Você está na página 1de 95

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE


NÚCLEO DE TECNOLOGIA

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DOS SISMOS NAS


ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO DE CARUARU

PROJETO SUBMETIDO À UFPE


PARA OBTENÇÃO DE APROVAÇÃO
NA DISCIPLINA DE TCC 2
POR
HEVERTON ALVES BESERRA DE MELO
Orientador: Prof. Dr. Humberto Correia Lima Junior

CARUARU, 2012
HEVERTON ALVES BESERRA DE MELO

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DOS SISMOS NAS ESTRUTURAS DE


CONCRETO ARMADO DE CARUARU

Projeto apresentado ao curso de Engenharia


Civil da Universidade Federal de Pernambuco
para obtenção da aprovação na disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso 2.

Orientador: Prof. Dr. Humberto Correia Lima Junior

CARUARU, 2012
A minha família, em especial a minha mãe.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que mostra a cada dia o


verdadeiro significado da minha vida, a minha Mãe que é
este significado, ao meu Pai (in memória) por me ensinar
a respeitar e por todas as broncas que ele me deu, aos
meus mestres, em especial a Humberto, Érika e Elder, os
quais muito admiro e que me ensinaram valores
importantes para minha vida, aos meus colegas, Tiago,
Arthur, Fellipe, Anderson e Martina que me acompanham
desde o começo e aos demais que se juntaram a mim
depois, mas que muito me ajudaram e a todas as pessoas
especiais que cruzaram meu caminho. Obrigado.
“Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se
não puder andar, rasteje, mas continue em frente de
qualquer jeito.”
Martin Luther King
RESUMO

Historicamente, acreditava-se que o Brasil era livre de atividade sísmica, hoje, porém,
sabe-se que em boa parte do território nacional existem falhas geológicas que provavelmente
geram atividade sísmica no país, embora que de baixa intensidade. O nordeste é a região com
o maior número de falhas geológicas constatadas e a cidade de Caruaru encontra-se situada
sobre uma dessas falhas. Com o histórico de abalos sísmicos que a cidade têm, é natural
atribuir essa certa atividade sísmica a falha existente que corta praticamente todo estado de
Pernambuco. Caruaru vive hoje um grande momento imobiliário, com edifícios cada vez mais
altos e em maior quantidade. Este estudo mostrou a influência dessa atividade sísmica nas
estruturas de concreto armado em Caruaru, utilizando os parâmetros estabelecidos pela norma
brasileira de dimensionamento sísmico, NBR-15421:2006, e adotando o programa de cálculo
estrutural CYPECAD como ferramenta de suporte. Para o estudo dessa influência adotou-se
uma estrutura de um prédio real, de 23 pavimentos ao todo, existente na cidade e mais 3
simulações do mesmo prédio, variando o numero de pavimentos. Os resultados mostraram
que há uma forte influência dos sismos, principalmente na base da estrutura, refletida no
aumento das taxas longitudinais de armadura, que em alguns casos passou de 100% chegando
até a mais de 290%. Também se verificou um aumento considerável dos esforços no encontro
dos pilares com os elementos de fundação, especialmente os esforços de torção, que antes
chegavam a ser desprezíveis, além de constatar aumentos bastante expressivos nos esforços
cortantes dos pilares com a adoção do efeito do sismo nas estruturas. Logo o
dimensionamento de estruturas sismo-resistentes em Caruaru, que hoje provavelmente não é
realizado, deve ser levado em consideração diante do aumento considerável das cargas que
este efeito gera na estrutura.

Palavras-chave: Caruaru, sismo, estrutura.


ABSTRACT

Historically, it was believed that Brazil was free of seismic activity, today, however, it
is known that much of the territory there are probably faults that generate seismic activity in
the country, although that low intensity. The Northeast is the region with the largest number
of detected faults and the city of Caruaru is situated on one of these faults. With a history of
earthquakes that the city has, it is natural to assign this right seismically active failure that
exists and that cuts almost every state of Pernambuco. Caruaru lives today big time real estate
with buildings louder and in larger quantities. This study showed that the influence seismic
activity in reinforced concrete structures in Caruaru, using the parameters established by the
Brazilian standard for seismic design, NBR 15421:2006, and adopting the program of
structural calculation CYPECAD as a support tool. To study this effect was adopted a
structure of a real building of 23 floors in total, existing in the city and 3 more of the same
building simulations, varying the number of floors. he results show that there is strong
influence of earthquakes, particularly at the base of the structure, reflected in increased rates
longitudinal reinforcement, which in some cases was 100%, reaching up to more than 290%,
there was also a considerable increase efforts in meeting the pillars with the foundation
members especially the torsion, which before came to be negligible, and finds quite
significant increases in shear in the columns with the adoption of the effect of the earthquake
on structures. Therefore the design of earthquake-resistant structures in Caruaru, which today
is probably not done, should be taken into account before the considerable increase of this
effect generates loads in the structure.

Keywords: Caruaru, Seism, Structure.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Fragmentação das Placas Tectônicas ............................................................ 19


Figura 2. Correntes de Convecção gerados pelo calor do Núcleo Terrestre................. 19
Figura 3. Fronteiras entre Placas Tectônicas ................................................................ 19
Figura 4. Ocorrência dos Sismos .................................................................................. 22
Figura 5. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido
de uma onda P. ......................................................................................................................... 23
Figura 6. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido
de uma onda S. ......................................................................................................................... 24
Figura 7. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido
de uma onda L. ......................................................................................................................... 25
Figura 8. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido
de uma onda R. ......................................................................................................................... 26
Figura 9. Nomograma da magnitude sísmica. .............................................................. 27
Figura 10. Relação entre escala de Richter e escala de Mercalli .................................. 31
Figura 11. Evento Sísmico em um Sismograma ........................................................... 33
Figura 12. Diferença do registro no sismograma na Componente Horizontal e na
Componente Vertical. ............................................................................................................... 34
Figura 13. (a) Gráfico de determinação do intervalo de tempo entre as ondas S e P, (b)
Diagrama de interseção de círculos para determinação do epicentro. ...................................... 35
Figura 14. Falhas Geológicas no Brasil. ....................................................................... 37
Figura 15. Mapeamento da aceleração sísmica horizontal característica no Brasil para
terrenos da classe B (“Rocha”). ................................................................................................ 40
Figura 16. Variação do espectro de resposta de projeto (Sa/ ags0) em função do
período ...................................................................................................................................... 43
Figura 17. Previsão do Edifício pronto em (a), e situação atual em (b). ...................... 72
Figura 18. Planta baixa da arquitetura do pavimento-tipo. ........................................... 73
Figura 19. Planta baixa do lançamento estrutural no CYPECAD ................................ 73
Figura 20. Modelo do lançamento estrutural no CYPECAD ....................................... 74
Figura 21. Diagrama de aplicação de forças horizontais no CYPECAD ..................... 75
Figura 22. (a) Lançamento estrutural dos edifícios com 20, (b) 15, (c) 10 e (d) 5
pavimentos-tipo ........................................................................................................................ 79
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Relação entre Magnitude e Energia. ............................................................. 28


Tabela 2. Graus de Intensidade Sísmica de acordo com a escala de Mercalli
Modificada ................................................................................................................................ 29
Tabela 3. Eventos sísmicos da cidade de Caruaru medidos na Escala Richter ............ 37
Tabela 4. Definição das zonas sísmicas ........................................................................ 40
Tabela 5. Definição da classe do terreno ...................................................................... 41
Tabela 6. Definição dos fatores Fa e Fv de amplificação sísmica no solo .................... 42
Tabela 7. Definição das categorias de utilização e dos fatores de importância de
utilização (I).............................................................................................................................. 45
Tabela 8. Definição da categoria sísmica ..................................................................... 46
Tabela 9. Coeficientes de projeto para os diversos sistemas básicos sismo – resistentes
.................................................................................................................................................. 48
Tabela 10. Irregularidades Estruturais no Plano ........................................................... 50
Tabela 11. Irregularidades Estruturais na Vertical ....................................................... 51
Tabela 12. Limitação para deslocamentos relativos de pavimento (∆x) ....................... 56
Tabela 13. Coeficiente de limitação do período ........................................................... 58
Tabela 14. Comprimento de influência nas duas direções ........................................... 76
Tabela 15. Forças horizontais aplicadas na direção X em toneladas. ........................... 76
Tabela 16. Forças horizontais aplicadas na direção Y em toneladas ............................ 77
Tabela 17. Força horizontal aplicada na base da estrutura ........................................... 80
Tabela 18. Taxa de armadura longitudinal – Edifício de 20 Pav. Tipo ........................ 83
Tabela 19. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed.
20 Pav-Tipo .............................................................................................................................. 84
Tabela 20. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed.
15 Pav-Tipo .............................................................................................................................. 85
Tabela 21. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed.
10 Pav-Tipo .............................................................................................................................. 86
Tabela 22. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed.
5 Pav-Tipo ................................................................................................................................ 87
Tabela 23. Valores do coeficiente de interação do esforço cortante - Ed. 20 Pav-Tipo
.................................................................................................................................................. 89
Tabela 24. Diferença percentual entre coeficientes da Tabela 23. ............................... 90
SUMÁRIO

1 Introdução............................................................................................................... 15
1.1 Justificativa ..................................................................................................... 16

1.2 Objetivos Gerais e Específicos ....................................................................... 17

2 Referencial Teórico ................................................................................................ 18


2.1 Sismologia ...................................................................................................... 18

2.1.1 Ondas Sísmicas ......................................................................................... 21

2.1.1.1 Ondas Volumétricas ........................................................................... 23

2.1.1.2 Ondas Superficiais ............................................................................. 24

2.1.2 Parâmetros Sísmicos ................................................................................. 26

2.1.2.1 Magnitude Sísmica ............................................................................. 27

2.1.2.2 Intensidade Sísmica............................................................................ 29

2.1.2.3 Profundidade ...................................................................................... 32

2.1.3 Medição Sísmica ....................................................................................... 32

2.1.3.1 Sismograma ........................................................................................ 32

2.1.3.2 Localização dos Sismos com Base no Sismograma........................... 34

2.2 O Contexto Histórico de Caruaru ................................................................... 36

2.3 Dimensionamento Sísmico Segundo a NBR 15421 ....................................... 38

2.3.1 Requisitos Gerais de Segurança ................................................................ 38

2.3.1.1 Estados limites ................................................................................... 38

2.3.1.2 Classificação das Ações Sísmicas ...................................................... 38

2.3.1.3 Valores Característicos das Ações Sísmicas ...................................... 38

2.3.1.4 Combinações de Cargas ..................................................................... 39

2.3.2 Definição dos Valores Característicos das Ações Sísmicas...................... 39

2.3.2.1 Zoneamento Sísmico Brasileiro ......................................................... 39

2.3.2.2 Definição da Classe do Terreno ......................................................... 41

2.3.2.3 Definição do espectro de resposta de projeto..................................... 42


2.3.3 Categorização das Estruturas para a Análise Sísmica ............................... 44

2.3.3.1 Critérios para a Categorização Sísmica ............................................. 44

2.3.3.2 Categorias de Utilização e Fatores de Importância de Utilização...... 44

2.3.3.3 Definição da Categoria Sísmica ......................................................... 44

2.3.4 Requisitos Sísmicos para as Estruturas de Prédios ................................... 46

2.3.4.1 Critérios Básicos ................................................................................ 46

2.3.4.2 Sistemas Básicos Sismos-Resistentes ................................................ 47

2.3.4.3 Configuração Estrutural ..................................................................... 49

2.3.4.4 Efeitos do Sismo Vertical e do Sismo Horizontal com Sobre-


Resistência ................................................................................................52

2.3.4.5 Direção das Forças Sísmicas .............................................................. 52

2.3.4.6 Procedimentos de Análise .................................................................. 53

2.3.4.7 Critérios para a Modelagem ............................................................... 53

2.3.4.8 Requisitos para os Diafragmas ........................................................... 54

2.3.4.9 Fixação de Paredes ............................................................................. 55

2.3.4.10 Limitações para Deslocamentos Absolutos e Deslocamentos


Relativos de um Pavimento .......................................................................................... 56

2.3.5 Análise Sísmica pelo Método das Forças Horizontais Equivalentes ........ 56

2.3.5.1 Força Horizontal Total ....................................................................... 56

2.3.5.2 Determinação do Período ................................................................... 57

2.3.5.3 Distribuição Vertical das Forças Sísmicas ......................................... 58

2.3.5.4 Distribuição das Forças Sísmicas Horizontais e Torção .................... 59

2.3.5.5 Determinação dos Deslocamentos Relativos e Absolutos ................. 60

2.3.5.6 Efeito P-delta...................................................................................... 61

2.4 CYPECAD ...................................................................................................... 63

2.4.1 Apresentação ............................................................................................. 63

2.4.2 Descrição da Análise Efetuada pelo Programa ......................................... 64


2.4.3 Cálculo da Atuação Sísmica Realizado no CYPECAD ............................ 65

3 Materiais e Métodos ............................................................................................... 72


3.1 Descrição do Edifício ...................................................................................... 72

3.2 Parâmetros de Cálculo .................................................................................... 75

3.3 Análise Realizada ........................................................................................... 79

4 Resultados e Discussão .......................................................................................... 82


4.1 Taxa de Armadura Longitudinal ..................................................................... 83

4.2 Taxa de Armadura Transversal ....................................................................... 88

4.3 Relação entre Esforços Cortantes no Tramo do Pilar ..................................... 88

4.4 Esforços Atuantes no Arranque dos Pilares .................................................... 91

4.4.1 Momento Fletor......................................................................................... 91

4.4.2 Esforço Normal ......................................................................................... 91

4.4.3 Esforço Cortante ....................................................................................... 92

4.4.4 Momento Torsor ....................................................................................... 92

5 Considerações Finais .............................................................................................. 93


Referências Bibliográficas ............................................................................................ 94
15

1 INTRODUÇÃO

É grande o número de catástrofes naturais associadas à atividade sísmica no planeta,


estas catástrofes ocorrem, em sua maioria, em localidades de grandes falhas geológicas
formadas em um período de milhões de anos. Porém, existem falhas menores, que geram
sismos de menor magnitude e intensidade, mesmo assim podem gerar prejuízos consideráveis
na região.
Embora por um longo período de tempo se acreditasse que o Brasil não estava sujeito
à ação sísmica, pois seu território se encontrava em uma região considerada passiva, situada
no interior da placa Sul-Americana, com o avanço da tecnologia e no decorrer do tempo
verificou-se que isso não é bem assim. Dentro do território brasileiro existem diversas falhas
geológicas geradas devido ao desgaste das placas tectônicas ou mesmo reflexos de outros
tremores ocorridos em outros países da América latina, que podem ou não estar associadas à
atividade sísmica brasileira. Essas falhas são encontradas em todo país, porém é na região
nordeste onde se concentra o maior número de ocorrências de sismos no Brasil.
Historicamente, as principais áreas sísmicas no Nordeste são o Recôncavo da Bahia, a região
do Lineamento Pernambuco (denominada zona de cisalhamento Pernambuco-Leste), a borda
da Bacia Potiguar e o noroeste do Ceará, sendo que, estas três últimas encontram-se na
Província Borborema (FERREIRA et al, 2009).
A cidade de Caruaru, localizada no agreste setentrional do estado de Pernambuco, com
população estimada em 314.912mil habitantes (censo 2010 IBGE, www.ibge.gov.br),
encontra-se inserida em uma dessas falhas, denominada zona de cisalhamento Pernambuco-
Leste ou Lineamento Pernambucano, que percorre praticamente todo estado, de Recife a
Arcoverde, numa extensão total de 254 km. E, ainda segundo Ferreira et al(2009) a atividade
sísmica, não só em Caruaru, mas em toda região próxima a esta zona, está fortemente
correlacionada com esta falha.
Recentemente no Brasil foi instaurada uma norma que determina o procedimento para
o projeto de estruturas resistentes a sismos, a norma ABNT-NBR 15421:2006. Esta norma
tem como objetivo principal fixar os requisitos exigíveis para verificação da segurança nas
estruturas usuais da construção civil, relacionados às ações de sismos e aos critérios de
quantificação destas ações e das resistências a serem consideradas no projeto das estruturas
das edificações, relativamente a essas ações, quaisquer que sejam sua classe e destino
(NBR15421:2006). Esta norma pode ser complementada por normas internacionais relativas
16

ao projeto de estruturas resistentes a sismos em casos em que se justifique sua aplicação. Uma
das normas internacionais mais utilizadas nesse aspecto é o EUROCODE 8, Design of
Structures for Earthquake Resistence (Projeto de Estruturas Resistentes a Sismos) part 1,
General Rules, Seismic actions and Rules for Buildings (Regras Gerais, Ações Sísmicas e
Regras para Edifícios), que contém o procedimento adotado para realização de projetos de
estruturas resistentes a sismos nos países europeus onde os abalos sísmicos são mais intensos
e recorrentes.
A utilização de ferramentas computacionais, na engenharia civil, vem se tornando cada
vez mais indispensável. Devido ao alto nível de complexidade dos projetos, da necessidade de
cálculos mais precisos e porque não dizer do tempo de realização dos cálculos e do número de
projetos, essas ferramentas vêm como um auxilio para o engenheiro civil na realização do
cálculo estrutural, facilitando tarefas que antes pareciam impossíveis.
Uma dessas ferramentas é o CYPECAD, que é um programa que auxilia na realização
de cálculos estruturais, propiciando um projeto otimizado de maneira simples com uma
grande economia de tempo. Neste programa, é possível calcular as estruturas considerando a
atuação de sismos de acordo com uma determinada norma específica e com a localidade do
projeto a ser calculado. Assim, é possível fazer uma análise do aumento dos esforços atuantes
nas estruturas devido à ação sísmica.

1.1 Justificativa

Mesmo possuindo certa atividade sísmica, provavelmente não existem estudos sobre a
influência desses sismos sobre as estruturas de Caruaru, que hoje vive um momento de forte
crescimento imobiliário, construindo edifícios cada vez mais altos, chegando até 22
pavimentos. Há previsão de edifícios de 40 pavimentos, que em um evento sísmico seriam
mais afetados devido aos esforços horizontais gerados, que por sua vez produzirão momentos
fletores, que aumentam com a altura. Dessa forma, na possibilidade de um sismo de maior
magnitude atingir a cidade, estes edifícios poderiam sair do regime elástico e entrar em um
regime plástico de deformação, podendo assim ocasionar um colapso da estrutura.
Portanto, surge a necessidade de analisar a influência que os sismos possam ter nas
edificações da cidade e assim verificar se os projetos das estruturas locais estão contemplando
17

tal fenômeno, uma vez que a ocorrência de sismos, mesmo que não tão frequente, altera por
completo os diagramas de esforços solicitantes dessas estruturas.
Dessa forma, também é possível fazer uma análise da norma de sismos NBR
15421:2006 e verificar se as edificações na cidade estão em conformidade com suas
especificações. Esta é uma norma relativamente nova.
Aliado a isso este trabalho permite fazer um levantamento estrutural de alguns edifícios
na cidade de caruaru e verificar se o dimensionamento dos mesmos considerou a ação de
sismos, ou se foi adotado que estas ações estão consideradas no cálculo de resistência ao
vento.

1.2 Objetivos Gerais e Específicos

Este trabalho tem como objetivo geral a avaliação dos feitos dos sismos nas
edificações na cidade de caruaru, verificando a diferença dos esforços atuantes com e sem a
consideração da ação sísmica, utilizando para tanto a ferramenta computacional CYPECAD
para o cálculo estrutural.
Objetiva-se também fazer um estudo das estruturas dos edifícios em Caruaru, ver
como o cálculo estrutural para sismos é realizado e as considerações que são feitas neste
cálculo.
Dessa forma, pode-se também conseguir um maior aprendizado sobre o cálculo
estrutural realizado pelo CYPECAD e suas funções.
18

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Sismologia

O planeta terra, desde sua formação, vem passando por mudanças em sua
geomorfologia e a teoria tectônica de placas globaliza o estudo e a compreensão das
chamadas geociências, desde a paleontologia, estudo de fósseis, até a sismologia, estudo dos
sismos. A partir dessa teoria foi possível demonstrar que a superfície terrestre era, na verdade,
formada por uma camada mais superficial feita de rochas rígidas, a litosfera, que está
fragmentada em placas, umas maiores outras menores,
Na
Figura 1, estão destacadas as regiões em que ocorre o movimento de uma em relação à
outra, assentadas em uma camada menos rígida, mais móvel e bem mais quente, que induz
esse movimento, a astenosfera. Segundo CHARLES SCAWTHORN (2003), estas placas são
conduzidas por um movimento de convecção do material da astenosfera, que por sua vez é
impulsionado pelo calor gerado no núcleo da terra (Figura 2).
19

Figura 1. Fragmentação das Placas Tectônicas

Figura 2. Correntes de Convecção gerados pelo calor do Núcleo Terrestre

Nas regiões de encontro entre essas placas, é onde os sismos ocorrem com maior
frequência e também os de maiores magnitudes. Existem três tipos principais de fronteiras de
placas (Figura 3).
1. Fronteiras divergentes: onde é gerada uma nova crosta oceânica e as placas se
afastam uma das outra;
2. Fronteiras convergentes: onde a crosta oceânica é consumida (destruída) e uma
placa “mergulha” sob a outra;
3. Fronteiras transformantes: em que não há criação nem consumo da crosta
oceânica, mas as placas deslizam horizontalmente uma pela outra.

Figura 3. Fronteiras entre Placas Tectônicas


20

Há também alguns casos em que as fronteiras de placas não se enquadram bem em


nenhum dos três tipos mostrados, sendo comumente designadas por fronteiras complexas, é o
que se verifica na região mediterrânico-alpina correspondente à fronteira entre as placas
euroasiática e africana.
Entretanto, as regiões intra-placas possuem falhas geológicas tanto devido ao desgaste
natural das placas, como a reflexos de outros sismos de grande magnitude ocorridos em
regiões próximas, que geram certa atividade sísmica nessas regiões consideradas passivas,
chamados sismos intra-placas. Estes são responsáveis por mais de 1% de toda energia sísmica
liberada no mundo e que podem ser bastante destruidores.
As placas tectônicas, como já foi dito, são rígidas e o contato entre elas cria um
acúmulo de energia, acumulando também tensões na crosta terrestre. As falhas geológicas,
por serem zonas frágeis, serão como uma válvula de escape dessas tensões.
Qualquer material terrestre, quando é submetido a uma tensão que ultrapasse o seu
limite elástico de deformação, este material entra em um regime plástico de deformação, ou
seja, deformação permanente e isto pode levar a ruptura do material. Esta ruptura pode se dar
de maneira dúctil, traduzida em grandes deformações para pequenas tensões aplicadas com
liberação gradativa de energia, ou de maneira frágil, liberando instantaneamente toda energia
que havia acumulado durante a deformação elástica e em consequência dessa liberação se
produz um sismo. Segundo DIAS (2006) para provocar um sismo tem de estarem reunidas
duas condições:

• Existir algum tipo de movimento diferencial no material de modo que a tensão


possa se acumular e ultrapassar o limite elástico do material;
• O material tem de ceder por ruptura frágil.

A única região da terra onde se verificam estas condições é a litosfera e por isso só
nela ocorrem os tremores de terra.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica um sismo é um fenômeno
físico resultante da libertação súbita de energia elástica de deformação, que foi se acumulando
em determinada região da crosta, durante um certo intervalo de tempo. No caso de um sismo
de origem tectônica, esta libertação de energia está associada ao movimento relativo dos dois
bordos de uma falha ativa e o intervalo de tempo durante o qual se acumulou a tensão está
relacionado com a resistência à fricção do material constituinte da falha.
21

Pode ser entendido também como fenômeno de vibração abrupta da superfície da terra,
resultante do deslocamento subterrâneo de blocos rochosos, de atividade vulcânica ou do
movimento de gases no interior da terra. Os mesmos ocorrem próximos à junção das placas
tectônicas ou, por vezes, em falhas geológicas do local (LIMA et al, 2008). Os sismos de
maior magnitude ocorrem na zona limitante das fronteiras de placas convergentes.
O grande problema dos sismos sobre as construções ocorre quando a energia
provocada pela ação sísmica, que atua nas fundações se situa numa gama de frequências que
coincide com as frequências de vibração da estrutura, o que conduz a fenômenos de
ressonância, provocando consequências desastrosas (POMBA, 2007). Assim, para a análise
em edifícios as vibrações horizontais são mais importantes, entretanto, em zonas próximas ao
epicentro, as vibrações verticais também ganham especial importância.
As consequências de um sismo dependem de alguns fatores: a intensidade da ação
sísmica, que varia em função da energia liberada, da distância ao epicentro e das
características do solo, da ocupação do território e da vulnerabilidade das construções.

2.1.1 Ondas Sísmicas

Os sismos se manifestam na superfície da terra por meio da propagação de ondas


sísmicas em todas as direções, a partir do foco, e são estas que levam à vibração do solo. As
ondas sísmicas são classificadas em dois tipos principais: ondas volumétricas e ondas
superficiais. Para entender melhor esses tipos de ondas é necessário introduzir alguns
conceitos referentes ao estudo dos sismos.

• Foco ou Hipocentro: ponto de onde se emanam as ondas sísmicas;


• Epicentro: projeção do hipocentro na superfície da terra;
• Distância Focal: distância entre o epicentro e o hipocentro.

Embora a área de atuação de sismo possa se estender por até alguns milhares de
quilômetros quadrados na superfície e geração dele possa envolver gigantescas placas
rochosas, o sismo parece ter sido provocado por uma fonte pontual (DIAS, 2006).
22

Figura 4. Ocorrência dos Sismos

Os epicentros dos sismos não se distribuem uniformemente sobre a superfície da


Terra, mas concentram-se principalmente ao longo de zonas de atividade sísmica inter-placas.
Estima-se que mais de 95% da energia sísmica libertada anualmente tenha origem em sismos
inter-placas.
Dessa forma, é possível identificar os dois grupos de ondas sísmicas mais relevantes
que são separados da seguinte forma:

• Ondas que se geram nos focos sísmicos e se propagam no interior da terra,


designadas ondas interiores, volumétricas ou profundas. São divididas em dois
tipos: ondas primárias, longitudinais, de compressão ou simplesmente ondas
“P” bem como ondas transversais, de cisalhamento ou simplesmente ondas
“S”;
• Ondas geradas com a chegada das ondas interiores à superfície terrestre, são
chamadas: ondas superficiais, divididas em ondas “Love” ou ondas “L” bem
como ondas de “Rayleigh” ou ondas “R”.
23

2.1.1.1 Ondas Volumétricas

Tipo de onda que se propaga num espaço tri-dimensional a partir de uma fonte
pontual, onde sua amplitude decresce com o inverso da distância à fonte.

2.1.1.1.1 Ondas P

São ondas compressivas, ou seja, correspondem a um movimento vibratório onde as


partículas oscilam de frente para trás, muito parecidos com uma mola. A direção do
deslocamento das partículas é paralela a direção da propagação da onda (Figura 5).

(a)

(b)
Figura 5. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido de uma onda P.

São as ondas mais rápidas, consequentemente chegam primeiro à superfície do solo,


por este motivo recebem o nome de ondas primárias. Podem se propagar por todos os estados
24

da matéria (sólido, líquido e gasoso), porém há variação na velocidade de propagação da onda


quando passa de um meio para outro.

2.1.1.1.2 Ondas S

São ondas de corte, já que as partículas que transmitem a onda oscilam


perpendicularmente a direção de propagação da onda (Figura 6). A passagem da onda
transversal faz com que os planos verticais do meio se movam para cima e para baixo.

(a)

(b)
Figura 6. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido de uma onda S.

A velocidade de propagação deste tipo de onda é menor que a velocidade das ondas P
e por este motivo são denominadas ondas secundárias, pois chegam depois das ondas P. Além
disso, as ondas S só se propagam em meios sólidos.

2.1.1.2 Ondas Superficiais

Quando as ondas volumétricas chegam à superfície, estas podem se transformar em


ondas superficiais. São estas ondas que geralmente são as causadoras da destruição provocada
25

pelos sismos de maior intensidade. Basicamente estas ondas são geradas por uma perturbação
exercida em uma superfície livre e que se propaga por ela.

2.1.1.2.1 Ondas L

As chamadas ondas Love (L) geram um movimento processado apenas no plano


horizontal, em um ângulo reto, perpendicular à direção de propagação da onda (Figura 7). São
ondas de torção.

(a)

(b)
Figura 7. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido de uma onda L.

2.1.1.2.2 Ondas R

As ondas Rayleigh, ou simplesmente ondas R, são na verdade ondas formadas em um


plano vertical, podendo ser visualizada como uma combinação de vibrações do tipo P e S. O
movimento das partículas não está restrito apenas a superfície livre do meio, ou seja, como
acontecem com as ondas do mar, as partículas mais abaixo da superfície também sofrem
26

influência pela passagem da onda, porém a amplitude do movimento decresce


exponencialmente com o aumento da profundidade (Figura 8).

(a)

(b)
Figura 8. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido de uma onda R.

2.1.2 Parâmetros Sísmicos

Outros conceitos referentes à sismologia são os de magnitude e o de intensidade. Estes


dois parâmetros determinam o tamanho do sismo, porém representam conceitos bem
diferentes, segundo a Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica. A magnitude é uma
grandeza quantitativa e está relacionada com o tamanho da fonte e a energia libertada durante
o sismo e é a mesma, quer nos encontremos perto ou longe do epicentro. A intensidade é uma
grandeza qualitativa e está relacionada com o modo em que se sente a vibração do solo e os
danos produzidos por um sismo, e o seu valor é variável, dependendo do local que está se
considerando.
27

2.1.2.1 Magnitude Sísmica

A magnitude sísmica é baseada na análise de sismogramas, em medições precisas da


amplitude das ondas sísmicas. Onde foi possível demonstrar que quanto maior a energia
intrínseca liberada por um sismo, maior é a amplitude de vibração do solo, a uma dada
distância da chamada zona focal. Esta é a distância entre o epicentro e a estação de medição
sísmica, ou seja, a magnitude indica a quantidade de energia liberada por um evento sísmico.
A escala de magnitudes foi desenvolvida por Richter, em 1935, foi ele quem primeiro
percebeu que as ondas sísmicas radiadas por um sismo poderiam fornecer uma boa estimativa
da energia liberada, ou seja, da magnitude.
A equação de Richter é:

As escalas do diagrama da Figura 9 formam um nomograma que permite estimar a


magnitude de um sismo.

Figura 9. Nomograma da magnitude sísmica.

Para sismos que liberem quantidades de energias aproximadas, a profundidade do


hipocentro vai condicionar fortemente a leitura do sismograma. Um sismo muito profundo
28

tende a gerar uma pequena gama de ondas superficiais, enquanto sismos que ocorrem
próximos à superfície pode gerar ondas superficiais muito fortes, e, como já foi visto, essas
ondas superficiais são as causadoras dos maiores estragos.
Por outro lado, a amplitude das ondas volumétricas não é muito sensível à
profundidade do foco. Por isso, desenvolveram-se também escalas de magnitude que usam as
ondas volumétricas.
A magnitude é expressa numa escala logarítmica, o que significa que o aumento de
1 (uma) unidade da magnitude corresponde a um aumento de 10 (dez) na amplitude das ondas
sísmicas que estiveram na base da sua determinação.
Charles F. Richter e Beno Gutenberg estabeleceram, também, uma relação seguinte
entre a magnitude (M) e a energia sísmica (ES):

log 10   11,8 1,5

Porém, a energia ES (em ergs) não corresponde à energia total intrínseca do sismo, é,
apenas, a quantidade de energia emitida pelo sismo na forma de ondas sísmicas, a qual é uma
fracção da energia total transferida durante o processo sísmico. A Tabela 1 mostra a relação
entre a magnitude e a energia liberada pelo sismo.

Tabela 1. Relação entre Magnitude e Energia.


Magnitude Energia (ergs)
1 2.0 x 1013
2 6.3 x 1014
3 2.0 x 1016
4 6.3 x 1017
5 2.0 x 1019
6 6.3 x 1020
7 2.0 x 1022
8 6.3 x 1023

Nota-se que para cada aumento de 1 (uma) unidade na escala de magnitudes o valor
correspondente em energia liberada é 31 (trinta e uma) vezes maior, ou seja, um sismo com
magnitude 6 (seis) provoca, no sismógrafo, uma amplitude máxima 10 (dez) vezes maior do
29

que um sismo com magnitude 5 (cinco); no entanto, liberta cerca de 31 (trinta e uma) vezes
mais energia.

2.1.2.2 Intensidade Sísmica

Para cada sismo, existe um valor único de magnitude, porém seus efeitos podem variar
dependendo de fatores como, por exemplo, a distância da zona epicentral, a qualidade das
construções e as características geológicas do local entre outros. A esses efeitos que o sismo
pode causar dá-se o nome de intensidade sísmica.
Quando ocorre um grande sismo, caso haja danos registrados, é distribuído um tipo de
questionário às populações afetadas, pedindo informações que são posteriormente utilizadas
para determinar a intensidade em cada local. As intensidades são classificadas em numeração
romana de acordo com a escala proposta por GIUSEPPI MERCALLI no final do século XIX
e que foi posteriormente modificada e adaptada (Tabela 2), divididas em graus I a XII,
conforme aumentando a intensidade do sismo o grau aumenta. Estas intensidades são depois
representadas sob a forma de mapas onde são desenhadas isolinhas de intensidade
(chamadas isossistas), da mesma forma que as linhas de nível são usadas para fazer mapas
topográficos.

Tabela 2. Graus de Intensidade Sísmica de acordo com a escala de Mercalli Modificada

Grau Designação Efeitos


Não sentido. Efeitos marginais e de longo período no caso de
I Imperceptível
grandes sismos.
Sentido pelas pessoas em repouso nos andares elevados dos
II Muito Fraco
edifícios, ou favoravelmente colocadas.
Sentido dentro de casa. Os objetos pendentes balançam. A
vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos
III Fraco
pesados. É possível estimar a duração, mas não pode ser
reconhecido como um sismo.
Os objetos suspensos balançam. A vibração é semelhante à
provocada pela passagem de veículos pesados ou à sensação de
pancada de uma bola pesada nas paredes. Carros estacionados
IV Moderado
balançam. Janelas, portas e louças tremem. Os vidros e louças
chocam ou tilintam. Na parte superior deste grau as paredes e as
estruturas de madeira rangem.
30

Sentido fora de casa; pode ser avaliada a direção do movimento;


as pessoas são acordadas; os líquidos oscilam e alguns
extravasam; pequenos objetos em equilíbrio instável deslocam-
V Forte
se ou são derrubados. As portas oscilam, fecham-se ou abrem-se.
Os quadros movem-se. Os pêndulos dos relógios param, iniciam
ou alteram os seu estado de oscilação.
Sentido por todos. Muitos se assustam e correm para a rua. As
pessoas sentem a falta de segurança. Os pratos, as louças, os
vidros das janelas, os copos, partem-se. Objetos ornamentais,
livros, etc., caem das prateleiras. Os quadros caem das paredes.
VI Bastante forte
As mobílias movem-se ou tombam. Os estuques fracos e
alvenarias do tipo D fendem. Pequenos sinos tocam (igrejas e
escolas). As árvores e arbustos são visivelmente agitados ou
ouve-se o respectivo ruído.
É difícil permanecer de pé. É notado pelos condutores de
automóveis. Os objetos pendurados tremem. As mobílias partem.
Verificam-se danos nas alvenarias tipo D, incluindo fraturas. As
chaminés fracas partem ao nível das coberturas. Queda de
reboco, tijolos soltos, pedras, telhas, cornijas, parapeitos soltos e
VII Muito forte
ornamentos arquitetônicos. Algumas fraturas nas alvenarias C.
Ondas nos tanques. Água turva com lodo. Pequenos
desmoronamentos e abatimentos ao longo das margens de areia e
de cascalho. Os grandes sinos tocam. Os diques de concreto
armado para irrigação são danificados.
Afeta a condução dos automóveis. Danos nas alvenarias C com
colapso parcial. Alguns danos na alvenaria B e nenhuns na A.
Quedas de estuque e de algumas paredes de alvenaria. Torção e
queda de chaminés, monumentos, torres e reservatórios
VIII Ruinoso elevados. As estruturas movem-se sobre as fundações, se não
estão ligadas inferiormente. Os painéis soltos no enchimento das
paredes são projetados. As estacas enfraquecidas partem.
Mudanças nos fluxos ou nas temperaturas das fontes e dos
poços. Fraturas no chão úmido e nas vertentes escarpadas.
Pânico geral. Alvenaria D destruída; alvenaria C grandemente
danificada, às vezes com completo colapso; as alvenarias B
seriamente danificadas. Danos gerais nas fundações. As
IX Desastroso estruturas, quando não ligadas, deslocam-se das fundações. As
estruturas são fortemente abaladas. Fraturas importantes no solo.
Nos terrenos de aluvião ocorrem ejeções de areia e lama;
formam-se nascentes e crateras arenosas.
A maioria das alvenarias e das estruturas é destruída com as
suas fundações. Algumas estruturas de madeira bem construídas
e pontes são destruídas. Danos sérios em barragens, diques e
aterros. Grandes desmoronamentos de terrenos. As águas são
X Destruidor
arremessadas contra as muralhas que marginam os canais, rios,
lagos, etc.; lodos são dispostos horizontalmente ao longo de
praias e margens pouco inclinadas. Vias férreas levemente
deformadas.
Vias férreas grandemente deformadas. Canalizações
XI Catastrófico
subterrâneas completamente avariadas.
Grandes massas rochosas deslocadas. Conformação topográfica
XII Danos quase totais
distorcida. Objetos atirados ao ar.
31

Pode-se relacionar a magnitude e a intensidade da ação sísmica na Figura 10 abaixo:

Figura 10. Relação entre escala de Richter e escala de Mercalli


32

2.1.2.3 Profundidade

Os sismos ainda podem, segundo DIAS (2006), ser classificados segundo sua
profundidade:
• Sismos pouco profundos, com profundidade focal inferior a 70 km, no sistema
de cristas oceânicas os focos têm profundidades inferiores a 10-15 km, são
responsáveis por cerca de 85% da energia anual liberada por sismos;
• Os sismos intermediários, com profundidade focal entre 70 e 300 km, são
responsáveis por cerca de 12% da energia sísmica global anual;
• Os sismos profundos, com hipocentros localizados a profundidades superiores
a 300 km, libertam anualmente apenas cerca de 3 % da energia sísmica global.
Estes ocorrem apenas no arco circum-Pacífico e na zona mediterrânica trans-
asiática e acompanham o processo de subducção.

2.1.3 Medição Sísmica

O sismógrafo é um aparelho que permite converter os movimentos de vibração do solo


em um registro possível de visualização, mesmo sismos de pequena magnitude são fracos
demais para serem sentidos. Este aparelho consiste num sensor que detecta e amplifica os
movimentos do solo e produz um registo visível do movimento, chamado sismograma.
Os sismógrafos são desenhados para reagir ao movimento do solo numa dada direção.
Dependendo do desenho, eles podem responder a movimentos verticais ou horizontais. A
maioria das concepções assenta em variações da aplicação de pêndulos simples (DIAS, 2006).
Os sismógrafos modernos convertem o sinal elétrico num sinal digital, o qual é registado em
suporte magnético.

2.1.3.1 Sismograma

O sismograma é uma representação visual dos movimentos do solo, produzido pela


conversão do sinal do sismógrafo para um registro temporal do evento sísmico.
33

O sismograma de um evento sísmico recebe inúmeros sinais de ondas sísmicas que


viajaram por vários percursos diferentes através da Terra desde a fonte até ao receptor, o que
costuma tornar bastante complexo sua interpretação requerendo certa experiência. Cada trem
de ondas que é registrado no sismograma e é designado pelo termo de fase. A Figura 11
mostra um exemplo de um evento sísmico expresso em um sismograma.

Figura 11. Evento Sísmico em um Sismograma

Como as ondas P são as mais rápidas, elas são as primeiras a chegar. Assim, a
primeira fase de um sismograma corresponde à chegada deste tipo de ondas. A próxima fase
do sismograma é a relacionada com as ondas S, que normalmente têm uma amplitude superior
a das ondas P. Em seguida chegam as perturbações associadas com as ondas superficiais
(ondas com comprimento de onda muito superior), que se caracterizam também por
possuírem uma amplitude mais elevada que a das ondas volumétricas. Entre as ondas
superficiais, as ondas Love (L) deslocam-se com praticamente a mesma velocidade das
ondas S e por isso chegam mais rapidamente que as ondas de Rayleigh.
As fases detectadas nos sismogramas dependem do tipo de sensor utilizado e da
orientação relativa deste respectivamente à direção de chegada das ondas sísmicas
(DIAS, 2006), ou seja, um sismômetro de componente vertical pode detectar ondas P, SV e R,
mas não as ondas SH e L, enquanto que num sismômetro de componente horizontal só se
pode detectar as fases P, SH, R e L. a Figura 12 represente esta diferença.
Uma estação sismográfica deve ter três sismógrafos diferentes: um sensível às
vibrações norte-sul, outro às leste-oeste, e um terceiro às vibrações verticais. Com os dados
registrados por estes equipamentos é possível determinar a distância e direção do epicentro, a
magnitude e o tipo de falha que originou o sismo. Atualmente utilizam-se redes sismográficas
que ligam várias estações, o que permite determinar com maior precisão a localização do
epicentro e do hipocentro, bem como produzir melhores estimativas dos outros parâmetros
(DIAS, 2006)
34

Figura 12. Diferença do registro no sismograma na Componente Horizontal e na Componente Vertical.

2.1.3.2 Localização dos Sismos com Base no Sismograma

Pode-se determinar a localização exata de um sismo através do registro visual ou


sismograma de três estações sismográficas, tomadas em planta, e que registraram o mesmo
evento sísmico, a partir daí, pode se traçar arcos de circunferências centrados nessas estações,
de forma que o raio é a distância epicentral. Essa distância epicentral, que é a distância entre
uma estação sísmica e o epicentro do sismo, pode ser determinada utilizando nomogramas
médios de conversão através da diferença entre o tempo de chegada das ondas P e das ondas S
indicado no sismograma do evento sísmico referido. A interseção dos arcos circulares
traçados indica o local do epicentro do sismo esquematizado na Figura 13.
A interseção dos círculos podem não coincidir, e isto geralmente ocorre, devido em
parte a erros observacionais, também porque o conhecimento teórico das curvas dos tempos,
ou seja, a determinação da diferença do tempo de percurso das ondas S e P não é totalmente
seguro. Porém a causa principal deste erro é o fato de que as ondas sísmicas provirem do
hipocentro e não do epicentro. Outra imprecisão se deve à profundidade em que o sismo possa
ocorrer, em alguns casos centenas de quilômetros.
35

(a) (b)
Figura 13. (a) Gráfico de determinação do intervalo de tempo entre as ondas S e P, (b) Diagrama de interseção
de círculos para determinação do epicentro.
36

2.2 O Contexto Histórico de Caruaru

O Brasil, por estar situado em uma região considerada passiva, longe de qualquer
grande falha, no interior da placa sul-americana, não está sujeito a grandes terremotos, porém
não está livre da atuação sísmica, já que existem, em todo seu território, falhas geológicas
capazes de produzir sismos, alguns de magnitude grande o suficiente para causar estragos
consideráveis, como é o caso do sismo ocorrido na cidade de João Câmara-RN, onde o abalo
sísmico teve magnitude de 5,1 na escala Richter e causou destruição em aproximadamente 4
mil imóveis. Há registro de terremotos no Brasil desde o inicio do século XX, e com isso foi
gerado um “Mapa Tectônico do Brasil” mostrando a existência de 48 falhas geológicas
associadas à ocorrência sísmica no país (Figura 14), inclusive as falhas que já
comprovadamente foram causa de terremotos.
Apesar de não ser alarmante, o nível de sismicidade brasileira precisa ser considerado
em determinados projetos de engenharia, como Centrais nucleares, grandes barragens e outras
construções de grande porte, principalmente nas construções situadas nas áreas de maior
risco.
Historicamente, a região nordeste é a mais afetada e onde se registra maior atividade
sísmica.
Caruaru está situado sobre uma falha que percorre todo território pernambucano,
denominada zona de cisalhamento Pernambuco-Leste, e isto pode ser uma das causas da
atividade sísmica da cidade. Existem registros de sismos na cidade de Caruaru desde a década
de 60. A Tabela 3 mostra todos os eventos sísmicos ocorridos na cidade desde então.
37

Figura 14. Falhas Geológicas no Brasil.

Tabela 3. Eventos sísmicos da cidade de Caruaru medidos na Escala Richter

Data Magnitude Data Magnitude


19/01/1964 3,5 graus 10/09/1996 2,8 graus
16/06/1964 3,5 graus 14/11/1996 2,3 graus
21/01/1967 3,8 graus 17/11/1999 3,0 graus
01/06/1983 2,5 graus 01/05/2002 2,7 graus
16/12/1983 3,5 graus 30/06/2002 3,8 graus
27/05/1984 2,1 graus 17/07/2002 2,5 graus
23/10/1984 2,7 graus 27/07/2002 2,5 graus
08/11/1984 3,8 graus 29/07/2002 2,9 graus
24/03/1986 2,4 graus 07/08/2002 2,5 graus
06/09/1991 2,0 graus 15/08/2002 2,5 graus
13/09/1991 2,1 graus 23/08/2002 2,9 graus
21/09/1991 2,5 graus 12/03/2004 2,2 graus
05/02/1993 2,2 graus 20/05/2006 4,0 graus
05/10/1993 2,1 graus 22/03/2007 3,9 graus
06/10/1993 2,5 graus 26/03/2007 3,4 graus
10/10/1993 3,3 graus 25/11/2009 2,1 graus
38

2.3 Dimensionamento Sísmico Segundo a NBR 15421

2.3.1 Requisitos Gerais de Segurança

2.3.1.1 Estados limites

Todas as estruturas devem ser projetadas e construídas para resistir aos efeitos das
ações sísmicas, conforme os requisitos estabelecidos na norma brasileira NBR 8681:2003. No
projeto das estruturas deverão ser considerados os estados limites últimos, conforme definido
nesta norma. Deverão também ser verificados estados limites de serviço caracterizados por
deslocamentos excessivos, principalmente como parâmetro de limitação dos danos causados
pelos sismos às edificações. As cargas sísmicas, definidas por norma, consideram a
capacidade de dissipação de energia no regime inelástico das estruturas, o que conduz aos
requisitos específicos definidos para o projeto, o detalhamento e a construção.

2.3.1.2 Classificação das Ações Sísmicas

De acordo com o item 4.2.1.3 da NBR 8681:2003, as ações sísmicas serão


consideradas como ações excepcionais.

2.3.1.3 Valores Característicos das Ações Sísmicas

Os valores a serem definidos como característicos nominais para as ações sísmicas são
aqueles que têm 10% de probabilidade de serem ultrapassados no sentido desfavorável,
durante um período de 50 anos, o que corresponde a um período de retorno de 475 anos.
39

2.3.1.4 Combinações de Cargas

Conforme definido na NBR 8681:2003, para efeito das combinações últimas


excepcionais de carga definidas em seu item 5.1.3.3, os coeficientes de ponderação a
considerar são:

 - de acordo com os valores definidos nas Tabelas 1 e 2 da NBR 8681:2003 para ações
permanentes na combinação última excepcional; especificamente para edificações onde as
cargas acidentais não superem 5 kN/m2, quando o efeito das ações permanentes é
desfavorável, deve ser considerado  = 1,2;

 = 0,0 de acordo com a Tabela 3 da NBR 8681:2003 para efeitos de recalques de apoio e da
retração dos materiais na combinação última excepcional;

 = 1,0 de acordo com as Tabelas 4 e 5 da NBR 8681:2003 para ações variáveis na


combinação última excepcional;

 = 1,0 de acordo com o item 5.1.4.3 da NBR 8681:2003 para ações excepcionais na
combinação última excepcional.

2.3.2 Definição dos Valores Característicos das Ações Sísmicas

2.3.2.1 Zoneamento Sísmico Brasileiro

Para efeito da definição das ações sísmicas a serem consideradas no projeto, o


zoneamento sísmico deverá ser considerado, conforme definido na Figura 15. Cinco zonas
sísmicas são definidas nesta figura, considerando a variação de  , aceleração sísmica
horizontal máxima para terrenos da Classe B (“Rocha”, conforme definido no item 2.3.2.2, na
Tabela 5), que é tipo de solo predominante na cidade de Caruaru, divididos pelas faixas que
constam na Tabela 4.
40

Tabela 4. Definição das zonas sísmicas

Zona sísmica Valores de


Zona 0 = 0,025g
Zona 1 0,025g ≤ ≤ 0,05g
Zona 2 0,05g ≤ ≤ 0,10g
Zona 3 0,10g ≤ ≤ 0,15g
Zona 4 = 0,15g

Para estruturas localizadas nas zonas sísmicas 1 a 3, os valores a serem considerados


para podem ser obtidos por interpolação nas curvas da Figura 15. Um estudo sismológico e
geológico específico para a definição de poderá ser opcionalmente efetuado para o projeto
de qualquer estrutura.

Figura 15. Mapeamento da aceleração sísmica horizontal característica no Brasil para terrenos da
classe B (“Rocha”).
41

2.3.2.2 Definição da Classe do Terreno

O terreno de fundação deverá ser categorizado em uma das classes definidas na Tabela
5, associadas aos valores numéricos dos parâmetros médios avaliados nos 30 metros
superiores do terreno. Onde a velocidade de propagação de ondas de cisalhamento  não for
 no
conhecida, será permitida a classificação do terreno a partir do número médio de golpes 
ensaio SPT, conforme explicitado na Tabela 5. As classes de rocha, A ou B, não podem ser
consideradas se houver uma camada superficial de solo superior a 3m. Para solos
 são obtidos em função destes mesmos valores  e 
estratificados, os valores médios  e 
nas diversas camadas i, através das expressões abaixo, em que  é a espessura de cada uma
das camadas do subsolo.

∑ 
̅ 

∑ 


∑ 



∑ 


Tabela 5. Definição da classe do terreno

Propriedades médias para os 30m superiores do terreno


̅ , velocidade média de , número médio de golpes no
Classe Designação da
do Classe do 
propagação de ondas de
terreno terreno ensaio SPT.
cisalhamento.
A Rocha sã ̅ ≥ 1500 m/s (não aplicável)
B Rocha 1500 m/s ≥ ̅ ≥ 760 m/s (não aplicável)

 ≥ 50
Rocha alterada
C ou solo muito 760 m/s ≥ ̅ ≥ 370 m/s 

 ≥ 15
rígido
D Solo rígido 370 m/s ≥ ̅ ≥ 180 m/s 50 ≥ 
Solo mole ̅ ≤ 180 m/s  ≤ 15

E
- Qualquer perfil incluindo camada com mais de 3m de argila mole
Solo exigindo avaliação específica, como:
1. Solos vulneráveis à ação sísmica, como solos liquefazíveis,
argilas muito sensíveis e solos colapsíveis fracamente
F - cimentados;
2. Turfa ou argilas muito orgânicas;
3. Argilas muito plásticas;
4. Estratos muito espessos ( ≥35m) de argila mole ou média.
42

2.3.2.3 Definição do espectro de resposta de projeto

O espectro de resposta de projeto, ! "#$, para acelerações horizontais, correspondente


à resposta elástica de um sistema de um grau de liberdade com uma fração de amortecimento
crítico igual a 5%, é definido a partir da aceleração sísmica horizontal máxima % e da classe
do terreno, utilizando as seguintes grandezas:

! '  (! .    (* . 

Onde ! ' e ! são as acelerações espectrais, conforme definido a seguir, para os
períodos de 0,0 s e 1,0 s respectivamente, já considerando o efeito da amplificação sísmica no
solo. Fa e Fv são os fatores de amplificação sísmica no solo, para os períodos de 0,0 s e 1,0 s,
respectivamente, definidos na Tabela 6 em função da aceleração característica de projeto ag e
da classe do terreno.

Tabela 6. Definição dos fatores Fa e Fv de amplificação sísmica no solo

Fator Fa Fator Fv
 ≤ 0,10g  = 0,15g  ≤ 0,10g  = 0,15g
Classe do terreno
A 0,8 0,8 0,8 0,8
B 1,0 1,0 1,0 1,0
D 1,2 1,2 1,7 1,7
E 1,6 1,5 2,4 2,2
F 2,5 2,1 3,5 3,4

Para valores de 0,10g ≤ % ≤ 0,15g os valores de Fa e Fv poderão ser obtidos por


interpolação linear. Para a classe do terreno F, um estudo específico de amplificação no solo
deverá ser desenvolvido.
O espectro de resposta de projeto, ! "#$, é expresso graficamente na Figura 16. Onde
T é o período próprio (em s), associado a cada um dos modos de vibração da estrutura. O
43

espectro de resposta de projeto é considerado como aplicado à base da estrutura. O mesmo é


definido numericamente em três faixas de períodos pelas expressões:

1. (para 0 ≤ T ≤ Fv / Fa . 0,08 s)

2. (para Fv / Fa .0,08 s ≤ T ≤ Fv / Fa .0,4 s)

3. (para T ≥ Fv / Fa .0,4 s)

Quando for necessário definir um espectro para acelerações verticais, as acelerações


deste espectro poderão ser tomadas como 50% das acelerações correspondentes definidas nos
espectros para acelerações horizontais.

Figura 16. Variação do espectro de resposta de projeto (Sa/ ags0) em função do período
44

2.3.3 Categorização das Estruturas para a Análise Sísmica

2.3.3.1 Critérios para a Categorização Sísmica

Para cada estrutura será definida uma categoria sísmica, de acordo com o item 2.3.3.3.
As categorias sísmicas são utilizadas para definir os sistemas estruturais permitidos, as
limitações nas irregularidades das estruturas, os componentes da estrutura que devem ser
projetados quanto à resistência sísmica e os tipos de análises sísmicas que devem ser
realizadas.

2.3.3.2 Categorias de Utilização e Fatores de Importância de Utilização

Para cada estrutura deverá ser definida uma categoria de utilização e um


correspondente fator de importância de utilização (I), conforme definido na Tabela 7.
Observar que as estruturas necessárias ao acesso às estruturas de categoria II ou III, também
deverão ser categorizadas como tal. Caso uma estrutura contenha áreas de ocupação de mais
de uma categoria, a categoria mais alta deverá ser considerada no seu projeto.

2.3.3.3 Definição da Categoria Sísmica

Para cada estrutura é definida uma categoria sísmica, a partir de sua zona sísmica e de
sua categoria de utilização, conforme definido na Tabela 8.

2.3.3.3.1 Requisitos de análise para a categoria sísmica A

As estruturas de categoria sísmica “A” deverão apresentar sistemas estruturais


resistentes a forças sísmicas horizontais em duas direções ortogonais, inclusive com um
mecanismo de resistência a esforços de torção. As estruturas deverão resistir a cargas
horizontais aplicadas simultaneamente a todos os pisos, em cada uma de duas direções
ortogonais, com valor numérico calculado conforme equação:
45

(  0,01. +

Onde, ( é a força sísmica de projeto correspondente ao piso x.


+ é o peso total da estrutura correspondente ao piso x, incluindo o peso operacional
de todos os equipamentos fixados na estrutura. Nas áreas de armazenamento, este peso
incluirá 25% da carga acidental.

Tabela 7. Definição das categorias de utilização e dos fatores de importância de utilização (I)

Categorias Fator
Natureza da ocupação
de utilização I
I Todas as estruturas não classificadas como de categoria II ou III 1,0
Estruturas de importância substancial para a preservação da vida humana no
caso de ruptura, incluindo, mas não estando limitadas às seguintes:
• Estruturas em que haja reunião de mais de 300 pessoas em uma
única área.
• Estruturas para educação pré-escolar com capacidade superior a
150 ocupantes.
• Estruturas para escolas primárias ou secundárias com mais de
250 ocupantes.
• Estruturas para escolas superiores ou para educação de adultos
com mais de 500 ocupantes.
II 1,25
• Instituições de saúde para mais de 50 pacientes, mas sem
instalações de tratamento de emergência ou para cirurgias.
• Instituições penitenciárias.
• Quaisquer outras estruturas com mais de 5000 ocupantes.
• Instalações de geração de energia, de tratamento de água
potável, de tratamento de esgotos e outras instalações de
utilidade pública, não classificadas como de categoria III.
• Instalações contendo substâncias químicas ou tóxicas cujo
extravasamento possa ser perigoso para a população, não
classificadas como de categoria III.
Estruturas definidas como essenciais, incluindo, mas não estando limitadas,
às seguintes:
• Instituições de saúde com instalações de tratamento de
emergência ou para cirurgias.
• Prédios de bombeiros, de instituições de salvamento e policiais
e garagens para veículos de emergência.
• Centros de coordenação, comunicação e operação de
emergência e outras instalações necessárias para a resposta em
emergência.
III 1,50
• Instalações de geração de energia e outras instalações
necessárias para a manutenção em funcionamento das estruturas
classificadas como de categoria III.
• Torres de controle de aeroportos, centros de controle de tráfego
aéreo e hangares de aviões de emergência.
• Estações de tratamento de água necessárias para a manutenção
de fornecimento de água para o combate ao fogo.
• Estruturas com funções críticas para a Defesa Nacional.
• Instalações contendo substâncias químicas ou tóxicas
46

consideradas como altamente perigosas, conforme classificação


de autoridade governamental designada para tal.

Tabela 8. Definição da categoria sísmica

Categorias Zona sísmica de utilização


Zona sísmica
I II III
Zonas 0 e 1 A A A
Zona 2 B B B
Zonas 3 e 4 C C C

2.3.3.3.2 Requisitos de análise para as categorias sísmicas B e C

As estruturas de categoria sísmica B e C poderão ser analisadas pelo método das


forças horizontais equivalentes, conforme definido no item 2.3.5.

2.3.4 Requisitos Sísmicos para as Estruturas de Prédios

2.3.4.1 Critérios Básicos

Os requisitos definidos neste item 2.3.4 são específicos para estruturas de prédios.
Todo prédio deve possuir um sistema estrutural capaz de fornecer adequada rigidez,
resistência e capacidade de dissipação de energia relativamente às ações sísmicas, no sentido
vertical e em duas direções ortogonais horizontais, inclusive com um mecanismo de
resistência a esforços de torção. As ações sísmicas horizontais aqui definidas poderão atuar
em qualquer direção de uma estrutura.
Um sistema contínuo de transferência de cargas deve ser projetado, com adequada
rigidez e resistência, para garantir a transferência das forças sísmicas, desde os seus pontos de
aplicação, até as fundações da estrutura. Deverão ser evitados sistemas com descontinuidades
bruscas de rigidez ou de resistência em planta ou em elevação. Deve-se procurar obter uma
distribuição uniforme e contínua de resistência, de rigidez e de ductilidade nas estruturas.
Assimetrias significativas de massa e de rigidez deverão ser evitadas. São
recomendados sistemas estruturais apresentando redundância, através de várias linhas de
47

elementos sismo-resistentes verticais, conectados entre si por diafragmas horizontais de


elevada ductilidade.

2.3.4.1.1 Ligações a suportes

Todas as partes da estrutura devem ser adequadamente conectadas ao sistema


estrutural sismo-resistente principal. Todas as ligações entre elementos estruturais deverão ser
capazes de transmitir uma força sísmica horizontal, no sentido mais desfavorável, produzida
pela aceleração ! ' , aceleração espectral para o período de 0,0 s, definida no item 2.3.2.3.

2.3.4.2 Sistemas Básicos Sismos-Resistentes

Os sistemas estruturais sismo-resistentes considerados na Norma NBR 15421:2006


são os listados na Tabela 9. Também estão definidos nesta tabela os coeficientes de
modificação de resposta R, os coeficientes de sobre-resistência Ω' e os coeficientes de
amplificação de deslocamentos Cd que serão utilizados para a determinação das forças de
projeto nos elementos estruturais e dos deslocamentos da estrutura.

2.3.4.2.1 Sistemas duais

Nos sistemas definidos na Tabela 9 como duais, compostos por um pórtico momento-
resistente e por outro tipo de sistema (paredes de concreto ou pórticos de aço contraventados
em treliça), o pórtico momento-resistente deverá resistir à pelo menos 25% da força sísmica
total. A divisão das forças sísmicas entre os elementos que compõem os sistemas duais será
de acordo com a sua rigidez relativa.
48

Tabela 9. Coeficientes de projeto para os diversos sistemas básicos sismo – resistentes

Coeficiente de
Coeficiente de Coeficiente de
amplificação de
Sistema básico sismo-resistente modificação sobre-resistência
Ω'
deslocamentos
da resposta R
Cd
Paredes de concreto com detalhamento
5,0 2,5 5,0
especial
Paredes de concreto com detalhamento
4,0 2,5 4,0
usual
Pórticos de concreto com detalhamento
8,0 3,0 5,5
especial
Pórticos de concreto com detalhamento
5,0 3,0 4,5
intermediário
Pórticos de concreto com detalhamento
3,0 3,0 2,5
usual
Pórticos de aço momentos-resistentes com
8,0 3,0 5,5
detalhamento especial
Pórticos de aço momento-resistentes com
4,5 3,0 4,0
detalhamento intermediário
Pórticos de aço momento-resistentes com
3,5 3,0 3,0
detalhamento usual
Pórticos de aço contraventados em treliça,
6,0 2,0 5,0
com detalhamento especial
Pórticos de aço contraventados em treliça,
3,25 2,0 3,25
com detalhamento usual
Pórticos de aço contraventados em treliça,
7,0 2,5 5,5
com detalhamento usual
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento especial e paredes de 6,0 2,5 5,0
concreto com detalhamento usual
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento especial e pórticos de aço
7,0 2,5 5,5
contraventados em treliça com
detalhamento especial
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento intermediário e paredes de 6,5 2,5 5,0
concreto com detalhamento especial
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento intermediário e paredes de 5,5 2,5 4,5
concreto com detalhamento usual
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento usual e paredes de concreto 4,5 2,5 4,0
com detalhamento usual
Estruturas do tipo pêndulo invertido e
2,5 2,0 2,5
sistemas de colunas em balanço
49

2.3.4.2.2 Combinação de sistemas resistentes

Em duas direções ortogonais não há restrição à utilização de diferentes sistemas


resistentes, devendo ser aplicados a cada direção os respectivos coeficientes R, Ω' e Cd
definidos na Tabela 9.
Além dos sistemas duais explicitamente definidos na Tabela 9, a resistência de
diferentes sistemas resistentes pode ser combinada em cada uma das direções ortogonais da
estrutura.
Neste caso, em cada uma das direções horizontais devem ser considerados os valores
mais desfavoráveis para os coeficientes R, Ω' e Cd, correspondentes aos sistemas utilizados.
Quando houver modificação de tipo de sistema na vertical, em um mesmo sistema
resistente, não se pode aplicar valores menos desfavoráveis para estes coeficientes, em um
pavimento, do que os usados nos pavimentos superiores. Não é necessário se aplicar esta
limitação para subestruturas apoiadas em uma estrutura principal, cujo peso não ultrapasse
10% do peso total desta estrutura.

2.3.4.2.3 Estruturas do tipo pêndulo invertido

As estruturas do tipo pêndulo invertido poderão ser analisadas pelo método das forças
horizontais equivalentes, definido no item 2.3.5, devendo ser considerada uma variação linear
do momento fletor, desde o seu valor máximo determinado na base, até a metade deste valor
no topo da estrutura.

2.3.4.3 Configuração Estrutural

As estruturas de categoria sísmica B e C serão classificadas como regulares ou


irregulares, de acordo com os critérios definidos neste item. Esta classificação é baseada na
configuração estrutural no plano e na vertical.
50

2.3.4.3.1 Deformabilidade dos diafragmas

Os diafragmas podem ser considerados como flexíveis se a máxima deflexão


horizontal transversal a um eixo da estrutura paralelo ao eixo do diafragma, medida com
relação à média dos deslocamentos relativos de pavimento dos pontos extremos deste eixo, é
mais do que o dobro desta média dos deslocamentos relativos dos pontos extremos. Os
carregamentos a serem utilizados nesta avaliação são os definidos no item 2.3.5.
Diafragmas de concreto que tenham uma relação entre vão e profundidade menor do
que 3,0 e não apresentem as irregularidades estruturais no plano, definidas na Tabela 10,
podem ser classificados como rígidos.

2.3.4.3.2 Irregularidades no plano

As estruturas apresentando uma ou mais das irregularidades listadas na Tabela 10


devem ser projetadas como tendo irregularidade estrutural no plano. Estas estruturas têm
requisitos específicos de projeto, que são definidos nos itens referenciados na referida tabela.
Os requisitos associados à irregularidade do Tipo 1 não precisam ser considerados para
prédios de até dois pavimentos.

Tabela 10. Irregularidades Estruturais no Plano

Tipo de Item de
Descrição da irregularidade
irregularidade referência
Irregularidade torsional, definida quando em uma elevação, o
deslocamento relativo de pavimento em uma extremidade da
estrutura, avaliado incluindo a torção acidental, medido
transversalmente a um eixo, é maior do que 1,2 vezes a média dos
1 2.3.4.3.2
deslocamentos relativos de pavimento nas duas extremidades da
estrutura, ao longo do eixo considerado. Os requisitos associados à
irregularidade transversal não se aplicam se o diafragma é
classificado como flexível, de acordo com o item 8.3.1.
Descontinuidades na trajetória de resistência sísmica no plano,
2 como sistemas resistentes verticais consecutivos com eixos fora do 2.3.4.3.2
mesmo plano.
Os elementos dos sistemas sismos-resistentes verticais não são
3 paralelos ou simétricos com relação aos eixos ortogonais principais 2.3.4.3.2
do sistema sismo-resistente.
51

2.3.4.3.3 Irregularidades na vertical

As estruturas apresentando uma ou mais das irregularidades listadas na Tabela 11


devem ser projetadas como tendo irregularidade estrutural na vertical. Estas estruturas têm
requisitos específicos de projeto, que são definidos nos itens referenciados na tabela.
As estruturas que apresentem irregularidades do Tipo 5, conforme definido na Tabela
11, não poderão ter mais de dois pavimentos, nem mais de 9 metros na vertical. Esta limitação
não precisa ser considerada se as forças sísmicas forem multiplicadas pelo fator Ω' definido
na Tabela 9.

Tabela 11. Irregularidades Estruturais na Vertical

Tipo de Item de
Descrição da irregularidade
irregularidade referência
Descontinuidades na trajetória de resistência sísmica na vertical,
como sistemas resistentes verticais consecutivos no mesmo plano,
4 mas com eixos afastados de uma distância maior de que seu 2.3.4.3.3
comprimento ou quando a resistência entre elementos consecutivos
é maior no elemento superior.
Caracterização de um “pavimento extremamente fraco”, como
aquele em que a sua resistência lateral é inferior a 65% da
5 resistência do pavimento imediatamente superior. A resistência 2.3.4.3.3
lateral é computada como a resistência total de todos os elementos
sismo-resistentes presentes na direção em consideração.

2.3.4.3.4 Elementos suportando pórticos e paredes descontinuas

Colunas, vigas, lajes e treliças suportando pórticos e paredes sismos-resistentes


apresentando irregularidades dos Tipos 2 ou 4, conforme definido na Tabela 10 e na Tabela
11, respectivamente, deverão ser projetadas considerando os efeitos sísmicos na direção
vertical (Ev) e os decorrentes do sismo horizontal com o efeito da sobre-resistência (Emh),
conforme definido no item 2.3.4.4.
52

2.3.4.4 Efeitos do Sismo Vertical e do Sismo Horizontal com Sobre-


Resistência

Os efeitos do sismo na direção vertical deverão ser considerados em seu sentido mais
desfavorável e determinados de acordo com a expressão abaixo:

  0,5.  ' . -

Onde Ev e G são, respectivamente, os efeitos do sismo vertical e das cargas


gravitacionais, respectivamente. Nas condições em que seja exigida nesta Norma a verificação
na condição de sobre–resistência, os efeitos dos sismos na direção horizontal serão
amplificados de acordo com a expressão:

./  Ω' . 01

Onde Emh, Ω' e QE são, respectivamente, o efeito do sismo horizontal incluindo a


sobre–resistência, o coeficiente de sobre–resistência definido na Tabela 9, e o efeito do sismo
horizontal determinado de acordo com os procedimentos definidos nos itens 2.3.5.

2.3.4.5 Direção das Forças Sísmicas

Na análise de cada elemento pertencente ao sistema sismo-resistente, a direção de


aplicação das forças sísmicas na estrutura deverá ser a que produz o efeito mais crítico no
elemento em questão. Será permitido aplicar as forças separadamente em cada uma das
direções ortogonais, sem considerar a superposição dos efeitos em duas direções.
As estruturas de categoria sísmica C que apresentarem irregularidades no plano do
Tipo 3, conforme definido na Tabela 10, deverão ser verificadas, em cada uma das direções
ortogonais, para uma combinação de 100% das cargas horizontais aplicadas em uma das
direções com 30% das cargas aplicadas na direção perpendicular a esta.
53

2.3.4.6 Procedimentos de Análise

Procedimentos simplificados de análise são definidos no item 2.3.3.3.1 para as


estruturas de categoria sísmica A. As estruturas de categoria sísmica B e C poderão ser
analisadas pelo processo simplificado definido no item 2.3.5.

2.3.4.7 Critérios para a Modelagem

2.3.4.7.1 Modelagem da fundação

É permitido considerar na análise sísmica, as estruturas como perfeitamente fixadas à


fundação. Caso se deseje considerar os efeitos da flexibilidade da fundação, os requisitos
estabelecidos neste item deverão ser seguidos. Os efeitos favoráveis de interação dinâmica
solo-estrutura poderão vir a ser considerados, desde que os procedimentos utilizados sejam
adequadamente justificados na análise.
A flexibilidade das fundações poderá ser considerada através de um conjunto de molas
e amortecedores relativos a cada um dos diversos graus de liberdade da fundação. Na
definição das propriedades dos solos a serem utilizadas na determinação destes parâmetros,
deverá ser considerado o nível de deformações específicas presentes no solo quando da
ocorrência do sismo de projeto. Uma variação paramétrica de 50%, de acréscimo ou de
decréscimo com relação às propriedades dos solos mais prováveis deverá ser considerada na
análise dinâmica.
Para efeito de verificação do tombamento das estruturas (excetuando-se as estruturas
do tipo pêndulo invertido), será permitida uma redução de 25% com relação às forças
determinadas de acordo com os procedimentos do item 2.3.5 (método das forças horizontais
equivalentes).
54

2.3.4.7.2 Peso efetivo para a análise

Os pesos a serem considerados nas análises, deverão considerar as cargas permanentes


atuantes, incluindo o peso operacional de todos os equipamentos fixados na estrutura. Nas
áreas de armazenamento, dever-se-á incluir 25% da carga acidental.

2.3.4.7.3 Modelagem da estrutura

O modelo matemático da estrutura deverá considerar a rigidez de todos os elementos


significativos para a distribuição de forças e deslocamentos na estrutura. O modelo deverá
representar a distribuição espacial de massa e de rigidez em toda a estrutura.
Caso a estrutura apresente irregularidade estrutural no plano dos Tipos 1, 2 ou 3,
conforme definido na Tabela 10, um modelo tridimensional deverá ser utilizado. Neste
modelo, cada nó deverá possuir ao menos três graus de liberdade, duas translações em um
plano horizontal e uma rotação em torno de um eixo vertical.
Quando os diafragmas não forem classificados como rígidos ou flexíveis, de acordo
com o item 2.3.4.3.1, o modelo deve incluir elementos que representem a rigidez destes
diafragmas.
No caso em que pórticos sismo-resistentes tenham ligações com elementos mais
rígidos e não considerados no sistema estrutural sismo-resistente, os pórticos devem ser
projetados de forma que a ação ou a ruptura destes elementos não prejudique sua capacidade
resistente. A presença destes elementos deve ser considerada na avaliação das irregularidades
da estrutura.

2.3.4.8 Requisitos para os Diafragmas

Os diafragmas horizontais em cada elevação da estrutura devem formar um sistema


resistente auto-equilibrado capaz de transferir as forças sísmicas horizontais, de seus pontos
de aplicação na elevação até os pontos em que elas são transmitidas aos sistemas resistentes
55

verticais. As forças a serem aplicadas em cada elevação nos diafragmas horizontais, são as
forças obtidas na análise estrutural. No método das forças horizontais equivalentes, as forças
horizontais totais em cada elevação são as forças Fx, definidas no item 2.3.5.3. Para a análise
dos diafragmas, estas forças em cada elevação x não podem ser inferiores a:

∑ (
(2   3
∑ 3 

Onde:
Fpx é a força mínima a ser aplicada ao diafragma na elevação x;
Fi é a força horizontal aplicada na elevação i (corresponde às forças Fx, conforme
definido no item 2.3.5.3);
3 e 3 é a parte da carga gravitacional total que corresponde às elevações i ou x.

Caso haja irregularidades do Tipo 2, conforme definido na Tabela 10, os diafragmas


deverão ser capazes também de transferir as forças aplicadas das extremidades inferiores dos
elementos resistentes verticais acima da elevação, para as extremidades superiores dos
elementos abaixo da mesma.
Devem receber especial atenção as regiões de transferência das forças dos diafragmas
para os sistemas sismo-resistentes verticais. Nas estruturas de categoria sísmica C, estas
regiões devem ser dimensionadas para o sismo horizontal incluindo sobre-resistência,
conforme definido no item 2.3.4.4.

2.3.4.9 Fixação de Paredes

As paredes de concreto ou de alvenaria devem ser construídas de forma que haja uma
fixação direta das mesmas ao piso e ao teto da construção. As paredes e sua correspondente
fixação à estrutura devem ser dimensionadas considerando uma força sísmica horizontal, no
sentido transversal à parede, produzida por uma aceleração igual a:

5  6.  '

Nesta expressão, I é o fator de importância de utilização definido na Tabela 7.


56

2.3.4.10 Limitações para Deslocamentos Absolutos e Deslocamentos Relativos


de um Pavimento

As estruturas e as partes de uma estrutura separadas por juntas de construção deverão


apresentar entre si distâncias que permitam que não haja contato entre as mesmas para os
deslocamentos absolutos 7 x nas elevações, avaliados conforme definido no item 2.3.5.5.
Os deslocamentos relativos Δx de um pavimento x, avaliados conforme definido no
item 2.3.5.5, são limitados aos valores máximos definidos na Tabela 12. A variável hsx é a
distância entre as duas elevações correspondentes ao pavimento em questão.
Para as estruturas em que haja efeitos de torção importantes, estes devem ser
considerados na avaliação dos deslocamentos relativos Δx de pavimento. Caso haja
irregularidade no plano do Tipo 1, conforme definido na Tabela 10, em estruturas de categoria
sísmica C, os deslocamentos relativos devem ser calculados como a máxima diferença entre
os deslocamentos medidos ao longo das linhas do contorno da estrutura nas duas elevações
correspondentes ao pavimento em questão.

Tabela 12. Limitação para deslocamentos relativos de pavimento (∆x)

Categoria de utilização
I II III
0,020 hsx 0,015 hsx 0,010 hsx

2.3.5 Análise Sísmica pelo Método das Forças Horizontais Equivalentes

2.3.5.1 Força Horizontal Total

A força horizontal total na base da estrutura, em uma dada direção, é determinada de


acordo com a expressão:

9  : . ;
57

Cs é o coeficiente de resposta sísmica, conforme definido a seguir e W é o peso total da


estrutura, determinado conforme estabelecido no item 2.3.4.7.2.
O coeficiente de resposta sísmica é definido como:

2,5.  '


: 
"= ⁄6 $

A grandeza  ', aceleração espectral para o período de 0,0 s, já considerando o efeito
da amplificação sísmica no solo, está definida no item 2.3.2.3. O fator de importância de
utilização I está definido na Tabela 7 e o coeficiente de modificação de resposta R é definido
na Tabela 9. O coeficiente de resposta sísmica não precisa ser maior que o valor abaixo:

 '
: 
T"= ⁄6 $

O período natural da estrutura T deve ser determinado de acordo com o item 2.3.5.2. O
valor mínimo para Cs é 0,01. É permitida a redução das forças sísmicas, considerando os
efeitos da interação solo-estrutura, desde que os procedimentos utilizados sejam
adequadamente justificados na análise.

2.3.5.2 Determinação do Período

O período natural da estrutura T deve ser obtido por um processo de extração modal,
que leve em conta as características mecânicas e de massa da estrutura. O período avaliado
desta forma não poderá ser maior do que o produto do coeficiente de limitação do período
Cup, definido na Tabela 13 em função da zona sísmica à qual a estrutura em questão pertence,
vezes o período natural aproximado da estrutura Ta, obtido através da expressão abaixo:

#!  :@ . A
58

Nesta expressão, hn é a altura em metros da estrutura acima da base e os coeficientes


CT (coeficiente de período da estrutura) e x são definidos por:
• CT = 0,0724 e x = 0,8 para estruturas em que as forças sísmicas horizontais são
100% resistidas por pórticos de aço momento-resistentes, não sendo estes
ligados a sistemas mais rígidos que impeçam sua livre deformação quando
submetidos à ação sísmica;
• CT = 0,0466 e x = 0,9 para estruturas em que as forças sísmicas horizontais são
100% resistidas por pórticos de concreto, não sendo estes ligados a sistemas
mais rígidos que impeçam sua livre deformação quando submetidos à ação
sísmica;
• CT = 0,0731 e x = 0,75 para estruturas em que as forças sísmicas horizontais
são resistidas em parte por pórticos de aço contraventados com treliças;
• CT = 0,0488 e x = 0,75 para todas as outras estruturas;

Tabela 13. Coeficiente de limitação do período

Coeficiente de limitação do
Zona sísmica
período (Cup)
Zona 2 1,7
Zona 3 1,6
Zona 4 1,5

Como alternativa à determinação analítica de T, é permitido utilizar diretamente o


período natural aproximado da estrutura Ta.

2.3.5.3 Distribuição Vertical das Forças Sísmicas

A força horizontal total na base V é distribuída verticalmente entre as várias elevações


da estrutura de forma que, em cada elevação x, seja aplicada uma força Fx definida de acordo
com a expressão:
59

(  :* . 9

Onde:
+ . AB
:* 
∑ + AB

Cvx é o coeficiente de distribuição vertical;


wi ou wx é a parte do peso efetivo total que corresponde às elevações i ou x;
hi ou hx é a altura entre a base e as elevações i ou x;
k é o expoente de distribuição, relacionado ao período natural da estrutura T, conforme
especificação abaixo:

a) para estruturas com período inferior a 0,5s, k = 1;


b) para estruturas com períodos entre 0,5s e 2,5s, k = (T + 1,5)/2;
c) para estruturas com período superior a 2,5s, k = 2.

2.3.5.4 Distribuição das Forças Sísmicas Horizontais e Torção

2.3.5.4.1 Modelo de distribuição das forças sísmicas horizontais

As forças sísmicas horizontais Fx, correspondentes a cada elevação x, devem ser


aplicadas a um modelo de distribuição destas forças entre os diversos elementos verticais
sismo-resistentes, que considere a rigidez relativa dos diversos elementos verticais e dos
diafragmas horizontais. Este modelo poderá ser também utilizado para avaliar os efeitos de
torção na estrutura.
60

2.3.5.4.2 Consideração da torção

O projeto deverá incluir um momento de torção nos pisos causado pela excentricidade
dos centros de massa relativamente aos centros de rigidez (Mt - momento de torção inerente),
acrescido de um momento torsional acidental (Mta), determinado considerando-se um
deslocamento do centro de massa em cada direção igual a 5% da dimensão da estrutura
paralela ao eixo perpendicular à direção de aplicação das forças horizontais. Quando houver
aplicação simultânea de forças horizontais nas duas direções, bastará considerar o momento
acidental obtido na direção mais crítica.
Nos casos das estruturas de categoria sísmica C, onde exista irregularidade estrutural
no plano do Tipo 1, conforme definido na Tabela 10, a soma dos momentos Mt e Mta em cada
elevação deve ser multiplicada pelo fator de amplificação torsional Ax, definido por:

F
7.!
C  D E
1,27!*

Nesta expressão, 7.! é o deslocamento horizontal máximo em uma direção, na


elevação x em questão e 7!* é a média dos deslocamentos na mesma direção, nos pontos
extremos da estrutura em um eixo transversal a esta direção. O fator Ax não precisa ser
considerado com valor superior a 3,0.

2.3.5.5 Determinação dos Deslocamentos Relativos e Absolutos

Os deslocamentos absolutos das elevações 7 e os relativos Δ dos pavimentos devem


ser determinados com base na aplicação das forças sísmicas de projeto ao modelo matemático
da estrutura. Nesta avaliação, as propriedades de rigidez dos elementos de concreto devem
levar em conta a redução de rigidez pela fissuração.
Os deslocamentos absolutos 7 em uma elevação x, avaliados em seu centro de massa,
devem ser determinados através da seguinte expressão:
61

:G . 7
7 
6

Onde Cd é o coeficiente de amplificação de deslocamentos, definido na Tabela 9, 7 é


o deslocamento determinado em uma análise estática utilizando as forças sísmicas definidas
no item 2.3.5.3 e I é o fator de importância de utilização definido na Tabela 7. A limitação de
períodos estabelecida no item 2.3.5.2 não precisará ser obedecida nesta análise.
Os deslocamentos relativos dos pavimentos Δ são determinados como a diferença
entre os deslocamentos absolutos nos centros de massa 7 nas elevações acima e abaixo do
pavimento em questão. Para as estruturas de categoria sísmica C, onde exista irregularidade
estrutural no plano do Tipo 1, os deslocamentos relativos Δ devem ser avaliados como a
maior diferença entre os deslocamentos ao longo do contorno, nas elevações superior e
inferior correspondentes ao pavimento em questão. Nos pórticos momento-resistentes de aço,
a contribuição das deformações nas zonas dos painéis deverá ser considerada na avaliação dos
deslocamentos relativos dos pavimentos.

2.3.5.6 Efeito P-delta

O efeito de segunda ordem P–delta nos esforços estruturais e deslocamentos, não


precisarão ser considerados se o coeficiente de estabilidade H, determinado pela expressão
abaixo, for inferior a 0,10:

I . Δ
H
9 . A . :G .

Onde:
I é a força normal em serviço atuando no pavimento x, obtida com fatores de
ponderação de cargas tomados iguais a 1,00;
9 é a força cortante sísmica atuante no pavimento x;
62

O valor do coeficiente de estabilidade H não poderá exceder o valor máximo H.! ,


definido de acordo com a expressão:

0,5
H.!  J 0,25
:G

Quando o valor de H estiver entre 0,1 e H.! , os esforços nos elementos e os


deslocamentos deverão ser multiplicados pelo fator 1,00/(1 - H).
63

2.4 CYPECAD

2.4.1 Apresentação

O projeto de uma estrutura é uma tarefa de grande complexidade e responsabilidade,


pois envolve várias etapas bastante trabalhosas como análise estrutural, dimensionamento e
verificação conforme normas brasileiras, elaboração de desenhos claros para a execução e
levantamento de materiais.
Atualmente esta atividade somente é economicamente rentável se o engenheiro utilizar
uma ferramenta computacional, que nesse trabalho será o CYPECAD. De acordo com a
empresa desenvolvedora MULTIPLUS SOFTWARES TÉCNICOS ( cypecad.multiplus.com )
em seu manual técnico, o programa CYPECAD utiliza recursos gráficos onde é possível
trabalhar em um ambiente CAD próprio, sem a necessidade de outros programas CAD. Porém
permite uma completa integração com outros programas CAD (geradores de arquivos DWG
ou DXF), para importar projetos arquitetônicos ou exportar pranchas com formas e armaduras
para programas com edição de desenhos neste tipo de plataforma, além de um recurso para
lançamento automático da estrutura a partir de uma planta arquitetônica feita em outro
software que utilize um ambiente CAD e gera uma visualização detalhada da estrutura em 3D.
Esta ferramenta do CYPECAD reconhece, através de camadas (layers), a locação dos pilares,
os pontos fixos para modificação de geometria, as vigas de contorno e respectivas lajes bem
como as aberturas existentes no projeto.
O CYPECAD calcula tanto estruturas de concreto armado como estruturas em aço e
estruturas mistas. Permite utilizar tipos estruturais tais como lajes maciças, cogumelo, pré-
fabricadas, nervuradas, alveolares, lajes mistas, steel-deck, tipos de vigas tais como viga alta,
chata, T, viga metálica, bem como pilares de concreto ou perfis metálicos, além de alguns
tipos de fundações, o que possibilita rapidamente lançar, calcular e avaliar diversas
concepções estruturais para o mesmo projeto. O CYPECAD é um software muito utilizado no
âmbito do cálculo estrutural por sua facilidade de utilização e confiabilidade dos resultados.
64

2.4.2 Descrição da Análise Efetuada pelo Programa

O manual técnico do CYPECAD faz uma descrição detalhada da análise realizada pelo
programa, mostrando as fases sequenciais da realização dos cálculos. A análise das
solicitações é realizada através de um cálculo espacial em 3D, por métodos matriciais de
rigidez, considerando todos os elementos que definem a estrutura: pilares, paredes, muros,
vigas e lajes. É estabelecida a compatibilidade de deformações em todos os nós, considerando
6 graus de liberdade, e cria-se a hipótese de indeformabilidade do plano de cada piso, para
simular o comportamento rígido da laje, impedindo os deslocamentos relativos entre os nós
do mesmo (diafragma rígido). Por isso, cada piso apenas poderá rotacionar e deslocar-se no
seu conjunto (3 graus de liberdade).
A consideração de diafragma rígido para cada zona independente de um piso mantém-
se, apesar de se introduzirem vigas e de não se introduzirem lajes no piso. Quando num
mesmo piso existirem zonas independentes, considera-se cada uma destas como uma parte
distinta relativa à indeformabilidade dessa zona e não será levado em consideração no seu
conjunto. Por isso, os pisos comportam-se como planos indeformáveis independentes. Um
pilar não ligado é considerado também como uma zona independente. Nas estruturas 3D
integradas, assim como nas escadas, dispõe-se de 6 graus de liberdade por nó.
Para todos os estados de carga realiza-se um cálculo estático (exceto quando se
consideram ações dinâmicas de sismo, em cujo caso se utiliza a análise modal espectral, que
será abordado adiante) e supõe-se um comportamento linear dos materiais e, por isso, um
cálculo de primeira ordem, com vista à obtenção de deslocamentos e esforços.
O lançamento da estrutura no CYPECAD segue o processo construtivo: primeiramente
são lançados os pilares, posteriormente as vigas e lajes para um determinado piso. O
CYPECAD gera automaticamente os carregamentos e combinações devidos ao peso próprio,
sobrecargas, vento e sismo, porém é possível modificar estes carregamentos, além da
possibilidade de se escolher a norma que se quer utilizar no cálculo da ação e nos coeficientes
de segurança.
Durante o processo de cálculo realizado pelo programa aparecem mensagens
informativas acerca da fase de cálculo na qual ele se encontra. Também se emitem mensagens
de erro se houver dados incompatíveis com o cálculo.
A primeira fase do programa será a geração das estruturas geométricas de todos os
elementos, formando a matriz de rigidez da estrutura. Esta fase poderá ser executada de forma
65

independente para um grupo ou para toda a obra. A segunda fase consiste na inversão da
matriz de rigidez. No caso de ser singular, emite-se uma mensagem que adverte de um
mecanismo, se detectar tal situação em algum elemento ou parte da estrutura. Neste caso o
processo detém-se. Numa terceira fase obtêm-se os deslocamentos de todas as hipóteses
definidas. O programa emite uma mensagem que indica deslocamentos excessivos nos pontos
da estrutura que superem um valor, quer seja por um incorreto desenho estrutural, quer pela
rigidez a torção definida em algum elemento. Se existirem problemas de estabilidade global,
deve-se rever a estrutura, quando se considera efeitos de segunda ordem. A quarta fase
consiste na obtenção das envoltórias de todas as combinações definidas, para todos e para
cada um dos elementos: vigas, lajes, pilares, etc. Na quinta e última fase procede-se ao
dimensionamento e armadura de todos os elementos definidos, de acordo com as combinações
e envoltórias, geometria, materiais e tabelas de armadura existentes. Há um aviso caso seja
superado, em alguma viga, a resistência do concreto por compressão oblíqua. Ao finalizar o
cálculo, indicam-se os erros mais problemáticos surgidos durante o cálculo.
O dimensionamento da armadura e a verificação das seções de concreto são feitos
conforme as normas brasileiras, porém podem ser adotadas normas internacionais. Os
elementos de fundação definidos ‚com vinculação exterior tais como: sapatas, bloco sobre
destacas e vigas de equilíbrio, podem ser calculados simultaneamente ou posteriormente.
Todos estes elementos de fundação podem ser editados e verificados de forma isolada do
resto da estrutura. O programa realiza a verificação da resistência ao fogo e dimensiona o
revestimento de proteção dos elementos estruturais de concreto e aço que fazem parte da obra
pela Norma Eurocode, amplamente utilizada no mundo todo.

2.4.3 Cálculo da Atuação Sísmica Realizado no CYPECAD

Para introduzir a ação sísmica, os dados serão conforme a seleção da norma de


aplicação. De maneira geral, para sismos, podem-se definir dois métodos de cálculo gerais:
cálculo estático e cálculo dinâmico. É possível aplicar ambos os métodos gerais ou o método
específico indicado na norma vigente ou regulamentos de aplicação, em função do local onde
se encontra a construção.
a) Cálculo Estático (Sismo por coeficientes): Pode-se introduzir a ação de sismo
como um sistema de forças estáticas equivalentes às cargas dinâmicas, gerando
66

cargas horizontais em duas direções ortogonais X, Y, aplicadas ao nível de


cada piso, no centro de massas das mesmas. Pode-se utilizar como método
geral o Sismo por Coeficiente.

Sendo
: as cargas permanentes do piso i;
: as cargas variáveis do piso i;
: coeficiente de simultaneidade da sobrecarga ou parte quase-permanente;
: coeficiente sísmico em cada direção no piso i;
As forças estáticas a aplicar em cada direção serão, por piso:

Se forem referidos os deslocamentos de cada piso em relação aos eixos gerais obtém-
se:

E as forças aplicadas:
67

Pode se considerar os efeitos de segunda ordem caso se queira.

Nas estruturas 3D integradas, ao se ativarem ações de sismo estático como cargas em


nós e barras, não se poderá combinar com o sismo por coeficientes, nem com o sismo
dinâmico.
Analogamente, se consideramos no CYPECAD um cálculo estático por coeficientes e
plantas, nas estruturas 3D integradas, não será possível realizá-lo, exceto com um cálculo
dinâmico conjunto. Poderia, no entanto, ativar uma ação adicional de sismo estático, mas
desativando as ações automáticas.

b) Cálculo Dinâmico (Análise Modal Espectral): O método de análise dinâmica


que o programa considera como geral é a análise modal espectral, para o qual
será necessário definir:

• Aceleração de cálculo em relação à aceleração da gravidade = 


• Ductilidade da estrutura = µ
• Número de modos a calcular
• Coeficiente quase permanente de sobrecarga = A
• Espectro de acelerações de cálculo.

A definição de cada espectro realiza-se por coordenadas (X: período T; Y: Ordenada


espectral K"#$), podendo ver a forma do gráfico criado. Para a definição do espectro
normalizado de resposta elástica, o utilizador deve conhecer os fatores que o influenciam (tipo
de sismo, tipo de terreno, amortecimento, etc.). Estes fatores devem estar incluídos na
ordenada espectral, também chamada fator de amplificação e referentes ao período T.
Quando numa construção se especificar qualquer tipo de ação sísmica dinâmica, o
programa realiza, além do cálculo estático normal para cargas e vento, uma análise modal
espectral da estrutura. Os espectros de dimensionamento dependerão da norma e dos
parâmetros selecionados. No caso da opção de análise modal espectral, o utilizador indica
diretamente o espectro de dimensionamento.
Para efetuar a análise dinâmica o programa cria a matriz de massa e a matriz de rigidez
para cada elemento da estrutura. A matriz de massa cria-se a partir da hipótese de carga
permanente e das correspondentes sobrecargas multiplicadas pelo coeficiente quase-
68

permanente de sobrecarga. O CYPECAD trabalha com matrizes de massas concentradas, que


são diagonais.
O passo seguinte consiste na condensação (simultânea com a união dos elementos) das
matrizes de rigidez e massa completas da estrutura, para obter outras reduzidas e que
unicamente contêm os graus de liberdade dinâmicos, sobre os quais se fará a decomposição
modal. O programa efetua uma condensação estática e dinâmica, fazendo-se esta última pelo
método simplificado clássico, no qual se supõe que apenas através dos graus de liberdade
dinâmicos aparecerão forças de inércia.
Os graus de liberdade dinâmicos com que se trabalha são três por cada piso do
edifício, sendo duas translações sobre o plano horizontal, e a correspondente rotação sobre
esse plano. Este modelo simplificado responde ao recomendado pela grande maioria de
normas.
Neste ponto do cálculo, já se tem uma matriz de rigidez e outra de massa, ambas
reduzidas, e com o mesmo número de linhas/colunas. Cada uma delas representa um dos
graus de liberdade dinâmicos anteriormente descritos. O seguinte passo é a decomposição
modal, que o programa resolve através de um método iterativo, e cujo resultado são os valores
próprios e vetores próprios correspondentes à diagonalização da matriz de rigidez com as
massas.

O sistema de equações a resolver é a seguinte:


L: Matriz de rigidez
: Matriz de massa

ML N 3F . O  0.0 (determinante nulo)

ω2: Valores próprios do sistema


ω: Frequências naturais próprias dos sistemas dinâmicos
ML N 3F . O. MPO  M0.0O (sistema homogêneo indeterminado)
P: Vetores próprios do sistema ou modos de vibração condensado

Da primeira equação pode-se obter um número máximo de soluções (valores de ω)


igual ao número de graus de liberdade dinâmicos assumidos. Para cada uma destas soluções
(valores próprios) obtém-se o correspondente vetor próprio (modo de vibração). No entanto,
69

raramente é necessário obter o número máximo de soluções do sistema. Calculam-se apenas


as mais representativas no número indicado pelo usuário como número de modos de vibração
que intervêm na análise. Ao indicar esse número, o programa seleciona as soluções mais
representativas do sistema, que são as que mais massa deslocam, e que correspondem às
frequências naturais de vibração maiores.
A obtenção dos modos de vibração condensados (também chamados vectores de
coeficientes de forma) é a resolução de um sistema linear de equações homogéneo (o vetor de
termos independentes é nulo), e indeterminado (3F foi calculado para que o determinante da
matriz de coeficientes seja nulo). Por isso, esse vetor representa uma direção ou modo de
deformação e não valores concretos das soluções.

A partir de modos de vibração, o programa obtém os coeficientes de participação para


cada direção (Q ) da seguinte forma:

MRO
Q  MP O@ . M O. . M O. MP O
MP O@

Sendo S = 1, ..., nº de modos calculados


Onde [J] é um vetor que indica a direção da atuação do sismo. Por exemplo, para
sismos na direção x:

MRO  M100100100 … 100O

Uma vez obtidas as frequências naturais de vibração, entra-se no espectro de


dimensionamento selecionado, com os parâmetros de ductilidade, amortecimento, etc., e
obtém-se a aceleração de dimensionamento para cada modo de vibração e cada grau de
liberdade dinâmico.

O cálculo destes valores faz-se da seguinte forma:

U  PU . QU . 


70

Sendo: S: cada modo de vibração


V: cada grau de liberdade dinâmico
 : aceleração de cálculo para o modo de vibração i


K"# $.
%
 
W

Os deslocamentos máximos da estrutura, para cada modo de vibração e grau de


liberdade j de acordo com o modelo linear equivalente, obtém-se como se segue:

U
XU 
3F

Por conseguinte, para cada grau de liberdade dinâmico, obtém-se um valor de


deslocamento máximo em cada modo de vibração. Isto equivale a um problema de
deslocamentos impostos, que se resolve para os outros graus de liberdade (não dinâmicos),
através da expansão modal ou substituição dos graus de liberdade previamente condensados.
Obtém-se, finalmente, uma distribuição de deslocamentos e esforços sobre toda a
estrutura, para cada modo de vibração e para cada ação dinâmica, com o que se finaliza a
análise modal espectral propriamente dita.
Para a sobreposição modal, através da qual se obtêm os valores máximos de um
esforço, deslocamento, etc., numa ação dinâmica dada, o programa usa o método CQC, no
qual se calcula um coeficiente de união modal dependente da relação entre os períodos de
vibração dos modos a combinar. A formulação desse método é a seguinte:

Y  Z[ [ \U Y YU
 U

8] F ^ _⁄F
\U 
"1 ^$"1 N ^$F 4] F ^"1 ^$
71

Onde:
@b
^∶
@c

#: Período de vibração;
]: Razão de amortecimento, uniforme para todos os modos de vibração e de valor 0.05
x: Esforço ou deslocamento resultante
Y , YU : Esforços ou deslocamentos correspondentes aos modos a combinar

Para os casos nos quais se requer a avaliação de esforços máximos concomitantes,


oCYPECAD faz uma sobreposição linear dos distintos modos de vibração, de forma que para
uma ação dinâmica dada, se obtêm na realidade n conjuntos de esforços, onde n é o número
de esforços concomitantes que se necessitam. Por exemplo, se for necessário calcular o pilares
de concreto, trabalha-se com três esforços simultaneamente: axial, fletor no plano xy e fletor
no plano xz. Neste caso, ao solicitar a combinação com uma ação dinâmica, o programa
fornecerá para cada combinação que a inclua, três combinações distintas: uma para o axial
máximo, outra para o fletor no plano xy máximo e outra para o fletor no plano xz máximo.
Além disso, as distintas combinações criadas multiplicam-se por ±1, uma vez que o sismo
pode atuar em qualquer um dos dois sentidos.
Os efeitos de segunda ordem podem ser considerados se desejar, ativando essa
consideração de forma facultativa pelo usuário, uma vez que o programa não o faz de forma
automática.
Realizado o cálculo, pode-se consultar para cada modo o período, o coeficiente de
participação, em cada direção de cálculo X, Y, e o que se denomina coeficiente sísmico, que é
o espectro de deslocamentos obtido como G :

K"#$
G 
3FW

K"#$: Ordenada espectral


3 Frequência angular = 2d⁄#
W: Ductilidade
72

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Descrição do Edifício

Foi adotado para pesquisa um edifício de alto padrão de acabamento, situado no bairro
Maurício de Nassau na cidade de Caruaru-PE, com um total de 23 pavimentos, sendo
20 pavimentos-tipo, 1 subsolo, 1 térreo e 1 mezanino; além, de casa de máquinas e
reservatório superior. Cada pavimento-tipo é dividido em dois apartamentos, distribuídos em
3 suítes, sendo uma suíte máster, 1 quarto/sala de tv, sala de estar, sala de jantar, cozinha, área
de serviço, dependência de empregada com WC de serviço, dispensa e WC social. Os demais
pavimentos serão usados para estacionamento.
Cada apartamento possui em média 227 m² de área útil, porém o pavimento-tipo
possui uma área total de 556,06m², considerando toda estrutura. O edifício tem um pé direito
de 3,3 metros em todos os pavimentos, resultando em 72,6 metros de altura mais 3,5 metros
referentes à casa de máquinas e reservatório, totalizando 76,1 metros de altura total sobre o
solo.

(a) (b)
Figura 17. Previsão do Edifício pronto em (a), e situação atual em (b).
73

Figura 18. Planta baixa da arquitetura do pavimento-tipo.

O sistema construtivo utilizado neste prédio foi o usualmente utilizado na cidade de


Caruaru. O mesmo qual consiste em estruturas de concreto armado com lajes descarregando
em vigas e essas, por sua vez, descarregando em pilares, o qual transmitem a carga ao solo
através de fundações rasas do tipo sapata, tudo isso em um sistema monolítico de elementos
estruturais. A vedação dos pavimentos foi realizada com alvenaria de tijolos cerâmicos e o
revestimento variou entre gesso e revestimento cerâmico, utilizando-se na fachada apenas
revestimento cerâmico.

Figura 19. Planta baixa do lançamento estrutural no CYPECAD

O tipo de laje utilizada foi a laje nervurada, popularmente conhecido como


“cabacinha”, com molde de polietileno recuperável de 18 cm de altura e uma camada de
compressão de 5 cm na parte superior, totalizando 23 cm de espessura média da laje.
Praticamente todas as vigas foram dimensionadas com 60 cm de altura e uma base que variou
74

entre 15 e 50 cm. Foi adotado uma redução na seção dos pilares à medida que o edifício foi
subindo, porém, por uma definição do calculista, não se alterou o comprimento dos pilares e
esta redução foi apenas na largura.

Figura 20. Modelo do lançamento estrutural no CYPECAD

No lançamento estrutural do edifício adotou-se uma carga permanente de 100 kgf/m² e


uma sobrecarga de 150 kgf/m², além das cargas referentes à alvenaria que ficaram em torno
de 550kgf/m. A escolha desses valores foi baseada no que prescreve a norma NBR-6120
referente às cargas de utilização.
Atualmente este edifício ainda encontra-se em obras, na fase de acabamento, porém
todos os serviços de estrutura do prédio já foram concluídos.
75

3.2 Parâmetros de Cálculo

Como já foi exposto, Caruaru se encontra numa zona de pouca ocorrência sísmica e o
que justificaria a frequência dos sismos em Caruaru é o fato da cidade estar situada sobre uma
falha geológica. Segundo o zoneamento sísmico que a norma brasileira de sismos estabelece,
a cidade de Caruaru está inserida na Zona 1, onde a aceleração sísmica horizontal
característica varia de 0,025 g até 0,05 g, onde g é aceleração da gravidade. A cidade de
Caruaru, ainda segundo a norma, pertence a categoria sísmica A, com isso a norma estabelece
uma análise simplificada da influencia sísmica através da aplicação de uma força horizontal
em cada pavimento igual a 1% do peso total da estrutura correspondente a esse pavimento.
Neste é considerado o peso operacional de todos os equipamentos fixados na estrutura com
um acréscimo de 25% na sobrecarga dos pavimentos de garagem.
A partir da aplicação dessa força foi possível simular a ação que o sismo vai gerar na
estrutura e verificar o acréscimo nos esforços solicitantes. Assim, foi aplicada uma força
horizontal no edifício em duas direções ortogonais que produza o efeito mais crítico e a
mesma foi aplicada diretamente e simultaneamente nos pilares de maneira mostrar a
magnitude da influência dos sismos nas estruturas em Caruaru. Estas forças foram aplicadas
nos pilares mais externos considerando que os esforços serão transmitidos para os demais
pilares internos por meio do painel de lajes, cuja rigidez pode ser considerada muito grande.

Figura 21. Diagrama de aplicação de forças horizontais no CYPECAD


76

Essas forças horizontais foram aplicadas nos pilares considerando um comprimento de


influência perpendicular a direção de aplicação das forças no pilar, que correspondia a 50% da
distância do pilar ao próximo pilar em ambas as direções, ou no caso de pilares de
extremidades, 100% da distância até o ponto mais externo da estrutura.

Tabela 14. Comprimento de influência nas duas direções

Pilar (direção) Influencia (m)


P1=P2 (x) 5,850
P1=P22 (y) 4,600
P3=P19 (y) 8,125
P5=P17 (y) 5,525
P9=P14 (y) 5,825

Como a força dependia do peso do pavimento adotaram-se três valores de força para
todos os pilares, referente ao mezanino, pavimento-tipo e a coberta, em dois pilares foi
adotado mais dois valores referente à laje da casa de máquinas e ao topo do edifício, ambos
acima da coberta.
Foram adotadas duas hipóteses de cálculo para cada pilar, variando o sentido de
aplicação da força, essas hipóteses eram naturalmente excludentes para um mesmo pilar, ou
seja, quando o programa adotava a força com sentido positivo do eixo em questão, ele não
considerava a força no sentido negativo do mesmo eixo, por estarem em hipóteses diferentes.
Isto tornou desnecessário aplicar as forças horizontais nas quatro faces do prédio, bastava
apenas aplicar em duas faces e alterar o sentido das forças e dividir a carga do pavimento
entre essas duas faces.

Tabela 15. Forças horizontais aplicadas na direção X em toneladas.

Pilar (X) Mez. Pav.Tipo Cober.


P1 2,909 3,326 2,628
P2 2,909 3,326 2,628
77

Tabela 16. Forças horizontais aplicadas na direção Y em toneladas

Pilar (Y) Mez. Pav.Tipo Cober. L.Máquina Topo


P1=P22 0,564 0,645 0,510
P3=P19 0,997 1,140 0,901
P5=P17 0,678 0,775 0,613
P9=P14 0,715 0,817 0,646 0,055 0,067

Para a base do edifício, a norma NBR-15421 estabelece que a força horizontal que
deverá ser aplicada na estrutura depende do peso de todo edifício e de um coeficiente de
resposta sísmica dado pela expressão:

e  :f ∗ ;

Onde:

:f : Coeficiente de resposta sísmica


;: Peso total da estrutura conforme item 2.3.5.1.

Essa força deve ser aplicada, assim como as outras em duas direções ortogonais,
simultaneamente em toda base do edifício para representar o efeito do sismo na base da
estrutura.
A norma também estabelece requisitos quanto à torção causada pelo sismo
considerando a adição de um momento adicional causado pela força horizontal total aplicada
no pavimento, com um deslocamento do centro de massa de 5% da dimensão da estrutura
naquela direção, bastando apenas adotar o momento adicional na seção mais crítica. A partir
dessa força e do deslocamento do centro de massa gerou-se um binário aplicado nas
extremidades de cada pavimento na direção mais crítica simulando o efeito da torção, como
prescreve a norma.
Considerando que a direção mais desfavorável para a torção é a de maior extensão do
prédio, ou seja, o comprimento na direção “X”, deve-se adotar as forças adicionais da torção
agindo na direção perpendicular a de maior comprimento, logo a força será aplicada em “Y”.
78

Para a torção, foi adotado um binário que substituísse a força aplicada com o deslocamento de
5% do centro massa por duas forças aplicadas nos pilares de extremidade da direção mais
desfavorável. Dessa forma, como feito para o sismo, foram geradas duas hipóteses,
considerando os sentidos opostos do binário, horário e anti-horário, onde naturalmente quando
um estiver atuando o outro não atua no dimensionamento, e o adotado para o cálculo final é
aquele que produzir os esforços mais desfavoráveis.
Devido a versão do CYPECAD conter apenas normas internacionais com relação ao
dimensionamento sismo-resistente dos edifícios, optou-se por calcular as cargas horizontais
envolvidas e aplicar analiticamente nos pilares como ações excepcionais adicionais, como é
caracterizado o sismo segundo a norma NBR-8681. Estas cargas horizontais, assim como a
consideração de torção, foram calculadas em conformidade com as definições e parâmetros
definidos pela norma brasileira para dimensionamento de estruturas sismos-resistentes a
NBR-15421. Porém, lançada as cargas uma a uma nos pilares, em duas direções ortogonais
para cada pavimento, o cálculo restante do edifício, foi todo realizado no CYPECAD.
79

3.3 Análise Realizada

Neste trabalho, foi analisado o mesmo edifício modificando-se o numero de


pavimentos-tipo e o tamanho da seção transversal dos pilares, mantendo-se a mesma taxa de
armadura longitudinal da base dos pilares que o edifício real de 20 pavimentos-tipo.
Foi estudado o edifício padrão com 5, 10, 15 e 20 pavimentos-tipo, no intuito de
verificar como a altura do edifício interfere no diagrama de esforços solicitantes frente às
ações sísmicas.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 22. (a) Lançamento estrutural dos edifícios com 20, (b) 15, (c) 10 e (d) 5 pavimentos-tipo
80

A análise em edifício de menor número de pavimentos se justifica pelo fato de que


muitos prédios em Caruaru estão sendo construídos com esse porte, que variam de 5 a 15
pavimentos. Existem ainda edifícios com mais de 20 pavimentos na cidade, porém ainda são
poucos e neles o controle estrutural é bastante intensificado.
Para cada edifício lançado, foram feitas duas análises, uma considerando apenas o
efeito do vento como força horizontal e outra considerando o vento e uma força horizontal
adicional simulando o efeito sísmico na estrutura, o que totalizou 8 análises. Essas estruturas
foram lançadas no CYPECAD para que, através do programa, fossem feitas as análises dos
diagramas de esforços solicitantes e fosse verificado o efeito que o sismo gera nas estruturas.
Foi analisado também se houve modificações nas taxas de aço em relação à área de concreto,
tanto para armadura longitudinal dos pilares como para armadura transversal (estribo).
Como a única mudança mais expressiva foi no número de lajes, mantendo-se a mesma
configuração no pavimento-tipo e nos demais, a única mudança feita nas cargas horizontais
adicionais foi no que diz respeito às cargas aplicadas na base da estrutura, pois dependem do
peso total do edifício, mantendo-se o mesmo coeficiente de resposta sísmica.

Tabela 17. Força horizontal aplicada na base da estrutura

Pilar (direção) 5 Pav. Tipo 10 Pav. Tipo 15 Pav. Tipo 20 Pav. Tipo
P1=P2 (x) 113,426 196,646 279,867 363,087
P1=P22 (y) 22,022 38,179 54,337 70,495
P3=P19 (y) 38,897 67,437 95,976 124,515
P5=P17 (y) 26,450 45,857 65,264 84,670
P9=P14 (y) 27,886 48,347 68,807 89,268

As demais cargas aplicadas foram as mesmas tanto no edifício de 20 pavimentos-tipo,


quanto no de 5, 10 e 15 pavimentos-tipo, pois dependem do peso do pavimento com os
equipamentos nele acoplados, e mesmo a mudança na seção do pilar torna-se insignificante no
cálculo da carga final.
Os principais pontos analisados foram se realmente há mudança nas taxas de
armadura, tanto longitudinal como transversal, com a consideração do sismo e qual a
magnitude dessa mudança. Foi considerado também o aumento nos esforços gerados no
arranque dos pilares juntamente com uma análise mais detalhada do esforço cortante nos
81

pilares, já que o sismo é uma força horizontal adicional. Também se verificou o efeito da
torção na combinação mais desfavorável
82

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As análises realizadas no CYPECAD geraram relatórios onde podem ser verificados


os esforços atuantes, bem como as taxas de armadura correspondentes e as combinações mais
desfavoráveis em todas as configurações propostas, com 5, 10, 15 e 20 pavimentos-tipo, com
e sem a consideração do esforço sísmico.
Estes relatórios mostram de forma detalhada em qual pilar e em qual pavimento
ocorreram os maiores esforços e as combinações mais desfavoráveis. Combinações essas que
o programa utiliza para calcular as taxas de armadura longitudinal e transversal no pilar.
Boa parte dos esforços e combinações não obtiveram mudanças consideráveis, tanto
no diferentes pavimentos, já que foi mantido a mesma taxa de armadura longitudinal,
modificando a seção dos pilares, quanto com a aplicação da consideração sísmica. Porém em
diversos pontos esses esforços aumentaram de forma bastante significante, principalmente na
base da estrutura, o que já mostra que a análise sísmica deve ser considerada no cálculo
estrutural.
O projeto estrutural original do edifício em questão foi calculado com pilares muito
robustos, com grandes seções transversais, isto gerou um edifício com ótima estabilidade
estrutural, principalmente na atuação dos esforços do vento. Entretanto, as análises mostraram
que mesmo em um edifício com tamanha estabilidade estrutural, os aumentos nos esforços e
nas taxas de armaduras são consideráveis, justificando dessa forma as análises com a
utilização de sismo.
Como a norma brasileira prescreve uma parcela de carga horizontal pequena para
estruturas na zona em que Caruaru se encontra, somada à boa estabilidade estrutural do
prédio, o efeito das cargas horizontais aplicadas nos pavimentos superiores é praticamente
desprezível, comparado a força horizontal do vento que também atua. Porém, os momentos
fletor e torsor, além do esforço cortante que a força sísmica gera, vão aumentando até a base
do edifício, nesse ponto a norma brasileira NBR-15421 prescreve uma carga adicional na base
como já foi explicitado no item 2.3.5.1, referente a força horizontal total na base da
edificação.
83

4.1 Taxa de Armadura Longitudinal

Mudanças mais significativas nas taxas de armadura longitudinal ocorreram da base


até o 2º pavimento-tipo, e a Tabela 18 mostra essas mudanças no edifício de
20 pavimentos-tipo em porcentagem de área com relação à área de concreto no térreo,
mezanino, 1º e 2º pavimentos-tipo, sem a consideração do sismo (SS) e com a consideração
do sismo (CS), para todos os pilares da estrutura.
Esses dados do edifício de 20 pavimentos-tipo são muito importantes, pois
representam o efeito do sismo em uma estrutura real, que está sendo construída e não se sabe
se foi levado em consideração a existência desses esforços em seu dimensionamento.
Mudanças de maior magnitude nas taxas de aço podem se tornar preocupantes quanto a
estabilidade global da estrutura, em um possível evento sísmico.

Tabela 18. Taxa de armadura longitudinal – Edifício de 20 Pav. Tipo

Térreo Mezanino 1º Pav. Tipo 2º Pav. Tipo


Pilar SS CS SS CS SS CS SS CS
P1 0,50 0,53 0,48 0,50 0,45 0,47 0,43 0,45
P2 0,52 0,69 0,49 0,52 0,47 0,50 0,44 0,47
P3 0,59 1,33 0,57 0,59 0,55 0,57 0,52 0,54
P4 0,55 1,11 0,53 0,55 0,50 0,53 0,48 0,50
P5 0,58 1,02 0,56 0,57 0,54 0,54 0,50 0,52
P6 0,50 0,64 0,48 0,49 0,45 0,47 0,43 0,45
P7 0,44 0,44 0,43 0,43 0,40 0,40 0,40 0,40
P8 0,40 0,70 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40
P9 0,92 1,05 0,92 1,00 0,68 0,79 0,50 0,56
P10 0,76 3,00 0,73 0,83 0,50 0,50 0,45 0,45
P11 0,43 0,43 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41
P12 0,83 1,88 0,76 0,88 0,50 0,73 0,45 0,45
P13 0,42 0,43 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41
P14 1,58 1,67 1,34 1,45 1,17 1,19 0,88 0,92
P15 0,40 0,95 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40 0,40
P16 0,44 0,44 0,43 0,43 0,40 0,40 0,40 0,40
84

P17 0,58 1,39 0,56 0,56 0,52 0,54 0,50 0,51


P18 0,50 0,76 0,48 0,49 0,45 0,47 0,43 0,44
P19 0,59 1,50 0,57 0,59 0,54 0,57 0,52 0,53
P20 0,54 1,11 0,53 0,55 0,50 0,53 0,48 0,50
P21 0,44 0,64 0,49 0,52 0,47 0,50 0,44 0,47
P22 0,50 0,83 0,48 0,50 0,45 0,48 0,43 0,45

Nota-se uma mudança em alguns casos bastante expressiva principalmente no


pavimento térreo, onde é feita a consideração da força horizontal total Estas alterações serão
melhor entendidas na Tabela 19.

Tabela 19. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed. 20 Pav-Tipo

Pilar Térreo Mezanino 1º Pav. Tipo 2º Pav. Tipo


P1 6,00 4,17 4,44 4,65
P2 32,69 6,12 6,38 6,82
P3 125,42 3,51 3,64 3,85
P4 101,82 3,77 6,00 4,17
P5 75,86 1,79 0,00 4,00
P6 28,00 2,08 4,44 4,65
P7 0,00 0,00 0,00 0,00
P8 75,00 0,00 0,00 0,00
P9 14,13 8,70 16,18 12,00
P10 294,74 13,70 0,00 0,00
P11 0,00 0,00 0,00 0,00
P12 126,51 15,79 46,00 0,00
P13 2,38 0,00 0,00 0,00
P14 5,70 8,21 1,71 4,55
P15 137,50 0,00 0,00 0,00
P16 0,00 0,00 0,00 0,00
P17 139,66 0,00 3,85 2,00
P18 52,00 2,08 4,44 2,33
P19 154,24 3,51 5,56 1,92
85

P20 105,56 3,77 6,00 4,17


P21 45,45 6,12 6,38 6,82
P22 66,00 4,17 6,67 4,65

Esta tabela mostra que houve aumentos consideráveis nas taxas de armadura
longitudinal dos pilares na estrutura com efeito sísmico, quando comparado com a estrutura
sem este efeito chegando ao alarmante valor de 294,74% de aumento no pilar P10, ou seja, a
armadura longitudinal aumentou 4 vezes a sua área. Em outros 7 pilares a área de armadura
longitudinal mais que dobrou em relação à estrutura sem considerações sísmicas. Nota-se que
em alguns casos houve apenas aumento das taxas na base da estrutura, o que já era esperado,
tendo em vista que o sismo age principalmente nessa região e é o local que a norma indica
que deve ser adotada a maior carga horizontal.
Em vários pilares, além de um aumento expressivo na base, houve também aumento
nas taxas ao longo do pilar, isto mostra que, mesmo em menor magnitude, os esforços gerados
pela ação sísmica podem ser significantes no dimensionamento de toda estrutura e não apenas
uma consideração adicional na base da mesma.
As tabelas 20, 21 e 22 mostram os dados de variação percentual para as outras
configurações adotadas no cálculo de edifícios de 15, 10 e 5 pavimentos-tipo respectivamente,
pois esses dados são os que melhor representam a ação do sismo na estrutura.

Tabela 20. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed. 15 Pav-Tipo

Pilar Térreo Mezanino 1º Pav. Tipo 2º Pav. Tipo


P1 92,31 -7,69 -11,54 2,44
P2 119,23 0,00 -7,69 -11,54
P3 32,93 0,00 12,61 28,57
P4 100,87 25,00 34,43 5,36
P5 72,48 12,66 0,00 0,00
P6 125,00 -7,69 -11,54 2,44
P7 0,00 0,00 0,00 0,00
P8 257,50 0,00 0,00 0,00
P9 59,65 -15,79 2,22 -6,67
P10 656,00 125,58 0,00 0,00
86

P11 247,73 0,00 0,00 0,00


P12 264,18 0,00 0,00 0,00
P13 247,73 0,00 0,00 0,00
P14 60,38 13,51 0,00 -15,79
P15 257,50 0,00 0,00 0,00
P16 25,58 0,00 0,00 0,00
P17 103,92 15,79 0,00 0,00
P18 155,77 -7,69 -11,54 2,44
P19 32,93 20,14 22,55 29,85
P20 100,87 30,68 34,43 5,36
P21 113,46 0,00 -7,69 -11,54
P22 155,77 -7,69 -11,54 2,44

Tabela 21. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed. 10 Pav-Tipo

Pilar Térreo Mezanino 1º Pav. Tipo 2º Pav. Tipo


P1 145,59 2,13 2,33 0,00
P2 60,50 -10,53 4,17 2,33
P3 233,33 3,64 1,92 2,13
P4 157,89 1,85 4,08 2,22
P5 71,84 20,97 5,36 2,00
P6 82,22 15,25 1,85 0,00
P7 0,00 0,00 0,00 0,00
P8 297,50 0,00 0,00 0,00
P9 84,09 0,00 0,00 0,00
P10 411,76 0,00 0,00 0,00
P11 75,00 0,00 0,00 0,00
P12 215,69 0,00 0,00 0,00
P13 70,83 0,00 0,00 0,00
P14 211,76 0,00 0,00 0,00
P15 297,50 0,00 0,00 0,00
P16 0,00 0,00 0,00 0,00
P17 80,61 14,52 1,82 0,00
87

P18 95,45 15,25 1,85 0,00


P19 178,33 3,64 1,92 2,13
P20 250,88 1,85 4,08 0,00
P21 45,38 -26,32 4,17 2,33
P22 180,88 2,13 2,33 0,00

Tabela 22. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed. 5 Pav-Tipo

Pilar Térreo Mezanino 1º Pav. Tipo 2º Pav. Tipo


P1 13,64 0,00 0,00 0,00
P2 0,00 0,00 0,00 0,00
P3 14,04 0,00 0,00 0,00
P4 0,00 2,38 0,00 0,00
P5 0,00 0,00 0,00 0,00
P6 0,00 0,00 0,00 0,00
P7 0,00 0,00 0,00 0,00
P8 80,00 0,00 0,00 0,00
P9 0,00 0,00 0,00 0,00
P10 56,36 0,00 0,00 0,00
P11 0,00 0,00 0,00 0,00
P12 0,00 0,00 0,00 0,00
P13 0,00 0,00 0,00 0,00
P14 17,65 0,00 0,00 0,00
P15 90,00 0,00 0,00 0,00
P16 0,00 0,00 0,00 0,00
P17 0,00 0,00 0,00 0,00
P18 0,00 0,00 0,00 0,00
P19 0,00 0,00 2,44 0,00
P20 0,00 2,38 0,00 0,00
P21 -8,70 0,00 0,00 0,00
P22 65,91 0,00 0,00 0,00
88

Nestas tabelas os valores negativos indicam que houve um alívio nos esforços naquele
determinado tramo do pilar para a combinação mais desfavorável adotada pelo programa.
Porém estas reduções nas taxas de armadura são compensadas em outros pilares que tem
aumento expressivo na sua taxa correspondente. É possível perceber que existe um padrão
para o alívio nos pilares, isto sugere que o dimensionamento está coerente. Os pilares do
centro tendem a sofrer maior efeito apenas na base enquanto os mais externos tendem a ter
esforços menores na base e variar nos tramos superiores entre alívio e acréscimo de tensão.
Os pilares dos cantos tendem a sofrer alívio nos tramos superiores até estabilizar em uma
mesma taxa, com um aumento apenas na taxa de armadura da base. Isto só não se verifica
para o edifício com 20 pavimentos-tipo, porém o aumento na taxa de armadura que ocorre
nesses pilares não é tão considerável.

4.2 Taxa de Armadura Transversal

As modificações nas taxas da armadura transversal (estribo) ocorreram apenas na base


da estrutura, porém essas modificações em alguns casos chegou a ser bastante considerável,
chegando a aumentar a área de aço necessária em 60% para um mesmo espaçamento. Isto faz
com que a bitola utilizada nos estribos passasse de P6.3 para P8.0, o que representa um
aumento de 0,189 cm² na área de aço necessária. Essas modificações sugerem que os esforços
cortantes atuantes no elemento estrutural estão aumentando com a aplicação do efeito sísmico
nas estruturas.

4.3 Relação entre Esforços Cortantes no Tramo do Pilar

O esforço cortante nos pilares foi verificado nas duas direções. O CYPECAD gera o
resultado desse cálculo em uma planilha indicado os esforços cortantes de ruptura, a origem
dos esforços mais desfavoráveis, além de uma verificação de interação entre as duas direções.
Essa verificação da interação é feita relacionando-se o esforço de cálculo pelo esforço
de ruptura e quanto mais próximo de 1, maior será o esforço cortante a que o pilar está
submetido e é um bom parâmetro para analisar como o sismo está atuando no esforço
89

cortante. E como aliado a esse valor está a origem da carga mais desfavorável é possível saber
se foi realmente a consideração sísmica que causou esse aumento.
A Tabela 23 mostra os valores desse coeficiente de interação VC1 e VC2, de
compressão e tração respectivamente, no térreo e no mezanino do edifício de
20 pavimentos-tipo, para os pavimentos com maiores alterações. A Tabela 24 mostram a
variação percentual dos 4 pavimentos mais afetados pelo esforço cortante, térreo, mezanino,1º
e 2º pavimentos-tipo também do edifício de 20-pavimentos-tipo, onde ocorreram as maiores
alterações no valor da verificação da interação no esforço cortante.

Tabela 23. Valores do coeficiente de interação do esforço cortante - Ed. 20 Pav-Tipo

MEZANINO TERREO
Sem Sismo Com Sismo Sem Sismo Com Sismo
PILAR VC1 VC2 VC1 VC2 VC1 VC2 VC1 VC2
P1 0,04 0,10 0,15 0,42 0,05 0,12 0,06 0,14
P2 0,05 0,09 0,15 0,43 0,05 0,14 0,07 0,13
P3 0,06 0,14 0,23 0,52 0,06 0,13 0,07 0,19
P4 0,04 0,11 0,19 0,52 0,05 0,11 0,06 0,13
P5 0,03 0,08 0,19 0,48 0,03 0,07 0,05 0,11
P6 0,05 0,11 0,17 0,56 0,05 0,14 0,06 0,16
P7 0,02 0,06 0,09 0,27 0,03 0,06 0,03 0,07
P8 0,05 0,12 0,21 0,72 0,06 0,12 0,06 0,13
P9 0,04 0,08 0,10 0,27 0,05 0,12 0,06 0,13
P10 0,03 0,08 0,29 0,83 0,05 0,11 0,10 0,23
P11 0,04 0,10 0,14 0,39 0,05 0,11 0,04 0,10
P12 0,03 0,08 0,28 0,82 0,04 0,11 0,08 0,17
P13 0,04 0,10 0,14 0,41 0,05 0,12 0,04 0,11
P14 0,05 0,10 0,13 0,28 0,06 0,13 0,06 0,15
P15 0,05 0,12 0,21 0,59 0,06 0,12 0,06 0,13
P16 0,02 0,06 0,09 0,29 0,03 0,06 0,03 0,07
P17 0,03 0,08 0,20 0,52 0,03 0,08 0,05 0,11
P18 0,05 0,11 0,17 0,56 0,06 0,14 0,06 0,16
P19 0,06 0,14 0,22 0,55 0,06 0,13 0,07 0,19
P20 0,04 0,11 0,20 0,53 0,05 0,11 0,06 0,13
P21 0,05 0,09 0,17 0,50 0,05 0,14 0,07 0,13
P22 0,04 0,10 0,17 0,42 0,05 0,12 0,06 0,14

Os valores em vermelho indicam que a combinação mais desfavorável da origem dos


esforços foi a soma das forças verticais mais a força sísmica. Esses foram os valores
utilizados no dimensionamento da área de aço necessária. Os demais valores têm como
90

origem dos esforços mais desfavoráveis a combinação entre forças verticais e vento. Mesmo a
atuação sísmica tendo grande impacto na base do edifício, no decorrer dos pavimentos os
esforços causados pelo vento ainda geram as combinações mais desfavoráveis na grande
maioria dos casos analisados.

Tabela 24. Diferença percentual entre coeficientes da Tabela 23.

Mezanino Térreo 1º Pav. Tipo 2º Pav. Tipo


Pilar VC1 VC2 VC1 VC2 VC1 VC2 VC1 VC2
P1 275,00 320,00 20,00 16,67 50,00 40,00 25,00 20,00
P2 200,00 377,78 40,00 -7,14 40,00 15,38 20,00 36,36
P3 283,33 271,43 16,67 46,15 16,67 6,67 16,67 35,71
P4 375,00 372,73 20,00 18,18 20,00 7,14 16,67 30,77
P5 533,33 500,00 66,67 57,14 25,00 33,33 0,00 0,00
P6 240,00 409,09 20,00 14,29 16,67 23,08 16,67 7,69
P7 350,00 350,00 0,00 16,67 0,00 -25,00 33,33 12,50
P8 320,00 500,00 0,00 8,33 0,00 0,00 0,00 0,00
P9 150,00 237,50 20,00 8,33 -50,00 -7,14 16,67 45,45
P10 866,67 937,50 100,00 109,09 60,00 38,46 40,00 30,77
P11 250,00 290,00 -20,00 -9,09 0,00 -9,09 0,00 0,00
P12 833,33 925,00 100,00 54,55 0,00 8,33 0,00 7,69
P13 250,00 310,00 -20,00 -8,33 0,00 0,00 25,00 0,00
P14 160,00 180,00 0,00 15,38 0,00 33,33 0,00 14,29
P15 320,00 391,67 0,00 8,33 0,00 0,00 0,00 0,00
P16 350,00 383,33 0,00 16,67 0,00 -25,00 33,33 12,50
P17 566,67 550,00 66,67 37,50 25,00 9,09 0,00 0,00
P18 240,00 409,09 0,00 14,29 16,67 23,08 16,67 7,69
P19 266,67 292,86 16,67 46,15 16,67 6,67 16,67 21,43
P20 400,00 381,82 20,00 18,18 20,00 7,14 16,67 30,77
P21 240,00 455,56 40,00 -7,14 40,00 15,38 20,00 36,36
P22 325,00 320,00 20,00 16,67 50,00 40,00 25,00 20,00

Nota-se nesta tabela que os esforços cortantes nos pilares aumentaram de maneira
alarmante, chegando a um aumento de mais de 900% em um caso, e uma média de aumento
no esforço cortante na base dos pilares de aproximadamente 400%.
Os valores negativos indicam novamente que houve alívio em determinadas seções, já
que a estrutura é dimensionada como um todo, esse aumento expressivo em determinado pilar
tende a gerar uma diminuição de esforços em outro pilar. É possível notar que os pilares que
possuem estas taxas negativas também têm o menor aumento do esforço cortante na base dos
91

pilares. Isto pode indicar que esses pilares realmente estão tendo um alívio nos esforços
devido a interação da estrutura como um todo, porém como a força horizontal na base é
grande, esse alívio gerado não teve intensidade suficiente para sobrepor o efeito desta força
que também age nos pilares.

4.4 Esforços Atuantes no Arranque dos Pilares

É nos arranques dos pilares onde se tem os maiores esforços gerado na estrutura. O
CYPECAD gera um relatório indicando quais e qual o valor dos esforços nos arranques dos
pilares, ou seja, no contato entre o pilar e o elemento de fundação.

4.4.1 Momento Fletor

Apesar do sismo agir com muita intensidade na base da estrutura, esperava-se que
como o vento age em toda estrutura os esforços gerados no arranque dos pilares seriam
compatíveis, porém os resultados mostraram que o sismo tem uma influência muito maior
nessa região. Em todas as configurações analisadas, variando o número de pavimentos, os
valores de momento fletor gerados pelo vento foram em torno de 40% a 45% do esforço
gerado pela simulação do sismo em uma direção. Quando isso ocorria, o esforço gerado pelo
vento era totalmente desprezível na outra direção em relação ao efeito do sismo. Em nenhum
caso, o momento fletor causado pelo vento na arranque dos pilares foi maior que 50% do
momento fletor causado pelo efeito do sismo nesta mesma região.

4.4.2 Esforço Normal

Nos edifício onde se considerou a ação sísmica, houve uma pequena redução dos
esforços normais na ligação dos pilares com os elementos de fundação, em relação aos
edifícios sem a consideração sísmica. Essa redução aconteceu de forma uniforme em todos os
pilares variando de 1,05% no edifício de 5 pavimentos-tipo, até 1,00% no edifício de
20 pavimentos-tipo. Esta redução já era, em parte, esperada devido ao alívio que a força
horizontal adicional possa gerar em alguns pilares, porém a redução aconteceu em todos os
92

pilares e coincidentemente igual ao valor de parcela de carga utilizada no cálculo, conforme


item 2.3.3.3 e item 3.2, que é de 1% da carga do pavimento. Para entender melhor essa
situação seria necessário um estudo mais detalhado nos diagramas de esforços solicitantes dos
pilares.

4.4.3 Esforço Cortante

Assim como no tramo do pilar, falado anteriormente, no arranque os esforços cortantes


aumentaram absurdamente com relação aos gerados nas estruturas sem consideração da ação
sísmica. O que antes poderia ser desprezado, em relação ao esforço cortante, agora se faz
necessário considerar. O aumento no esforço cortante na base dos pilares girou em torno de
1000%, que representa um aumento expressivo que provavelmente não é considerado nos
dimensionamentos atuais.

4.4.4 Momento Torsor

Sem a atuação sísmica, as únicas forças horizontais na estrutura são provenientes do


vento, porém, mesmo sendo uma carga considerável, esta carga também é uniformemente
distribuída na estrutura, de maneira que gera pouco, ou até nenhum, momento torsor nos
pilares.
Para a estrutura analisada, em nenhum caso das 4 configurações adotadas foi gerado
momento torsor no arranque dos pilares nas considerações sem o efeito sísmico. Porém com a
introdução da consideração da torção estipulada pela norma de sismo, NBR-15421:2006,
percebeu-se que, mesmo para uma carga relativamente pequena, os esforços de torção tiveram
um aumento bastante considerável, levando em consideração que praticamente não existiam.
93

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi verificado que os eventos sísmicos na cidade de Caruaru, atribuídos à falha


geológica em que a cidade se encontra, têm efeito, provavelmente não considerado, nas
estruturas de concreto armado na cidade. Este efeito gera esforços de magnitude bastante
considerável nas estruturas e que precisam ser adotados conforme explicações contidas
norma.
Mostrou-se que o aumento nos esforços, causado pelo efeito dos sismos, gera aumento
na taxa de armadura longitudinal dos pilares além de aumentar consideravelmente os esforços
cortantes nos tramos e na base dos pilares da estrutura.
A base da estrutura é a região mais afetada pela ação sísmica. Nesta região, verificou-
se que os momentos fletores aumentam bastante e que são gerados esforços torsionais
adicionais que antes não existiam na região de ligação entre o pilar e o elemento de fundação
(arranque).
Com base nos resultados encontrados, é natural afirmar que a análise de estruturas
sismo-resistentes precisa ser feita nos edifícios construídos em Caruaru, para que em um
possível evento sísmico possa-se garantir a estabilidade estrutural desses edifícios, como
também garantir a integridade física e material das pessoas que fazem uso dessas edificações.
94

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIAS, J. Alveirinho, Geologia Ambiental, Sismos


<w3.ualg.pt/~jdias/GEOLAMB/GAS_Sismos/index5.html> acessado em 19 de dezembro de
2011.

FERREIRA, Joaquim M.; NASCIMENTO, Aderson F. do; BEZERRA, Francisco H.B.;


NETO, Heleno C. de Lima; OLIVEIRA, Paulo H. C.; Sismos recentes no nordeste do Brasil
e sua correlação com a geologia, 2009.

LIMA, Douglas Mateus de; SABINO, René Bueno de Galvão; SOARES, José Moura;
JUNIOR, Humberto Correia Lima. Avaliação da capacidade resistente dos pilares de
concreto armado das edificações quanto às ações se sismos. Anais do 50° Congresso
Brasileiro de Concreto. 2008.

Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 15421:2006. Projeto de estruturas


resistentes a sismos – procedimento. ICS 91.080; 91.080.01.

. NBR 8681:2003. Ações e segurança nas estruturas – procedimento.


ICS 91.080.040.

. NBR 6118:2003. Projeto de estruturas de concreto – procedimento.


ICS 91.080.040.

POMBA, Filipe José Campos; Comportamento Sísmico de um edifício de pequeno porte.


Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. 2007.

LIMA, Daniel Augusto Ferreira; Comportamento Sísmico dos edifícios. Universidade Jean
Piaget de Cabo Verde, 2010.

CHEN, W. F.; SCAWTHORN C.; Earthquake engineering—Handbooks. Ed. CRC Press


LLC. 2003.

Você também pode gostar