Você está na página 1de 3

7º Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológica do IF Goiano

7º Congressos de Pesquisa e Pós-Graduação no Campus Rio Verde


8º Seminário de Avaliação dos Programas de Pós-Graduação do IF Goiano
IF Goiano - Campus Rio Verde
22 a 26 de outubro de 2018

PERMEABILIDADE DE PISO DRENANTE INCORPORADO COM


AGREGADO RECICLADO DE CONCRETO

VIEIRA, Juliemilly Tatiane Alves1; SILVA, Weliton de Paula2; CAMPOS, Bruna


Oliveira3; SANTOS, Igor Soares4; VIALI, Eloíza da Silva Nunes5.
1
Estudante de Iniciação Científica (voluntário) – Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde – GO,
juliemilly.engcivil@gmail.com; 2 Estudante de Iniciação Científica (bolsista PIBITI /IF GOIANO) – Instituto
Federal Goiano – Campus Rio Verde – GO, welitondepaulasilva@gmail.com; 3 Estudante do Mestrado
profissional em Engenharia Aplicada e Sustentabilidade (bolsista FAPEG) – Instituto Federal Goiano – Campus
Rio Verde – GO, bruna.campos@ifgoiano.edu.br; 4 Estudante de Iniciação Científica (voluntário) – Instituto
Federal Goiano – Campus Rio Verde – GO, higorigorsantos@hotmail.com; 5 Orientador – Instituto Federal
Goiano – Campus Rio Verde – GO, eloiza.nunes@ifgoiano.edu.br;

RESUMO: O aumento da população urbana demanda a oferta de infraestrutura adequada. Isso resulta
na diminuição de áreas permeáveis que impossibilita a infiltração da água pelo solo, prejudica o
abastecimento do lençol freático e contribui para as inundações. Necessita-se de meios alternativos
que possibilitem que esse processo seja amenizado. O piso drenante permite a percolação da água e
diminui o escoamento superficial, reduzindo a probabilidade de enchentes. O agregado reciclado de
concreto (ARC), proveniente de construções e reformas, quando incorporado ao piso drenante,
contribui para a diminuição de resíduos construtivos que são constantemente descartados.
Considerando os aspectos citados, esse estudo visa a análise da permeabilidade de três traços com
diferentes porcentagens de substituição do agregado natural pelo ARC, sendo 0, 20 e 40%. Os
resultados obtidos demonstraram que todos os traços atingiram o coeficiente mínimo de
permeabilidade de 10-3 m/s definido pela norma referente.

Palavras-chave: Drenagem urbana; Pavimentação; Resíduos; Materiais.

INTRODUÇÃO
Os pavimentos permeáveis são classificados como estruturas porosas que possibilitam a
infiltração da água que escoa superficialmente amenizando as inundações (SALES, 2008). Os vazios
interconectados do piso drenante são responsáveis pela permeabilidade do material que depende do
tamanho e rugosidade dos poros. Mehta e Monteiro (2014) definem que a porosidade é a propriedade
mais importante do piso drenante, pois influencia no comportamento mecânico e funcional do
material.
Considera-se o uso do piso drenante uma possibilidade sustentável para problemas associados
ao mal gerenciamento do escoamento das águas pluviais que provocam alagamentos e enchentes. A
aplicação do piso drenante, em áreas urbanas, reduz a necessidade de medidas caras para o controle do
escoamento pluvial, tais como bacias de retenção, valas e lagoas.
Outro aspecto de relevância, é o impacto gerado pela indústria da construção civil, desde a
extração de recursos naturais até o produto final. Acredita-se que a mesma é responsável por uma
grande parcela dos resíduos gerados. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais (Abrelpe) (2016) citam que no Brasil, a quantidade de resíduos da construção e
demolição RCD por habitante por dia é de 0,600 kg/hab/dia.
Visando uma alternativa sustentável de pavimentos drenantes que possibilitem a infiltração da
água pelo solo e o reaproveitamento de resíduos gerados em construções e demolições, o presente
estudo tem a finalidade de analisar a permeabilidade do piso drenante incorporado com ARC, nas
proporções de 0, 20 e 40% de substituição do agregado natural. Assim resulta em uma alternativa
sustentável.

1
7º Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológica do IF Goiano
7º Congressos de Pesquisa e Pós-Graduação no Campus Rio Verde
8º Seminário de Avaliação dos Programas de Pós-Graduação do IF Goiano
IF Goiano - Campus Rio Verde
22 a 26 de outubro de 2018

MATERIAL E MÉTODOS
O piso drenante é constituído de agregado graúdo e pasta de cimento. Parte do agregado
natural foi substituído por ARC. O mesmo foi obtido pelo beneficiamento de resíduos de concreto de
20 a 30 MPa de resistência, fornecidos por uma construtora em Rio Verde–GO. Submeteu-se o
material ao britador de mandíbula e peneiramento.
O cimento utilizado, na proporção de 1:4 de agregado, foi o CP-V de alta resistência inicial.
Utilizou-se aditivo superplastificante na porcentagem de 0,4% da massa de cimento, para reduzir a
água de amassamento da mistura. A relação de água e cimento foi de 0,3.
Para o ensaio de permeabilidade confeccionou-se um permeâmetro adaptado (Figura 1)
conforme o método de Neithalath et al. (2003). O equipamento é composto por um tubo graduado de
acrílico, de 25 cm de altura e diâmetro de 10 cm, usado para monitorar o nível da água durante o
ensaio. O tubo fixado com silicone e transpassado 2 cm em uma base de tubo de PVC de 10 x 10 cm
onde inseriu o corpo de prova, com mesma medida, e assentado em uma caixa cilíndrica distante 10
cm do fundo. Uma válvula de 5 cm de diâmetro conecta a parte do fundo do tubo a uma tubulação
vertical, posicionada 1 cm acima do ponto mais alto do corpo de prova, por onde drenou a água.
Revestiu-se o corpo de prova com uma fina membrana de látex e acoplou-o ao cilindro de
teste. Adicionou-se água ao cilindro para saturar o corpo de prova. A válvula foi aberta e a água
drenada até que seu nível no cilindro graduado ficasse na mesma altura da tubulação do dreno.
Fechou-se a válvula e o cilindro completado com água. Abriu a válvula novamente e anotou o tempo
(t) em segundos que a água leva para descer de uma cota inicial (h1) 16,7 cm a uma cota final (h2) 5
cm. Repetiu-se três vezes o procedimento, e o valor médio de (t) usado para o cálculo. O coeficiente
da permeabilidade (K) é calculado de acordo com a lei de Darcy (Figura 2).

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os ensaios de permeabilidade foram realizados como descrito na metodologia. Primeiro
determinou-se a área interna do cilindro (A2) e do corpo de prova (A1) sendo ambas 7,85.10-3 m2. A
carga hidráulica inicial (h1) e final (h2) manteve se a mesma para todos os copos de prova, sendo 0,167
m e 0,05 m, respectivamente. O comprimento dos corpos de prova (L) foi igual a 0,10 m. Utilizando
se da equação da lei de Darcy (Figura 2), obteve se os resultados para o coeficiente de permeabilidade
(K), para o concreto sem a adição de agregado reciclado e com 40% de substituição, a variação de
tempo (∆t) foi de 10s e obteve se K igual a 12,1 × 10-3 m/s, para 20% de substituição ∆t foi de 14s e K
igual a 8,6 × 10-3 m/s.
Percebe-se que a substituição de 40% de agregado natural pelo ARC não influenciou no
coeficiente de permeabilidade (K) do concreto drenante. Segundo a NBR 16416 (ABNT, 2015) o
coeficiente de permeabilidade deve ser superior a 10-3m/s. Sendo assim todos corpos de prova
obedecem a esse requisito.
Mehta e Monteiro (2014) afirmam que os vazios interconectados presentes nos corpos de
prova de concreto drenante são responsáveis pela sua permeabilidade. Essa característica é
influenciada pela porosidade, tamanho e rugosidade dos poros. A porosidade depende de vários fatores
como graduação do agregado, quantidade de cimento, relação água / cimento (a/c) e energia de
compactação. Essa última pode ser o principal fator que influenciou a variação de resultados dos
traços analisados uma vez que se manteve a mesma quantidade de cimento, relação a/c e graduação
dos agregados.

CONCLUSÃO
Obteve-se resultados satisfatórios, todos os corpos de prova analisados ultrapassaram o limite
determinado em norma. Assim, conclui-se que o reaproveitamento de resíduos de concreto,
provenientes do RCD e a sua incorporação em pisos drenantes é possível, podendo contribuir de forma
econômica e sustentável à preservação do meio ambiente.

2
7º Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológica do IF Goiano
7º Congressos de Pesquisa e Pós-Graduação no Campus Rio Verde
8º Seminário de Avaliação dos Programas de Pós-Graduação do IF Goiano
IF Goiano - Campus Rio Verde
22 a 26 de outubro de 2018

AGRADECIMENTOS
Empresa Aditibrás, Fetz, Universidade de Rio Verde - Unirv, Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Goiás - Fapeg, Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde,
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
.
REFERÊNCIAS
ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, 2016. Disponível em
<http://www.abrelpe.org.br/panorama_edicoes.cfm>. Acesso em: agosto, 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT, NBR 16416 – Pavimentos


permeáveis de concreto – Requisitos e procedimentos. Rio de Janeiro, 2015. 25p.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto Microestrutura, Propriedades e Materiais- 2. ed.


São Paulo: IBRACON. Português, 2014.

NEITHALATH, N., WEISS, W.J. and OLEK, J. Enhanced Porosity Concrete: Electrical
Impedance, Acoustic Absorption and Hydraulic Permeability. Presented at the ACI Fall
Convention, Boston, 2003.

SALES, T. L. Pavimento permeável com superfície em bloco de concreto de alta porosidade.


2008. 173 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2008.

Figura 1 – Permeâmetro de carga variável adaptado

Figura 2 – Equação da lei de Darcy

Onde:
K= coeficiente de permeabilidade (m/s)
A1 = área da sessão transversal do corpo de prova (m²)
A2 = área interna do cilindro (m²)
L = comprimento do corpo de prova (m)
h1= carga hidráulica inicial (m)
h2 = carga hidráulica final (m)
t = tempo da descida da água (s)

Você também pode gostar