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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE TRANSPORTES
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
Santa Maria, RS
2017
Willian Weber de Melo
Santa Maria, RS
2017
Willian Weber de Melo
___________________________________________________________________
Daniel Gustavo Allasia Piccilli, Dr. (UFSM)
Santa Maria, RS
2017
RESUMO
ANÁLISE DE DIFERENTES ENSAIOS DE PERMEABILIDADE EM
CONCRETOS DRENANTES
1. INTRODUÇÃO
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Esta seção do trabalho abordará características de concretos porosos e
conceitos utilizados para justificar a utilização do material, além de apresentar estudos
deste material realizados por outros autores.
Como a vazão na bureta é igual à que percola pelo solo, é possível igualar as
equações, resultando em:
h
−a ∙ dh = k ∙ L ∙ A ∙ dt (2-6)
2.4 Infiltração
Infiltração é o fenômeno de penetração da água nas camadas do solo próxima
a superfície do terreno. Conforme TUCCI (2007), este processo depende da
quantidade de água disponível para infiltrar, do tipo do solo, do estado em sua
superfície e do grau de saturação do solo.
20
abertura para o tráfego. Após este período, a taxa de perda de material diminui e o
pavimento se estabiliza. De acordo com TENNIS et al. (2004), compactação e cura
adequadas reduzem a perda de material neste período inicial.
Fluxo
Forma de K Fluxo
Traço Médio
Vibração (cm/s) (l/min./m²)
(l/min./m²)
Mesa 0,5757 338
Brita 1
Vibratória (10
com 7% 0,2442 143 196
segundos em
de Areia
cada camada) 0,1849 108
Vibrador do 0,9068 544
Brita 1
tipo agulha c/
com 7% 0,8071 484 497
diâmetro de
de Areia
25mm 0,7759 465
Fonte: adaptado de HÖLTZ(2011, p. 96)
28
que infiltra no solo ou é drenado para a rede. Essa espessura deve ser comparada
com a obtida no dimensionamento mecânico, adotando-se a maior delas.
A chuva de projeto deve ser obtida a partir da curva IDF do local do projeto,
para o tempo de retorno e duração da chuva conforme o projeto. CEDERGREN (1980
apud Correa, 2009) sugere utilizar uma precipitação com tempo de concentração de
uma hora e período de retorno de 1 a 2 anos para os dispositivos de drenagem
subsuperficial. Por outro lado, Tucci (2005) recomenda o uso de um tempo de retorno
de 10 anos para estruturas de controle na fonte. A NBR 16416/2015 recomenda a
utilização de um tempo de retorno mínimo de 10 anos, e duração mínima da
precipitação de uma hora.
De acordo com Correa (2009), a espessura do reservatório de camadas
granulares é calculada a partir da equação (2-11).
Vr
H= (2-11)
η
natural e outro com a mesma relação, mas com 10% de substituição do agregado por
fresado. Seus resultados de condutividade hidráulica estão disponíveis na Tabela 2-8.
Tabela 2-8 – Resultados de condutividade hidráulica (cm/s).
3 Metodologia
A metodologia deste trabalho consistiu em moldar corpos de prova a partir de
quatro diferentes traços. O primeiro traço era composto por brita peneirada nas
frações pré-definidas, o segundo possuía brita com substituição de 15% da massa da
brita por fresado asfáltico. Após os ensaios destas amostras, foi realizado o terceiro
traço que possuía apenas brita lavada e peneirada, o quarto traço possuía substituição
de 15% da massa da brita por fresado asfáltico e o quinto possuía substituição de 30%
de brita por fresado asfáltico. Por fim, foi realizada a moldagem do sexto traço, que
possuía apenas brita 0 lavada. Em todas as misturas foi utilizado cimento CP V – ARI.
A repetição dos traços com brita peneirada e lavada e com substituição de 15%
de brita por fresado ocorreu devido à problemas no ensaio de permeabilidade,
conforme será abordado na seção 4.1.
Após, foram moldadas três amostras para cada ensaio a ser realizado (ensaio
de resistência à tração na flexão e permeabilidade) e foi feita a caracterização dos
corpos de prova.
Ressalta-se que este trabalho de conclusão de curso é derivado de um estudo
que gerou outros dois trabalhos, realizados por Santos (2017) e Porte (2017).
Tamanho
4,75 6,30 9,75
(mm)
% retida 30 50 20
Material Brita 0
Módulo de finura 5,75
Diâmetro Máximo
9,5
Característico (mm)
Massa Específica
2,44
(g/cm³)
Massa unitária
1,36
(g/cm³)
Perda por abrasão
11,04
Los Angeles (%)
Absorção de água
3,16
(%)
37
Ensaio Rotarex
Parâmetro Amostra 1 Amostra 2
Peso Inicial 600 600,22
Peso Final 563 562,86
Peso de Betume 37 37,36
Teor de Betume 6,17% 6,22%
Média 6,20%
Por ser um material com alto teor de finos, foi necessário peneirar o material
para evitar o comprometimento da permeabilidade dos corpos de prova. O fresado foi
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peneirado utilizando o que ficou retido entre as peneiras de abertura 4,75 mm e 9,5
mm.
3.2.3 Aglomerante
O aglomerante utilizado foi o cimento Portland (CP) V – ARI, da marca Itambé.
Foi escolhido este CP devido à facilidade de acesso deste na região de Santa Maria,
além de sua característica de alta resistência inicial ser interessante pois, por ser um
concreto com alta porosidade, havia dúvidas se os corpos de prova possuiriam
consistência suficiente para suportar o próprio peso sem os moldes.
A caracterização do cimento está disponível na Tabela 3-4.
Tabela 3-4 – Caracterização do cimento
F15 – 1: traço utilizado com substituição de 15% da massa de brita por fresado
asfáltico.
T0: traço de referência para a segunda moldagem.
T15 – 2: traço com 15% de substituição de brita por fresado.
T30 -2: traço com substituição de 30% de brita por fresado.
B0: traço composto por brita 0 lavada.
Após a moldagem, as amostras foram levadas nos moldes para câmara úmida
até a data dos ensaios. A desmoldagem dos CPs ocorreu aos 7 dias. A Figura 3-6
mostra os corpos de prova na câmara úmida, após desmoldagem.
Figura 3-6 – Corpos de prova na câmara úmida.
O segundo método testado foi de maneira análoga, porém com uma maior
massa de água utilizada. O aumento na quantidade de água utilizada visava reduzir
os erros na medição do tempo durante o ensaio, minimizando a influência da
marcação deste na taxa de infiltração calculada. Para isso, foi necessário utilizar uma
luva de PVC anexa ao molde do corpo de prova, com uma extensão de 20 cm de cano
de PVC. Anexo ao cano foi colocada uma caixa de isopor que possuía a função de
reservatório. A ligação entre o PVC e o isopor foi realizada utilizando silicone, não
ocorrendo percolação lateral de água durante o ensaio. O ensaio consistia no mesmo
procedimento do ensaio anterior, porém, desta vez, era utilizado 5 kg e 10 kg de água
para cada medição. A taxa de infiltração foi calculada pela equação (3-1). O
equipamento utilizado está na Figura 3-8. Cabe ressaltar que estes dois métodos são
baseados na norma americana ASTM C1701– Standard Test Methods for Infiltration
Rate of in Place Pervious Concrete (ASTM, 2009).
Figura 3-8 – Segundo método utilizado para determinação da taxa de
infiltração.
O ensaio com permeâmetro de carga constante (Figura 3-10) consistia em, com
um tempo pré-determinado, determinar a quantidade de água que percolava através
do corpo de prova durante esse tempo. O aparelho consistia de um reservatório com
um ladrão na parte superior, para manter o nível de água constante, e uma saída de
fundo, aonde o corpo de prova era anexado. Após o CP, havia uma mangueira que
servia para direcionar a água para dentro dos baldes, que era apoiada na borda de
um balde, cuja diferença de cota desta borda para o nível de água de ensaio era
previamente determinada.
46
4 Resultados e análise
Figura 4-2 – Comparação da taxa de infiltração entre os traços T0, T15 e T30.
Além desse ensaio, foi realizado nestes mesmos corpos de prova o ensaio de
permeabilidade através dos permeâmetros de carga constante e carga variável.
Para o ensaio de carga constante, foi adotado um tempo de 30 segundos como
referência para mensurar o volume de água que passaria pelo CP, para cada altura
de ensaio. Os resultados obtidos neste ensaio estão disponíveis na Tabela 4-7.
Tabela 4-7 – Ensaio de carga constante.
0,40
0,20
0,00
CP 1 CP 2 CP 3
K1 K2
0,785 0,800
0,80 0,710 0,718 0,696 0,702
0,60
0,40
0,20
0,00
CP 1 CP 2 CP 3
K1 K2
57
1,055
1,00
0,790
0,80 0,724 0,735
0,60
0,40
0,20 0,140
0,00
Carga Carga Taxa de Batezini Sales
Constante Variável Infiltração (2013) (2008)
Ensaios
Além disso, é possível concluir, ao comparar o resultado obtido nos traços T0,
T15, T30 e B0, que o uso de fresado resultou em economia de material pétreo, uma
vez que a permeabilidade do material pouco variou, em ambos casos.
Desvio Coeficiente
Fct Média
traço Cp F (Kgf) Padrão de Variação
(MPa) (MPa)
(MPa) (%)
1 800 2,562
sem
2 780 2,571 2,537 0,041 1,629
fresado
3 760 2,479
1 920 3,131
com
2 960 3,105 2,815 0,429 15,233
fresado
3 680 2,208
Figura 4-8 – Resultado do ensaio de tração na flexão, traço com e sem fresado.
Através destes dados, foi possível verificar que os corpos de prova sem fresado
apresentaram resistência cerca de 10% menor que os CPs com fresado. Essa
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Desvio Coeficiente
Fct Média
Traço CP F (kgf) Padrão de Variação
(MPa) (MPa)
(MPa) (%)
1 880 2,993
T0 2 960 3,264 3,136 0,111 3,551
3 930 3,151
1 600 2,072
T 15 2 830 2,788 2,577 0,359 13,922
3 840 2,871
1 800 2,798
T 30 2 880 3,018 2,798 0,180 6,431
3 770 2,577
Figura 4-9 – Resultado do ensaio de tração na flexão, traço T0, T15 e T30.
Neste caso, a resistência dos traços que possuíam percentual de fresado foi
inferior ao traço de referência (T0), sendo as resistências obtidas pelo traço com 15%
60
de substituição e 30% muito parecidas. Considerando que a NBR 16416 (2015) exige
que um pavimento permeável apresente pelo menos 2 MPa de resistência à tração na
flexão, é possível afirmar que o uso de fresado é viável, já que este pouco modificou
a resistência do concreto. O principal benefício dessa substituição de brita por fresado
asfáltico é a redução do impacto ambiental produzido na produção do concreto, não
necessitando de tanta matéria prima virgem.
Por fim, foi realizado este ensaio para o traço composto por brita 0, cujos
resultados estão disponíveis na Tabela 4-11 e na Figura 4-10.
Tabela 4-11 – Resultado do traço com brita 0.
4,00
3,50 3,223 3,264
3,00
2,50 2,0
2,00
(MPa)
1,50
1,00
0,50
0,00
CP 1 CP 2 CP 3
Corpos de Prova
Observa-se que o traço composto por brita 0 foi o que apresentou maior
resistência, atingindo uma média de 3,5 MPa aos 28 dias. Isso deve-se ao fato de,
como não houve o peneiramento do material antes da moldagem, a granulometria do
traço ser melhor graduada que a dos outros traços, havendo o preenchimento dos
vazios existentes entre as partículas maiores do material pelas partículas menores.
61
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,165 0,239 0,180
0,00
T0 T15 T30
É possível observar que, conforme esperado, o traço que possuiu maior índice
de vazios apresentou também a menor resistência. No entanto, a taxa de infiltração
apresentado pelo T15 foi a maior,
Comparando a relação entre taxa de infiltração e índice de vazios, o traço T15
apresentou maior taxa de infiltração, devido ao maior volume de vazios. Para os traços
T0 e T30, é possível observar que seus volumes de vazios são muito próximos. No
entanto, a taxa de infiltração obtida no T30 foi cerca de 18% maior. Isso deve-se aos
agregados revestidos por ligante asfáltico provenientes do fresado que, por estarem
com sua superfície envolta de CAP, apresentam menor rugosidade, o que provocou
uma menor perda de carga durante o ensaio. Estes resultados estão disponíveis na
Figura 4-12.
62
Figura 4-12 – Relação entre taxa de infiltração e índice de vazios dos traços
T0, T15 e T30.
1,20 1,048
1,00
0,80
0,60
0,40
0,239
0,165 0,180
0,20
0,00
T0 T15 T30
A Figura 4-13 mostra o índice de vazios dos corpos de prova prismáticos junto
com a resistência obtida nestes para o traço com brita 0. Verificou-se que o CP com
menor volume de vazios apresentou a maior resistência, conforme esperado.
Figura 4-13 – Relação índice de vazios x resistência para traço com brita 0.
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
5 Conclusões
A partir dos resultados obtidos, é possível concluir que:
• É possível utilizar a adaptação dos permeâmetros de carga constante e
variável utilizados em solos para determinar o coeficiente de permeabilidade
de concretos permeáveis, mesmo este sendo um material muito permeável.
O resultado obtido em ambos ensaios foi parecido, portanto, o permeâmetro
de carga variável, que é recomendado para determinar a condutividade
hidráulica de solos pouco permeáveis, pode ser utilizado neste material.
• Os resultados dos ensaios de taxa de infiltração apresentaram valores
elevados, ao comparar com resultados de outros autores.
• O índice de vazios do material afetou diretamente tanto a resistência como
a permeabilidade do material.
• É possível utilizar concreto poroso não só em vias de tráfego leve, como
também em ruas que exijam maior resistência do pavimento, desde que a
estrutura do pavimento (base e sub-base) seja dimensionada para este tipo
de revestimento. No traço com brita 0, por exemplo, foi obtida uma
resistência média de 3,50 MPa, superior aos 2 MPa que a NBR 16416 exige
para pavimentos permeáveis.
• Não foi possível determinar com precisão a influência do fresado na
resistência e na permeabilidade, devido à heterogeneidade desse tipo de
material. Contudo, os resultados obtidos dos traços com e sem resíduo
pouco divergiram, sendo possível a utilização de fresado visando reduzir o
impacto ambiental causado na produção do concreto, através da redução
do uso de matéria prima virgem.
• O uso de brita 0, sem peneirar, apresentou resultados satisfatórios tanto no
quesito mecânico quanto hidráulico. Este resultado serve como incentivo
para a indústria a começar a utilizar este tipo de pavimento em áreas
urbanas, já que é possível executar este tipo de revestimento com um
material comercial.
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6 Referências
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNIAS. NBR 12142: Concreto
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