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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
NATAL - RN
2023
Débora Marta Epaminondas Almeida da Silva
Natal-RN
2023
Débora Marta Epaminondas Almeida da Silva
___________________________________________________
Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França – Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Enio Fernandes Amorim – Coorientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Moacir Guilhermino Da Silva - Examinador interno
___________________________________________________
Enge. Me. Alex Armando da Silva – Examinador externo
Natal-RN
2023
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 6
2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 7
3 METODOLOGIA ............................................................................................................... 9
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 13
5 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 19
6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 19
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 21
RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a viabilidade da incorporação de um resíduo proveniente
de usina de asfáltica volumétrica, localizada em Macaíba, Rio Grande do Norte, Brasil, na
fabricação de concreto asfáltico usinado a quente para uso em camadas de rolamento de
pavimentos. O estudo visa atender às normativas do Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (DNIT) para a execução de pavimentos de concreto asfáltico usinado a quente.
A hipótese da pesquisa é que a incorporação do resíduo não interfere nas propriedades
volumétricas e mecânicas do concreto asfáltico, além de favorecer a reciclagem dos agregados.
Para isso, foram realizados ensaios mecânicos em cinco traços diferentes, cada um com uma
porcentagem de resíduo distinto. Os parâmetros volumétricos e de estabilidade do concreto
asfáltico são analisados e comparados com os traços utilizados no estado do Rio Grande do
Norte e da Paraíba. Os resultados permitiram definir uma mistura asfáltica adequada para a
execução da camada de capa de rolamento em pavimentos, considerando a incorporação do
resíduo proveniente da produção do concreto asfáltico. Os traços com adições de 2% de BGA
com teor de ligante ótimo de 5,65%% e 8% com teor de ligante ótimo de 5,20% apresentaram
valores satisfatórios e, também, similares a de empresas que atuam no ramo da pavimentação
na região do Rio Grande do Norte e Paraíba. O estudo demonstrou a viabilidade técnica,
econômica e sustentável, de forma que seja reduzido o impacto ambiental causado pelo acúmulo
de resíduos.
Palavras-Chave: Resíduo. Usina de asfalto. Camada de rolamento. Teor de ligante.
Reciclagem de agregados
ABSTRACT
Feasibility of incorporating residue from an asphalt plant into hot mix asphalt concrete.
This article aims to analyze the feasibility of incorporating a residue from a volumetric asphalt
plant, located in Macaíba, Rio Grande do Norte, Brazil, in the manufacture of hot-machined
asphalt concrete for use in sidewalk bearing layers. The study aims to meet the standards of the
National Department of Transportation Infrastructure (DNIT) for the execution of hot-
machined asphalt concrete sidewalks. The hypothesis of the research is that the incorporation
of the residue does not interfere in the volumetric and mechanical properties of the asphalt
concrete, besides favoring the recycling of the aggregates. For this purpose, mechanical tests
were performed on five different mixes, each with a different percentage of waste. The
volumetric and stability parameters of the asphalt concrete are analyzed and compared with the
mixes used in the state of Rio Grande do Norte and Paraíba. The results allowed to define an
asphalt mixture suitable for the execution of the bearing layer in sidewalks, considering the
incorporation of the residue from the production of asphalt concrete. The traces with additions
of 2% BGA with optimal binder content of 5.65%% and 8% with optimal binder content of
5.20% presented satisfactory values and also similar to those of companies operating in the
paving industry in the region of Rio Grande do Norte and Paraíba. The study demonstrated the
technical, economic and sustainable feasibility, so that the environmental impact caused by the
accumulation of waste is reduced.
Keywords: Residue. Asphalt Plant. Roadway lanes. Binder contente. Aggregate recycling
6
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DA LITERATURA
pesagem e mistura. Essa norma sugere ainda instalar os depósitos de cimento asfáltico em locais
afastados de cursos d’água.
Dyer, et al (2021) estudaram a inserção de areia de fundição proveniente de escavação
em aterro sanitário industrial e de indústrias siderúrgicas automotivas em traços de concreto
asfálticos. Eles concluíram que a composição granulométrica e outras características físicas em
muito se assemelharam a do pó de pedra usada na composição dos traços padrões. Concluíram
também que os corpos de prova da pesquisa tiveram valores de resistência a tração por
compressão diametral com perdas pequenas ao traço sem uso do resíduo, mas com valores
superiores ao limite mínimo estabelecido pelo DNIT.
Karacasu et al (2014) estudou a viabilidade técnica do reaproveitamento de resíduo de
usina asfáltica esse resíduo foi denominado de APR e foi usado para substituir o pó de calcário.
Os autores realizaram a comparação de traços sem a adição de resíduo e com a adição de
25%,50%,75% e 100% de adição do resíduo no lugar do pó de calcário. Eles constataram que
o peso específico não apresentou variações, assim como a estabilidade e fluência das amostras.
Por mais que não houve ganhos de qualidade com a adição, constataram que o incremento do
resíduo traz um efeito econômico, gerando economia para produção do concreto e diminuição
de volumes de resíduos na fábrica.
O ensaio Marshall é utilizado para determinar a estabilidade e fluência de misturas
betuminosas usinadas a quente. A norma brasileira que rege o ensaio é a DNER-ME 043/95,
estão atreladas ao ensaio as normas: NBR 12891 – dosagem de misturas betuminosas; American
Association of State Highway and Transportation Officials (AASHTO) T 245-82; ASTM
American Society for Testing and Materials (D 1559/92).
A estabilidade Marshall, obtida pelo ensaio é um parâmetro que representa a máxima
resistência a compressão radial de um corpo de prova do ensaio, o valor é expresso em kgf. Por
sua vez, a fluência é a deformação total que o corpo de prova apresenta, compreendendo a soma
das deformações desde o momento de aplicação da carga inicial até a carga máxima, esse valor
é expresso em décimos de milímetro.
O normativo 031/2006 do DNIT aborda os procedimentos e parâmetros a serem adotados
na execução de camada do pavimento flexível de estradas de rodagem que compreendem os
tipos de materiais a serem usados, equipamentos, métodos de execução dos pavimentos, o
manejo ambiental da produção, a qualidade do asfalto quanto aos parâmetros e qualidade das
misturas, assim como o controle tecnológico. O quadro 1 abaixo demonstra os parâmetros do
concreto asfáltico a quente a serem seguidos como base para camadas de rolamento e de ligação.
3 METODOLOGIA
laboratório. Nele as porcentagens em massa de agregado e de cap são variadas, uma vez que a
cada início e fim de produção são rejeitados ao total 7 toneladas de material. Em decorrência
disso, dependendo do traço que for confeccionado na usina as porcentagens de materiais
sofrerão variação. O BGA apresentou cerca de 1,27% de presença de cap como demonstrado
na Tabela 1. Na Figura 2 abaixo é demonstrado o aspecto físico do resíduo.
O ligante utilizado na pesquisa foi obtido através da refinação do petróleo, esse processo
de refino ocorreu em refinarias do estado do Ceará. Tal ligante é classificado como um cimento
asfáltico e para o estudo em questão foi da classe 50/70, esse índice é referente a seu estado de
dureza e é obtido através do ensaio de penetração. Todos os ensaios de caracterização realizados
nos agregados, resíduos e ligante estão apresentados no quadro abaixo.
foi a determinação das temperaturas ideal para o aquecimento do CAP, para aquecimento do
agregado a ser misturado com o CAP e para compactação da mistura asfáltica.
Na sequência foram definidos os teores de ligantes em quatro, sendo eles: 4,50%; 5,00%;
5,50% e 6,00%. Com isso, determinou -se a quantidade de corpos de prova a serem ensaiados.
Que foram 12 corpos de prova para cada situação de acréscimo de BGA (2%, 4%, 6%, 8%) e
12 corpos de prova para a situação sem acréscimo de BGA de forma que foram ensaiados 60
corpos de prova.
Com a definição dos teores de asfalto a serem utilizados, foi realizado a próxima etapa
do procedimento que foi o ajuste percentual, em peso, de cada agregado. Posteriormente a essa
correção, foi realizada a determinação do peso específico máximo da mistura asfáltica
compactada, junto a ela foi determinada o volume do molde de compactação do corpo de prova.
Sendo possível dessa forma determinar os pesos da mistura asfáltica, agregados e BGA de um
corpo de prova compactado e assim preparar os corpos de prova de cada situação.
Depois do processo de fabricação dos corpos de prova, aguardou-se o resfriamento deles.
Com os corpos de provas já frios, procedeu-se a anotação das dimensões de cada corpo de
prova, seu respectivo volume, sua massa seca, massa com a parafina e massa na condição
hidrostática.
Após essas etapas citadas anteriormente, foi calculado o peso específico aparente (GMB),
o volume de vazios dos corpos de prova (VV), a porcentagem de volume de vazios com betume
(VCB), a porcentagem de vazios dos agregados minerais (VAM) e a relação betume-vazios das
amostras (RBV).
Por fim, foi realizado o rompimento de todos os corpos de prova. Para isso, todos os
corpos de prova foram submersos em banho-maria a 60º C por 30 minutos antes do rompimento
a compressão. Após esse ensaio foi aferido o valor de estabilidade em kgf de cada corpo de
prova, assim como a fluência ocorrida nesse processo. De posse de todos esses resultados foram
traçadas as curvas de GMB versus teor de ligante, VV versus teor de ligante, RBV versus teor
de ligante e estabilidade versus teor de ligante. Os resultados que estão discutidos no próximo
capítulo. Na figura 4 abaixo é demonstrado as etapas experimentais feitas em laboratório.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para obtenção dos resultados dessa pesquisa foi realizada a devida análise dos corpos de
prova com adição de resíduo, das amostras de corpos de prova e, também, dos dados fornecidos
pelas empresas.
Primeiramente, foi analisado o parâmetro de peso específico das misturas (Gmb). Para
atingir esse resultado, foi realizado modelagem matemática com os dados do valor médio de
três corpos de prova e variando os teores em 4,50%, 5,00%, 5,50% e 6,00% de ligante, tais
valores estão representados através das linhas de tendência de comportamento, presentes no
Gráfico 01, demonstrado abaixo.
2,34 BGA - 4%
2,33
2,32 BGA - 6%
2,31
2,30 BGA - 8%
2,29
2,28 SEM BGA
4,50 5,00 5,50 6,00
TEOR DE CAP (%)
5,00
4,00
3,00
4,50 5,00 5,50 6,00
TEOR DE CAP (%)
Através das curvas de cada situação é possível traçar o valor intermediário recomendado
pela instrução 031 do DNIT, ou seja, o valor de 4% para volume de vazios. Assim, a Tabela 3
abaixo demonstra o teor de CAP esperado para atingir 4% em cada traço da pesquisa.
Gráfico 3 – Relação betume vazio das misturas com adição proporcional do resíduo
para diferentes teores de CAP
75,00
RBV
65,00
55,00
4,50 5,00 5,50 6,00
TEOR DE CAP %
Os valores máximos da RBV foram todos obtidos para um teor de CAP de 6%. Tais
valores estão demonstrados na Tabela 4 abaixo.
500,00
450,00
400,00
350,00
4,50 5,00 5,50 6,00
TEOR DE CAP (%)
Fonte: Produzido pela autora (2023)
Fazendo uma análise conjunta dos resultados obtidos na relação de betume vazios e dos
valores de estabilidade dos traços, compreende-se que os traços com adição de BGA a 4% e
6% não obedeceram aos parâmetros exigidos pelo DNIT, uma vez que só atingiram a faixa de
tolerância da relação RBV a um teor de ligante de 5,50% e para esse teor de ligante ou acima
dele, os corpos de prova não obtiveram a estabilidade mínima de 500 kgf, ficando com valor de
467 kgf e 480 kgf, respectivamente. Além do mais, os corpos de prova com adição de 4% de
resíduo não atingiram em nenhuma porcentagem de ligante a faixa de tolerância exigida para a
relação RBV.
No entanto, os corpos de prova com adição de 2% e 8% de BGA tiveram bons
resultados, tendo os melhores resultados sendo os corpos aditados de 2% de resíduo e teor de
ligante ótimo de 5,65% e os corpos aditados de 8% com teor de ligante ótimo de 5,20%
atingindo, conjuntamente, todos os parâmetros requisitados pela norma 031 do DNIT para capa
de rolamento.
Dessa forma, com o traço com adição de 2% e 8% e seus respectivos teores de ligantes
ótimos foi realizado uma comparação com traços de empresas e instituições utilizados em faixas
17
2,36
2,34
2,32
2,30
2,28
2,26
BGA BGA Traço Traço Traço Traço Traço Traço Traço Traço
2% 8% 1 2 3 4 5 6 7 8
Os dados obtidos do peso específico dos corpos de prova com adição de BGA a 2% e
8% demonstraram proximidade com os valores das empresas operantes no mercado tratado na
pesquisa. A média dos resultados de Gmb dos corpos de prova envolvidos nessa comparação
indicou valor de 2,35 gramas por centímetro cúbico. Sendo assim, o traço com adição de 2%
tem valor inferior à média e com adição a 8% valor superior.
6,00
VV (%)
4,00
2,00
0,00
BGA BGA Traço Traço Traço Traço Traço Traço Traço Traço
2% 8% 1 2 3 4 5 6 7 8
Por sua vez, analisando os volumes de vazios das amostras e traçando a faixa de volume
vazios para camadas de rolamento determinado pelo DNIT, o qual está demarcado no gráfico
6 pelas linhas horizontais. Depreende-se que o traço com a adição de BGA a 2% e 8% está
próximo ao valor intermediário. Observa-se também que a maioria dos traços das empresas está
dentro das faixas. Com ressalva para o traço 5 que ficou com valor de 2,64% e o traço 2 que
obteve valor de 5,74%.
18
75,00
RBV
50,00
25,00
0,00
BGA BGA Traço Traço Traço Traço Traço Traço Traço Traço
2% 8% 1 2 3 4 5 6 7 8
O DNIT estabelece a faixa de valores para a relação de betume vazios entre 75 e 82, a
análise permite aferir que os traços com adição de BGA estão dentro da faixa limite, mais
próximo do valor mínimo. Todavia, os traços 2,3,4 e 8 estão abaixo do valor permissível
mínimo. Por sua vez, os traços 1,5,6 e 7 estão próximos do valor máximo.
1000,00
Estabilidade - kgf
750,00
500,00
250,00
0,00
BGA BGA Traço Traço Traço Traço Traço Traço Traço Traço
2% 8% 1 2 3 4 5 6 7 8
Por fim, comparou-se a estabilidade Marshall obtida pelos corpos de prova em questão.
A média dos resultados de estabilidade desse comparativo foi de 758,95 KgF. O traço 2 foi o
que obteve o menor valor, abaixo da média, sendo ele de 465,35 kgf. O traço 5 obteve o maior
valor que foi de 1158,52 kgf. O traço aditado com BGA 2%, apresentou valor superior ao
mínimo requerido pelo DNIT, sendo de 547,80 kgf, o traço com adição de 8% teve valor de
555,80 kgf, ambos abaixo da média.
19
5 CONCLUSÃO
a) Foi verificado que os traços com adições de 2% de BGA com teor de ligante ótimo
de 5,65%% e 8% com teor de ligante ótimo de 5,20% apresentaram valores
satisfatórios e, também, similares a de empresas que atuam no ramo da
pavimentação na região do Rio Grande do Norte e Paraíba em traços de concreto
usinado a quente para pavimentos flexíveis destinados a camada de capa de
rolamento. No entanto, os traços aditados de 4% e 6 % não obtiveram resultados
dentro dos limites requisitados pelo normativo 031/2006 do DNIT
b) Existe a possibilidade da reutilização do resíduo na produção do concreto usinado
a quente, confirmando a hipótese inicial. Além de que a cada ciclo de produção
são rejeitadas 7 toneladas de material. Tendo em vista que a depender da demanda
fabril da usina, seja passível de em uma hora de funcionamento ocorrer a operação
de 150 toneladas de concreto, torna-se promissora a utilização de resíduos
provenientes de usinas para enfrentar os desafios ambientais e promover a
sustentabilidade na indústria do asfalto.
c) Tendo como foco a visão de conscientização ambiental, este estudo propõe um
avanço nessa área, fornecendo informações relevantes que podem ser aplicadas
na produção de pavimentos no Brasil.
6 REFERÊNCIAS
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https://portal.stf.jus.br/hotsites/agenda-2030/. Acesso em: 16 jun. 2023.
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Acesso em: 16 jun. 2023.
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define o clima do planeta. Disponível em: https://www.unep.org/pt-br/noticias-e-
reportagens/comunicado-de-imprensa/relatorio-mostra-como-infraestrutura-define-o-clima.
Acesso em: 16 jun. 2023.
Thacker., Adshead D., Fantini C., Palmer R., Ghosal R., Adeoti T., Morgan G., Stratton-Short
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gerencial, Brasilia, CNT: SEST, SENAT
Brasil, Ministério Do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente –CONAMA.
(2002). Resolução CONAMA nº 313 – Inventário Nacional de Resíduos Sólidos
Industriais, Brasília.
20
AGRADECIMENTOS
Os agradecimentos da realização e apoio a presente pesquisa vão para a UFRN
(Universidade Federal do Rio Grande do Norte), ao Instituto Federal do Rio Grande do Norte
– Campus Natal Central e a empresa Tcpav Tecnologia em Construção e Pavimentação Ltda.