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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
NATAL-RN
2016
Lucas Matheus de Lima Medeiros
Natal-RN
2016
Catalogação da Publicação na Fonte
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Sistema de Bibliotecas Biblioteca Central
Zila Mamede / Setor de Informação e Referência
___________________________________________________
Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto – Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Barros– Examinador interno
___________________________________________________
Engª. Ana Paula Sobral de Freitas.– Examinador externo
Natal-RN
2016
RESUMO
Palavras Chave: Radier Estaqueado. Análise Computacional. Método dos Elementos Finitos.
ABSTRACT
This monograph is motivated for an absence of foundation studies locally, thus it wants to study
the conception of piled raft in projects. The piled raft analyses is more complex, since there is no
simplifications on the soil-structure, so it was thought to use a program for 3D analysis of
geotechnical structures to facilitate it. The software which was chosen is a product of Rocscience
Inc., the Rock and Soil 3-Dimensional analysis program (RS3), which has specific tools to solve
piled raft problems. This monograph studies a water tank foundation analysis, it is located at
Campus Central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), the foundation
project has 2 caps, each one is supported over 12 piles, the piles have a length of 10m and
diameter of 50cm. The analyses were made considering different constraints, the foundation
project was analyzed as a raft, a piled raft and a cap, and in each analyses it was applied and not
applied the bending due to wind, besides that it was made a seventh analyses for each piles to
have a reference of soil behavior. Once the analyses were concluded, the data were compared
with other research data. The analyses concluded that 37% of the loading is transferred to the soil
through the rafts. Based on the literature review, this research concluded that the data is
coherent, it also proposes a future study changing the project configuration and loadings.
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1
3. METODOLOGIA ................................................................................................................. 16
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 44
ANEXO A...................................................................................................................................... 49
APÊNDICE A .............................................................................................................................. 52
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.6 – Análises listadas de acordo com a concepção e carregamento aplicado ................ 24
Tabela 4.1– Distribuição de cargas entre os elementos estruturais da FP1. ............................... 32
Tabela 4.2 – Distribuição de cargas entre os elementos estruturais da FP2 ............................... 33
Tabela 4.3 – Distribuição de cargas entre os elementos estruturais da FP1 com momento
aplicado ao sistema. ...................................................................................................................... 34
Tabela 4.4 – Distribuição de cargas entre os elementos estruturais da FP2 com momento
aplicado ao sistema ....................................................................................................................... 34
Tabela A.1 – Parâmetros do solo para o ensaio de sondagem 02 ................................................ 52
ÍNDICE DE GRÁFICOS
SÍMBOLO SIGNIFICADO
SIGLAS E ABREVIATURAS
Displacement Analyzer
General Analysis of Rafts with Piles
1
1. INTRODUÇÃO
1.4. JUSTIFICATIVA
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. GENERALIDADES
A NBR 6122 (ABNT 2010) define fundações rasas como aquelas assentadas a
uma profundidade inferior a duas vezes a sua menor dimensão (B), não superior a três
metros e com a transmissão das cargas ocorrendo apenas através do contato entre a
base da fundação e o solo. Não atendida a primeira condição, ou seja, a cota de
assentamento é superior a duas vezes a menor dimensão do elemento e não inferior a
três metros, a fundação é denominada como profunda, onde a transmissão da carga
ocorre tanto pela base do elemento (resistência de ponta) como por atrito lateral
(resistência de fuste).
A Norma supracitada condiz com o critério, arbitrário, para esta diferenciação
apresentado por Velloso e Lopes (2010), tal que uma fundação é dita profunda quando o
mecanismo de ruptura da base não surge na superfície do terreno, este mecanismo
tipicamente surge acima da base a uma distância de duas vezes a menor dimensão,
conforme a Figura 1.
2.2. RADIER
Quanto aos recalques, Brandi (2004) cita que os recalques na carga limite são
muito inconstantes e dependem de vários fatores, entre eles a rigidez da fundação.
Segundo Velloso e Lopes (2010), quanto à rigidez e à forma de expressá-la no caso de
placas como radies e sapatas, não há uma expressão de caráter geral, mas algumas
propostas com maior ou menor grau de aceitação, Shulze e Simmer (1970) citados por
Brandi (2004) sugerem que a fundação é admitida rígida quando K’> 0,5 e flexível ou
elástica quando 0 < K’ ≤ 0,5, sendo K’ para placas retangulares o resultado da equação
2.1.
( ) Eq. (2.1)
Onde:
K’ é o coeficiente de rigidez.
E é o módulo de elasticidade do concreto;
Es é o módulo de compressibilidade elástica do solo;
B é a dimensão da estrutura no sentido do eixo de flexão estudado;
d é a espessura da placa de fundação.
Segundo Das (1999), quando uma fundação direta é considerada flexível, apoiada
sobre um meio elástico e predominantemente argiloso, está submetida a uma carga
uniformemente distribuída, a pressão de contato será uniforme. Nesse caso, o recalque
é maior no centro ao contrário de uma fundação similar, apoiada sobre solo granular,
onde o recalque é maior nas extremidades, mantida a uniformidade da pressão de
contato. Esse fato deve-se à falta de confinamento existente nessa situação. Caso a
fundação seja considerada rígida, em meio elástico ou granular, o recalque permanece o
mesmo em todos pontos, variando porém a pressão de contato.
que, em seguida, é preenchida com concreto. Este processo de escavação pode causar
uma descompressão do terreno, que será maior ou menor, dependendo do tipo de
suporte (VELLOSO & LOPES, 2010). A escavação sem suporte só é possível em solos
granulares com alguma porcentagem de finos, e obviamente acima do nível d’água,
como foi o caso da execução do R-10.
Cintra e Aoki (2011) definem o critério de ruptura para uma estaca como a
situação em que mobilizada toda a resistência lateral e de ponta, ao aumentar-se a
carga aplicada, a estaca iria deslizar continuamente, ou seja, haveria uma ruptura nítida.
Logo, tal autor define capacidade de carga como a força aplicada correspondente à
máxima resistência que o sistema pode oferecer às condições geotécnicas de ruptura
descritas acima.
Portanto a resistência de uma estaca isolada resume-se à soma de duas parcelas
de carga: uma devida ao atrito lateral e outra devida à mobilização da resistência de
ponta, expressas pela equação 2.2.
Eq. (2.2)
Eq. (2.3)
Eq. (2.4)
Eq. (2.5)
Segundo Cintra e Aoki (2011), experimentos de diversos pesquisadores
revelaram que a condição de mobilização máxima por atrito lateral é atingida para baixos
8
valores de recalque da estaca, geralmente entre 5 e 10 mm, ao contrário que para a total
mobilização da resistência de ponta é necessário recalques bem mais elevados, com
valores de até 30% do diâmetro da base, para estacas escavadas.
Ainda segundo Cintra e Aoki (2011), na realidade, a mobilização da ponta ocorre
simultaneamente à mobilização do atrito lateral, no entanto, ao atingir a mobilização
máxima do atrito, geralmente a mobilização da ponta ainda não é significativa.
Segundo Velloso e Lopes (2010), por ser o ensaio de investigação mais difundido
no país, a maioria dos métodos de cálculo da capacidade de carga de estacas foram
feitos com base em resultados de sondagens de SPT. Dentre os vários métodos é
importante citar os métodos de Meyerhof, Aoki-Velloso e Décourt-Quaresma.
No método de Décourt-Quaresma a estimativa da tensão de atrito lateral ( ) é
feita com o valor médio do índice de resistência à penetração do SPT ao longo do fuste
( ), de acordo com a equação 2.6.
Eq. (2.6)
( )
Tipo de Estaca
Injetada sob
Tipo de Solo Escavada Hélice
Escavada Raiz altas
(bentonita) contínua
pressões
Argilas 0,8* 0,9* 1,0* 1,5* 3,0*
Solos
0,65* 0,75* 1,0* 1,5* 3,0*
intermediários
Areias 0,5* 0,6* 1,0* 1,5* 3,0*
*Valores apenas orientados diante do reduzido número de dados disponíveis.
Ainda pelo tal método, a capacidade de carga junto à ponta ou base da estaca
( ) é estimada pela equação.
9
Eq. (2.7)
Eq. (2.8)
( )
10
Eq. (2.9)
Segundo Novak, Reese e Wang (2005), o termo radier estaqueado foi originado
na Europa quando engenheiros conceberam a ideia de projetar o sistema de fundações
12
de arranha-céus combinando radiers com grupo de estacas, neste caso os radiers eram
dimensionados para transmitir todos os esforços ao solo com fatores de segurança
aceitáveis e o acréscimo de estacas ao sistema tinha a função específica de reduzir os
recalques do mesmo.
A consideração do contato do bloco com o solo em um grupo de estacas chamou
a atenção de pesquisadores para as possíveis vantagens da associação de mais de um
tipo de fundação para compor o sistema (CORDEIRO, 2007). Iniciou-se então estudos
mais abrangentes que consideraram a parcela de transmissão de cargas devidas ao
elemento horizontal radier para obtenção de projetos de fundações possivelmente mais
econômicos.
Na concepção tradicional de projeto para grupo de estacas sob apenas
carregamentos verticais, calcula-se o número adequado de estacas dividindo-se a carga
concentrada incidente no bloco ( ) pela carga admissível de catálogo (Pa) da estaca,
Eq. (2.10)
∑ Eq. (2.11)
Poulos (2001) afirma que um projeto racional de um radier estaqueado passa por
três estágios principais, são eles:
a) Um estágio preliminar para analisar a possibilidade do uso do radier
estaqueado, assim como a obtenção de um número satisfatório de estacas
para atender os requisitos de projeto;
b) O segundo estágio aborda a localização das estacas e suas características
gerais;
c) O último estágio trata de otimizar o número, a localização e a configuração das
estacas, assim como calcular detalhadamente a distribuição de cargas e
momentos nas estacas, e os recalques apresentados no radier.
3. METODOLOGIA
3.1. SOFTWARE
3.2.1. SOLO
cravação de 60%, valor de energia liberado nos padrões europeu e americano. O ajuste
pode ser feito segundo a equação 3.1.
Eq. (3.1)
De acordo com Belincanta (1998), para o ensaio de SPT seguindo a NBR 6184
(ABNT, 2001), com acionamento manual do martelo a energia fornecida é em torno 66%
da energia teórica de queda livre. Neste trabalho foi tomado como referência este valor
de eficiência para o cálculo dos valores de dispostos na Tabela 01.
Assim como recomenda Schnaid e Odebrecht (2000), para ensaios em solos
granulares é necessário correções para considerar o efeito do nível geostático de
tensões in situ. Para tal foi aplicado a formulação fornecida por Skempton (1986), em
função da tensão efetiva atuante em determinada camada do solo, representada na
equação 3.2.
Eq. (3.2)
Solo α
Areia 3
Silte 5
Argila 7
Fonte: Teixeira e Godoy (1996 apud CINTRA, AOKI & ALBIERO, 2011). Adaptado.
Tabela 3.2 - Coeficiente K
Solo K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,1
Areia 0,9
Areia siltosa 0,7
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila Arenosa 0,3
Silte argiloso 0,25
Argila Siltosa 0,2
Fonte: Teixeira e Godoy (1996 apud CINTRA, AOKI & ALBIERO, 2011). Adaptado.
Solo/Compacidade
Areia pouco compacta 0,2
Areia compacta 0,4
Silte 0,3 - 0,5
Argila saturada 0,4 - 0,5
Argila não saturada 0,1 - 0,3
RS3. Já o módulo de Poisson foi tomado igual a 0,2, conforme apresentado pela NBR
6118 (ABNT, 2014).
3.2.3. CARREGAMENTOS
Situações
Elemento Fz (kN) Fy (kN) Fx (kN) My (kNm) Mx (kNm)
desfavoráveis
FP1 3253,0 - - - -
Sem vento
FP2 3274,0 - - - -
Vento 90°, FP1 3462,0 58 - 512,0 1032,0
270° FP2 3483,0 58 - 512,0 1049,0
Vento 0°, FP1 3005,0 62 - 299,0 993,0
180° FP2 3483,0 62 - 512,0 1049,0
FP1 3233,0 57 54 107,0 17,0
Vento 45°
FP2 3253,0 57 59 106,0 33,0
FP1 3005,0 57 59 299,0 993,0
Vento 135°
FP2 3026,0 57 54 299,0 1010,0
FP1 3462,0 57 54 512,0 1033,0
Vento 225°
FP2 3026,0 57 59 299,0 1010,0
FP1 3235,0 57 59 107,0 2008,0
Vento 315°
FP2 3256,0 57 54 107,0 2025,0
Nota: FP1 – Fundação do Pilar 1
FP2 – Fundação do Pilar 2
Eq. (3.3)
( ) ( )
Onde:
E é o módulo de elasticidade do concreto, que para resistência à compressão de
30MPa é igual a 27000 MPa, segundo a Tabela 8.1. da NBR 6118 (ABNT, 2014).
Es é o módulo de compressibilidade elástica do solo, que neste caso é a média
das 3 primeiras camadas apresentadas na Tabela A.1 do Anexo A, pois esta é
abrangência do bulbo de tensões para o radier;
B é a dimensão da estrutura no sentido do eixo de flexão estudado, neste caso a
maior direção (5,3m);
d é a espessura da placa de fundação, 1m.
Logo, a fundação aqui em estudo, segundo estes critérios, é considerada rígida,
pois .
É importante ressaltar que seguindo o critério da NBR 6118 (ABNT, 2014) o bloco
em estudo é considerado flexível, visto que o mesmo não possui a altura mínima
especificada por tal norma, conforme a equação 3.4.
Eq. (3.4)
Onde:
é a dimensão do bloco em uma determinada direção;
é altura do bloco.
Segundo a equação 3.4 seria necessário uma altura de ⁄ . Se
configurada essa condição poderia aplicar-se o procedimento de cálculo apresentado
por Schiel (1957) apud Barros (2009) baseado na superposição de efeitos para o cálculo
das reações em estacas de mesmo tipo, mesmo comprimento e mesmo diâmetro. Por
27
este procedimento as reações nas estacas são diretamente proporcionais aos seus
respectivos deslocamentos.
Ainda sobre este aspecto, considerando-se o critério exposto pelo CEB-FIP (Euro
International Committte for Concrete in International Federation for Prestressing 1970),
onde o bloco é considerado rígido quando a altura h do bloco é compreendida pelo
intervalo da equação 3.5, tem-se para este critério que o bloco em análise é
caracterizado rígido, pois se encaixa exatamente no valor limite mínimo do intervalo
especificado.
Eq. (3.5)
Logo, para esta pesquisa considerou-se o bloco como rígido, e tal concepção foi
confirmada pelos resultados obtidos no RS3, como visto no Capítulo 4, onde se
observou uma distribuição de carga entre estacas coerente com análises presentes na
literatura para blocos rígidos, onde as estacas de borda são mais solicitadas.
Estabelecendo-se, portanto, o comportamento do bloco como rígido, entende-se
que a aproximação do uso de um carregamento uniformemente distribuído sobre a placa
ao invés do carregamento com formato “I” é válida, visto a diminuição do esforço
computacional e das incertezas devidas ao uso da segunda forma de carregamento.
Poulos (2001) afirma que na literatura existente não há um padrão de carga
aplicada ao sistema de fundações, podendo-se assumir o carregamento atuante como
uniformemente distribuído, desde que se atente a alguns cuidados relacionados a
recalques excessivos e forças cortantes elevadas em regiões onde na realidade ocorre
carga concentrada, isso para casos de radies com pequena espessura, ou seja, mais
flexíveis.
Pezo (2013) citou bem que o sistema de fundação é formado por elementos
estruturais e o solo, de modo que cada um deles deve ser corretamente modelado de
maneira que o resultado final simule de forma real o comportamento do objeto de
28
estudo. Uma modelagem do ponto de vista geométrico deve ter em conta os seguintes
aspectos:
As dimensões em geral devem assegurar que o comportamento do objeto
em estudo não é influenciado pelas restrições dos contornos do modelo;
Cada elemento deve ser modelado respeitando no possível sua forma e
dimensões;
Sempre que possível são feitas simplificações por simetria com o objetivo
de minimizar o tamanho do modelo.
Nas modelagens em estudo, não foram feitas simplificações por simetria, pois o
problema trata de dois radies adjacentes, em que o uso de simetria eliminaria o efeito de
interação entre os mesmos. Sosa (2010, apud PEZO, 2013) indica recomendações para
modelagem geométrica de certos tipos de fundação, de acordo com a dimensão dos
elementos estruturais. A seguir, na Figura 10 e Figura 11, estão listadas e representadas
graficamente as recomendações para raider e radier estaqueado, respectivamente,
segundo o autor.
Para o radier estaqueado Sosa (2010, apud PEZO, 2013) indica, que as
dimensões horizontais do modelo radier estaqueado são três vezes a largura (B) do
radier e a profundidade três vezes o comprimento (L) das estacas.
Para as análises em estudo preferiu-se unificar as dimensões de domínio,
utilizando-se a configuração da Figura 11 em todas as modelagens da Tabela 3.6. Como
os casos de estudo envolvem dois elementos de fundação, utilizou-se como dimensão
(B) a soma das larguras dos dois elementos mais o espaçamento, 1,5m, entre eles na
direção x, para a direção y foi tomado a dimensão em tal eixo, 5,3m.
30
De acordo com o que foi discutido no item 3.2.4, a distribuição de cargas entre
estacas, para um bloco rígido, não é uniforme. Nos modelos para o grupo de estacas e
radier estaqueado, ambos sem momentos, observa-se nas Figuras 12 e 13, e Tabelas
4.1 e 4.2, que as estacas periféricas foram mais solicitadas, coerentemente ao estudo de
Gandhi e Maharaj (1995). Os autores justificaram que tal comportamento decorre do fato
que o movimento relativo entre estaca e solo é muito menor nas estacas do centro em
relação às estacas das extremidades.
Sousa (2010) em estudos com radiers estaqueados com 2,4,9,16,25,36 e 64
estacas, utilizando os softwares DIANA (Displacement Analyzer) e GARP (General
Analysis of Rafts with Piles), também mostrou que para radiers rígidos as estacas
periféricas são mais carregadas.
Observa-se ainda que a diferença relativa de carregamento entre as estacas
periféricas e centrais foram maiores no caso do radier estaqueado, provavelmente
devido ao confinamento ocasionado pelo contato do radier com o solo. Lembrando que
para as modelagens em estudo, esse confinamento só ocorre para o caso de radier
estaqueado, pois para a análise sob a concepção de grupo de estacas não há o contato
do bloco com o solo.
Figura 12 - Força axial nas estacas para o radier estaqueado, devido aos
carregamentos verticais (legenda em kN).
31
Figura 13 - Força axial nas estacas para o grupo de estacas, devido aos
carregamentos verticais (legenda em kN).
Figura 15 - Força axial nas estacas para o grupo de estacas com momento
aplicado.
34
15
14
Deslocamento (mm)
13
12
11
10
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
Distância eixo y (m)
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
20,0
22,0
24,0
26,0
Radier
Grupo de Estacas
Radier Estaqueado
sem momento, Caso 02, 04 e 06, no eixo y, com 5,3m, houve pequenos deslocamentos
verticais relativos, como se observa no Gráfico 2, no Gráfico 3 e no Gráfico 4, o que
confirma a hipótese adotada no item 3.2.4 quanto à rigidez do bloco em estudo.
,000 ,5000 1,000 1,5000 2,000 2,5000 3,000 3,5000 4,000 4,5000 5,000
-13,58000
-13,6000
Deslocamento (mm)
-13,62000
-13,64000
-13,66000
-13,68000
Distância (m)
,000 ,5000 1,000 1,5000 2,000 2,5000 3,000 3,5000 4,000 4,5000 5,000
-19,02000
-19,04000
Deslocamento (mm)
-19,06000
-19,08000
-19,1000
-19,12000
39
Gráfico 5 - Deslocamento vertical ao longo do eixo y para o radier isolado sem aplicação
de momentos.
Distância (m)
,000 ,5000 1,000 1,5000 2,000 2,5000 3,000 3,5000 4,000 4,5000 5,000
-26,45000
Deslocamento (mm)
-26,5000
-26,55000
-26,6000
-26,65000
-26,7000
Pela análise dos esquemas acima, conclui-se que em todos os casos existe uma
inclinação dos radies/blocos em direção à área de sobreposição de tensões, no entanto,
estes possíveis movimentos de rotação, provavelmente não ocorrerão na realidade, pois
nesse estudo não está sendo considerado o efeito de pórtico, tal efeito considerado por
Gusmão (2006) mostra que ao se realizar uma análise da interação solo-estrutura existe
uma solidariedade entre os elementos da superestrutura conferindo às fundações uma
considerável rigidez, restringindo os seus movimentos relativos.
Observando-se as Figuras 17 e 18, percebe que para a análise com radier
estaqueado houve maiores deslocamentos nas camadas superficiais do solo,
diferentemente do observado para o grupo de estacas, coerentemente aos resultados
obtidos por Kuwabara (1989). Na ocasião o autor explicou como causa para a diferença
o fato de que quando as estacas se deslocam em relação ao solo, mobilizando o atrito
lateral, o radier começa a transferir carga ao solo da camada superficial, que geralmente
é mais deformável, gerando maiores recalques nesta camada. No entanto, como visto
na seção anterior, o deslocamento do sistema foi maior para a análise com grupo de
estacas (Caso 04) em relação à concepção de radier estaqueado (Caso 02), isto pode
ser compreendido observando-se que para o Caso 04, como observa-se na Figura 26,
os deslocamentos no solo se estenderam por uma maior profundidade em relação ao
visto na análise de radier estaqueado.
42
5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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FAU - USP, 2014. p. 93.
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VELLOSO, D.A; LOPES, F.R. Fundações. Vol. 1 e Vol.2. Oficina de Textos, 2010
ANEXO A
A- PERFIS DE SONDAGEM
Figura 20 - Furo de sondagem 01.
APÊNDICE A
A - PARÂMETROS DO SOLO
Tabela A.1 – Parâmetros do solo para o ensaio de sondagem 02.
Cota E γ
Nome Tipo de Solo Compacidade Nspt Nspt,1 (Nspt,1)60 φ k α v Cor
(m) (MPa) (kN/m³)
Solo 01 Areia Fina Siltosa Pouco Compacta 0-3 5,0 6,8 7,4 31,0 0,7 3,0 15,6 16,0 0,2 Marrom
Areia Fina P/ Siltosa Pouco Comp. -
Solo 02 3-5 8,0 8,8 9,7 31,9 0,8 3,0 23,2 17,0 0,3 Bege
P/ Argilosa Med. Comp.
Areia Fina P/ Siltosa Med. Comp.-
Solo 03 5-7 16,0 14,8 16,3 34,5 0,8 3,0 39,1 17,0 0,3 Amarelo
P/ Argilosa Comp.
Areia Fina P/ Siltosa
Solo 04 Comp. 7-10 35,0 25,9 28,5 39,4 0,8 3,0 68,4 18,0 0,4 Bege
P/ Argilosa
Areia Fina P/ Siltosa
Solo 05 Comp. 10-11 55,0 38,2 42,0 44,8 0,8 3,0 100,8 18,0 0,4 Bege
P/ Argilosa
Areia Fina P/ Siltosa
Solo 06 Comp. 11-30 70,0 45,8 50,3 48,1 0,8 3,0 120,8 18,0 0,4 Bege
P/ Argilosa
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um inicial com apenas o perfil de solo existente e um segundo onde foram inseridos os
elementos estruturais de fundação. A terceira opção, Orientation, permite ao usuário
selecionar qual será o eixo de “extrusão” dos elementos e do perfil de solo.
O item Groundwater permite escolher qual o método de análise para água
presente no perfil se for o caso, a escolha deve ser cuidadosa de acordo com os
objetivos da modelagem, neste trabalho não se fez uso desta ferramenta, visto que não
foi registrado nível d’água no perfil de sondagem apresentado no Anexo A.
A opção Stress Analysis requer atenção especial em alguns pontos, tais como o
número de interações, a tolerância e a abordagem de cálculo, é aconselhável se fazer
análises iniciais do modelo em estudo e se necessário conforme visto mais adiante
quando forem tratadas as considerações do processo de cálculo se alterar os
parâmetros dispostos nessa seção. Os demais parâmetros merecem mais atenção de
acordo com o caso de estudo, principalmente quanto ao tipo de convergência, neste
trabalho foi utilizado o tipo Absolute Energy que relaciona os deslocamentos de cada nó
aos somatórios de forças internas e externas, para mais informações sobre isso
consultar literatura específica sobre o método.
A última opção do Project Settings, Project Summary, permite o acréscimo de
informações básicas como título do projeto, tipo de análise, autor, data e comentários.
Executadas as alterações necessárias, fecha-se a caixa de diálogo da Figura 28, e no
mesmo menu Geometry, seleciona-se Boundaries Add External, onde será possível
criar o domínio externo ao digitar as coordenadas do mesmo, tomando qualquer ponto
inicial de referência. A partir disto é possível observar na aba 3D que é inserido uma
única camada homogênea de 50m, então para inserir mais camadas seleciona-se o item
Slices Edit Slices e será aberto uma caixa de diálogo conforme a Figura 25. O número
de camadas deve seguir dois critérios em conjunto, um é o número de camadas de solo
a serem consideradas no problema, o segundo depende da posição dos elementos em
estudo, por exemplo, no modelo aqui descrito foram usados utilizadas seis camadas de
solo, conforme a tabela disposta no Anexo A, e mais uma camada referente a
profundidade do bloco, somando-se 7 camadas conforme listado na Figura 26.
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Eq. (A.1)
( ) Eq. (A.1)
Eq. (A.3)
3. Base Normal Stiffness (kN/m) : obtido através de prova de carga para obter-se um
valor de interação entre a ponta da estaca e o solo circundante desta região.
Como no caso em estudo, por tratar-se de estacas escavadas, desconsiderou-se
tal resistência como parâmetro de entrada, igualando-a a zero.
.
Figura 38 - Modo de aplicação do momento.
Foi escolhido para este trabalho elemento finito 10 Noded Tetrahedron, visto que
ele é mais preciso que o 4 Noded Tetrahedron, pois possui pontos intermediários nos
planos. Quanto à opção Gradation Parameters é possível alterar os valores de Offset , e
os fatores de maximização do número de elementos. Na opção Quality é possível
observar aspectos geométricos gerais dos elementos assim como editá-los. Há um
segundo item interessante no qual o usuário pode editar a densidade de elementos em
uma determinada região ou superfície, Figura 40, tal opção é selecionada assim: Mesh
Customize Mesh.
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