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RESUMO: O aumento da população urbana demanda a oferta de infraestrutura adequada. Isso resulta
na diminuição de áreas permeáveis que impossibilita a infiltração da água pelo solo, prejudica o
abastecimento do lençol freático e contribui para as inundações. Necessita-se de meios alternativos
que possibilitem que esse processo seja amenizado. O piso drenante permite a percolação da água e
diminui o escoamento superficial, reduzindo a probabilidade de enchentes. O agregado reciclado de
concreto (ARC), proveniente de construções e reformas, quando incorporado ao piso drenante,
contribui para a diminuição de resíduos construtivos que são constantemente descartados.
Considerando os aspectos citados, esse estudo visa a análise da permeabilidade de três traços com
diferentes porcentagens de substituição do agregado natural pelo ARC, sendo 0, 20 e 40%. Os
resultados obtidos demonstraram que todos os traços atingiram o coeficiente mínimo de
permeabilidade de 10-3 m/s definido pela norma referente.
INTRODUÇÃO
Os pavimentos permeáveis são classificados como estruturas porosas que possibilitam a
infiltração da água que escoa superficialmente amenizando as inundações (SALES, 2008). Os vazios
interconectados do piso drenante são responsáveis pela permeabilidade do material que depende do
tamanho e rugosidade dos poros. Mehta e Monteiro (2014) definem que a porosidade é a propriedade
mais importante do piso drenante, pois influencia no comportamento mecânico e funcional do
material.
Considera-se o uso do piso drenante uma possibilidade sustentável para problemas associados
ao mal gerenciamento do escoamento das águas pluviais que provocam alagamentos e enchentes. A
aplicação do piso drenante, em áreas urbanas, reduz a necessidade de medidas caras para o controle do
escoamento pluvial, tais como bacias de retenção, valas e lagoas.
Outro aspecto de relevância, é o impacto gerado pela indústria da construção civil, desde a
extração de recursos naturais até o produto final. Acredita-se que a mesma é responsável por uma
grande parcela dos resíduos gerados. Dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública
e Resíduos Especiais (Abrelpe) (2016) citam que no Brasil, a quantidade de resíduos da construção e
demolição RCD por habitante por dia é de 0,600 kg/hab/dia.
Visando uma alternativa sustentável de pavimentos drenantes que possibilitem a infiltração da
água pelo solo e o reaproveitamento de resíduos gerados em construções e demolições, o presente
estudo tem a finalidade de analisar a permeabilidade do piso drenante incorporado com ARC, nas
proporções de 0, 20 e 40% de substituição do agregado natural. Assim resulta em uma alternativa
sustentável.
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7º Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológica do IF Goiano
7º Congressos de Pesquisa e Pós-Graduação no Campus Rio Verde
8º Seminário de Avaliação dos Programas de Pós-Graduação do IF Goiano
IF Goiano - Campus Rio Verde
22 a 26 de outubro de 2018
MATERIAL E MÉTODOS
O piso drenante é constituído de agregado graúdo e pasta de cimento. Parte do agregado
natural foi substituído por ARC. O mesmo foi obtido pelo beneficiamento de resíduos de concreto de
20 a 30 MPa de resistência, fornecidos por uma construtora em Rio Verde–GO. Submeteu-se o
material ao britador de mandíbula e peneiramento.
O cimento utilizado, na proporção de 1:4 de agregado, foi o CP-V de alta resistência inicial.
Utilizou-se aditivo superplastificante na porcentagem de 0,4% da massa de cimento, para reduzir a
água de amassamento da mistura. A relação de água e cimento foi de 0,3.
Para o ensaio de permeabilidade confeccionou-se um permeâmetro adaptado (Figura 1)
conforme o método de Neithalath et al. (2003). O equipamento é composto por um tubo graduado de
acrílico, de 25 cm de altura e diâmetro de 10 cm, usado para monitorar o nível da água durante o
ensaio. O tubo fixado com silicone e transpassado 2 cm em uma base de tubo de PVC de 10 x 10 cm
onde inseriu o corpo de prova, com mesma medida, e assentado em uma caixa cilíndrica distante 10
cm do fundo. Uma válvula de 5 cm de diâmetro conecta a parte do fundo do tubo a uma tubulação
vertical, posicionada 1 cm acima do ponto mais alto do corpo de prova, por onde drenou a água.
Revestiu-se o corpo de prova com uma fina membrana de látex e acoplou-o ao cilindro de
teste. Adicionou-se água ao cilindro para saturar o corpo de prova. A válvula foi aberta e a água
drenada até que seu nível no cilindro graduado ficasse na mesma altura da tubulação do dreno.
Fechou-se a válvula e o cilindro completado com água. Abriu a válvula novamente e anotou o tempo
(t) em segundos que a água leva para descer de uma cota inicial (h1) 16,7 cm a uma cota final (h2) 5
cm. Repetiu-se três vezes o procedimento, e o valor médio de (t) usado para o cálculo. O coeficiente
da permeabilidade (K) é calculado de acordo com a lei de Darcy (Figura 2).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os ensaios de permeabilidade foram realizados como descrito na metodologia. Primeiro
determinou-se a área interna do cilindro (A2) e do corpo de prova (A1) sendo ambas 7,85.10-3 m2. A
carga hidráulica inicial (h1) e final (h2) manteve se a mesma para todos os copos de prova, sendo 0,167
m e 0,05 m, respectivamente. O comprimento dos corpos de prova (L) foi igual a 0,10 m. Utilizando
se da equação da lei de Darcy (Figura 2), obteve se os resultados para o coeficiente de permeabilidade
(K), para o concreto sem a adição de agregado reciclado e com 40% de substituição, a variação de
tempo (∆t) foi de 10s e obteve se K igual a 12,1 × 10-3 m/s, para 20% de substituição ∆t foi de 14s e K
igual a 8,6 × 10-3 m/s.
Percebe-se que a substituição de 40% de agregado natural pelo ARC não influenciou no
coeficiente de permeabilidade (K) do concreto drenante. Segundo a NBR 16416 (ABNT, 2015) o
coeficiente de permeabilidade deve ser superior a 10-3m/s. Sendo assim todos corpos de prova
obedecem a esse requisito.
Mehta e Monteiro (2014) afirmam que os vazios interconectados presentes nos corpos de
prova de concreto drenante são responsáveis pela sua permeabilidade. Essa característica é
influenciada pela porosidade, tamanho e rugosidade dos poros. A porosidade depende de vários fatores
como graduação do agregado, quantidade de cimento, relação água / cimento (a/c) e energia de
compactação. Essa última pode ser o principal fator que influenciou a variação de resultados dos
traços analisados uma vez que se manteve a mesma quantidade de cimento, relação a/c e graduação
dos agregados.
CONCLUSÃO
Obteve-se resultados satisfatórios, todos os corpos de prova analisados ultrapassaram o limite
determinado em norma. Assim, conclui-se que o reaproveitamento de resíduos de concreto,
provenientes do RCD e a sua incorporação em pisos drenantes é possível, podendo contribuir de forma
econômica e sustentável à preservação do meio ambiente.
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22 a 26 de outubro de 2018
AGRADECIMENTOS
Empresa Aditibrás, Fetz, Universidade de Rio Verde - Unirv, Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de Goiás - Fapeg, Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Goiano – Campus Rio Verde,
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
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REFERÊNCIAS
ABRELPE. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil, 2016. Disponível em
<http://www.abrelpe.org.br/panorama_edicoes.cfm>. Acesso em: agosto, 2018.
NEITHALATH, N., WEISS, W.J. and OLEK, J. Enhanced Porosity Concrete: Electrical
Impedance, Acoustic Absorption and Hydraulic Permeability. Presented at the ACI Fall
Convention, Boston, 2003.
Onde:
K= coeficiente de permeabilidade (m/s)
A1 = área da sessão transversal do corpo de prova (m²)
A2 = área interna do cilindro (m²)
L = comprimento do corpo de prova (m)
h1= carga hidráulica inicial (m)
h2 = carga hidráulica final (m)
t = tempo da descida da água (s)