muitas vezes deve ser conduzido sob muitas
restrições, como espaço limitado do local, interferência em estruturas existentes, e necessidade
de níveis baixos de ruído e vibração (Hirata, 2016).

Nesse contexto, o Gyropress possibilita a instalação das estacas mesmo em terrenos mais
resistentes, ou em casos que existam obstáculos tais como matacões ou estruturas de concreto.

Segundo Hirata (2016) o sistema consiste na instalação de estacas de tubos de aço girando e
pressionando-as contra o terreno de fundação com a utilização de uma perfuratriz semelhante à
utilizada no método press in, Figura 2.14. Na extremidade da estaca, contudo, são soldadas
brocas dotadas de elementos de corte além de um sistema para descarga de água, para o
resfriamento da ponteira e para facilitar a desagregação dos materiais escavados com objetivo
de reduzir o carregamento aplicado pela perfuratriz e o tempo de trabalho. A Figura 2.14(a)
apresenta o equipamento de cravação e na Figura conforme mostrado na Figura 2.14(b) é
possível visualizar os detalhes da broca e do sistema de jato de água. O método Gyropress,
portanto, associa a cravação por prensagem com o movimento de rotação da estaca que resulta
no corte do terreno por meio de uma ferramenta de corte (broca) soldada na ponta da estaca.

30
A

Figura 2.14 – a) Perfuratriz utilizada para a cravação de estacas no método Gyropress. b)


Detalhe da broca e sistema para descarga de água (Hirata, 2016).

De acordo com a resistência do material de fundação onde será cravada a estaca, são
especificadas a quantidade de elementos de cortes nas brocas. Quanto maior a resistência do
terreno a ser cravada a estaca, maior quantidade de elementos de corte deve possuir as brocas.

Ainda conforme Hirata (2016), dependendo das condições do terreno e do nível de água atrás
da parede de contenção, pode ser necessária a instalação de cantoneiras de aço que devem ser
pressionadas contra o solo nos espaçamentos entre os tubos (Figura 2.15), para que não ocorra
o escoamento de solo resultante de um possível fluxo de água.

No caso das estruturas de contenção, pensada para rejeitos, a implantação dos conectores é
necessária para impedir a passagem do rejeito. Para garantir a estanqueidade da estrutura, ainda
é indicada a realização da solda contínua destes conectores nas estacas.

31
Figura 2.15 – Sistema de conexão (cantoneiras) entre estacas (Hirata, 2016).

O próprio equipamento de gravação possui uma adaptação que permite a cravação dos
conectores (Figura 2.16).
.

Figura 2.16 – Detalhes da cravação dos conectores (Modificado de Giken, 2015).

2.5.3 Procedimentos iniciais de cravação

Para iniciar o processo de cravação, é necessário que seja instalada uma primeira sequência de
estacas-pranchas, independente dos perfis a serem utilizados nas contenções (estacas tubulares

32
ou outros tipos). Essas estacas iniciais têm a função de proporcionar a força de reação para que
os equipamentos consigam cravar as estacas subsequentes. Em obras convencionais as
primeiras estacas podem ser cravadas por metodologias tradicionais como percussão ou
vibração. Em obras próximas a barragens de rejeito, como o objetivo é a minimização das
vibrações e ruídos nas áreas de entorno, será apresentada uma alternativa com a utilização de
contrapesos.

A Figura 2.17 apresenta um modelo com a sequência inicial de cravação de estacas pelo método
de prensagem, utilizando para obtenção da força de reação a adoção de contrapesos que são
associados a um suporte preso à própria máquina. A profundidade de cravação das primeiras
estacas está associada à força de reação mobilizada pelo contrapeso. Com a cravação da
primeira estaca, o equipamento passa a utilizá-la em associação ao contrapeso para mobilização
da reação necessária à cravação das próximas estacas até que por meio destas seja possível a
mobilização completa da reação e, consequentemente, a retirada do contrapeso. A utilização de
contrapesos para cravação das estacas iniciais, é portanto, uma alternativa, substituta à
utilização de estacas iniciais cravadas pelos métodos tradicionais (percussão ou vibração).
Nessas condições garante-se a execução de toda a estrutura de contenção com minimização de
vibrações e ruídos, devendo ser os contrapesos dimensionas em função da força de reação
necessária à cravação das estacas.

Figura 2.17 – Procedimento inicial de cravação (Modificado de Giken, 2015).

33
2.5.4 Sequência de cravação das estacas pelo método press in

A máquina de cravação (perfuratriz) utiliza a cabeça das estacas de reação já cravadas como
apoio e para sua própria movimentação, deste modo, não há necessidade de construção de
aterros de acesso para sua movimentação. Fato que promove a redução de custos e tempo de
execução, além de melhoria de arranjo do canteiro de obras.

Figura 2.18 – Procedimento de instalação das estacas tubulares metálicas pelo método de
rotação e prensagem (Modificado de Hirata, 2016).

34
A Figura 2.18 apresenta o procedimento para deslocamento da perfuratriz sobre as estacas já
cravadas. A perfuratriz utiliza braçadeiras existentes em sua própria estrutura que são
empregadas para sua fixação e mobilização dos esforços de reação nas estacas já cravadas. A
cada nova estaca cravada a perfuratriz se movimenta com a utilização do mandril (sistema para
prensagem e rotação das estacas que serão cravadas), que possibilita o soerguimento da
perfuratriz e seu posicionamento em estacas adjacentes.

2.6 METODOLOGIAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE ESTRUTURAS DE


CONTENÇÃO EM BALANÇO – CORTINAS DE ESTACAS

O dimensionamento de qualquer estrutura de contenção se inicia com os cálculos relacionados


a sua estabilidade, para isso é necessária a estimativa das solicitações atuantes na estrutura e
estabelecimento das condições de segurança relacionadas aos estados-limites (firmados a partir
dos requisitos de desempenho da estrutura). Nesse contexto, após definição das pressões
atuantes, o dimensionamento de estruturas enterradas, tais como as cortinas de estacas,
prossegue com a definição da extensão do trecho enterrado denominado ficha. Este
dimensionamento é influenciado pelo tipo de solo a ser contido pela estrutura, condições de
drenagem e posição do nível d’água e existência de carregamentos externos. A estrutura é
dimensionada de maneira que, sua estabilidade seja garantida pelos esforços que atuam nela, e
seu dimensionamento estrutural é feito considerando-a semelhante a uma viga em balanço.

Existem diversas metodologias utilizadas para o dimensionamento da ficha das estacas que
serão adotadas em estruturas de cortinas. Entre os métodos de análise que podem ser utilizados
destacam-se os métodos analíticos (baseados em teorias de equilíbrio limite), métodos usando
a simulação de viga com apoio elástico (subgrade-reaction – modelo de molas de Winkler) e
métodos baseados em elementos finitos e diferenças finitas. Comparações entre análises feitas
por diferentes métodos e discussões sobre suas aplicações e diferenças podem ser encontradas
em Ciria (2003).

Diversas análises sobre o dimensionamento e desempenho de estruturas de contenção em


balanço, tais como Magalhães (2003), Pérez More (2003), Sá Quirino (2004), Massad (2005),
Medeiros (2005), Mota (2008), Mota (2018) registram a experiência brasileira sobre o assunto.

35
Neste estudo, além do método indicado pela IPA, descrito em detalhes em IPA (2019), será
apresentado um método analítico, que pode ser verificado em Marzionna (1998). O objetivo é
apresentar uma análise comparativa dos resultados obtidos por estes métodos.

2.6.1 Métodos analíticos

Dentre os métodos analíticos existentes, cita-se o Método de Bowles descrito em Bowles


(1995), o Método de Blum detalhado em Falconi et al (2019), destacam-se ainda os Métodos
do Momento de Projeto (MMP), de Resistência de Projeto (MRP), da Tensão Passiva Líquida
(MPPL) todos estes descritos em Budhu (2013). Estes métodos consistem, basicamente, na
determinação da condição de equilíbrio-limite de forças e momentos que atuam na estrutura e
se diferenciam entre si devido a algumas condições de contorno adotadas nas análises.

O Método de Blum, segundo Falconi et al. (2019), considera um ponto de rotação, R, localizado
abaixo do fundo da escavação (representativo da base do paramento da cortina) que é
imobilizado pelos empuxos de solo conforme ilustrado na Figura 2.19. Sendo a distribuição
dessas pressões ativas ou passivas, de acordo com o sentido de rotação da estrutura e as
condições de deslocamento adotadas, pode ser considerada, ou simplificada, em um formato
triangular em caso de solos homogêneos e isotrópicos. Trata-se de uma simplificação do
diagrama de pressões, pois esses diagramas não são lineares devido à movimentação da
estrutura e a existência de atrito na interface entre o paramento e as camadas de solo, conforme
aponta Falconi et al (2019) e Gerscovich, Danzinger e Saramago (2016).

Figura 2.19 – Diagrama resultante das pressões pelo Método de Blum (Mota, 2018).

36
O cálculo da ficha pelo método do equilíbrio limite, pode ser realizado pelo Método de Blum
descrito em Falconi (2019) e reproduzido em parte neste tópico. O cálculo da ficha mínima,
neste caso, consiste em executar o somatório dos momentos resultantes dos empuxos passivos,
(𝑀𝑝 = 𝑅𝑝 . 𝑦𝑝 ), subtraídos ao somatório dos momentos dos empuxos ativos, (𝑀𝑎 = 𝑅𝑎 . 𝑦𝑎 ),
calculados em relação ao pé da contenção, ponto R. Conforme verifica-se na Figura 2.19, à
esquerda do paramento (segmento de reta entre os pontos A e R), tem-se a mobilização de
empuxo ativo, Ra, e à direita haverá a mobilização de empuxo passivo, Rp. Assumindo-se,
nesse caso, a rotação do muro de modo que os empuxos sejam integralmente mobilizados
representando, nesse caso, o equilíbrio limite da estrutura para um comprimento mínimo de
ficha (dimensão Z). Os diagramas de tensões horizontais são obtidos para o empuxo de solo
(resultante do peso próprio, coesão), sobrecargas e demais ações que exerçam influência.

As equações de equilíbrio referentes ao somatório dos momentos relativos ao ponto “R” têm
como objetivo a determinação da dimensão de “Z”, comprimento mínimo da ficha (Figura
2.20).

Para o cálculo, ainda é considerada a existência de um contra empuxo chamado de “contra


passivo” ou “contra empuxo”, Fp (Figura 2.19), que garantirá o equilíbrio das forças
horizontais, sem influenciar no equilíbrio dos momentos, uma vez que atua no centro de rotação
R. Essa força seria a reação necessária para garantir o engastamento da base do paramento.

O valor obtido da ficha, dimensão Z, de acordo com Gerscovich, Danziger e Saramago (2016),
deve ser majorado em 15% para a consideração do efeito do empuxo contra passivo. Para
Falconi et al. (2019), no entanto, é recomendada a majoração em 20% do comprimento
compreendido entre o ponto de rotação, R, e o ponto de pressão nula, O, representados na Figura
2.19.

Ainda segundo Mota (2018), a parcela do momento relativo ao empuxo passivo deve sempre
ser minorada por um coeficiente de segurança, seguindo a mesma recomendação realizada no
método convencional. É usual a adoção do fator de segurança igual a 2, sendo assim o empuxo
passivo seria metade do empuxo ativo. A Equação 2.1 apresenta a relação entre o empuxo ativo
e passivo.

37
1 (2.1)
𝑅𝑎 . 𝑦𝑎 = . 𝑅𝑝 𝑦𝑝
2
O cálculo dos empuxos é realizado pela adoção da teoria clássica de Rankine (1857), detalhada
em Fernandes (2014). sendo o coeficiente de empuxo ativo estimado pela Equação 2.2,
enquanto o coeficiente para o empuxo passivo é apresentado pela Equação 2.3.

∅ (2.2)
𝐾𝑎 = 𝑡𝑔² (45° − )
2
∅ (2.3)
𝐾𝑝 = 𝑡𝑔² (45° + )
2

2.6.2 Metodologia IPA para dimensionamento da estaca tubular

Para o entendimento do processo construtivo e da metodologia de dimensionamento das estacas


utilizando o método press in, foi desenvolvido pela IPA (2019) o manual Press-in retaining
structures: a handbook. Conforme descrito no manual, ele está baseado nos quarenta anos de
experiência japonesa em projetos utilizando essa metodologia. Adicionalmente, inclui também,
exemplos de aplicação dessas estruturas em várias partes do mundo, incluindo Reino Unido,
EUA, México, Cingapura, Siri Lanka, Canadá, França, bem como o Japão. Essa metodologia
de estimativa de comprimento de embutimento da estaca, se baseia em uma consideração de
rigidez elástica de mola do solo em relação a um carregamento lateral desenvolvido na
estrutura.

O manual apresenta um método específico para a estimativa da profundidade de embutimento


(ficha) das estacas. Essa metodologia será apresentada e discutida a seguir. Trata-se de um
método baseado na simulação de viga com apoio elástico (subgrade-reaction – modelo de
molas de Winkler) em que o solo é substituído por molas independentes entre si.

Segundo IPA (2019), primeiramente é necessária a obtenção do coeficiente de reação horizontal


inicial da estaca pelo solo, segundo a Equação 2.4. A referida equação também é apresentada
em Yoshida e Adachi (1970).

1 (2.4)
𝑘𝐻𝑂 = 𝛼𝐸
𝐵𝑟𝑒𝑓

38
Sendo: kHO - coeficiente de reação horizontal inicial da estaca (kN/m³); Bref - comprimento da
placa de ensaio de coeficiente de empuxo horizontal realizados no Japão (usualmente adotado
o valor 0,3 m); α - coeficiente de correção do valor do módulo de elasticidade de acordo com o
ensaio (apresentado em detalhes na Tabela 2.2); E - módulo de elasticidade do solo (kN/m2).

O coeficiente de reação representa a reação do solo ao carregamento e é dependente da natureza


do solo, do nível do carregamento, e tipo de solicitação (cíclica ou estática), e da forma e
dimensões da estaca, como será identificado na sequência deste capítulo.

Verifica-se através da tabela que o valor do coeficiente de correção do módulo de elasticidade


é dependente das condições de carregamento (estático ou cíclicos, identificados pelas colunas
como condições normais e condições com terremoto), e de acordo com as formas de obtenção
do módulo de elasticidade, E. Sendo proposta até uma equação para obtenção do módulo a
partir do índice NSPT, ressalta-se a necessidade de avaliação de equações empíricas para
questões relacionadas à regionalidade e validade destas para os solos que deverão ser analisados
em estudos futuros. Como a incidência de atividades sísmicas no Brasil é muito baixa podem
ser adotados valores indicados na coluna de condições normais.

Tabela 2.2 – Valores referência para o módulo de elasticidade E α (IPA,2016).

Módulo de elasticidade E pelos seguintes procedimentos de Valor de α

teste (kN/m2) Condições Com


Normais terremoto
(1) Metade do módulo elasticidade obtido das curvas de histerese
do teste de carregamento da placa usando um disco rígido com 1 2
diâmetro de 0,3 m

(2) Módulo de elasticidade medido no furo 4 8


(3) Módulo de elasticidade obtido a partir de testes de
4 8
compressão uniaxial ou triaxial em amostras
(4) Módulo de elasticidade pode ser obtido como 2.800 x N
(kN/m2)4 onde N é o valor de NSPT. 1 2

4
Ressalta-se a necessidade de avaliação de equações empíricas para questões relacionadas à regionalidade e
validade destas para os solos que serão analisados em estudos futuros.

39
Cabe ressaltar que futuros trabalhos práticos desenvolvidos em território nacional necessitam
de adaptações deste método às condições de ensaios executados no Brasil (como é o caso do
ensaio de placa citado na equação 2.4) e para as características dos solos tropicais. Neste
contexto, são necessários maiores estudos sobre os métodos aqui descritos.

É apresentada como referência uma equação geral para cálculo do coeficiente de reação
horizontal (kH). A referida equação (Equação 2.5) também pode ser verificada na pesquisa de
Okahara e Takagi (1990).

−3/4 (2.5)
𝐵𝐻
𝑘𝐻 = 𝑘𝐻𝑂 ( )
𝐵𝑟𝑒𝑓

Onde: KH - coeficiente de reação horizontal do subsolo correspondente a aplicação de um


carregamento exercido por placa com diâmetro igual a Bref (kN/m³); Bref diâmetro da placa de
referência utilizada no ensaio de placa (usualmente igual a 0,3m); BH largura de carregamento
equivalente (compreendido como 10 m pela metodologia da IPA).

Na sequência, deve ser aplicada a Equação 2.6 (cálculo do momento de inércia, considerando
1mm de corrosão na face externa e 1 mm na porção interna da estaca).

𝜋 (𝑅𝑒𝑥𝑡 4 − 𝑅𝑖𝑛𝑡 4 )
𝐼𝑖 = (2.6)
4

Sendo: I - momento de inércia da estaca tubular metálica por comprimento da parede (m4); Rext
- raio externo da estaca (m); Rint - raio interno da estaca (m).

O coeficiente β é calculado, portanto, pela aplicação da Equação 2.7.

4 𝑘𝐻 𝐵
𝛽= √ (2.7)
4𝐸𝐼

Sendo: 𝛽 - valor característico das estacas (m-1); B - diâmetro da estaca tubular (m); E – módulo
de elasticidade do solo (kN/m²).

40
A referida equação pode também ser encontrada em Hetenyi (1946). Destaca-se que o autor
propôs, a mesma equação para o cálculo do parâmetro rigidez relativa (λ). Sendo aplicável
quando se tem um carregamento horizontal H atuando em uma estaca de topo livre em um solo
que possua K constante com a profundidade. Ainda é necessário para aplicação da metodologia
que a viga apresente comprimento de estaca de comprimento semi-infinito sendo o λ > 4
(Velloso e Lopes, 2010).

No documento de dimensionamento do IPA não é apresentada restrições no uso da equação 2.7


para solos em que a estaca estará atuando em um solo com K variando linearmente com a
profundidade. A equação de Chang descrita no manual, define como comprimento semi-infinito
da estaca caso o comprimento de embutimento da estaca seja maior que 3/ e caso no caso do
embutimento ser menor, entende-se que não há o engastamento da ponta da estaca.

O comprimento de embutimento, L0, é dado em metros (m), sendo adotados diferentes valores
para estruturas permanentes (Equação 2.8) e para estruturas provisórias (2.9).

3
𝐿𝑜 ≥ (2.8)
𝛽

2,5
𝐿𝑜 ≥ (2.9)
𝛽

Entende-se como estruturas provisórias aquelas que possuem um tempo determinado para sua
remoção como é o caso da estrutura proposta para as condições de contenções temporárias
aplicadas no processo de descaracterização de barragens. No caso da modelagem desenvolvida
por este trabalho. Ela será implantada apenas para suportar um rompimento hipotético da
barragem a montante até que a mesma seja descaracterizada. Por tanto, é possível assumir a
Equação 2.9.

Segundo IPA (2019) o modelo proposto é baseado no método de Chang (Figura 2.20), que
considera que a estrutura de apoio se encontra em uma base elástica. Trata-se de uma
metodologia de interação, ou seja, se baseia no desempenho da estrutura. Por isso, limitar o
deslocamento máximo permitido para estaca, é um dos critérios definidos.

41
Figura 2.20 – Modelo de cálculo utilizado no procedimento simplificado (Método de Chang).
IPA (2019).

A força de reação elástica do solo, p, é expressa pela Equação 2.10.

𝑝 = 𝐾𝐻 × 𝑦 (2.10)

Sendo: p - força de reação do solo da porção embutida (kN/m2); KH - coeficiente de força de


reação lateral apresentado pela Equação 2.4 (kN/m3); y - deslocamento lateral da porção
embutida de estacas tubulares de aço (m)

A tensão induzida nas estacas é, portanto, calculada pela Equação 2.11 e a Equação 2.12
apresenta o momento máximo aplicado no paramento.

|𝑀𝑀𝐴𝑋 | (2.11)
𝜎𝑀𝐴𝑋 =
𝑍

𝑃 1 (2.12)
𝑀𝑀𝐴𝑋 = √(1 + 2𝛽ℎ0 )² + 1 exp (−𝑡𝑎𝑛−1 )
2𝛽 1 + 2 𝛽 ℎ0

Sendo: σMAX - tensão na parede da estaca (kN/m²);| MMAX | momento de inércia máximo
induzido nas paredes da estaca (kNm); Z módulo de resistência à flexão da seção transversal da
estaca/comprimento da parede por largura unitária; P – resultante da força lateral por unidade

42
de largura (kN); h0 - altura da superfície do terreno ao local de aplicação da força; 𝛽 - valor
característico das estacas (m-1). Parâmetros geométricos são apresentados na Figura 2.21.

Figura 2.21 – Pressão do solo e pressão da água agindo sobre uma estaca. IPA (2019).

No procedimento simplificado, segundo IPA (2019), as distribuições do deslocamento e do momento


de inércia na estaca devem ser calculadas considerando uma redução de espessura da estaca devido
à corrosão. É indicada a redução de 1mm na superfície externa das estacas, contudo, o valor
adotado para corrosão pode variar de acordo o ambiente em que ela está implantada. Ambientes
propensos à corrosão devem ser investigados e avaliados.

Além disso, o deslocamento lateral, 𝛿, e o momento de inércia das estacas, I, são calculados,
assumindo que as estacas possuem comprimento elevado. Conforme equações 2.13, 2.14, 2.15 e
2,16.

𝛿 = 𝛿1 + 𝛿2 + 𝛿3 (2.13)

(1 + 𝛽 ℎ0) (2.14)
𝛿1 = 𝑃
2𝐸 𝐼 𝛽 3

(1 + 2 𝛽 ℎ0 ) (2.15)
𝛿2 = 𝑃𝐻
2𝐸 𝐼 𝛽 2

43
𝐻3 (2.16)
𝛿3 = (3 − 𝛼)𝛼 2 𝑃
6𝐸𝐼

Sendo: δ deslocamento no topo da estaca; δ1 - deslocamento na superfície do terreno; δ2 -


deslocamento devido a deflexão da estaca na superfície do terreno; δ3 - deslocamento da parede
acima da superfície do terreno; 𝛽 - valor característico das estacas (m-1); h0 altura da superfície
do solo até o local de aplicação da força resultante (m); P - força resultante da pressão lateral
por unidade de largura (kN); E - módulo de Young da parede da estaca; I - momento de inércia
da estaca (m4); H - altura da parede da estaca (m); α razão da altura de atuação da atuação da
pressão pela altura da parede (h0/H).

2.7 METODOLOGIAS PARA CÁLCULO DOS ESFORÇOS DE IMPACTO DEVIDO À


MOBILIZAÇÃO DO REJEITO

Para o cálculo dos esforços de impacto na estrutura de contenção a ser dimensionada, será feito
um estudo dos resultados obtidos por meio de método numérico computacional e equação de
modelo hidráulico hidrodinâmico, que poderia ser utilizada em estudos de dimensionamento
preliminares.

Para a verificação por meio de modelos de equações simplificadas, a mobilização do rejeito no


caso de rupturas de barragens será estudada seguindo os conceitos já consagrados de detritos
(Debris flow).

Segundo Massad et al. (1998) os movimentos definidos como fluxos diferenciam-se dos demais
movimentos de massa devido a características peculiares tais como: velocidade elevada, alta
capacidade de erosão e destruição e transporte de “detritos” a grandes distâncias em períodos
muito curtos.

Ainda para Polanco (2010) fluxo de detritos pode ser definido como o fluxo de uma mistura de
sedimentos e de água que simula um fluido contínuo conduzido por gravidade e que alcança
grande mobilidade, arrastando árvores, rochas, detritos, solo, lama, e outros materiais presentes
ao longo de sua trajetória.

44
Basicamente os modelos hidráulicos para força de impacto de detritos podem ser divididos em
hidrostáticos e hidrodinâmicos. Os modelos hidrodinâmicos utilizam equações que se
diferenciam por relacionar a força de impacto a fatores como profundidade do fluxo e
velocidade.

Verifica-se que a maioria das equações dos modelos hidráulicos consagrados, utiliza um fator
empírico que possui um intervalo de variação, que pode representar uma significativa oscilação
do valor da pressão calculada. Para a verificação dos fatores que influenciam a determinação
deste fator empírico, serão realizadas verificações a partir das simulações computacionais.

2.7.1 Modelos hidráulicas hidrodinâmicos

Segundo Sacoto (2017) as equações adotadas para a definição das forças de impacto se baseiam
em uma análise estatística de dados obtidos dos fluxos de detritos já ocorridos e/ou de ensaios
em laboratório e campo, além das simulações numéricas. Diversos modelos hidrodinâmicos de
determinação de pressão de impacto de fluxos de detrito podem ser representados pela
expressão genérica (Equação 2.17).

𝑃𝑚𝑎𝑥 = 𝛼 . 𝜌𝑀𝑢 . 𝑣 2 (2.17)

Sendo: Pmax – Pressão máxima de impacto; α – fator empírico; ρMu – massa específica do material
mobilizado (kg/m³); v² - velocidade do fluxo no momento do impacto (m/s);

Conforme destacado por Sacoto (2017) vários autores, dentre eles Watanabe & Ikeya (1981),
Zhang (1993), Mizuyama (1979), Wendeler et al. (2007), Du et al. (1986) e Hentnion et
al.(2011), concordam com a expressão genérica proposta (Equação 2.17), diferenciando-se
unicamente pelo valor do fator empírico (𝛼) e para alguns autores deve-se levar em conta o
ângulo da força de impacto do detrito.

Quanto ao fator empírico, este pode representar as diferenças do regime de fluxo, ângulo da
força de impacto, as composições granulares de cada fluxo e a densidade da lama. Diante dos
diversos fatores empíricos propostos por cada método foi sugerido por Sacoto (2017d) a
utilização de um fator de impacto entre 2 e 3, conforme proposto nos estudos de Geotechnical
Engineering Office de Hong Kong e comprovado com os resultados dos ensaios de fluxos de

45
detritos realizadas em campo, Veltheim e Pieve di Alpago, e também subsidiado pelas análises
de resultados de pressão de impacto estimada para fluxos de detritos e para queda de bloco.

Outro modelo hidrodinâmico é apresentado na nota técnica número 905 do Instituto Nacional
de Política Fundiária, Infraestrutura e Tecnologia, Ministério da Terra, Infraestrutura,
Transporte e turismo do Japão (SABO, 2016) que propõem para estimativa da força do fluxo
de detritos, a utilização da velocidade, peso específico e profundidade do fluxo. A Equação 2.18
é apresentada na nota técnica citada.

𝛾 (2.18)
𝐹𝑚𝑎𝑥 = 𝛼 . . ℎ . 𝑣 2
𝑔

Sendo: Fmax – força hidrodinâmica do fluxo de detritos por unidade de largura (kN/m); α – fator
empírico; 𝛾 – peso específico do material mobilizado (kN/m³); g – gravidade (9,8m/s²); h -
altura do fluxo (m); v² - velocidade do fluxo no momento do impacto (m/s);

SABO (2016) define na nota técnica 905, a adoção do fator empírico de 1, não sendo verificado
no documento a justificativa para tal valor.

Contudo, equação semelhante, é indicada por Daido (1993), neste trabalho a formulação admite
um fator empírico que pode variar de 5,0 a 12,0 para cálculo da força de impacto por unidade
de largura da estrutura.

2.7.2 Método numérico computacional tridimensional

O cálculo das pressões de impacto por modelos numéricos por ser feito utilizando modelagens
hidráulicas tridimensionais, Fluidodinâmica Computacional ou CFD (do inglês Computational
Fluid Dynamics), sendo utilizados programas específicos para a resolução das análises
propostas.

Muitos destes programas avaliam o comportamento do fluido através do Método dos Elementos
Finitos, por meio de equações de Navier-Stokes do princípio de conservação de energia
(igualando o trabalho externo com o trabalho desenvolvido por deformações internas aos
elementos).

46
Para a cálculo de problemas de fluidos contráteis ( características dos rejeitos mobilizados),
supõe-se que o fluido possuirá uma resistência de pico ínfima no início da modelagem (superada
no tempo inicial), e uma resistência residual extremamente baixa ou nula após a ruptura, assim
produzindo um cenário de Dam Break compatível com a premissa. Estes fluidos requerem
aplicação de uma tensão mínima, denominada tensão limite de escoamento, para que haja
alguma deformação cisalhante, ou seja, o material se comporta como sólido até que a tensão
mínima de escoamento seja excedida, iniciando assim o movimento (Machado, 2017).

Os modelos que representam comportamentos de escoamento tipicamente avaliados na


literatura para rejeitos são o modelo de Herschel-Bulkley (que considera os fluidos com taxa de
deformação de cisalhamento igual a zero após ruptura) e Bingham (para fluidos com taxa de
deformação dependente da viscosidade dinâmica após a ruptura).

Nos casos específicos das simulações de rupturas de barragens é adotado usualmente o modelo
de Bingham. Trata-se de um modelo um modelo mais simples e tradicional, a viscosidade tende
ao infinito, em baixas taxas, e decresce subitamente a partir do início do movimento do fluido
(TARCHA, 2014).

É possível verificar simulações de rupturas de barragens em estudos como Neto (2016),


Machado (2017), Antônio et al, 2019 e Almeida (2021).

Para as simulações de rupturas de barragens e obtenção das pressões de impacto, é necessário


que se conheça a caracterização geotécnica dos materiais, a reologia do rejeito a ser mobilizado,
além do modelo digital do terreno em que ocorrerá o evento com implantação da barreira de
proteção (no caso deste trabalho, o alinhamento da barreira em estacas metálicas), além de
demais informações necessárias para a análise hidráulica da ruptura do barramento (Dam
Break). Após a inserção de todos os dados junto à implantação da barreira no modelo do terreno,
é realizada a simulação hidrodinâmica da ruptura da barragem.

47
CAPÍTULO 3
3 METODOLOGIA DESENVOLVIDA PARA O DIMENSIONAMENTO DE
CORTINA DE ESTACAS METÁLICAS TUBULARES PARA CONTENÇÃO
DE REJEITOS

3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

3.1.1 Aspectos relacionados à escolha da posição da estrutura de proteção à jusante

O posicionamento do eixo da estrutura de proteção deve ser estudado com muita cautela. Sua
definição pode significar a otimização da estrutura, à medida que, influencia a magnitude das
pressões de impacto provenientes de uma onda de choque, as variações de altura que o rejeito
poderá atingir na contenção, condições geotécnicas do subsolo e topografia do local, a região
atingida e como consequência a minimização dos impactos ambientais e sociais das áreas de
entorno.

Uma discussão sobre a influência do local de instalação da contenção pode ser feita utilizando
uma simulação hidráulica do evento da ruptura da Barragem de Fundão, apresentada por
Almeida (2021). A Figura 3.1 apresenta uma imagem da simulação da mancha de inundação
provocada pela ruptura da Barragem de Fundão, em função das variações das vazões
verificadas. Foram posicionados na imagem três pontos que simulam possíveis localizações de
barreiras de proteção (Pontos 1, 2 e3).

O ponto 1 está situado mais próximo à barragem que colapsou ( cerca de 1 km). Nesse local
tem-se o menor dano à região de entorno, pois restringe-se o percurso da lama de rejeito bem
próximo à estrutura, contudo, observa-se a maior vazão do material mobilizado e
consequentemente a uma pressão de impacto elevada. Nessas condições seria necessária uma
estrutura muito robusta para suportar a elevada pressão de impacto gerada, contudo o impacto
social e ambiental seria o menor quando comparado com as demais posições. Outro aspecto a
ser considerado seria a influência da construção desta estrutura de proteção na estabilidade da
barragem, devido a sua proximidade.

48
No ponto 2 (cerca de 2 km do ponto 1), é possível verificar que, as vazões estão menores e a
área da seção de escoamento aparentemente é menor, nessas condições a velocidade e,
consequentemente, as pressões de impacto seriam menores. Nessas condições seria possível
projetar uma contenção menos robusta em comparação ao ponto 1, mas a região atingida pela
lama de rejeito será maior.

Caso seja instalada a contenção apenas no ponto 3, seria necessária uma análise relacionada ao
impacto acumulativo da onda de cheia provocada pela ruptura de Fundão e o galgamento da
barragem de Santarém, neste contexto, sendo possível que a estrutura receba também um
elevado impacto associado ao carreamento de parte do volume da Barragem de Santarém e
mudança nas condições de escoamento do fluido. Observa-se uma vazão semelhante ao ponto
1, porém em uma seção de escoamento menor. É provável que uma barreira neste ponto precise
ser muito reforçada. Ao posicionar a contenção do ponto 3 (distante 1 km do ponto 2), o rejeito
teria percorrido cerca de 4 km a partir de seu ponto de ruptura.

Figura 3.1 – Vazão da mancha de inundação pelo Modelo HISTAV (modificado de Almeida,
2021).

49
A avaliação tem por objetivo apresentar apenas uma reflexão sobre a definição do
posicionamento da estrutura, sendo necessária para confirmação das hipóteses levantadas a
realização de simulações que embasem a definição do melhor posicionamento das barreiras de
proteção. É possível por essa análise simplificada, verificar como o posicionamento da
contenção influencia tanto no dimensionamento da estrutura, quanto nos impactos que podem
ser registrados pela ruptura.

Neste contexto, em uma situação real, para uma definição mais assertiva do melhor
posicionamento da barreira, seriam necessários estudos de Dam Break que simulem as
contenções nas diferentes posições propostas, para estimativas das dimensões da contenção
(altura e comprimento). Outro fator preponderante para definição da posição da contenção, além
dos estudos hidrológicos, são as condições da geológico-geotécnicas da fundação.

3.1.2 Controles necessários durante a obra

Mesmo utilizando a metodologia de prensagem, que minimiza a geração de vibrações e ruídos,


torna-se importante que durante a execução da obra seja realizado o controle das vibrações que
possam atingir as barragens em risco de ruptura. Esse controle é normalmente feito por
sismógrafos ou acelerômetros que devem ser posicionados próximos ao local de instalação da
estrutura de proteção e na região da barragem a montante.

Ainda, de acordo com as características da barragem a montante e do local a ser posicionada a


estrutura de contenção, torna-se importante a análise de possíveis variações nos registros de
instrumentações da barragem e verificar se este comportamento está relacionado à construção
da estrutura de proteção.

3.1.3 Dimensionamento geotécnico e bases para a modelagem numérica

Para o dimensionamento inicial da estrutura, serão utilizados como base os conceitos


apresentados pelo manual do IPA (2019), descritos no capítulo 2. Trata-se de um estudo
baseado em modelos analíticos, nesta etapa em que serão definidas as dimensões iniciais da
estrutura que devem ser verificadas em análises complementares por modelos de tensão-
deformação.

50
O comprimento da ficha, obtido por meio dos cálculos analíticos, são adotados como referência.

O verdadeiro comprimento de embutimento no terreno necessário para a estabilidade das


estacas, será definido pelos resultados das análises realizadas, principalmente pelos momentos
e deslocamentos verificados na estrutura.

No dimensionamento geotécnico da estrutura, será considerado um perfil geotécnico hipotético,


para a estimativa dos esforços permanentes (empuxos de terra) e definição de parâmetros que
serão utilizados nos estudos de tensão-deformação da estrutura. Considerando as condições de
contorno que serão descritas no próximo capítulo.

Para a estimativa dos esforços resultantes do potencial ruptura da barragem, será feita uma
simulação de ruptura em modelo simplificado utilizando o software FLOW-3D® da empresa
Flow Science. As informações fornecidas por estas simulações serão utilizadas para o
dimensionamento conceitual.

Após a definição preliminar do comprimento de embutimento (ficha) da estrutura, deverá ser


realizada a verificação de uma seção que corresponderá à representação da cortina de proteção,
frente às forças calculadas por meio da simulação da ruptura da barragem fictícia e da condição
final, considerando a elevação do rejeito após sua estabilização pós-ruptura.

Destaca-se que para esse estudo será realizada a avaliação de uma seção única, contudo, em
virtude de alguns fatores tais como variações do perfil estratigráfico e heterogeneidade do
terreno, do comportamento da onda de ruptura, da morfologia do terreno, dentre outros; deve-
se avaliar outras seções ao longo da estrutura de contenção. Neste contexto, a parede de estacas
pode apresentar diferentes comprimentos de fichas, ou a adoção de mais de uma linha de
estacas, conforme magnitudes das pressões de impacto verificadas.

Durante o dimensionamento pode ser verificado que uma parede com apenas uma linha de
estacas não seja suficiente para suportar as pressões de mobilização da onda de rejeitos,
podendo ser estudada a implantação de mais de uma linha de estacas, cujo espaçamento entre
elas deve ser preenchido com concreto ou enrocamento. No caso de pressões ainda mais
elevadas pode ser necessária a implantação de estroncas interligando as paredes ou a construção
de aterros adjacentes à estrutura.

51
Para aferição da segurança e análises de deformações da estrutura de contenção proposta, será
utilizado o software Phase da empresa Rocscience. O Phase é um programa de análise de
tensões e deformações, baseado no método de elementos finitos 2D que pode ser usado para
aplicações em rocha. O software apresentará as características das estacas após aplicação das
forças de impacto provocadas pela onda de choque resultante da ruptura da barragem simulada.
Os resultados das tensões, deslocamentos e o fator de segurança nas estacas serão verificados
de acordo com os estados limites definidos para o projeto.

Ainda serão realizadas análises dos fatores de segurança pelo método do equilíbrio limite, nas
quais, será utilizada a norma brasileira relacionada a barragens para disposição de rejeitos
devido à ausência de referências sobre esta estrutura, devem ser atendidos os fatores de
segurança indicados pela norma ABNT NBR 13.028:2017 (ABNT, 2017).

3.2 MÉTODO DE DIMENSIONAMENTO

O método do Press in tem como premissa o dimensionamento das estruturas de contenção


baseado no atendimento a requisitos de desempenho do estaqueamento. Cada estrutura deve
satisfazer aos requisitos de desempenho de acordo com o objetivo de cada projeto.

Conforme o manual Press-in retaining structures: a handbook (IPA, 2019), o atendimento aos
critérios de desempenho da estrutura tem como base o conceito de estado limite. O estado limite
é um estado limiar, além do qual as estruturas não podem mais satisfazer o desempenho
necessário para o qual foram projetadas.

As definições dos valores dos estados limites também são conceitos que devem ser discutidos,
uma vez que não existe no Brasil experiência neste tipo de estrutura, portanto serão utilizados
os estados limites baseados em referências e normas Japonesas. Essa opção se deve à
experiência da equipe do Japão em projetos similares desenvolvidos para contenção de
tsunamis.

Foi elaborado um fluxograma das etapas propostas para o dimensionamento da estrutura, sendo
utilizado como referência a metodologia apresentada no manual Press in (IPA, 2019). O
fluxograma apresentado na Figura 3.2 indica as etapas desenvolvidas para o dimensionamento

52
estrutura de contenção em estacas metálicas proposta.

53
Figura 3.2 – Conceito do fluxograma para dimensionamento das estacas para contenção de
rejeitos.

54
3.3 VALIDAÇÃO DOS OBJETIVOS DA ESTRUTURA DE CONTENÇÃO E LIMITES
ADMISSÍVEIS

A estrutura em questão será dimensionada com o objetivo de conter os rejeitos de uma


hipotética ruptura de uma barragem em processo de descaracterização situada a montante do
local de implantação da estrutura de proteção.

Considerando a tecnologia de implantação das estacas ser baseada em diretrizes Japonesas,


optou-se pela adoção de critérios de deslocamentos e momentos máximos usualmente adotados
em projetos de estruturas de proteção contra tsunamis no Japão. Contudo, reforça-se a
necessidade de definição de deformações admissíveis para cada projeto considerando suas
especificidades.

3.3.1 Deslocamento máximo admissível no topo da estaca

Um dos critérios a ser considerado como critério de estabilidade da estrutura, é a verificação de


deslocamentos máximos permissíveis para a o trecho livre da estaca (parcela da estaca situada
acima da superfície do terreno).

O critério em questão foi embasado nas diretrizes da Japan Road Association (2009) - Diretrizes
para construção de estruturas temporárias em obras geotécnicas de estradas. Essa diretriz da
norma de estradas, define que a deformação permitida no topo de estruturas de contenção deve
ser limitada à 3% da profundidade enterrada da contenção. Os limites adotados também são
condizentes com a Japan Society of Civil, 2009.

Os critérios adotados são:

• Deslocamentos no topo da estaca inferiores à 1%, não podendo ser superiores à 300 mm
para obras definitivas;

• Deslocamentos no topo das estacas inferiores à 3% no caso de estruturas provisórias.

O critério em questão foi embasado nas diretrizes da Japan Road Association (2009) - Diretrizes
para construção de estruturas temporárias em obras geotécnicas de estradas. Essa diretriz da

55
norma de estradas, define que a deformação permitida no topo de estruturas de contenção deve
ser limitada à 3% da profundidade enterrada da contenção. Os limites adotados também são
condizentes com a Japan Society of Civil, 2009.

3.3.2 Momento máximo admissível

No que se refere ao momento máximo admissível serão adotados os critérios do manual IPA
(2019) para definição deste critério. Considerando a utilização de estacas tubulares de 1,0 m de
diâmetro e 0,019 m de espessura de parede do tubo e espaçamento de 0,18 metros entre as
estacas e uma corrosão de 0,002 m do perfil metálico (a estimativa desta taxa de corrosão deve
ser condizente com as condições ambientais de instalação das estacas e intervalo de tempo de
serviço, além disso, devem seguir orientações que constam em manuais dos fabricantes destas
estacas). A tensão máxima admissível é dada pela Equação (3.1).

𝑀𝑚𝑎𝑥 = 𝜎𝑚𝑎𝑥 ∗ 𝑍 (3.1)

Sendo: 𝑀𝑚𝑎𝑥 o momento máximo que ocorre na estaca (kNm); 𝜎𝑚𝑎𝑥 a tensão admissível
(kN/m²) e Z módulo de resistência à flexão da seção transversal da estaca/comprimento da
parede por largura unitária (m³).

Importante ressaltar que a IPA (2019) recomenda que a 𝜎𝑚𝑎𝑥 seja menor que a tensão
admissível do aço, portanto optou-se pela adoção de um fator de segurança de 1,50 para
atendimento a este critério.

As Equações (3.2) e (3.3) apresentam os cálculos desenvolvidos para aferir o momento


resistente à flexão da área da seção transversal da estaca (Equação 3.2), sendo que há uma
correção para o momento resistente por comprimento da parede, dividindo o momento pelo
diâmetro das estacas tubulares somado ao espaçamento entre cada estaca (Equação 3.3).
Destaca-se que foi considerada a redução de 0,001 m interno e 0,001 m externo para considerar
uma possível corrosão das estacas.

𝜋 (𝑅𝑒𝑥𝑡 4 − 𝑅𝑖𝑛𝑡 4 ) 𝜋 (0,4994 − 0,4824 ) (3.2)


𝑍𝑖 = = = 0,0126𝑚3
4 ∗ 𝑅𝑒𝑥𝑡 4 ∗ 0,499

56
𝑍𝑖 0,0126 (3.3)
𝑍= = = 0,0107𝑚3
𝐷𝑒𝑥𝑡 + 𝑒 1,18

Como a tensão de escoamento do aço a ser adotado no projeto (ASTM A572 Grau 50) é de no
mínimo 345 MPa, a tensão admissível adotada será de 230MPa, devido à redução através do
fator de segurança de 1,50, chegando ao momento admissível com a aplicação da equação na
Equação (3.1). O fator de segurança adotado atende ao critério definido pela AISC-ASD através
da Specification for Structural Steel Buildings. A referida especificação define para seções
semi-compactas a utilização do fator de 0,66 que corresponderia à um FS de aproximadamente
1,50.

𝑀𝑚𝑎𝑥 = 230.000 𝑥 0,0107 = 2462,59 𝑘𝑁𝑚

3.4.1 Verificação de zonas de plastificação no solo de fundação

É realizada a verificação do comportamento do maciço frente às solicitações devido ao


impacto do rejeito na estrutura de contenção. O modelo constitutivo adotado será o Modelo
de Mohr-Coulomb e a simulação numérica foi feita pelo método de elementos finitos.

3.4.2 Fatores de segurança pelo método de Tensão-deformação

O método Shear Strength Reduction (SRF) consiste em uma análise de estabilidade por
tensão deformação pelo método de Elementos Finitos na qual é encontrado o fator de
segurança crítico, a partir da redução dos parâmetros de resistência do solo para o modelo,
sendo que o Método dos Elementos Finitos considera a interação solo-estaca (Resende,
2021). De acordo com o manual da Rocscience (2019), o método consiste em reduzir os
parâmetros de resistência de um solo por um fator (SRF) e calcular os esforços por elementos
finitos. Os parâmetros de resistência do solo são reduzidos sucessivamente até que a análise
converge para uma solução e o talude atinja a ruptura. O valor de SRF para o qual ocorreu a
ruptura será considerado o fator crítico de redução. Como não há limites especificados para
os fatores de segurança por SRF, será adotado o valor de FS = 1,5, semelhante aos
especificados para análises por equilíbrio limite.

57
3.4.3 Fatores de segurança da análise de equilíbrio limite

Como ao ser solicitada a estrutura de contenção irá se comportar como um barramento para o
rejeito, é importante verificar a segurança global da contenção, considerando a geomorfologia
de sua área de instalação. Para isso serão incluídas análises da estrutura pelo método equilíbrio
limite.

Os fatores de segurança mínimos a serem adotados para as referidas análises serão baseados na
norma ABNT NBR 13.028:2017 (ABNT, 2017) que define os requisitos e critérios para
elaboração de projetos de barragens para disposição de rejeitos, contenção de sedimentos e
reservação de água. Como a estrutura em questão, no caso de uma ruptura da barragem a
montante, será utilizada para contenção de rejeitos, serão adotados os mesmos critérios
preconizados pela NBR referência.

• Fatores de segurança mínimo para ruptura global maiores ou iguais a 1,3, considerando a
condição de aplicação das pressões provocadas pelo rejeito mobilizado na estrutura. Para
adoção deste fator de segurança, foi levado em consideração o caráter provisório desta
condição em que as pressões ocorrem em um período muito curto. Segundo a tabela 1
apresentada na ABNT NBR 13.028:2017 (ABNT, 2017), o fator de segurança a ser
considerado, foi enquadrado na fase de “final de construção” que admite o valor de 1,3
levando em conta uma condição momentânea.

• Fatores de segurança para ruptura global maiores ou iguais a 1,5, considerando a condição
final em que já ocorreu o impacto na contenção e o rejeito encontra-se estabilizado em sua
elevação final.

• Fatores de segurança para ruptura global maiores ou iguais a 1,1, considerando a condição
final em que já ocorreu o impacto na contenção e o rejeito encontra-se estabilizado em sua
elevação final considerando a ocorrência de solicitação sísmica (análise pseudoestática).

58
3.4.4 Verificações estruturais

Ainda é importante para avaliação da segurança da estrutura, a verificação dos esforços internos
atuantes nas estacas. Dependendo da magnitude das pressões de impacto, a estrutura pode
apresentar grandes deformações que tendem a alterar o momento de inércia e consequentemente
reduzir sua capacidade de suporte. As verificações estruturais são, portanto, uma etapa relevante
no dimensionamento das estacas metálicas, mas que não serão consideradas neste estudo.

59
CAPÍTULO 4
4 DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA HIPOTÉTICA DE CONTEÇÃO

4.1 DEFINIÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO PARA O DIMENSIONAMENTO


DA ESTRUTURA

Em um projeto real, essa etapa consistiria na definição do traçado em que a contenção seria
implantada e na verificação das condições da fundação da estrutura de contenção. A definição
locacional da contenção deverá levar em consideração, além das condições do subsolo de
fundação, a geomorfologia do terreno em que ocorrerá a ruptura. Busca-se locais em que o
rejeito mobilizado adquira menor energia para consequentemente induzir as menores pressões
na estrutura, também são consideradas locações que promovam o menor impacto na área a
jusante do barramento e os efeitos da construção da contenção no barramento.

Para melhor compreensão do subsolo onde será construída a estrutura de contenção, deve ser
realizada uma campanha de investigações geotécnicas contemplando ensaios de campo e
laboratório que auxiliarão na validação dos parâmetros geotécnicos da região de implantação
da contenção, definição do perfil estratigráfico do subsolo, identificação do nível de água. Para
definição das especificações do sistema de cravação necessário é importante a aferição dos
parâmetros de resistência.

Além disso, estudos adicionais para verificação do comportamento do rejeito mobilizado, como
ensaios de reologia, também são imprescindíveis para maior assertividade nos resultados das
simulações de fluxo do rejeito.

Para este estudo, foi proposto um perfil geotécnico de uma fundação fictícia, ilustrado na Figura
4.1. Os parâmetros geotécnicos para os materiais de fundação foram definidos a partir de
valores da literatura e estão apresentados na Tabela 4.1.

60
Tabela 4.1 – Parâmetros geotécnicos adotados
Peso específico Coesão Ângulo de
Material Cor E (kPa) υ
(kN/m3) (kPa) atrito (graus)
Solo 1 16 15 28 15000 0,4
Solo 2 17 10 25 20000 0,3
Saprólito 20 20 30 50000 0,4
Material rochoso 20 40 40 900000 0,3
Rejeito drenado 24 0 32 9000 0,3

Figura 4.1 – Seção empírica projetada.

4.2 OBTENÇÃO DAS PRESSÕES DE IMPACTO NA ESTRUTURA DE CONTENÇÃO

4.2.1 Simulação numérica computacional

Para obtenção das pressões de impacto para esse estudo, foi realizada uma simulação
simplificada no software FLOW-3D®, considerando a mobilização de um material que simula
um rejeito com 24 kN/m³ de peso específico que irá colidir contra uma barreira vertical. A
Figura 4.2 apresenta o modelo adotado na simulação.

61
Figura 4.2 – Figura da simulação para obtenção das pressões de impacto.

No modelo proposto para esse estudo foi simulado o fluxo de um material mobilizado, com
características semelhantes a um rejeito, que escoará por uma superfície plana até que colida
contra uma parede rígida. Nessa parede são definidos pontos no decorrer de sua altura (probes),
nos quais são obtidos os dados de velocidade, profundidade e pressões de impacto. É possível
verificar pela Figura 4.2, as variações de velocidade do fluido (em m/s), pela escala de cores.
Ainda é possível observar, os valores de variações das pressões do impacto no gráfico e o tempo
da simulação em segundos. Trata-se de uma simulação simplificada, que em um projeto real
deverá ser substituída por um estudo hidráulico da ruptura da barragem (dam break) e contar
com os parâmetros reológicos do rejeito disposto no barramento.

Com a simulação hidrodinâmica são obtidas as pressões de impacto na estrutura ao longo no


tempo. A Figura 4.3 apresenta o resultado da simulação com os dados das pressões de impacto
medidas nos probes nas diferentes elevações (destacadas em linhas com cores diferenciadas)
que identificam diferentes alturas na estrutura de contenção. As maiores pressões são
verificadas na base da estrutura de contenção e de maneira geral, elas ocorreram em intervalos
de tempo bem próximos, entre 4 e 5 segundos do início da ruptura.

62
Figura 4.3 – Pressões desenvolvidas em diferentes elevações na parede da estrutura.

A Figura 4. 4 apresenta a distribuição das pressões na estrutura de proteção, considerando o


maior valor registrado em cada elevação. O gráfico de distribuição das pressões por cota no
tempo, é importante para a verificação do comportamento das pressões em cada altura da
barreira. Através do gráfico da Figura 4. 4, verifica-se que os maiores valores de pressão são
registrados na base da estrutura (elevação 790 m), sendo que os valores são reduzidos à medida
que a elevação aumenta, chegando a pressões nulas próximas a elevação 799m. A partir dos
gráficos, são identificados diferentes picos de pressão, que sofrem reduções ao longo do tempo.
Estes picos são resultantes da dinâmica do alcance do fluxo de rejeitos que atingem a estrutura
(primeiro pico é visto na base da estrutura em aproximadamente 2 segundos e posteriormente
nos pontos mais elevados), além de rebojos ou turbilhões que alcançam a estrutura após o
primeiro impacto e justificam os picos subsequentes.

É crítico para o dimensionamento das estruturas, pressões de impacto elevadas nas maiores
cotas das estacas devido aos momentos máximos associados a estes esforços, contudo valores
altos de pressões na base também podem ser críticos para segurança da estrutura devido à
possibilidade de erosão da base da estrutura devido à onda de choque e indução de deformações
excessivas nesta região. Como não está evidente qual dos tempos de impacto representa a
pressão mais crítica, serão avaliadas no modelo as pressões verificadas nos tempos 3,90 s, 4,30
s e 4,57 s.

63
Figura 4. 4 – Pressões de maior relevância no tempo por altura para a seção.

Foi considerado, para fins de verificação, que após ocorrência da ruptura e mobilização do
rejeito, o mesmo se estabilizaria na elevação 795,00 m.

4.2.2 Avaliação das pressões de impacto obtidas pelo método computacional com a
equação clássica de cálculo de pressão de impacto

Conforme verificado na Equação 2.18 para estimativa do fluxo de detritos, usualmente adotado
para o dimensionamento conceitual da estrutura de contenção, o resultado analítico pode sofrer
grande variação em função do valor empírico adotado (𝛼). Apesar de ser recomendada a adoção
do valor igual a 1 para o fator empírico (SABO, 2016), como no Japão as contenções em estacas
são desenvolvidas para proteção contra Tsunamis, provavelmente, para o caso da mobilização
de rejeitos o valor mais assertivo de 𝛼 deve divergir da sugestão proposta.

Neste item serão apresentados os resultados de velocidade e profundidade obtidos na


modelagem apresentada no item 4.2.1 deste documento. Serão comparados os valores de
pressões de impacto obtidos com a aplicação da fórmula analítica (Equação 2.18), e os
resultados obtidos na simulação computacional realizada no software FLOW-3D®.

Os resultados apresentados na Figura 4.5 a seguir, representam as medidas de elevação


(variação da altura da estrutura de contenção) atingidas pelo fluxo de rejeitos quando atinge a
parede de contenção. Conforme análise, a maior elevação atingida durante a simulação foi de
8,07 m ocorrida no momento 3,33 segundos.

64
Figura 4.5 – Variação da profundidade em função do tempo.

A Figura 4.6 indica as variações das velocidades em função do tempo com que o rejeito atinge
a barreira nas diferentes elevações, nesta figura as velocidades positivas representam o sentido
de aproximação da onda de rejeitos da estrutura de contenção e as negativas representam o
afastamento da onda em relação à parede, resultado do rebojo da onda. A maior velocidade foi
verificada no ponto localizado na base da parede, que corresponde à cota 790,00 m. O maior
valor verificado foi de 1,33 m/s ocorrido no tempo 2,22 segundos.

Figura 4.6 – Velocidade em função do tempo.

65
Observa-se pela análise dos resultados, que o tempo em que o material mobilizado atinge a
altura máxima na parede, ocorre após a velocidade máxima e antes da ocorrência das pressões
críticas, resultantes da dinâmica de aproximação do fluxo de rejeitos do paramento da estrutura
e do choque desta onda no paramento. A Figura 4.7 apresenta a imagem da simulação
paralisada, no momento aproximado da ocorrência da maior profundidade de projeção do
rejeito contra a barreira.

Figura 4.7 – Figura da simulação numérica do momento aproximado de ocorrência da maior


profundidade.

Já a Figura 4.8 apresenta o momento aproximado de ocorrência da maior velocidade. Neste


caso a velocidade máxima ocorre em um tempo bem próximo à ocorrência do maior valor de
pressão de impacto, sendo a velocidade máxima ocorrida no tempo 2,22 s com valor de 1,33
m/s e a maior pressão de impacto verificada em 2,37 s.

66
Figura 4.8 – Figura da simulação numérica do momento aproximado de ocorrência da maior
velocidade.

Destaca-se que as maiores velocidades e a maior pressão de impacto são as situações mais
críticas para a estrutura de contenção. Sendo a combinação de pressões nas diferentes elevações
ocorridas no tempo 4,57 s a que gera maiores solicitações nas estacas.

Avaliando a aplicação da formulação analítica apresentada pela Equação 2.18, é preciso


destacar que a mesma propõe o cálculo da força do fluxo por largura. Para fins de avaliação
será considerado que a mesma possa ser aplicada à uma área unitária.

Na aplicação da fórmula, como tem-se um fator α que pode variar de 5 a 12, na situação em
questão, seria necessária a adoção de um valor α = 10 para convergência do ponto de velocidade
máxima, com os valores das maiores pressões de impacto obtidas direto pelo modelo. Destaca-
se, no entanto, que adotando o mesmo coeficiente para os valores máximos verificados nas
diferentes elevações, os resultados ainda seriam inferiores ao do modelo computacional. Na
Figura 4.9 é possível verificar as variações dos valores de pressões obtidos pelas duas
metodologias. A pressão crítica verificada no modelo numérico corresponde à verificada no
tempo 4,57 s e a pressão crítica analítica é a calculada com a adoção do α = 10 nas maiores
velocidades verificadas em cada elevação.

67
Figura 4.9 – Comparativo das pressões de impacto calculadas.

4.3 ESTIMATIVA DO COMPRIMENTO DE EMBUTIMENTO DA ESTRUTURA

Será realizado o cálculo do embutimento segundo a metodologia apresentada nas diretrizes da


IPA. Para conferência do valor calculado, será realizada a verificação pelo método clássico.

Esse estudo apresenta o dimensionamento considerando um comprimento de embutimento


único para a contenção, mas vale a pena destacar que em uma situação real é provável que
sejam verificados para as diferentes seções analisadas na estrutura comprimentos de fichas
divergentes.

4.3.1 Metodologia da IPA

Para esse estudo considerou-se as estacas tubulares de aço, com diâmetro externo de 1,0 m e
espessura de 0,019 m. Esses valores correspondem à menor espessura e diâmetro mínimo
necessário para o funcionamento da tecnologia de cravação proposta. Foi considerada ainda
uma parcela de corrosão de 1 mm na face externa e 1 mm na face interna dos tubos, conforme
indicação do manual da IPA. O comprimento de embutimento das estacas necessário para
garantir a estabilidade do sistema foi obtido por meio da utilização do manual desenvolvido
pela International Press-in Association (IPA, 2019).

68
Esse dimensionamento preliminar deve ser utilizado como estimativa do comprimento
necessário para obtenção da resposta de engastamento da extremidade embutida da estaca, não
sendo um critério de projeto. Caso seja comprovado o engastamento pela plataforma de
elementos finitos, com a obtenção de deslocamentos desprezíveis na extremidade inferior da
estaca, esse comprimento calculado pode ser otimizado.

Os cálculos do comprimento de embutimento para a estrutura de contenção estão indicados na


Tabela 4.2 e foram obtidos conforme aplicação da metodologia apresentada no item 2.6.2. Foi
adotado como referência para o cálculo do comprimento de embutimento da estaca, o módulo
de elasticidade do solo 2 que apresenta valor de E = 20000 kPa, onde estará a maior porção
enterrada da estaca.

Tabela 4.2 – Valores calculados para obtenção do comprimento de embutimento

𝑘𝐻𝑂 (kN/m³) 𝑘𝐻 (k N/m³) 𝐼𝑖 (m4) 𝛽 (m-1)


358974358,97 25876430,61 0,000534 0,28

Considerando que a contenção será uma estrutura de caráter provisório que deve ser removida
após descaracterização da barragem a montante, será adotada a Equação 2.9 para definição da
ficha. O embutimento calculado foi de 8,96 m (Equação 2.9), sendo adotado o valor de 9,00 m.

4.3.2 Verificação do dimensionamento do comprimento do embutimento pelo método


clássico

A verificação da metodologia descrita no manual do IPA para dimensionamento da contenção,


será comparada com o método clássico de dimensionamento de ficha. Neste cálculo será
considerado cenário pós ruptura e estabilização da camada de rejeito na estrutura de contenção,
conforme ilustra a Figura 4.10.

Conforme metodologia, para fins de cálculo, será considerada uma sobrecarga uniformemente
distribuída de 10 kN/m² que tem como objetivo simular o possível carregamento resultante de
tráfego de veículos para regularização ou retirada do rejeito contido ou futuras utilização deste
aterro resultante da ruptura da barragem. Contudo, torna-se necessário um refinamento dos

69
cenários que irão embasar as análises destas estruturas após possível ruptura e futura utilização
destas contenções.

Similar ao adotado para o dimensionamento pela metodologia do IPA, o solo utilizado como
referência para o cálculo do embutimento foi o solo 2. O modelo adotado para o cálculo é
apresentado na Figura 4.10.

Figura 4.10 – Modelo de cálculo para verificação do comprimento de embutimento.

Os coeficientes de empuxo ativo e passivo foram calculados conforme Equação 2.2 e Equação
2.3, considerando o cenário ao final da ruptura e, portanto, carregamentos estáticos. Sendo
obtidos os valores de Ka rejeito = 0,31, Ka solo 2 =0,41, ,Kp solo 2 = 2,46. Em um cenário de
carregamento dinâmico como é o caso da condição do choque do fluxo de rejeitos na estrutura
poderiam ser adotados coeficientes de empuxo sob condições sísmicas (pela Teoria de
Mononobe-Okabe, por exemplo) para avaliação da condição mais crítica de carregamento.

O diagrama das pressões calculadas e a indicação dos momentos aplicados na estrutura para o
cálculo do embutimento necessário está indicado na Figura 4.11.

70
Figura 4.11 – Diagrama das pressões e indicação dos momentos atuantes da estrutura

Por fim, após realização do somatório dos momentos atuantes na estrutura de contenção foi
obtido o valor de 8,36 m incluindo a majoração do 20% recomendada por Falconi et al (2019),
tem se o valor da ficha de 10,04 m.

O valor obtido sem considerar a majoração é equivalente ao encontrado com a aplicação da


formulação proposta pelo manual do IPA (8,96 m), considerando os arredondamentos e
simplificações adotados. Com a majoração do comprimento verifica-se que o método clássico
obteve um valor de embutimento superior ao verificado pelo IPA.

4.4 AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA DIMENSIONADA

Conforme metodologia proposta, a estrutura projetada deve ser verificada quanto ao


atendimento aos critérios apresentados no item 3.3.

71
4.4.1 Verificação utilizando método computacional por modelo tensão-deformação

A verificação dos deslocamentos e momentos máximos induzidos na contenção foi realizada


por tensão-deformação com a utilização de modelos computacionais. A modelagem foi
executada com o auxílio do programa Phase2 da .Rocscience, pelo método dos elementos
finitos (MEF) para estado plano de tensões. O modelo numérico adotado está apresentado na
Figura 4.12.

Foi adotado o embutimento de 9,00m, conforme calculado no item 4.3, conforme análises dos
resultados obtidos, não foram necessários ajustes nos comprimentos de embutimento da
estrutura.

Figura 4.12 – Seção modelada

Na modelagem numérica, considera-se que os materiais têm características plásticas de


deformação e parâmetros de resistência pós ruptura iguais aos anteriores à ruptura.

O modelo foi executado por etapas, que simularam a sequência da eventual ruptura da barragem
a montante. As etapas avaliadas consideraram a condição atual, os carregamentos do rejeito
após impacto na contenção e a elevação final do rejeito após estabilização do rejeito. A Figura

72
4.12 apresenta o modelo da seção analisada. As condições de contorno forçadas do problema
foram restrição de deslocamentos em x e y nas porções correspondentes ao material que
representaria o maciço rochoso, os lados direito e esquerdo restritos somente em x e na porção
inferior foi inserida restrição somente em y. nas laterais. A malha de elementos finitos adotada
é composta por elementos triangulares com cerca de 6000 elementos.

O modelo desenvolvido no software Phase é constituído de 5 etapas que têm como objetivo
simular a sequência de implantação da estaca. São eles:

• Estágio 1 – reprodução do estado intacto do terreno, antes da implantação das estacas;


• Estágio 2 – implantação das estacas;
• Estágio 3 – aplicação das pressões de impacto verificadas no tempo 3,90 s;
• Estágio 4 – aplicação das pressões de impacto verificadas no tempo 4,30 s;
• Estágio 5 – aplicação das pressões de impacto verificadas no tempo 4,57 s;
• Estágio 6 – condição final que considera a estabilização do rejeito e sua elevação final.

A estaca foi simulada como um suporte do tipo liner sendo adotado o modelo de Timoshenko.
Conforme Rocscience (2021), a simulação de viga por Timoshenko, leva em consideração a
deformação por cisalhamento transversal e é recomendada se você estiver usando elementos
finitos com nós no meio. Os elementos de viga Bernoulli são sempre de 2 nós e fornecem
resultados menos precisos.

Os parâmetros geométricos inseridos no liner, foram calculados conforme características da


estaca dimensionada, sendo para a estaca de um metro de diâmetros, 0,019 m de espessura e
espaçamento entre as estacas de 0,18 m, calculado segundo metodologia do IPA, área efetiva
da estaca de 0,0524 m2 e momento de inércia de 0,00534 m4.

Os cálculos de inércia e da área das estacas levaram em consideração a redução em 0,001 m


devido ao efeito de corrosão interno e 0,001 m de corrosão externa para as estacas. Além disso
é feita uma correção para o estado plano de deformação na análise 2D considerando o 0,18 m
de espaçamento. Os dados da estaca aplicados no liner são apresentados na Tabela 4.3.

73
Tabela 4.3 – Parâmetros das estacas
Momento de
Material E (GPa) Método Área (m²)
inércia (m4)
Estaca 1000 mm
200 Timoshenko 5,24e-02 5,34e-03
19 espessura

Como foram verificadas pressões de impacto até a elevação 799,00 m a contenção atingirá a
elevação 800,00 m, prevendo 1,0 metro de borda livre. Ainda foi considerado que após
mobilização o rejeito ficará estabilizado na elevação 795,00 m.

Verificou-se que a inserção de cargas verticais à montante da estaca nos estágios de impacto,
que seriam resultantes das camadas de rejeito depositadas na estrutura não foram relevantes. A
inserção das cargas provocou ligeira diminuição momentos e pequeno incremento dos
deslocamentos verificados nas estacas.

• Análise dos deslocamentos e momentos máximos

As Figura 4.13 e Figura 4.14, representam os deslocamentos e momentos verificados nos


estágios 1 e 2, respectivamente. O estágio 1 mostra o terreno em sua condição inicial, enquanto
o estágio 2 corresponde à implantação da estaca, antes de ser considerada aplicação de qualquer
pressão de impacto sobre ela.

74
Figura 4.13 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 1.

Figura 4.14 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 2.

As Figuras 4.14, 4.15 e 4.16 apresentam as verificações dos momentos e deformações na estaca
provocadas pelo impacto do rejeito mobilizado na estrutura de contenção.

A Figura 4.15 apresenta a os deslocamentos verificados no estágio 3 com a aplicação das


pressões calculadas no tempo 3,90 s. Observa-se um deslocamento de 0,14 m no topo da estaca

75
que provocou um deformação no trecho livre (que correspondente aos 9,0 m acima da superfície
do terreno) de 1,56 %. A deformação total da estaca, considerando os deslocamentos do topo,
em relação ao comprimento total, foi de 0,78%. O momento máximo verificado neste estágio
foi de 471,12 kNm, que induz uma tensão no aço de 44,09 MPa.

Figura 4.15 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 3


no tempo 3,90 s.

A Figura 4.16 apresenta os deslocamentos verificados no estágio 4, com a aplicação das


pressões de impacto calculadas para o tempo 4,30 s. Foi observado o deslocamento máximo de
0,14 m no topo da estaca que provocou uma deformação no trecho livre de 1,56%. A
deformação total da estaca, considerando os deslocamentos do topo e seu comprimento foi de
0,78%. Foi ainda verificado o momento máximo de 465,48 kNm, que induz uma tensão no aço
de 43,56 MPa.

76
Figura 4.16 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 4
no tempo 4,30 s.

Considerando o tempo de 4,57 s, a pressão calculada, provocou deslocamento total no topo da


estaca de 0,18 m, provocando uma deformação no trecho livre de 2,00 % e uma deformação
considerando o comprimento total da estaca de 1,00 %, conforme verifica-se na Figura 4.17.
O momento máximo verificado neste estágio foi de 566,12 kNm, que induz uma tensão no
aço de 52,98 MPa (Figura 4.16).

Figura 4.17 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado no estágio 5


no tempo 4,57 s.

77
O estágio 6 (Figura 4.17), representa a etapa de estabilização do rejeito, que corresponde à fase
em que todo o rejeito já foi mobilizado e atingiu a elevação final. Nesta condição verificou-se
um deslocamento no topo da estaca de 0,22 m que provocou deformação da altura livre de 2,44
% e deformação considerando o comprimento total da estaca de 1,22 %. O momento máximo
verificado foi de 104,48 kNm, que induz uma tensão no aço de 9,82 MPa. A Figura 4.18
apresenta o último estágio da verificação da contenção.

Figura 4.18 – Modelo computacional representando o deslocamento verificado nos estágios 6.

Os resultados das análises de momento fletor máximo e deslocamentos no topo da estaca


indicaram valores abaixo dos limites definidos para a estrutura de contenção, conforme Tabela
4.4. Verifica-se que o estágio 5 ocorrido no momento 4,57 segundos foi o que apresentou
maiores momentos e deslocamentos, portanto o tempo mais crítico quanto ao impacto. Na
condição final verificou-se os maiores deslocamentos, mas os menores momentos. Esse fato se
deve pois verificou-se um maior deslocamento da estaca tanto no topo quanto no nível do
terreno.

78
Tabela 4.4 – Resultados das análises de momentos e deslocamentos

Características Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5 Estágio 6

Tempo correspondente (s) 3,9 4,3 4,57 Após impacto


Deslocamento total no topo
0,14 0,14 0,18 0,22
no impacto (m)
Deslocamento total na cota
0,06 0,06 0,08 0,15
do terreno no impacto (m)
Deslocamento total na
extremidade inferior no 0,00 0,00 0,01 0,09
impacto (m)
Deslocamento altura livre
1,56 1,56 2,00 2,44
(%)
Deslocamento total (%) 0,78 0,78 1,00 1,22
Momento máximo
471,12 465,48 566,12 104.48
desenvolvido (kNm)
Tensão normal
44,09 43,56 52,98 9,82
desenvolvida (MPa)

• Análise da plastificação e máxima deformação cisalhante

Uma avaliação adicional deve ser realizada para verificação da plastificação do material de
fundação da seção de instalação da contenção em função da solicitação. A Figura 4.19 e Figura
4.20 apresentam a plastificação e as tensões máximas de cisalhamento nos estágios 1 e 2 que
se referem respectivamente à condição inicial do terreno e logo após a instalação da estaca. Os
modelos em ambos estágios, indicam zonas de plastificações superficiais sem significado físico
para as análises, além disso, não são observadas deformações cisalhantes.

79
Estágio 1 - Elementos plastificados

Estágio 1 – Máxima deformação cisalhante

Figura 4.19 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações de


cisalhante no estágio 1.

80
Estágio 2 - Elementos plastificados

Estágio 2 – Máxima deformação cisalhante

Figura 4.20 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações de


cisalhante no estágio 2.

Na Figura 4.21, e Figura 4.23 verifica-se a plastificação da fundação em função do impacto do


rejeito nos tempos 3,90 s, 4,30 s e 4,57 que correspondem aos estágios 3, 4 e 5. Observa-se
comportamento semelhante nos três estágios, com zonas de plastificação na porção montante
da contenção, não sendo verificado à jusante a formação de regiões que indiquem superfícies

81
de plastificação que indiquem a formação de superfícies de ruptura. Pode ser notado um
pequeno aumento da região que indica plastificação a jusante das estacas no estágio 5,
ratificando que este corresponde ao estágio mais crítico. Além disso, não foram verificadas
deformações de cisalhamento nas zonas plastificadas.

Estágio 3 - Elementos plastificados

Estágio 3 – Máxima deformação cisalhante

Figura 4.21 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações


cisalhantes no estágio 3.

82
Estágio 4 - Elementos plastificados

Figura 4.22 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações


cisalhantes no estágio 4.

83
Estágio 5 - Elementos plastificados

Estágio 5 – Máxima deformação cisalhante

Figura 4.23 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações


cisalhantes no estágio 5.

Na Figura 4.24 que corresponde ao estágio de estabilização do rejeito mobilizado após ruptura,
pode ser verificado um aumento da plastificação da porção montante, provavelmente em função
do aumento da carga nessa região, provocado pela elevação do nível de rejeito. Contudo,
mantêm-se o mesmo comportamento verificado anteriormente, onde não há indícios de
deformações cisalhantes a jusante da estrutura.

84
Estágio 6 - Elementos plastificados

Estágio 6 – Máxima deformação cisalhante

Figura 4.24 – Modelo computacional representando plastificação e máximas deformações


cisalhantes no estágio 6.

85
• Avaliação do fator de segurança pela metodologia SRF

Foi realizada a análise da estabilidade da estrutura para os estágios de carregamento e para a


condição final de estabilização do rejeito. Da Figura 4.25 à Figura 4.30 são apresentadas as
análises por SRF para os diferentes estágios da simulação.

Figura 4.25 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio 1.

Figura 4.26 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio 2.

86
Figura 4.27 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio
3.

Figura 4.28 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio
4.

87
Figura 4.29 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio 5.

Figura 4.30 – Modelo computacional representando o fator de segurança por SRF no estágio
6.

Os resultados das análises por SRF estão sumarizados na Tabela 4.5, sendo o menor fator de
segurança verificado de 1,51 no estágio 6. Apesar de não haver um valor de referência
normativos para as análises por SRF, sugere-se a adoção do valor mínimo de 1,5 para esse tipo
de estrutura.

88
Tabela 4.5 – Fatores de segurança por SRF

Análise Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5 Estágio 6


Fatores de
segurança por 2,22 2,22 1,87 1,99 1,85 1,51
SRF

4.4.2 Verificação da estrutura utilizando método computacional por equilíbrio limite

A última etapa da avaliação da estrutura, conforme metodologia proposta, é a análise da


contenção pelo método equilíbrio limite, que levará em conta que o sistema funcionará
temporariamente o como um barramento de rejeitos.

As análises foram realizadas adotando-se três métodos de análises: Bishop Simplificado,


Morgenstern-Price e Spencer por meio do programa computacional de estudos bidimensionais
Slide® 2.0 da empresa Rocsience. Nestas análises foram buscadas superfícies circulares (maciço
homogêneo).

Segundo Gerscovich, Danziger e Saramago (2016) a superfície de ruptura tende a ser circular
em solos relativamente homogêneos, podendo ter uma aparência mais achatada na ocorrência
de uma anisotropia mais significativa em relação a resistência. Já as superfícies planares ou
translacionais caracterizam-se pelas descontinuidades ou planos de fraquezas. E, por fim, as
rupturas de forma mista ocorrem quando há uma heterogeneidade, caracterizada pela presença
de materiais ou descontinuidades com resistências mais baixas. Avaliando as condições do
modelo proposto, entende-se que o maciço e os materiais de fundação, não apresentam
anisotropia, nem contatos que justifiquem a adoção de superfícies não circulares, portando, para
todas as análises foram buscadas superfícies circulares potenciais de ruptura.

Para representação das estacas no software, foi utilizado o recurso de support, sendo adotado o
tipo Micro Pile com aplicação de força passiva. A opção pela utilização da função “força
passiva” se deve ao fato da estaca só exercer resistência após algum movimento dentro do
talude. Conforme manual da Rocsience (2021), em geral, o suporte passivo sempre fornecerá
um fator de segurança menor do que o suporte ativo.

89
Nos parâmetros do support é necessário especificar o espaçamento e a tensão de cisalhamento.
No parâmetro espaçamento, considerou o somatório do diâmetro das estacas e o espaçamento
entre elas. Para definição da tensão de cisalhamento, foi adotado o critério de tensão admissível
pela teoria da tensão máxima de cisalhamento (Tresca).

Conforme Norton (2004), o critério de Tresca define que, um elemento estrutural (dúctil) irá
falhar quando o valor da tensão máxima de cisalhamento em qualquer região exceder a tensão
máxima de cisalhamento de um corpo de prova sob tração em escoamento (metade da tensão
normal de escoamento). Considerando que as estacas serão compostas de aço ASTM A572
Grau 50 (estrutural), que possui limite de escoamento mínimo de 345 MPa, de acordo com a
Norma ASTM 572. Ainda levando em conta os critérios de corrosão assumidos de 1 mm na
face externa e 1 mm na face interna dos tubos, foi obtida a tensão máxima de cisalhamento de
4518,339 kNm.

Destaca-se que a avaliação da flexão das estacas foi realizada nas análises dos momentos
executadas no software de tensão deformação.

Segundo a metodologia proposta, será necessária a verificação da estrutura de contenção


também em uma situação de solicitação sísmica. Para esse cenário, será adotada as diretrizes
apresentadas em Eletrobras (2003), que define, que na ausência de estudos de sismicidade,
deve-se adotar para a avaliação das condições da barragem face a sismos naturais ou induzidos,
cargas sísmicas correspondentes a acelerações de 0,05g na direção horizontal e 0,03g na direção
vertical.

Foram mantidos os mesmos cenários verificados nas análises por tensão-deformação para as
análises por equilíbrio limite.

Para as condições iniciais do maciço, em que ainda não são consideradas as intervenções na
região de implantação da contenção, foi verificado um fator de segurança mínimo de 1,95. Nas
mesmas condições, sendo considerada a implantação da estaca, observa-se um pequeno
aumento do fator de segurança que passou a apresentar o valor de 1,96. As análises referentes
a esses estágios podem, ser verificadas na Figura 4.31 e Figura 4.32 respectivamente.

90
Figura 4.31 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado no
estágio 1.

Figura 4.32 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado no


estágio 2.

Nos estágios que representam o impacto do rejeito na estrutura de contenção, verificou-se que
as pressões representadas nos estágios 3 e no estágio 4 não representaram alterações nas análises
por equilíbrio limite, tendo sido obtido por ambas, um fator de segurança mínimo de 1,88,
conforme verificado na Figura 4.33 e Figura 4.34.

91
Figura 4.33 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado no
estágio 3.

Figura 4.34 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado no


estágio 4.

O estágio 5, conforme verificado também nas análises tensão-deformação, apresentou-se como


o mais crítico na avaliação das pressões de impacto provocadas pelo rejeito na estrutura. A

92
Figura 4.35 apresenta a análise por equilíbrio limite para o estágio 5, onde foi obtido um fator
de segurança de 1,86, ligeiramente inferior aos verificados para os demais momentos de
impacto avaliados. Os três cenários de impacto apresentaram fatores de segurança mínimos
acima dos limites especificados para a contenção.

Figura 4.35 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado nos
estágios 5.

Na avaliação da condição final, que corresponde ao estágio 6, verifica-se um decréscimo dos


fatores de segurança calculados. A redução do fator de segurança provavelmente se deve ao
aumento da carga a montante da estaca, provocado pela camada de rejeito acumulado a
montante da contenção.

Nessas condições, verifica-se na Figura 4.36, um fator de segurança mínimo de 1,50, que está
em conformidade com os critérios definidos para verificação da contenção.

93
Figura 4.36 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado nos
estágios 6.

Ainda conforme metodologia, a contenção também foi avaliada para a condição final,
simulando a ocorrência de sismo através de uma análise pseudoestática, com acréscimo de
acelerações de 0,05g na direção horizontal e 0,03g na direção vertical. Nessas condições, sendo
o limite mínimo admitido de 1,10 foi obtido o valor encontrado foi de 1,27, conforme verificado
na Figura 4.37.

94
Figura 4.37 – Modelo computacional representando o fator de segurança mínimo adotado nos
estágios 6 com simulação do sismo.

Os fatores de segurança encontrados atenderam aos critérios definidos, tendo como referência
a ABNT NBR 13.028:2017. Para a condição final ainda foi realizada uma análise
pseudoestática (Tabela 4.6).

Tabela 4.6 – Fatores de segurança por equilíbrio limite.


Estágio 6
Análise Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5 Estágio 6 (com
sismo)
Fatores de
1,95 1,96 1,88 1,88 1,86 1,50 1,27
segurança

4.4.3 Avaliações e medidas adicionais


Para o pleno funcionamento da estrutura de contenção ainda são necessárias avaliações
adicionais que se relacionam à verificação do gradiente hidráulico à jusante das estacas e
avaliações estruturais da capacidade de resistência do elemento metálico.

95
No que se refere à percolação dependendo dos gradientes hidráulicos verificados a jusante da
contenção, pode ser necessária a execução filtros para disciplinar a drenagem na saída das
estacas reduzindo os gradientes hidráulicos.

Ainda é indicado que as estacas que receberão o impacto do rejeito mobilizado sejam
verificadas em software específico de avaliação 3D do elemento metálico. É indicado
adicionalmente o preenchimento interno das estacas com concreto, o que ajudará a evitar que
os tubos se rasguem pela projeção de objetos e ainda auxiliará a evitar que os tubos se deformem
com as pressões de impacto . Neste caso é importante avaliar o impacta da alteração da rigidez
do elemento das estacas na verificação dos momentos.

96
CAPÍTULO 5
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA OUTROS ESTUDOS

5.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As constantes atualizações dos mecanismos legais, impulsionadas pelos desastres ocorridos nas
barragens de mineração, vêm provocando mudanças em todo o setor de exploração mineral.
Uma das grandes transformações está relacionada à eliminação das barragens alteadas pelo
método a montante, sendo que, a construção de novas barragens por este método está proibida
e as existentes devem ser descaracterizadas. Ainda inclui-se a necessidade de execução de
estruturas de contenção a jusante para proteção da população durante a realização das obras de
descaracterização.

Neste contexto, as estacas metálicas tubulares, instaladas pela metodologia Press in, associadas
ao sistema Gyropress se apresentam como uma solução construtiva viável para a construção de
estruturas de proteção a jusante das barragens que serão descaracterizadas. É possível destacar
diversas vantagens em sua utilização nesses tipos de contenção. Das quais destacam-se a
elevada resistência dos perfis tubulares; a possibilidade de execução de projetos que ocupam
menores áreas; os níveis baixos de ruídos e vibrações que permitem a locação da estrutura mais
próxima às barragens e adjacentes à população de entorno.

A partir de uma análise teórica, observou-se como o posicionamento da estrutura de contenção


pode influenciar em seu dimensionamento. Sua locação é preponderante para o cálculo das
magnitudes das pressões de impacto e das alturas que o rejeito mobilizado poderá alcançar a
partir das simulações de ruptura hipotética da estrutura. Sendo ambos os critérios
preponderantes no dimensionamento da contenção.

Foi possível verificar nos estudos apresentados, que a formulação empírica para cálculo do
impacto, pode apresentar valores inferiores aos obtidos nas modelagens 3D. Ainda, em função
do intervalo proposto para o fator empírico da equação, os valores obtidos analiticamente
podem apresentar grandes oscilações.

97
Os cálculos dos comprimentos de embutimento pela formulação do IPA e pelo método de Blum
apresentaram resultados muito próximos, validando aplicação de ambas as metodologias.

A metodologia de dimensionamento proposta tem como objetivo realizar uma verificação


detalhada dos diversos fatores que são relevantes para a segurança de estruturas de contenção
deste tipo. Dos quais deve-se ter atenção especial ao cálculo das pressões de impacto, às
condições e à resposta do terreno de fundação diante dos esforços nas estacas e à resistência do
elemento das estacas. Além disso, é importante lembrar que caso ocorra a ruptura da barragem
a montante, a estrutura de contenção se portará como um barramento de rejeito, devendo
também cumprir critérios de segurança que garantam sua integridade.

O investimento em novas tecnologias tem sido fundamental para manutenção e melhoria dos
aspéctos de segurança nas atividades de mineração. A adoção das estacas metálicas, tubulares,
principalmente associadas às metodologias de instalação adequadas, se apresenta como uma
solução para as estruturas de contenção a jusante.

5.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Para prosseguimento dos estudos apresentados propõem-se a realização de retroanálises de


rupturas conhecidas definindo locais de possível instalação destas contenções que consigam
definir uma otimização das estruturas em função das alturas de pressões de impacto de rejeitos.

Ainda pode ser um estudo para validação das formulações analíticas para cálculos preliminares
das pressões de impacto dos fluxos de detritos, através da definição de uma equação para
validação do fator empírico das fórmulas. A partir da definição e da mensuração do quanto
outras variáveis que não são contempladas na formulação influenciam nos resultados das
pressões de impacto, dentre elas a inclinação do terreno, rugosidade, reologia do material
mobilizados, dentre outros.

98
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assegurar a estabilidade de barragens de mineração, notadamente aquelas construídas ou
alteadas pelo método denominado "a montante" ou por método declarado como desconhecido
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