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CARUARU, 2012
HEVERTON ALVES BESERRA DE MELO
CARUARU, 2012
A minha família, em especial a minha mãe.
AGRADECIMENTOS
Historicamente, acreditava-se que o Brasil era livre de atividade sísmica, hoje, porém,
sabe-se que em boa parte do território nacional existem falhas geológicas que provavelmente
geram atividade sísmica no país, embora que de baixa intensidade. O nordeste é a região com
o maior número de falhas geológicas constatadas e a cidade de Caruaru encontra-se situada
sobre uma dessas falhas. Com o histórico de abalos sísmicos que a cidade têm, é natural
atribuir essa certa atividade sísmica a falha existente que corta praticamente todo estado de
Pernambuco. Caruaru vive hoje um grande momento imobiliário, com edifícios cada vez mais
altos e em maior quantidade. Este estudo mostrou a influência dessa atividade sísmica nas
estruturas de concreto armado em Caruaru, utilizando os parâmetros estabelecidos pela norma
brasileira de dimensionamento sísmico, NBR-15421:2006, e adotando o programa de cálculo
estrutural CYPECAD como ferramenta de suporte. Para o estudo dessa influência adotou-se
uma estrutura de um prédio real, de 23 pavimentos ao todo, existente na cidade e mais 3
simulações do mesmo prédio, variando o numero de pavimentos. Os resultados mostraram
que há uma forte influência dos sismos, principalmente na base da estrutura, refletida no
aumento das taxas longitudinais de armadura, que em alguns casos passou de 100% chegando
até a mais de 290%. Também se verificou um aumento considerável dos esforços no encontro
dos pilares com os elementos de fundação, especialmente os esforços de torção, que antes
chegavam a ser desprezíveis, além de constatar aumentos bastante expressivos nos esforços
cortantes dos pilares com a adoção do efeito do sismo nas estruturas. Logo o
dimensionamento de estruturas sismo-resistentes em Caruaru, que hoje provavelmente não é
realizado, deve ser levado em consideração diante do aumento considerável das cargas que
este efeito gera na estrutura.
Historically, it was believed that Brazil was free of seismic activity, today, however, it
is known that much of the territory there are probably faults that generate seismic activity in
the country, although that low intensity. The Northeast is the region with the largest number
of detected faults and the city of Caruaru is situated on one of these faults. With a history of
earthquakes that the city has, it is natural to assign this right seismically active failure that
exists and that cuts almost every state of Pernambuco. Caruaru lives today big time real estate
with buildings louder and in larger quantities. This study showed that the influence seismic
activity in reinforced concrete structures in Caruaru, using the parameters established by the
Brazilian standard for seismic design, NBR 15421:2006, and adopting the program of
structural calculation CYPECAD as a support tool. To study this effect was adopted a
structure of a real building of 23 floors in total, existing in the city and 3 more of the same
building simulations, varying the number of floors. he results show that there is strong
influence of earthquakes, particularly at the base of the structure, reflected in increased rates
longitudinal reinforcement, which in some cases was 100%, reaching up to more than 290%,
there was also a considerable increase efforts in meeting the pillars with the foundation
members especially the torsion, which before came to be negligible, and finds quite
significant increases in shear in the columns with the adoption of the effect of the earthquake
on structures. Therefore the design of earthquake-resistant structures in Caruaru, which today
is probably not done, should be taken into account before the considerable increase of this
effect generates loads in the structure.
1 Introdução............................................................................................................... 15
1.1 Justificativa ..................................................................................................... 16
2.3.5 Análise Sísmica pelo Método das Forças Horizontais Equivalentes ........ 56
1 INTRODUÇÃO
ao projeto de estruturas resistentes a sismos em casos em que se justifique sua aplicação. Uma
das normas internacionais mais utilizadas nesse aspecto é o EUROCODE 8, Design of
Structures for Earthquake Resistence (Projeto de Estruturas Resistentes a Sismos) part 1,
General Rules, Seismic actions and Rules for Buildings (Regras Gerais, Ações Sísmicas e
Regras para Edifícios), que contém o procedimento adotado para realização de projetos de
estruturas resistentes a sismos nos países europeus onde os abalos sísmicos são mais intensos
e recorrentes.
A utilização de ferramentas computacionais, na engenharia civil, vem se tornando cada
vez mais indispensável. Devido ao alto nível de complexidade dos projetos, da necessidade de
cálculos mais precisos e porque não dizer do tempo de realização dos cálculos e do número de
projetos, essas ferramentas vêm como um auxilio para o engenheiro civil na realização do
cálculo estrutural, facilitando tarefas que antes pareciam impossíveis.
Uma dessas ferramentas é o CYPECAD, que é um programa que auxilia na realização
de cálculos estruturais, propiciando um projeto otimizado de maneira simples com uma
grande economia de tempo. Neste programa, é possível calcular as estruturas considerando a
atuação de sismos de acordo com uma determinada norma específica e com a localidade do
projeto a ser calculado. Assim, é possível fazer uma análise do aumento dos esforços atuantes
nas estruturas devido à ação sísmica.
1.1 Justificativa
Mesmo possuindo certa atividade sísmica, provavelmente não existem estudos sobre a
influência desses sismos sobre as estruturas de Caruaru, que hoje vive um momento de forte
crescimento imobiliário, construindo edifícios cada vez mais altos, chegando até 22
pavimentos. Há previsão de edifícios de 40 pavimentos, que em um evento sísmico seriam
mais afetados devido aos esforços horizontais gerados, que por sua vez produzirão momentos
fletores, que aumentam com a altura. Dessa forma, na possibilidade de um sismo de maior
magnitude atingir a cidade, estes edifícios poderiam sair do regime elástico e entrar em um
regime plástico de deformação, podendo assim ocasionar um colapso da estrutura.
Portanto, surge a necessidade de analisar a influência que os sismos possam ter nas
edificações da cidade e assim verificar se os projetos das estruturas locais estão contemplando
17
tal fenômeno, uma vez que a ocorrência de sismos, mesmo que não tão frequente, altera por
completo os diagramas de esforços solicitantes dessas estruturas.
Dessa forma, também é possível fazer uma análise da norma de sismos NBR
15421:2006 e verificar se as edificações na cidade estão em conformidade com suas
especificações. Esta é uma norma relativamente nova.
Aliado a isso este trabalho permite fazer um levantamento estrutural de alguns edifícios
na cidade de caruaru e verificar se o dimensionamento dos mesmos considerou a ação de
sismos, ou se foi adotado que estas ações estão consideradas no cálculo de resistência ao
vento.
Este trabalho tem como objetivo geral a avaliação dos feitos dos sismos nas
edificações na cidade de caruaru, verificando a diferença dos esforços atuantes com e sem a
consideração da ação sísmica, utilizando para tanto a ferramenta computacional CYPECAD
para o cálculo estrutural.
Objetiva-se também fazer um estudo das estruturas dos edifícios em Caruaru, ver
como o cálculo estrutural para sismos é realizado e as considerações que são feitas neste
cálculo.
Dessa forma, pode-se também conseguir um maior aprendizado sobre o cálculo
estrutural realizado pelo CYPECAD e suas funções.
18
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Sismologia
O planeta terra, desde sua formação, vem passando por mudanças em sua
geomorfologia e a teoria tectônica de placas globaliza o estudo e a compreensão das
chamadas geociências, desde a paleontologia, estudo de fósseis, até a sismologia, estudo dos
sismos. A partir dessa teoria foi possível demonstrar que a superfície terrestre era, na verdade,
formada por uma camada mais superficial feita de rochas rígidas, a litosfera, que está
fragmentada em placas, umas maiores outras menores,
Na
Figura 1, estão destacadas as regiões em que ocorre o movimento de uma em relação à
outra, assentadas em uma camada menos rígida, mais móvel e bem mais quente, que induz
esse movimento, a astenosfera. Segundo CHARLES SCAWTHORN (2003), estas placas são
conduzidas por um movimento de convecção do material da astenosfera, que por sua vez é
impulsionado pelo calor gerado no núcleo da terra (Figura 2).
19
Nas regiões de encontro entre essas placas, é onde os sismos ocorrem com maior
frequência e também os de maiores magnitudes. Existem três tipos principais de fronteiras de
placas (Figura 3).
1. Fronteiras divergentes: onde é gerada uma nova crosta oceânica e as placas se
afastam uma das outra;
2. Fronteiras convergentes: onde a crosta oceânica é consumida (destruída) e uma
placa “mergulha” sob a outra;
3. Fronteiras transformantes: em que não há criação nem consumo da crosta
oceânica, mas as placas deslizam horizontalmente uma pela outra.
Pode ser entendido também como fenômeno de vibração abrupta da superfície da terra,
resultante do deslocamento subterrâneo de blocos rochosos, de atividade vulcânica ou do
movimento de gases no interior da terra. Os mesmos ocorrem próximos à junção das placas
tectônicas ou, por vezes, em falhas geológicas do local (LIMA et al, 2008). Os sismos de
maior magnitude ocorrem na zona limitante das fronteiras de placas convergentes.
O grande problema dos sismos sobre as construções ocorre quando a energia
provocada pela ação sísmica, que atua nas fundações se situa numa gama de frequências que
coincide com as frequências de vibração da estrutura, o que conduz a fenômenos de
ressonância, provocando consequências desastrosas (POMBA, 2007). Assim, para a análise
em edifícios as vibrações horizontais são mais importantes, entretanto, em zonas próximas ao
epicentro, as vibrações verticais também ganham especial importância.
As consequências de um sismo dependem de alguns fatores: a intensidade da ação
sísmica, que varia em função da energia liberada, da distância ao epicentro e das
características do solo, da ocupação do território e da vulnerabilidade das construções.
Embora a área de atuação de sismo possa se estender por até alguns milhares de
quilômetros quadrados na superfície e geração dele possa envolver gigantescas placas
rochosas, o sismo parece ter sido provocado por uma fonte pontual (DIAS, 2006).
22
Tipo de onda que se propaga num espaço tri-dimensional a partir de uma fonte
pontual, onde sua amplitude decresce com o inverso da distância à fonte.
2.1.1.1.1 Ondas P
(a)
(b)
Figura 5. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido de uma onda P.
2.1.1.1.2 Ondas S
(a)
(b)
Figura 6. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido de uma onda S.
A velocidade de propagação deste tipo de onda é menor que a velocidade das ondas P
e por este motivo são denominadas ondas secundárias, pois chegam depois das ondas P. Além
disso, as ondas S só se propagam em meios sólidos.
pelos sismos de maior intensidade. Basicamente estas ondas são geradas por uma perturbação
exercida em uma superfície livre e que se propaga por ela.
2.1.1.2.1 Ondas L
(a)
(b)
Figura 7. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido de uma onda L.
2.1.1.2.2 Ondas R
(a)
(b)
Figura 8. (a) Diagrama esquemático e (b) simulação do comportamento em um sólido de uma onda R.
tende a gerar uma pequena gama de ondas superficiais, enquanto sismos que ocorrem
próximos à superfície pode gerar ondas superficiais muito fortes, e, como já foi visto, essas
ondas superficiais são as causadoras dos maiores estragos.
Por outro lado, a amplitude das ondas volumétricas não é muito sensível à
profundidade do foco. Por isso, desenvolveram-se também escalas de magnitude que usam as
ondas volumétricas.
A magnitude é expressa numa escala logarítmica, o que significa que o aumento de
1 (uma) unidade da magnitude corresponde a um aumento de 10 (dez) na amplitude das ondas
sísmicas que estiveram na base da sua determinação.
Charles F. Richter e Beno Gutenberg estabeleceram, também, uma relação seguinte
entre a magnitude (M) e a energia sísmica (ES):
Porém, a energia ES (em ergs) não corresponde à energia total intrínseca do sismo, é,
apenas, a quantidade de energia emitida pelo sismo na forma de ondas sísmicas, a qual é uma
fracção da energia total transferida durante o processo sísmico. A Tabela 1 mostra a relação
entre a magnitude e a energia liberada pelo sismo.
Nota-se que para cada aumento de 1 (uma) unidade na escala de magnitudes o valor
correspondente em energia liberada é 31 (trinta e uma) vezes maior, ou seja, um sismo com
magnitude 6 (seis) provoca, no sismógrafo, uma amplitude máxima 10 (dez) vezes maior do
29
que um sismo com magnitude 5 (cinco); no entanto, liberta cerca de 31 (trinta e uma) vezes
mais energia.
Para cada sismo, existe um valor único de magnitude, porém seus efeitos podem variar
dependendo de fatores como, por exemplo, a distância da zona epicentral, a qualidade das
construções e as características geológicas do local entre outros. A esses efeitos que o sismo
pode causar dá-se o nome de intensidade sísmica.
Quando ocorre um grande sismo, caso haja danos registrados, é distribuído um tipo de
questionário às populações afetadas, pedindo informações que são posteriormente utilizadas
para determinar a intensidade em cada local. As intensidades são classificadas em numeração
romana de acordo com a escala proposta por GIUSEPPI MERCALLI no final do século XIX
e que foi posteriormente modificada e adaptada (Tabela 2), divididas em graus I a XII,
conforme aumentando a intensidade do sismo o grau aumenta. Estas intensidades são depois
representadas sob a forma de mapas onde são desenhadas isolinhas de intensidade
(chamadas isossistas), da mesma forma que as linhas de nível são usadas para fazer mapas
topográficos.
2.1.2.3 Profundidade
Os sismos ainda podem, segundo DIAS (2006), ser classificados segundo sua
profundidade:
• Sismos pouco profundos, com profundidade focal inferior a 70 km, no sistema
de cristas oceânicas os focos têm profundidades inferiores a 10-15 km, são
responsáveis por cerca de 85% da energia anual liberada por sismos;
• Os sismos intermediários, com profundidade focal entre 70 e 300 km, são
responsáveis por cerca de 12% da energia sísmica global anual;
• Os sismos profundos, com hipocentros localizados a profundidades superiores
a 300 km, libertam anualmente apenas cerca de 3 % da energia sísmica global.
Estes ocorrem apenas no arco circum-Pacífico e na zona mediterrânica trans-
asiática e acompanham o processo de subducção.
2.1.3.1 Sismograma
Como as ondas P são as mais rápidas, elas são as primeiras a chegar. Assim, a
primeira fase de um sismograma corresponde à chegada deste tipo de ondas. A próxima fase
do sismograma é a relacionada com as ondas S, que normalmente têm uma amplitude superior
a das ondas P. Em seguida chegam as perturbações associadas com as ondas superficiais
(ondas com comprimento de onda muito superior), que se caracterizam também por
possuírem uma amplitude mais elevada que a das ondas volumétricas. Entre as ondas
superficiais, as ondas Love (L) deslocam-se com praticamente a mesma velocidade das
ondas S e por isso chegam mais rapidamente que as ondas de Rayleigh.
As fases detectadas nos sismogramas dependem do tipo de sensor utilizado e da
orientação relativa deste respectivamente à direção de chegada das ondas sísmicas
(DIAS, 2006), ou seja, um sismômetro de componente vertical pode detectar ondas P, SV e R,
mas não as ondas SH e L, enquanto que num sismômetro de componente horizontal só se
pode detectar as fases P, SH, R e L. a Figura 12 represente esta diferença.
Uma estação sismográfica deve ter três sismógrafos diferentes: um sensível às
vibrações norte-sul, outro às leste-oeste, e um terceiro às vibrações verticais. Com os dados
registrados por estes equipamentos é possível determinar a distância e direção do epicentro, a
magnitude e o tipo de falha que originou o sismo. Atualmente utilizam-se redes sismográficas
que ligam várias estações, o que permite determinar com maior precisão a localização do
epicentro e do hipocentro, bem como produzir melhores estimativas dos outros parâmetros
(DIAS, 2006)
34
(a) (b)
Figura 13. (a) Gráfico de determinação do intervalo de tempo entre as ondas S e P, (b) Diagrama de interseção
de círculos para determinação do epicentro.
36
O Brasil, por estar situado em uma região considerada passiva, longe de qualquer
grande falha, no interior da placa sul-americana, não está sujeito a grandes terremotos, porém
não está livre da atuação sísmica, já que existem, em todo seu território, falhas geológicas
capazes de produzir sismos, alguns de magnitude grande o suficiente para causar estragos
consideráveis, como é o caso do sismo ocorrido na cidade de João Câmara-RN, onde o abalo
sísmico teve magnitude de 5,1 na escala Richter e causou destruição em aproximadamente 4
mil imóveis. Há registro de terremotos no Brasil desde o inicio do século XX, e com isso foi
gerado um “Mapa Tectônico do Brasil” mostrando a existência de 48 falhas geológicas
associadas à ocorrência sísmica no país (Figura 14), inclusive as falhas que já
comprovadamente foram causa de terremotos.
Apesar de não ser alarmante, o nível de sismicidade brasileira precisa ser considerado
em determinados projetos de engenharia, como Centrais nucleares, grandes barragens e outras
construções de grande porte, principalmente nas construções situadas nas áreas de maior
risco.
Historicamente, a região nordeste é a mais afetada e onde se registra maior atividade
sísmica.
Caruaru está situado sobre uma falha que percorre todo território pernambucano,
denominada zona de cisalhamento Pernambuco-Leste, e isto pode ser uma das causas da
atividade sísmica da cidade. Existem registros de sismos na cidade de Caruaru desde a década
de 60. A Tabela 3 mostra todos os eventos sísmicos ocorridos na cidade desde então.
37
Todas as estruturas devem ser projetadas e construídas para resistir aos efeitos das
ações sísmicas, conforme os requisitos estabelecidos na norma brasileira NBR 8681:2003. No
projeto das estruturas deverão ser considerados os estados limites últimos, conforme definido
nesta norma. Deverão também ser verificados estados limites de serviço caracterizados por
deslocamentos excessivos, principalmente como parâmetro de limitação dos danos causados
pelos sismos às edificações. As cargas sísmicas, definidas por norma, consideram a
capacidade de dissipação de energia no regime inelástico das estruturas, o que conduz aos
requisitos específicos definidos para o projeto, o detalhamento e a construção.
Os valores a serem definidos como característicos nominais para as ações sísmicas são
aqueles que têm 10% de probabilidade de serem ultrapassados no sentido desfavorável,
durante um período de 50 anos, o que corresponde a um período de retorno de 475 anos.
39
- de acordo com os valores definidos nas Tabelas 1 e 2 da NBR 8681:2003 para ações
permanentes na combinação última excepcional; especificamente para edificações onde as
cargas acidentais não superem 5 kN/m2, quando o efeito das ações permanentes é
desfavorável, deve ser considerado = 1,2;
= 0,0 de acordo com a Tabela 3 da NBR 8681:2003 para efeitos de recalques de apoio e da
retração dos materiais na combinação última excepcional;
= 1,0 de acordo com o item 5.1.4.3 da NBR 8681:2003 para ações excepcionais na
combinação última excepcional.
Figura 15. Mapeamento da aceleração sísmica horizontal característica no Brasil para terrenos da
classe B (“Rocha”).
41
O terreno de fundação deverá ser categorizado em uma das classes definidas na Tabela
5, associadas aos valores numéricos dos parâmetros médios avaliados nos 30 metros
superiores do terreno. Onde a velocidade de propagação de ondas de cisalhamento não for
no
conhecida, será permitida a classificação do terreno a partir do número médio de golpes
ensaio SPT, conforme explicitado na Tabela 5. As classes de rocha, A ou B, não podem ser
consideradas se houver uma camada superficial de solo superior a 3m. Para solos
são obtidos em função destes mesmos valores e
estratificados, os valores médios e
nas diversas camadas i, através das expressões abaixo, em que é a espessura de cada uma
das camadas do subsolo.
∑
̅
∑
∑
∑
≥ 50
Rocha alterada
C ou solo muito 760 m/s ≥ ̅ ≥ 370 m/s
≥ 15
rígido
D Solo rígido 370 m/s ≥ ̅ ≥ 180 m/s 50 ≥
Solo mole ̅ ≤ 180 m/s ≤ 15
E
- Qualquer perfil incluindo camada com mais de 3m de argila mole
Solo exigindo avaliação específica, como:
1. Solos vulneráveis à ação sísmica, como solos liquefazíveis,
argilas muito sensíveis e solos colapsíveis fracamente
F - cimentados;
2. Turfa ou argilas muito orgânicas;
3. Argilas muito plásticas;
4. Estratos muito espessos ( ≥35m) de argila mole ou média.
42
Onde ! ' e ! são as acelerações espectrais, conforme definido a seguir, para os
períodos de 0,0 s e 1,0 s respectivamente, já considerando o efeito da amplificação sísmica no
solo. Fa e Fv são os fatores de amplificação sísmica no solo, para os períodos de 0,0 s e 1,0 s,
respectivamente, definidos na Tabela 6 em função da aceleração característica de projeto ag e
da classe do terreno.
Fator Fa Fator Fv
≤ 0,10g = 0,15g ≤ 0,10g = 0,15g
Classe do terreno
A 0,8 0,8 0,8 0,8
B 1,0 1,0 1,0 1,0
D 1,2 1,2 1,7 1,7
E 1,6 1,5 2,4 2,2
F 2,5 2,1 3,5 3,4
1. (para 0 ≤ T ≤ Fv / Fa . 0,08 s)
3. (para T ≥ Fv / Fa .0,4 s)
Figura 16. Variação do espectro de resposta de projeto (Sa/ ags0) em função do período
44
Para cada estrutura será definida uma categoria sísmica, de acordo com o item 2.3.3.3.
As categorias sísmicas são utilizadas para definir os sistemas estruturais permitidos, as
limitações nas irregularidades das estruturas, os componentes da estrutura que devem ser
projetados quanto à resistência sísmica e os tipos de análises sísmicas que devem ser
realizadas.
Para cada estrutura é definida uma categoria sísmica, a partir de sua zona sísmica e de
sua categoria de utilização, conforme definido na Tabela 8.
( 0,01. +
Tabela 7. Definição das categorias de utilização e dos fatores de importância de utilização (I)
Categorias Fator
Natureza da ocupação
de utilização I
I Todas as estruturas não classificadas como de categoria II ou III 1,0
Estruturas de importância substancial para a preservação da vida humana no
caso de ruptura, incluindo, mas não estando limitadas às seguintes:
• Estruturas em que haja reunião de mais de 300 pessoas em uma
única área.
• Estruturas para educação pré-escolar com capacidade superior a
150 ocupantes.
• Estruturas para escolas primárias ou secundárias com mais de
250 ocupantes.
• Estruturas para escolas superiores ou para educação de adultos
com mais de 500 ocupantes.
II 1,25
• Instituições de saúde para mais de 50 pacientes, mas sem
instalações de tratamento de emergência ou para cirurgias.
• Instituições penitenciárias.
• Quaisquer outras estruturas com mais de 5000 ocupantes.
• Instalações de geração de energia, de tratamento de água
potável, de tratamento de esgotos e outras instalações de
utilidade pública, não classificadas como de categoria III.
• Instalações contendo substâncias químicas ou tóxicas cujo
extravasamento possa ser perigoso para a população, não
classificadas como de categoria III.
Estruturas definidas como essenciais, incluindo, mas não estando limitadas,
às seguintes:
• Instituições de saúde com instalações de tratamento de
emergência ou para cirurgias.
• Prédios de bombeiros, de instituições de salvamento e policiais
e garagens para veículos de emergência.
• Centros de coordenação, comunicação e operação de
emergência e outras instalações necessárias para a resposta em
emergência.
III 1,50
• Instalações de geração de energia e outras instalações
necessárias para a manutenção em funcionamento das estruturas
classificadas como de categoria III.
• Torres de controle de aeroportos, centros de controle de tráfego
aéreo e hangares de aviões de emergência.
• Estações de tratamento de água necessárias para a manutenção
de fornecimento de água para o combate ao fogo.
• Estruturas com funções críticas para a Defesa Nacional.
• Instalações contendo substâncias químicas ou tóxicas
46
Os requisitos definidos neste item 2.3.4 são específicos para estruturas de prédios.
Todo prédio deve possuir um sistema estrutural capaz de fornecer adequada rigidez,
resistência e capacidade de dissipação de energia relativamente às ações sísmicas, no sentido
vertical e em duas direções ortogonais horizontais, inclusive com um mecanismo de
resistência a esforços de torção. As ações sísmicas horizontais aqui definidas poderão atuar
em qualquer direção de uma estrutura.
Um sistema contínuo de transferência de cargas deve ser projetado, com adequada
rigidez e resistência, para garantir a transferência das forças sísmicas, desde os seus pontos de
aplicação, até as fundações da estrutura. Deverão ser evitados sistemas com descontinuidades
bruscas de rigidez ou de resistência em planta ou em elevação. Deve-se procurar obter uma
distribuição uniforme e contínua de resistência, de rigidez e de ductilidade nas estruturas.
Assimetrias significativas de massa e de rigidez deverão ser evitadas. São
recomendados sistemas estruturais apresentando redundância, através de várias linhas de
47
Nos sistemas definidos na Tabela 9 como duais, compostos por um pórtico momento-
resistente e por outro tipo de sistema (paredes de concreto ou pórticos de aço contraventados
em treliça), o pórtico momento-resistente deverá resistir à pelo menos 25% da força sísmica
total. A divisão das forças sísmicas entre os elementos que compõem os sistemas duais será
de acordo com a sua rigidez relativa.
48
Coeficiente de
Coeficiente de Coeficiente de
amplificação de
Sistema básico sismo-resistente modificação sobre-resistência
Ω'
deslocamentos
da resposta R
Cd
Paredes de concreto com detalhamento
5,0 2,5 5,0
especial
Paredes de concreto com detalhamento
4,0 2,5 4,0
usual
Pórticos de concreto com detalhamento
8,0 3,0 5,5
especial
Pórticos de concreto com detalhamento
5,0 3,0 4,5
intermediário
Pórticos de concreto com detalhamento
3,0 3,0 2,5
usual
Pórticos de aço momentos-resistentes com
8,0 3,0 5,5
detalhamento especial
Pórticos de aço momento-resistentes com
4,5 3,0 4,0
detalhamento intermediário
Pórticos de aço momento-resistentes com
3,5 3,0 3,0
detalhamento usual
Pórticos de aço contraventados em treliça,
6,0 2,0 5,0
com detalhamento especial
Pórticos de aço contraventados em treliça,
3,25 2,0 3,25
com detalhamento usual
Pórticos de aço contraventados em treliça,
7,0 2,5 5,5
com detalhamento usual
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento especial e paredes de 6,0 2,5 5,0
concreto com detalhamento usual
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento especial e pórticos de aço
7,0 2,5 5,5
contraventados em treliça com
detalhamento especial
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento intermediário e paredes de 6,5 2,5 5,0
concreto com detalhamento especial
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento intermediário e paredes de 5,5 2,5 4,5
concreto com detalhamento usual
Sistema dual, composto de pórticos com
detalhamento usual e paredes de concreto 4,5 2,5 4,0
com detalhamento usual
Estruturas do tipo pêndulo invertido e
2,5 2,0 2,5
sistemas de colunas em balanço
49
As estruturas do tipo pêndulo invertido poderão ser analisadas pelo método das forças
horizontais equivalentes, definido no item 2.3.5, devendo ser considerada uma variação linear
do momento fletor, desde o seu valor máximo determinado na base, até a metade deste valor
no topo da estrutura.
Tipo de Item de
Descrição da irregularidade
irregularidade referência
Irregularidade torsional, definida quando em uma elevação, o
deslocamento relativo de pavimento em uma extremidade da
estrutura, avaliado incluindo a torção acidental, medido
transversalmente a um eixo, é maior do que 1,2 vezes a média dos
1 2.3.4.3.2
deslocamentos relativos de pavimento nas duas extremidades da
estrutura, ao longo do eixo considerado. Os requisitos associados à
irregularidade transversal não se aplicam se o diafragma é
classificado como flexível, de acordo com o item 8.3.1.
Descontinuidades na trajetória de resistência sísmica no plano,
2 como sistemas resistentes verticais consecutivos com eixos fora do 2.3.4.3.2
mesmo plano.
Os elementos dos sistemas sismos-resistentes verticais não são
3 paralelos ou simétricos com relação aos eixos ortogonais principais 2.3.4.3.2
do sistema sismo-resistente.
51
Tipo de Item de
Descrição da irregularidade
irregularidade referência
Descontinuidades na trajetória de resistência sísmica na vertical,
como sistemas resistentes verticais consecutivos no mesmo plano,
4 mas com eixos afastados de uma distância maior de que seu 2.3.4.3.3
comprimento ou quando a resistência entre elementos consecutivos
é maior no elemento superior.
Caracterização de um “pavimento extremamente fraco”, como
aquele em que a sua resistência lateral é inferior a 65% da
5 resistência do pavimento imediatamente superior. A resistência 2.3.4.3.3
lateral é computada como a resistência total de todos os elementos
sismo-resistentes presentes na direção em consideração.
Os efeitos do sismo na direção vertical deverão ser considerados em seu sentido mais
desfavorável e determinados de acordo com a expressão abaixo:
./ Ω' . 01
verticais. As forças a serem aplicadas em cada elevação nos diafragmas horizontais, são as
forças obtidas na análise estrutural. No método das forças horizontais equivalentes, as forças
horizontais totais em cada elevação são as forças Fx, definidas no item 2.3.5.3. Para a análise
dos diafragmas, estas forças em cada elevação x não podem ser inferiores a:
∑ (
(2 3
∑ 3
Onde:
Fpx é a força mínima a ser aplicada ao diafragma na elevação x;
Fi é a força horizontal aplicada na elevação i (corresponde às forças Fx, conforme
definido no item 2.3.5.3);
3 e 3 é a parte da carga gravitacional total que corresponde às elevações i ou x.
As paredes de concreto ou de alvenaria devem ser construídas de forma que haja uma
fixação direta das mesmas ao piso e ao teto da construção. As paredes e sua correspondente
fixação à estrutura devem ser dimensionadas considerando uma força sísmica horizontal, no
sentido transversal à parede, produzida por uma aceleração igual a:
Categoria de utilização
I II III
0,020 hsx 0,015 hsx 0,010 hsx
9 : . ;
57
A grandeza ', aceleração espectral para o período de 0,0 s, já considerando o efeito
da amplificação sísmica no solo, está definida no item 2.3.2.3. O fator de importância de
utilização I está definido na Tabela 7 e o coeficiente de modificação de resposta R é definido
na Tabela 9. O coeficiente de resposta sísmica não precisa ser maior que o valor abaixo:
'
:
T"= ⁄6 $
O período natural da estrutura T deve ser determinado de acordo com o item 2.3.5.2. O
valor mínimo para Cs é 0,01. É permitida a redução das forças sísmicas, considerando os
efeitos da interação solo-estrutura, desde que os procedimentos utilizados sejam
adequadamente justificados na análise.
O período natural da estrutura T deve ser obtido por um processo de extração modal,
que leve em conta as características mecânicas e de massa da estrutura. O período avaliado
desta forma não poderá ser maior do que o produto do coeficiente de limitação do período
Cup, definido na Tabela 13 em função da zona sísmica à qual a estrutura em questão pertence,
vezes o período natural aproximado da estrutura Ta, obtido através da expressão abaixo:
#! :@ . A
58
Coeficiente de limitação do
Zona sísmica
período (Cup)
Zona 2 1,7
Zona 3 1,6
Zona 4 1,5
( :* . 9
Onde:
+ . AB
:*
∑ + AB
O projeto deverá incluir um momento de torção nos pisos causado pela excentricidade
dos centros de massa relativamente aos centros de rigidez (Mt - momento de torção inerente),
acrescido de um momento torsional acidental (Mta), determinado considerando-se um
deslocamento do centro de massa em cada direção igual a 5% da dimensão da estrutura
paralela ao eixo perpendicular à direção de aplicação das forças horizontais. Quando houver
aplicação simultânea de forças horizontais nas duas direções, bastará considerar o momento
acidental obtido na direção mais crítica.
Nos casos das estruturas de categoria sísmica C, onde exista irregularidade estrutural
no plano do Tipo 1, conforme definido na Tabela 10, a soma dos momentos Mt e Mta em cada
elevação deve ser multiplicada pelo fator de amplificação torsional Ax, definido por:
F
7.!
C D E
1,27!*
:G . 7
7
6
I . Δ
H
9 . A . :G .
Onde:
I é a força normal em serviço atuando no pavimento x, obtida com fatores de
ponderação de cargas tomados iguais a 1,00;
9 é a força cortante sísmica atuante no pavimento x;
62
0,5
H.! J 0,25
:G
2.4 CYPECAD
2.4.1 Apresentação
O manual técnico do CYPECAD faz uma descrição detalhada da análise realizada pelo
programa, mostrando as fases sequenciais da realização dos cálculos. A análise das
solicitações é realizada através de um cálculo espacial em 3D, por métodos matriciais de
rigidez, considerando todos os elementos que definem a estrutura: pilares, paredes, muros,
vigas e lajes. É estabelecida a compatibilidade de deformações em todos os nós, considerando
6 graus de liberdade, e cria-se a hipótese de indeformabilidade do plano de cada piso, para
simular o comportamento rígido da laje, impedindo os deslocamentos relativos entre os nós
do mesmo (diafragma rígido). Por isso, cada piso apenas poderá rotacionar e deslocar-se no
seu conjunto (3 graus de liberdade).
A consideração de diafragma rígido para cada zona independente de um piso mantém-
se, apesar de se introduzirem vigas e de não se introduzirem lajes no piso. Quando num
mesmo piso existirem zonas independentes, considera-se cada uma destas como uma parte
distinta relativa à indeformabilidade dessa zona e não será levado em consideração no seu
conjunto. Por isso, os pisos comportam-se como planos indeformáveis independentes. Um
pilar não ligado é considerado também como uma zona independente. Nas estruturas 3D
integradas, assim como nas escadas, dispõe-se de 6 graus de liberdade por nó.
Para todos os estados de carga realiza-se um cálculo estático (exceto quando se
consideram ações dinâmicas de sismo, em cujo caso se utiliza a análise modal espectral, que
será abordado adiante) e supõe-se um comportamento linear dos materiais e, por isso, um
cálculo de primeira ordem, com vista à obtenção de deslocamentos e esforços.
O lançamento da estrutura no CYPECAD segue o processo construtivo: primeiramente
são lançados os pilares, posteriormente as vigas e lajes para um determinado piso. O
CYPECAD gera automaticamente os carregamentos e combinações devidos ao peso próprio,
sobrecargas, vento e sismo, porém é possível modificar estes carregamentos, além da
possibilidade de se escolher a norma que se quer utilizar no cálculo da ação e nos coeficientes
de segurança.
Durante o processo de cálculo realizado pelo programa aparecem mensagens
informativas acerca da fase de cálculo na qual ele se encontra. Também se emitem mensagens
de erro se houver dados incompatíveis com o cálculo.
A primeira fase do programa será a geração das estruturas geométricas de todos os
elementos, formando a matriz de rigidez da estrutura. Esta fase poderá ser executada de forma
65
independente para um grupo ou para toda a obra. A segunda fase consiste na inversão da
matriz de rigidez. No caso de ser singular, emite-se uma mensagem que adverte de um
mecanismo, se detectar tal situação em algum elemento ou parte da estrutura. Neste caso o
processo detém-se. Numa terceira fase obtêm-se os deslocamentos de todas as hipóteses
definidas. O programa emite uma mensagem que indica deslocamentos excessivos nos pontos
da estrutura que superem um valor, quer seja por um incorreto desenho estrutural, quer pela
rigidez a torção definida em algum elemento. Se existirem problemas de estabilidade global,
deve-se rever a estrutura, quando se considera efeitos de segunda ordem. A quarta fase
consiste na obtenção das envoltórias de todas as combinações definidas, para todos e para
cada um dos elementos: vigas, lajes, pilares, etc. Na quinta e última fase procede-se ao
dimensionamento e armadura de todos os elementos definidos, de acordo com as combinações
e envoltórias, geometria, materiais e tabelas de armadura existentes. Há um aviso caso seja
superado, em alguma viga, a resistência do concreto por compressão oblíqua. Ao finalizar o
cálculo, indicam-se os erros mais problemáticos surgidos durante o cálculo.
O dimensionamento da armadura e a verificação das seções de concreto são feitos
conforme as normas brasileiras, porém podem ser adotadas normas internacionais. Os
elementos de fundação definidos ‚com vinculação exterior tais como: sapatas, bloco sobre
destacas e vigas de equilíbrio, podem ser calculados simultaneamente ou posteriormente.
Todos estes elementos de fundação podem ser editados e verificados de forma isolada do
resto da estrutura. O programa realiza a verificação da resistência ao fogo e dimensiona o
revestimento de proteção dos elementos estruturais de concreto e aço que fazem parte da obra
pela Norma Eurocode, amplamente utilizada no mundo todo.
Sendo
: as cargas permanentes do piso i;
: as cargas variáveis do piso i;
: coeficiente de simultaneidade da sobrecarga ou parte quase-permanente;
: coeficiente sísmico em cada direção no piso i;
As forças estáticas a aplicar em cada direção serão, por piso:
Se forem referidos os deslocamentos de cada piso em relação aos eixos gerais obtém-
se:
E as forças aplicadas:
67
MRO
Q MP O@ . M O. . M O. MP O
MP O@
K"# $.
%
W
U
XU
3F
Y Z[ [ \U Y YU
U
8] F ^ _⁄F
\U
"1 ^$"1 N ^$F 4] F ^"1 ^$
71
Onde:
@b
^∶
@c
#: Período de vibração;
]: Razão de amortecimento, uniforme para todos os modos de vibração e de valor 0.05
x: Esforço ou deslocamento resultante
Y , YU : Esforços ou deslocamentos correspondentes aos modos a combinar
K"#$
G
3FW
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Foi adotado para pesquisa um edifício de alto padrão de acabamento, situado no bairro
Maurício de Nassau na cidade de Caruaru-PE, com um total de 23 pavimentos, sendo
20 pavimentos-tipo, 1 subsolo, 1 térreo e 1 mezanino; além, de casa de máquinas e
reservatório superior. Cada pavimento-tipo é dividido em dois apartamentos, distribuídos em
3 suítes, sendo uma suíte máster, 1 quarto/sala de tv, sala de estar, sala de jantar, cozinha, área
de serviço, dependência de empregada com WC de serviço, dispensa e WC social. Os demais
pavimentos serão usados para estacionamento.
Cada apartamento possui em média 227 m² de área útil, porém o pavimento-tipo
possui uma área total de 556,06m², considerando toda estrutura. O edifício tem um pé direito
de 3,3 metros em todos os pavimentos, resultando em 72,6 metros de altura mais 3,5 metros
referentes à casa de máquinas e reservatório, totalizando 76,1 metros de altura total sobre o
solo.
(a) (b)
Figura 17. Previsão do Edifício pronto em (a), e situação atual em (b).
73
entre 15 e 50 cm. Foi adotado uma redução na seção dos pilares à medida que o edifício foi
subindo, porém, por uma definição do calculista, não se alterou o comprimento dos pilares e
esta redução foi apenas na largura.
Como já foi exposto, Caruaru se encontra numa zona de pouca ocorrência sísmica e o
que justificaria a frequência dos sismos em Caruaru é o fato da cidade estar situada sobre uma
falha geológica. Segundo o zoneamento sísmico que a norma brasileira de sismos estabelece,
a cidade de Caruaru está inserida na Zona 1, onde a aceleração sísmica horizontal
característica varia de 0,025 g até 0,05 g, onde g é aceleração da gravidade. A cidade de
Caruaru, ainda segundo a norma, pertence a categoria sísmica A, com isso a norma estabelece
uma análise simplificada da influencia sísmica através da aplicação de uma força horizontal
em cada pavimento igual a 1% do peso total da estrutura correspondente a esse pavimento.
Neste é considerado o peso operacional de todos os equipamentos fixados na estrutura com
um acréscimo de 25% na sobrecarga dos pavimentos de garagem.
A partir da aplicação dessa força foi possível simular a ação que o sismo vai gerar na
estrutura e verificar o acréscimo nos esforços solicitantes. Assim, foi aplicada uma força
horizontal no edifício em duas direções ortogonais que produza o efeito mais crítico e a
mesma foi aplicada diretamente e simultaneamente nos pilares de maneira mostrar a
magnitude da influência dos sismos nas estruturas em Caruaru. Estas forças foram aplicadas
nos pilares mais externos considerando que os esforços serão transmitidos para os demais
pilares internos por meio do painel de lajes, cuja rigidez pode ser considerada muito grande.
Como a força dependia do peso do pavimento adotaram-se três valores de força para
todos os pilares, referente ao mezanino, pavimento-tipo e a coberta, em dois pilares foi
adotado mais dois valores referente à laje da casa de máquinas e ao topo do edifício, ambos
acima da coberta.
Foram adotadas duas hipóteses de cálculo para cada pilar, variando o sentido de
aplicação da força, essas hipóteses eram naturalmente excludentes para um mesmo pilar, ou
seja, quando o programa adotava a força com sentido positivo do eixo em questão, ele não
considerava a força no sentido negativo do mesmo eixo, por estarem em hipóteses diferentes.
Isto tornou desnecessário aplicar as forças horizontais nas quatro faces do prédio, bastava
apenas aplicar em duas faces e alterar o sentido das forças e dividir a carga do pavimento
entre essas duas faces.
Para a base do edifício, a norma NBR-15421 estabelece que a força horizontal que
deverá ser aplicada na estrutura depende do peso de todo edifício e de um coeficiente de
resposta sísmica dado pela expressão:
e :f ∗ ;
Onde:
Essa força deve ser aplicada, assim como as outras em duas direções ortogonais,
simultaneamente em toda base do edifício para representar o efeito do sismo na base da
estrutura.
A norma também estabelece requisitos quanto à torção causada pelo sismo
considerando a adição de um momento adicional causado pela força horizontal total aplicada
no pavimento, com um deslocamento do centro de massa de 5% da dimensão da estrutura
naquela direção, bastando apenas adotar o momento adicional na seção mais crítica. A partir
dessa força e do deslocamento do centro de massa gerou-se um binário aplicado nas
extremidades de cada pavimento na direção mais crítica simulando o efeito da torção, como
prescreve a norma.
Considerando que a direção mais desfavorável para a torção é a de maior extensão do
prédio, ou seja, o comprimento na direção “X”, deve-se adotar as forças adicionais da torção
agindo na direção perpendicular a de maior comprimento, logo a força será aplicada em “Y”.
78
Para a torção, foi adotado um binário que substituísse a força aplicada com o deslocamento de
5% do centro massa por duas forças aplicadas nos pilares de extremidade da direção mais
desfavorável. Dessa forma, como feito para o sismo, foram geradas duas hipóteses,
considerando os sentidos opostos do binário, horário e anti-horário, onde naturalmente quando
um estiver atuando o outro não atua no dimensionamento, e o adotado para o cálculo final é
aquele que produzir os esforços mais desfavoráveis.
Devido a versão do CYPECAD conter apenas normas internacionais com relação ao
dimensionamento sismo-resistente dos edifícios, optou-se por calcular as cargas horizontais
envolvidas e aplicar analiticamente nos pilares como ações excepcionais adicionais, como é
caracterizado o sismo segundo a norma NBR-8681. Estas cargas horizontais, assim como a
consideração de torção, foram calculadas em conformidade com as definições e parâmetros
definidos pela norma brasileira para dimensionamento de estruturas sismos-resistentes a
NBR-15421. Porém, lançada as cargas uma a uma nos pilares, em duas direções ortogonais
para cada pavimento, o cálculo restante do edifício, foi todo realizado no CYPECAD.
79
(a) (b)
(c) (d)
Figura 22. (a) Lançamento estrutural dos edifícios com 20, (b) 15, (c) 10 e (d) 5 pavimentos-tipo
80
Pilar (direção) 5 Pav. Tipo 10 Pav. Tipo 15 Pav. Tipo 20 Pav. Tipo
P1=P2 (x) 113,426 196,646 279,867 363,087
P1=P22 (y) 22,022 38,179 54,337 70,495
P3=P19 (y) 38,897 67,437 95,976 124,515
P5=P17 (y) 26,450 45,857 65,264 84,670
P9=P14 (y) 27,886 48,347 68,807 89,268
pilares, já que o sismo é uma força horizontal adicional. Também se verificou o efeito da
torção na combinação mais desfavorável
82
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 19. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed. 20 Pav-Tipo
Esta tabela mostra que houve aumentos consideráveis nas taxas de armadura
longitudinal dos pilares na estrutura com efeito sísmico, quando comparado com a estrutura
sem este efeito chegando ao alarmante valor de 294,74% de aumento no pilar P10, ou seja, a
armadura longitudinal aumentou 4 vezes a sua área. Em outros 7 pilares a área de armadura
longitudinal mais que dobrou em relação à estrutura sem considerações sísmicas. Nota-se que
em alguns casos houve apenas aumento das taxas na base da estrutura, o que já era esperado,
tendo em vista que o sismo age principalmente nessa região e é o local que a norma indica
que deve ser adotada a maior carga horizontal.
Em vários pilares, além de um aumento expressivo na base, houve também aumento
nas taxas ao longo do pilar, isto mostra que, mesmo em menor magnitude, os esforços gerados
pela ação sísmica podem ser significantes no dimensionamento de toda estrutura e não apenas
uma consideração adicional na base da mesma.
As tabelas 20, 21 e 22 mostram os dados de variação percentual para as outras
configurações adotadas no cálculo de edifícios de 15, 10 e 5 pavimentos-tipo respectivamente,
pois esses dados são os que melhor representam a ação do sismo na estrutura.
Tabela 20. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed. 15 Pav-Tipo
Tabela 21. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed. 10 Pav-Tipo
Tabela 22. Diferença percentual entre as taxas com e sem ação do sismo - Ed. 5 Pav-Tipo
Nestas tabelas os valores negativos indicam que houve um alívio nos esforços naquele
determinado tramo do pilar para a combinação mais desfavorável adotada pelo programa.
Porém estas reduções nas taxas de armadura são compensadas em outros pilares que tem
aumento expressivo na sua taxa correspondente. É possível perceber que existe um padrão
para o alívio nos pilares, isto sugere que o dimensionamento está coerente. Os pilares do
centro tendem a sofrer maior efeito apenas na base enquanto os mais externos tendem a ter
esforços menores na base e variar nos tramos superiores entre alívio e acréscimo de tensão.
Os pilares dos cantos tendem a sofrer alívio nos tramos superiores até estabilizar em uma
mesma taxa, com um aumento apenas na taxa de armadura da base. Isto só não se verifica
para o edifício com 20 pavimentos-tipo, porém o aumento na taxa de armadura que ocorre
nesses pilares não é tão considerável.
O esforço cortante nos pilares foi verificado nas duas direções. O CYPECAD gera o
resultado desse cálculo em uma planilha indicado os esforços cortantes de ruptura, a origem
dos esforços mais desfavoráveis, além de uma verificação de interação entre as duas direções.
Essa verificação da interação é feita relacionando-se o esforço de cálculo pelo esforço
de ruptura e quanto mais próximo de 1, maior será o esforço cortante a que o pilar está
submetido e é um bom parâmetro para analisar como o sismo está atuando no esforço
89
cortante. E como aliado a esse valor está a origem da carga mais desfavorável é possível saber
se foi realmente a consideração sísmica que causou esse aumento.
A Tabela 23 mostra os valores desse coeficiente de interação VC1 e VC2, de
compressão e tração respectivamente, no térreo e no mezanino do edifício de
20 pavimentos-tipo, para os pavimentos com maiores alterações. A Tabela 24 mostram a
variação percentual dos 4 pavimentos mais afetados pelo esforço cortante, térreo, mezanino,1º
e 2º pavimentos-tipo também do edifício de 20-pavimentos-tipo, onde ocorreram as maiores
alterações no valor da verificação da interação no esforço cortante.
MEZANINO TERREO
Sem Sismo Com Sismo Sem Sismo Com Sismo
PILAR VC1 VC2 VC1 VC2 VC1 VC2 VC1 VC2
P1 0,04 0,10 0,15 0,42 0,05 0,12 0,06 0,14
P2 0,05 0,09 0,15 0,43 0,05 0,14 0,07 0,13
P3 0,06 0,14 0,23 0,52 0,06 0,13 0,07 0,19
P4 0,04 0,11 0,19 0,52 0,05 0,11 0,06 0,13
P5 0,03 0,08 0,19 0,48 0,03 0,07 0,05 0,11
P6 0,05 0,11 0,17 0,56 0,05 0,14 0,06 0,16
P7 0,02 0,06 0,09 0,27 0,03 0,06 0,03 0,07
P8 0,05 0,12 0,21 0,72 0,06 0,12 0,06 0,13
P9 0,04 0,08 0,10 0,27 0,05 0,12 0,06 0,13
P10 0,03 0,08 0,29 0,83 0,05 0,11 0,10 0,23
P11 0,04 0,10 0,14 0,39 0,05 0,11 0,04 0,10
P12 0,03 0,08 0,28 0,82 0,04 0,11 0,08 0,17
P13 0,04 0,10 0,14 0,41 0,05 0,12 0,04 0,11
P14 0,05 0,10 0,13 0,28 0,06 0,13 0,06 0,15
P15 0,05 0,12 0,21 0,59 0,06 0,12 0,06 0,13
P16 0,02 0,06 0,09 0,29 0,03 0,06 0,03 0,07
P17 0,03 0,08 0,20 0,52 0,03 0,08 0,05 0,11
P18 0,05 0,11 0,17 0,56 0,06 0,14 0,06 0,16
P19 0,06 0,14 0,22 0,55 0,06 0,13 0,07 0,19
P20 0,04 0,11 0,20 0,53 0,05 0,11 0,06 0,13
P21 0,05 0,09 0,17 0,50 0,05 0,14 0,07 0,13
P22 0,04 0,10 0,17 0,42 0,05 0,12 0,06 0,14
origem dos esforços mais desfavoráveis a combinação entre forças verticais e vento. Mesmo a
atuação sísmica tendo grande impacto na base do edifício, no decorrer dos pavimentos os
esforços causados pelo vento ainda geram as combinações mais desfavoráveis na grande
maioria dos casos analisados.
Nota-se nesta tabela que os esforços cortantes nos pilares aumentaram de maneira
alarmante, chegando a um aumento de mais de 900% em um caso, e uma média de aumento
no esforço cortante na base dos pilares de aproximadamente 400%.
Os valores negativos indicam novamente que houve alívio em determinadas seções, já
que a estrutura é dimensionada como um todo, esse aumento expressivo em determinado pilar
tende a gerar uma diminuição de esforços em outro pilar. É possível notar que os pilares que
possuem estas taxas negativas também têm o menor aumento do esforço cortante na base dos
91
pilares. Isto pode indicar que esses pilares realmente estão tendo um alívio nos esforços
devido a interação da estrutura como um todo, porém como a força horizontal na base é
grande, esse alívio gerado não teve intensidade suficiente para sobrepor o efeito desta força
que também age nos pilares.
É nos arranques dos pilares onde se tem os maiores esforços gerado na estrutura. O
CYPECAD gera um relatório indicando quais e qual o valor dos esforços nos arranques dos
pilares, ou seja, no contato entre o pilar e o elemento de fundação.
Apesar do sismo agir com muita intensidade na base da estrutura, esperava-se que
como o vento age em toda estrutura os esforços gerados no arranque dos pilares seriam
compatíveis, porém os resultados mostraram que o sismo tem uma influência muito maior
nessa região. Em todas as configurações analisadas, variando o número de pavimentos, os
valores de momento fletor gerados pelo vento foram em torno de 40% a 45% do esforço
gerado pela simulação do sismo em uma direção. Quando isso ocorria, o esforço gerado pelo
vento era totalmente desprezível na outra direção em relação ao efeito do sismo. Em nenhum
caso, o momento fletor causado pelo vento na arranque dos pilares foi maior que 50% do
momento fletor causado pelo efeito do sismo nesta mesma região.
Nos edifício onde se considerou a ação sísmica, houve uma pequena redução dos
esforços normais na ligação dos pilares com os elementos de fundação, em relação aos
edifícios sem a consideração sísmica. Essa redução aconteceu de forma uniforme em todos os
pilares variando de 1,05% no edifício de 5 pavimentos-tipo, até 1,00% no edifício de
20 pavimentos-tipo. Esta redução já era, em parte, esperada devido ao alívio que a força
horizontal adicional possa gerar em alguns pilares, porém a redução aconteceu em todos os
92
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LIMA, Douglas Mateus de; SABINO, René Bueno de Galvão; SOARES, José Moura;
JUNIOR, Humberto Correia Lima. Avaliação da capacidade resistente dos pilares de
concreto armado das edificações quanto às ações se sismos. Anais do 50° Congresso
Brasileiro de Concreto. 2008.
LIMA, Daniel Augusto Ferreira; Comportamento Sísmico dos edifícios. Universidade Jean
Piaget de Cabo Verde, 2010.