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Dissertação de Mestrado

ESTUDO TENSÃO DEFORMAÇÃO DA


BARRAGEM DO TORTO

AUTOR: BERNARDO BETELI SILVA ZANON

ORIENTADOR: Prof. Dr. Saulo Gutemberg Silva Ribeiro

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA DA UFOP

OURO PRETO, 26 DE MAIO DE 2020


SISBIN - SISTEMA DE BIBLIOTECAS E INFORMAÇÃO

Z33e Zanon, Bernardo Beteli Silva .


ZanEstudo tensão deformação da barragem do Torto. [manuscrito] /
Bernardo Beteli Silva Zanon. - 2020.
Zan133 f.: il.: color., gráf., tab..

ZanOrientador: Prof. Dr. Saulo Gutemberg Silva Ribeiro.


ZanDissertação (Mestrado Profissional). Universidade Federal de Ouro
Preto. Núcleo de Geotecnia da Escola de Minas. Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Geotécnica.

Zan1. Barragens e açudes. 2. Deformações (Mecânica) . 3. Deformações


e tensões . I. Ribeiro, Saulo Gutemberg Silva. II. Universidade Federal de
Ouro Preto. III. Título.

CDU 624.13

Bibliotecário(a) Responsável: Maristela Sanches Lima Mesquita - CRB: 1716


Assinado digitalmente por
01180976
01180976 DN: cn=01180976
Data: 2020.09.15 07:42:19 -
03'00'
“Quanto mais sei que sei, menos sei que sei.”

Sócrates (470 a.C. – 399 a.C.)

“Porque para Deus nada é impossível”.

Lucas 1.37

ii
DEDICATÓRIA

Ao meu pai Francisco e minha mãe Silva a todo amor e incentivo a lutar para conquistar
meus sonhos e objetivos.

Minha esposa Juliana que sempre esteve presente me apoiando durante as longas semanas
de aula longe de casa e as noites de dedicação ao mestrado, sempre com carinho e amor,
acreditando que eu chegaria até aqui.

Com imenso amor dedico aos meus filhos Maria Fernanda e Vitor pela imensa alegria e
amor que me maravilham a cada dia.

iii
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a DEUS que sempre esteve ao meu lado e me permitiu chegar até
aqui com saúde, capacidade e força.

Aos professores e funcionários do NUGEO e também a turma do mestrado profissional do


ano de 2017 pelas amizades e aslongas noites de estudos regrada a pizza e muitas risadas.

Ao professor Saulo Gutemberg agradeço enormemente por ter acreditado em meu trabalho
sempre com paciência, dedicando seu tempo, compartilhando seu conhecimento e
permitindo o desenvolvimento deste trabalho.

Ao meu irmão Rafael por me incentivar a sempre buscar mais conhecimento, estudo e
crescimento.

À VALE por ter disponibilizado documentos e permitido coordenadar um grande projeto me


proporcionando conhecimento e aprendizado.

À Geoestável e toda equipe pelas horas de reuniões, conversas, ensinamentos e discussões


sempre em busca da boa engenharia geotécnica.

A equipe da Geofast que colaborou com a realização dos estudos.

A GeoSlope International Ltd. pela licença do programa.

Bernardo Beteli Silva Zanon


Março/2020

iv
RESUMO

A economia mundial demanda uma grande quantidade de minério de ferro gerando a


necessidade de disposição de resíduos provenientes do beneficiamento do minério através
de pilhas ou barragens. A engenharia geotécnica aplicada à mineração busca trabalhar de
forma assertiva para obter projetos seguros e de qualidade e vem evoluindo constantemente,
principalmente, após os acidentes da barragem de Fundão no ano de 2015 em Mariana - MG
(distrito de Bento Rodrigues) e barragem B1 no ano de 2019 em Brumadinho - MG. Este
trabalho teve seu desenvolvimento baseado em uma barragem de solo compactado destinada
a acumulação de água e rejeitos cujo projeto foi realizado com fundamentação geotécnica
de ensaios, sondagens e amostras dos materiais de empréstimo. Desta forma, foram
realizados estudos tensão deformação contemplando os efeitos da fundação e o
posicionamento e geometria do sistema de drenagem. A solução numérica desenvolvida foi
obtida através do software GeoStudio 2020, módulo Sigma. Estes resultados gerados através
da modelagem em elementos finitos permitiram analisar a condição do comportamento da
fundação em tensões, recalques e também possibilitaram as comparações dos cenários, os
quais foram elaborados a partir de situações reais e hipóteses que permitiram uma avaliação
econômica da solução aplicada ao projeto. O estudo de caso apresenta resultados que
indicam a viabilidade qualitativa e quantitativa na troca do solo de fundação de aluvião para
colúvio no que tange deformações verticais do barramento, deslocamentos verticais, tensões
totais além da análise de arqueamento do filtro.

Palavras Chave: barragem, fundação, GeoStudio, filtro, tensão deformação.

v
ABSTRACT

The world economy demands a large amount of iron ore, generating the need of wast dispose
from the iron ore processing of the ore through piles or dams. Geotechnical engineering
applied to mining seeks to work assertively to obtain safe and quality projects and has been
constantly evolving, mainly after the accidents of Fundão dam in 2015 in Mariana - MG
(Bento Gonçalves district) and B1 dam in year 2019 in Brumadinho - MG. This work had
its development based on a compacted soil dam destined for the accumulation of water and
tailings whose project was carried out with geotechnical basis of tests, surveys and samples
of the loan materials. In this way, stress-strain studies were carried out contemplating
foundation effects and the positioning and geometry of the drainage system. The developed
numerical solution was obtained using the GeoStudio 2020 software, Sigma module. These
results generated through finite element modeling allowed to analyze the condition of the
foundation's behavior in tensions, repression and also made it possible to compare the
scenarios, which were elaborated from real situations and hypotheses that allowed an
economic evaluation of the solution applied to the project. The case study presents results
that indicate the qualitative and quantitative feasibility in exchanging the alluvial foundation
soil for colluvium in terms of vertical deformations of thedam, vertical displacements, total
stresses in addition to the filter heating analysis.

Keywords: dam, foundation, GeoStudio, filter, stress-strain.

vi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 - Seção transversal da barragem de El kafara ............................................... 6


Figura 2.2 - Deformação vertical x tensão vertical (1) ................................................... 14
Figura 2.3 - Deformação vertical x tensão vertical (2) ................................................... 14
Figura 2.4 - Relação entre fluência e tensão .................................................................... 17
Figura 2.5 - Relação do tempo com a fluência ................................................................ 18
Figura 2.6 - Arranjo geral da UHE Três Marias ............................................................ 22
Figura 2.7 - Vista área da UHE de Três Marias ............................................................. 23
Figura 2.8 - Seção da barragem do leito do rio de Três Marias .................................... 24
Figura 2.9 - Seção da barragem sobre os condutos de Três Marias ............................. 24
Figura 2.10 - Seção geológica da barragem de Três Marias - detalhamento das
camadas de cascalho da fundação .................................................................................... 25
Figura 2.11 - Perfis de recalque para a seção transversal da barragem....................... 26
Figura 2.12 - Perfis de recalque para a seção longitudinal da barragem ..................... 27
Figura 2.13 - Recalques de fundação medidos por meio de medidores instalados na
seção transversal ao eixo da barragem ............................................................................ 27
Figura 2.14 - Recalques de fundação medidos por meio de medidores instalados na
seção longitudinal ao eixo da barragem ........................................................................... 28
Figura 2.15 - Perfil longitudinal da barragem e da evolução dos recalques superficiais
............................................................................................................................................. 28
Figura 2.16 - Localização da Barragem de Juturnaíba.................................................. 29
Figura 2.17 - Seção transversal Trecho V Estaca 40 ...................................................... 31
Figura 2.18 - Seção transversal da barragem de Juturnaíba - Trecho 1 ...................... 31
Figura 2.19 - Seção transversal da barragem de Juturnaíba - Trecho III ................... 32
Figura 2.20 - Perfil geotécnico - Seção transversal ......................................................... 33
Figura 2.21 - Barragem de Juturnaíba - Trecho III-2 e II ............................................. 33
Figura 2.22 - Recalques totais medidos e calculados - Estaca 15 .................................. 34
Figura 2.23 - Recalques totais medidos e calculados - Estaca 20 .................................. 35
Figura 2.24 - Barragem de Juturnaíba - c, d ................................................................... 36
Figura 3.1 - Arranjo do Projeto Detalhado da barragem do Torto sobreposto em
imagem aérea e barragem de Laranjeiras na porção oeste da imagem ....................... 38
Figura 3.2 - Localização da área de implantação da Barragem do Torto .................... 38
Figura 3.3 - Imagem de Satélite das sondagens à trado realizadas na área interna
prevista do reservatório..................................................................................................... 41
Figura 3.4 - Curvas Granulométricas para os solos coluvionares AE-01 a AE-07 ...... 43
Figura 3.5 - Curvas Granulométricas para os solos residuais AE-01 a AE-07 ............ 45
vii
Figura 3.6 - Planta da barragem com locação das sondagens ....................................... 47
Figura 3.7 - Contextualização regional da área de estudo (poligonal laranja) no
Quadrilátero Ferrífero ...................................................................................................... 48
Figura 3.8 - Coluna estratigráfica sintética, destacando as unidades que ocorrem na
região do empreendimento ................................................................................................ 49
Figura 3.9 - Seção transversal da barragem com materiais das fundações.................. 50
Figura 3.10 - Seção transversal da barragem com locação dos materiais de construção
............................................................................................................................................. 51
Figura 3.11 - Espessura da Camada de Aluvião por Furo ............................................. 51
Figura 3.12 - Aluvião argilosilte arenoso, de cor escura, apresentando matéria
orgânica............................................................................................................................... 52
Figura 3.13 - Depósito paleo-aluvionar localizado a montante da barragem na
margem esquerda ............................................................................................................... 52
Figura 4.1 - Classificação das leis constitutivas .............................................................. 54
Figura 4.2 - Curva hiperbólica ......................................................................................... 56
Figura 4.3 - Seleção ideal de pontos de ajuste do modelo .............................................. 57
Figura 4.4 - Gráfico de volume específico x logaritmo natural de tensão efetiva o
efetiva média. ...................................................................................................................... 60
Figura 4.5 - Gráficos tensão x deformação típicos: a) Modelo elasto-plástico prefeito,
b) modelo elasto-plástico com amolecimento e c) modelo elasto-plástico com
endurecimento - entre reta virgem e a linha de estado crítico....................................... 61
Figura 4.6 - Cenário 1 - 100% de aluvião materiais - laranja colúvio, rosa residual,
cinza aluvião, verde saprolito de gnaise e em amarelo maciço rochoso........................ 64
Figura 4.7 - Cenário 2 - troca de solo - 50% de aluvião e 50% de colúvio laranja
colúvio, rosa residual, cinza aluvião, verde saprolito de gnaise e em amarelo maciço
rochoso. ............................................................................................................................... 64
Figura 4.8 - Cenário 3 - l troca de solo – 100% de colúvio laranja colúvio, rosa
residual, cinza aluvião, verde saprolito de gnaise e em amarelo maciço rochoso. ....... 64
Figura 4.9 - Modelagem da barragem em 20 etapas de construção .............................. 65
Figura 4.10 - Modelo da seção da barragem modelada com os respectivos materiais e
parâmetros geotécnicos ..................................................................................................... 66
Figura 5.1 - Cenário 01 - Fundação em aluvião. ............................................................. 69
Figura 5.2 - Cenário 02 - Fundação em aluvião e colúvio. ............................................. 70
Figura 5.3 - Cenário 03 - Fundação em colúvio. ............................................................. 70
Figura 5.4 - Cenário 01 - tensões horizontais (kPa) - filtro inclinado ........................... 71
Figura 5.5 - Cenário 01 - deformação vertical - filtro inclinado.................................... 71
Figura 5.6 - Cenário 01 - deslocamento vertical na base do filtro (m) .......................... 72
Figura 5.7 - Cenário 02 - deformação vertical - filtro inclinado.................................... 72
Figura 5.8 - Cenário 03 - deformação vertical - filtro inclinado.................................... 72
Figura 5.9 - Cenário 03 - deslocamento vertical na base do filtro (m) .......................... 73
viii
Figura 5.10 - Cenário 01 - deslocamento vertical (m) - filtro inclinado ........................ 73
Figura 5.11 - Cenário 02 - deslocamento vertical (m) - filtro inclinado ........................ 74
Figura 5.12 - Cenário 03 - deslocamento vertical (m) - filtro inclinado ........................ 74
Figura 5.13 - Gráfico do deslocamento vertical eixo dos cenários 1, 2 e 3.................... 75
Figura 5.14 - Detalhe do local da análise ........................................................................ 75
Figura 5.15 - Cenário 03 - Modelo da barragem ............................................................ 76
Figura 5.16 - Gráfico comparativo do recalque da fundação dos cenários 1, 2 e 3 ..... 77
Figura 5.17 - Cenário 1 - Tensão vertical total - filtro inclinado ................................... 78
Figura 5.18 - Cenário 1 - Tensão vertical total - filtro vertical ...................................... 78
Figura 5.19 - Cenário 2 - Tensão vertical total - filtro inclinado ................................... 78
Figura 5.20 - Cenário 2 - Tensão vertical total - filtro vertical ...................................... 79
Figura 5.21 - Cenário 3 - Tensão vertical total - filtro inclinado ................................... 79
Figura 5.22 - Cenário 3 - Tensão vertical total - filtro vertical ...................................... 79
Figura 5.23 - Comparativo 1 entre o cenário 1 e 3 - filtro inclinado x filtro vertical .. 80
Figura 5.24 - Comparativo 2 entre o cenário 1 e 3 - filtro inclinado x filtro vertical .. 80
Figura 5.25 - Gráfico tensão total filtro inclinado e vertical .......................................... 81
Figura 5.26 - Gráfico tensão vertical filtro inclinado - cenário 1 - 100% aluvião ....... 83
Figura 5.27 - Gráfico arqueamento filtro inclinado - cenário 1 - 100% aluvião.......... 83
Figura 5.28 - Gráfico tensão vertical filtro inclinado - cenário 3 - 100% colúvio........ 84
Figura 5.29 - Gráfico arqueamento filtro inclinado - cenário 3 100% colúvio ............ 84
Figura 5.30 - Gráfico tensão vertical filtro vertical - cenário 1 - 100% aluvião .......... 85
Figura 5.31 - Gráfico arqueamento filtro vertical - cenário 1 - 100% aluvião ............ 85
Figura 5.32 - Gráfico tensão vertical filtro vertical - cenário 3 - 100% colúvio........... 86
Figura 5.33 - Gráfico arqueamento filtro vertical - cenário 3 - 100% colúvio ............. 86
Figura 5.34 - Gráfico arqueamento filtro inclinado x filtro vertical - cenário 1 - 100%
aluvião ................................................................................................................................. 87
Figura 5.35 - Gráfico arqueamento filtro inclinado x filtro vertical - cenário 3 - 100%
colúvio ................................................................................................................................. 88

ix
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Série Histórica de Recalques - Parte 1 ........................................................ 11


Tabela 2.2 - Série Histórica de Recalques - Parte 2 ........................................................ 12
Tabela 2.3 - Dados de recalque e módulo de deformabilidade ...................................... 21
Tabela 3.1 - Resumo das principais características da Barragem do Torto ................ 40
Tabela 3.2 - Volume de Colúvio nas áreas de empréstimo internas ao reservatório ... 42
Tabela 3.3 - Volume de Solo Residual nas áreas de empréstimo internas ao
reservatório......................................................................................................................... 42
Tabela 4.1 - Valores típicos dos parâmetros hiperbólicos para diferentes tipos de solos
............................................................................................................................................. 58
Tabela 4.2 - Parâmetros do modelo hiperbólico para previsão de curvas tensão x
deformação ......................................................................................................................... 59
Tabela 4.3 - Parâmetros ensaios triaxiais – ângulo de atrito e coesão .......................... 63
Tabela 4.4 - Parâmetros geotécnicos utilizados nos modelos ......................................... 64
Tabela 4.5 - Valores tipicos de módulo de Young para solos granulares (MPa) -
baseado em Obrzud & Truty, 2012 apud Kezdi 1974 e Prat et al. 1995 ......................67
Tabela 4.6 – Valores tipicos de módulo de Young para solos coesivos (MPa) -
(baseado em Obrzud & Truty, 2012 apud Kezdi 1974 e Prat et al. 1995) .................... 67

x
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABMS Associação Brasileira de Mecânica dos solos e Engenharia Geotécnica.


AIA Avaliação de Impacto Ambiental
c Coesão.
c' Coesão Efetiva.
B Relação entre a variação da poropressão em solo não saturado e avariação da
tensão axial.
β− Constante
CANAMBRA Consórcio de Consultores do Brasil, Estados Unidos e Canadá
CEMIG Companhia Eneérgética de Minas Gerais.
CESP Companhia Eneérgética do Estado de São Paulo.
CBGB Comitê Brasileiro de Grandes Barragens.
CBDB Comitê Brasileiro de Barragens.
CJ Cota Jusante, Cota do Nível de Água a Jusante da Barragem.
CM Cota Montante, Cota do Reservatório de Montante.
CMB Comitê Mundial de Barragens.
CL Argila de Baixa Plasticidade.
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CD Ensaio de Resistência ao Cisalhamento Consolidado Não Drenado.
CU Ensaio de Resistência ao Cisalhamento Consolidado Não Drenado.
DNOCS Departamento Nacional de Obras Contra as Secas.
EIA Estudo de Impacto Ambiental.
EPC Engenharia Projeto e Consultoria.
FS Fator de Segurança.
Ângulo de atrito.
' Ângulo de atrito efetivo.
g Peso específico úmido do solo.
gs Peso específico dos grãos.
ICOLD International Commission on Large Dams.
IP Índice de Plasticidade.
k Condutibilidade hidráulica.

xi
K Relação de anisotropia.
K0 Coeficiente de empuxo em repouso.
kh Condutibilidade hidráulica horizontal.
kv Condutibilidade hidráulica vertical.
LL Limite de Liquidez.
LP Limite de Plasticidade.
MN Medidor de Nível d’água.
MS Marco de Deslocamentos Superficial.
MW Megawatts.
NA Nível d’água.
PIB Produto interno bruto
PC Piezômetro Casagrande.
RA Medidor de Recalque do Aterro.
FR Medidor de Recalque de Fundação.
RIMA Relatório de Impacto Ambiental.
UHE Usina Hidrelétrica.
UU Ensaio de Resistência ao Cisalhamento não Consolidado não Drenado.
Pa Pressão Atmosférica Local.
Δ Deformação Vertical.
Va Volume Inicial de ar nos Vazios.
Vw Volume d’água no Solo.
h Constante de Solubilidade do Ar na Água.
u Poropressão.
σ− Tensão total.

xii
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 ....................................................................................................................... 1
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 1
1.1 Considerações Iniciais ................................................................................................... 1
1.2 Justificativa da Dissertação........................................................................................... 2
1.3 Objetivos da Dissertação ............................................................................................... 3
1.3.1. Objetivo Geral .................................................................................................. 3
1.3.2. Objetivos Específicos ........................................................................................ 4
1.4 Estrutura da Dissertação............................................................................................... 4

CAPÍTULO 2 ....................................................................................................................... 6
CONTEXTUALIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................. 6
2.1 Fundação de Barragens ................................................................................................. 6
2.1.1. Fundações em Aluvião ..................................................................................... 8
2.1.2. Fundações em solos residuais saturados ........................................................ 9
2.1.3. Fundações em folhelhos e solos do terciário finos ......................................... 9
2.1.4. Fundações em solos moles .............................................................................. 10
2.1.5. Fundações em areias ...................................................................................... 10
2.2 Recalques de Fundações de Barragens ...................................................................... 10
2.3 Compressibilidade Intrínseca Do Solo ....................................................................... 15
2.3.1. Recalque Elástico ............................................................................................ 15
2.3.2. Recalque por Adensamento ........................................................................... 15
2.3.3. Recalque por Compressão Secundária ......................................................... 16
2.4 Fluência ......................................................................................................................... 16
2.5 Compressibilidade do Solo em Barragens ................................................................. 19
2.6 Barragens de Terras .................................................................................................... 21
2.6.1. Barragens de Três Marias ............................................................................. 21
 Projeto e Características ................................................................................... 23
 Maciço da Barragem de Três Marias .............................................................. 23
 Geologia da Barragem de Três Marias ........................................................... 24
 Recalques da Fundação da Barragem de Três Marias .................................. 26
 Conclusões dos Recalques da Fundação da Barragem de Três Marias ....... 28
2.6.2. Barragem de Juturnaíba................................................................................ 28
 Projeto e Características ................................................................................... 29
xiii
 Fundação da Barragem de Juturnaíba ........................................................... 31
 Recalques da Fundação da Barragem de Juturnaíba .................................... 34
 Conclusões dos Recalques da Fundação da Barragem de Juturnaíba ......... 34

CAPÍTULO 3 ..................................................................................................................... 37
ESTUDO DE CASO .......................................................................................................... 37
3.1 Barragem do Torto ...................................................................................................... 38
3.2 Investigação de Campo ................................................................................................ 40
3.3 Sondagens ..................................................................................................................... 40
3.4 Materiais de Empréstimo e Ensaios ........................................................................... 41
3.4.1. Solo Coluvionar (COL) .................................................................................. 42
3.4.2. Solo Residual (SR) ......................................................................................... 44
3.5 Fundação da Barragem ............................................................................................... 45
3.6 Modelo Geológico-Geotécnico da Fundação e Maciço ............................................. 47

CAPÍTULO 4 ..................................................................................................................... 53
MODELAGEM NUMÉRICA .......................................................................................... 53
4.1 Análise Numérica ......................................................................................................... 53
4.2 Ensaio Triaxial ............................................................................................................. 53
4.3 Estudo Tensão Deformação ........................................................................................ 54
4.3.1. Modelo Hiperbólico ........................................................................................ 55
4.3.2. Modelo Cam-clay ............................................................................................ 59
4.4 Parâmetros de Resistências dos Materiais de Empréstimo da Barragem do Torto
............................................................................................................................................. 62
4.5 Modelagem Numérica.................................................................................................. 63
4.6 Parâmetros dos Materiais ........................................................................................... 65

CAPÍTULO 5 ..................................................................................................................... 69
MODELOS E CENÁRIOS .............................................................................................. 69
5.1 Análises ......................................................................................................................... 70
5.1.1. Tensões Horizontais ....................................................................................... 70
5.1.2. Deformações Verticais ................................................................................... 71
5.1.3. Deslocamentos Verticais ................................................................................ 73
5.1.4. Deslocamento Eixo ......................................................................................... 74
5.1.5. Recalque Fundação ........................................................................................ 76
5.1.6. Estudo Comparativo - Filtro Inclinado versus Filtro Vertical................... 77
5.1.7. Arqueamento de Tensões do Filtro ............................................................... 81
xiv
5.1.8. Arqueamento – Filtro Inclinado – Cenário 1 – 100% Aluvião .................. 83
5.1.9. Arqueamento – Filtro Inclinado – Cenário 3 – 100% Colúvio .................. 84
5.1.10. Arqueamento – Filtro Vertical – Cenário 1 – 100% Aluvião ................... 85
5.1.11. Arqueamento – Filtro Vertical – Cenário 3 – 100% Colúvio ................... 86
5.1.12. Arqueamento – Filtro Inclinado X Vertical – Cenário 1 e 3 .................... 87

CAPÍTULO 6 ..................................................................................................................... 90
CONCLUSÃO ................................................................................................................... 90
Troca de Solo da Fundação ..................................................................................... 90
Filtro Inclinado ......................................................................................................... 91
Comparação entre os Sistemas de Drenagem ........................................................ 92
Sugestões para Novas Pesquisas .............................................................................. 94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 95

ANEXOS............................................................................................................................ 98

ANEXO I - Amostras e Resultados dos Ensaios .................................................... I.I


ANEXO II - Seção transversal da barragem ........................................................I.X
ANEXO III - Gráficos e Parâmetros ................................................................ I.XIII
ANEXO IV - Sondagens..................................................................................... I.XIX
ANEXO V - Fotos ..............................................................................................I.XXII

xv
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

1.1 Considerações Iniciais

A economia mundial é impulsionada e afetada pela exploração e comercialização das


commodities minerais – petróleo, ouro e minério de ferro. Produtos que contribuem para
o desenvolvimento econômico mundial, incluindo o Brasil que, por sua vez, tem seu PIB
afetado diretamente pela exploração do Minério de Ferro.

A grande demanda de minério de ferro mundial é liderada pela grande potência da China,
um dos maiores consumidores, faz com que a produção do minério de ferro na região de
Minas Gerais tenha sido tão intensa ao logo das últimas décadas. Com isso tornam-se
necessários grandes empreendimentos vinculados ao processo de beneficiamento do
minério de ferro como grandes jazidas de exploração, usinas de beneficiamento,
abastecimento de água e disposição de resíduos e rejeitos como, por exemplo, pilhas e
barragens.

O processo de beneficiamento de minério de ferro é composto de operações que buscam


alterar a granulometria do material, sua concentração, retirada de minerais indesejáveis
para o processo e disposição do produto final, minério de ferro e seus resíduos.

Para tal disposição dos resíduos provenientes do processo de beneficiamento utilizam-se


estruturas de contenção de sedimentos, por exemplo, as barragens ou pilhas.

O processo de beneficiamento de minério de ferro gera um grande volume de resíduos


que necessitam de amplas áreas para sua disposição de forma segura e controlada. Assim
as estruturas de armazenamento são construídas próximo aos locais de extração e
beneficiamento.

-1-
A Engenharia Geotécnica aplicada à Mineração trabalha para todas as áreas como:
exploração e operação de Mina, controle e monitoramento de estruturas de disposição e
contenção de sedimentos, construção e engenharia de obras e fiscalização.

As barragens de acúmulo de sedimentos provenientes de beneficiamento de minério de


ferro a vem evoluindo constantemente, principalmente, após os acidentes da barragem de
Fundão, no ano de 2015, em Mariana - MG (distrito de Bento Rodrigues) e barragem B1,
no ano de 2019, em Brumadinho - MG.

Assim, uma Barragem exige uma engenharia geotécnica extremamente refinada e


assertiva de modo a minimizar todos os riscos associados ao projeto, construção, operação
e monitoramento.

1.2 Justificativa da Dissertação

Atualmente, as construções de novas barragens são objetos de discussão técnica devido a


recentes acidentes que remontam a metodologias construtivas aplicadas no passado.
Também se destaca que as estruturas de barragem são projetadas para serem utilizadas
por um longo período e após sua utilização a estrutura será incorporada ao meio ambiente
de forma gradativa e planejada.

A construção de barragens de terra é um processo lento, faseado e que requer um rígido


controle tecnológico, envolve uma grande quantidade de equipamentos, pessoas e grande
movimentação de terra, além de ocupar uma grande área para a construção e disposição
de sedimentos.

Antecedendo a construção de uma barragem inicia-se o processo de engenharia básica


(inserir referência...) onde são estudados os fatores relacionados ao ambiente em que
ocorrerá a obra, a demanda operacional, as condicionantes ambientais e um pré-
dimensionamento das estruturas. Após essa etapa é iniciada a engenharia detalhada que
reúne as atividades de investigações geológicas geotécnicas, determinação dos materiais
de construção, tipo de barragem, dimensionamento das estruturas, faseamento da
construção além dos estudos, cálculos, criação de modelos e análises geotécnicas.

-2-
Uma barragem pode ser subdivida (inserir referência) em estruturas sendo um corpo
maciço de terra, uma fundação, um sistema de drenagem interna, um sistema extravasor
de água, drenagens pluviais e sistemas de monitoramento e controle.

As fundações das barragens (inserir referência) são situações previstas em projetos


baseados em sondagens, mapeamento geológico, investigações de campo e ensaios de
laboratório. Porém, durante a fase de construção em muitos casos ocorre certa divergência
do projeto com a realidade, podendo ser um problema construtivo e até em muitos casos
contratual, entre o cliente e a empresa construtora da barragem.

Assim, esse estudo irá identificar e apontar problemas geotécnicos de barragens de terra
construídas sobre solos compressíveis, incorporando os efeitos de arqueamento esperados
para os sistemas de drenagem interno inclinado ou vertical.

O estudo irá estudar a barragem de rejeito denominada Barragem do Torto, projetada para
contenção e armazenamento dos rejeitos e materiais carreados provenientes das
atividades de mineração, na região da mina de ferro de Brucutu, localizada no município
de São Gonçalo do Rio Abaixo, no Estado de Minas Gerais.

1.3 Objetivos da Dissertação

Os objetivos desta dissertação são apresentados nas seções abaixo.

1.3.1. Objetivo Geral

O principal objetivo do trabalho é analisar o comportamento e os problemas de fundações


de barragens de terra construídas sobre solos compressíveis, identificando, analisando e
avaliando os fatores responsáveis pelos problemas apresentados, sempre baseados em
projetos, ensaios, e parâmetros obtidos por meio de ensaios e sondagens.

Serão também avaliados os efeitos diferenciais de arqueamento de tensões contemplando


o sistema de drenagem inclinado, sem apoio direto na fundação, e vertical, com apoio
direto na fundação

-3-
1.3.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são:

a) Elaborar uma modelagem numérica da barragem do Torto com destaque nas


tensões e deformações da estrutura e fundações;

b) Simular o comportamento da fundação da barragem do Torto considerando 3


cenários, sendo o primeiro sem a escavação do solo de baixa competência, o
segundo com troca parcial do aluvião pelo colúvio e o útimo com a troca total.

c) Avaliar os efeitos diferenciais de arqueamento de tensões contemplando o sistema


de drenagem inclinado e vertical.

1.4 Estrutura da Dissertação

O presente trabalho foi estruturado em 6 capítulos conforme a seguinte distribuição:

No Capítulo 1 – Introdução, é descrita a importância do segmento da mineração a nível


mundial e nacional, a abrangência da atuação da geotecnia no ramo da mineração, além
de descrever os objetivos que impulsionam o presente estudo, a metodologia a ser
adotada, além da justificativa que sustentam do tema proposto. Adiante terá a estruturação
e divisão dos assuntos abordados nos diferentes capítulos.

No Capítulo 2 – Contextualização Bibliográfica, é apresentada a revisão bibliográfica


de algumas barragens de terra construídas sobre solos compressíveis ilustrando suas
informações técnicas e os problemas apresentados. Também neste capítulo haverá a
revisão bibliográfica dos conceitos da Mecânica dos Solos relacionados à
compressibilidade, adensamento, recalque e fundação de barragem de terra.

No Capítulo 3 – Estudo de Caso, tem-se o estudo de caso da barragem do Torto com


dados de entrada baseados em ensaios de laboratório, sondagens, investigações e
mapeamento geológico-geotécnico.

-4-
No Capítulo 4 – Modelagem Numérica, é realizada uma modelagem numérica através
de software para a criação de um modelo com foco no estudo tensão deformação com
parâmetros obtidos por meio de ensaios de laboratório e com base em sondagens de
campo de ensaios de laboratório.

No Capítulo 5 – Modelos e Cenários, é apresentada uma discussão sobre a modelagem,


os cenários adotados e a interpretação dos resultados.

No Capítulo 6 – Conclusão, são expostas as conclusões das análises e sugestões de novas


pesquisas.

-5-
CAPÍTULO 2
CONTEXTUALIZAÇÃO BILBIOGRÁFICA

Serão apresentados os conceitos básicos relativos ao tema de estudo, interpretação de


ensaios e obtenção de parâmetros, estudo tensão deformação com análise crítica de
comportamento, estudo e avaliação de arqueamentos de tensões em sistemas internos de
drenagem.

2.1 Fundação de Barragens

As barragens de terra e enrocamento são construídas desde a antiguidade, sendo que a


mais antiga é a barragem de Jawa na Jordânia por volta de 3.000 anos a.C., outro exemplo
é a barragem Saad El Kafara (Figura 2.1), construída 2.650 a.C., próxima à cidade do
Cairo no Egito (Fahlbusch, 2008).

Figura 2.1 - Seção transversal da barragem de El Kafara (adaptado de Fahlbusch, 2008).

A Figura 2.1 ilustra a seção da barragem de Saad El Kafara construída com 108 metros
de extensão, 14 metros de altura, com um núcleo central de terra, semelhante as barragens
de terra-enrocamento atuais, com núcleo argiloso.

As fundações das barragens podem ser constituídas por maciços rochosos ou por solos
(inserir referência), sendo também frequente a fundação nos dois tipos, ou até mesmo
terrenos de transição. Assim, em qualquer caso a fundação constitui uma unidade
estrutural de suporte, devendo suportar as solicitações do conjunto barragem-fundação.

-6-
Em fundações assentadas em solo, CEMIG (1994), é notório ter o conhecimento em:

a) Um adequado conhecimento da permeabilidade, importante para estimar as


vazões, através do maciço de fundação e que pode revelar-se decisivo na escolha do
sistema a adotar para dominar esses fluxos, incluindo na fase de construção, por
razões de eficiência e de economia;

b) Nos solos arenosos, raramente a permeabilidade pode ser medida em laboratório,


dada a extrema dificuldade em colher amostras indeformadas, devendo-se por isso
realizar ensaios “in situ”, interessando volumes representativos do maciço;

c) Nos maciços com permeabilidade elevada, o domínio total ou parcial dos fluxos
percolados e dos gradientes hidráulicos pode efetuar-se, recorrendo a tapetes
impermeáveis, trincheiras de vedação, paredes diafragma, filtros e poços de alívio;

d) Os maciços de solos drenantes podem ser susceptíveis de liquefação, devido a


ações sísmicas ou sofrer colapso por alterações da sua estrutura;

e) Nos maciços em solos relativamente impermeáveis, deve-se considerar os efeitos


dos gradientes hidráulicos e das deformações e assegurar a estabilidade mecânica;

f) A caracterização dos maciços referidos na alínea anterior pode ser efetuada em


laboratório ou “in situ”;

g) Nas fundações em solos, os efeitos prejudiciais dos gradientes hidráulicos são


normalmente evitados por sistemas de filtros e drenos;

h) O controle dos efeitos das deformações e a obtenção de adequada resistência


mecânica podem ser conseguidos por conveniente definição geométrica da barragem
e melhoria das propriedades mecânicas dos solos (vibro-flutuação, compactação
dinâmica, saturação prévia, pré-carregamento e drenagem).

Dois fatores importantes que incidem na parte econômica da construção de uma barragem
são as características geológicas e topográficas da fundação, principalmente porque as
características de resistência da fundação podem condicionar a declividades dos taludes.

-7-
Já a permeabilidade e deformabilidade da fundação estão diretamente atreladas na escolha
do tipo de barragem, CEMIG (1994).

A compressibilidade dos materiais da fundação devem ser compatibilizados ou


adicionados materiais de transição, de modo a reduzir os recalques diferenciais e totais,
que venham prejudicar pelo afogamento do tapete drenante, seja pela ocorrência de
trincas causadas pelo recalque diferencial, seja pela inversão do gradiente de fluxo no
sistema de drenagem, devido a recalques totais excessivos.

Carvalho (2015) diz que as características detalhadas de permeabilidade, resistência e


compressibilidade, em destaque a compressibilidade, devem ser bem analisadas para
verificação do tipo de barragem.

Costa (2012) menciona que o tipo de barragem será função da caracterização da geologia
que compõe a fundação do corpo da mesma e algumas restrições serão determinadas a
partir das situações geológicas encontradas.

Segundo Massad (2010) em um estudo na Espanha realizado em 1961, revelou que em


1620 barragens, cerca de 308 (19%) haviam sofrido incidentes sendo que: 40%
relacionados com problemas de fundação.

As fundações de barragens podem ter um tratamento que se baseia em um conjunto de


operações destinadas a preparar a fundação de cada estrutura para se comportar conforme
as características indicadas em projeto, Eletrobrás (2003). Esses tratamentos visam
melhorar as condições de contato do material compactado com a fundação, reduzir a
permeabilidade da fundação, controlar as sub-pressões e evitar o carreamento de solos
para a fundação.

2.1.1. Fundações em Aluvião

Costa (2012) destaca que as fundações em aluviões excluem qualquer possibilidade de se


implantar uma barragem de concreto e em barragens de terra pode ocorrer restrições que
necessitem de adaptações nos projetos.

-8-
Igualmente uma fundação aluvionar de uma barragem pode apresentar diversos
problemas oriundos das texturas dos materiais, como por exemplo: quando houver
predominância de cascalho e areia grossa poderá ocorrer problemas relacionados a
estanqueidade, já em fundações de areia pura, fina e uniforme poderão surgir problemas
relacionados a deformabilidade e estabilidade por estar sujeito ao problema de liquefação.
Já em fundações de solos argilosos poderão ocorrer problemas tanto de deformabilidade
como estabilidade não só na fundação como no corpo da barragem.

Ainda Costa (2012) sugere que devido aos problemas associados em fundações de solos
aluvionares, a melhor solução será a retirada de todo ou parte do material, desde que, isso
seja economicamente viável.

Segundo Cruz (1996), as fundações de barragens sobre aluviões devem ter em sua análise
de estabilidade um grande cuidado, pois ao se realizar o estudo da estabilidade global, a
superfície de ruptura deve passar pelo aluvião e em relação aos deslocamentos, estes
podem chegar na ordem de 2% da altura da camada aluvionar, sendo que a maior parte
ocorrerá durante o processo construtivo.

2.1.2. Fundações em solos residuais saturados

Cruz (1996) alerta que há uma grande dificuldade em solos residuais saturados, com uma
variação de SPT de 5 a 10 golpes em média é o processo de escavação, pois os
equipamentos utilizados podem apresentar problemas durante o tráfego sobre o solo. O
usual é a utilização de equipamentos apropriados, utilização do apoio de cotas mais altas
e também a aplicação de um forro ou a execução de aterros de conquistas, quanto
necessários.

2.1.3. Fundações em folhelhos e solos do terciário finos

Não há registros de problemas em barragens brasileiras assentadas sobre esses materiais,


porém há de se verificar segundo Cruz (1996) nas áreas de implantação se há indícios de

-9-
escorregamentos sugestivos de ruptura do terreno que possam ser associados à
mobilização de resistências residuais.

2.1.4. Fundações em solos moles

As barragens sobre solos moles necessitam de bermas de estabilização o que resultam em


taludes médios extremamente abatidos, como é o caso da barragem de Juturnaíba (Cruz,
1996).

2.1.5. Fundações em areias

Destacam-se nas barragens apoiadas em areias o controle de fluxo e um sistema adequado


de controle e o potencial de liquefação.

2.2 Recalques de Fundações de Barragens

De acordo com Cruz (1996) os recalques observados nas barragens são muito superiores
aos recalques calculados pela teoria clássica do adensamento podendo ser de duas a seis
vezes maiores como, por exemplo, nas barragens de Ilha Solteira, Itaipu e Tucuruí.

Já os cálculos através da modelagem numérica são mais precisos desde que os parâmetros
de entrada sejam reais e baseados em ensaios de laboratório.

Os recalques nas fundações de barragens de terra devem ser avaliados, pois essa situação
levará a perda de altura da barragem o que poderá comprometer sua segurança ao risco
de galgamento. Assim um aumento em sua altura de segurança pode compensar o
adensamento. Entretanto deve-se ter um controle da compactação durante a obra e
acompanhamento das deformações durante a construção para garantir a segurança da
obra.

Deste modo, no plano de instrumentação de barragens de terra deve-se dar uma atenção
especial para o monitoramento durante o período construtivo para subsidiar as questões

- 10 -
de segurança. Por isso é inserida como exemplo uma série histórica de Silveira (1983) de
recalques totais observados em maciços compactados (Tabelas 2.1 e 2.2).

Tabela 2.1 - Série Histórica de Recalques - Parte 1 (Silveira, 1983)


Índices Físicos Compactação Recalque (cm) Recalque
Tipo de Solo (origem Previsto* durante a
Barragem LL LP w
geológica) ymáx Observado construção
(%) (%) otm ML BI (%)
61 95 105 95
Ilha Coluvionar 50 77 165 95
44 17 1,68 21
Solteira (basaltos e arenitos) 33 58 71 100
28 33 51 98
5,5 73
Água Coluvionar
42 13 1,76 18 6,6 - - 73
Vermelha (basaltos)
49 83
Volta Coluvionar e
50 20 - - 26 - - 85
Grande residuais (basalto)
Coluvionar 55 28 1,63 24 190 81
Itumbiara - -
(basaltos) 58 28 1,59 27 127 93
Coluvionar
Xavantes 53 26 1,61 24 42 - - 71
(basaltos)
Euclides 1,47 nov/
Residuais (gnaise) 39 8 93 - - 92
da Cunha 1,91 28
Jacarei Coluvionar (gnaise) 67 32 1,47 27,6 40 - 86 96
Coluvionar e 80 98
Paraibuna 47 NP 1,65 17,5 93
residual (biotita) 55 60
Coluvionar e 35 105
Paraitinga residual (biotita- 70 33 1,53 27,5 100 128 94
gnaise) 135 75
* - Previsão realizada com amostras em laboratório (ML) e com amostras de blocos indeformados (BI).

- 11 -
Tabela 2.2 - Série Histórica de Recalques - Parte 2 (Silveira, 1983)
Porcentagem
Recalque (cm) Recalque
Tipo de Solo (origem de recalque
Barragem Específico (%)
geológica) durante a
Observado Previsto (cm/m/kgf/cm²)
construção
27,5
Três Marias Solo residual e alteração de
117,5
70m rocha (siltito)
140
Euclides da
Tálus com blocos de gnaise 100 550 80
Cunha63m
52 90,5
Jurumirim Solo residual e alteração de 2,16
4,5 7,7
15,9m rocha (arenito) 0,176
- 2,3
Jaguari Solo residual de biotida- 24,5 0,295 89
(CESP) 76m ganaisse 8 0,144 100
Promissão Solo coluvionar e solo de 30
20,4
22m alteração de arenito 23
2,6 37 88
2,3 24 93
4,2 13 71
1
Ilha Solteira Solo residual e alteração de 4,6 6 78
0,792
70m M.D. rocha (basalto) 6,1 15 75
0,667
55m M.E. 6,6 16 65
0,600
6,6 21 76
0,455
3,0 11 70
Porto
Colômbia Solo de alteração de basalto *1,0
59m
Volta Grande Solo coluvionar e residual de 26 100-16
49m basalto 2 100-24
Água
10,8 0,257 85
Vermelha Solo residual e alteração de
12,9 0,230 98
54m M.D. rocha (basalto)
29,8 0,473 100
63m M.E.
Três Irmãos Alteração de rocha (basalto) 3,4 0,115
0,125
Saprolitometabasito 38
0,333
0,075
Terraço aluvial mais
20,5 0,090
saprolito de filito
0,080
Tucuruí
1,170
100m Diabásio maduro e solo
7 0,125
saprolítico 1,6 a 6,8
0,208
vezes
0,150
Saprolito de filito 28,6
0,133
Saprolito de metassedimento 14

Pelos trabalhados supracitados o máximo deslocamento ocorre próximo à meia altura da


barragem, devido a uma combinação favorável entre a camada subjacente e a pressão
devida ao aterro sobrejacente. As camadas inferiores, embora sujeitas a elevadas pressões
verticais, são de menor espessura e recalcam menos. Já no trecho superior as pressões são
pequenas, apesar da grande espessura acumulada, e os recalques são também menores.

- 12 -
A utilização de ensaios de laboratório para a obtenção de módulos de deformabilidade ou
de compressibilidade pode conduzir a previsão de deslocamentos em muito superiores
aos que ocorrerão na barragem, devido à três fatores básicos, que seriam:

a) Medida incorreta das deformações resultantes da compressibilidade do próprio


equipamento utilizado.

b) Impossibilidade de reproduzir em laboratório o estado de tensões que ocorrerá no


maciço e suas fundações.

c) Utilização de amostras moldadas em laboratório que têm uma estrutura diferente


da resultante da ação dos equipamentos de campo. Mesmo quando se utilizam
amostras talhadas de blocos indeformados, há a dificuldade de se avaliar as variações
volumétricas que ocorrem no processo de amostragem (desconfinamento) e
transporte (perda de umidade e até quebra da estrutura).

Ferreira (1993) apresenta resultados de ensaios de adensamento procedidos num solo


poroso, com medidores da deformabilidade global e da deformabilidade efetiva, ou seja,
da deformabilidade do solo descartada da deformabilidade do equipamento.

É surpreendente constatar que os equipamentos usuais de laboratório possam responder


por cerca de 20% da deformabilidade medida. Calculando-se os módulos de
compressibilidade para a deformação efetiva e a deformação global, chega-se aos
seguintes valores:

Ed = 83 kg/cm² (p/ 1kg/cm²) e 250 kg/cm² (p/ 10kg/cm²) – efetiva


Ed = 40 kg/cm² (p/ 1kg/cm²) e 167 kg/cm² (p/ 10kg/cm²) – global

Moreira (1985) mostra resultados de ensaios edométricos procedidos em amostras de solo


residual de metassedimento (Barragem de Tucuruí – PA) compactadas em laboratório e
moldadas de blocos indeformados retirados da barragem. Na Figura 2.2 são mostradas
medidas de deformações observadas na barragem.

- 13 -
Figura 2.2 - Deformação vertical x tensão vertical (1) (Cruz, 1996).

Na Figura 2.3 são mostrados resultados de ensaios triaxiais tipo PN (σ3/ σ1) = constante),
comparados a medidas de deslocamentos verticais da barragem.

Figura 2.3 - Deformação vertical x tensão vertical (2) (Cruz, 1996).

Das figuras apresentadas é possível constatar a imprecisão na previsão de recalques


quando se recorre a ensaios usuais de laboratório.

- 14 -
2.3 Compressibilidade Intrínseca do Solo

Marangon (2009) diz que compressibilidade é uma característica que todos os materiais
possuem de se deformarem quando submetidos à aplicação de uma força extrema.

Nos solos podem ocorrer dois tipos de deformações: as deformações volumétricas que
são denominadas compressões e as deformações de forma também chamadas de
distorções.

As compressões são um processo pelo qual a massa de solo sob a ação de uma
determinada carga varia seu volume inicial, porém mantendo sua forma constante. Já as
distorções são deformações pelo qual uma massa de solo também sob a ação de uma
determinada carga muda sua forma, porém mantendo seu volume constante.

O adensamento é um processo de deformação que os solos estão sujeitos e que consiste


na redução gradual do volume do solo saturado devido a movimentação e drenagem da
água localizadas nos espaços vazios da estrutura do solo.

2.3.1. Recalque Elástico

O recalque elástico ou recalque imediato, segundo Marangon (2009) está associado a


deformações elásticas cisalhantes a volume constante logo após a construção do aterro
sobre o terreno, sem qualquer alteração no teor de umidade.

2.3.2. Recalque por Adensamento

Ainda Marangon (2009) menciona que o recalque por adensamento ocorre quando a água
intersticial localizada na camada de solo compressível escapa, de forma tridimensional,
diminuindo os vazios do solo e, consequentemente, o volume total do solo em todas as
direções. Caso a camada de solo esteja confinada haverá a diminuição na altura.

- 15 -
2.3.3. Recalque por compressão secundária

Ocorre em solos coesivos sendo um fenômeno do resultado de um ajuste plástico da


estrutura do solo que ocorre sob tensão efetiva constante.

2.4 Fluência

Mitchell (2005) menciona que a fluência é quando o solo submetido a uma carga
constante se deforma ao logo do tempo e o inverso dessa situação pode ser entendido
como relaxamento. Tanto fluência como relaxamento são duas consequências do mesmo
fenômeno que são a relação do tempo com o carregamento e as alterações nas estruturas
do solo.

As deformações dependentes do tempo são importantes em problemas geotécnicos nos


casos em que em longo prazo ocorra variação no comportamento como, por exemplo, o
assentamento de estruturas sobre solos compressíveis, deformações de estruturas de terra,
movimentos de encostas e taludes, obra escavadas como túneis, entre outras.

A consequência da deformação do solo em função do tempo pode assumir diversas formas


de patologias devido às interações complexas entre as estruturas do solo, histórico de
carregamentos, condições de drenagem, mudanças de temperatura e pressão além das
ações dos intemperismos.

Esses fenômenos de deformação do solo correlacionado ao tempo são importantes não


apenas para conhecimento da causa na aplicação de problemas práticos, mas também
porque os resultados podem ser utilizados para obter informações fundamentais da
estrutura do solo, ligação interparticula e os mecanismos de controle do comportamento
de força e deformação.

Como pode ser observado na Figura 2.4, fluência é a relação do tempo com o
carregamento podendo ocorrer como forma de cisalhamento e/ou deformações
volumétricas a uma taxa controlada da resistência viscosa do solo.

- 16 -
Figura 2.4 - Relação entre fluência e tensão (Mitchell, 2005).

A fluência mostrada na Figura 2.4 pode ser dividida em três estágios. Após a aplicação
de uma tensão, ocorre o primeiro período da fluência transitória durante o qual a linha da
taxa diminui com o tempo, seguido por uma fluência em quase uma taxa constante por
algum período. Para materiais suscetíveis a ruptura por fluência, a taxa então acelera
levando a falha. Esses três estágios são denominados primários (Primary), secundários
(Secondary) e fluência terciária (Tertiary).

Essa relação do tempo com a fluência, ou Creep pode ser representada por curvas lineares,
côncavas ou convexas conforme imagem a seguir (Figura 2.5):

- 17 -
11

Silty Clay
50% of failure stress
10 W=19% yd 108 PCF

9
Compacted Silty clay-50%
of failure stress
8 w-=19%, yd 109 PCF

7
Silt clay – saturated after kneading
Compaction 50% of failure stress Undisturbed Osaka clay
Creep Strainn (%)

4
Saturated Hlite

3
Jordan Buff Natural clay-60% of failure stress Cucaracha clay shale
W=24,1% yd 100 PCF

2
Silty clay – static compaction 50% of failure stress
W=19,3%, yd 108 PCF

1
Bentonite w=384%

Compacted Kaolinite, oven dried 60% of failure stress


0
0.1 1.0 10 Time (min) 100 1000 10.000

Figura 2.5 - Relação do tempo com a fluência (Mitchell, 2005).

Mitchell (2005) menciona que a pressão dos poros pode aumentar, diminuir ou
permanecer constante durante a fase de fluência, dependendo da alteração do volume do
solo e da condição de drenagem durante o processo de deformação. Em geral maciços de
argilas sensíveis saturados sob condições não drenadas são mais suscetíveis à perda de
resistência durante a fluência devido a redução da tensão efetiva causada pelo aumento
da pressão da água nos poros com o tempo. Apesar disso, argilas superconsolidadas sob
condições drenadas também são suscetíveis à ruptura por fluência devido ao
amolecimento associado ao aumento de água por inchaço ou dilatação.

- 18 -
2.5 Compressibilidade do Solo em Barragens

Os materiais que compõem o maciço da barragem e os materiais de fundação sofrem


deformações devido às solicitações aplicadas que podem ser explicados pelas teorias da
elasticidade e plasticidade a os modelos reológicos.

ELETROBRÁS (2003) utiliza estudos simplificados de recalques da fundação através de


soluções analíticas da Teoria da Elasticidade.

As investigações geológicas-geotécnicas juntamente com os ensaios de laboratório irão


prover os parâmetros de compressibilidade e de deformabilidade dos materiais do maciço
e da fundação. Com a fase de construção do maciço da barragem os recalques vão
ocorrendo, sendo divididos em recalques da fundação, recalque do maciço e recalques
diferenciais.

Esses recalques podem prejudicar o comportamento do maciço e que por sua vez devem
ser previstos em projeto, e minimizados através de técnicas construtivas para que os seus
efeitos não comprometam a segurança da estrutura.

Os recalques da fundação e do aterro serão observados na crista da barragem, enquanto


os recalques diferenciais terão sua magnitude observada através de trincas no corpo da
barragem.

Também é um fato que deformações rápidas são observadas em solos arenosos ou solos
argilosos não saturados, enquanto em solos argilosos saturados os recalques são muito
lentos, pois é preciso a expulsão da água dos vazios do solo.

Pode-se dizer que a deformabilidade do solo está diretamente relacionada a


compressibilidade e que o efeito da deformação pode ser representado pelo recalque
uniforme ou diferencial. Assim se em uma fundação a deformação for em uma única
direção será dita uniforme e para variações em diferentes trechos da deformação será dita
diferencial.

- 19 -
Uma citação de Costa (2012) é que a compressibilidade ocorre de forma mais intensa em
solos moles e solos porosos e colapsíveis. Os solos moles são representados por argilas,
areias argilosas e siltes argilosos. Já os solos porosos são aqueles que apresentam
macroporos visíveis a olho nu com alto grau de porosidade e baixo teor de umidade.

As análises de recalque, bem como as análises de tensão x deformação em projetos de


barragem, tem por finalidade:

a) Verificar a compatibilidade de deformações entre os diversos materiais


constituintes da barragem, de suas fundações e estruturas adjacentes;

b) Avaliar o potencial de ocorrência de ruptura progressiva do maciço e da


fundação;

c) Otimizar a posição do núcleo, no caso da barragem de seção mista;

d) Analisar os riscos de fissuramento do núcleo, ocasionado por zonas de tração ou


por fraturamento hidráulico;

e) Subsidiar o projeto de instrumentação, identificando os pontos críticos a serem


instrumentados;

f) Otimizar o projeto de escavações, de modo a manter os recalques diferenciais,


dentro de níveis admissíveis;

g) Determinar a sobre-elevação da crista para compensação de recalques pós-


construtivos.

Existe um grande conteúdo histórico da literatura (Cruz, 1996) de compressibilidade de


solos obtidos de diferentes medidas em barragens.

A Tabela 2.3 apresenta um acervo de dados “de campo” permitindo prever de forma
preliminar os deslocamentos verticais esperados em barragens de terra, ou em núcleos de
barragem de enrocamento. Para cada caso e para cada pressão são apresentadas três
grandezas: recalque percentual relativo à altura de camada; recalque específico; e módulo
de deformabilidade.

- 20 -
(1) – o recalque percentual relativo a altura de camada %

(2) – o recalque específico .

(3) – o módulo de deformabilidade.

Tabela 2.3 - Dados de recalque e módulo de deformabilidade (Cruz, 1996)


Pressão Vertical (kg/cm²)
Barragem Material Grandeza
1 2 4 6 10
Solo residual de 1 0 0,08 0,40 0,80 2
Capivara
basalto compactado 2 0 0,04 0,04 0,13 0,20
H = 60m
Δh (*) < 0 “seco” 3 - 2500 2500 500 200
Solo residual de 1 0 0,38 0,90 1,30 2,10
Capivara
basalto compactado 2 0 0,19 0,225 0,21 0,21
H=60m
Δh (*) > 0 3 - 526 444 461 461
Solo residual de 1 0 0,20 1,20 1,60
Salto Osório
basalto compactado 2 0 0,10 0,30 0,266
H=65m
Δh (*) > 0 3 - 1000 333 375
Solo residual de
1 1,8 2,0 - 4,0
Paço Real basalto compactado
2 0,30 0,20 - 0,40
H-58m úmido
3 333 500 - 250
Δh (*) > 0
Pedra do 1 0,05 0,20 0,70 1,60
Cavalo Solo Compactado 2 0,05 0,10 0,175 0,266
H-140m 3 2000 1000 571 375
Legenda: (*) – Δh: variação de umidade

2.6 Barragens de Terra

Dentre os diversos tipos de construções de barragem (barragem de concreto gravidade,


barragem de concreto contrafortes, barragem de concreto arco duplo, barragem de terra-
enrocamento), as barragens de terra homogênea são as mais usuais no meio da mineração,
seja pela condição topográfica ou pela disponibilidade de materiais. A seguir serão
apresentados dois casos de barragem de terra e seus respectivos dados e problemas
geotécnicos.

2.6.1. Barragem de Três Marias

A Usina Hidrelétrica de Três Marias está localizada no Rio São Francisco na porção
central do estado de Minas Gerais e teve por objetivo múltiplas funções como controle de
enchentes, navegação, irrigação e geração de energia elétrica (Carim, 2007).

- 21 -
A construção do empreendimento durou cerca de 4 anos entre os anos de 1957 a 1961 e
seu projeto foi inicialmente elaborado pela empresa Servix Engenharia e complementado
pela empresa Norte americana InternationalEnginneringCo (Mello, 2014). Destaca-se a
participação do professor Arthur Casa Grande como consultor para o projeto de fundação
e aterro da barragem (Carim, 2007).

Outro ponto de importante citação foi a presença de Jack Hilf na obra em 1957 aplicando
seu então novo Método de HILF para controle de compactação. Logo após essa histórica
aplicação, seu método se espalhou para quase todas as barragens brasileiras até meados
da década de 70 quando foi substituído pelo Hilf-Proctor (Cruz, 1996). Abaixo, pode-se
conhecer melhor a UHE de Três Marias, nas Figuras 2.6 e 2.7.

Figura 2.6 - Arranjo geral da UHE Três Marias (adaptado de CBDB, 1982, p. 570).

- 22 -
Figura 2.7 - Vista área da UHE de Três Marias (CEMIG).

 Projeto e características

O projeto do barramento compreende os seguintes números: 2.700 metros de


comprimento, 70 metros de altura, 13.000.000 m³ de aterro compactado, 947.000 m³ de
enrocamento e 250.000 m³ de areia para o sistema de drenagem interna.

 Maciço da Barragem de Três Marias

A barragem da UHE de Três Marias, classificada como uma barragem homogênea, é


composta de diferentes materiais, sendo composta por 3 zonas distintas incluindo o
núcleo e uma zona 4, externa ao corpo da barragem.

Como apresentado nas Figuras 2.8 e 2.9, o trecho da ZONA 1 é composto de argila
laterítica vermelha, já na ZONA 2 é composto de siltes arenosos ou argiloso e na ZONA
3 foram utilizados vários tipos de solo contendo quantidades consideradas de pedregulho.
E por fim na ZONA 4 materiais locais disponíveis sendo materiais úmidos, secos e até
mesmo com a presença de material orgânico.

- 23 -
Figura 2.8 - Seção da barragem do leito do rio de Três Marias (Carim, 2007).

Figura 2.9 - Seção da barragem sobre os condutos de Três Marias (Carim, 2007).

 Geologia da Barragem de Três Marias

Segundo Carim (2007) pode-se dividir a fundação da Barragem de Três Marias, conforme
Figura 2.10, em quatros grupos, com características de natureza complexa e distintas
sendo; ombreira direita uma região de rocha decomposta, leito do rio com presença de
rocha sã, a planície de inundação da margem esquerda com uma camada de argila
orgânica e pôr fim a ombreira esquerda com camadas de areia e cascalho além de material
residual.

- 24 -
Figura 2.10 - Seção geológica da barragem de Três Marias - detalhamento das camadas
de cascalho da fundação (Carim, 2007).

Destaca-se que as curvas recalques x tempos, por Carim (2007) “mostraram que 86% do
recalque total tenderia a ocorrer quase imediatamente após a aplicação da sobrecarga
devido aos elevados valores do índice de vazios. Para uma melhor avaliação das
consequências dos grandes recalques previstos, foram estimados os recalques diferenciais
específicos, ou seja, os recalques diferenciais por unidade de comprimento, para
determinados pontos de seções transversais da barragem e de uma seção longitudinal
passando pelo eixo da mesma. Nessas estimativas foi considerada a remoção de 2m mais
superficiais da argila porosa”.

Carim (2007) menciona “estes recalques foram admitidos como extremados e não
passíveis de danos à barragem, uma vez que foram quantificados sem se levar em
consideração os efeitos da compactação superficial com o rolo pneumático da camada
porosa. Na direção do eixo da barragem, os recalques diferenciais específicos estimados
foram sistematicamente menores. Para a região do núcleo, composta de material muito
mais plástico e sujeito a recalques diferenciais de menor valor, não foi prevista a
possibilidade de fissuramentos induzidos por recalques e hipótese similar foi adotada para
as seções longitudinais, uma vez que, além dos recalques diferenciais específicos
apresentarem-se reduzidos, a continuidade de eventuais fissuramentos seria restringida
pelo próprio dreno vertical de areia da barragem de Três Marias”.

- 25 -
Ainda Carim (2007) destaca em seu trabalho que se pode resumir que para o tratamento
de fundação dessa região foi realizada a remoção de 2 metros da argila porosa e
compactação da camada remanescente.

 Recalques da Fundação da Barragem de Três Marias

Foram instalados medidores de recalque após a remoção de uma espessura de 2 metros


da fundação e posteriormente foram instalados medidores já durante o aterro na direção
paralela ao eixo da barragem. Após 400 dias de leitura e aferição constatou e confirmou
as previsões dos recalques teóricos, sendo que a argila porosa da ombreira esquerda teve
uma compressão instantânea, da ordem de 70% dos valores obtidos em ensaios.

Após o enchimento do reservatório em setembro de 1961 e conclusão do aterro foi


realizada nova leitura dos marcos obtendo os seguintes recalques:

a) Recalque máximo de 1,36m registrado na zona do eixo da barragem; o recalque


diferencial máximo específico foi de 1:79.

As Figuras 2.11 e 2.12 ilustram as medidas dos recalques ao longo das seções e ao eixo
da barragem.

Figura 2.11 - Perfis de recalque para a seção transversal da barragem (Carim, 2007).
- 26 -
b) Longitudinalmente, o recalque máximo registrado foi de 0,93m e o recalque
diferencial específico máximo ocorrido na seção longitudinal foi de 1:167.

Figura 2.12 - Perfis de recalque para a seção longitudinal da barragem (Carim, 2007).

As Figuras 2.13 a 2.15 ilustram os recalques de fundação medidos por meio de medidores
instalados na seção longitudinal ao eixo da barragem.

Figura 2.13 - Recalque de fundação medidos por meio de medidores instalados na seção
transversal ao eixo da barragem (Carim, 2007).

- 27 -
Figura 2.14 - Recalques de fundação medidos por meio de medidores instalados na seção
longitudinal ao eixo da barragem (Carim, 2007).

Figura 2.15 - Perfil longitudinal da barragem e da evolução dos recalques superficiais


(Carim, 2007).

- 28 -
 Conclusões dos recalques da fundação da Barragem de Três Marias

Carim (2007) destaca em seu trabalho que os recalques diferenciais ocorridos na


barragem podem ter induzido trincas internas cujo resultado mostrou na seção da
barragem valores de recalques da ordem de 136 cm em uma camada de argila com 7
metros de espessura. Já longitudinalmente a barragem o recalque máximo registrado foi
de 93 cm.

2.6.2. Barragem de Juturnaíba

A barragem de Juturnaiba foi erguida a cerca de 78 km das nascentes do Rio São João,
em Silva Jardim - RJ e Araruama - RJ, Região dos Lagos, pouco acima da confluência do
canal do Revolver com o rio principal. A barragem assenta-se entre os morros do
Madureira e Crioula, que constituem as suas “ombreiras”. Construída transversalmente
ao Rio São João, ela é composta de dois diques de terra compactada com 3.400m de
comprimento total, cuja crista se situa na cota de 11m. No meio, há um vertedouro em
concreto do tipo zigue-zague, com 710m, dispondo de quatro elementos. Em ambos os
lados do vertedouro foram construídas duas tomadas de água. Pelo vertedouro, através
das comportas, as águas da represa são escoadas para o canal retificado a jusante.

O projeto da barragem de Juturnaíba foi desenvolvido pela empresa de Engenharia


Gallioli e as obras de construção da barragem foram executadas pela empresa Queiroz
Galvão entre 1978 e 1984. A empreitada sofreu diversos atrasos devido à interrupção
constante da liberação de verbas, aos problemas enfrentados pela instabilidade dos solos
nos locais previstos para instalação das fundações e pela falta de áreas adequadas para
extração de terra e pedra requeridas para construção da barragem. Em 1982 iniciou-se o
enchimento da represa, cujo nível de água operacional foi atingido em 1984, ano em que
as obras foram dadas por concluídas.

- 29 -
 Projeto e características

O local de implantação da barragem de Juturnaíba (Figura 2.16) situa-se em região onde


se distinguem dois aspectos geomorfológicos: a planície aluvionar e as “ilhas” morros e
serras, conforme descreve Borges (1991).

Figura 2.16 - Localização da Barragem de Juturnaíba (Borges, 1991).

Borges (1991) descreve que a planície apresenta leve inclinação NW para SE (do lado de
Poço das Antas) em direção a São Vicente de Paula, desenvolvendo-se no local das obras
entre as cotas 6,70 e 3,40 metros aproximadamente e formada por sedimentos aluvionares
recentes, depositados pelo Rio São João, seus formadores e seus afluentes. Os rios
percorrem a planície formando meandros, lagoas secas e braços mortos.

As "ilhas" são denominações locais dadas aos morrotes que sobressaem na planície e
alcançam, nas imediações do eixo da barragem, cotas máximas da ordem de 45 m (ilhas
das Crioulas) e 56 m (ilha do Madureira). São extensíveis isoladas pela erosão dos
terrenos que formam o embasamento cristalino da área, constituído por rochas gnáissicas
pré-cambrianas e que formam os morros e serras da região.

- 30 -
A barragem foi construída de forma zonada apresentando trecho com extensão
aproximada de 1300 metros com fundação sobre solos argilosos orgânicos moles.

A construção foi feita por etapas, por motivos de estabilidade, no período de 2/6/1981 a
8/2/1983. Destaca-se que houve a remoção de 3 a 4 metros desde o início da berma de
montante até a berma de jusante situada na cota 7,5m, conforme Figura 2.17:

Figura 2.17 - Seção transversal Trecho V Estaca 40 (Borges, 1991).

 Fundação da barragem de Juturnaíba

O aluvião de fundação pode atingir 22 metros de espessura e foram detectadas lentes de


argila orgânica, turfa e argila arenosa preta. Assim houve uma divisão da seção da
barragem em três trechos (Figura 2.18):

Figura 2.18 - Seção transversal da barragem de Juturnaíba – Trecho 1 (Borges, 1991).

Nos trechos III, III-1 e III-2 a barragem apoia-se sobre 12 metros de argila mole e turfa.
As investigações de campo e laboratório mostravam uma resistência não drenada entre 5
e 12 kPa.

- 31 -
Para esses valores Cruz (1996) sugere que seria necessário um talude médio de 8(H): a
10(H): 1(V), incluindo as bermas, como é possível ver na Figura 2.19:

Figura 2.19 - Seção transversal da barragem de Juturnaíba – Trecho III (Cruz, 1996).

Como parte do estudo do projeto da barragem foi executado um aterro experimental de


campo conforme ilustrado (Figura 2.20) com a seção transversal e perfil geotécnico,
próximo ao local da obra. A previsão era de que, com talude 2 (H):1 (V), o aterro, ao
atingir 6,5m de altura, romperia. Essa expectativa foi frustrada, pois apesar de apresentar
recalque de 1 m o aterro foi alterado até 9,5m sem ruptura generalizada.

- 32 -
Figura 2.20 - Perfil geotécnico - Seção transversal (Coutinho, 1986).

As retroanálises e a interpretação dos dados de instrumentação levaram a um valor médio


de resistência não drenada do solo mole maior que 17,5 kPa. Esse valor foi adotado no
projeto da barragem e das bermas com um fator de segurança de 1,2.

O talude médio da barragem foi da ordem de 6 (H):1 (V). Em relação ao projeto original
foram economizados 400.000 m³, ou seja, 27% do volume inicialmente previsto.

Cruz (1996) ainda refere que barragens apoiadas em solos moles requerem bermas de
estabilização, que resultam em taludes médios extremamente abatidos. Isso pode ser
observado na Figura 2.21:

Figura 2.21 - Barragem de Juturnaíba - Trecho III-2 e II (Cruz, 1983, p. 317).


- 33 -
 Recalques da fundação da barragem de Juturnaíba

Cruz (1996) menciona que no caso da barragem de Juturnaíba há medidas de recalques


diferenciais específicos de até 1/45 entre duas seções da barragem apoiadas em formações
que contém vários estratos arenosos, que praticamente desaparecem na seção seguinte.

Essas deformações diferenciais podem gerar trincas no maciço compactado, dando


origem a fluxos concentrados de água que devem ser controlados pelo sistema de
drenagem interna.

 Conclusões dos recalques da fundação da barragem de Juturnaíba

Borges (1991) apresenta resultados das curvas de recalque versus tempo medidas e
calculadas com e sem compressão secundária referentes às estacas 15, 20,25 e 30 (Figuras
2.22 e 2.23).

Figura 2.22 - Recalques totais medidos e calculados - Estaca 15 (Borges, 1991).

- 34 -
Figura 2.23 - Recalques totais medidos e calculados - Estaca 20 (Borges, 1991).

Borges (1991) conclui que os valores calculados, considerando a compressão secundária,


apresentam-se próximos aos valores medidos para as estacas 15 e 30 e um pouco
superiores para os das estacas 20 e 25.

Já Cruz (1996) em seu livro menciona que no trecho da barragem de Juturnaíba, fundado
em argila mole foram registrados deslocamentos horizontais de até 28 cm. Estes se
desenvolveram num processo de velocidades crescentes, indicando um princípio de
ruptura.

Assim houve a necessidade de criação de uma berma de elevação de 5,5 m com o fim de
restabelecer o equilíbrio. Os deslocamentos medidos nas etapas seguintes da obra
guardaram uma distorção angular considerada segura e podem ser observadas na Figura
2.24 a seguir.

- 35 -
Figura 2.24 - Barragem de Juturnaíba - c, d (Cruz, 1983, p. 399).

- 36 -
CAPÍTULO 3
ESTUDO DE CASO

A barragem do Torto (Figura 3.1) será implantada no município de Barão de Cocais,


estado de Minas Gerais. A estrutura teve sua construção iniciada em 2018 e deve começar
a operar a partir de outubro de 2020, ela tem como objetivo receber os rejeitos de minério
de ferro gerados na mina de Brucutu.

Além da função de receber os rejeitos de minério de ferro gerados na mina de Brucutu, a


barragem do Torto terá a função de recircular água na planta da mina para suprir as
necessidades operacionais.

Figura 3.1 - Arranjo do Projeto Detalhado da barragem do Torto sobreposto em imagem


aérea e a barragem de Laranjeiras na porção oeste da imagem (Google Earth, acessado
em 2018).

- 37 -
3.1 Barragem do Torto

A barragem do Torto está sendo implantada na bacia hidrográfica do córrego do Torto,


cerca de 2,6 km ao norte das instalações industriais da Mina de Brucutu a leste da
barragem de Laranjeiras, localizadas no município de São Gonçalo do Rio Abaixo/MG,
aproximadamente 105 km a leste de Belo Horizonte/MG (Figura 3.2).

Figura 3.2 - Localização da área de implantação da Barragem do Torto (Google Earth,


acessado em 2018).

A estrutura, a ser implantada em solo compactado, possuirá crista na EL. 718,00 m, 10 m


de largura de crista e comprimento da ordem de 540 m. Os taludes de montante e jusante
foram definidos com inclinações de 2,20H:1,00V, sendo o talude de montante em talude
único e o de jusante com bermas de 3,00 m a cada 10,00 m de desnível. A altura da
barragem será da ordem de 55 m, sendo o volume geométrico do maciço, incluindo
elementos de drenagem interna, da ordem de 1.670.000 m³. Os taludes de jusante,
inclusive bermas, serão revestidos com grama em placa e o de montante, em talude único,
protegido com transição ampla e enrocamento (rip-rap).

- 38 -
Os elementos de drenagem interna, filtro inclinado em areia, e tapete sanduíche em brita
2; brita 0; e areia, possuem largura e espessura de 1,00 m e 1,50 m, respectivamente. Estes
elementos, dimensionados para controlar a percolação pelo maciço e fundação, serão
monitorados pela implantação de piezômetros do tipo Casagrande com bulbo no tapete e
fundação. Ademais, haverá a implantação de uma linha de poços de alívio na região do
pé da barragem, espaçados a cada 6,00 m para auxiliar na dissipação das subpressões
observadas na região do pé da barragem, assim como nas investigações de campo
executadas. Possuirá ainda a implantação de medidores de vazão de calha triangular na
região do pé da barragem de forma a monitorar as vazões percoladas pelos elementos de
drenagem interna, assim como dissipadas pelos poços de alívio implantados. Para o
monitoramento de possíveis recalques, prevê a implantação de marcos superficiais na
crista e nas bermas do talude de jusante.

O extravasor da estrutura, a ser implantado na região da ombreira esquerda, é


preponderantemente em concreto armado, possui emboque na EL. 715,00 m, o que
imputa uma altura de espera para o trânsito de cheias de 3,00 m, porém não em toda a
área de ocupação do reservatório uma vez que a estrutura receberá rejeito, material que
deposita com inclinações variáveis a depender do ponto de lançamento e condições
reológicas de transporte e segregação.

O reservatório da estrutura, com capacidade de armazenamento da ordem de 16 Mm³ de


rejeito, possui uma área aproximada de 100 ha e receberá rejeitos totais lançados de dois
pontos locados na cabeceira do reservatório. Os rejeitos depositados no reservatório da
barragem serão os rejeitos totais oriundos da exploração do minério de ferro na mina de
Brucutu. Além da função de receber os rejeitos gerados na mina, a barragem terá a função
de recircular água na planta para suprir as necessidades operacionais.

A Tabela 3.1 a seguir resume as principais características da barragem do Torto.

- 39 -
Tabela 3.1 - Resumo das principais características da Barragem do Torto (Geoestável
2019).
DADOS GERAIS BARRAGEM DO TORTO

Finalidade Contenção de rejeitos e recirculação de água


Etapa Construtiva Fase Única
Previsão de Conclusão 2020
Cota Projeto da Crista (m) 718,00 (Projeto)
Cota Projeto da Base (m) 663,40 (Projeto)
Altura Projeto da Barragem (m) ≈ 55,00
Comprimento Projeto da Crista (m) 540,00
Largura Projeto da Crista (m) 10,00
Inclinação Talude de Montante 2,20H/1,00V
Largura Bermas Taludes de Montante (m) Sem berma
Inclinação Talude de Jusante 2,20H/1,00V
Largura Bermas Taludes de Jusante (m) 3,00
Volume do Maciço (m³) - Geométrico 1.668.459,42
Capacidade do Reservatório (m³) Elev. 718,00 m 16,4 x 106

3.2 Investigação de Campo

Esta é uma fase necessária para a caracterização dos materiais envolvidos na construção
da barragem – fundação e áreas de empréstimo, assim como conhecer a subsuperfície em
seus aspectos litológicos, geotécnicos e geomecânicos.

Para esse projeto foram realizadas sondagens mistas (SM) (percussão com medidas de
SPT a cada metro nos solos e rotativa no maciço rochoso); ensaios de infiltração em solos
e perda d’água sob pressão nos trechos em rocha; sondagens a trado (ST) nas áreas de
empréstimo com coleta de amostras deformadas para ensaios laboratoriais e poços de
inspeções para conhecimento do perfil estratigráfico e coleta de amostras indeformadas
(AI) e amostras deformadas (AD) na fundação da barragem.

3.3 Sondagens

Foram realizadas 3 fases de investigação de sondagem entre os anos de 2017 e 2019, com
um total de 1.029 metros de sondagem em 43 furos. Os furos foram executados com uma
média de 24 metros com uma profundidade máxima de 43 metros. Algumas fotos dos
testemunhos estão ao final do trabalho anexadas.

- 40 -
3.4 Materiais de Empréstimo e Ensaios

De forma geral, foram realizados 354 trados registrados em coordenadas UTM no


DATUM/ZONA SAD 69/23K, distribuídos nas potenciais áreas de empréstimos
delimitadas (Figura 3.3).

Figura 3.3 - Imagem de Satélite das sondagens à trado realizadas na área interna
prevista do reservatório (Google Earth, 2018).

Os potenciais materiais avaliados na região do reservatório contemplam solos colúvio-


eluvionares e solos residuais / solos saprolíticos, associados, em grande parte, as rochas
do complexo gnáissico. Já os horizontes averiguados nos alvos externos ao reservatório
são representados por solos lateríticos oriundos de itabiritos/formações ferríferas, além
de solos de alteração de xisto.
- 41 -
Nas Tabelas 3.2 e 3.3 são apresentados os cálculos dos volumes previstos para cada área
interna e externa ao reservatório.

Tabela 3.2 - Volume de Colúvio nas áreas de empréstimo internas ao reservatório


(Geoestável, 2018).
ÁREA SUBAREA AREA (m²) ESPESSURA VOUME TOTAL
MÉDIA (m) COLUVIO (m³)
A 23.408,80 1,80 42.135,84
AE-01 B 21.809,87 2,45 53.434,18 126.334,87
C 19.228,03 1,60 30.764,85
A 24.431,22 1,96 47.885,19
AE-02 60.156,23
B 9.439,26 1,30 12.271,04
AE-03¹ Solo Residual Jovem
A 32.284,70 2,13 68.766,41
AE-04 90.939,30
B 12.598,23 1,76 22.172,88
AE-05 - 60.042,83 2,10 126.089,94 126.089,94
AE-06 - 17.407,74 2,40 41.778,58 41.778,58
AE-07 - 65.046,34 2,25 146.354,27 146.354,27
SOMA 591.653,18

Tabela 3.3 - Volume de Solo Residual nas áreas de empréstimo internas ao reservatório
(Geoestável, 2018).
ÁREA SUBAREA AREA (m²) ESPESSURA VOUME SOLO TOTAL
MÉDIA (m) RESIDUAL (m³)
A 16.714,23 2,33 38.944,16
AE-01 B 25.035,20 1,91 47.817,23 109.873,00
C 13.866,97 1,67 23.111,62
A 21.675,68 3,67 79.549,75
AE-02 107.867,53
B 9.439,26 3,00 28.317,78
AE-03¹ Solo Residual Jovem
A 24.675,36 1,60 39.480,58
AE-04 64.780,63
B 8.187,72 3,09 25.300,05
AE-05 - 56.161,29 2,18 122.431,61 122.431,61
A 6.137,00 2,30 14.115,10
AE-06 28.674,70
B 4.412,00 3,30 14.559,60
A 20.328,61 1,76 35.778,35
AE-07 112.279,25
B 27.321,75 2,80 76.500,90
SOMA 545.906,73

3.4.1. Solo Coluvionar (COL)

Colúvios são solos oriundos de depósitos de materiais inconsolidados, normalmente


transportados por gravidade e também pela água, constituem depósitos pouco espessos
compostos por misturas de solo e blocos de rocha pequenos.

- 42 -
Diante da campanha de trados realizada nas áreas internas ao reservatório, anteriormente
apresentada, foram selecionadas 26 amostras para ensaios de caracterização completa.

Diante dos resultados apresentados para as 26 amostras de colúvio ensaiadas, é possível


observar que a massa especifica dos grãos varia de 2,86 a 2,53 g/cm³, sendo a média dos
ensaios de 2,66 g/cm³.

Quanto à umidade natural, os valores observados nos ensaios apresentaram uma variação
da ordem de 10%. Todavia, quando se compara os valores da umidade natural com os
valores de umidade ótima dos ensaios de Proctor Normal, observa-se proximidade entre
os valores, sendo que a maior variação foi de aproximadamente 8%.

Quanto aos limites de Atterberg, Limite de Liquidez (LL) e Limite de Plasticidade (LP),
observou variações na casa das dezenas, sendo os LL e LP máximos iguais a 65% e 36%
e os LL e LP mínimos iguais a 36% e 16%.

Diante da compilação das curvas granulométricas, é possível observar que todos os


colúvio ensaiados apresentam a parcela fina (peneira n°200 – 0,075 mm) superior a 50%.

Figura 3.4 - Curvas Granulométricas para os solos coluvionares AE-01 a AE-07


(Geoestável, 2018).

- 43 -
3.4.2. Solo Residual (SR)

O solo residual é a camada superficial que guarda as características herdadas da rocha de


origem, onde os minerais exibem sinais evidentes de alteração com as perdas de brilho e
cor.

No sentido de interpretar os resultados dos ensaios geotécnicos e campanhas de sondagem


trado, foram selecionadas 27 amostras para ensaios de caracterização completa.

Das amostras coletadas e ensaiadas a massa específica dos grãos variou de 2,87 a 2,49
g/cm³, sendo a média dos ensaios de 2,69 g/cm³.

Quanto a umidade natural, os valores observados nos ensaios apresentaram uma variação
da ordem de 25%. Todavia, quando se compara os valores da umidade natural com os
valores de umidade ótima dos ensaios de Proctor Normal, observa-se uma variação que a
umidade tende a estar abaixo da umidade ótima indicada pelo ensaio.

Quanto aos limites de Atterberg, Limite de Liquidez (LL) e Limite de Plasticidade (LP),
observou variações na casa das dezenas, sendo os pares de LL e LP máximos iguais a
55% e 27% e os pares de LL e LP mínimos iguais a 22% e 14%.

Apesar da parcela de silte prevalecer, a parcela de argila presente, apesar de inferior, tende
a imputar certa plasticidade ao material, o que viabiliza a sua utilização como material de
empréstimo.

- 44 -
Figura 3.5 - Curvas Granulométricas para os solos residuais AE-01 a AE-07
(Geoestável, 2018).

3.5 Fundação da Barragem

De forma abrangente, os materiais presentes na região de fundação da barragem foram


classificados como:

a) ALUVIÃO (AL) - Material inconsolidado de coloração cinza, negra, marrom


escuro e cinza esbranquiçado de composição argilosilto arenoso a arenoso com
presença de camadas orgânicas, variando de tonalidade escura a acinzentada.

b) COLÚVIO (CO) - Solo mal selecionado de cor marrom e vermelha com textura
variando de argilo-silto-arenosa a silto-argilo-arenosa com a presença de grânulos de
quartzo, com eventuais zonas com seixos a blocos (até 2 metros de diâmetro) de
gnaisse.

c) SOLO RESIDUAL DE GNAISSE (SR) - Solo autóctone de coloração rosada a


bege, com composição variando entre silto-arenosa a areno-siltosa.

d) SAPROLITO DE GNAISSE (SAP) - Solo autóctone de coloração cinza


esbranquiçado, bege e rosa claro, de composição silte arenosa a areno-siltosa, com
trechos arenosos, com estruturas reliquiares da rocha original. Núcleos rochosos
podem ocorrer, assim classifica-se este material de escavação nas categorias 1 e 2.

- 45 -
e) MACIÇO ROCHOSO DE GNAISSE medianamente intemperizado (W3),
resistente (R4) e medianamente a muito fraturado (F3/F4).

f) MACIÇO ROCHOSO DE GNAISSE medianamente a levemente intemperizado


(W3/W2), resistente a muito resistente (R4/5) e maciço a pouco fraturado (F1/F2).

O maciço em solo compactado será assentado, na região do fundo do vale, sobre solo
saprolitico de granito-gnaisse, sendo a camada de aluvião no leito do rio totalmente
removida. Na região das ombreiras, o maciço será assentado sobre solo residual após a
remoção da camada de colúvio. Assim, na região das ombreiras será executada uma
escavação da ordem de 3,00 m com vistas a retirada do colúvio.

Nos locais em que há afloramentos e blocos de rocha, estes serão tratados adequadamente
para receber o aterro compactado. O tratamento preconizado é a remoção de blocos soltos,
aplicação de calda de cimento e concreto dental nos locais em que se observar rocha
fraturada a montante do eixo da barragem e sob a porção do talude de montante (região
da vedação) e aplicação de material granular como transição granulométrica na porção a
jusante do eixo da barragem na região do talude de jusante em que haverá o assentamento
do tapete drenante. Dependendo das dimensões dos blocos, estes sofrerão redução de
tamanho por processos de desmonte a frio e/ou a quente.

Ressalta-se ainda que a fundação na região a montante do eixo (região de vedação) deverá
ser compactada antes do lançamento da primeira camada de solo solto para a execução
do aterro compactado. Na região a jusante do eixo (local de implantação do tapete
drenante) deverá ser feita uma escarificação antes do lançamento da primeira camada de
areia do tapete drenante previsto.

Os solos provenientes da escavação das ombreiras esquerda e direita, assim como região
de implantação do vertedor de emergência, serão destinados, desde que classificados
como colúvio e/ou solo residual maduro, para “bota-esperas” dentro da futura área de
inundação e acima da elevação do nível d’água máximo do reservatório da ensecadeira
para futura aplicação na praça de construção do maciço da barragem. Os materiais
classificados como “não aproveitáveis” serão depositados em “bota-fora” dentro da área

- 46 -
de inundação do reservatório em elevações inferiores àquelas definidas para as áreas de
empréstimo existentes no interior do reservatório.

3.6 Modelo Geológico-Geotécnico da Fundação e Maciço

Para elaboração do modelo geológico-geotécnico da barragem e adjacências realizou um


mapeamento geológico-geotécnico na área do sítio da barragem, além de campanha
investigativa complementar incluindo a execução de sondagens mistas (SM) com ensaios
de NSPT e permeabilidade.

De forma a ilustrar a campanha investigativa complementar executada na área da


fundação da barragem a imagem abaixo (Figura 3.6) apresenta uma planta da área da
barragem com a localização das investigações executadas.

Figura 3.6 - Planta da barragem com locação das sondagens (Geoestável, 2018).

- 47 -
As investigações completares de campo programadas/executadas, conforme descritas,
associadas ao mapeamento da área e acompanhamento das investigações em campo por
profissional de geologia, permitiram elaborar uma seção geológico-geotécnica transversal
ao eixo da barragem de forma a interpretar as condições de sua fundação.

Geoestável (2018) informa que a região da barragem está inserida na porção nordeste do
Quadrilátero Ferrífero (Figura 3.7), próximo ao sistema de Falhas das Cambotas e
abrange litotipos do Embasamento Cristalino caracterizado pela ocorrência de rochas
gnáissicas migmatítitcastonalíticas, granodioriticas, além da Suíte Intrusiva, que ocorre
na forma de diques máficos (Figura 3.8).

Figura 3.7 - Contextualização regional da área de estudo no Quadrilátero Ferrífero


(Gomes et al., 2000).

O Quadrilátero Ferrífero apresenta seis unidades litoestratigráficas (Figura 3.7): o


Embasamento Cristalino formado pelos terrenos graníticos-gnáissicos (foco do estudo da
área); o Supergrupo Rio das Velhas; o Supergrupo Minas; Grupo Itacolomi e Suíte
Intrusiva. Mais restritamente ocorrem as Coberturas sedimentares fanerozóicas.

- 48 -
Figura 3.8 - Coluna estratigráfica sintética, destacando as unidades que ocorrem na
região do empreendimento (Alkmim&Marshak, 1998).

Ainda Geoestável (2018) diz que os terrenos granitícos-gnáissicos do embasamento


atendem por várias denominações, entretanto na área da barragem, estas rochas são
representadas pelo Complexo Belo Horizonte (Codemig, 2005). Este conjunto rochoso é
constituído por tonalitosmigmatizados a gnaisses granodioríticos com características
geoquímicas das suítes tonalíticas-trondjemíticas-granodioríticas arqueanas (Noce,
1995). Segundo alguns estudos (Cordiani et. al., 1980; Ladeira et al., 1983; Carneiro,

- 49 -
1992; Endo, 1997), este complexo apresenta porções de um antigo embasamento
retrabalhado durante os eventos de deformação posteriores. Segundo alguns trabalhos
desenvolvidos na região (Crocco-Rodrigues et al.,1989; Gomes et al., 2000), lascas
tectônicas de quartzito (Formação Cambotas) podem ocorrer em meio aos gnaisses,
devido à proximidade com a shear zone das Cambotas.

A seguir é ilustrada uma seção transversal da barragem e sua fundação confome os


boletins de sondagens executadas (Figura 3.9 – com maior resolução disponível nos
Anexos II). Esta seção foi utilizada na modelagem numérica para análise tensão x
deformação da fundação da barragem.

Figura 3.9 - Seção transversal da barragem com materiais das fundações (Geoestável,
2018).

- 50 -
A seguir, na Figura 3.10, é apresentada uma seção da fundação da barragem e seu
zoneamento com colúvio a montante e solo residual a jusante. A montante da cor
vermelha destaca-se o solo coluvionar e na porção a jusante na cor cinza o solo residual.

Figura 3.10 - Seção transversal da barragem com locação dos materiais de construção
(Geoestável, 2018).

Destaca-se uma análise da localização do aluvião que se encontra na porção central do


barramento, alinhando-se à direção da calha do córrego do Torto. Como pode ser
observado na Figura 3.11, o aluvião atinge uma espessura máxima de 8 metros e na região
a jusante ele atinge em média porções de 3,2 m e na região de montante 5,5 metros.

9
8 8 7,83 8
8
7
7
6,03
6 5,46 5,7
ESPESSURA (m)

5
5 4,5
4 4
4 3,45 3,45
3 3
3
2 2 2 2
2
1
1
0
SM-207B
SM-67

SM-20

SM-21
SM-53
SM-66

SM-64

SM-27
SM-28
SM-108

SM-207
SM-207A

SM-110

SM-107

SM-111
SM-209
SM-212

SM-206
SM-109
SM-205
SM-211

SONDAGENS

Figura 3.11 - Espessura da Camada de Aluvião por Furo (Geoestável, 2018).


- 51 -
De forma geral o solo aluvionar é representado por um horizonte inconsolidado, de
tonalidade escura a branca, variando nas cores entre cinza a negro, com grande
contribuição de matéria orgânica.

Figura 3.12 - Aluvião argilosilte arenoso, de cor escura, apresentando matéria orgânica
(Geoestável, 2018).

Figura 3.13 - Depósito paleo-aluvionar localizado a montante da barragem na margem


esquerda (Geoestável, 2018).
- 52 -
CAPÍTULO 4
MODELAGEM NUMÉRICA

Este capítulo prevê um breve resumo e contextualização bibliográfica dos temas


relacionados aos ensaios triaixias, estudo tensão x deformação e seus modelos, além da
apresentação dos resultados dos ensaios que foram a base para as modelagens e análises
da barragem do Torto, apresentada no próximo capítulo.

4.1 Análise Numérica

Rezende (2013) menciona que os modelos numéricos têm por objetivo permitir aproximar
o comportamento de um solo real a partir da interação entre os materiais constituintes da
estrutura geotécnica além da análise de um meio ideal simplificado por hipóteses nas
relações constitutivas necessárias para viabilizar o desenvolvimento matemático de sua
formulação.

O resultado da análise numérica pode ser realizado por simples formulações até
sofisticadas simulações computacionais, porém é um produto totalmente dependente das
informações iniciais, além da qualidade dos dados disponíveis, assim como das condições
de contorno.

4.2 Ensaio Triaxial

O ensaio triaxial visa determinar parâmetros de resistência do solo possibilitando produzir


relações tensão-deformação, além da envoltória de resistência de Mohr-Coulomb através
da aplicação de tensões combinadas nos sentidos axiais e radiais de uma amostra de solo,
portanto um carregamento axissimétrico e não triaxial conforme o nome do ensaio.

Este ensaio pode ser realizado de forma drenada e controlada e também permite que seja
desenvolvido um plano de ruptura livre ao longo do corpo de prova.

- 53 -
Também é possível na execução do ensaio triaxial o controle de diferentes trajetórias de
tensão até mesmo a condição de ruptura além de ter a opção de simular carregamentos e
descarregamentos ao longo de sua execução simulando assim problemas complexos de
geotécnica.

Existem diferentes maneiras de conduzir o ensaio podendo ser: Ensaio Triaxial Adensado
Drenado (CD), Ensaio Triaxial Adensado Não-Drenado (CU) e Não Adensado Não
Drenado (UU).

4.3 Estudo Tensão Deformação

Ligocki (2003) em seu trabalho menciona que para a criação de modelos de análises de
barragens o mais importante provavelmente é a escolha do modelo constitutivo que
consiga modelar adequadamente o comportamento dos materiais de construção, visando
conciliar a simplicidade com a qualidade dos resultados a serem obtidos.

Os modelos constitutivos podem ser classificados de forma dependente ou independente


do tempo (Figura 4.1). Quando classificados de forma independente do tempo
subdividem em elásticas e elasto-plásticas, já as classificadas de forma dependente se
dividem em adensamento e fluência. Por último seguem os modelos regidos pelas leis
elásticas podendo ser linear ou não linear.

Figura 4.1 - Classificação das leis constitutivas (Ligocki, 2003).

- 54 -
Rezende (2013) menciona em seu trabalho que quando se diz modelo constitutivo de um
solo, pretende-se estabelecer uma relação que represente o comportamento dos materiais
envolvidos.

A Lei de Hooke descreve de forma generalista o comportamento de um material elástico


onde há uma relação de proporcionalidade entre tensão e deformação de forma que a
característica básica é que a aplicação ou retirada de um carregamento permite que o
material permaneça em seu estado inicial.

Da mesma forma o modelo Elasto-plástico é a situação a qual as tensões são proporcionais


às deformações até o ponto de ruptura e a partir deste ponto a curva tensão-deformação
permanece constante.

Já quando ocorre a não linearidade do comportamento elástico em uma dependência do


nível de tensão tem-se a representação pelo modelo Hiperbólico.

Por último ocorre o modelo elásto-plástico não linear quando une os conceitos de estado
crítico do solo sendo representado pelo Modelo Cam Clay.

4.3.1. Modelo Hiperbólico

O modelo hiperbólico proposto por Duncan e Chang (1970), classificado na categoria de


elástico, pode ser utilizado para modelos de solos coesivos e não coesivos, saturados e
secos em condição de carregamento drenado e não drenado. Conforme indicado por
GERSCOVICH (2005), o modelo emprega os módulos tangente (Ε ), que variam devido
aos níveis de tensão além de assumir que as curvas tensão x deformação, sob determinada
tensão confiante se aproximam de hipérboles como mostrado, a seguir, na Figura 4.2:

- 55 -
Figura 4.2 - Curva hiperbólica (Duncan e Chang, 1970).

As relações constitutivas do modelo consideram características dos solos como não


linearidade e a influência da tensão de confinamento, .

Características constitutivas dos solos como dilatância e a influência da tensão principal


intermediária não são consideradas nesse modelo. Portanto, as relações constitutivas do
modelo apresentam o mesmo comportamento para compressão, extensão ou estado de
deformação plana.

A equação hiperbólica apresentada por Konder (1963) para representar a relação entre as
diferenças de tensão, − , e a deformação axial, , descreve esse modelo em que, a
e b são constantes associadas ao módulo de deformabilidade inicial, , e a diferença de
tensão desvio na condição última, ( − ) , como apresentado na expressão (4.1):

( − )= (Equação 4.1)

É frequente ao utilizar resultados de ensaios de compressão triaxial convencional os


pontos não se ajustam perfeitamente ao longo da reta da curva transformada. Geralmente
solos rígidos apresentam uma concavidade voltada para cima enquanto solos moles
tendem a uma concavidade na direção oposta.

Uma maneira prática para ajustes dos resultados dos ensaios de laboratório (Figura 4.3) é
a utilização dos pontos a partir de 70% a 95% da resistência para a determinação da reta

- 56 -
do gráfico. Este método foi baseado em análise das centenas de curvas correspondentes a
um grande número de materiais.

Figura 4.3 - Seleção ideal de pontos de ajuste do modelo (Gerscovich, 2005;


UERJ).

Rezende (2013) menciona em seu trabalho que a partir do ensaio triaxial, a curva do
modelo hiperbólico é obtida a partir da relação do modelo de deformabilidade inicial ( )
com a tensão confinante ( ) representados pelas constantes K e n, ambas adimensionais,
como apresentado na expressão (4.2):

= . . (Equação 4.2)

Ε
As constantes K e n podem ser obtidas através do gráfico log ( ) versus log ( )
após ajustes da reta pelos pontos obtidos.

Já a constante de ruptura denominada varia dependendo do ensaio embora em geral, o


valor de situa-se entre 0,7 e 0,95. Esse fator representa o quanto a curva tensão
deformação do solo se afasta da hipérbole. Abaixo na Tabela 4.1 são ilustrados valores
típicos dos parâmetros hiperbólicos para diferentes tipos de solo. Na Tabela 4.2, tem-se
as correlações dos parâmetros com as respectivas funções.

- 57 -
Tabela 4.1 - Valores típicos dos parâmetros hiperbólicos para diferentes tipos de
solos (Gerscovich, 2005; UERJ)

m(kN/m³) '0 (°) ∆ ’(°) c' (kPa) K n Rḟ Kḅ m


Sistema Unificado
23,80 42 9 0 600 0,4 0,7 175 0,2
GW, GP 23,00 39 7 0 450 0,4 0,7 125 0,2
SW, SP 22,22 36 5 0 300 0,4 0,7 75 0,2
21,42 33 3 0 200 0,4 0,7 50 0,2
21,42 36 8 0 600 0,25 0,7 450 0,0
20,63 34 6 0 450 0,25 0,7 350 0,0
SM
19,84 32 4 0 300 0,25 0,7 250 0,0
19,05 30 2 0 150 0,25 0,7 150 0,0
21,42 33 0 23,92 400 0,6 0,7 200 0,5
20,63 33 0 19,14 200 0,6 0,7 100 0,5
SM - SC
19,84 33 0 14,35 150 0,6 0,7 75 0,5
19,05 33 0 9,57 100 0,6 0,7 50 0,5
21,42 30 0 19,14 150 0,45 0,7 140 0,2
20,63 30 0 14,35 120 0,45 0,7 110 0,2
CL
19,84 30 0 9,57 90 0,45 0,7 80 0,2
19,05 30 0 4,78 60 0,45 0,7 50 0,2

A resistência ao cisalhamento dada pelo critério de Mohr-Coulomb é definida em função


da tensão de confinamento, como apresentado na expressão (4.3):

( − ) = ( )
(Equação 4.3)

em que c e φ são os parâmetros de resistência efetivos do material, também obtidos


experimentalmente.

O módulo de elasticidade tangente é determinado diferenciando a equação, como


apresentado na expressão (4.4):

( − )= (Equação 4.4)

em relação a e, após algumas manipulações matemáticas e como apresentado na


expressão abaixo (4.5), obtém-se:

− = (Equação 4.5)

- 58 -
Tabela 4.2 - Parâmetros do modelo hiperbólico para previsão de curvas tensão x
deformação (Gerscovich, 2005; UERJ).
Parâmetro Função
, Relaciona E com σ
, Relaciona ( σ − σ ) com σ

Razão de ruptura: relaciona ( σ − σ ) com( σ − σ )


Tipicamente entre 0,7 e 0,95

4.3.2. Modelo Cam Clay

Os modelos Cam Clay e Cam Clay modificado são modelos Elasto-plásticos baseados na
teoria do Estado Crítico e a suposição básica que existe uma relação logarítmica entre a
tensão média e a razão de vazios.

As principais diferenças entre os dois modelos estão nas fórmulas para descrever as
curvas de escoamento. Enquanto no modelo Cam-Clay as curvas de escoamento são
espirais logarítmicas, no modelo Cam-Clay modificado elas são elípticas.

Este modelo supõe que a amostra de solo é caracterizada por três parâmetros: tensão
efetiva média (p’), tensão desviadora (q) e o volume específico (υ) para um nível de
tensões no estado crítico.

Um exemplo do modelo Cam Clay em uma amostra de argila pode ser ilustrado conforme
a Figura 4.4, onde quando se aplica um esforço de compressão em condições de drenagem
perfeita, de forma lenta e isotrópica de tensão a relação entre o volume específico e a
tensão efetiva média logarítmica resulta em uma reta principal de compressão normal
também denominada de reta virgem. Já a reta de descompressão ocorre quando se alivia
a tensão.

- 59 -
Figura 4.4 - Gráfico de volume específico x logaritmo natural de tensão efetiva o
efetiva média (Gerscovich, 2005; UERJ).

O modelo Cam Clay define a reta virgem através da seguinte equação (4.6):

= − . ln( ) (Equação 4.6)

onde N é o volume específico sob pressão unitária e λ é o coeficiente angular do trecho


de compressão virgem da linha de adensamento isotrópico.

Já a linha de descompressão-recompressão é definida pela equação (4.7):

= − . ln( ) (Equação 4.7)

onde k é o coeficiente angular da linha de descompressão-recompressão e o volume


específico ao final da descompressão como ilustrado na Figura 4.4.

Os parâmetros N, λ e κ variam de acordo com a amostra e tipo de solo. Também pode ser
observado que o valor de depende do histórico de tensões do solo, como pôde ser
observado nas linhas de descompressão “bc” e “de” da Figura 4.4.

Conclui-se que se o presente estado de tensões do solo está sobre a reta virgem este solo
é considerado normalmente adensado, no caso em que o estado de tensões se encontrar
sobre uma linha de descompressão, o solo está na condição sobreadensada.

- 60 -
A linha de estado crítico é paralela à linha de compressão normal, ou reta virgem, quando
plotadas no gráfico. Neste caso o parâmetro Γ corresponde ao volume específico à pressão
unitária, assim como N, também variando de acordo com a unidade de medida utilizada.

O modelo Cam-Clay relaciona os parâmetros Γ e N através da seguinte equação (4.8):

Γ= −( − ) (Equação 4.8)

Na mecânica dos solos, os parâmetros elásticos mais comumente utilizados são o módulo
de Young (E), o módulo de cisalhamento (G), o coeficiente de Poisson (μ) e o módulo
volumétrico (K’). Na teoria da elasticidade, somente dois desses parâmetros são
suficientes. Os demais parâmetros podem ser obtidos através de correlações.

Figura 4.5 - Gráficos tensão x deformação típicos: a) Modelo elasto-plástico prefeito, b)


modelo elasto-plástico com amolecimento e c) modelo elasto-plástico com
endurecimento - entre reta virgem e a linha de estado crítico (adaptado de Ortigão,
1993).

Baseado na Figura (4.5) no primeiro caso “a” é apresentado um material elasto-plástico


perfeito que, após atingir a tensão de escoamento, apresenta um aumento das deformações
indefinidamente sem o incremento da tensão atuante. No segundo caso “b” o material
apresenta uma perda na resistência com o aumento das deformações, fenômeno conhecido
por amolecimento do material. Já no terceiro caso “c” ocorre o aumento da resistência do
material conforme as deformações aumentam, esse fenômeno é denominado
enrijecimento do material.

Para que o ponto de início do escoamento de um modelo elasto-plástico seja determinado,


são realizados ensaios de adensamento edométrico, para que seja possível obter a curva
escoamento. O modelo Cam-Clay é um dos principais modelos elasto-plásticos (listar os
- 61 -
demais e outras referências) existentes, pois descreve bem o comportamento das argilas
tanto normalmente adensadas como as sobreadensadas.

4.4 Parâmetros de Resistências dos Materiais de Empréstimo da Barragem do Torto

Para o estudo do comportamento da barragem do Torto foram realizados ensaios triaxiais


do tipo CID e CIU com saturação por percolação e com aplicação de contra pressão nas
amostras (Figuras 4.7, 4.8, 4.9, 4.10, 4.11 e 4.12 nos Anexos III).

As amostras foram retiradas das 2 áreas de empréstimo mapeadas para a construção da


barragem sendo elas: colúvio e residual.

Após análise e compilação dos dados dos ensaios foi realizado ajuste hiperbólico para os
dois materiais, colúvio e residual.

Tal ajuste foi realizado através da equação 4.9 na metodologia de tentativa e erro de modo
que a curva hiperbólica ficasse melhor desenhada de acordo com o material, colúvio e
silte, além da tensão desviadora e deformação axial.

− (Equação 4.9)
∅ ∅

Para os dados do colúvio foram utilizados os parâmetros: K= 170; n=0, =0,85. Para o
residual os parâmetros foram: K=160; n=0; =0,95. Estes parâmetros foram utilizados
após ajuste gráfico das curvas (tensão x deformação) dos gráficos dos ensaios triaxiais
dos diversos níveis de tensão (50, 100, 200, 400 e 600 kPa).

Os gráficos do ajuste hiperbólico dos materiais serão expostos ao final do trabalho como
anexos.

Os resultados dos ensaios triaxiais estão representados por curvas que relacionam a
deformação axial com a tensão desviadora e com a deformação volumétrica. As curvas
- 62 -
de tensão versus deformação dos ensaios foram criadas mediante aplicação das tensões
confinantes de 50, 100, 200 e 600 kPa. Estes níveis contemplam os níveis de tensão
esperados para a barragem. As envoltórias de ruptura foram obtidas a partir da análise
desses resultados que fornecem os parâmetros de resistência.

Para a determinação das envoltórias são necessários ensaios que possuem um


comportamento próximo e que após a determinaão de uma linha de tendência, tenha-se
pontos que fiquem proximos ao ajuste. Isso mostra que o solo em estudo tem um mesmo
comportamento podendo assim atribuir parâmetros de coesão e ângulo de atrito como
referência para o estudo.

Após a modelagem das envoltórias de resistência dos materiais foi possível estabelecer
os parâmetros de coesão e ângulo de atrito conforme tabela 4.3.

As envoltórias dos materiais encontram-se no final deste trabalho como anexo.

Tabela 4.3 – Parâmetros ensaios triaxiais – ângulo de atrito e coesão


Ângulo de Atrito Coesão
Colúvio CID 28 20

Colúvio CIU 28 15

Colúvio CID + CIU 28 15

Residual CID 29 10

Residual CIU 31 10

Residual CID CIU 30 15

4.5 Modelagem Numérica

Os estudos numéricos foram desenvolvidos com apoio do sistema computacional


GeoStudio 2020 módulo Sigma, por meio de uma cortesia da GeoSlopeInternationalLtd.
O estudo numérico teve por objetivo verificar o comportamento da fundação da barragem
e do filtro inclinado, principalmente, no que tange as diferenças de deformações na
fundação da barragem quando comparados 3 cenários: fundação da barragem sobre o solo
in situ; troca parcial do solo aluvião; e a troca total pelo colúvio, ambos na fundação da
barragem.

- 63 -
As seções e as malhas utilizadas nas análises são apresentadas nas Figuras 4.6, 4.7 e 4.8.
Para modelamento da escavação da fundação foram criadas seções contemplando os 3
cenários descritos anteriormente.

135

120

105
Elevação (m)

90

75

60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 4.6 - Cenário 1 – 100% de aluvião materiais - laranja colúvio, rosa residual,
cinza aluvião, verde saprolito de gnaise e em amarelo maciço rochoso.

135

120

105
Elevação (m)

90

75

60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 4.7 - Cenário 2 – troca de solo - 50% de aluvião e 50% de colúvio laranja
colúvio, rosa residual, cinza aluvião, verde saprolito de gnaise e em amarelo maciço
rochoso.

135

120

105
Elevação (m)

90

75

60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

- 64 -
Figura 4.8 - Cenário 3 - l troca de solo – 100% de colúvio laranja colúvio, rosa residual,
cinza aluvião, verde saprolito de gnaise e em amarelo maciço rochoso.
Para a simulação da construção da barragem através do software SIGMA/W foi criado
um sequenciamento de 20 etapas de alteamento considerando 2,5 metros de aterro por
etapa, ilustrada na Figura 4.9.

Figura 4.9 - Modelagem da barragem em 20 etapas de construção.

A malha utilizada para a modelagem é constituída de elementos triangulares e


quadrangulares de tamanho global aproximado do elemento de 1,0 m sendo que na região
do filtro foi utilizado elemento de comprimento de 0,50 m.

4.6 Parâmetros dos Materiais

Para a modelagem numérica foram considerados 6 materiais: colúvio, aluvião, filtro,


maciço rochoso, solo residual e saprolito de gnaisse, baseados no mapeamento geológico-
geotécnico e sondagens. Para os materiais do aterro, colúvio e residual, foi adotado o
modelo hiperbólico. Para o filtro e os materiais de fundação, colúvio e aluvião, foi
adotado o modelo elastoplástico. Em função da condição de rigidez, para o maciço
rochoso e para o saprolito de gnaisse aplicou-se o modelo linear elástico. O modelo pode
ser observado com os respectivos materiais conforme Figura 4.10 e tabela 4.4:

- 65 -
Cor Nome Modelo Módulo de Coesão' Phi' Coeficiente Peso Rf Kur
Young (kPa) (°) de Poisson Específico
efetiv o (E') (kN/m³)
(kPa)

Aluvião Elastoplástico (Efetiva) 5.000 15 20 0,3 16

Coluvio Hiperbólico (Efetiva) 17.000 15 28 0,3 17 0,85 1

Filtro Elastoplástico (Efetiva) 80.000 0 35 0,3 17

Maciço Linear Elástico (Efetiva) 200.000 0,3 24


Rochoso

Residual Hiperbólico (Efetiva) 16.000 15 30 0,3 18 0,95 1

Saprolito de Linear Elástico (Efetiva) 100.000 0,3 18


Gnaisse

135

120

105
Elevação (m)

90

75

60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 4.10 - Modelo da seção da barragem modelada com os respectivos materiais e


parâmetros geotécnicos.

Na Tabela 4.4 são apresentados os modelos constitutivos utilizados nas análises com os
devidos parâmetros geotécnicos.

Tabela 4.4 - Parâmetros geotécnicos utilizados nos modelos.


Módulo de Peso
Coesão' Phi
Cor Nome Modelo Young efetivo Específico Rḟ Kur
(kPa) (°)
(E') (kPa) (kN/m³)
Aluvião Elastoplástico (Efetiva) 5.000 15 20 16

Colúvio Hiperbólico (Efetiva) 17.000 15 28 17 0,85 1

Filtro Elastoplástico (Efetiva) 80.000 0 35 17


Maciço Linear Elastíco
200.000 24
Rochoso (Efetiva)
Residual Hiperbólico (Efetiva) 16.000 15 30 18 0,95 1
Saprolito Linear Elastíco
100.000 18
de Gnaisse (Efetiva)

Os parâmetros coesão e ângulo de atrito, relativos aos materiais foram extraídos das
envoltórias de envoltória de resistência, conforme apresentado anteriormente.

Para os valores dos módulos de deformabilidade foi criada uma correlação com tabelas
de literaturas.

- 66 -
Tabela 4.5 –Valores tipicos de módulo de Yong para solos (MPa) (baseado em
Obrzud & Truty, 2012 apud Kezdi 1974 e Prat et al. 1995)
USCS Descrição Loose Medium Densidade
GW, SW Gravels / Sand well-graded 30-80 80-160 160-320

SP Sand, uniform 10-30 30-50 50-80

GM, SM Sand / Gravel silty 7-12 12-20 20-30

Tabela 4.6 – Valores tipicos de módulo de Young para solos coesivos (MPa
(baseado em Obrzud & Truty, 2012 apud Kezdi 1974 e Prat et al. 1995)
USCS Descrição Very Soft to soft Medium Stiff to very stiff Hard
ML Silts with slight plasticity 2.5 - 8 10 - 15 15 - 40 40 - 80

ML, CL Silts with low plasticity 2.5 - 8 6 - 10 10 - 30 30 - 60

CL Clays with low-medium plasticity 2.5 - 8 5-8 8 - 30 30 - 70

CH Clays with high plasticity 0.35 - 4 4-7 7 - 20 20- 32


-
OL Organic silts - 0.5 - 5 -
-
OH Organic clays - 0.5 - 4 -

O solo aluvião foi estudado a partir da execução de ensaios percussivos que em contexto
geral representa um solo muito fofo, com N spt variando de 01 a 04 golpes. Com base nas
características do aluvião e sua resistência Nspt, os parâmetros de resistência e
deformação foram correlacionados conforme proposto por Teixeira e Godoy (1996).

Para a definição do modulo de elasticidade do aluvião com ensaios de SPT completos,


conforme proposto por Teixeira e Godoy (1996), adotou-se os seguintes passos:

 Valor de NSPT médio de 3,5 golpes para a camada de aluvião com ensaios SPT
completos e valor de NSPT de 60 golpes para a camada impenetrável pelos
ensaios SPT.
 Definição do fator α de correção igual a 4.
 Definição do coeficiente K de 0,3.

Considerando os valores acima mencionados, e adotando-se a equação proposta por


Teixeira e Godoy (1996), tem-se que:

- 67 -
= 5×0,35×3,5 = 4,9

Uma campanha adicional de investigação e caracterização do aluvião seria válida para


determinação dos parâmetros porém as limitações durante o início do projeto, falta de
acessos, licenciamentos ambientais e até mesmo a execução de blocos indeformados no
nível da fundação, não permitirão tal informação no momento do estudo.

- 68 -
CAPÍTULO 5
MODELOS E CENÁRIOS

As análises foram feitas em uma seção do maciço da barragem zoneada prevendo 03


cenários distintos:

a) Maciço compactado de solo colúvio a montante e residual a jusante mais fundação


in situ em solo aluvião, saprolito de gnaisse e maciço rochoso, respectivamente;

b) Maciço compactado de solo a montante e residual a jusante mais troca de solo na


fundação, onde há uma substituição de 50% do aluvião pelo colúvio compactado,
mantendo saprolito de gnaisse e maciço rochoso;

c) Maciço compactado de solo colúvio a montante e residual a jusante mais troca de


todo solo de aluvião por colúvio compactado, mantendo saprolito de gnaisse e maciço
rochoso.

Os modelos podem ser observados nas Figuras 5.1, 5.2 e 5.3.

135

120

105
Elevação (m)

90

75

60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)
Figura 5.1 - Cenário 01 – Fundação em aluvião.

- 69 -
135

120

105
Elevação (m)

90

75

60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.2 - Cenário 02 – Fundação em aluvião e colúvio.

135

120

105
Elevação (m)

90

75

60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.3 - Cenário 03 – Fundação em colúvio.

Os resultados serão apresentados através de comparações entre os cenários e as análises.

5.1 Análises dos Comportamentos

5.1.1. Tensões Horizontais

Ao se realizar a modelagem dos cenários 1, 2 e 3 quando feita a análise das tensões


horizontais, pode se observar que não houve alteração significativa na troca de solo de
fundação entre os cenários.

- 70 -
135

120

105 100
100
E le va çã o (m )

90 200
200
300
75
300 400
60
300
45 200
400 400
30 500
500
600 600
15
700
700 800
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)
Figura 5.4 - Cenário 01 - tensões horizontais (kPa) - filtro inclinado.

5.1.2. Deformações Verticais

As deformações verticais no maciço se mostram semelhantes, independentemente do


Cenário estudado. O valor máximo ocorre na área central do barramento, alcançando a
fundação, sendo da ordem de 6%.

Em função das características geotécnicas do aluvião, as deformações na fundação


alcançam valores muito elevados, da ordem de 14% na região do eixo do maciço.

135

120

105 0,04
Elevação (m )

90 2 0,06
0,0
0,
02

75

60 0,08 2 0,14 0,12 0,04


0,1 0,08
45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400

Distância (m)
Figura 5.5 - Cenário 01 - deformação vertical - filtro inclinado.

- 71 -
Na Figura 5.6 tem-se apresentado o valor considerável obtido para o deslocamento
vertical da base do filtro, da ordem de 1,70 metros.

3m8
1,71

Figura 5.6 - Cenário 01 - Deslocamento vertical na base do filtro (m).


135

120
0,01
105 0,03
0,01 0,05
Elevação (m)

90
0,0

0,0
4

75 0,02
2

0,05
0,04 0,05 0,02
60 0,04

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.7 - Cenário 02 - deformação vertical - filtro inclinado.

135

120
0,02
105
0,05
Elevação (m)

90
02

0,04
0,

75 0,02
0,05
0,05 0,05
60 0,02 0,04 0,04 0,02

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.8 - Cenário 03 - deformação vertical - filtro inclinado.


- 72 -
m
072
1,2
Figura 5.9 - Cenário 03 - Deslocamento vertical na base do filtro (m).

No comportamento observado na Figura 5.9, referente ao Cenário 03, quando se tem a


troca total do solo de fundação, é possível registrar uma boa redução nos deslocamentos,
em cerca de 30%, assim a troca de solo neste caso é viável, pois reduz os deslocamentos.

5.1.3. Deslocamentos Verticais

Os estudos dão evidências que os deslocamentos máximos cumulativos ocorrem no eixo


da crista e centro do barramento. A substituição plena do material de fundação
proporciona uma redução da ordem de 40 cm nos recalques máximos.

120 -0,5

-0,8 -1,4
105 -0,8
Elevação (m)

90
-1,1
-0,5
-1,7
75
m
83

-1,4
71
1,

-1,1 -0,5
60
-0,2

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350

Distância (m)
Figura 5.10 - Cenário 01 – Deslocamento vertical (m) - filtro inclinado.

- 73 -
120
-0,8
-1,4
105

-0 ,8
E le va çã o (m)
-1,7
90

-1 ,1
-1,1
-1,4
75
-0,8
60 -0,5

,5
-0
-0,2

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350

Distância (m)
Figura 5.11 - Cenário 02 – Deslocamento vertical (m) - filtro inclinado.

120
-0,8
-0,5 -0,5
105 -1,4
-1,1
E le va çã o (m)

90 -1,4

-1,1
75

-0,2
m

-0,8
07
22
- 0,

1,
2

-0,5
60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350

Distância (m)

Figura 5.12 - Cenário 03 - Deslocamento vertical (m) - filtro inclinado.

5.1.4. Deslocamento Eixo

Para uma melhor avaliação comparativa dos deslocamentos verticais no sistema de


drenagem, foi elaborado um gráfico deslocamento vertical no eixo do filtro versus
elevação, como ilustrado na Figuras 5.13 e 5.14.

Observa-se no gráfico da Figura 5.13 que os 3 cenários apresentam diferenças no


deslocamento vertical do eixo do filtro.

- 74 -
Comparando os cenários 1 e 3 observa que houve diferença de 40 cm na região central,
elevação 95 metros, e da ordem de 75 cm, elevação 70 metros, na base. Este
comportamento dá evidências que o sistema de drenagem acompanha os deslocamentos
verticais de todo o maciço, função da concepção do mesmo.

Figura 5.13 - Gráfico do deslocamento vertical eixo dos cenários 1, 2 e 3.

135

120
Análise
105
Elevação (m)

90

75

60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)
Figura 5.14 – Detalhe do local da análise.

- 75 -
5.1.5. Recalque Fundação

Procurando avaliar o comportamento dos recalques da barragem ao longo da fundação,


um estudo complementar foi elaborado contemplando toda extensão da zona de apoio do
barramento.

Nota-se a partir do gráfico ilustrado na Figura 5.16 que há uma variação expressiva do
recalque na fundação quando comparado os 3 cenários para a barragem com filtro
inclinado.

A troca de solo de fundação demonstra uma redução proporcional entre os cenários, ou


seja, quando mais solo for trocado da região da fundação menores serão os recalques a
nível de fundação. Neste estudo, especificamente, a troca plena do material de fundação
proporcionou uma redução de cerca de 50% no recalque máximo, de 125 para 60 cm.

O comportamento dos recalques mostra que os maiores valores não ocorrem no eixo da
crista, como esperado, mas na região de projeção do dreno inclinado, como ilustrado nas
Figuras 5.15 e 5.16. Este comportamento ratifica a ocorrência de efeitos de arqueamentos
de tensão no sistema de drenagem interno com reflexos agudos na fundação, mesmo o
sistema de drenagem não estando apoiado diretamente na mesma.

135 recalque
120

105
Elevação (m)

90

75

60

45

30

15

0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.15 - Cenário 03 - Modelo da barragem.

- 76 -
Recalque fundação
0,2
Deslocamentos Verticais (m) 0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
-0,2
-0,4
-0,6
-0,8
-1
-1,2
-1,4
Distância (m)

Cenário 1 - 100% aluvião Cenário 2 - 50% aluvião e 50% colúvio Cenário 3 - 100% coluvio

Figura 5.16 - Gráfico comparativo do recalque da fundação dos cenários 1, 2 e 3.

5.1.6. Estudo Comparativo – Filtro Inclinado versus Filtro Vertical.

Muito se questiona no meio técnico da relevância em se adotar filtros inclinados ou


verticais (inserir aqui as referências e recomendações...vale a pena). Para avaliar este
comportamento neste estudo de caso, barragem do Torto, foi adotado o modelo original,
porém com o posicionamento vertical do filtro, apoiado diretamente na fundação. Esta
concepção é bastante tradicional e representativa da maioria dos barramentos de terra com
drenagem interna.

Observa-se que quando comparados os cenários 1, 2 e 3 com filtro inclinado não há


variação significativa da tensão vertical total quando há troca do material de fundação.
Para os cenários 1, 2 e 3 com filtro vertical tem-se a mesma conclusão, como apresentado
adiante.

Porém, quando se compara o mesmo cenário com filtro inclinado e filtro vertical observa-
se que há uma diferença de tensão na região do filtro conforme indicado nas Figuras 5.17,
5.18, 5.19, 5.20, 5.21 e 5.22.

- 77 -
135

120
200
105
400
Elevação (m)

90
600
200
75 800

600
60 1.000
2 00
45

1.
0
1 .00

20
0
6 00
30
1.400 1.600 1.00 0
15 1.40 0
1.800 2.000

1.8
0

00
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.17 - Cenário 1 – Tensão vertical total - filtro inclinado.

135

120

105 100
Elevação (m)

90 200
300
75
300
1 00 400
60 2 00
4 00
300 100
45 200
400 400 300
30 500 400
600 600 500
15 600
800
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.18 - Cenário 1 - Tensão vertical total - filtro vertical.

135

120

105
400
Elevação (m)

90 200

75 800 600
200
60 1.000
200
45 600 1.200 400
1.000 800
30
1.600
1.200
15 1.400
1.600
1.800 2.000
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.19 - Cenário 2 - Tensão vertical total - filtro inclinado.

- 78 -
135

120

105 200
2 00
Elevação (m)

400
90
400 600
75
800
600
60
1.00
0 200
8 00
45 1 .20
0
6 00
1.000
30 1.000
1.200 1.600
1.400
1.400
15 1.400
2.000 1.800
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.20 - Cenário 2 - Tensão vertical total - filtro vertical.

135

120

105
400
Elevação (m)

90
20
0
75
800
60

200
0

60 1.000
200
45 600 1.200 400

30 1.000 800
1.600
1.400 1.200
15
1.600
1.800 2.000
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.21 - Cenário 3 - Tensão vertical total - filtro inclinado.

135

120

105 2 00
Elevação (m)

90 4 00
600
75 600

60 1.000
800
200
45 1.200
1.000
30 600
1.200 1.600
1.000
15 1.400
1 .40
1.600 2.000 1.800 0
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

Distância (m)

Figura 5.22 - Cenário 3 - Tensão vertical total - filtro vertical.

- 79 -
As Figuras 5.23 e 5.24 mostram uma leve diferença de arqueamento dos filtros vertical e
inclinado. Observa-se que o filtro vertical possui um arqueamento mais abrupto na região
central do filtro enquanto no filtro vertical o arqueamento é menor.

A troca de solo não se mostrou vantajosa quando comparado os cenários 1, 2 e 3 para os


dois tipos de filtro.

200
400

600
800

1.2
Figura 5.23 - comparativo
00 1 entre o cenário 1 e 3 - filtro inclinado x filtro vertical.

200
400

600
800

Figura 5.24 - comparativo 2 entre o cenário 1 e 3 - filtro inclinado x filtro vertical.

Para avaliar este importante comportamento diferencial, foi elaborado um gráfico do


comportamento das tensões verticais totais no eixo do filtro com a elevação. O resultado
deste estudo está apresentado na Figura 5.25.

O estudo mostra que na região superior do barramento as diferenças absolutas são


mínimas, sendo crescentes com a profundidade. Próximo da região final do filtro
inclinado, elevação 70 metros, tem-se uma redução brusca nas leituras apresentadas,
função do término do filtro, zona do maciço.

No entanto, o filtro vertical mostra um contínuo aumento das tensões, que ao apoiar na
fundação alcança tensões da ordem de 1.800 kPa. Importante observar, no entanto, que
- 80 -
cada sistema proposto apresenta um comportamento da taxa de crescimento de tensão
diferente, sendo a taxa do sistema inclinado tipicamente constante e a taxa do sistema
vertical crescente com a profundidade. Este comportamento sugere que para o sistema
vertical tem-se um efeito cumulativo sobre o arqueamento.

Já para a retirada ou troca de solo da fundação não há grande diferença, ou seja, não se
traduz em uma vantagem, uma vez que é observado um agrupamento das linhas dos
gráficos para os cenários do filtro inclinado e vertical. Isso mostra que a troca de solo não
é vantajosa ou não atribui grandes diferenças que a justifique, quando analisado níveis de
tensão no filtro, apenas.

No gráfico da Figura 5.25 é possível observar nas linhas de tendência que para o cenário
3 do filtro inclinado (linha rosa) há uma taxa da tensão vertical total de 24,57 kPa/m. Já
para o cenário 3 do filtro vertical (linha marrom) essa taxa é de 33,11 kPa/m, ou seja.

TENSÃO VERTICAL - FILTRO INCLINADO E VERTICAL


130

120

110
Elevação (m)

100
y = -0,032x + 116,33
90
y = -0,0407x + 118,44
80

70

60
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
Tensão total Y (kPa)
cenário 1 - inclinado cenário 2 - inclinado cenário 3 - inclinado
cenário 1 - vertical cenário 2 - vertical cenário 3 - vertical
Linear (cenário 3 - inclinado) Linear (cenário 3 - vertical)

Figura 5.25 - Gráfico tensão total filtro inclinado e vertical.

5.1.7. Arqueamento de Tensões do Filtro

O comportamento dos materiais constituintes do maciço de uma barragem em aterro


compactado é muito distinto considerando o filtro de areia e o aterro compactado.

- 81 -
O arqueamento é um fenômeno que ocorre entre o filtro e o núcleo do maciço devido a
mudança dos módulos de deformabilidade dos materiais. Esse fenômeno ocorre quando
há deformações diferenciais que causam transferência de carga gerando aumento das
tensões no filtro e na fundação de apoio.

Para melhor avaliar o efeito do arqueamento em ambos os sistemas de drenagem,


inclinado e vertical, foram incorporados aos estudos, uma condição de tensões sem a
presença dos respectivos sistemas de drenagem.

As tensões verticais totais foram então avaliadas no mesmo local, sendo possível fazer
uma comparação com e sem o sistema de drenagem. À razão entre estas tensões
denominou-se taxa de arqueamento. Ou seja, a taxa de arqueamento é a relação entre a
tensão no filtro e a tensão no mesmo local do barramento, porém sem o material filtro e
sim o próprio aterro.

Ao comparar as tensões do maciço com filtro de areia e sem o filtro de areia (Figuras
5.26, 5.28, 5.30 e 5.32.), nota-se que há uma grande diferença dos níveis de tensão, tanto
em valores máximos, quanto para a trajetória das duas curvas.

Importante observar que para o filtro inclinado, independentemente do tipo de fundação,


a tensão máxima do filtro é da ordem de 1.200 kPa, sendo a tensão sem filtro da ordem
de 650 kPa. No caso do filtro vertical tem-se um pequeno aumento da tensão máxima
com o aumento da rigidez da fundação, 1.700 kPa, para 1.800 kPa, para fundação em
aluvião e colúvio, respectivamente.

Em termos gerais, este comportamento sugere que este aumento pode ser maior no caso
do apoio do filtro em fundações mais rígidas, como por exemplo, rocha, solo residual
jovem, etc.

Para o maciço sem o filtro de areia as tensões são menores, o que faz sentido uma vez que
não há o elemento rígido (filtro).

- 82 -
Como ilustrado nas Figuras 5.27, 5.29, 5.31 e 5.33, as taxas de arqueamento são
crescentes com a profundidade, variando de 1,3 a 1,9, aproximadamente,
independentemente do Cenário. Ou seja, as tensões no sistema de drenagem aumentam
relativamente muito com a profundidade, mesmo no sistema de filtro inclinado.

 Arqueamento - Filtro Inclinado - Cenário 1 - 100% Aluvião

Figura 5.26 - Gráfico tensão vertical filtro inclinado - cenário 1 - 100% aluvião.

Figura 5.27 - Gráfico arqueamento filtro inclinado - cenário 1 - 100% aluvião.


- 83 -
 Arqueamento - Filtro Inclinado - Cenário 3 - 100% Colúvio

Figura 5.28 - Gráfico tensão vertical filtro inclinado - cenário 3 - 100% colúvio.

Figura 5.29 - Gráfico arqueamento filtro inclinado - cenário 3 100% colúvio.

- 84 -
 Arqueamento - Filtro Vertical - Cenário 1 - 100% Aluvião

Figura 5.30 - Gráfico tensão vertical filtro vertical - cenário 1 - 100% aluvião.

Figura 5.31 - Gráfico arqueamento filtro vertical - cenário 1 - 100% aluvião.

- 85 -
 Arqueamento - Filtro Vertical - Cenário 3 - 100% Colúvio

Figura 5.32 - Gráfico tensão vertical filtro vertical - cenário 3 - 100% colúvio.

Figura 5.33 - Gráfico arqueamento filtro vertical - cenário 3 - 100% colúvio.

- 86 -
 Arqueamento - Filtro Inclinado X Vertical - Cenário 1 e 3

Esta análise é a comparação do arqueamento entre os maciços com filtro vertical (Figura
5.34) e inclinado (Figura 5.35) nos dois cenários principais: cenário 1 com 100% de
aluvião e cenário 3 com substituição de todo aluvião por colúvio.

O estudo mostra muita semelhança do comportamento e valores das taxas de arqueamento


em ambos os cenários avaliados. Observa-se na parte inicial uma forte oscilação de
valores, que provavelmente está associada à solução numérica. Um comportamento mais
harmônico pode ser obtido por meio de um super refinamento no modelo.

Entre as elevações 75 e 100 tem-se taxas de arqueamento mais elevadas para o sistema
inclinado, comportamento, de certa forma, não esperado. Observa-se, no entanto, que
para o trecho final, as taxas do filtro vertical aumentam quando da aproximação dele do
material de fundação, sendo mais pronunciada quando do material mais rígido, colúvio.

- 87 -
Figura 5.34 - Gráfico arqueamento filtro inclinado x filtro vertical - cenário 1 - 100%
aluvião.

Figura 5.35 - Gráfico arqueamento filtro inclinado x filtro vertical - cenário 3 - 100%
colúvio.

Este estudo mostrou que, apesar de se observar tensões mais elevadas no sistema de
drenagem vertical, as taxas de arqueamento mostram-se mais elevadas em boa extensão
do sistema de drenagem inclinado. Valores mais elevados de tensões e taxas de
arqueamento são observadas no sistema vertical, em função do mesmo se apoiar
diretamente na fundação. Sendo o efeito maior quanto maior for a rigidez da fundação.

No estudo aqui apresentado, as tensões máximas para o sistema inclinado foram da ordem
de 1.200 kPa, quase o dobro das tensões sem filtro, 650 kPa. Para o sistema vertical as
tensões foram da ordem de 1.800 kPa, mais que o dobro das tensões sem filtro, da ordem
de 800 kPa.

Importante salientar que o aumento de tensões observado quando da opção por filtro
vertical não significa dizer que o filtro é inapropriado. Mesmo porque materiais arenosos,

- 88 -
quartzosos suportam facilmente os níveis de tensões aqui registrados, da ordem de 1.800
kPa.

O estudo deixa evidências que o que reduz as tensões na base do filtro inclinado não é o
fato dele ser inclinado e sim o fato dele não se apoiar diretamente na fundação, uma vez
que a sua conexão com o tapete drenante é inclinada. Se o mesmo procedimento
construtivo for feito para o sistema em filtro vertical, é de se esperar o mesmo
comportamento.

- 89 -
CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO

Troca de solo da Fundação

As análises e comparações entre os cenários 1, 2 e 3 onde há uma troca de solo de


fundação (aluvião para colúvio) mostrou-se viável aos deslocamentos verticais,
deslocamento no eixo, deformações verticais e recalque na fundação.

Esta troca de solo tanto a nível quantitativo como qualitativo pode ser demonstrada nas
análises anteriores onde foram evidenciadas as reduções de deformações e tensões.

Em relação as análises dos recalques, a troca de solo mostra-se viável e favorável para
um melhor comportamento da fundação da barragem, principalmente na região do filtro.

Indubitavelmente a troca de solo da fundação do maciço foi a melhor opção em


praticamente todas as análises o que demonstrou que tal opção trouxe mais segurança
para a barragem.

Diante dos resultados apresentados pelos modelos foi possível observar que as
deformações na região do eixo vertical para os 3 cenários foram proporcionais quando da
troca de solo e em níveis de tensão.

Também há uma coerência entre as deformações na fundação dos 3 modelos quando


comparado com valores já publicados por literatura, por exemplo barragem de Três
Marias e Jaturnaiba.

A troca de solo em uma obra de terra por ser uma etapa operacional rotineira quando vista
por fora, porém, esta atividade compete diretamente com a produção do aterro
compactado e quando não bem dimensionada por causar atrasos e até mesmo
desequilíbrio financeiro ao projeto. Em se tratando de grandes volumes a substituição de

- 90 -
solo necessita ser bem planejada, pois afeta jazidas de empréstimos, locais para bota fora,
escavações com embaraço de água, rebaixamento de nível d’água e produtividades
baixas, pois é uma escavação detalhada que requer cuidado para que não ocorram
“feridas” nas camadas competentes localizadas abaixo do aluvião.

Este trabalho buscou abranger exemplos de barragens construídas sobre solos


compressíveis e suas deformações, demonstrando uma simulação de troca de solo e suas
consequências técnicas e financeiras.

Filtro Inclinado

Independentemente do cenário, sem remoção do aluvião, com remoção parcial do aluvião


e remoção total do aluvião, as deformações verticais no barramento mostram-se
semelhantes. O valor máximo ocorre na área central do barramento, da ordem de 5% a
6%. Por outro lado, as deformações na fundação são bastante diferentes. Mantendo-se o
aluvião na fundação, tem-se deformações verticais da ordem de 14%. Fazendo a
substituição por colúvio compactado, as deformações máximas se assemelham às do
maciço, da ordem de 5%. Este comportamento tem reflexo direto nos recalques induzidos
pela estrutura na fundação em aluvião ou colúvio.

Os deslocamentos máximos cumulativos ocorrem na região central do barramento, no


eixo da crista. A substituição total do material de fundação, aluvião, proporciona uma
redução da ordem de 40 cm nos recalques máximos internos no barramento.

O estudo mostra que os deslocamentos verticais do sistema de drenagem inclinado


acompanham os deslocamentos verticais do maciço. Isto ocorre porque a concepção do
sistema interno de drenagem, sem apoio na fundação, com sua interligação ao tapete
drenante de forma inclinada, permite que ele “flutue” dentro do barramento.

Com relação aos recalques no contato do barramento com a fundação, a troca plena do
aluvião proporciona uma redução da ordem de 50% no recalque máximo, de 125 cm para
60 cm. Num contexto geral, ambos são elevados, porém, como apresentado, no primeiro
caso as deformações máximas são da ordem de 14%, valor muito elevado, e no segundo,

- 91 -
as deformações são 5%, condição bem mais favorável, similar àquela que será
experimentada pelo maciço.

O comportamento dos recalques mostra que os maiores valores não ocorrem no eixo da
crista, como esperado, mas próximo da região de projeção do dreno inclinado. Este
comportamento ratifica a ocorrência de efeitos de arqueamentos de tensão no sistema de
drenagem interno com reflexos agudos na fundação, mesmo o sistema de drenagem não
estando apoiado diretamente na mesma.

Comparação entre os Sistemas de Drenagem

O estudo mostra que na região superior do barramento as diferenças absolutas de tensões


verticais são mínimas, sendo crescentes com a profundidade. Próximo da região final do
filtro inclinado, elevação 70 metros, tem-se uma redução brusca nas leituras apresentadas,
função do término do filtro, e continuidade com o maciço compactado. Nesta região as
tensões alcançam cerca de 1.200 kPa. A partir da elevação, o filtro vertical mostra um
contínuo aumento das tensões. Ao apoiar na fundação alcança tensões da ordem de 1.800
kPa.

Importante observar, no entanto, que cada sistema proposto apresenta um comportamento


da taxa de crescimento de tensão diferente, sendo a taxa do sistema inclinado tipicamente
constante e a taxa do sistema vertical crescente com a profundidade. Este comportamento
sugere que no sistema vertical tem-se um efeito cumulativo sobre o arqueamento.

O estudo mostra baixa sensibilidade das tensões nos sistemas de drenagem inclinado ou
vertical com a alteração no tipo de solo de fundação, para elevações acima de 70 metros.

Importante observar que para o filtro inclinado, independentemente do tipo de fundação,


a tensão máxima do filtro é da ordem de 1.200 kPa, sendo a tensão sem filtro é da ordem
de 650 kPa. No caso do filtro vertical tem-se um pequeno aumento da tensão máxima
com o aumento da rigidez da fundação, 1.700 kPa, para 1.800 kPa, para fundação em
aluvião e colúvio, respectivamente. Em termos gerais, este comportamento sugere que o

- 92 -
aumento de tensões pode ser maior quanto mais rígida for a fundação (rocha, solo residual
jovem, etc.).

Em ambos os sistemas as taxas de arqueamento mostram-se crescentes com a


profundidade, variando de 1,3 a 1,9, independentemente do cenário. Ou seja, as tensões
no sistema de drenagem aumentam relativamente muito com a profundidade, acima do
peso natural do solo, mesmo no sistema com filtro inclinado.

Entre as elevações 75 e 100 metros tem-se taxas de arqueamento mais elevadas para o
sistema inclinado, comportamento, de certa forma, não esperado. Observa-se, no entanto,
que para o trecho final, as taxas de arqueamento do filtro vertical aumentam quando da
aproximação da fundação, sendo mais pronunciada quando o material é mais rígido
(colúvio).

Este estudo mostrou que, apesar de se observar tensões mais elevadas no sistema de
drenagem vertical, as taxas de arqueamento mostram-se mais elevadas em boa extensão
no sistema de drenagem inclinado. Valores mais elevados de tensões e taxas de
arqueamento são observadas no sistema vertical próximo da fundação. Sendo este efeito
maior quanto maior for a rigidez da fundação. No estudo aqui apresentado, as tensões
máximas para o sistema inclinado foram da ordem de 1.200 kPa, quase o dobro das
tensões sem filtro, 650 kPa. Para o sistema vertical as tensões foram da ordem de 1.800
kPa, mais que o dobro das tensões sem filtro, da ordem de 800 kPa.

Importante salientar que o aumento de tensões observado para o sistema filtro vertical
não significa dizer que este sistema seria inapropriado para esta obra. Mesmo porque
materiais arenosos, quartzosos suportam facilmente os níveis de tensões aqui registrados,
da ordem de 1.800 kPa.

O estudo deixa evidências que o que reduz as tensões na base do filtro inclinado não é o
fato dele ser inclinado e sim o fato dele não se apoiar diretamente na fundação, uma vez
que a sua conexão com o tapete drenante é inclinada. Se o mesmo procedimento
construtivo for feito para o sistema em filtro vertical, é de se esperar o mesmo
comportamento.

- 93 -
Sugestões para Novas Pesquisas

Para futuros trabalhos é interessante criar uma atualização do modelo com parâmetros
geotécnicos de ensaios de laboratório a partir de uma amostra indeformada de um bloco
do corpo do maciço compactado, permitindo assim calibrar os modelos tensão x
deformação.

Outra sugestão para a calibração e comparação do modelo seria utilizar dados dos
instrumentos de medida de recalque da barragem a partir do primeiro enchimento do
reservatório até seu início de operação.

Um ponto que não foi abordado neste trabalho e tem grande relevância é o
comportamento da barragem atrelado ao comportamento do fluxo de água pela fundação.

Uma pesquisa interessante seria a análise de outras barragens e seus sistemas de drenagem
com o foco nas taxas de arqueamento, principalmente a diferença entre o arqueamento do
filtro vertical e inclinado. Isso possilitaria criar comparações de tensões entre barragens.

Ainda atrelado ao um possível estudo de arqueamento de filtros, uma opção de estudo


também seria a verificação de um modelo com instrumentações.

- 94 -
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- 97 -
ANEXO I

Amostras e Resultados dos Ensaios

I.I
Amostras Colúvio Selecionadas Ensaio Laboratório Áreas Internas Reservatório
(Geoestável, 2018).
Identificação Descrição
Nome Reg Local De Até Tipo
Nº Amostra Gênese Táctil Visual
ST-113 3411 AE-07 0 1,6 DEF. COL Argila Silte Arenosa com Marrom
ST-122 3414 AE-07 0,4 2,1 DEF. COL/SV ArenoArgilo Arenoso cor Marrrom
ST-145 3463 AE-07 0,4 1,1 DEF. COL Argila Silte Arenoso cor Marrom
ST-145 3464 AE-07 1,1 3,7 DEF. COL/SV Argila Silte Arenoso cor Vermelha
ST-138 3467 AE-07 0,2 2,1 DEF. COL Argila Marrom
Silte Argiloso Arenoso cor Marrom
ST-105 3457 AE-06 0,2 0,7 DEF. COL/SR
com tons alaranjados
ST-105 3458 AE-06 0,7 2,4 DEF. COL Silte Argiloso Arenoso Alaranjado
ST-110 3460 AE-06 0,3 1,9 DEF. COL Argila Marrom Amarelado
ST-83 3451 AE-05 0,35 1 DEF. COL/SR Silte Argiloso Arenoso cor Marrom
ST-83 3452 AE-05 1 2,4 DEF. COL Silte Argiloso Arenoso cor Vermelho
ArgiloSilto Arenoso com granulos de
ST-88 3507 AE-05 0,1 2 DEF. COL quartzo e raizes capilares marrom
com tons alaranjados
Argila Silto Arenosa Marrom
ST-78 3508 AE-05 0,3 2,3 DEF. COL Avermelhado com Granulos de
Quartzo
ArgiloSilto Arenoso com granulos de
ST-72 3510 AE-05 0,25 1,6 DEF. COL quartzo e raizes capilares marrom
com tons alaranjados
Argila Silte Arenosa Marrom
ST-60 3500 AE-04 0,3 2,7 DEF. COL
Avermelhado
ArgiloSilto Arenoso Marrom
ST-63 3502 AE-04 0,25 4,4 DEF. COL
Avermelhado
ArgiloSilto Arenoso com granulos de
ST-54 3504 AE-04 0,35 2,9 DEF. COL quartzo e raizes capilares marrom
com tons alaranjados
Argila Silte Arenosa Marrom
ST-71 3531 AE-04 0,3 2,5 DEF. COL
Alaranjado com blocos e seixos
SilteArgilo Arenoso Marrom
ST-41 3562 AE-02 0 1 DEF. COL
Alaranjado
Areno Argiloso Siltoso Marrom com
ST-37 3563 AE-02 0 1 DEF. COL
Tons Alaranjados
SilteArgilo Arenoso Marrom
ST-36 3565 AE-02 2 3 DEF. COL/SR
Alaranjado
SilteArgilo Arenoso Marrom
ST-31 3567 AE-02 1 2 DEF. COL
Alaranjado
ST-02 3533 AE-01 0 1 DEF. COL ArgiloSilte Arenoso Vermelho
353 ArgiloSilte Arenoso Marrom
ST-04 AE-01 0 1 DEF. COL
5 Alaranjado
353
ST-15 AE-01 1 2 DEF. COL
7 Areno Argiloso Laranja
353
ST-15 AE-01 3 4 DEF. COL
8 Areno Argiloso Laranja
353
ST-26 AE-01 1 2 DEF. COL
9 Silte Arenoso Argiloso Marrom

I.II
Resultados dos Ensaios Materiais Classificados com Colúvio dentro das Áreas AE-01 a
AE-07 - Parte 1 (Geoestável, 2018).
Identificação Características Naturais Granulometria
Reg Gs wnat(%) Argila Silte Areia Pedregulho
Nome Local
Nº (g/cm³) (%) (%) (%) (%)
ST-113 3411 AE-07 2,700 24,79 32 31 27 10
ST-122 3414 AE-07 2,641 20,3 36 23 41 0
ST-145 3463 AE-07 2,861 24,58 38 22 40 0
ST-145 3464 AE-07 2,723 24,59 46 14 40 0
ST-138 3467 AE-07 2,602 21,81 41 13 46 0
ST-105 3457 AE-06 2,626 20,96 29 25 39 7
ST-105 3458 AE-06 2,641 19,83 30 33 34 2
ST-110 3460 AE-06 2,629 26,84 39 26 35 0
ST-83 3451 AE-05 2,631 30,4 33 32 35 0
ST-83 3452 AE-05 2,857 20,55 27 32 39 2
ST-88 3507 AE-05 2,827 28,49 40 24 33 3
ST-78 3508 AE-05 2,558 26,38 49 16 35 0
ST-72 3510 AE-05 2,665 29,06 34 28 36 2
ST-60 3500 AE-04 2,684 31,86 52 17 31 0
ST-63 3502 AE-04 2,688 30,16 66 11 21 2
ST-54 3504 AE-04 2,728 30,21 46 21 33 0
ST-71 3531 AE-04 2,791 - 34 32 32 2
ST-41 3562 AE-02 2,623 21,28 41 18 41 0
ST-37 3563 AE-02 2,568 21,91 38 19 42 1
ST-36 3565 AE-02 2,633 23,01 50 10 40 0
ST-31 3567 AE-02 2,654 19,66 42 24 34 0
ST-02 3533 AE-01 2,613 - 64 12 24 0
ST-04 3535 AE-01 2,686 - 51 17 32 0
ST-15 3537 AE-01 2,623 - 62 10 28 0
ST-15 3538 AE-01 2,53 - 52 12 36 0
ST-26 3539 AE-01 2,578 - 32 20 48 0
Legenda:
wnat= Umidade Natural Gs= Massa Específica dos Sólidos

I.III
Resultados dos Ensaios Materiais Classificados com Colúvio dentro das Áreas AE-01 a
AE-07- Parte 2 (Geoestável, 2018)
Compactação
Identificação Limites de Atterberg Permeabilidade
(Proc. Normal)
Reg LL LP IP wot k (cm/s)
Nome Local d (g/cm³)
Nº (%) (%) (%) (%) 20°C
ST-113 3411 AE-07 45 26 19 27,10 1,468 7,80E-06
ST-122 3414 AE-07 37 22 15 21,50 1,567 1,80E-06
ST-145 3463 AE-07 42 23 19 24,10 1,508 -
ST-145 3464 AE-07 51 26 25 25,20 1,507 1,30E-07
ST-138 3467 AE-07 40 22 18 22,70 1,507 -
ST-105 3457 AE-06 44 19 25 19,30 1,623 -
ST-105 3458 AE-06 37 20 17 20,00 1,645 1,40E-06
ST-110 3460 AE-06 50 27 23 24,60 1,508 1,30E-07
ST-83 3451 AE-05 48 26 22 22,20 1,474 -
ST-83 3452 AE-05 36 16 20 21,80 1,591 -
ST-88 3507 AE-05 52 28 24 26,70 1,421 -
ST-78 3508 AE-05 48 26 22 25,80 1,523 -
ST-72 3510 AE-05 45 25 20 24,20 1,502 -
ST-60 3500 AE-04 59 29 30 25,90 1,442 -
ST-63 3502 AE-04 65 36 29 31,00 1,323 -
ST-54 3504 AE-04 49 23 26 25,60 1,540 1,30E-07
ST-71 3531 AE-04 44 24 20 24,10 1,578 -
ST-41 3562 AE-02 42 19 23 25,10 1,491 1,70E-07
ST-37 3563 AE-02 39 22 17 22,70 1,509 6,10E-07
ST-36 3565 AE-02 57 26 31 26,20 1,478 7,30E-07
ST-31 3567 AE-02 47 16 31 26,10 1,472 2,40E-07
ST-02 3533 AE-01 57 33 24 29,50 1,400 4,00E-07
ST-04 3535 AE-01 47 22 25 26,60 1,399 -
ST-15 3537 AE-01 50 26 24 27,50 1,437 -
ST-15 3538 AE-01 49 26 23 25,10 1,482 -
ST-26 3539 AE-01 37 18 19 20,30 1,559 -
Legenda:
= Massa Específica Seca LL = Limite de Liquidez
wot= Umidade Ótima LP = Limite de Plasticidade
k = permeabilidade 98% P.N. IP* = Índice de Plasticidade
* O IP foi calculado por meio da dedução do valor do LP no valor do LL.

I.IV
Resultados dos Ensaios Materiais Classificados com Colúvio dentro das Áreas AE-01 a
AE-07 - Parte 3 (Geoestável, 2018)
Identificação Compressão Triaxial
Reg (g/cm (g/c wini( GC Sini(% wfin( c' ( '
Nome Local ³) m³) e ini Tipo
Nº %) (%) ) %) kPa) (°)
ST-113 3411 AE-07 1,829 1,439 27,14 98,00 0,88 83,57 32,60 12 30 CIUSAT
ST-122 3414 AE-07 - - - - - - - - - -
ST-145 3463 AE-07 - - - - - - - - - -
ST-145 3464 AE-07 1,842 1,474 24,99 98,00 0,85 80,31 31,14 10 24 CIUSAT
ST-138 3467 AE-07 - - - - - - - - - -
ST-105 3457 AE-06 1,896 1,588 19,42 98,00 0,65 77,96 28,53 11 25 CIUSAT
ST-105 3458 AE-06 - - - - - - - - - -
ST-110 3460 AE-06 - - - - - - - - - -
ST-83 3451 AE-05 1,767 1,440 22,72 98,00 0,83 72,28 35,39 23 28 CIUSAT
ST-83 3452 AE-05 - - - - - - - - - -
ST-88 3507 AE-05 - - - - - - - - - -
ST-78 3508 AE-05 - - - - - - - - - -
ST-72 3510 AE-05 1,829 1,470 24,42 98,00 0,81 80,04 30,26 12 31 CIDSAT
ST-60 3500 AE-04 1,779 1,413 25,91 98,00 0,90 77,27 33,17 23 29 CIDSAT
ST-63 3502 AE-04 1,703 1,296 31,41 98,00 1,07 78,64 40,40 19 25 CIUSAT
ST-54 3504 AE-04 - - - - - - - - - -
ST-71 3531 AE-04
ST-41 3562 AE-02 - - - - - - - - - -
ST-37 3563 AE-02 - - - - - - - - - -
ST-36 3565 AE-02 - - - - - - - - - -
ST-31 3567 AE-02 - - - - - - - - - -
ST-02 3533 AE-01 1,780 1,374 29,55 98,00 0,90 85,66 31,70 23 31 CIUSAT
ST-04 3535 AE-01 - - - - - - - - - -
ST-15 3537 AE-01 - - - - - - - - - -
ST-15 3538 AE-01 - - - - - - - - - -
ST-26 3539 AE-01 - - - - - - - - - -
Legenda:
= Massa Específica Natural GC = Grau de Compactação
= Massa Específica Seca eini= Índice de Vazios Inicial do C.P.
Sini= Grau de Saturação do C.P.
á
= Massa Específica Seca Máxima c' = Coesão Efetiva
Δw = Desvio de Umidade ' = Ângulo de Atrito Efetivo

I.V
Amostras Solo Residual Ensaio Laboratório Áreas Internas Reservatório (Geoestável,
2018)
Identificação Descrição
Reg Tipo
Nome Local De Até Gênese Táctil Visual
Nº Amostra
SilteArgilo Arenoso cor Vermelho com
ST-145 3465 AE-07 3,7 5,1 DEF. SR/SAP
Machas Brancas
ST-144 3466 AE-07 1 2 DEF. SAP Areia Silte cor Branco Acinzentado
SilteArgilo Arenoso cor Vermelho com
ST-138 3468 AE-07 2,1 4,3 DEF. SR
Machas Brancas
ST-133 3469 AE-07 0 4,1 DEF. SR Silte Arenoso Rosa
Silte Cor Cinza manchas laranjas e
ST-98 3453 AE-06 0,2 0,8 DEF. SR
raizes capilares
Silte amarelo com manchas brancas a
ST-98 3454 AE-06 0,8 2,5 DEF. SR
cinza claro
SilteArgilo Cinza Marrom Alaranjado
ST-99 3455 AE-06 0,8 1,7 DEF. SR
com raizes capilares
ST-99 3456 AE-06 1,7 3,7 DEF. SAP ArenoSiltoso cor branco
ST-105 3459 AE-06 2,4 5 DEF. SAP Silte Arenoso cor Bege Rosado
ST-110 3461 AE-06 1,9 4,1 DEF. SR SilteArgilo Arenoso cor rosa
ST-110 3462 AE-06 4,1 6 DEF. SR Silte com areia e argila cor rosa
ST-83 3506 AE-05 2,4 3,5 DEF. SR ArenoSiltoso cor ocre
SilteAreno Argiloso a SilteArgilo
ST-78 3509 AE-05 2,3 3,9 DEF. SR
Arenoso
Silte arenoso com presença de mica
ST-72 3511 AE-05 1,6 3,5 DEF. SR/SAP
amarelo (transição)
ST-60 3501 AE-04 2,7 4 DEF. SR/SAP Areno Argiloso Bege
SilteAreno Argiloso Marrom
ST-63 3503 AE-04 4,4 5 DEF. SR
Avermelhado com Manchas Brancas
Silte arenoso com presença de mica
ST-54 3505 AE-04 2,9 6 DEF. SR/SAP
amarelo (transição)
ST-47 3560 AE-02 4 5 DEF. SAP Silte Arenoso Bege/Esbranquiçado
SilteAreno Argiloso Marrom Alaranjado
ST-42 3561 AE-02 2 3 DEF. SR
com Manchas Brancas
ArenoSiltoso Rosa com Manchas
ST-37 3564 AE-02 3 4 DEF. SR/SAP
Brancas
ST-34 3566 AE-02 3 4 DEF. SR SilteAreno Argiloso Rosa Alaranjado
ST-02 3534 AE-01 2 3 DEF. SR/SAP Silte Arenoso Amarelo/Branco
ST-04 3536 AE-01 2 3 DEF. SR Silte Arenoso Rosa
ST-26 3540 AE-01 3 4 DEF. SR ArenoSiltoso Marrom
ST-15 3538 AE-01 3 4 DEF. COL Areno Argiloso Laranja
ST-26 3539 AE-01 1 2 DEF. COL Silte Arenoso Argiloso Marrom

I.VI
Resultados dos Ensaios Materiais Classificados com Solo Residual, Saprólito dentro das
Áreas AE-01 a AE-07 - Parte 1 (Geoestável, 2018)
Identificação Características Naturais Granulometria
Reg Gs wnat(%) Argila Silte Areia Pedregulho
Nome Local
Nº (g/cm³) (%) (%) (%) (%)
ST-113 3412 AE-07 2,67 11,64 12 51 37 0
ST-113 3413 AE-07 2,814 6,14 5 61 34 0
ST-122 3415 AE-07 2,631 9,07 12 51 37 0
ST-145 3465 AE-07 2,753 22,06 44 18 38 0
ST-144 3466 AE-07 2,814 17,94 3 35 56 6
ST-138 3468 AE-07 2,688 24,09 44 17 39 0
ST-133 3469 AE-07 2,622 12,9 8 56 36 0
ST-98 3453 AE-06 2,876 31,62 40 30 30 0
ST-98 3454 AE-06 2,701 26,43 15 46 39 0
ST-99 3455 AE-06 2,612 18,38 34 20 46 0
ST-99 3456 AE-06 2,618 8,95 14 24 62 0
ST-105 3459 AE-06 2,73 7,09 5 53 42 0
ST-110 3461 AE-06 2,864 15,47 19 42 39 0
ST-110 3462 AE-06 2,872 7,29 8 48 44 0
ST-83 3506 AE-05 2,614 7,77 13 35 51 1
ST-78 3509 AE-05 2,770 21,00 27 38 35 0
ST-72 3511 AE-05 2,674 27,31 12 53 35 0
ST-60 3501 AE-04 2,842 17,83 6 57 37 0
ST-63 3503 AE-04 2,705 22,93 39 26 35 0
ST-54 3505 AE-04 2,650 20,86 19 49 32 0
ST-47 3560 AE-02 2,679 17,47 7 34 59 0
ST-42 3561 AE-02 2,660 20,6 11 53 36 0
ST-37 3564 AE-02 2,604 7,64 17 28 55 0
ST-34 3566 AE-02 2,493 13,48 10 57 33 0
ST-02 3534 AE-01 2,609 11 53 36 0
ST-04 3536 AE-01 2,743 19 46 35 0
ST-26 3540 AE-01 2,536 27 32 41 0
Legenda:
wnat= Umidade Natural Gs= Massa Específica dos Sólidos

I.VII
Resultados dos Ensaios Materiais Classificados com Solo Residual, Saprólito dentro das
Áreas AE-01 a AE-07 - Parte 2 (Geoestável, 2018)
Compactação
Identificação Limites de Atterberg Permeabilidade
(Proc. Normal)
Reg LL LP IP wot k (cm/s)
Nome Local d (g/cm³)
Nº (%) (%) (%) (%) 20°C
ST-113 3412 AE-07 36 22 14 19,10 1,585 3,60E-06
ST-113 3413 AE-07 39 22 17 18,70 1,541 5,50E-06
ST-122 3415 AE-07 36 23 13 20,00 1,587 3,60E-06
ST-145 3465 AE-07 49 27 22 25,70 1,487 1,50E-07
ST-144 3466 AE-07 28 18 10 16,70 1,702 4,10E-06
ST-138 3468 AE-07 44 18 26 24,90 1,531 -
ST-133 3469 AE-07 33 19 14 19,60 1,606 -
ST-98 3453 AE-06 55 27 28 27,50 1,516 1,20E-07
ST-98 3454 AE-06 37 17 20 22,20 1,587 -
ST-99 3455 AE-06 35 18 17 18,70 1,651 5,30E-07
ST-99 3456 AE-06 NL NP NP 11,00 1,906 1,20E-06
ST-105 3459 AE-06 29 18 11 17,60 1,635 5,10E-06
ST-110 3461 AE-06 37 20 17 22,90 1,570 5,40E-07
ST-110 3462 AE-06 34 18 16 19,70 1,585 -
ST-83 3506 AE-05 30 16 14 18,80 1,664 -
ST-78 3509 AE-05 42 22 20 22,70 1,576 1,10E-06
ST-72 3511 AE-05 35 20 15 18,50 1,629 2,10E-06
ST-60 3501 AE-04 38 24 14 20,20 1,496 7,20E-06
ST-63 3503 AE-04 45 23 22 24,40 1,541 -
ST-54 3505 AE-04 35 21 14 20,20 1,593 -
ST-47 3560 AE-02 22 14 8 12,90 1,813 -
ST-42 3561 AE-02 34 20 14 20,90 1,588 -
ST-37 3564 AE-02 28 13 15 15,60 1,680 -
ST-34 3566 AE-02 38 21 17 22,90 1,540 -
ST-02 3534 AE-01 41 21 20 23,60 1,537 -
ST-04 3536 AE-01 39 22 17 20,80 1,598 -
ST-26 3540 AE-01 40 21 19 22,00 1,573 -
Legenda:
= Massa Específica Seca = Massa Específica Seca
wot= Umidade Ótima wot= Umidade Ótima
k = permeabilidade 98% P.N. k = permeabilidade 98% P.N.
* O IP foi calculado por meio da dedução do valor do LP no valor do LL.

I.VIII
Resultados dos Ensaios Materiais Classificados com Solo Residual, Saprólito dentro das
Áreas AE-01 a AE-07 - Parte 3 (Geoestável, 2018)
Identificação Compressão Triaxial
Reg (g/cm (g/c wini( GC Sini(% wfin( c' ( '
Nome Local ³) m³) e ini Tipo
Nº %) (%) ) %) kPa) (°)
ST-113 3412 AE-07 - - - - - - - - - -
ST-113 3413 AE-07 - - - - - - - - - -
ST-122 3415 AE-07 - - - - - - - - - -
ST-145 3465 AE-07 1,835 1,462 25,52 98,00 0,88 79,58 30,33 18 25 CIUSAT
ST-144 3466 AE-07 1,948 1,670 16,65 98,00 0,68 68,42 - 12 30 CIUSAT
ST-138 3468 AE-07 - - - - - - - - - -
ST-133 3469 AE-07 - - - - - - - - - -
ST-98 3453 AE-06 - - - - - - - - - -
ST-98 3454 AE-06 1,901 1,552 22,47 98,00 0,74 81,98 29,10 2 29 CIUSAT
ST-99 3455 AE-06 - - - - - - - - - -
ST-99 3456 AE-06 - - - - - - - - - -
ST-105 3459 AE-06 - - - - - - - - - -
ST-110 3461 AE-06 1,890 1,537 22,93 98,00 0,86 76,11 26,70 22 25 CIUSAT
ST-110 3462 AE-06 - - - - - - - - - -
ST-83 3506 AE-05 - - - - - - - - - -
ST-78 3509 AE-05 1,884 1,538 22,48 98,00 0,80 77,75 28,96 12 31 CIUSAT
ST-72 3511 AE-05 - - - - - - - - - -
ST-60 3501 AE-04 - - - - - - - - - -
ST-63 3503 AE-04 1,886 1,510 24,83 98,00 0,79 84,93 31,66 11 28 CIUSAT
ST-54 3505 AE-04 - - - - - - - - - -
ST-47 3560 AE-02 - - - - - - - - - -
ST-42 3561 AE-02 1,872 1,554 20,48 98,00 0,71 76,50 - 8 31 CIUSAT
ST-37 3564 AE-02 1,905 1,646 15,74 98,00 0,58 70,42 21,72 5 32 CIUSAT
ST-34 3566 AE-02 1,852 1,513 22,43 98,00 0,65 86,32 26,17 11 28 CIUSAT
ST-02 3534 AE-01 - - - - - - - - - -
ST-04 3536 AE-01 - - - - - - - - - -
ST-26 3540 AE-01 1,879 1,536 22,32 98,00 0,65 86,96 - 12 35 CIUSAT
Legenda:
= Massa Específica Natural GC = Grau de Compactação
= Massa Específica Seca eini= Índice de Vazios Inicial do C.P.
Sini= Grau de Saturação do C.P.
á
= Massa Específica Seca Máxima c' = Coesão Efetiva
Δw = Desvio de Umidade ' = Ângulo de Atrito Efetivo

I.IX
ANEXO II

Seção transversal da barragem

I.X
Seção transversal da barragem com materiais das fundações (Geoestável, 2018)

I.XI
Legendas da seção transversal da barragem com materiais das fundações (Geoestável, 2018)

I.XII
ANEXO III

Gráficos e Parâmetros

I.XIII
Gráfico da envoltória COLÚVIO CID

COLUVIO - CID
700

600

500
CID 3510
400
t (kPa)

CID 3500
300

Ajuste CID
200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200
COLÚVIO
s' (kPa)
COESÃO 20
PHI 28

Gráfico da envoltória COLÚVIO CIU


COLUVIO - CIU
600 CIU 3533

500 CIU 3502

400 CIU 3464


t (kPa)

300
CIU 3457

200
CIU 3451

100
CIU 3411

0
COLÚVIO - CIU
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 Ajuste CIU COESÃO 15
s' (kPa)
PHI 28

I.XIV
Gráfico da envoltória COLÚVIO CID e CIU
COLUVIO CID e CIU

700 CIU 3533

600 CIU 3502

500 CIU 3464

400 CIU 3457


t (kPa)

300 CIU 3451

CIU 3411
200

CID 3510
100

0
CID 3500 COLÚVIO - CID e CIU
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300
Ajuste
COESÃO 15
s' (kPa)
PHI 28

Gráfico da envoltória RESIDUAL CID


RESIDUAL - CID
700

600

500
CID
3566
t (kPa)

400
CID
300 3465

CID
200 3461

100

RESIDUAL - CID
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 1200 1300 COESÃO 10
s' (kPa) PHI 29

I.XV
Gráfico da envoltória RESIDUAL CIU
RESIDUAL - CIU
CIU 3561
600
CIU 3540
500
CIU 3509
400
CIU 3503
t (kPa)

300
CIU 3466
200
CIU 3464
100
CIU 3454 RESIDUAL - CIU
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 COESÃO 10
Ajuste CIU
s' (kPa) PHI 31

Gráfico da envoltória RESIDUAL CID e CIU

RESIDUAL - CID e CIU CIU


3561
700 CIU
3540

600 CIU
3509

CIU
500 3503

CIU
t ( kPa)

3466
400
CIU
3464
300 CIU
3454

200 CID
3566

CID
100 3465

CID
3461
0
RESIDUAL CID - CIU
Ajuste
0 120 240 360 480 600 720 840 960 1080 1200 1320
Linear
COESÃO 15
s' ( kPa) (Ajuste)

PHI 30

I.XVI
Gráfico de Ajuste Hiperbólico – Solo Residual

Imagem dos Parâmetros de Ajuste Hiperbólico – Solo Residual


K 160,00
σ1 -σ3 (kPa) n 0,00
50 100 200 400 600 Pa 101,30
φ 30,00
coesão (kPa) 15,00
Rf 0,95

I.XVII
Gráfico de Ajuste Hiperbólico – Solo Colúvio
1400,0

1200,0

1000,0

800,0
σd (kPa)

600,0

400,0

200,0

0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0
εa (%)
50kPa-3510 100kPa-3510 200kPa-3510 600kPa-3510
Hiperbólico 50kPa Hiperbólico 100kPa Hiperbólico 200kPa Hiperbólico 600kPa
50kPa-3500 100kPa-3500 200kPa-3500 600kPa-3500

Imagem dos Parâmetros de Ajuste Hiperbólico – Solo Colúvio


K 170,00
σ1 -σ3 (kPa) n 0,00
50 100 200 600 Pa 101,30
φ 28,00
coesão (kPa) 15,00
Rf 0,85

I.XVIII
ANEXO IV

Sondagens

I.XIX
Resumo das sondagens executadas em 2017 na área de implantação da Barragem do
Torto – Parte 1 (2019)
FURO N E COTA (m)* COTAS (m)** COTAS(m)*** PROF. (m) N.A (m)
SM-20 7.804.117,06 666.112,89 674,03 674,00 - 22,16 1,40
SM-21 7.804.146,58 666.201,25 - 671,00 - 20,04 0,58
SM-22 7.804.288,10 666.091,34 - 680,00 - 20,05 3,45
SM-23 7.804.252,64 666.193,96 - - - 20,00 5,62
SM-23A 7.804.252,64 666.193,96 - 676,00 - 16,00 4,92
SM-24 7.804.210,79 666.313,96 - 707,00 - 20,12 SECO
SM-25 7.804.354,87 666.088,59 - 684,00 - 23,45 SECO
SM-26 7.804.314,16 666.204,72 - 674,00 - 20,00 4,38
SM-27 7.804.401,32 666.131,91 670,00 - - 25,00 0,00
SM-28 7.804.362,41 666.244,48 - - - 18,05 1,93
SM-30 7.804.368,61 665.892,24 726,61 726,50 - 25,45 SECO
SM-31 7.804.475,26 665.975,44 688,96 689,00 - 28,00 10,85
SM-53 7.804.182,51 666.118,74 - 671,90 - 17,19 0,80
SM-54 7.804.283,00 666.196,00 - 677,00 - 20,09 10,38
SM-55 7.804.202,00 666.195,00 676,15 677 ou 676 - 21,10 1,72
SM-56 7.804.094,00 666.243,00 - 675 ou 674 - 15,45 SECO
SM-57 7.804.128,00 666.230,00 - 675 ou 674 - 11,26 SECO
SM-64 7.804.227,28 666.124,28 672,69 671,00 672,00 22,50 7,16
SM-65 7.804.227,28 666.124,28 692,00 691,00 679,00 43,00 8,14
SM-66 7.804.251,90 665.990,91 - 684,00 697,00 32,07 6,11
SM-67 7.804.105,23 666.167,88 - 672,50 - 30,00 0,00
SM-68 7.804.149,40 666.288,48 - 693,00 665,00 27,05 20,22
SM-69 7.804.176,00 666.337,00 707,07 707,00 ou 707,50 668,00 30,05 20,24
SM-107 7.804.165,42 666.148,81 671,61 - - 25,50 0,30
SM-108 7.804.082,19 666.188,62 672,18 - - 25,50 0,75
SM-109 7.804.282,01 666.120,35 672,73 - - 22,10 2,90
SM-110 7.804.175,25 666.072,95 676,39 - - 22,00 1,50
SM-111 7.804.212,51 666.120,66 673,07 - - 25,00 1,95
SM-107 7.804.165,42 666.148,81 671,61 - - 25,50 0,30

I.XX
Resumo das sondagens executadas em 2017 na área de implantação da Barragem do
Torto - Parte 2 (2019)
COTA COTAS PROF. N.A (m) O.B.S.
FURO N E
(m)* (m)** (m)
SM-201 7.804.520,61 666.059,30 668,36 668,36 15,27 2,14
SM-203 7.804.353,51 665.906,48 723,94 723,94 43,62 14,95
SM-204 7.804.302,39 665.970,64 697,12 697,12 33,00 13,62
SM-205 7.804.322,13 666.162,15 669,47 669,47 26,00 0,50
SM-206 7.804.221,86 666.160,83 670,45 669,00 29,00 0,28
SM-207 7.804.139,28 666.113,97 675,66 675,66 11,49 0,00
Artesianismo em
SM-207A 7.804.135,03 666.115,64 675,88 675,89 28,04 0,32 15,00 m
Artesianismo em
SM-207B 7.804.140,14 666.111,24 675,73 675,73 11,82 1,60 10,90 m
SM-208 7.804.188,59 666.271,01 698,05 698,05 30,05 22,96
SM-209 7.804.235,88 666.089,02 673,92 673,92 25,90 1,87
SM-210 7.804.252,51 666.198,74 676,59 676,59 15,70 12,80
SM-210A 7.804.254,11 666.198,75 676,55 676,55 26,26 6,09
SM-211 7.804.358,83 666.188,00 669,10 669,10 32,00 0,00
SM-212 7.804.222,22 666.126,01 673,04 673,04 28,00 0,85

I.XXI
ANEXO V

Fotos

I.XXII
SM-201

Figura 01 – Foto das amostras do furo SM-201 – Caixas 01 e 02.

Figura 02 – Foto das amostras do furo SM-201 – Caixa 03.

I.XXIII
SM-203

Figura 01 – Foto das amostras do furo SM-203 – Caixas 01 e 02.

Figura 02 – Foto das amostras do furo SM-203 – Caixas 03 e 04.

I.XXIV
Figura 03 - Foto das amostras do furo SM-203 - Caixas 05 e 06.

Figura 04 - Foto das amostras do furo SM-203 - Caixas 07 e 08.

I.XXV
Figura 05 - Foto das amostras do furo SM-203 - Caixa 09.

SM-204

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-204 - Caixas 01 e 02.

I.XXVI
Figura 02 - Foto das amostras do furo SM-204 - Caixas 03 e 04.

Figura 03 - Foto das amostras do furo SM-204 - Caixas 05 e 06.

I.XXVII
Figura 04 - Foto das amostras do furo SM-204 - Caixas 07 e 08.

Figura 05 - Foto das amostras do furo SM-204 - Caixa 09.

I.XXVIII
SM-205

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-205 - Caixas 01 e 02.

Figura 02 - Foto das amostras do furo SM-205 - Caixas 03 e 04

I.XXIX
Figura 03 - Foto das amostras do furo SM-205 - Caixas 05 e 06

Figura 04 - Foto das amostras do furo SM-205 - Caixas 07 e 08

I.XXX
SM-206

Figura 04 - Foto das amostras do furo SM-206 - Caixas 01 a 03

I.XXXI
Figura 04 - Foto das amostras do furo SM-206 - Caixas 04 a 07

SM-207

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-207 - Caixas 01 e 02

I.XXXII
Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-207A - Caixas 01 e 02.

Figura 02 - Foto das amostras do furo SM-207A - Caixas 03 e 04.

I.XXXIII
Figura 03 - Foto das amostras do furo GST-SM-207A - Caixas 05 e 06.

I.XXXIV
SM-207B

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-207B - Caixas 01 e 02.

I.XXXV
SM-208

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-208 - Caixas 01 e 02.

Figura 02 - Foto das amostras do furo SM-208 - Caixas 03 e 04

I.XXXVI
Figura 03 - Foto das amostras do furo SM-208 - Caixas 05 e 06.

Figura 04 - Foto das amostras do furo SM-208 - Caixas 07 e 08

I.XXXVII
Figura 05 - Foto das amostras do furo SM-208 - Caixa 09

SM-209

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-209 - Caixas 01 a 03.

I.XXXVIII
Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-209 - Caixas 04 a 07.

SM-210

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-210 - Caixas 01 e 02.

I.XXXIX
Figura 02 - Foto das amostras do furo SM-210 - Caixas 03 e 04

Figura 03 - Foto das amostras do furo SM-210 - Caixas 05 e 06

I.XL
SM-210A

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-210A - Caixas 01 e 02.

Figura 02 - Foto das amostras do furo SM-210A - Caixas 03 e 04.

I.XLI
Figura 03 - Foto das amostras do furo SM-210A - Caixas 05 e 06

Figura 04 - Foto das amostras do furo SM-210A - Caixas 07 e 08.

I.XLII
Figura 05 - Foto das amostras do furo SM-210A - Caixa 09

SM-211

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-211 - Caixas 01 a 03

I.XLIII
Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-211 - Caixas 04 a 07

I.XLIV
SM-212

Figura 01 - Foto das amostras do furo SM-212 - Caixas 01 e 02

Figura 02 - Foto das amostras do furo SM-212 - Caixas 03 e 04

I.XLV
Figura 03 - Foto das amostras do furo SM-212 - Caixas 05 e 06

Figura 04 - Foto das amostras do furo SM-212 - Caixas 07 e 08

I.XLVI

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