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ÉBELIN DA SILVA GABRI FREITAS

SEGURANÇA DE BARRAGENS: VERIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DO CONJUNTO


RESERVATÓRIO E SISTEMA EXTRAVASOR EM TRANSITAR AS CHEIAS
AFLUENTES NA BARRAGEM COCOROBÓ – BA, COM O USO DO SOFTWARE HEC-
HMS

Rio de Janeiro
2017
ÉBELIN DA SILVA GABRI FREITAS

SEGURANÇA DE BARRAGENS: VERIFICAÇÃO DA CAPACIDADE DO CONJUNTO


RESERVATÓRIO E SISTEMA EXTRAVASOR EM TRANSITAR AS CHEIAS
AFLUENTES NA BARRAGEM DE COCOROBÓ – BA, COM O USO DO SOFTWARE
HEC-HMS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado na


Universidade Estácio de Sá como requisito final
para a obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Civil.
Orientador: Prof. M.Sc. Eng. Jonathan Tenório de
Lima
Coorientador: M.Sc. Eng. José Carlos Guedes da
Silva Júnior

Rio de Janeiro
2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

F866s Freitas, Ébelin da Silva Gabri


Segurança de barragens: verificação da capacidade do conjunto
reservatório e sistema extravasor em transitar as cheias afluentes na
barragem Cocorobó. / Ébelin da Silva Gabri Freitas. – Rio de Janeiro,
2017.

78f; 30cm.
Monografia (Graduação em Engenharia Civil) - Universidade
Estácio de Sá, 2017.

Bibliografia: f.78
Orientador: Jonathan Tenório de Lima

1. Barragens de terra 2. Segurança de barragens 3. Galgamento


4. Preicipitações I. Título.
CDD 690
:
DEDICATÓRIA

A Deus, o dono de toda a ciência, sabedoria e poder.


AGRADECIMENTOS

Ao Deus de amor e de infinita bondade, meu Pai, amor da minha vida, minha razão de existir,
meu tudo, que pela sua misericórdia permitiu que eu chegasse até este momento, me guiando
com sua boa mão e me sustentando em todos as etapas da minha pequena existência. A Ele toda
honra, glória e louvor.

Ao meu esposo Cleiton, que com amor, paciência e dedicação me concedeu seus cuidados e
apoio em mais esta fase da nossa vida. Que compreendeu os momentos da minha ausência em
muitos eventos.

Aos meus pais Aroldo e Euzi por terem me educado aos pés da cruz de Cristo, por me
apresentarem o aconchegante amor de Jesus, por todo investimento e incentivo mesmo quando
deixei a segurança de seus braços. Pelos cuidados através das orações e por todo amor que me
concedem. Aos meus irmãos Heglay, Márcio, Danilo, Cíntia e Mariane pelos bons momentos
que vivemos, pela amizade e companheirismo eternos. À minha sogra Rosângela e ao meu
sogro Antônio Carlos por cuidarem de mim fazendo-me sentir filha.

Ao meu orientador Jonathan, que acreditou que eu fosse capaz de realizar este trabalho, me
incentivando em todos os momentos. Agradeço pela amizade, conselhos e orientações. Ao meu
coorientador José Carlos, pela sua generosidade, paciência e apoios diários. Vocês foram
realmente incríveis quando aceitaram a dura tarefa de orientar, ensinar e conduzir meus
pensamentos e ações até o término desta etapa. Minha gratidão eterna a vocês.

Às amigas que faculdade me deu: Ana Isabel, Aline, Deisiane, Mônica, Érica, Driele, Maria,
Marselle. Agradeço pelo apoio nos diversos momentos, risadas, companheirismo e
solidariedade. Ao meu amigo Josué pelo apoio de sempre.

Às pessoas que Deus colocou no meu caminho e que me apoiaram de maneira extremamente
generosa Osmar, Clarice, Luna, Cláudio Pinto e seu filho Rafael Barros contribuindo com suas
experiências.

À Estácio e aos professores que sempre acreditaram em seus alunos.

Ao meu pastor Marcos Lúcio e a toda família TIBAB pelo cuidado através das orações.
RESUMO

O galgamento de uma barragem é caracterizado pela passagem da água sobre a sua crista. Em
estruturas compostas por terra, como é o caso da barragem Cocorobó, ele pode ser fator de
contribuição para a formação de brechas, possibilitando sua ruptura. O presente trabalho aborda
o estudo hidrológico realizado para a barragem citada, localizada na cidade de Canudos, no
interior do estado da BA. Seu intuito é identificar a duração da chuva decamilenar que pode
causar a maior elevação do nível d’água na estrutura sem ocasionar o galgamento. Para tanto,
foram utilizados dois métodos amplamente aplicados pela engenharia de recursos hídricos, a
saber: o Método SCS, para a transformação da chuva em vazão; e, o Método de Puls
Modificado, que trata do trânsito da cheia causada pela chuva mencionada. As três condições
de umidade antecedente do solo, propostas pelo Método SCS, foram consideradas resultando
em durações de chuvas para a elevação máxima do nível d’água apresentando variação de 20
minutos a 2h, com diferença de até 1,03m em relação à crista do barramento.

PALAVRAS-CHAVES: Barragens de terra. Segurança de barragens. Galgamento.


Precipitações.
ABSTRACT

Dam overtopping is characterized by water flowing above the crest of the structure. For earth
dams such as Cocorobó dam it may be a determining factor for breach development allowing
to its rupture. This work approaches a hydrologic study carried out for the referred dam, located
on the county of Canudos, interior of the state of Bahia, Brazil. It was aimed to identifie a
decamilenar precipitation that may cause the greatest water head previous to overtopping. Two
methods widely employed on Water Resources Engineering were used: from SCS method,
precipitation was turned into runoff; then the modified Puls method, which describes flooding
of the aforementioned runoff. The three conditions for SCS method were used which resulted
in precipitation durations that range from 20 minutes to 02h immediadetely before the
overtopping. In comparizon, the water heads above crest were up to 1,03m different.

KEY WORDS: Earth dams; Safety of dams; Overtopping; Precipitations.


LISTA ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Johnstown após a passagem da cheia ...................................................................... 21


Figura 2 - Barragem de Vajont - Itália ..................................................................................... 22
Figura 3 – UHE Euclides da Cunha – Após o rompimento e após a reconstrução .................. 22
Figura 4 – Hidrograma Unitário Sintético - HUS .................................................................... 40
Figura 5 – Funções de armazenamento .................................................................................... 44
Figura 6 - Bacia do rio Vaza-Barris.......................................................................................... 46
Figura 7 – Caatinga – período de seca e período de chuva ..................................................... 47
Figura 8 - Bacia do açude Cocorobó ........................................................................................ 48
Figura 9 – Localização da Barragem do Açude Cocorobó ....................................................... 49
Figura 10 – Barragem Cocorobó (a); Seção transversal (b) ..................................................... 50
Figura 11 – Corte e planta do vertedouro ................................................................................. 50
Figura 12 – Vertedouro tipo Creager. ....................................................................................... 51
Figura 13– Cota x volume x área ............................................................................................. 65
Figura 14 – CNAMC I - Comportamento da bacia para precipitação total de 2h ........................ 70
Figura 15 - CNAMC I – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 2h ............ 71
Figura 16 – CNAMC II - Comportamento da bacia para precipitação total de 30 minutos ......... 72
Figura 17 - CNAMC II – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 30 minutos
.................................................................................................................................................. 73
Figura 18 - CNAMC III - Comportamento da bacia para precipitação total de 20 minutos ......... 75
Figura 19 - CNAMC III – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 20 minutos
.................................................................................................................................................. 76

Gráfico 1 - Quantidade de barragens por estado ...................................................................... 17


Gráfico 2- Quantidade de barragens por uso principal ............................................................. 17
Gráfico 3– Principais causas de acidentes entre os anos de 2006 e 2015 ................................ 20
Gráfico 4 - Curvas de Huff ....................................................................................................... 33
Gráfico 5 - Ano hidrológico ..................................................................................................... 53
Gráfico 6 – Duração (h) x Lâmina d’água (mm) ...................................................................... 57
Gráfico 7 - Curvas IDF para o posto Uauá ............................................................................... 58
Gráfico 8 – Curva cota x descarga – Vertedouro da barragem Cocorobó ................................ 63
Gráfico 9 - Curva cota x volume .............................................................................................. 66

Quadro 1 - Processo da convolução para determinação do hidrograma de projeto ................. 41


LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Causas de rupturas em barragens ............................................................................ 19


Tabela 2– Fator X em função do porte da barragem ................................................................ 24
Tabela 3– Atividades a serem desenvolvidas nos estudos hidrológicos .................................. 25
Tabela 4 – Competência dos órgãos fiscalizadores federais .................................................... 26
Tabela 5 - Tempos de recorrência mínimos (anos) recomendados para as cheias de projeto. . 27
Tabela 6 – Tempo de Retorno (TR) para barragens ................................................................. 30
Tabela 7 - Coeficientes para desagregação de chuvas diárias .................................................. 31
Tabela 8– Valores de CN para bacias rurais............................................................................. 36
Tabela 9 – Valores de CN para bacias urbanas ........................................................................ 37
Tabela 10 - Correção de CN para outras condições iniciais de umidade ................................. 38
Tabela 11 – Fórmulas de tc recomendadas ............................................................................... 40
Tabela 12 – Estações pluviométricas a montante da barragem Cocorobó ............................... 52
Tabela 13 - Série histórica de precipitações máximas diárias anuais - 1918 a 1991 ............... 53
Tabela 14 - Altura de chuva para diversos tempos de retorno ................................................. 55
Tabela 15 - Desagregação das chuvas ...................................................................................... 56
Tabela 16 - Intensidade das chuvas (mm/h) ............................................................................. 58
Tabela 17 - Parâmetros da equação das chuvas intensas .......................................................... 59
Tabela 18 – Precipitação total .................................................................................................. 59
Tabela 19 - Cálculo do CN para a bacia de contribuição ......................................................... 61
Tabela 20 - Comprimento e declividade do rio Vaza-Barris .................................................... 61
Tabela 21 - Tempo de concentração (tc) para a bacia do Açude Cocorobó ............................. 61
Tabela 22 – Parâmetros temporais ........................................................................................... 62
Tabela 23 - Parâmetros físicos e hidrológicos da área de drenagem da barragem ................... 62
Tabela 24 - Relação Cota x Descarga ....................................................................................... 64
Tabela 25 - Volume disponível para o trânsito de cheias ......................................................... 66
Tabela 26 – CNAMC I – Característica da precipitação - duração = 2h...................................... 69
Tabela 27 – CNAMC I – Comportamento da Bacia .................................................................... 70
Tabela 28 - CNAMC I – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 2h ............ 71
Tabela 29 – CNAMC II – Característica da precipitação - duração = 30 minutos ....................... 72
Tabela 30 – CNAMC II – Comportamento da Bacia ................................................................... 72
Tabela 31 - CNAMC II – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 30 minutos
.................................................................................................................................................. 73
Tabela 32 – CNAMC III – Característica da precipitação - duração = 20 minutos ...................... 74
Tabela 33 – CNAMC III – Comportamento da Bacia .................................................................. 74
Tabela 34 - CNAMC III – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 20 minutos
.................................................................................................................................................. 75
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15
1.1. HISTÓRICO DE ACIDENTES COM BARRAGENS ............................................. 18
1.1.1. Barragens no Mundo .......................................................................................... 20
1.1.2. Barragens no Brasil ............................................................................................ 22
2. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 23
2.1. SEGURANÇA DE BARRAGENS ........................................................................... 23
2.1.1. Legislação Brasileira – Lei 12.334/2010 ............................................................ 23
2.1.2. Guia de Revisão Periódica de Segurança de Barragens ..................................... 24
2.1.3. Fiscalização Brasileira ........................................................................................ 25
2.2. CHUVAS INTENSAS E CHEIAS EXTREMAS ..................................................... 26
2.2.1. Tempo de retorno ou Tempo de recorrência ...................................................... 26
2.2.2. Desagregação das chuvas e curvas IDF (Intensidade – Duração – Frequência) 27
2.2.3. Distribuição temporal - Discretização das chuvas pelas curvas de Huff ............ 32
2.3. MÉTODO SCS – TRANSFORMAÇÃO CHUVA-VAZÃO .................................... 33
2.3.1. Hidrograma Unitário Sintético (HUS) ................................................................ 39
2.3.2. Hidrograma de projeto – Transformação Chuva-Vazão..................................... 41
2.4. MÉTODO DE PULS MODIFICADO – TRÂNSITO DE CHEIAS EM
RESERVATÓRIOS .............................................................................................................. 42
2.5. BORDA LIVRE ......................................................................................................... 44
2.6. HEC-HMS – Hydrologic Model System ................................................................... 44
3. ESTUDO DE CASO ......................................................................................................... 46
3.1. DESCRIÇÃO GERAL DA BACIA E DA ÁREA DE ESTUDO ............................. 46
3.2. DESCRIÇAO GERAL DA BARRAGEM DE COCOROBÓ .................................. 48
4. MATERIAIS E METODOLOGIA ................................................................................... 52
4.1. PRECIPITAÇÕES ..................................................................................................... 52
4.1.1. Distribuição estatística e determinação da altura da chuva em função do tempo
de retorno........................................................................................................................... 55
4.1.2. Desagregação das chuvas e determinação da equação das chuvas intensas pelas
curvas IDF ......................................................................................................................... 56
4.1.3. Determinação das alturas das chuvas e discretização pelas curvas de Huff ....... 59
4.2. PARÂMETROS FÍSICOS DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO DO AÇUDE
COCOROBÓ ........................................................................................................................ 60
4.3. PARÂMETROS DO VERTEDOURO E RESERVATÓRIO ................................... 63
4.3.1. Parâmetros do vertedouro ................................................................................... 63
4.3.2. Parâmetros do reservatório ................................................................................. 65
4.4. APLICAÇÃO NO SOFTWARE HEC-HMS ............................................................ 67
5. RESULTADOS ................................................................................................................. 69
5.1. SIMULAÇÃO ............................................................................................................ 69
5.1.1. CNAMC I = 57 ....................................................................................................... 69
5.1.2. CNAMC II = 75,1 ................................................................................................... 71
5.1.3. CNAMC III = 88 ..................................................................................................... 74
6. CONCLUSÃO .................................................................................................................. 77
REFERÊNCIAS
ANEXO 1
ANEXO 2
ANEXO 3
ANEXO 4
ANEXO 5
ANEXO 6
15

1. INTRODUÇÃO

Barragens são estruturas artificiais capazes de armazenar água ou qualquer outro líquido,
rejeitos, detritos, etc. Os barramentos destinados ao armazenamento de água são construídos
transversalmente a um curso d’água formando um lago a montante. Com relação ao seu
tamanho, podem variar desde pequenas estruturas de terra a enormes estruturas de concreto. O
Comitê Internacional de Grandes Barragens considera uma grande barragem aquela que possua
altura de 15 metros, independente da capacidade de armazenamento, ou as que possuam altura
de 10 a 15 metros e que tenham capacidade de armazenar mais de três milhões de metros
cúbicos (CBDB, [2015?]).

A construção de barragens se dá desde antiguidade quando estas eram construídas para as


finalidades de abastecimento e irrigação. Com o desenvolvimento das populações, as barragens
ganharam novos usos que puderam ser agregados, surgindo assim as barragens de usos
múltiplos proporcionando diversos benefícios para as populações (CIGB/ICOLD, [2015?]).

Segundo Costa (2012) as barragens são classificadas em dois grandes grupos:

 Barragens de regularização: acumulam água em tempos de cheias suprindo o


abastecimento em épocas de estiagem. Destinam-se, também, a regularizar o regime
hidrológico dos rios e podem ter outros usos combinados como o de geração de energia.

 Barragens de contenção: destinadas a reter a água temporariamente o acumular resíduos


industriais, sedimentos e rejeitos de mineração. Podem reter a água decorrente de chuvas
para evitar inundações a jusante, amortecendo a onda de cheia.

No Estado de Wyoming, nos EUA, elas são construídas para armazenar a água descartada do
processo de exploração do gás natural, ultrapassando o número de 5000 reservatórios (BROWN
& THOMAN, 2009).

A implantação de barragens no Brasil foi impulsionada pela ocorrência da Grande Seca no


Nordeste no fim do século XIX, a fim de que o sertanejo permanecesse no seu ambiente de
origem, com a intenção de evitar que um intenso processo migratório ocorresse para a região
Sudeste do Brasil. Através deste programa houve também o desenvolvimento de técnicas
construtivas para barragens, principalmente as de maciços de terra, e um grande
desenvolvimento nas áreas de hidrologia e meteorologia. Com a evolução do setor elétrico, a
partir de 1950, houve um grande avanço da tecnologia para a construção das barragens
16

brasileiras (CBDB, 2011)

A primeira barragem construída para o abastecimento de água na região Nordeste foi a


barragem de Cedros, localizada no Ceará, concluída em 1906 pelo DNOCS – Departamento
Nacional de Obras Contra a Seca, juntamente com a barragem de Lajes, localizada no Rio de
Janeiro, é a mais antiga em operação no país. Já no setor elétrico, a primeira grande usina
hidrelétrica construída foi a Usina Hidrelétrica Marmelos no rio Paraibuna, em Juiz de Fora
(MG), por iniciativa do industrial Bernardo Mascarenhas. Sua operação data de 5 de setembro
de 1889, apenas 2 meses antes da Proclamação da República (CBDB, 2011).

As barragens também foram largamente empregadas, e ainda hoje são, na indústria de


mineração para a disposição de rejeitos. De acordo com livro a História das Barragens
Brasileiras (CBDB, 2011), a atividade de mineração começou no início do século XVIII, com
a lavra de ouro na Mina da Passagem, em Mariana (MG). Naquela época, as técnicas de lavra
e beneficiamento eram bem simples e o descarte dos rejeitos era feito na natureza, nos cursos
d’água e em terrenos próximos sem nenhuma preocupação sobre sua disposição e os efeitos
nocivos que poderiam causar ao meio ambiente. O livro trata que antes do século XV o descarte
de rejeitos de mineração era considerado desprezível, no entanto, com a chegada da força à
vapor a capacidade de exploração de minério aumentou significativamente de forma
proporcional a geração de resíduos. Porém, o conhecimento sobre o descarte adequado não
acompanhou o ritmo da produção. A disposição desses rejeitos continuava acontecendo sem
critério e geralmente era feita próxima ao leito dos rios. Somente a partir da década de 30 que
esse procedimento começou a mudar. A partir do desenvolvimento das regiões de exploração
mineral e as constantes reclamações por parte de agricultores, com relação a diminuição da
colheita associada a contaminação dos cursos d’água pelos rejeitos de mineração, a legislação
sobre o gerenciamento de resíduo de mineração começou a ganhar forma e, a partir de então,
as primeiras barragens para a contenção de rejeitos começaram a surgir (CBDB, 2011).

De acordo com o Relatório Nacional de Segurança de Barragens emitido pela ANA – Agência
Nacional de Águas (ANA, 2016a) - em setembro de 2015, o Brasil possuía, até aquele
momento, 17.259 barragens cadastradas em seu sistema, distribuídas por estado e por finalidade
conforme o Gráfico 1 e o Gráfico 2, demonstrando o universo aproximado de barragens
construídas no país.

Diante do alto poder de destruição pertinente às barragens justifica o interesse de estudar as


causas que a levam ao colapso. Os acidentes são extremamente graves, ocasionando mortes e o
17

desequilíbrio ambiental e econômico principalmente das comunidades a jusante. Estudar os


fenômenos que podem ocasioná-los realizando simulações através de modelos físicos ou
numéricos com o intuito de antecipar o conhecimento dos fatores que os acionam é uma maneira
de prever e diminuir os riscos aplicando métodos de prevenção, fiscalização e, no caso da
ocorrência da ruptura, colocar em prática as ações planejadas para as situações de emergência.

Gráfico 1 - Quantidade de barragens por estado


10000

1000

100

10

1
SP MG PB PE MT RN RO PA DF S/I* ES PI SE AP

Fonte: A autora (Adaptado de Ana, 2015)


Gráfico 2- Quantidade de barragens por uso principal
100000

10000

1000

100

10

1
Rejeitos de Usos múltiplos Resíduos Energia
mineração de água

Fonte: A autora (Adaptado de Ana, 2015)

O galgamento em uma barragem ocorre quando o vertedouro não tem capacidade suficiente
para extravasar uma cheia e com isso a água verte sobre a crista da barragem (LAURIANO,
ÁVILA, CORTEZ, & SILVA, 2017). A falha de uma barragem por galgamento é muito comum
no universo dessas estruturas (COSTA & PINHEIRO, 2017). Os barramentos do Nordeste
Brasileiro, por exemplo, datam de aproximadamente 100 anos e é possível que o trânsito de
cheias correspondente ao tempo de retorno da época alcance um valor muito menor nos dias
atuais. Sendo assim, algumas barragens não suportariam eventos hidrológicos extremos.
18

O estudo de caso desenvolvido neste trabalho contemplará os aspectos relacionados a obtenção


dos hidrogramas afluentes e efluentes identificando o nível máximo de água atingido na
barragem por consequência de uma cheia extrema, em função do tempo de retorno adotado.

Este estudo avaliará a capacidade da ação conjunta do reservatório e sistema extravasor em


transitar as cheias afluentes decorrentes de uma precipitação intensa, identificando a duração
da chuva que causa a maior elevação do nível da água em relação a crista da barragem sem que
ocorra o galgamento. Para isso será utilizado o software HEC-HMS desenvolvido pelo US
Army Corps of Engineers.

Dois métodos comumente utilizados na engenharia de recursos hídricos foram aplicados: o


Método SCS e o Método de Puls Modificado. Como passo inicial é necessário que se obtenha
uma série de dados históricos de precipitações. Esses dados são analisados e distribuídos
estatisticamente a fim de que seja calculada a altura máxima diária da chuva anual em função
do tempo de retorno escolhido.

O Método SCS tem por objetivo transformar a chuva em vazão através de procedimentos que
relacionam aspectos físicos da bacia de contribuição como o uso e ocupação do solo, o tempo
de concentração entre outros que serão descritos nos capítulos correspondentes. Seu produto é
o hidrograma da chuva intensa, ou seja, a vazão que essa chuva provoca e seu tempo de
escoamento. O presente estudo não considera a ação da evapotranspiração, ocasionada pelas
altas temperaturas em que a região está submetida. As parcelas subtraídas da precipitação total
são somente aquelas indicadas pelo Método SCS, com isso obtém-se a precipitação efetiva (Pe)
que se transforma em escoamento superficial.

O Método de Puls Modificado faz um balanço hídrico do que entra no reservatório, o que é
armazenado e o que sai pelo sistema extravasor para cada intervalo de tempo considerado.
Como parâmetros principais de entrada faz-se necessário conhecer a curva de descarga do
vertedouro e a curva cota x volume do reservatório. O hidrograma gerado pelo método SCS
também é utilizado para sua aplicação.

O software HEC-HMS possui em sua programação os métodos apresentados acima. Através


dele serão gerados os gráficos combinando as informações da vazão afluente, efluente e
identificação do nível atingido pela água para cada duração de chuva especificada.

1.1. HISTÓRICO DE ACIDENTES COM BARRAGENS


19

Segundo (ICOLD-CIGB, 2016), os acidentes em barragens são causados principalmente por


galgamento, falhas na fundação, liquefação, instabilidade dos taludes e piping.

As principais causas que levam ao rompimento de uma barragem estão relacionadas na Tabela
1, classificadas de acordo com o material que a compõem.

Tabela 1 - Causas de rupturas em barragens


Tipo de barragem Causas de ruptura
Terra Galgamento
Erosão interna (piping)
Escorregamento da fundação
Ação de ondas do reservatório
Erosão da fundação a jusante
Concreto-gravidade Deteriorização dos materiais
Falha da fundação
Instabilidade do corpo da barragem
Erosão da fundação a jusante
Atos de guerra (também chamados de ações deliberadas)
Concreto em arco Falha das ombreiras do vale de fundação
Saturação das fundações rochosas
Carga excessiva resultante do enchimento demasiado do reservatório
Deslizamento do corpo da barragem
Erosão da fundação a jusante
Fonte: Cruz (1996)

Esses acidentes são prenunciados, de acordo com o tipo de barramento, por fatores relacionados
a subpressões elevadas na fundação, surgência de água a jusante, obstrução da drenagem
interna, trincas na crista ou taludes, erosão/desagregação do rip-rap, movimentação talude,
erosão do talude de jusante, presença de argilas dispersivas, sinkholes, canalículos na fundação,
sand boils, altas vazões nos drenos de fundação; altas infiltrações nos drenos de junta; erosão
por abrasão; erosão por cavitação; trincas no concreto; desplacamento do concreto (SILVEIRA,
2016).

A falta de observações, de controles e manutenções efetivas dos fatores contribuintes para que
os acidentes ocorram poderão fazer com que estes evoluam para um desastre.

No ano de 2015, na cidade de Mariana, estado de Minas Gerais, a barragem de Fundão, da


empresa Samarco, rompeu e liberou 34 milhões de m³ de rejeitos de mineração para o meio
ambiente causando o assoreamento e a contaminação de vales, cursos d’água, solos, áreas de
20

preservação, nascedouros marinhos, eliminação de nascentes e morte do ecossistema. Onde,


não só a região de sua localização foi tragicamente afetada pela correnteza de rejeitos, mas
também todas as cidades em que o Rio Doce percorria até chegar ao mar, na região litoral do
estado do Espírito Santo (BELLESA, 2015). Desta maneira, diante do alto poder destruidor que
os barramentos possuem, o olhar da sociedade se voltou para os temas que abordam a segurança
dessas estruturas.

Nos relatórios emitidos pelo IBAMA (2008, 2009) e ANA (2012, 2014, 2015, 2016a), foram
relatados 50 eventos com barragens, entre situações de alertas, acidentes, incidentes e desastres.
O Gráfico 3 mostra a relação da causa do evento e o percentual observado no período.

Gráfico 3– Principais causas de acidentes entre os anos de 2006 e 2015

Eventos hidrológicos
4%
10%
27% Eventos geológicos/
Geoténico
14%
Deficiência de
manutenção e operação

S/I

45% Deficiência de projeto

Fonte: A autora

A ruptura de uma barragem pode ocorrer por um fator isolado ou pela combinação de vários
fatores. A seguir são exemplificados alguns casos de acidentes com múltiplos fatores
envolvidos.

1.1.1. Barragens no Mundo

 Barragem de South Fork

No ano de 1853 a barragem de South Fork (EUA) foi construída com o intuito de controlar as
cheias da região da cidade de Johnstown e de servir para seu abastecimento de água. Segundo
Kozlovac (1995) apud Sugimoto (2014), o governo a vendeu para um clube de pesca e caça que
fez intervenções importantes e perigosas em sua estrutura sem qualquer orientação técnica. No
ano de 1889, ocorreu uma onda de cheia que galgou o barramento fazendo com que seu maciço
rompesse. Vinte milhões de toneladas de água atingiram a cidade de Johnstown, na Pensilvânia,
causando 2.200 vítimas fatais e 17 milhões de dólares de prejuízos (Johnstown flood, 1889).
21

Figura 1 - Johnstown após a passagem da cheia

Fonte: (JOHNSTOWN... 1889)

 Barragem de Vajont

A barragem de Vajont, atualmente desativada, localiza-se na província de Pordenone, numa


região conhecida como Friuli Venezia Giulia, dos Alpes italianos. Sua estrutura é composta de
um arco de concreto com 262 m de altura e 190 m de extensão de crista (SÓRIA, [2013?]).

No ano de 1963, ela foi protagonista de uma tragédia sem precedentes. Em decorrência das
chuvas intensas que atingiram a região, no verão daquele ano e no seu primeiro enchimento, o
nível de água no reservatório se elevou rapidamente e deslizamentos consideráveis foram
constatados nas margens do seu lago. Diante disso, os responsáveis pela operação decidiram
iniciar seu esvaziamento. No entanto, algum tempo depois, fortes chuvas atingiram a região
novamente fazendo com que a capacidade de esvaziamento do reservatório ficasse limitada,
saturando os maciços marginais causando instabilidades. Desta forma, foi decidido realizar a
descarga de fundo em sua máxima capacidade. Porém, essa medida não foi suficiente. Um
maciço rochoso de 240 milhões de m³, oriundo do Monte Toc, deslizou para o interior do
reservatório a uma velocidade de 30m/s, provocando uma onda que galgou a barragem a uma
altura de 99m sobre a cota de coroamento. A barragem não rompeu, mas o volume galgado
provocou uma enorme tragédia nas comunidades a jusante. A localidade da Vila de Longarone
foi quase toda dizimada (SÓRIA; SILVA JUNIOR, 2013). Como resultado desse desastre,
foram contabilizadas cerca de 2.500 vítimas e a destruição de 5 vilas: Longarone, Pirago,
Rivalta, Villanova e Faè (BARROS, 2015).
22

Figura 2 - Barragem de Vajont - Itália

Fonte: (BARROS, 2015)

1.1.2. Barragens no Brasil

 UHE Euclides da Cunha e UHE Armando Salles de Oliveira

A UHE (Usina Hidrelétrica) Euclides da Cunha, instalada no rio Pardo no ano de 1958, está
localizada na cidade de São José do Rio Pardo, interior do estado de São Paulo.

Figura 3 – UHE Euclides da Cunha – Após o rompimento e após a reconstrução

Fonte: (SILVA JUNIOR, 2013)

No dia 19 de janeiro de 1977 uma chuva intensa atingiu a região e uma precipitação de 260 mm
foi registrada em 24h, das 07h do dia 19/09/1977 às 07h do dia 20/09/1977. Às 20:30h do dia
19, a água começou a galgar a barragem pela sua ombreira direita alcançando 1,20m de altura
o que formou uma brecha de 1,31 m por 0,51 m. Na madrugada do dia 20 a barragem rompeu.
Em consequência deste acontecimento a barragem de Armando Salles de Oliveira, também
conhecida como Limoeiro, localizada 6km a jusante, recebeu a onda de cheia ocasionada por
esse rompimento, o que resultou, logo em seguida, na sua ruptura. (CARVALHO, 2007, apud
SILVA JUNIOR, 2013; CARLOS, 2016).
23

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. SEGURANÇA DE BARRAGENS

2.1.1. Legislação Brasileira – Lei 12.334/2010

A Lei 12.334, de 20 de setembro de 2010 (Congresso Nacional Brasileiro, 2010), instituiu a


Política Nacional de Segurança de Barragens com aplicabilidade às estruturas que tenham como
finalidade a acumulação de água para quaisquer usos, àquelas destinadas a disposição
permanente ou temporária de rejeitos e à retenção de resíduos industriais. Esta Lei também
estabeleceu o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB).

Entre os objetivos que a norteiam estão a garantia dos padrões de segurança dessas estruturas
de forma a reduzir o risco de acidentes; a normalização das ações de segurança que devem ser
adotadas em todas as fases da vida do barramento e a promoção do monitoramento e
acompanhamento das ações de segurança aplicadas pelos empreendedores.

A legislação também instituiu instrumentos para auxiliar o seu cumprimento, são eles: o sistema
de classificação por categoria de risco e dano potencial associado; o Plano de Segurança de
Barragens (PSB); o Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB);
o Sistema Nacional de Informações sobre o Meio Ambiente (SINIMA); o Cadastro Técnico
Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental; o cadastro Técnico Federal de
Atividades Potencialmente Poluidoras ou Utilizadoras de Recursos Ambientais e o Relatório
de Segurança de Barragens. Este último é emitido anualmente pela ANA.

No âmbito das atribuições dos órgãos fiscalizadores, o regulamento dispõe que estes devem
manter o cadastro de todas as barragens sob suas jurisdições atualizados, para incorporação no
SNISB, e exigir do empreendedor toda a documentação necessária para a regulação do seu
empreendimento bem como o cumprimento das ações recomendadas nos relatórios de inspeção
e revisão periódica de segurança.

Também determina aos empreendedores que estes devam providenciar todos os recursos
necessários para que a segurança da barragem seja garantida bem como toda a documentação
de todas as fases de vida do barramento, mantendo-os de forma organizada e em bom estado de
conservação permitindo o acesso irrestrito do órgão fiscalizador a estes e ao local da barragem.

2.1.2. Guia de Revisão Periódica de Segurança de Barragens


24

O Guia de Revisão Periódica de Segurança de Barragens (ANA, 2016c) é um manual elaborado


pela ANA, cuja finalidade é orientar o empreendedor a respeito das práticas necessárias à
revisão para a avaliação da segurança da estrutura pela qual é responsável.

De acordo com a Lei 12.334/2010, a revisão periódica é parte integrante do Plano de Segurança
de Barragens para verificação do estado geral da estrutura, recomendando ações a serem
realizadas para adequar sua operação em função da minoração dos riscos de acidentes
envolvidos.

Este guia estabelece desde orientações de coleta de documentações e dados da barragem,


passando pelos produtos a serem fornecidos pelos estudos propostos, finalizando com as
documentações resultantes bem como definindo prazos para os procedimentos serem revistos.

A abordagem dos estudos recomendados compreende os aspectos hidrológicos, geológicos,


geotécnicos, sismológicos, comportamento estrutural e modificações das condições a montante
e a jusante do barramento. O detalhamento de cada atividade a ser realizada está condicionado
ao porte do empreendimento definido por um fator X, calculado de acordo com a Equação 1,
apresentado referido guia. Com o fator X calculado, obtém-se o porte da estrutura de acordo
com o Tabela 2, definido por (ANA, 2016b)

𝑋 = 𝐻 2 √𝑉 (1)

Onde:
H = altura da barragem (m);

V = Capacidade do reservatório (hm³)

Tabela 2– Fator X em função do porte da barragem


Porte da barragem Fator X
Pequeno X < 400
Médio 400 < X < 1000
Grande X > 1000
Fonte: (ANA, 2016c)

No que tange aos estudos hidrológicos, o guia recomenda que estes deverão ser revistos
adicionando dados referentes ao período do projeto e da revisão englobando alterações
decorrentes da variação das características hidrológicas ao longo do tempo como, por exemplo,
25

alteração das condições climáticas.

As atividades a serem desenvolvidas nesse estudo estão detalhadas no Tabela 3 em função do


porte da barragem.

Tabela 3– Atividades a serem desenvolvidas nos estudos hidrológicos


Porte da barragem
Atividades
P M G
1 Obtenção e atualização de dados básicos x x x
2 Obtenção e atualização dos seguintes elementos:
Hidrograma das cheias naturais para vários períodos de
2.1 x x x
recorrência
Hidrograma das cheias naturais e modificadas para
vários períodos de recorrência para verificação da
2.2 x x x
adequação dos órgãos extravasores existemtes e/ou das
suas regras de operação

2.3 Atualização das regras de operação do reservatório x* x x

Atualização do estudo de inundação das cheias de


3 x* x x
projeto e de ruptura
Fonte: (ANA, 2016c)
Legenda:
P - pequeno x - estudos detalhados
M - médio x* - estudos simplificados
G - grande

2.1.3. Fiscalização Brasileira

Com a publicação da Lei 12.334/2010, que trata da Política Nacional de Segurança de


Barragens, a ANA recebeu as atribuições de implantar e gerenciar o Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de Barragens, o SNISB. Ela ainda se tornou responsável por
promover a integração entre os órgãos fiscalizadores e coordenar a elaboração do relatório anual
sobre a segurança dessas estruturas encaminhando-o ao Conselho Nacional de Recursos
Hídricos (CNRH) de forma consolidada (ANA, [2014?]).

Quatro entidades fiscalizadoras atuam em nível federal na questão da segurança de barragens.


Os órgãos gestores estaduais de recursos hídricos atuam nos cursos d’água outorgados por eles,
para aproveitamentos de quaisquer usos com exceção dos hidrelétricos. Para barragens cujo uso
seja de disposição de rejeitos ou resíduos industriais a fiscalização é de competência das
26

entidades gestoras ambientais (MMA, [2015?]).

Tabela 4 – Competência dos órgãos fiscalizadores federais


Órgão Federais Competência

Barragens existentes em cursos d'água sob sua jurisdição e por manter o cadastro
ANA atualizado dessas barragens, com identificação dos empreendedores, para fins de
incorporação ao SNISB.
Barragens cujo reservatório de acumulação de água tenha como uso principal a
ANEEL
geração hidrelétrica.
Barragens que tenham como finalidade a disposição final ou temporária de rejeitos de
DNPM
atividade mineral.
Barragens pertencentes a empreendimentos por ele licenciados que tenham a
IBAMA
finalidade de disposição de resíduos industriais.
Fonte: A autora

A ANA, como entidade outorgante do direito de uso dos recursos hídricos em corpos de água
de domínio da União, inclusive para a finalidade de acumulação de água (exceto para fins de
aproveitamento hidrelétrico), fica responsável por fiscalizar a segurança das barragens
existentes em cursos d'água sob sua jurisdição e por manter o cadastro atualizado dessas
barragens, com identificação dos empreendedores, para fins de incorporação ao SNISB.

Ainda de acordo com a Lei n°12.334/2010, a manutenção das condições de segurança de


barragens e os eventuais impactos decorrentes de seu rompimento são de inteira
responsabilidade do empreendedor.

2.2. CHUVAS INTENSAS E CHEIAS EXTREMAS

Segundo Tucci (2007), precipitações máximas ou chuvas intensas são eventos extremos
caracterizados por duração, distribuição temporal e espacial crítica para uma determinada bacia
hidrográfica ou região. Nessas condições, as chuvas intensas podem causar erosões, inundações
e outros acontecimentos indesejáveis a estruturas rurais, urbanas e à obras hidráulicas. O
conhecimento desse fator é o meio para a determinação da vazão de enchente de uma bacia.

2.2.1. Tempo de retorno ou Tempo de recorrência

Segundo Hiroshi (2003), a importância de se estudar o período o de retorno das chuvas extremas
está diretamente ligado ao nível de segurança que se deseja colocar as vidas humanas e as
estruturas ambientais e econômicas. Desta maneira, ele é usado no dimensionamento das obras
27

onde está profundamente associado.

Seu conceito relaciona-se ao intervalo médio de tempo, em anos, em que a precipitação pode
ser igualada ou superada no tocante à quantidade de observações feitas pelo menos uma vez
(HIROSHI, 2003).

A escolha do período de retorno mais apropriado para a construção de barragens, ou qualquer


outra estrutura, está diretamente relacionado ao dano potencial que ela oferece ao ambiente em
está inserida. Sobre as barragens, em específico, ANA (2016c) recomenda a adoção dos
seguintes períodos de recorrência mínimos (Tabela 5). Quanto maior for o tempo de retorno, os
picos de vazão apresentarão valores altos, tornando as obras mais seguras, porém, mais caras
(ARANTES, [2016?]).

Tabela 5 - Tempos de recorrência mínimos (anos) recomendados para as cheias de projeto.


Altura, h (m) Volume, V (hm³) Tempo de recorrência (anos)
h ≥ 30 V ≥ 50 CMP*
15 ≤ h < 30 03 ≤ V < 50 1000
h ≤ 15 V < 03 500

*Cheia Máxima Provável


Fonte: (ANA, 2016b)

2.2.2. Desagregação das chuvas e curvas IDF (Intensidade – Duração – Frequência)

Silva (2015) destaca a importância do estudo das chuvas intensas no planejamento e gestão de
recursos hídricos a fim de determinar valores críticos para o dimensionamento de estruturas
hidráulicas como, por exemplo, vertedouros. Para tanto, é necessário estimar a intensidade da
precipitação associada ao risco, frequência ou tempo de retorno. O estudo dessas relações se dá
através das curvas chamadas IDF (Intensidade – Duração – Frequência), com as quais é possível
obter a equação de chuvas intensas, conforme Equação 2.

𝑎. 𝑇𝑅 𝑏
𝑖𝑐ℎ𝑢𝑣𝑎 = (2)
(𝑡 + 𝑐)𝑑

Onde:

ichuva → intensidade da chuva, mm/h;

TR → tempo de retorno, anos;


28

t → duração da chuva, min;

a, b, c, e d → constantes determinadas através da análise dos dados históricos de precipitação.

O engenheiro Otto Pfafstetter publicou, no final dos anos 50, o primeiro estudo a respeito das
chuvas intensas do Brasil. Em seu trabalho, ele determinou as equações de chuvas para diversas
localidades e municípios brasileiros, que por muitos anos foram utilizadas na gestão dos
rescursos hídricos e no planejamento de obras hidráulicas (SILVA, 2015).

De acordo com Souza et al. (2012) apud Lorenzoni, Prado, et al.(2015), as curvas IDF são
geradas a partir da aplicação de métodos estatísticos à série histórica de dados extraídos de
pluviógrafos. No entanto, em consequência da falta de elementos históricos dessas estações faz-
se necessário realizar esta análise com informações obtidas de equipamentos pluviométricos.
Com isso, é possível avaliar dados de chuvas de 24 horas de certa frequência para obter
precipitações de menor duração e com a mesma periodicidade. Este recurso é conhecido como
método de desagregação de chuvas de 24 horas. Os procedimentos indicados por Lorenzoni,
Prado, et al.(2015) para a determinação da equação de chuvas intensas são os seguintes:

 Gerar uma série de chuvas diárias máximas anuais;

Para se obter dados diários de chuvas é preciso ter acesso às informações registradas pelos
aparelhos pluviométricos de diferentes órgãos gestores. Porém, nem sempre existiu essa
facilidade. No entanto, a ANA desenvolveu o Hidroweb (http://hidroweb.ana.gov.br/), um
portal que reúne dados de diversas estações pluviométricas sob diferentes administrações ao
longo do território brasileiro e, também, de alguns países da América do Sul. Com isso, o acesso
às informações obtidas pelas estações pluviométricas se tornou mais simples.

 Submetê-las à um modelo de distribuição estatística;

Com a série de dados obtida, realiza-se procedimentos estatísticos a fim de obter a altura de
chuva diária máxima para diversos períodos de retorno. Esses estudos são compostos das
análises dos dados de precipitações com o intuito de preencher falhas existentes na série para
que, desta maneira, se obtenha uma série consistente de chuvas diárias máximas anuais. Então,
o produto gerado desta análise é trabalhado através das distribuiçoes estatísticas para o cálculo
da altura de chuva máxima diária para diversos tempos de retorno. Naghettini e Pinto (2007)
citam as seguintes distribuições para valores extremos máximos: Gumbel (máximos); Fréchet
(Máximos), também conhecida como Log-Gumbel; Distribuição Generalizada de Valores
29

Extremos (Máximos) ou GEV (Generalized Extreme Value). Dentre essas, Gumbel é a que
melhor se ajusta para valores extremos de grandezas hidrológicas, de acordo com Lorenzoni,
Prado, et al., (2015).

No livro Hidrologia Estatística, a distribuição de Gumbel para máximos é descrita como a


distribuição mais utilizada na análise de frequências de variáveis hidrológicas. Sua aplicação
está presente nos estudos de vazões de enchentes e determinação da relação IDF (Intensidade –
Duração – Frequência) das chuvas intensas (NAGHETTINI & PINTO, 2007).

𝑦−𝛽
𝐹𝑦 (𝑦) = exp [− 𝑒𝑥𝑝 (− )] 𝑝𝑎𝑟𝑎 − ∞ < 𝑦 < ∞, −∞ < 𝛽 < ∞, 𝛼 > 0 (3)
𝛼

No presente trabalho este modelo de distribuição foi utilizado para calcular a altura da chuva
extrema considerando diversos tempos de retorno (TR). Sua determinação é dada pela função
inversa da Função Acumulada de Probabilidade (FAP) de Gumbel, conforme a Equação 3, de
acordo com a publicação citada.

Naghettini & Pinto (2007) descrevem a inversa FAP da distribuição de Gumbel como a Equação
4 ou 5.

𝑦(𝐹) = 𝛽 − 𝛼𝑙𝑛[− ln(𝐹)] ou (4)


1
𝑦(𝑇) = 𝛽 − 𝛼𝑙𝑛 [−𝑙𝑛 (1 − )] (5)
𝑇𝑅

Onde:

y → altura da precipitação, em mm;

TR → Período de retorno, em anos;

F → Probabilidade anual de não superação;

β → Parâmetro de posição, também considerado a moda de Y;

α → Parâmetro de escala;

Os parâmetros α e β podem ser obtidos através das formulações para o valor esperado (E) e
variância (Var) e coeficiente de assimetria (γ) conforme as equações apresentadas abaixo:

𝐸[𝑌] = 𝛽 + 0,5772𝛼 (6)


30

𝜋2𝛼2
𝑉𝑎𝑟[𝑌] = 𝜎𝑌2 = (7)
6

γ = 1,1396 (8)

Onde:

E[Y] → equivale à média populacional;

Var[Y] → equivale ao desvio padrão elevado ao quadrado (σ²);

γ → Coeficiente de assimetria.

 Comprovar o modelo através de testes de aderência;

Para a comprovação da distribuição mais adequada aos dados da série de precipitações são
utilizados os testes de aderência. Esses testes possibilitam identificar a qual deles os dados das
precipitações mais se aproximam da curva gerada. Os testes mencionados por Naghettini e Pinto
(2007) são: Qui-Quadrado, Kolmogorov-Smirnov (KS), Anderson-Darling (AD) e Filliben.

 Obter as precipitações diárias máximas anuais para os períodos de retorno escolhidos;

Finalizados os pocedimentos acima citados, obtém-se as alturas de chuvas de “1 dia” para


diversos tempos de recorrência. Na Tabela 5 são recomendados períodos de retornos mínimos
a serem adotados. O DAEE - Departamento De Águas E Energia Elétrica (2005), recomenda
os valores, apresentados abaixo, para este parâmtero.

Tabela 6 – Tempo de Retorno (TR) para barragens


Obra Dimensões (m) TR (anos)
h <= 5 e L <=200 100
Barramento 5<h<=15 e L<=500 1.000
h>15 e/ou L>500 10.000 ou PMP
h - altura do maciço a partir do talvegue; L - comprimento do maciço; PMP - Precipitação Máxima Provável

Fonte: (DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica, 2005)

 Desagregar as precipitações através dos coeficientes obtidos para o Brasil;

Um estudo realizado pelo CETESB (1979) apud Freitas (2016) apresentou coeficientes médios
para a desagregação de chuvas diárias em períodos de menores durações para todo o Brasil,
sendo muito utilizados devido a facilidade de aplicação.
31

Segundo Freitas (2016), esses dados, apresentados na Tabela 7 , foram obtidos a partir das
curvas de Otto Pfafstetter (1957), que relacionou médias de precipitações máximas com
períodos de retorno entre 2 e 100 anos. De acordo com, Occhipinti & Santos (1966) apud
Cardoso, Ullmann e Bertol (1998), o período de retorno não influencia significativamente no
valor dessas relações, que apresentam valores quase constantes. Cardoso, Ullmann e Bertol
(1998) ainda destacam outros estudos realizados corroborando esta informação e afirmando que
“a partir de chuvas diárias, podem-se obter chuvas de 24 horas de duração com determinada
frequência e desagragá-las para durações menores, utilizando as relações propostas por
CETESB (1979)”.

Tabela 7 - Coeficientes para desagregação de chuvas diárias


Relação Coeficientes (CETESB)
5min/30min 0,34
10min/30min 0,54
15min/30min 0,7
20min/30min 0,81
25min/30min 0,91
30min/1h 0,74
1h/24h 0,42
6h/24h 0,72
8h/24h 0,78
10h/24h 0,82
12h/24h 0,85
24h/1 dia 1,14
Fonte: CETESB (1979) apud Freitas (2016)

 Ajustar a equação de chuvas intensas para obter os parâmetros a, b, c e d.

A construção da equação das chuvas pode ser realizada linearizando a formulação para chuvas
intensas (Equação 2), através da anamorfose linear (USP, 2007). Para isso, aplica-se o logaritmo
em seus termos (Equação 9) de forma que os parâmetros a, b, c e d sejam obtidos através de
sistema de equações. Abaixo é apresentado o modelo de cálculo:

- Aplicação do logaritmo na equação das chuvas intensas (Equação 2):

𝑙𝑜𝑔𝑖 = 𝑙𝑜𝑔𝑎 + 𝑏. 𝑙𝑜𝑔𝑇𝑅 − 𝑑. log(𝑡 + 𝑐) (9)

- Equação da reta:
32

𝑦 = 𝑎. 𝑥 + 𝑏 (10)

- Termos correspondentes:

y → logi
a→d
x → log(t + c)
b → loga + b.logTR

- Sistema de equações:

𝑙𝑜𝑔(𝑖)1 = 𝑙𝑜𝑔(𝑎) + 𝑏. 𝑙𝑜𝑔(𝑇𝑅1 ) − 𝑑. log(𝑡1 + 𝑐)


(11)
𝑙𝑜𝑔(𝑖)2 = 𝑙𝑜𝑔(𝑎) + 𝑏. 𝑙𝑜𝑔(𝑇𝑅2 ) − 𝑑. log(𝑡2 + 𝑐)

- Subtraindo, tem-se:

𝑙𝑜𝑔(𝑖)1 − 𝑙𝑜𝑔(𝑖)2 = 0 + 𝑏. log(𝑇𝑅1 − 𝑇𝑅2 ) + 𝑑. log[(𝑡1 + 𝑐) − (𝑡2 + 𝑐)] (12)

Conhecidos os valores i (intensidade da chuva) e c (valor arbitrado que melhor ajusta a curva
para uma reta), é obtido o valor de b.

O valor de d (Equação 2) é igual ao coeficiente angular da reta formada pelos termos “log(t+c)”
de cada TR correspondente. Com todos os valores conhecidos, calcula-se o valor de a da mesma
equação. Desta forma, é estabelecida a equação das chuvas intensas da região.

2.2.3. Distribuição temporal - Discretização das chuvas pelas curvas de Huff

Quando um hietograma de projeto é construído a partir de curvas IDF é fundamental que seja
realizada a distribuição temporal da chuva no decorrer de sua duração uma vez que essa
informação é perdida quando os dados de chuva são reduzidos para formar a equação IDF
(TIECHER et al. 2013, apud PAULINO, 2014).

Tucci (2007) destaca a existência de diversos estudos realizados que identificaram a presença
de grande variabilidade na distribuição temporal das precipitações durante as chuvas intensas.
Dentre estes estudos está o desenvolvido por Huff, que classifica as tempestades em quatro
grupos, chamados quartis. A precipitação intensa, analisada por Huff, teve sua duração total
dividida em quatro partes, sendo classificadas de acordo com a parte da duração em que a
precipitação máxima caiu. Para cada parte foi realizada uma análise estatística onde, desta
maneira, foram obtidas curvas de distribuição temporal médias associadas a uma probabilidade
33

de ocorrência (Gráfico 4).

Para a construçao dos hietogramas de Huff, Canholi (2005, apud PAULINO 2014) recomenda
a utilização da relação entre a duração da chuva e o quartil que ganhou a precipitação de maior
intensidade da seguinte forma:

 Duração da chuva < 12h → 1º, 2º quartil;

 12h < Duração da chuva < 24h → 3º quartil;

 Duração da chuva > 24h → 4º quartil.

Gráfico 4 - Curvas de Huff


100
90
80
70
% da precipitação

60
50
40
30
20
10
0
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
0
5

100

% da duração

1º Quartil 2º Quartil 3º Quartil 4º Quartil

Fonte: (WESTPHAL, 2001 apud TOMAZ, 2012)

2.3. MÉTODO SCS – TRANSFORMAÇÃO CHUVA-VAZÃO

O método SCS (Soil Conservation Service), desenvolvido pelo U.S. Departament of


Agriculture (USDA) e pelo Soil Conservation Service (SCS), datado nos anos 40 e publicado
em 1954 no National Engineering Handbook, Part 630: Hydrology (USDA, 2010), teve sua
origem por meio de investigações de campo que compreenderam pequenas bacias hidrográficas
localizadas em regiões rurais do centro-oeste americano. Mesmo fora dos seus parâmetros de
34

desenvolvimento, este método é amplamente empregado na prática da engenharia de recursos


hídricos. Sua aceitação decorre da facilidade de sua utilização, quantidade de parâmetros
limitados e pelo reconhecimento da instituição que o desenvolveu. (PONCE, HAWKINGS,
1996 apud CUNHA, SILVA, et al., 2015).

De acordo com Cunha, Silva et al.(2015), a formulação do método leva em consideração os


parâmetros de chuva total (P), perda inicial (Ia) e a capacidade máxima de retenção da bacia
(S). Sua equação é originária das igualdades apresentadas a seguir.

𝐹 𝑃𝑒
= (13)
𝑆 𝑃

Onde:

F → Altura de chuva infiltrada e acumulada, em mm;

S → Capacidade máxima de retenção da bacia, em mm;

Pe → Precipitação efetiva, em mm;

P → Precipitação total, em mm.

A relação, anteriormente descrita, assumida pelo método SCS, parte do princípio de que seus
coeficientes são iguais durante a ocorrência de uma chuva numa determinada bacia. Porém,
ainda segundo Cunha, Silva et al.(2015), um novo parâmetro é incorporado à fórmula quando
pressupõe-se que a perda inicial (Ia) é diferente de zero, ou seja, a parcela de chuva disponível
para escoamento, chamada precipitação efetiva (Pe), é obtida subtraindo-se do total de chuva
precipitado (P) a perda inicial (Ia). Desta maneira, a equação toma a seguinte forma:

𝐹 𝑃𝑒
= (14)
𝑆 (𝑃 − 𝐼𝑎)

Tomando-se a Equação 14 e combinando-a com a equação da continuidade dada pela Equação


15, obtém-se a determinação para a precipitação efetiva do método (Equação 16).

𝑃 = 𝐼𝑎 + 𝐹 + 𝑃𝑒 (15)

(𝑃 − 𝐼𝑎)2
𝑃𝑒 = (16)
(𝑃 − 𝐼𝑎) + 𝑆
35

Algumas considerações importantes são necessárias de serem feitas para que se obtenha os
parâmetros S e Ia.

Definido como retenção potencial máxima, índice de armazenamento ou perdas máximas


potenciais, segundo Cunha, Silva et al.(2015), o parâmetro S, dado em mm, é uma medida da
resposta hidrológica potencial da bacia. Apesar de estar intimamente ligado às características
do uso e cobertura do solo, ele não é de fácil identificação, uma vez que não é um parâmetro
físico da região. Para sua obtenção é necessário que se conheça um outro parâmetro, o CN
(Curve Number). Uma vez conhecido o valor de CN a obtenção do valor de S é dada por:

25400
𝑆= − 254 (17)
𝐶𝑁

A abstração inicial ou perda inicial (Ia) é dependente do parâmetro S. Ela está relacionada
àquela parcela da chuva que não é transformada em escoamento superficial, ou seja, essa
parcela é composta pelas interceptações, infiltrações e armazenamento superficial. Sua
determinação é dada conforme a Equação 18 e o valor de λ é fixado em 0,2, como mostra a
Equação 19 (CUNHA, SILVA, MOTA, & PINHEIRO, 2015).

𝐼𝑎 = 𝜆𝑆 (18)

𝐼𝑎 = 0,2𝑆 (19)

O CN é uma variável adimensional que leva em consideração o tipo, uso, cobertura,


classificação hidrológica do solo e sua condição antecedente de umidade. Apresenta variação
entre 0 e 100. Seu limite inferior significa condições de solo com taxas elevadas de infiltração
e pouco escoamento, e o limite superior condições de solo com baixa taxa de infiltração e alto
escoamento superficial (CUNHA, SILVA, MOTA, & PINHEIRO, 2015).

Para a definição do CN é necessário que seja conhecido o tipo de solo, além do seu principal
uso e ocupação. As tabelas apresentadas por Tucci (2007), disponibilizam valores para quatro
tipo de solos com características diferentes, são eles:

 Solo A → Apresenta baixo escoamento superficial e alta taxa de infiltração. Esses solos
são característicos de solos de camadas espessas, arenosos com pouco silte e argila;

 Solo B → Apresenta pouca permeabilidade se comparado ao anterior. Solos arenosos


36

de camadas menos espessas com permeabilidade acima da média;

 Solo C → Solo pouco profundo que apresenta escoamento superficial relativamente


acima da média, com baixa infiltração, considerados argilosos;

 Solo D → Baixa capacidade de infiltração, alta taxa de escoamento superficial, pouco


profundos, contendo argilas expansivas.

Sendo assim, para uma região com áreas de diferentes usos e coberturas, faz-se necessário
quantificar suas dimensões de acordo com seu uso e ocupação, atribuir o CN correspondente a
cada uma e calcular a média ponderada para se obter o CN médio da região estudada, como
demonstrado por Schäfer (2013) (Equação 20 ).

∑𝑛𝑖=1 𝐴𝑖 ∗ 𝐶𝑁𝑖
̅̅̅̅
𝐶𝑁 = (20)
∑𝑛𝑖=1 𝐴𝑖

Onde:

Ai → Área parcial da bacia, km² ou m²;

CNi → CN da área parcial;

A obtenção do parâmetro CN é disponibilizado, originalmente, pelo National Engineering


Handbook da USDA através de tabelas. Tucci (2007) as apresenta conforme a seguir.

Tabela 8– Valores de CN para bacias rurais


Uso do solo Superfície A B C D
com sulcos retilíneos 77 86 91 94
Solo lavrado
em fileiras retas 70 80 87 90
em curvas de nível 67 77 83 87
Plantações regulares terraceado em nível 64 76 84 88
em fileiras retas 64 76 84 88
em curvas de nível 62 74 82 85
Plantações de cereais terraceado em nível 60 71 79 82
em fileiras retas 62 75 83 87
em curvas de nível 60 72 81 84
terraceado em nível 57 70 78 89
Plantações de legumes ou cultivados pobres 68 79 86 89
normais 49 69 79 94
boas 39 61 74 80
37

(continuação)
pobres, em curvas de nível 47 67 81 88
Pastagens
normais, em curvas de nível 25 59 75 83
boas, em curvas de nível 6 35 70 79
normais 30 58 71 78
esparsas, de baixa transpiração 45 66 77 83
Campos permanentes
normais 36 60 73 79
densas, de alta transpiração 25 55 70 77
normais 56 75 86 91
Chácaras estradas de terra más 72 82 87 89
de superfície dura 74 84 90 92
muito esparsas, baixa transpiração 56 75 86 91
esparsas 46 68 78 84
Florestas
densas, alta transpiração 26 52 62 69
normais 36 60 70 76
Fonte: Tucci (2007)
Tabela 9 – Valores de CN para bacias urbanas
Utilização e cobertura do solo A B C D
Zonas cultivadas: sem conservação do solo 72 81 88 91
com conservação do solo 62 71 78 81
Pastagens ou terrenos em más condições 68 79 86 89
Baldios boas condições 39 61 74 80
Prado em boas condições 30 58 71 78
Bosques ou zonas cobertura ruim 45 66 77 83
Florestais cobertura boa 25 55 70 77
Espaços abertos, relvados, parques, com relva em mais de 75% da área 39 61 74 80
campos de golfe, cemitérios, boas
com relva de 50 a 75% da área 49 69 79 84
condições
Zonas comerciais e de escritórios 89 92 94 95
Zonas industriais 81 88 91 93
Zonas residenciais
Lotes de (m2) % média impermeável
<500 65 77 85 90 92
1000 38 61 75 83 87
1300 30 57 72 81 86
2000 25 54 70 80 85
4000 20 51 68 79 84
Parques, estacionamentos, telhados, viadutos, etc. 98 98 98 98
38

(continuação)
asfaltadas e com drenagem de águas pluviais 98 98 98 98
paralelepípedos 76 85 89 91
Arruamentos e estradas
terra 72 82 87 89
Fonte: Tucci(2007)

Os valores tabelados para o CN correspondem a condição média de umidade antecedente do


solo. O Método SCS propõe que seja realizada a correção do parâmetro conforme a observação
da condição de umidade em que o solo se encontra (TUCCI, 2007). Para isso, são propostas as
alterações do CN em função dessa observação, classificada de três formas:

 AMC I – os solos encontram-se secos;

 AMC II – situação média, correspondente aos valores das Tabela 8 e Tabela 9.

 AMC III – os solos apresentam-se saturados por precipitações significativas ocorridas


nos 5 dias anteriores.

Diante disso, a Tabela 10 apresenta os resultados para que os valores do CN sejam corrigidos
de forma que possam ser utilizados correspondendo a situação mais próxima da realidade
apresentada em campo.

Tabela 10 - Correção de CN para outras condições iniciais de umidade


Valores médios Valores corrigidos - AMC I Valores corrigidos - AMC II
100 100 100
95 87 98
90 78 96
85 70 94
80 63 91
75 57 88
70 51 85
65 45 82
60 40 78
55 35 74
50 31 70
45 26 65
40 22 60
35 18 55
30 15 50
25 12 43
20 9 37
39

(continuação)
Valores médios Valores corrigidos - AMC I Valores corrigidos - AMC II
15 6 30
10 4 22
5 2 13
Fonte: (TUCCI, 2007)

O valor do CN reflete diretamente no volume de chuva absorvido pela bacia, diminuindo ou


aumentando o volume disponível para escoar superficialmente.

2.3.1. Hidrograma Unitário Sintético (HUS)

O hidrograma unitário para o SCS foi desenvolvido por Mockus (1957 apud CUNHA, SILVA,
et al., 2015) apresentando um formato curvilíneo e aproximado por um hidrograma de formato
triangular equivalente que possua o mesmo volume, permitindo, desta forma, que sua base seja
calculada por geometria de triângulos em função do tempo de pico. Sendo assim, foram obtidas
as seguintes fórmulas (COSTA e PINHEIRO, 2017; CUNHA, SILVA, et al., 2015):

 Intervalo da discretização da chuva unitária (Δt), h;

𝑡𝑐
∆𝑡 = (21)
5

 Tempo de pico (tp), h;


∆𝑡
𝑡𝑝 = + 0,6𝑡𝑐 (22)
2

 Tempo de descida (td), h;


𝑡𝑑 = 1,67𝑡𝑝 (23)

 Tempo de base (tb), h;


𝑡𝑏 = 𝑡𝑝 + 𝑡𝑑 (24)

 Vazão de pico (qp), m³/h;


0,208𝐴
𝑞𝑝 = (25)
𝑡𝑝

 Tempo de retardo (tl), h;

𝑡𝑙 = 0,6𝑡𝑐 (26)
40

Onde:

tc → tempo de concentração da bacia, h;

A → área da bacia, km².

Figura 4 – Hidrograma Unitário Sintético - HUS

Fonte: (COSTA & PINHEIRO, 2017)

 Tempo de concentração da bacia hidrográfica (tc)

Segundo Biswas (1970); Singh (1976) apud Mota & Kobiyama (2014), tempo de concentração
é o tempo necessário para que a chuva precipitada no ponto mais distante de uma bacia chegue
na seção exutória de interesse.

Tabela 11 – Fórmulas de tc recomendadas


Bacias rurais Bacias urbanas
Fórmulas Ordem
Áreas (km²) EM % EP (%) Áreas (km²) EM % EP (%)
Corps E. 1R < 12000 9 21
V. Chow 2R < 12000 -7 19
Onda Cin. 3R < 12000 2 20
Kirpich 4R, 3U < 12000 -9 19 <2700 1 39
Carter 1U <1100 1 40
Schaake 2U <62 -9 30
Desbordes 4U <5100 11 49
Legenda: R = Rural; U = Urbana; EM = Erro Médio; EP = Erro Padrão
Fonte: (Silveira, 2005)

Silveira (2005) aborda que a definição do tempo de concentração surge da hipótese de que a
41

bacia hidrográfica responde linearmente para o escoamento superficial direto, porém ele faz
algumas considerações em relação a esse conceito, chegando a conclusão que existem muitas
incertezas em sua efetiva interpretação. Em seu trabalho sobre o Desempenho de Fórmulas de
Tempo de Concentração em Bacias Urbanas e Rurais, Silveira (2005) testou 23 fórmulas
existentes para se obter o valor deste parâmetro. Na conclusão de seu estudo, ele apontou que
as formulações propostas por Kirpich, Ven te Chow, Corps of Engineers e DNOS apresentaram
bons resultados para bacias rurais e sugere a ordem de preferência para a escolha, conforme
Tabela 11.

2.3.2. Hidrograma de projeto – Transformação Chuva-Vazão

Para o cálculo do hidrograma de projeto é necessário que se disponha dos seguintes dados:
hidrograma unitário sintético (U) e precipitação efetiva incremental (Pe). Com esses dados e
utilizando o processo da convolução o hidrograma curvilíneo é construído (TOMAZ,
Convolução, 2012a).

O processo de convolução ocorre da seguinte maneira (Quadro 1):

Quadro 1 - Processo da convolução para determinação do hidrograma de projeto


t HU Pexc (mm) Hidrograma
(h) [m³/(s.mm)] P1 P2 P3 Pn Q(m³/s)
0 U1 U1*P1 ∑[(U1*P1)]
1 U2 U2*P1 U1*P2 ∑[(U2*P1)+(U1*P2)]
2 U3 U3*P1 U2*P2 U1*P3 ∑[(U3*P1)+(U2*P2)+(U1*P3)]
3 U4 U4*P1 U3*P2 U2*P3 U1*Pn ∑[(U4*P1)+(U3*P2)+(U2*P3)+(U1*Pn)]
4 U5 U5*P1 U4*P2 U3*P3 U2*Pn ∑[(U5*P1)+(U4*P2)+(U3*P3)+(U2*Pn)]
5 Un Un*P1 U5*P2 U4*P3 U3*Pn ∑[(Un*P1)+(U5*P2)+(U4*P3)+(U3*Pn)]
6 Un*P2 U5*P3 U4*Pn ∑[(Un*P2)+(U5*P3)+(U4*Pn)]
7 Un*P3 U5*Pn ∑[(Un*P3)+(U5*Pn)]
8 Un*Pn ∑(Un*Pn)
Fonte: A autora

De acordo com Tomaz (2012), a convolução é um processo matemático onde combinadas duas
funções é possível determinar uma outra. Em hidrologia, são combinadas a função P exc, que é a
precipitação excedente em mm, obtida, neste caso, através do Método SCS, e a função U
relacionada ao Hidrograma Unitário Sintético dado a partir do mesmo método. A função gerada
é a que define o escoamento superficial em função do tempo, ou seja, o hidrograma de projeto.
Este hidrograma é a base de entrada para a análise do trânsito de cheias em reservatórios, que
42

no estudo apresentado optou-se por utilizar o Método de Puls Modificado.

2.4. MÉTODO DE PULS MODIFICADO – TRÂNSITO DE CHEIAS EM


RESERVATÓRIOS

Em seu trabalho sobre Propagação de Enchentes em Reservatórios, Hernandez (2007) aborda


a problemática de se obter a enchente efluente dada uma enchente afluente pela
interdependência entre o volume armazenado e a vazão de saída do mesmo. Sendo assim,
Hernandez (2007) propõe um método alternativo ao método aqui apresentado e observa que
poucos estudos a respeito deste assunto foram difundidos de forma a remodelar a maneira de
se obter tais dados.

O método de Puls, também denominado como Puls Modificado (BUTLER, 1957, apud
HERNANDES, 2007), de acordo com Tucci (2007), é um dos métodos mais disseminados para
a realização de simulação do trânsito de cheias em reservatórios. Ele consiste num balanço
hídrico onde, conhecidas as curvas cota x volume e cota x descarga, é possível traçar uma outra
curva que relaciona o volume armazenado e a vazão efluente.

Para a aplicação deste método, Tucci (1993) apud Hernandez (2007) observa que para ser
utilizado é necessário que o escoamento seja caracterizado por uma linha d’água horizontal,
velocidade baixa e profundidade elevada, permitindo que os termos hidrodinâmicos sejam
desprezados.

Segundo Tucci (2007), este método compõe-se no detalhamento da equação da continuidade


(Equação 27) e na associação entre o volume armazenado e o volume extravasado do
reservatório, conforme a Equação 28.

𝜕𝑆
=𝐼−𝑄 (27)
𝜕𝑡

Onde:

S → volume armazenado, m³;

t → tempo, s;

I → vazão afluente, m³/s;

Q → vazão efluente, m³/s.


43

𝑆𝑡+1 − 𝑆𝑡 (𝐼𝑡 + 𝐼𝑡+1 ) (𝑄𝑡 + 𝑄𝑡+1 )


= − (28)
∆𝑡 2 2

Onde:

St e St+1 → volume armazenado no tempo t e em t+1, m³;

Δt → intervalo de tempo, s;

It e It+1 → vazões de entrada no reservatório no tempo t e em t+1, m³/s;

Qt e Qt+1 → vazões de saída do reservatório no tempo t e em t+1, m³/s;

Manipulada algebricamente a Equação 28, Tucci (2007) a reordena de forma que as incógnitas
fiquem de um lado (St+1 e Qt+1) e as variáveis conhecidas de outro.

2𝑆𝑡+1 2𝑆𝑡
𝑄𝑡+1 + = (𝐼𝑡 + 𝐼𝑡+1 ) − (𝑄𝑡 + ) (29)
∆𝑡 ∆𝑡

Tucci (2007) dispõe o processo de cálculo a seguir, que se inicia a partir do conhecimento da
função Q = f(S) com a qual é possível construir outra função associando Q = f1(Q+2S/Δt).

Etapas definidas por Tucci (2007):

 Estabelecer o volume inicial (S0) a partir do qual determina-se a vazão inicial (V0);

 Conhecido o hidrograma afluente do reservatório, determinar o termo da direita da


Equação 29.

2𝑆𝑡+1
 Do passo anterior é estabelecido o termo 𝑄𝑡+1 + . Com a utilização da função Q =
∆𝑡

f1(Q+2S/Δt) se obtém o valor de Qt+1;

 Sabido o valor de Qt+1 calcula-se St+1 por St+1 = f -1 (Qt+1);

 Para cada intervalo de tempo os passos anteriores devem ser repetidos.

A Figura 5 mostra a curva (a) que representa a relação cota (Z) x descarga (Q) que é
dependente do tipo de extravasor. Geralmente, os reservatórios apresentam dois
extravasores: o vertedouro e o descarregador de fundo; a curva (b) que é definida pela
função cota (Z) x volume (S) (ou armazenamento) obtida através da cubagem da topografia
em que o espelho d’água ocupa; e, a curva (c) é obtida pela composição das anteriores,
44

denotada por curva vazão (Q) x armazenamento (S) (TUCCI, 2007).

Figura 5 – Funções de armazenamento

Fonte: Tucci (2007)

2.5. BORDA LIVRE

O conceito de borda livre está relacionado a prevenção ao galgamento da barragem. Ela é


dimensionada considerando a ação do vento (Fetch) que causa a formação de ondas no
reservatório e é caracterizada pela altura entre o nível max maximorum e a crista do barramento
(PORTES, 2017). Esta altura deve ser tal que impeça que as ondas formadas no lago, quando
atingirem o maciço, sejam capazes de ultrapassá-lo (MEIRELLES, [2015?]).

2.6. HEC-HMS – Hydrologic Model System

O Hydrologic Model System (HMS) é um software desenvolvido com o intuito de executar


modelagens hidrológicas completas de bacias hidrográficas dendríticas. Concebido pelo
Hydrologic Engineering Center (HEC), instituição de recursos hídricos integrante do US Army
Corps Engineers, dos EUA, o HMS possui ferramentas tradicionais de análise hidrológica como
infiltração de eventos, hidrogramas unitários e trânsito de cheias. Diversos métodos
hidrológicos consagrados pela literatura estão disponíveis no HEC-HMS, dentre eles o Método
SCS e o Método de Puls Modificado (U.S. Army Corps of Engineers, [2017?]). Ambos
utilizados para a simulação proposta neste estudo.

A modelagem se dá com a criação e descrição da bacia de contribuição e da estrutura do


45

reservatório, informando o tipo de sistema extravasor existente, que são conectados de montante
para jusante. Os dados essenciais da bacia devem ser informados, como: a área; o método de
perda (Loss Method), ou seja, o método pelo qual será calculada a parcela da chuva que não
gera escoamento superficial; e o método de transformação da chuva em vazão (Transform
Method). O HMS possui 11 métodos de perdas implementados em seu sistema onde, para cada
qual, devem ser preenchidos os dados da aba “Loss”. De maneira semelhante ocorre para o
método de transformação, onde estão disponíveis 7 métodos, sendo obrigatório o
preenchimento da aba “Transform” (U.S. Army Corps of Engineers, 2016).

Como segundo passo são criados os modelos meteorológicos através do “Meteorologic Model
Manager”, onde os dados climáticos são adicionados. Para o dado de interesse deste estudo, ou
seja, a precipitação, são disponibilizados 8 modelos distintos. O modelo escolhido é o
“Specified Hietograph”, onde para cada tempo de chuva são inseridos os dados do hietograma
correspondente, gerado, neste caso, através das curvas de Huff.

O “Control Specification” é utilizado para determinar o início e fim da simulação. Através dele
é estabelecido o intervalo de tempo utilizado.

As curvas de descarga e cota x volume, também são inseridas para a execução da simulação.

Por fim, cria-se as janelas de simulações para cada duração de chuva especificada através da
inserção dos hietogramas.
46

3. ESTUDO DE CASO

Apesar de estar inserida na região mais seca do país, chamada de Polígono das Secas, não se
pode negligenciar a revisão dos estudos para a barragem do açude Cocorobó recomendados
pelo Guia de Revisão de Segurança de Barragens elaborado pela Agência Nacional de Águas
(ANA). No que diz respeito aos estudos hidrológicos, este guia recomenda os produtos descritos
na Tabela 2 a serem fornecidos de acordo com o porte do barramento.

O estudo de caso proposto identificará, a partir do hidrograma afluente e efluente, a duração da


chuva capaz de elevar o nível da água até a crista da barragem, aplicando os métodos descritos
anteriormente.

3.1. DESCRIÇÃO GERAL DA BACIA E DA ÁREA DE ESTUDO

A bacia do rio Vaza-Barris está localizada na região nordeste brasileira e possui uma área de
drenagem total de 17.000 km² (Figura 6). Com uma extensão de 510 km, este rio nasce na Serra
da Cana Brava, no município de Uauá – BA e desemboca no oceano Atlântico, na cidade de
São Cristóvão - SE (SANTOS, 2015).

Figura 6 - Bacia do rio Vaza-Barris

Fonte: A autora
47

Em seu estudo sobre o rio Vaza-Barris, Santos (2015) descreve sua extensão desde a nascente
até a foz em 6 partes, que denominou como VB-1 a VB-6 (ANEXO 1). As duas classificações
iniciais feitas por ele compreendem o trecho da nascente, situada na Serra da Cana Brava, até a
seção de interesse do estudo proposto, a barragem Cocorobó, localizada na cidade de Canudos,
estado da Bahia. Para essas duas partes Santos (2015) denomina VB1 e VB2.

Segundo informações sobre o clima, disponibilizados pelo IBGE através do Visualizador


INDE, exposto do ANEXO 2, a bacia do rio Vaza-Barris está inserida em duas faixas climáticas
definidas como Tropical Brasil Central e Tropical Nordeste Oriental, passando por cinco faixas
de umidades diferentes que variam de 3 a 10 meses de seca.

O INDE (Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais) é um portal que reúne dados geoespaciais
existentes nas instituições do governo brasileiro, produtoras e mantenedoras desse tipo de dado
(INDE, [2017?]).

O bioma predominante da região é a caatinga, caracterizada por vegetação formada por árvores
e arbustos baixos, ramificados, espinhosos, de aparência seca e frágil. Esse aspecto é
predominante na maior parte do ano quando ocorre o período seco, porém, com a chegadas das
chuvas a flora é transformada florescendo e trazendo vida à região, como pode ser observado
na Figura 7 (MORAES, 2017).

Figura 7 – Caatinga – período de seca e período de chuva

Fonte: (WANDERLEY, [2015?])

A área da bacia de contribuição do Açude Cocorobó possui 3.600 km² e compreende os


primeiros 100 km do rio Vaza-Barris, inserida em sua totalidade no estado da Bahia. Para sua
delimitação utilizou-se dados das áreas de drenagem de cada rio contribuinte ao rio mencionado
48

até o eixo da barragem, disponibilizados pela ANA através do Visualizador INDE. Conforme
ANEXO 2, ela está inserida na faixa climática Tropical Brasil Central, e sua umidade
corresponde as faixas que variam de 4 a 10 meses de seca. Segundo Santos (2015), o trecho em
estudo está inserido nas regiões semiárida e árida onde a precipitação média anual é menor que
500mm.

Dados registrados pelos postos fluviométricos apresentam elevada variação nas vazões
apresentadas. O posto fluviométrico de Canudos, localizado a aproximadamente 100km da
nascente e atualmente inoperante, possui informações que indicam que no período seco o rio
Vaza-Barris, no qual está instalada a barragem, possui vazão média de 3m³/s enquanto que na
época das chuvas, compreendida entre os meses de novembro a maio, o mesmo posto registrou
vazão média diária de 684m³/s o que demonstra elevada variação dos volumes precipitados e
que o caracteriza como dryland river. (SANTOS, 2015).

Figura 8 - Bacia do açude Cocorobó

Fonte: A autora (Adaptado do INDE)

A jusante da barragem destaca-se a existência do perímetro irrigado. Esta área possui a


dimensão de 460 ha e é apta para o desenvolvimento de atividades econômicas como o plantio
para a produção de bananas, coco, feijão, milho, entre outras culturas (DNOCS, 2008).

3.2. DESCRIÇAO GERAL DA BARRAGEM DE COCOROBÓ


49

A Barragem do Açude Cocorobó, construída para barrar o rio Vaza Barris, está localizada a
aproximadamente 2 km a montante da cidade de Canudos , no estado da Bahia (Figura 9). Sua
construção possuiu como objetivos principais o abastecimento da vila Nova de Canudos, a
irrigação das terras a jusante, controle de cheias, a piscicultura e o desenvolvimento das áreas
a montante (DNOCS, [2014?]).

Instalada num curso d’água pertencente à União e com uso destinado principalmente a
acumulação de água, a barragem é fiscalizada pela Agência Nacional de Águas (ANA).

Historicamente, o lago formado inundou o arraial de Canudos conhecido por ter sido o cenário
de uma das guerras mais violentas do Brasil, a Guerra de Canudos.

Figura 9 – Localização da Barragem do Açude Cocorobó

Fonte: A autora

A barragem possui capacidade para acumular 245.375.950 m³ e o lago formado cobre uma área
de 23,95 km² (Figura 10). Sua estrutura é composta de terra homogênea, com 33,5 m de altura
(incluída a fundação), 643 m de extensão e largura da crista com 7 m. O volume total do maciço
é de 1.250.000 m³, com cota de coroamento na elevação 362,00 m e o nível máximo de água
na elevação 361,00 m, com essas informações tem-se a borda livre com 1m de altura. Possui
uma tomada de água formada por uma galeria dupla de 1m de diâmetro, envolvida por concreto
armado, com vazão de 4,6m³/s, controlada por duas comportas planas na face de montante e
válvulas de controle manual na face de jusante (DNOCS, [2014?]).
50

Figura 10 – Barragem Cocorobó (a); Seção transversal (b)

Fonte: ( ISSA, [2015?]; Adaptado de DNOCS)

O sistema extravasor, localizado na ombreia esquerda, é constituído por um vertedouro tipo


Creager (Figura 11), de soleira livre em arco com 90 metros de extensão, nível da soleira na
elevação 358,00 m, lâmina máxima de água de 3 m, com revanche até 4 m, dimensionado para
uma descarga máxima secular de 1.824 m³/s (DNOCS, [2014?]).

Figura 11 – Corte e planta do vertedouro

Fonte: (DNOCS, [2014?])

A vazão total em vertedouros tipo Creager é calculada pela Equação 30, apresentada por
Azevedo Netto (1998).

3
𝑄 = 2,2𝐿𝐻 2 (30)

Onde:
51

Q → vazão de descarga, m³/s;

L → comprimento do embocamento, m;

H → altura da lâmina d’água sobre a crista do vertedouro, m;

A Figura 12 detalha, de forma gráfica, os elementos para o cálculo da vazão total extravasada
da estrutura em questão. A determinação da vazão para uma certa lâmina d’água é realizada de
forma a se tomar como H a cota desejada para a obtenção deste parâmetro e proceder com o
cálculo normalmente.

Figura 12 – Vertedouro tipo Creager.

Fonte: Adaptado de (AZEVEDO NETTO, 1998)

O ANEXO 3 apresenta, em conjunto, as informações técnicas da bacia de contribuição do


reservatório Cocorobó, da barragem e do vertedouro.
52

4. MATERIAIS E METODOLOGIA

4.1. PRECIPITAÇÕES

Dados de precipitações foram extraídos de nove estações pluviométricas, dentro da bacia de


contribuição e a montante da barragem Cocorobó, para a determinação da chuva de projeto.
Essas informações estão disponíveis no portal Hidroweb (ANA, [2017?]). Os dados foram
analisados com a finalidade de determinar a série histórica de maior representatividade dos
eventos de chuva da região. As estações apresentaram os seguintes períodos de precipitação
registrados:

Tabela 12 – Estações pluviométricas a montante da barragem Cocorobó

Estação Período Anos

Açude Cocorobó (0093006) 1956 a 1985 - 1995 31

Atanásio (01039004) 1964 a 1991 28

Bendengo (00939001) 1970 a 1991 - 1993 e 1994 30

Faz. Boa Vista (01039000) 1962 a 1991 - 1994 - 1996 a 1999 35

São Paulo (01039018) 1962 a 1991 30

Serra da Cana Brava (00939018) 1962 a 1991 - 1993 - 1997 a 2000 35

Uauá (00939014) 1911 a 1916 -1918 a 1991 - 1997 a 2000 84

Uauá (00939015) 1981 1

Uauá (00939024) 2004 a 2017 14


Fonte: A autora

A construção da série histórica foi realizada através das alturas de chuva máxima de “um dia”
obtidas da estação Uauá (Código 00939014), situada a -9°49’48” de latitude e a -39°29’00” de
longitude, na cidade de Uauá, distante cerca de 50km a montante do eixo da barragem
Cocorobó. Esta estação encontra-se em operação e tem como responsável o DNOCS –
Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (ANA, [2017?]). As informações registradas
por ela apresentaram a maior série de registros pluviométricos sem falhas anuais no período de
1918 a 1991, totalizando 73 anos de dados de chuvas máximas diárias anuais ANEXO 4.

As precipitações obtidas foram submetidas a análise para a determinação do ano hidrológico,


de forma que os valores mais significativos não fossem excluídos na determinação dos máximos
anuais. O ano hidrológico é definido por DNAEE (1976) apud SEMAD (2015) como um
53

período ininterrupto de doze meses no qual acontece um ciclo anual climático completo e que
é escolhido por permitir uma comparação mais significativa dos dados meteorológicos. Seu
cálculo foi realizado através do valor médio das máximas precipitações diárias mensais do
período de 1918 a 1991. Com isso, construiu-se o Gráfico 5, onde é possível observar que no
mês de outubro as chuvas começam a aumentar e sua altura média mínima é registrada no mês
de setembro. Portanto, conclui-se que o ano hidrológico da região em estudo tem seu início em
outubro e término no mês de setembro do ano posterior.

Gráfico 5 - Ano hidrológico


140.00

120.00

100.00
Precipitação (mm)

80.00
Mínima
60.00 Média
Máxima
40.00

20.00

0.00
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Meses

Fonte: A autora

A Tabela 13 mostra a série histórica de precipitações máximas diárias anuais em conformidade


com o ano hidrológico.

Tabela 13 - Série histórica de precipitações máximas diárias anuais - 1918 a 1991


Ano Hidrológico Máximas Diárias Anuais (mm)
1918/1919 100,0
1919/1920 68,4
1920/1921 64,5
1921/1922 78,6
1922/1923 96,8
1923/1924 76,4
1924/1925 86,4
1925/1926 74,5
1926/1927 60,0
1927/1928 36,0
1928/1929 56,3
54

(continuação)
Ano Hidrológico Máximas Diárias Anuais (mm)
1929/1930 39,0
1930/1931 60,0
1931/1932 36,0
1932/1933 46,5
1933/1934 42,0
1934/1935 78,0
1935/1936 36,2
1936/1937 90,0
1937/1938 34,8
1938/1939 100,8
1939/1940 57,3
1940/1941 86,0
1941/1942 54,0
1942/1943 53,2
1943/1944 61,2
1944/1945 116,3
1945/1946 64,1
1946/1947 100,2
1947/1948 70,0
1948/1949 33,7
1949/1950 81,2
1950/1951 96,2
1951/1952 30,1
1952/1953 58,2
1953/1954 82,3
1954/1955 42,0
1955/1956 44,3
1956/1957 66,4
1957/1958 42,7
1958/1959 49,3
1959/1960 105,1
1960/1961 43,2
1961/1962 100,0
1962/1963 89,2
1963/1964 57,5
1964/1965 65,3
1965/1966 51,4
1966/1967 100,6
1967/1968 80,0
1968/1969 100,1
1969/1970 70,1
1970/1971 100,1
55

(continuação)
Ano Hidrológico Máximas Diárias Anuais (mm)
1971/1972 97,4
1972/1973 80,0
1973/1974 100,1
1974/1975 80,0
1975/1976 42,4
1976/1977 127,0
1977/1978 100,0
1978/1979 60,0
1979/1980 80,1
1980/1981 80,0
1981/1982 88,2
1982/1983 80,2
1983/1984 50,1
1984/1985 122,4
1985/1986 70,0
1986/1987 50,1
1987/1988 55,2
1988/1989 68,5
1989/1990 54,4
1990/1991 82,0
Fonte: A autora

4.1.1. Distribuição estatística e determinação da altura da chuva em função do tempo de


retorno

A série histórica das precipitações máximas diárias anuais, foi submetida ao modelo de
distribuição estatística de Gumbel com o intuito de obter a altura da chuva intensa em função
do tempo de retorno. Como exposto anteriormente no item 2.2.2, esta distribuição é a que mais
se ajusta à variáveis hidrológicas. A Tabela 14 apresenta a aplicação do método resultando em
diversas alturas de chuvas para os tempos de retorno correspondentes.

Tabela 14 - Altura de chuva para diversos tempos de retorno


Distribuição de Gumbel
P = β - α x ln [-ln(TR-1)/TR]
Média = 71.0 α = 18.3
Desvio Padrão = 23.5 β = 60.4
TR (Anos) Precipitação total (mm)
2 67,1
10 101,6
25 119,0
56

(continuação)
Distribuição de Gumbel
P = β - α x ln [-ln(TR-1)/TR]
Média = 71.0 α = 18.3
Desvio Padrão = 23.5 β = 60.4
50 131,9
100 144,7
500 174,3
1.000 187,0
10.000 229,3
Fonte: A autora.

Para o estudo de caso desenvolvido neste trabalho, será utilizado o tempo de recorrência de
10.000 anos, conforme recomendação do DAEE - Departamento de Águas e Energia Elétrica
(2005) apresentado no Tabela 6. Os testes de aderência não foram aplicados, uma vez que
optou-se pela distribuição de Gumbel, conforme mencionado.

4.1.2. Desagregação das chuvas e determinação da equação das chuvas intensas pelas curvas
IDF

A desagregação das chuvas foi realizada utilizando os coeficientes estabelecidos por CETESB
(1979) apud Freitas (2016). Para isso, foram utilizados os coeficientes mencionados na Tabela
7. Desta maneira, as alturas das chuvas obtidas através da distribuição de Gumbel foram
desagregadas para as durações de 5min., 10min., 15min., 20min., 25min., 30min., 1h, 6h, 8h,
10h, 12h e 24h, multiplicando-se a altura total calculada pelo fator correspondente a cada tempo
resultando na precipitação acumulada, conforme Tabela 15.

Tabela 15 - Desagregação das chuvas


TR
2 10 25 50 100 500 1.000 10.000
Durações Durações
Altura total da precipitação (mm) – Distribuição de Gumbel
(min.) (h)
67,1 101,6 119,0 131,9 144,7 174,3 187,0 229,3
Desagregação – Lâmina d’água acumulada (mm)
5 min. 0,08 8,1 12,2 14,3 15,9 17,4 21,0 22,5 27,6
10 min. 0,17 12,8 19,4 22,8 25,2 27,7 33,4 35,8 43,9
15 min. 0,25 16,6 25,2 29,5 32,7 35,9 43,2 46,4 56,9
20 min. 0,33 19,3 29,2 34,2 37,9 41,5 50,0 53,7 65,8
25 min. 0,42 21,6 32,8 38,4 42,5 46,7 56,2 60,3 73,9
57

(continuação)
TR
2 10 25 50 100 500 1.000 10.000
Durações Durações
Altura total da precipitação (mm) – Distribuição de Gumbel
(min.) (h)
67,1 101,6 119,0 131,9 144,7 174,3 187,0 229,3
Desagregação – Lâmina d’água acumulada (mm)
30 min. 0,50 23,8 36,0 42,2 46,7 51,3 61,8 66,3 81,2
1h 1,00 32,1 48,7 57,0 63,2 69,3 83,5 89,6 109,8
6h 6,00 55,1 83,4 97,7 108,3 118,8 143,1 153,5 188,2
8h 8,00 59,7 90,4 105,8 117,3 128,7 155,0 166,3 203,9
10 h 10,00 62,7 95,0 111,3 123,3 135,3 163,0 174,8 214,3
12 h 12,00 65,0 98,5 115,3 127,8 140,2 168,9 181,2 222,2
24 h 24,00 76,5 115,9 135,7 150,4 165,0 198,7 213,2 261,4
Fonte: A autora.

O Gráfico 6 apresenta a relação entre a lâmina d’água precipitada e a duração de ocorrência da


chuva. Pode-se observar que com o aumento do tempo de retorno, para uma mesma duração, a
altura da precipitação também sofre elevação.

Gráfico 6 – Duração (h) x Lâmina d’água (mm)


300

250
Lâmina de chuva (mm)

200

150

100

50

0
0 5 10 15 20 25
Duração (h)
2 anos 10 anos 25 anos 50 anos
100 anos 500 anos 1.000 anos 10.000 anos

Fonte: A autora.

Utilizando os dados da Tabela 15, determinou-se as intensidades das precipitações para cada
duração de chuva (Tabela 16). Assim, construiu-se as curvas IDF, conforme demonstrado no
58

Gráfico 7. É de fácil observação que as chuvas mais intensas ocorrem em períodos de duração
mais curtos, diminuindo sua intensidade no decorrer do tempo.

A linearização das curvas IDF, para a obtenção dos parâmetros a, b, c e d destinados à formação
da equação das chuvas intensas, foi realizada conforme os procedimentos descritos no item
2.2.2. Seu resultado é apresentado na Tabela 17 e aplicado na Equação 2 para a determinação
da referida equação para o posto pluviométrico Uauá (Código 00939014) – Equação 31.

Tabela 16 - Intensidade das chuvas (mm/h)


TR
Durações
2 10 25 50 100 500 1.000 10.000
(min.)
Intensidades (mm/h)
5 97,01 146,94 172,08 190,72 209,23 251,99 270,38 331,43
10 77,04 116,69 136,65 151,46 166,15 200,11 214,71 263,19
15 66,58 100,84 118,09 130,89 143,59 172,94 185,56 227,45
20 57,78 87,52 102,49 113,59 124,61 150,09 161,04 197,39
25 51,93 78,66 92,11 102,09 112,00 134,89 144,73 177,41
30 47,55 72,03 84,35 93,49 102,56 123,53 132,54 162,46
60 32,13 48,67 56,99 63,17 69,30 83,46 89,55 109,77
360 9,18 13,91 16,28 18,05 19,80 23,85 25,59 31,36
480 7,46 11,30 13,23 14,66 16,09 19,38 20,79 25,48
600 6,27 9,50 11,13 12,33 13,53 16,30 17,48 21,43
720 5,42 8,21 9,61 10,65 11,69 14,08 15,10 18,51
1440 3,19 4,83 5,65 6,27 6,87 8,28 8,88 10,89
Fonte: A autora.
Gráfico 7 - Curvas IDF para o posto Uauá
350.00

300.00

250.00
Intensidade (mm/h)

200.00

150.00

100.00

50.00

0.00
0.00 5.00 10.00 15.00 20.00 25.00
Duração (h)
2 anos 10 anos 25 anos 50 anos
100 anos 500 anos 1.000 anos 10.000 anos

Fonte: A autora.
59

Tabela 17 - Parâmetros da equação das chuvas intensas


a b c d
880,24 0,1397 11,50 0,7551
Fonte: A autora

Equação das chuvas intensas para o posto de Uauá (Código 00939014):

880,24. 𝑇𝑅 0,1397
𝑖𝑐ℎ𝑢𝑣𝑎 = (31)
(𝑡 + 11,50)0,7551

Onde:

i → intensidade da chuva, mm/h;

TR → Tempo de retorno, anos;

t → duração da chuva, minutos;

4.1.3. Determinação das alturas das chuvas e discretização pelas curvas de Huff

Para a determinação das alturas das chuva usadas para formação dos hietogramas de projeto,
de fundamental importância para inserção no modelo computacional, foi utilzada a equação das
chuvas para o posto de Uauá (Equação 31). Para cada tempo de retorno e duração foram obtidas
as intensidades das precipitações e, posteriormente, transformadas em lâminas d’água.

Tabela 18 – Precipitação total


TR
100 500 1.000 10.000
Duração (min)
lâmina lâmina lâmina lâmina
i (mm/h) i (mm/h) i (mm/h) i (mm/h)
(mm) (mm) (mm) (mm)
6 192,9 19,3 241,6 24,2 266,1 26,6 367,1 36,7
10 165,1 27,5 206,8 34,5 227,8 38,0 314,3 52,4
15 141,0 35,3 176,6 44,1 194,5 48,6 268,4 67,1
20 123,8 41,3 155,0 51,7 170,7 56,9 235,5 78,5
30 100,5 50,3 125,9 62,9 138,6 69,3 191,3 95,6
60 66,7 66,7 83,5 83,5 91,9 91,9 126,8 126,8
120 42,1 84,1 52,7 105,4 58,0 116,1 80,1 160,1
180 31,7 95,0 39,7 119,0 43,7 131,1 60,3 180,8
240 25,8 103,1 32,3 129,1 35,6 142,3 49,1 196,3
360 19,2 115,2 24,0 144,3 26,5 159,0 36,5 219,3
(continuação)
60

TR
100 500 1.000 10.000
Duração (min)
lâmina lâmina lâmina lâmina
i (mm/h) i (mm/h) i (mm/h) i (mm/h)
(mm) (mm) (mm) (mm)
480 15,5 124,4 19,5 155,7 21,4 171,6 29,6 236,7
600 13,2 131,8 16,5 165,1 18,2 181,8 25,1 250,8
720 11,5 138,2 14,4 173,0 15,9 190,6 21,9 262,9
1080 8,5 153,2 10,7 191,8 11,7 211,3 16,2 291,5
1440 6,9 164,7 8,6 206,2 9,5 227,2 13,1 313,4
Fonte: A autora

Considerou-se a duração da chuva igual a 24h (1440 minutos), uma vez que Tomaz (2012)
recomenda o uso de 20% a 30% acrescidos ao tempo de concentração e, Pinto, Holtz, et al.,
(2007) recomendam utilizar a duração da chuva igual a este. Para o Brasil não há um valor
padronizado no que diz respeito a este parâmetro tendo diversas recomendações como o
exposto, por exemplo. Nos EUA a duração da chuva é padronizada em 24h (TOMAZ, Método
do SCS (Soil Conservation Service) para várias bacias, 2012b). Para a discretização, tomou-se
o TR = 10.000 anos prosseguindo com a determinação recomendada por Canholi (2005), apud
PAULINO (2014), estando seus gráficos apresentados no ANEXO 5.

4.2. PARÂMETROS FÍSICOS DA BACIA DE CONTRIBUIÇÃO DO AÇUDE


COCOROBÓ

A bacia de contribuição do açude Cocorobó (Figura 8), é classificada como uma bacia rural e
foi determinada com auxílio da ferramenta ArcGIS a partir da utilização de dados obtidos em
formato shapefile, disponibilizadas pelo IBGE através do Visualizador INDE.

As informações essenciais a serem definidas para essa região são as que identificam o uso,
ocupação e tipo de solo presentes. Esses dados são de suma importância para a determinação
do parâmetro CN.

No ANEXO 2 estão representadas as figuras que relacionam o uso e a ocupação da área, bem
como o tipo de solo que a região possui. A partir delas determina-se o parâmetro requerido e
ajusta-o para a condição antecedente de umidade, através da Tabela 10.

O CN foi ajustado para ambas as condições antecedentes de umidade, AMC I e AMC III, solos
secos e saturados, respectivamente.

As informações sobre as características físicas do rio Vaza-Barris foram obtidas através do


61

trabalho realizado por Santos (2015), apresentadas na Tabela 20.

Tabela 19 - Cálculo do CN para a bacia de contribuição


Tipologia Mapeada Tipo de Solo CNadotado Área (km²) Área (%) CNMÉDIO
Pastagem natural C - Argiloso 75 3.047 96,5 72,4
Vegetação campestre
C - Argiloso 77 499 3,5 2,7
+ área agrícola
Corpos hídricos - - 54 - -
Total 3.600 100% 75,1
Condição antecedente de umidade CN Corrigido
AMC I 57
AMC III 88
Fonte: A autora
Tabela 20 - Comprimento e declividade do rio Vaza-Barris
Trechos Ltalvegue (m) D(%)
VB-1 75.000 0,184
VB-2 25.000 0,142
Total 100.000 0,174
Fonte: (SANTOS, 2015)

Para o tempo de concentração da bacia hidrográfica em estudo, considerou-se a equação


desenvolvida pelo Corps of Engineers (Tabela 21), apresentada por Silveira (2005). O autor
concluiu que esta equação apresentou bons resultados para grandes bacias (até 12.000 km²) uma
vez que para a sua determinação foram utilizadas as mesmas bacias rurais que ele utilizou em
seu artigo, com maior representatividade para regiões rurais.

Tabela 21 - Tempo de concentração (tc) para a bacia do Açude Cocorobó


Fórmulas Equação tc (h)

Corps Engineers 𝑡𝑐 = 0,191𝐿0,76 . 𝑆 −0,19 21

Ven te Chow 𝑡𝑐 = 0,160𝐿0,64 . 𝑆 −0,32 23

Onda Cinemática 𝑡𝑐 = 7,35𝑛0,6 . 𝑖 −0,4 . 𝐿0,6 . 𝑆 −0,3 23

Kirpich 𝑡𝑐 = 0,0663𝐿0,77 . 𝑆 −0,385 27

Fonte: (Silveira, 2005)

Onde:

tc → tempo de concentração, h;

L → comprimento do curso d’água principal;


62

S → declividade média, m/m;

i → intensidade, fixada em 35mm/h conforme Silveira (2015);

n → rugosidade de Manning (adimensional), fixada em 0,030, conforme Silveira (2015).

Os parâmetros temporais para a área de contribuição do Açude Cocorobó, foram calculados


utilizando o software EXCEL, em conformidade com o exposto no item 2.3.1.

Tabela 22 – Parâmetros temporais


Dados Valores
tc (h) 21,00
∆t (h) 4,20
tp (h) 14,70
td (h) 24,55
tb (h) 39,25
tl (h) 12,60
Fonte: A autora

As Tabela 23 apresenta, em resumo, as características físicas e hidrológicas da bacia


hidrográfica contribuinte do Açude Cocorobó para as três condições antecedentes de umidade
do solo, AMC I, AMC II e AMC III. Essas informações são utilizadas, em simulações
separadas, como dados de entrada para o software HEC-HMS, aplicadas de acordo com o
método escolhido para a transformação da chuva em vazão, conforme detalhado no item 2.3
para o Método SCS.

Tabela 23 - Parâmetros físicos e hidrológicos da área de drenagem da barragem


Área do
Área da Ltalvegue tc Lagtime
AMC CN Ia (mm) espelho % Aimp Dm(%)
bacia (km2) (m) (min) (min)
d'água (km²)
I 57 38,32
II 75,1 16,84 3600 23,95 0,67 100000 0,17 1260 756
III 88 6,93
Fonte: A autora

Onde:

%Aimp → relação entre a área do reservatório e a respectiva bacia de contribuição;

CN → Número da Curva Índice (Curve Number);

Ia → abstração inicial ocorrida na área da bacia de contribuição, calculada de acordo com o


63

Método SCS exposto no presente trabalho;

Ltalvegue → comprimento do talvegue principal;

Dm → declividade média do talvegue principal;

tc → tempo de concentração da bacia.

Lagtime → tempo de retardo, tl.

4.3. PARÂMETROS DO VERTEDOURO E RESERVATÓRIO

Os parâmetros requeridos pelo modelo HEC-HMS para os dois componentes citados são os que
relacionam a cota ao volume extravasado (cota x descarga) referente ao vertedouro e, a cota ao
volume armazenado, pertinente ao reservatório.

4.3.1. Parâmetros do vertedouro

O sistema extravasor da barragem Cocorobó é constituído por um vertedouro de soleira livre


em forma de arco, com seção transversal tipo Creager e possui dimensões do embocamento de
90 m de largura por 4 m de altura. A soleira do vertedouro situa-se na elevação 358,00, onde
para a curva de descarga o volume considerado é igual a zero. A relação cota x descarga foi
obtida através da Equação 30 e conforme procedimento apresentado no item 3.2. Os resultados,
dispostos no Tabela 24, apresentam o volume que o vertedouro é capaz de extravasar para a
elevação d’água indicada.

Gráfico 8 – Curva cota x descarga – Vertedouro da barragem Cocorobó


363.00

Elevação da crista da B. Cocorobó (El. 362,00 m)


362.00
Elevação (m)

361.00

360.00
Q = 1581,42 m³/s
359.00

Soleira do vertedouro (El. 358,00 m)


358.00

357.00
0.00 250.00 500.00 750.00 1000.00 1250.00 1500.00 1750.00
Vazão (m3/s )

Fonte: A autora
64

Tabela 24 - Relação Cota x Descarga


Elevação Q (m³/s)
358,00 0,00
358,10 6,26
358,20 17,71
358,30 32,53
358,40 50,09
358,50 70,00
358,60 92,02
358,70 115,96
358,80 141,68
358,90 169,06
359,00 198,00
359,10 228,43
359,20 260,28
359,30 293,48
359,40 327,99
359,50 363,75
359,60 400,72
359,70 438,87
359,80 478,16
359,90 518,56
360,00 560,03
360,10 602,55
360,20 646,10
360,30 690,65
360,40 736,18
360,50 782,66
360,60 830,09
360,70 878,44
360,80 927,69
360,90 977,83
361,00 1028,84
361,10 1080,71
361,20 1133,42
361,30 1186,96
361,40 1241,32
361,50 1296,48
361,60 1352,44
361,70 1409,18
361,80 1466,70
(continuação)
65

Elevação Q (m³/s)
361,90 1524,97
362,00 1581,42
Fonte: A autora

4.3.2. Parâmetros do reservatório

A curva cota x volume x área representa a capacidade de armazenamento do reservatório em


função da elevação que a água acumulada alcança e da área que seu espelho ocupa. Ela é obtida
através do estudo topográfico da região. Faz-se o levantamento planimétrico e altimétrico
tomando como cotas limites o fundo do rio (talvegue) e a cota da crista da barragem. Através
desses dados gera-se o volume ocupado para cada cota alcançada pelo nível da água. Através
da curva mencionada é possível identificar os volumes de operação do reservatório e a área
ocupada por seu espelho.

Originalmente, para a barragem do Açude Cocorobó, a curva cota x volume x área foi definida
por DNOCS de acordo com a Figura 13.

Figura 13– Cota x volume x área

Fonte: DNOCS

Utilizando o software AutoCAD, a figura acima foi disposta de forma que os pontos pudessem
ser obtidos por posicionamento de coordenadas coincidentes com os dados observados. Desta
maneira, obteve-se as informações para a construção da curva cota x volume e a identificação
de seus valores a cada nível alcançado.
66

Através da função “Crescimento” disponível no software EXCEL, o volume entre as cotas


360,00 e 362,00 foram estimados com base na análise da tendência de crescimento que os dados
originais apresentaram. Esta função prevê o crescimento exponencial de uma série de dados
analisando-a (MICROSOFT, [2016]). Desta maneira, puderam ser conhecidos, mesmo que de
forma aproximada, o volume que o reservatório alcançaria se a água atingisse a cota da crista,
El. 362,00 metros (Gráfico 9). O volume disponível para verter é aquele que galga sobre a
soleira do vertedouro, este volume é o que ultrapassa a elevação 358,00m. Estas são as
informações utilizadas como parâmetros de entrada no software HEC-HMS para a simulação
do trânsito de cheias.

Para melhor compreensão, o volume alcançado no topo do vertedouro é definido como zero.
Desta forma, o volume excedente, que é caracterizado pela diferença entre o volume máximo
que a barragem é capaz de reter até a sua cota limite (El. 362,00) e o topo do vertedouro, é o
volume que estará disponível para o trânsito das cheias no reservatório. Desta maneira, os dados
da cota x volume assumem a configuração da Tabela 25.

Gráfico 9 - Curva cota x volume


362.00
Soleira do vertedouro
358.00
354.00
350.00
Cota (m)

346.00
342.00
338.00
334.00
330.00
0.00 100.00 200.00 300.00 400.00
Volume (106 m³)

Fonte: A autora (Adaptado de DNOCS)


Tabela 25 - Volume disponível para o trânsito de cheias
Elevação Volume acumulado (x103 m³)
358,00 0,00
359,00 20.410,00
360,00 44.340,00
361,00 78.640,00
(continuação)
67

Elevação Volume acumulado (x10³ m³)


362,00 105.560,00
Fonte: A autora

4.4. APLICAÇÃO NO SOFTWARE HEC-HMS

Diante das informações obtidas, procedeu-se com a inserção dos dados para a simulação no
software HEC-HMS. Para isso, inicialmente, os métodos escolhidos foram informados
conforme descritos abaixo.

 Método de perdas: SCS Curve Number;

Esta etapa corresponde a informação do parâmetro CN. Através dele, o programa calcula de
forma automática o valor da abstração inicial (Ia). Com isso, a perda da altura da chuva por
absorção da bacia é obtida. Como descrito anteriormente, o valor do CN é ajustado da condição
antecedente média de umidade do solo para duas outras condições, CNAMC I e CNAMC III. Estas
três condições foram consideradas nas simulações.

 Método de transformação chuva-vazão: Hidrograma Unitário Sintético;

 Método para o trânsito de cheias em reservatórios: Método de Puls Modificado;

 Entrada da precipitação: Hietogramas especificados.

Os hietogramas foram construídos para durações de até 24 horas e de acordo com a


desagregação da chuva total obtida para o tempo de retorno de 10.000 anos. Após este passo,
sua discretização foi realizada através das curvas de Huff. Estes métodos podem ser conferidos
no item 4.1.3.

Cada hietograma informado corresponde a lâmina d’água, obtida a partir da equação das chuvas
intensas, para uma certa duração, que foi discretizada em intervalos de 1minuto. Isso não
significa que para a duração seguinte as informações da duração anterior estejam incluídas com
os mesmos valores, o que não seria coerente quando se analisa a equação citada. Cada duração
é independente da outra, pois apresentam intensidades diferentes e, para cada duração total de
chuva a discretização do seu comportamento pelas curvas de Huff também se apresentam
desiguais.

As configurações das informações sobre a bacia hidrográfica de contribuição seguem a ordem


68

abaixo descrita.

 Área da bacia de drenagem;

Corresponde à área total de contribuição para o reservatório Cocorobó;

 Área impermeável (%)

A área impermeável é a relação entre a área do espelho d’água e a área da bacia de drenagem.

 Tempo de retardo (lagtime)

Em continuidade, são informadas as características consideradas a respeito da estrutura do


reservatório e seu sistema extravasor.

 Informação sobre o método de saída da água: Outflow Structure;

 Método de armazenamento: Elevation-Storage;

Neste passo os dados da relação cota x volume são inseridos no campo apropriado.

 Condição inicial: Inflow = Outflow

 Configuração do vertedouro.

Nesta etapa, as informações a respeito da cota x descarga são inseridas no campo


correspondente.

Por fim, são inseridos os hietogramas para cada duração de chuva especificada e o tempo de
simulação. O tempo de simulação foi configurado para 3 dias, iniciando às 00:00h. Não existe
regra para essa determinação, podendo ser arbitrado qualquer valor, uma vez que este
corresponde ao período em que o programa realizará as análises para os dados informados. Ou
seja, para cada duração de chuva o programa pode simular o comportamento do trânsito da
cheia pelo reservatório para o tempo informado. É possível, por exemplo, prever o tempo
necessário para que o vertedouro pare seu vertimento.

Para as simulações as perdas de chuva consideradas foram apenas àquelas determinadas pelo
Método SCS. Diante de uma situação de emergência, desconsiderou-se a descarga de fundo.
69

5. RESULTADOS

5.1. SIMULAÇÃO

Na primeira simulação, realizada conforme o exposto no item 4, destacam-se as durações de


chuvas de 6 min., 10min., 15min., 20min., 30min., 1h, 2h, 3h, 4h, 6h, 8h, 10h, 12h, 18h e 24h
para a identificação do tempo da precipitação que causa a maior elevação do nível da água em
relação à crista da barragem sem que ocorra o galgamento. Vale ressaltar que as durações
apresentadas são independentes entre si por possuírem comportamentos diferentes, embora
possuam em comum o mesmo tempo de retorno. Com base na equação das chuvas intensas,
isso significa dizer por exemplo, que em um evento de chuva de 10 minutos os 6 primeiros
minutos não se comportarão da mesma forma que em um evento de 6 minutos totais. Isto se dá
pelas intensidades desiguais que apresentam. Diante disso, esta simulação gerou os seguintes
resultados para cada CN considerado.

5.1.1. CNAMC I = 57

O CNAMC I corresponde a condição de umidade antecedente em que os solos se apresentam em


estado aparentemente seco.

Para esta condição, a simulação mostrou que a duração da chuva que causou a maior elevação
no nível do reservatório sem que galgasse a barragem foi a duração de 2 horas. De acordo com
a Tabela 18, esta duração apresenta as seguintes características:

Tabela 26 – CNAMC I – Característica da precipitação - duração = 2h


Características da precipitação
Tempo de retorno (anos) 10.000
Intensidade (mm/h) 80,11
Duração (h) 2
Precipitação Total - P (mm) 160,11
Fonte: A autora

Diante da precipitação total desta duração, a bacia hidrográfica contribuinte para o reservatório
Cocorobó recebeu uma chuva que corresponde a aproximadamente 576 milhões de metros
cúbicos de água recebidos por sua área total de 3600 km².

Através do Método SCS, as perdas por absorção da bacia puderam ser calculadas. Com isso, a
precipitação efetiva resultou em torno de 173 milhões de metros cúbicos disponibilizados para
escoar superficialmente até o reservatório, como mostra a Tabela 27.
70

Tabela 27 – CNAMC I – Comportamento da Bacia


Descrição Altura mm Volume (x10³m³)
Pico da descarga (m³/s) 2.856,12
Precipitação total (P) 160,11 576.411,66
Perdas 112,04 403.347,40
Tempo de pico (h) 13,83
Precipitação efetiva (Pe) 48,07 173.064,26
Fonte: A autora

O pico da descarga, apresentado na tabela anterior, é referente ao valor máximo da vazão


extravasada da bacia para o reservatório. O tempo necessário para sua ocorrência foi
determinado em 13,83 horas após o início do evento desta chuva. Na Figura 14 podem ser
vistos, em conjunto, os gráficos que representam respectivamente a altura da chuva (mm)
distribuída ao longo da sua duração e o hidrograma efluente da bacia relacionando o tempo à
sua vazão de descarga, esta última dada em cms (cubic meter per second), ou seja, m³/s.

Figura 14 – CNAMC I - Comportamento da bacia para precipitação total de 2h

Fonte: A autora (Extraído do software HEC-HMS)

O hidrograma efluente da bacia corresponde ao hidrograma afluente ao reservatório. Com isso,


o valor calculado para o pico de descarga para a bacia representará o pico de entrada para o
reservatório. De maneira semelhante ocorre com o volume da precipitação efetiva (Pe) para o
volume de entrada do reservatório.

A Figura 15 mostra dois gráficos que representam em sequência o comportamento da água


recebida pelo reservatório e o trânsito da cheia realizada pelo conjunto reservatório e sistema
extravasor.

O primeiro gráfico apresenta o volume armazenado pelo açude e o nível alcançado pela água
em função do tempo. O segundo compreende o hidrograma afluente e efluente do mesmo, que
fazem parte dos objetivos deste estudo.
71

Tabela 28 - CNAMC I – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 2h


Reservatório
Pico de entrada (m³/s) 2.856,12
Volume de entrada (x10³m³) 173.064,26
Pico de armazenamento (x10³m³) 94.402,63
ELMÁX NA (m) 361,58
Sistema extravasor
Pico de descarga (m³/s) 1.327,35
Volume de saída (x10³m³) 152.531,47
Tempo de pico de descarga (h) 22,43
Fonte: A autora

No trânsito das cheias, analisado com a utilização do software HEC-HMS configurado para o
método proposto e nas condições consideradas, o reservatório atingiu a elevação de 361,58
metros com o pico de armazenamento alcançando o valor de cerca de 94 milhões de m³.

Com relação ao sistema extravasor, composto pelo vertedouro, a descarga máxima efetuada por
ele correspondeu ao valor de 1.327,35 m³/s no tempo de 22,43 horas após o início da chuva, o
que podem ser observados na Tabela 28 e no segundo gráfico da Figura 15.

Figura 15 - CNAMC I – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 2h

Fonte: A autora (Extraído do software HEC-HMS)

5.1.2. CNAMC II = 75,1

O CNAMC II é o valor obtido diretamente através da Tabela 8 apresentada no item 2.3, diante das
características de uso do solo da área em estudo.

Para esta condição, a simulação mostrou que a duração da chuva que causou a maior elevação
no nível do reservatório sem que galgasse a barragem foi a duração de 30 minutos. De acordo
com a Tabela 18, esta duração apresenta as seguintes características:
72

Tabela 29 – CNAMC II – Característica da precipitação - duração = 30 minutos


Características da precipitação
Tempo de retorno (anos) 10.000
Intensidade (mm/h) 191,30
Duração (h) 0,50
Precipitação Total - P (mm) 95,60
Fonte: A autora

Diante da precipitação total desta duração, a bacia hidrográfica contribuinte para o reservatório
Cocorobó recebeu uma chuva que corresponde a aproximadamente 344 milhões de metros
cúbicos de água recebidos por sua área total de 3600 km².

Através do Método SCS, as perdas por absorção da bacia puderam ser calculadas. Com isso, a
precipitação efetiva resultou em torno de 138 milhões de metros cúbicos disponibilizados para
escoar superficialmente até o reservatório, como mostra a Tabela 30.

O pico da descarga, apresentado na tabela mencionada, é referente ao valor máximo da vazão


extravasada da bacia para o reservatório. O tempo necessário para sua ocorrência foi
determinado em 13,15 horas após o início do evento desta chuva. Na Figura 16 podem ser
vistos, em conjunto, os gráficos que representam respectivamente altura da chuva (mm)
distribuída ao longo da sua duração e o hidrograma efluente da bacia relacionando o tempo à
sua vazão de descarga, esta última dada em cms (cubic meter per second), ou seja, m³/s.

Tabela 30 – CNAMC II – Comportamento da Bacia


Descrição Altura (mm) Volume (x10³m³)
Pico da descarga (m³/s) 2.285,48
Precipitação total (P) 95,62 344.259,15
Perdas 57,16 205.805,20
Tempo de pico da descarga (h) 13,15
Precipitação efetiva (Pe) 38,46 138.453,95
Fonte: A autora
Figura 16 – CNAMC II - Comportamento da bacia para precipitação total de 30 minutos

Fonte: A autora (Extraído do software HEC-HMS)


73

O hidrograma efluente da bacia corresponde ao hidrograma afluente ao reservatório. Com isso,


o valor calculado para o pico de descarga para a bacia representará o pico de entrada para o
reservatório. De maneira semelhante ocorre com o volume da precipitação efetiva (Pe) para o
volume de entrada do reservatório.

No trânsito das cheias, analisado com a utilização do software HEC-HMS configurado para o
método proposto e nas condições consideradas, o reservatório atingiu a elevação de 360,97
metros com o pico de armazenamento alcançando o valor de cerca de 78 milhões de m³.

Com relação ao sistema extravasor, composto pelo vertedouro, a descarga máxima efetuada por
ele correspondeu ao valor de 977,02 m³/s no tempo de 22,33 horas após o início da chuva, o
que podem ser observados na Tabela 31 e no segundo gráfico da Figura 17.

Tabela 31 - CNAMC II – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 30 minutos


Reservatório
Pico de entrada (m³/s) 2.285,48
Volume de entrada (x10³m³) 138.453,95
Pico de armazenamento (x10³m³) 77.772,66
ELMÁX NA (m) 360,97
Sistema extravasor
Pico de descarga (m³/s) 977,02
Volume de descarga (x10³m³) 120.499,77
Tempo de pico de descarga (h) 22,33
Fonte: A autora
Figura 17 - CNAMC II – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 30 minutos

Fonte: A autora (Extraído do software HEC-HMS)

A Figura 17 mostra dois gráficos que representam em sequência o comportamento da água


recebida pelo reservatório e o trânsito da cheia realizada pelo conjunto reservatório e sistema
extravasor.
74

O primeiro gráfico apresenta o volume armazenado pelo reservatório e o nível alcançado pela
água em função do tempo. O segundo compreende o hidrograma afluente e efluente do mesmo,
que fazem parte dos objetivos deste estudo.

5.1.3. CNAMC III = 88

O CNAMC III corresponde a condição de umidade antecedente em que os solos se apresentam em


saturados. Esta condição é dependente da ocorrência de chuvas nos 5 dias anteriores.

Para essa situação, a simulação mostrou que a duração da chuva que causou a maior elevação
no nível do reservatório sem que galgasse a barragem foi a duração de 20 minutos. De acordo
com a Tabela 18, esta duração apresenta as seguintes características:

Tabela 32 – CNAMC III – Característica da precipitação - duração = 20 minutos


Características da precipitação crítica
Tempo de retorno (anos) 10.000
Intensidade (mm/h) 235,50
Duração (h) 0,33
Precipitação Total - P (mm) 78,51
Fonte: A autora

Diante da precipitação total para esta duração, a bacia hidrográfica contribuinte para o
reservatório Cocorobó recebeu uma chuva que corresponde a aproximadamente 283 milhões
de metros cúbicos de água recebidos por sua área total de 3600 km².

Através do Método SCS, as perdas por absorção da bacia puderam ser calculadas. Com isso, a
precipitação efetiva resultou em torno de 174 milhões de metros cúbicos disponibilizados para
escoar superficialmente até o reservatório, como mostra a Tabela 33.

Tabela 33 – CNAMC III – Comportamento da Bacia


Descrição Altura mm Volume (x10³m³)
Pico da descarga (m³/s) 2.878,47
Precipitação total (P) 78,51 282.623,35
Perdas 30,07 108.248,83
Tempo de pico (h) 13,06
Precipitação excedente (Pe) 48,44 174.374,53
Fonte: A autora

O pico da descarga, apresentado na tabela anterior, é referente ao valor máximo da vazão


extravasada da bacia para o reservatório. O tempo necessário para sua ocorrência foi
determinado em 13,06 horas após o início do evento desta chuva. Na Figura 18 podem ser
vistos, em conjunto, os gráficos que representam respectivamente a altura da chuva (mm)
distribuída ao longo da sua duração e o hidrograma efluente da bacia relacionando o tempo à
75

sua vazão de descarga, esta última dada em cms (cubic meter per second), ou seja, m³/s.

Figura 18 - CNAMC III - Comportamento da bacia para precipitação total de 20 minutos

Fonte: A autora (Extraído do software HEC-HMS)

O hidrograma efluente da bacia corresponde ao hidrograma afluente ao reservatório. Com isso,


o valor calculado para o pico de descarga para a bacia representará o pico de entrada para o
reservatório. De maneira semelhante ocorre com o volume da precipitação efetiva (Pe) para o
volume de entrada do reservatório.

No trânsito das cheias, analisado com a utilização do software HEC-HMS configurado para o
método proposto e nas condições consideradas, o reservatório atingiu a elevação de 361,61
metros com o pico de armazenamento alcançando o valor de cerca de 95 milhões de m³.

Com relação ao sistema extravasor, composto pelo vertedouro, a descarga máxima efetuada por
ele atingiu o valor de 1.341,52 m³/s no tempo de 21,5 horas após o início da chuva, o que podem
ser observados na Tabela 34 e no segundo gráfico da Figura 19.

Tabela 34 - CNAMC III – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 20 minutos


Reservatório
Pico de entrada (m³/s) 2.878,47
Volume de entrada (x1000m³) 174.374,53
Pico de armazenamento (x1000m³) 95.031,01
ELMÁX NA (m) 361,61
Sistema extravasor
Pico de descarga (m³/s) 1.341,52
Volume de saída (x1000m³) 154.315,53
Tempo de pico de descarga (h) 21,50
Fonte: A autora

A Figura 19 mostra dois gráficos que representam em sequência o comportamento da água


recebida pelo reservatório e o trânsito da cheia realizada pelo conjunto reservatório e sistema
76

extravasor.

O primeiro gráfico apresenta o volume armazenado pelo açude e o nível alcançado pela água
em função do tempo. O segundo compreende o hidrograma afluente e efluente do mesmo, que
fazem parte dos objetivos deste estudo.

Figura 19 - CNAMC III – Comportamento do reservatório e sistema extravasor – t = 20 minutos

Fonte: A autora (Extraído do software Hec-HMS)


77

6. CONCLUSÃO

O estudo de caso proposto por este trabalho teve como intuito principal identificar a duração da
chuva deca milenar responsável por causar a maior elevação do nível da água no reservatório
Cocorobó, situado na cidade de Canudos – BA, sem que ocorra o galgamento da barragem.

Para a duração da chuva identificada, o estudo contemplou a obtenção dos hidrogramas


afluentes e efluentes do reservatório através da utilização de dois métodos utilizados na
engenharia de recursos hídricos, a saber: o Método SCS, para a transformação da chuva em
vazão; e, o Método de Puls Modificado que trata do trânsito da cheia causada pela chuva
mencionada no reservatório.

Considerando os resultados, observa-se uma mudança considerável nas durações das chuvas
que podem colocar em risco o barramento quando o parâmetro CN é alterado. Para a condição
AMC I, a duração da chuva para a ocorrência da elevação máxima resultou em 2h, elevando o
nível do reservatório até a cota 361,58. Já na condição AMC II, onde o CN possui valor maior
do que para a condição anterior, a duração sofreu redução, resultando em 30 minutos, elevando
o nível d’água a 360,97m. A condição AMC III obteve a menor duração, 20 minutos para a
elevação máxima, em 361,61m.

As elevações máximas observadas para as condições AMCI e AMC III extrapolaram o valor
indicado por DNOCS (EL. 361,00) invadindo a área da borda livre. Portanto, eventos destas
magnitudes associados a ação do vento podem facilmente fazer com que a barragem sofra o
galgamento, colocando em risco todas as estruturas ambientais e econômicas situadas a jusante.

Diante dos resultados conclui-se que o sistema composto pelo reservatório e seu vertedouro
possui capacidade para transitar a cheia extrema decorrente do tempo de retorno de 10.000 anos,
para as durações totais de chuvas que causam as elevações máximas indicadas anteriormente.
Estas determinações possibilitam que através do monitoramento das chuvas as ações de controle
sejam executadas caso haja necessidade.

Outro fato observado, é a participação do CN na disponibilidade do volume de chuvas para o


escoamento superficial. Uma das características indicadas por ele diz respeito ao tipo de uso e
ocupação do solo a que a bacia está submetida. Este aspecto é facilmente passível de alteração.
Quando o CN apresenta valor elevado a abstração inicial (Ia) tende a ser pequena, o que causa
pouca diminuição na altura da chuva total (P), com disponibilidade quase que completa para
78

escoar superficialmente. Locais que dispõem de ocupações de solo que favoreçam a


impermeabilização parcial ou total deste certamente obterão um valor alto para o CN, ajustado
de acordo com as condições antecedentes de umidade. No estudo apresentado, a alteração deste
parâmetro se deu em função dessas condições, apresentando um valor próximo ao seu valor
máximo para AMC III.

Conforme o exposto e considerando a utilização do Método SCS, que faz uso do CN, para a
prevenção do galgamento a área da bacia de drenagem deve ser monitorada quanto as alterações
mencionadas. Diante disso, cabe ressaltar a importância das atividades relacionadas ao
monitoramento das precipitações para que o galgamento de barragens seja evitado através de
ações preventivas.
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de projetos de barragens (Vol. V). Brasília: Agência Nacional de Águas.

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Segurança de Barragens (Vol. III). Brasília, DF, Brasil: Agência Nacional de Águas.

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ANEXO 1

Compartimentos geomorfológicos do Rio Vaza-Barris (VB-1, VB-2, VB-3, VB-4, VB-5 e


VB-6; Declividade do rio Vaza-Barris.

Fonte: (SANTOS, 2015)


ANEXO 2

Zonas climáticas do Brasil

Fonte: A autora (Adaptado do INDE)

Distribuição da umidade

Fonte: A autora (Adaptado do INDE)


Textura dos solos da bacia de contribuição do Açude Cocorobó

Fonte: A autora (Dados do IBGE, obtidos através do visualizador INDE)

Uso e ocupação da bacia de contribuição do Açude Cocorobó

Fonte: (Dados do IBGE, obtidos através do visualizador INDE)


ANEXO 3

Dados gerais da barragem de Cocorobó

Localização Níveis de NA no reservatório

Euclides da Cunha-
Localização Nível d'água normal (m) S/I
BA
10°39'14,4"S /
Latitude/ Longitude Nível d'água máximo (m) 361,00
39°43'35,7"W
Sistema/ Subsistema Vaza Barris Nível d'água max maximorum (m) S/I

Rio Barrado Vaza Barris Reservatório

Projeto DNOCS Capacidade (m³) 245.375.950

Construção DNOCS Volume morto (m³) 70.000.000

Bacia Hidrográfica Vertedouro

Lâmina livre
Bacia Hidrográfica (km²) 3.600 Tipo
em arco
Bacia Hidráulica (ha) 2.395 Largura da soleira (m) 90
Cota da soleira (m) 358,00
Área irrigável (ha) 460
Lâmina máxima d'água (m) 3,00

Revanche (m) 4,00


Precipitação Média Anual (mm) 477
Descarga máxima (m³/s) 1.824

Dados da Barragem Tomada de água

Tipo Terra Homogênea Tipo Galeria Dupla

Altura máxima com fundação (m) 33,50 Comprimento (m) 280

Cota do coroamento (m) 362,00 Dimensão da seção (m) Ø = 1,00

Extensão do coroamento (m) 643,00 Descarga regularizada (m³/s) 4,6

Largura do coroamento (m) 7,00 Altura da torre (m) 24,40

Dimensões da comporta (m) 1,20 x 1,20


Volume total do maciço (m³) 1.250.000 Válvula de
Dissipação a jusante controle
manual
Fonte: (DNOCS, [2014?])
ANEXO 4

Dados de precipitação – 1918 a 1991


Máximas Diárias Mensais (mm) - Estação UAUÁ Máximas Diárias Anuais
Ano/Mês
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 (mm)

1918 12.8 19.6 8.4 24.2 1.5 20 6 4.2 4 - 48.3 42.4 48.30
1919 42.6 44.6 24.6 36.4 4.6 12.6 12.3 100 1.2 - 48.3 - 100.00
1920 40 4.4 68.4 49.2 14.2 50 5.3 8.5 22.4 8.4 45.2 68.40
1921 17 10.2 30.2 8.2 2.2 4.2 40 4.2 64.5 12.3 32.4 78.6 78.60
1922 - 60 64.4 40 5.3 40 6.4 6.3 6.2 14.2 96.8 96.80
1923 30 74.2 42.6 48.5 12.4 4.2 6.2 4.2 - - 4.2 - 74.20
1924 34.2 72.5 72.3 76.4 48.3 8.2 60.1 4.2 - - - 8.6 76.40
1925 86.4 42.6 - - - - - - - 12.2 - - 86.40
1926 67.2 22.5 74.5 42.6 34.8 8.6 8.5 - - - 44.8 5.3 74.50
1927 40 60 26.3 8.6 20 12.4 6.4 - - - 22 36 60.00
1928 12.5 - 16.2 - 6.2 - 8 - - - 39 30.4 39.00
1929 56.3 1.8 - 36.5 19.1 9.6 6 4.6 6.4 4.6 12 36 56.30
1930 8 18.6 39 6 24 10 12 6 6 18 12 12 39.00
1931 12 60 12 8 12 6 6 8 4 28 24 30 60.00
1932 36 10 25 8 4 6 12 6 36 20 10 8 36.00
1933 - 4 40 46.5 28 6.4 11 26 1.6 2.7 42 46.50
1934 18 42 21 16 - - - - - 7 - 10 42.00
1935 42.3 78 34.2 12.8 12 4 2 25 - 18 35 78.00
1936 36.2 32.5 - 22.2 7 11.2 3.7 14.4 - 23.3 90 8.8 90.00
1937 51.1 30 71.3 36.5 16.6 4.2 4 6.6 - 4.3 - 5.2 71.30
1938 34.8 16 25.4 20 - 11 24 1.6 0.6 - 6.2 31.3 34.80
1939 42.3 - 5.1 - 1.2 100.8 9 50 18 55.2 19.3 24.5 100.80
1940 57.3 54 38.4 51.5 4.2 1 6 3.1 40 1.1 45.1 9.7 57.30
1941 62.4 1.7 86 2 4.9 6 8.7 70 1.5 31.2 42.6 86.00
1942 31 54 - 36.4 21.5 7.4 2 1 4.3 10.2 15.5 22.4 54.00
1943 27.5 4.2 53.2 35.3 5 0.5 13.2 40 14.4 - 2.2 25.4 53.20
1944 25.7 1 22.4 61.2 3.2 6.5 4.1 3.5 5.4 - 116.3 93.2 116.30
1945 42.8 9.2 34.1 25 58.3 8.7 5.1 6 3 20 64.1 28.3 64.10
1946 10.1 - 25.7 12.5 14.5 3.3 50.1 7.1 2.1 - 16.7 100.2 100.20
1947 30.2 44.8 39.6 18.3 4.4 6.1 4.4 1 2.4 1 52.8 69.2 69.20
1948 3.1 7.1 28.7 70 6.2 14.1 6.1 8.1 0.2 - 12.3 33.7 70.00
1949 8.2 28.2 8.6 12.2 10.2 10.5 20 5.6 5.6 1 81.2 42.2 81.20
1950 33.5 32.2 28.2 40 6 3.3 4 1.8 1.1 66.2 36.5 40.2 66.20
1951 50 1.3 96.2 50 11.1 2.6 1.5 1.5 0.7 3 - 20.5 96.20
1952 - 30 18 5 30.1 4.4 6 2 1.3 11.4 1.7 58.2 58.20
1953 1.2 11 54.2 21.5 15.2 5.4 5.1 5 1.4 1.4 22.7 18 54.20
1954 25.2 40 34.7 82.3 60.1 10.2 6.2 5.4 - - 37.1 7.2 82.30
1955 42 - - 20 18.4 1 0.4 0.4 7.2 6 44.3 21.4 44.30
(continuação)
Máximas Diárias Mensais (mm) - Estação UAUÁ Máximas Diárias Anuais
Ano/Mês
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 (mm)

1956 6.4 12 25.5 5.6 1.6 8.2 4.2 12.6 - 3 66.4 66.2 66.40
1957 38.4 17.2 53 18.3 15 4 30 1 - - 6.7 2 53.00
1958 36.5 41.5 42.7 19.4 6 6 8.6 0.6 9.3 20.2 - 11.3 42.70
1959 49.3 19 13.2 9.3 3.2 5.3 4.4 9.6 - 1.2 12.5 - 49.30
1960 21.5 75 105.1 16.2 6.3 5.6 13.2 5.3 1 - 1.3 4.3 105.10
1961 43.2 12.1 36.6 2 1 16.2 1.6 3.7 - 1.6 - 1.3 43.20
1962 50.1 55.5 12.5 25.5 3.5 3.1 2.2 100 30 1.1 89.2 10 100.00
1963 24.8 60.4 60 16.4 7.8 7.2 1.8 5.1 0.5 - 30.7 34.3 60.40
1964 57.5 22.5 21.5 19.3 23.5 19.7 50 24.8 6.5 24.5 28.5 39.6 57.5
1965 13.7 60 65.3 49.1 4.2 12.4 5.2 6 4.2 4.2 37.2 2.3 65.30
1966 39.3 51.4 6 50.2 2.5 5.8 50 4.2 5.3 0.4 22 22.3 51.40
1967 15.7 54.2 42.3 52.2 50 100.6 10.2 0.5 11.2 4.2 17.4 22.3 100.60
1968 21.2 30.8 80 24.2 6.7 50 50 1 1 18 100.1 18 100.10
1969 16.4 20.6 46.1 23 24 19.3 2.6 2.3 0.7 3.8 1.5 70.1 70.10
1970 60 40 50 0.6 0.1 6.5 5.2 6.8 2.2 75 100.1 21.1 100.10
1971 26.2 9.4 14.5 70 70 12 1.5 4.9 5.8 0.4 19.7 28.7 70
1972 34.8 49.7 97.4 51.1 8.7 28.5 6.2 4.1 - 10.3 3.1 40.4 97.40
1973 60 13.8 30.4 40.1 80 36.1 20 9.1 30 19.5 21.2 9.8 80
1974 17.2 26.3 100.1 66 40 70 30 7.3 2.5 25.3 23 11.2 100.10
1975 32.1 47.2 25.7 27.2 7.4 40 26 80 13.2 - 4.5 42.4 80.00
1976 19.2 31.3 7.4 1.1 30 6.1 4.3 2.3 5.7 22.1 40 2.6 40.00
1977 19.2 16.7 2.8 55.3 13.5 6.7 4.6 60 127 100 95.5 40.2 127.00
1978 9.8 56.8 29 35.5 32.7 12.5 5.5 0.8 2.6 11.5 4 16.8 56.80
1979 60 51.5 42.3 23.5 11.8 12.3 6.3 0.6 3.5 - 12.8 24.6 60.00
1980 80.1 33.4 37 0.8 1.2 1.7 2.6 6.3 3.2 1.5 16.3 80 80.10
1981 36.7 1 55.2 38.5 0.8 4.3 2.6 3.3 2 1.4 32.3 88.2 88.20
1982 80.1 30 16.5 18.2 2.8 9.6 5.3 7.3 7.3 2.7 - 37 80.10
1983 13.4 80.2 53 16.3 - 6.8 70 8.2 0.5 3.8 15.2 48.3 80.20
1984 9.7 - 27.8 50.1 5.3 7.4 2.4 3.8 39.3 0.3 6.5 0.4 50.10
1985 122.4 30.3 39.2 58.3 10 38 50 6.8 2.2 6.5 35.2 28.3 122.40
1986 4.5 30.1 49.2 17.4 6.3 1.5 70 0.6 70 3.5 30 24.4 70.00
1987 14.7 30 19.8 46.2 12.2 50.1 5.2 50 1.4 - 55.2 1.8 55.20
1988 39.4 5.2 45.4 35.2 7.8 26.3 19.2 2.1 2.8 55.2 43.2 68.5 68.50
1989 30 5.7 25.5 36.2 20 2.4 7.4 40 9.5 6.8 54.4 53.4 54.40
1990 3.2 19.3 7 2 7 8 29 3 - 18 18 40 40.00
1991 42 35 82 6 4 - - - - - - - 82.00
Fonte: (ANA, [2017?])
ANEXO 5

Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 6 minutos


14.0

12.0

10.0
Chuva Incremental (mm)

8.0

6.0

4.0

2.0

0.0
0 1 2 3 4 5 6
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 10 minutos
12.0

10.0

8.0
Chuva Incremental (mm)

6.0

4.0

2.0

0.0
0 2 4 6 8 10
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 15 minutos
12.0

10.0

8.0
Chuva Incremental (mm)

6.0

4.0

2.0

0.0
0 3 6 9 12 15
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 20 minutos
10.0

9.0

8.0

7.0
Chuva Incremental (mm)

6.0

5.0

4.0

3.0

2.0

1.0

0.0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 30 minutos
8.0

6.0
Chuva Incremental (mm)

4.0

2.0

0.0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 60 minutos (1h)
5.0

4.0
Chuva Incremental (mm)

3.0

2.0

1.0

0.0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 120 minutos (2h)
3.5

3.0

2.5
Chuva Incremental (mm)

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0
0 20 40 60 80 100 120
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 180 minutos (3h)
2.5

2.0
Chuva Incremental (mm)

1.5

1.0

0.5

0.0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 240 minutos (4h)
2.0

1.5
Chuva Incremental (mm)

1.0

0.5

0.0
0 60 120 180 240
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 360 minutos (6h)
1.5

1.0
Chuva Incremental (mm)

0.5

0.0
0 60 120 180 240 300 360
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 480 minutos (8h)
1.2

1.0

0.8
Chuva Incremental (mm)

0.6

0.4

0.2

0.0
0 60 120 180 240 300 360 420 480
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 600 minutos (10h)
1.0

0.8
Chuva Incremental (mm)

0.6

0.4

0.2

0.0
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 720 minutos (12h)
1.0

0.8
Chuva Incremental (mm)

0.6

0.4

0.2

0.0
0 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600 660 720
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 1080 minutos (18h)
0.9

0.8

0.7

0.6
Chuva Incremental (mm)

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0
0 120 240 360 480 600 720 840 960 1080
Duração (minutos)

Fonte: A autora
Hietograma da chuva de projeto – TR 10.000 anos – 1440 minutos (24h)
0.7

0.6

0.5
Chuva Incremental (mm)

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0
0 120 240 360 480 600 720 840 960 1080 1200 1320 1440
Duração (minutos)

Fonte: A autora
ANEXO 6

Relação cota x volume


Elevação Volume acumulado (m³)
331,00 0,00
332,00 0,04
333,00 0,48
334,00 1,33
335,00 2,67
336,00 4,01
337,00 5,97
338,00 8,64
339,00 11,58
340,00 15,27
341,00 19,52
342,00 24,46
343,00 30,12
344,00 36,92
345,00 43,95
346,00 52,84
347,00 62,56
348,00 72,72
349,00 84,84
350,00 97,75
351,00 110,98
352,00 126,14
353,00 141,11
354,00 157,30
355,00 175,37
356,00 195,54
357,00 217,06
358,00 245,38
359,00 265,79
360,00 289,72
361,00 344,43
362,00 395,28
Fonte: A autora

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