Você está na página 1de 40

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Departamento de Engenharia Civil


Coordenação do Curso de Engenharia Ambiental

Construção Civil e Segurança do Trabalho:


um estudo de caso em obras da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte

Larissa Maria Galvão Rodrigues Moura

Natal, novembro
2017
Larissa Maria Galvão Rodrigues Moura

Construção Civil e Segurança do Trabalho:


um estudo de caso em obras da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como parte dos requisitos para obtenção do
Título de Bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida

Natal, novembro
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Moura, Larissa Maria Galvão Rodrigues.
Construção civil e segurança do trabalho: um estudo de caso em obras
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte / Larissa Maria Galvão
Rodrigues Moura. - 2017.
40 f. : il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do


Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia Ambiental. Natal,
Orientador: Prof. Dr. Marcos Lacerda Almeida.

1. Riscos ocupacionais – Monografia. 2. Construção civil - Monografia.


3. Trabalho - Monografia. 4. Riscos psicossociais - Monografia. I.
Almeida, Marcos Lacerda. II. Título.

RN/UFRN/BCZM CDU 331.46-057.15


Larissa Maria Galvão Rodrigues Moura

Meio ambiente e segurança do trabalho: um


estudo de caso em obras da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como parte dos requisitos para obtenção do
Título de Bacharel em Engenharia Ambiental.

BANCA EXAMINADORA

Dr. Marcos Lacerda Almeida – Orientadora


Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Dr. Rubens Eugênio Barreto Ramos


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Msc. Sônia Maria Machado Prado


Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Agradecimentos

À Deus por todas as minhas conquistas até agora.


À minha família por todo o incentivo e o suporte nos momentos difíceis, em especial
a minha mãe, meu pai e a mãe-nene.
Ao meu namorado pela paciência e companheirismo durante a minha jornada
acadêmica.
À COPS por toda o conhecimento e experiência que foram compartilhados comigo
durante os meus anos de bolsista.
Ao projeto de extensão avaliação psicossocial do trabalho, por todo o conhecimento
que adquiri, tenho certeza que levarei para a vida.
Ao meu orientador por todo o apoio recebido.
Aos meus colegas de turma e as minhas amigas que vou levar para a vida, por sempre
estarem comigo, pela ajuda nos estudos e pelos momentos de descontração.
A todos aqueles que colaboraram, direta ou indiretamente, para a construção desse
trabalhado.
Lista de Abreviações

ART – Anotação de Responsabilidade Técnica


CAT – Comunicado de Acidente de Trabalho
COPS – Coordenadoria de Promoção a Segurança do Trabalho e Vigilância Ambiental
EPI – Equipamento de Proteção Individual
EPC – Equipamento de Proteção Coletiva
MTE - Ministério do Trabalho e Emprego
NR – Norma Regulamentadora
SST – Saúde e Segurança do Trabalho
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Lista de Figuras

Figura 1: Decibelímetro utilizado para fazer as medições de ruído. Fonte: Autor. ............................ 17
Figura 2: Andaime sem sistema de travamento e ausência de plataforma de trabalho. Fonte: COPS.19
Figura 3: Trabalhador se equilibrando sem plataforma de trabalho. Fonte: COPS. ........................... 19
Figura 4: Cavalete sendo usado de forma inadequada. Fonte: COPS. ............................................... 21
Figura 5: Aferição de ruído na betoneira. Fonte: Autor. .................................................................... 21
Figura 6: Trabalhador utilizando EPI corretamente. Fonte: Autor..................................................... 21
Figura 7: Vergalhões espalhados pela obra. Fonte: COPS. ............................................................... 22
Figura 8: Tubos espalhados pela obra. Fonte: COPS. ........................................................................ 22
Figura 9: Bancada sem proteção contra intempéries. Fonte: COPS. .................................................. 23
Figura 10: Entulho e lixo dispostos irregularmente na obra. Fonte: COPS........................................ 23
Figura 11: Área de risco. Fonte: COPS. ............................................................................................ 24
Figura 12: Aberturas na laje. Fonte: COPS. ...................................................................................... 25
Figura 13: Ausência de guarda corpo nas extremidades. Fonte: COPS. ............................................ 26
Figura 14: Fixação dos andaimes em número insuficiente de grampos. Fonte: COPS. ..................... 27
Figura 15: Aplicação correta de grampos em laços. Fonte: NBR 6494. ............................................ 27
Figura 16: Medição de ruído na makita. Fonte: Autor. ...................................................................... 28
Figura 17: Modelo de guarda corpo. Fonte: COPS. ........................................................................... 29
Figura 18: Tipo de sinalização. Fonte: COPS. ................................................................................... 29
Figura 19: Modelo de bandeja primária. Fonte: COPS. ..................................................................... 30
Figura 20: Modelo de proteção dos vergalhões. Fonte: COPS........................................................... 30
Figura 21: Modelo de proteção coletiva. Fonte: COPS. .................................................................... 31
Figura 22: Modelo de coifa. Fonte: COPS. ....................................................................................... 31
Figura 23: Modelo de andaime contraventamento, sapatas e plataforma de trabalho com travamento.
Fonte: COPS. .................................................................................................................................... 32
Figura 24: Modelo de andaime com sapatas de bases ajustáveis. Fonte: COPS. ............................... 32
Figura 25: Exemplo de andaime com tela de proteção. Fonte: COPS. .............................................. 32
Figura 26: Exemplo de andaime com andar de trabalho completo. Fonte: COPS. ............................ 33
Figura 27: Modelo adequado de cinto de segurança do tipo paraquedista. Fonte: COPS. ................. 33
Figura 28: Modelo de SPIQ com cinta de ancoragem. Fonte: COPS. ............................................... 34
Figura 29: Ciclo PDCA. Adaptado de OSHAS 18001/2007. ............................................................ 36
Resumo

O trabalho é uma atividade estruturante na vida dos indivíduos. Porém, por vezes, pode
provocar riscos. A segurança do trabalho visa a prevenção de acidentes laborais, a partir de
um conjunto de atividades de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos
ocupacionais. Este trabalho foi realizado nas duas maiores obras de construção civil da UFRN
atualmente, com o objetivo de analisar a saúde e segurança dos trabalhadores das obras da
universidade, de acordo com as inspeções ambientais realizadas nas mesmas. A partir das
vistorias realizadas foi possível identificar os principais riscos ambientais e poder propor
recomendações para a adequação destas não conformidades.

Palavras chave: Riscos, Construção civil, trabalho, risco psicossocial.

Abstract

Work is a structuring activity in the lives of individuals. However, sometimes it can cause
risks. Work safety aims at the prevention of occupational accidents, based on a set of activities
of anticipation, recognition, evaluation and control of occupational hazards. This work was
carried out in the two largest civil construction works of UFRN in 2017, with the objective of
analyzing the health and safety of the workers of the university works, according to the
environmental inspections carried out in them. From the surveys carried out, it was possible
to identify the main environmental risks and to be able to propose recommendations for the
adequacy of these nonconformities.

Keywords: Risks, Construction, work, psychosocial risk.


Sumário

1. Introdução ................................................................................................................................. 10
2. Objetivo ..................................................................................................................................... 12
2.1 Objetivo Geral ......................................................................................................................... 12
2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................................. 12
3. Contexto histórica ..................................................................................................................... 13
4. Metodologia .............................................................................................................................. 15
5. Não conformidades de acordo com a NRs ................................................................................. 18
5.1 Obra A:.................................................................................................................................... 18
5.2 Obra B: .................................................................................................................................... 22
6. Recomendações Técnicas .......................................................................................................... 28
7. Discussões ................................................................................................................................. 35
8. Considerações Finais ................................................................................................................. 38
9. Referências Bibliográficas......................................................................................................... 39
1. Introdução
A construção civil é um dos setores mais importantes na economia mundial, pois ela
gera progresso, gera renda e gera crédito através de milhões de empregos tanto para as classes
mais pobres, quanto para todas as outras classes sociais, incluindo empresários, técnicos de
diversas áreas, médicos, engenheiros, arquitetos, contadores e advogados, entre outros. Além
disso, a construção civil também gera milhões de empregos indiretos nas indústrias de
materiais, nas empreiteiras, nos fornecedores de material de construção e nos transportadores
do mesmo. (MACHADO, 2015)

O trabalho é uma atividade estruturante na vida dos indivíduos. Porém, por vezes,
pode provocar riscos. Este fato faz surgir na saúde e segurança ocupacional uma atividade
corriqueira na prevenção de exposição de trabalhadores aos diversos riscos. A segurança do
trabalho visa a prevenção de acidentes laborais, a partir de um conjunto de atividades de
antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos riscos ocupacionais.

Em busca de melhor compreensão, o foco deste trabalho é apurar de forma


comparativa qualitativa e quantitativamente, os elementos pertinentes aos principais riscos e
causas de acidentes possíveis em trabalhos, envolvendo diferentes níveis de ambientes
observados no setor em estudo.

A análise buscará qualificar os elementos pertinentes à construção civil utilizando as


normas envolvidas, e do conhecimento legal das duas maiores obras da UFRN atualmente
como instrumento de estudo e apresentação de dados específicos neste trabalho. Como a saúde
e segurança do trabalho é voltada para a construção civil, existe uma variedade de riscos
encontrados, com dinâmicas diferenciadas. A NR-18 propõe a utilização dos preceitos da
antecipação dos riscos, para a implementação de medidas adequadas para cada situação de
trabalho, buscando o melhor conhecimento em segurança para os profissionais envolvidos.

Sabe-se que a segurança do trabalho é entendida como prevenção de acidentes, visando


a preservação da integridade física do trabalhador, pois estudos mostram que os acidentes
influenciam negativamente na produção, trazendo consequências, que podem envolver perdas
materiais, diminuição da produtividade, contratação de novos funcionários, dias perdidos, até
mesmo gastos com indenizações às vítimas ou aos familiares, entre outros. (MOTERLE,
2014).

10
A saúde e segurança do trabalho na área da construção civil baseiam-se,
principalmente, em normas regulamentadoras, sendo a mais importante para as atividades
exercidas em canteiros de obras a NR-18. Esta norma tem por finalidade estabelecer diretrizes
com o objetivo de programar medidas de controle e sistemas de prevenção de segurança nos
processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção.

Neste trabalho são identificados os riscos ocupacionais (físicos, químicos, biológicos,


ergonômicos e de acidentes) no contexto da construção civil das obras da universidade.

11
2. Objetivo

2.1 Objetivo Geral

Analisar a saúde e segurança dos trabalhadores das obras de construção civil da UFRN,
sob a ótica das legislações vigentes aplicáveis, a partir de auditoria in loco nas mesmas.

2.2 Objetivos Específicos

• Identificar as principais não conformidades das obras perante a Norma


Regulamentadora nº 18;
• Realizar avaliação de ruído, em alguns equipamentos, a fim de identificar as principais
fontes geradoras;
• Analisar os riscos psicossociais nos canteiros de obras da UFRN;
• Propor recomendações para adequação das não conformidades.

12
3. Contexto histórica
O surgimento da Revolução Industrial, na Inglaterra, trouxe muitas transformações
para a sociedade, principalmente para a classe trabalhadora, transformações estas que
repercutiram de forma negativa no que diz respeito ao bem-estar físico e psicológico do
trabalhador, sendo o mesmo obrigado a executar longas jornadas de trabalho em ambientes
sem segurança, tendo que manusear máquinas tecnologicamente avançadas, com as quais não
estavam habituados, gerando assim graves acidentes de trabalho como: mutilação,
intoxicação, desgaste físico, etc (PEREIRA, 2001).

Com a maior quantidade de funcionários industriais, juntamente com o descaso com a


saúde e bem-estar deles, a quantidade de acidente cresceu exponencialmente, sendo então
necessária uma padronização nos locais de trabalho para redução no número de acidentes.
Foram então criadas as Normas Regulamentadoras pela portaria nº 3.214, 8 de junho de 1978.
Hoje existem 36 NR’s (1 tendo sido revogada), que tratam diretamente sobre a saúde e
segurança no trabalho, tendo resultados imediatos na quantidade de acidentados (ALMEIDA,
2016).

As transformações ocorridas nas últimas décadas no mundo do trabalho têm


repercutido na saúde dos indivíduos e do coletivo de trabalhadores. As inovações tecnológicas
e as mudanças organizacionais modificaram a estrutura produtiva dos países capitalistas
desenvolvidos e, em níveis diferenciados, a dos países em desenvolvimento, como o Brasil.
Modificaram-se as condições e as relações de trabalho; os conceitos, parâmetros, metas,
objetivos. As formas de ver e de fazer o trabalho foram se moldando às novas configurações
da realidade social, adaptando-se às tarefas e às exigências da modernidade tardia
(MACHADO, 2015).

A indústria da construção civil possui altos números de acidentes, o que representa


perdas consideráveis do ponto de vista econômico e social, tanto para a empresa, quanto para
os trabalhadores e também para o Governo. De acordo o Observatório Digital de Saúde e
Segurança do Trabalho, no Estado do Rio Grande do Norte, entre os anos de 2012 a 2016, o
setor da construção de edifícios está em segundo lugar com o maior número de Comunicado
de Acidente de Trabalho (CAT) emitidas.

13
Tabela 1: Quantitativo de acidentes de trabalho por atividade econômica. Fonte: https://observatoriosst.mpt.mp.br/.
Quantidade de
Atividade Econômica %
acidentes

Confecção de peças do vestuário, exceto roupas íntimas 1555 10,63

Construção de edifícios 1007 6,88

Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância


627 4,29
de produtos alimentícios - hipermercados e supermercados

Administração pública em geral 622 4,25

Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário


609 4,16
fixo, municipal e em região metropolitana

Com o objetivo de padronizar cada vez mais as atividades de trabalho e propiciar um


ambiente laboral mais salubre foi criada a ISO 45001. Trazendo um sistema de gestão e
padronização para a segurança nos locais de trabalho. A mesma ainda não foi publicada,
porém ela reflete os mesmos padrões das ISO’s já publicadas, facilitando assim a sua
implementação nos locais de trabalho. A partir do momento que a ISO 45001 entrar em vigor
a OHSAS 18001 torna-se sem valor.

14
4. Metodologia
O estudo foi realizado em duas obras de médio porte da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Atualmente, as mesmas são as maiores obras que estão sendo construídas
pela universidade. Ambas obras serão institutos, dotados de laboratórios e salas de aula onde
serão realizadas pesquisas acadêmicas. As obras irão ser identificadas como A e B com a
finalidade de não expor as empresas contratadas.

A obra A está localizada dentro do Campus Central da UFRN, e possui um total de 4


pavimentos, sendo 1 subterrâneo, térreo e 2 superiores, tal obra está em fase de finalização de
sua parte estrutural.

Já a obra B encontra-se em fase de acabamento e está localizada no bairro das quintas,


próximo à um Hospital, e, assim como a outra, possui um total 4 pavimentos, sendo 1
subterrâneo, térreo e 2 superiores.

Através de visitas às obras e dos relatórios emitidos pela Coordenadoria de Promoção


a Segurança do Trabalho e Vigilância Ambiental (COPS), foi realizada a coleta de dados para
a elaboração deste trabalho, visando sempre a adequação as normas regulamentadoras.

As inspeções são feitas de duas maneiras: comunicando previamente ao responsável


da obra para que possa nos acompanhar durante a vista, ou em caráter de surpresa para evitar
tentativas de manipulação das reais condições de trabalho nas obras.

Nas visitas verificamos os riscos ambientais previstos na segurança do trabalho, assim


como os riscos de acidentes e os riscos ergonômicos. Este trabalho também englobará os riscos
psicossociais que podem estar diretamente relacionados com acidentes de trabalho.

De acordo com a NR 9, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos


e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza,
concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do
trabalhador. Nesta NR são considerados agentes físicos as diversas formas de energia a que
possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais,
temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infra-som
e o ultra-som.

15
Os agentes químicos são definidos de acordo com a NR 9 como sendo as substâncias,
compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas
de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por
ingestão.

A NR 9 considera agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas,


protozoários, vírus, entre outros.

De acordo com a Portaria 25 de 1994, define-se risco ergonômico como sendo o


esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, jornada prolongada de
trabalho, monotonia e repetitividade, exigência de postura inadequada, controle rígido de
produtividade, dentre outras situações que causam estresse físico e/ou psíquico.

Os riscos de acidentes causados através das más condições de trabalho, improviso das
ferramentas de trabalho, animais peçonhentos dentre outras situações de risco que possam vir
a contribuir a existência de acidentes laborais, podendo comprometer a integridade física do
trabalhador.

O risco psicossocial é considerado como um dos grandes desafios para a área da


segurança do trabalho, além de ser um risco pouco conhecido no Brasil, de difícil diagnóstico
e possui impacto significativo na saúde das pessoas. Atualmente, apenas duas NRs citam tal
risco, e obrigam a realização de avaliação psicossocial em exames adimensionais e periódicos.

Para Álvarez Briceño (2009), os riscos psicossociais podem ser definidos como as
características das condições de trabalho e, acima de tudo, de sua organização que afetam a
saúde das pessoas através de mecanismos psicológicos e fisiológicos.

A principal norma a ser estudada neste trabalho é a NR 18 que diz respeito às condições
e meio ambiente de trabalho na indústria da construção civil. Nela estão dispostos os
procedimentos, dispositivos e atitudes a serem observados para cada uma das atividades a
serem desenvolvidas no canteiro de obras.

Através de vistorias nos postos de trabalho, foram realizadas avaliações quantitativas


com a finalidade de identificar possíveis riscos no ambiente de trabalho. Após as medições,
os valores obtidos serão comparados com a legislação vigente para localizar possíveis agentes
físicos.
16
O ruído no ambiente de trabalho será medido através de um decibelímetro, próximo
ao ouvido do trabalhador e próximo à fonte (máquina emissora de ruído). Para esta avaliação
de ruído foi utilizado o decibelímetro Lutron SL – 4001, conforme figura abaixo.

Figura 1: Decibelímetro utilizado para fazer as medições de ruído. Fonte: Autor.

Após a medição será feita a comparação com a NR-15 que dispões os limites tolerância
para ruído contínuo ou intermitente. Caso a situação de trabalho não esteja em conformidade
com a norma, este trabalho irá propor recomendações para que este trabalho entre em
conformidade.

17
5. Não conformidades de acordo com a NRs

Com a finalidade de facilitar o entendimento, os resultados serão divididos por obras.


E serão apresentados na seguinte ordem: Não conformidade, subitem da norma
regulamentadora pertinente e no tópico seguinte serão apresentadas as recomendações para
necessárias adequações.

Não será feito avaliação psicossocial do trabalho para identificar a presença de fatores
psicossociais no ambiente de trabalho, por ser uma avaliação extensa de ser realizada. Baruki
(2015) afirma que é de conhecimento de todos que a atividade de profissionais da construção
civil possui um ritmo pesado com esforço intenso e atividades repetitivas, são aquelas
características do trabalho que funcionam como agentes estressores, ou seja, implicam em
grandes exigências de trabalho, combinadas com recursos insuficientes para o enfrentamento
das mesmas. Tendo em vista estas atribuições, é possível dizer que há a possibilidade dos
trabalhadores poderem vir a sofrer com os riscos psicossociais relacionados ao trabalho.

5.1 Obra A:

A obra A apresentou diversas não conformidades nos andaimes, falta de EPI e ausência
de EPC no trabalho em altura, caracterizando um risco grave e iminente, podendo ocasionar
acidentes e até levar a óbito o trabalhador.

1. Foram evidenciados diversos andaimes com ausência de travamento contra o


desencaixe acidental nos montantes.
a. Item 18.15.2.8) Os montantes dos andaimes metálicos devem possuir travamento
contra o desencaixe acidental.

2. Observamos a ausência de qualquer estrutura que impeça deslocamento das superfícies


de trabalho dos andaimes, oferecendo grave risco em altura aos trabalhadores,
conforme figuras a seguir.
a. Item 18.15.3) O piso de trabalho dos andaimes deve ter forração completa, ser
b. antiderrapante, nivelado e fixado ou travado de modo seguro e resistente.
c. Item 18.15.2.6) As superfícies de trabalho dos andaimes devem possuir travamento
que não permita seu deslocamento ou desencaixe.

18
Figura 2: Andaime sem sistema de travamento e Figura 3: Trabalhador se equilibrando sem
ausência de plataforma de trabalho. Fonte: COPS. plataforma de trabalho. Fonte: COPS.

3. Não foi observado o uso de cinto de segurança tipo paraquedista e com duplo talabarte
que possua dupla trava pelos trabalhadores executando trabalho em altura.
a. Item 18.15.2.7 b) é obrigatório o uso de cinto de segurança tipo paraquedista e com
duplo talabarte que possua ganchos de abertura mínima de cinquenta milímetros e
dupla trava;

4. Presença de vergalhões desprotegidos provenientes das armaduras longitudinais dos


pilares.
a. 18.8.5) É proibida a existência de pontas verticais de vergalhões de aço
desprotegidas.
5. Inexistência de barreiras para proteção contra queda em todo o primeiro pavimento.
(Parapeito). Tornou-se evidente que todas as lajes de trabalhos estavam abertas e sem
as devidas proteções de periferias. (guarda-corpo)
a. 18.13.4) É obrigatória, na periferia da edificação, a instalação de proteção contra
queda de trabalhadores e projeção de materiais a partir do início dos serviços
necessários à concretagem da primeira laje.
6. Ao andar pela obra, foi encontrado guarda-corpos amarrados com arame,
especificamente em suas extremidades;

7. Na fase de escavação, a obra não apresentava barreiras de isolamento e sinalização de


advertência em todo seu perímetro, oferecendo risco de queda aos trabalhadores que
circulam no local. Além disso, foi verificado que as proteções existentes se encontram
fora dos padrões preconizados na NR-18.

19
a. 18.6.11) As escavações realizadas em vias públicas ou canteiros de obras devem ter
sinalização de advertência, inclusive noturna, e barreira de isolamento em todo o seu
perímetro.

8. Foi identificado que o PCMAT não contemplava as proteções coletivas do canteiro de


obra como: bandejas, guarda-corpos, tela de proteção e linhas de vida;
a. 18.3.4) Integram o PCMAT:
a) memorial sobre condições e meio ambiente de trabalho nas atividades e operações,
levando-se em consideração riscos de acidentes e de doenças do trabalho e suas
respectivas medidas preventivas;
b) projeto de execução das proteções coletivas em conformidade com as etapas de
execução da obra;
c) especificação técnica das proteções coletivas e individuais a serem utilizadas;
d) cronograma de implantação das medidas preventivas definidas no PCMAT em
conformidade com as etapas de execução da obra;

9. Verificou-se que a obra não tinha bandeja primária conforme exige a NR-18;

10. Todos os cintos de segurança estavam vencidos e fora dos padrões estabelecidos pelo
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE);
a. 6.9.3) Todo EPI deverá apresentar em caracteres indeléveis e bem visíveis, o nome
comercial da empresa fabricante, o lote de fabricação e o número do CA, ou, no caso
de EPI importado, o nome do importador, o lote de fabricação e o número do CA.
11. Foi identificado risco de queda de nível em plataforma de trabalho improvisada, sem
proteção de periferia (guarda corpo e rodapé) e com o agravante do uso de cavaletes
sobre a superfície da plataforma, gerando outro patamar de trabalho sustentado pelos
mesmos cavaletes; sem nenhuma medida com relação à estabilização e travamento,
configurando risco grave e iminente de queda de altura (Figura 4). Tal dispositivo
infringe as Normas Regulamentadoras 18 e 35.
a. 18.15.11) É proibido trabalho em andaimes apoiados sobre cavaletes que possuam
altura superior a 2,00m (dois metros) e largura inferior a 0,90m (noventa
centímetros);
b. 35.1.2) Considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m
(dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda.
c. 18.13.2) As aberturas no piso devem ter fechamento provisório resistente.
d. 18.15.2.6) As superfícies de trabalho dos andaimes devem possuir travamento que
não permita seu deslocamento ou desencaixe.
e. 18.15.6) Os andaimes devem dispor de sistema guarda-corpo e rodapé, inclusive nas
cabeceiras, em todo o perímetro, conforme subitem 18.13.5, com exceção do lado da
face de trabalho.

20
Figura 4: Cavalete sendo usado de forma inadequada. Fonte: COPS.

12. Em visita à obra, foi realizada medição do ruído produzido pela betoneira que deu 92,9
dB(A), ultrapassando o limite de tolerância para exposição contínua de 8 horas de
trabalho. O trabalhador estava utilizando o protetor auricular corretamente conforme
figura abaixo.

Figura 6: Trabalhador utilizando EPI corretamente.


Figura 5: Aferição de ruído na betoneira. Fonte: Autor. Fonte: Autor.

21
5.2 Obra B:

Por se tratar de uma obra em fase final de acabamentos, as não conformidades


apresentadas a seguir não são mais as mesmas, uma vez que obra é uma atividade dinâmica,
logo os seus riscos se modificam constantemente.
Os relatórios disponibilizados pela COPS referem-se a um acompanhamento contínuo
da obra, desde a terraplanagem e escavação até a fase final. Com início das inspeções em
março de 2016.

1) Observou-se a armazenagem de materiais (tubos e vergalhões) em local inadequado,


atrapalhando o trânsito dos funcionários e pessoas;
a. 18.24.1) Os materiais devem ser armazenados e estocados de modo a não prejudicar
o trânsito de pessoas e de trabalhadores, a circulação de materiais, o acesso aos
equipamentos de combate a incêndio, não obstruir portas ou saídas de emergência e
não provocar empuxos ou sobrecargas nas paredes, lajes ou estruturas de
sustentação, além do previsto em seu dimensionamento.
b. 18.24.3) Tubos, vergalhões, perfis, barras, pranchas e outros materiais de grande
comprimento ou dimensão devem ser arrumados em camadas, com espaçadores e
peças de retenção, separados de acordo com o tipo de material e a bitola das peças.
c. 18.24.5) Os materiais não podem ser empilhados diretamente sobre piso instável,
úmido ou desnivelado.
.

Figura 7: Vergalhões espalhados pela Figura 8: Tubos espalhados pela obra. Fonte: COPS.
obra. Fonte: COPS.

2) Observou-se que a área de trabalho de dobragem de vergalhões encontra-se sem


proteção contra intempéries;
a. Item 18.8.3) A área de trabalho onde está situada a bancada de armação deve ter
cobertura resistente para proteção dos trabalhadores contra a queda de materiais e
intempéries.

22
Figura 9: Bancada sem proteção contra intempéries. Fonte: COPS.

3) Observou-se a infração aos preceitos contratuais e normas de saúde e segurança


aplicáveis aos canteiros de obras (NR-18, item 18.29) pela falta de organização e
acúmulo de lixo nas dependências do canteiro;
a. Item 18.29.1) O canteiro de obras deve apresentar-se organizado, limpo e
desimpedido, notadamente nas vias de circulação, passagens e escadarias.
b. Item 18.29.2) O entulho e quaisquer sobras de materiais devem ser regulamente
coletados e removidos. Por ocasião de sua remoção, devem ser tomados cuidados
especiais, de forma a evitar poeira excessiva e eventuais riscos.
c. Item 18.29.3) Quando houver diferença de nível, a remoção de entulhos ou sobras de
materiais deve ser realizada por meio de equipamentos mecânicos ou calhas
fechadas.
d. Item 18.29.4) É proibida a queima de lixo ou qualquer outro material no interior do
canteiro de obras.
e. Item 18.29.5) É proibido manter lixo ou entulho acumulado ou exposto em locais
inadequados do canteiro de obras.

Figura 10: Entulho e lixo dispostos irregularmente na obra. Fonte: COPS.

4) Observou-se a presença de área próxima aos "pirulitos" e que não recebeu estrutura
que garanta a estabilidade do solo represado, tornando-se um potencial
desmoronamento e em discordância com o item 18.6 da NR-18;

23
a. 18.6.2) Muros, edificações vizinhas e todas as estruturas que possam ser afetadas
pela escavação devem ser escorados.

Figura 11: Área de risco. Fonte: COPS.

5) Como forma de inspecionar preceitos legais e contratuais acerca da saúde e segurança


no canteiro de obras, foram solicitadas as atas de treinamentos ou listas de presença
previstos no cronograma da obra, ART – Atestado de Responsabilidade Técnica para
os andaimes, PCMAT- Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção. Tal solicitação não foi atendida, não sendo apresentada nem
localizada qualquer documentação técnica exigida pelas normas.
a. 18.3.1.2) O PCMAT deve ser mantido no estabelecimento à disposição do órgão
regional do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE.
b. 18.28.1) Todos os empregados devem receber treinamentos admissional e periódico,
visando a garantir a execução de suas atividades com segurança.

6) Em relação aos treinamentos dos trabalhadores, foi-se informado pelo engenheiro


responsável pela obra que a empresa estava providenciando a referida adequação. Se
faz oportuno ressaltar que, uma vez não havendo trabalhador legalmente amparado
por cursos de capacitação, qualificação ou habilitação para algumas atividades
específicas e desenvolvidas no canteiro de obras, se tornaria imprescindível a adoção
de postura (por parte da empresa) que não expusessem deliberadamente seus
trabalhadores a riscos aos quais não se encontram capacitados/qualificados a
enfrentar;

7) Observou-se que o equipamento serra circular apresentava-se com diversos pontos de


inadequação. Foi constatado que o equipamento não possuía mesa estável com
fechamento em suas faces (inferiores, anteriores e posteriores) e demais preceitos
presentes no item 18.7 da NR-18;
a. 18.7.2) A serra circular deve atender às disposições a seguir:
a) ser dotada de mesa estável, com fechamento de suas faces inferiores, anterior e
posterior, construída em madeira resistente e de primeira qualidade, material
metálico ou similar de resistência equivalente, sem irregularidades, com
dimensionamento suficiente para a execução das tarefas;
b) ter a carcaça do motor aterrada eletricamente;

24
c) o disco deve ser mantido afiado e travado, devendo ser substituído quando
apresentar trincas, dentes quebrados ou empenamentos;
d) as transmissões de força mecânica devem estar protegidas obrigatoriamente por
anteparos fixos e resistentes, não podendo ser removidos, em hipótese alguma,
durante a execução dos trabalhos;
e) ser provida de coifa protetora do disco e cutelo divisor, com identificação do
fabricante e ainda coletor de serragem.

8) Em outra visita à obra, observou-se que a serra circular de bancada foi parcialmente
adequada. Foi realizado o serviço no piso para obtenção de nivelamento da bancada.
Identificamos que a coifa de proteção da serra de bancada era de plástico. No ato de
inspeção nos foi informado que a serra circular se encontrava quebrada.

9) Constatou-se na obra que a betoneira não tem a proteção fixa da cremalheira,


comprometendo assim a saúde e a integridade física dos trabalhadores.

10) Observou-se a presença de aberturas no piso sem qualquer tipo de proteção que
impeça o seu acesso. Esta situação pode vir a ocasionar o risco de quedas ou lesões;
a. 18.13.2) As aberturas no piso devem ter fechamento provisório resistente.

Figura 12: Aberturas na laje. Fonte: COPS.

11) Observou-se a presença de aberturas e periferias de lajes sem nenhuma proteção


coletiva, implicando em consequente risco de queda de nível de pessoas e/ou
materiais. Tal risco pode ser entendido como risco grave e iminente, o que consiste
em apresentar uma situação imediatamente perigosa à vida e à saúde;
a. 18.13.1) É obrigatória a instalação de proteção coletiva onde houver risco de queda
de trabalhadores ou de projeção e materiais.
b. 18.13.4) É obrigatória, na periferia da edificação, a instalação de proteção contra
queda de trabalhadores e projeção de materiais a partir do início dos serviços
necessários à concretagem da primeira laje.

25
Figura 13: Ausência de guarda corpo nas extremidades. Fonte: COPS.

12) Ao chegar à obra foi constatado pela equipe de segurança que os funcionários estavam
colocando ferragens das vigas a uma altura acima de 2 metros de altura. No momento,
cerca de 10 funcionários estavam sem o cinto de segurança. Após a saída da equipe
os mesmos voltaram a fazer suas atividades sem os EPI’s necessários mesmo
recebendo as instruções necessárias na palestra;

13) Por toda a obra não foi visto nenhum tipo de linha de vida ou caranguejos que
auxiliassem os funcionários a fixar o cinto de segurança para sua devida proteção;

14) Observou-se que a equipe do canteiro de obras havia confeccionado guarda-corpos,


mas que estes se encontravam no solo. Questionou-se o motivo dos itens não terem
sido instalados, obtendo-se a resposta de que seriam colocados nos locais cabíveis
posteriormente, o que contraria informações apresentadas pela própria empresa.
Desde o momento da chegada até o momento em que esta equipe deixou o canteiro
de obras, os guarda-corpos permaneciam como estavam;

15) Observou-se que, no momento da visita, a empresa desenvolvia a atividade de


concretagem de laje. Percebeu-se ausência do uso de cinturão tipo paraquedista por
parte dos trabalhadores, bem como de outras medidas e itens de segurança
imprescindíveis para a liberação das atividades;

16) Em inspeção realizada no canteiro, foi verificado que os andaimes encontram-se fora
dos padrões exigidos pelas Normas Técnicas Vigentes;

26
17) Ausência de guarda-corpo, sapatas de estabilidade, estaiamento e assoalho completo;
18) Foi verificada a presença de apenas 2 (dois) e não o mínimo de 3 (três) grampos (clips)
em laços (slings) de fixação dos andaimes, conforme a norma ABNT NBR 6494.

a. 4.1.5) Na fixação, todos os laços devem ser providos de sapatilhas adequadas ao


diâmetro do cabo, e presos com grampos ou soquetes chumbadores. Na utilização
com grampos, deve ser considerada redução de 20% na carga admissível do cabo.
Os grampos devem ser do tipo Crosby, pesados, e de acordo com a Figura. A
quantidade de grampos e o seu espaçamento devem ser de acordo com as tabelas dos
fabricantes, devendo ser usados pelo menos três grampos em cada fixação.

Figura 15: Aplicação correta de grampos


em laços. Fonte: NBR 6494.

Figura 14: Fixação dos andaimes em


número insuficiente de grampos. Fonte:
COPS.

19) Os andaimes não possuíam fechamento entre o guarda-corpo e o piso. Também não
apresentavam tela ao longo de toda a periferia externa para prevenir a queda de
objetos. Também foram observados que os andares de trabalho dos andaimes da
fachada não possuíam plataformas de trabalho por completo, oferecendo risco aos
trabalhadores que estiverem operando no andar.

20) No dia destinado a realização da medição de ruído na obra a betoneira encontrava-se


quebrada, logo foi feita a aferição apenas na makita que indicou um ruído de 101,7
dB(A). Como a obra está em fase de acabamentos, tal equipamento é ligado
esporadicamente, por se tratar desta condição, não será necessário o uso de EPI uma
vez que a exposição ao ruído não atinge os limites de exposição dispostos na NR 15.

27
Figura 16: Medição de ruído na makita. Fonte: Autor.

21) A máquina enroscadeira serve para fazer as linhas de enroscamento para o encaixe de
tubos de metal. Nesta atividade foi identificado uma grande geração de fumos, e os
trabalhadores não estavam utilizando nenhum EPI.

22) Em visita a obra, foi constatado que os funcionários responsáveis por fazer o
rebaixamento de gesso estavam em meio a uma grande névoa de pó de gesso
trabalhando sem EPI. Foi conversado essa situação com a engenheira responsável e a
mesma se prontificou em falar com a empresa terceirizada responsável por estes
funcionários para a adequação do trabalho. No outro dia pela manhã foram enviadas
fotos dos mesmos trabalhadores realizando suas devidas atividades com todos os EPIs
que indicamos no dia anterior.

6. Recomendações Técnicas
A seguir serão apresentadas as recomendações técnicas emitidas pela COPS, ao longo
das fases da obra, serão agrupadas por tipo de risco.

1) Recomenda-se que a empresa capacite e qualifique todos os seus trabalhadores para


as atividades que desempenharão no canteiro de obras, e que mantenha cópias dos
registros dos treinamentos no canteiro de obras para consulta por prepostos da
contratante (UFRN) sempre que necessário;

2) Recomenda-se que os trabalhadores operadores de máquinas e equipamentos


merecedores de treinamento específico, bem como aqueles que desenvolvem

28
atividades que envolvem riscos específicos como trabalho em altura, espaços
confinados e etc, sejam identificados por crachás a serem fixados à altura do peito e
que apresente informações de sua qualificação/capacitação para operação de máquina
ou atividade;

3) Mandar em caráter emergencial os funcionários para fazer os exames admissionais


conforme o item 7.3.1.

4) Recomenda-se que seja providenciada a armazenagem e estoque adequado de


materiais presentes no ambiente do canteiro de obras (subitem 18.24.1, 18.24.3 e
18.24.5 da NR-18);

5) Recomenda-se que o canteiro de obras seja organizado e limpo (item 18.29 da NR-
18);

6) Providenciar sinalização de advertência (figura 18) e barreira de isolamento às


escavações através de guarda-corpo (figura 17), a fim de minimizar e/ou neutralizar
os riscos de quedas dos funcionários que ali trabalham a fim de minimizar e/ou
neutralizar os riscos de quedas dos funcionários que ali trabalham:

Figura 17: Modelo de guarda corpo. Fonte: COPS.

Figura 18: Tipo de sinalização. Fonte: COPS.

29
7) Recomenda-se que os muros, edificações vizinhas e todas as estruturas que possam
ser afetadas pela escavação sejam escorados e que o próprio local da escavação receba
escoramento por taludes ou estrutura indicada e dimensionada por profissional
legalmente habilitado;

8) Colocar em caráter de urgência bandeja primária conforme exige o item


18.13.6,conforme figura abaixo.

Figura 19: Modelo de bandeja primária. Fonte: COPS.

9) Adicionar proteção às pontas de vergalhões desprotegidos, conforme figura abaixo:

Figura 20: Modelo de proteção dos vergalhões. Fonte: COPS.

10) Recomenda-se que a dobragem e o corte de vergalhões de aço em obra sejam feitas
sobre bancadas ou plataformas apropriadas e estáveis, apoiadas sobre superfícies
resistentes, niveladas e não escorregadias, afastadas da área de circulação de
trabalhadores, e que seja providenciada cobertura resistente para proteção dos
trabalhadores contra a queda de materiais e intempéries

11) Realizar em caráter urgência, a aquisição da proteção coletiva da Betoneira (coifa),


bem como fornecer os EPI’s corretos para os funcionários do setor;

30
Figura 21: Modelo de proteção coletiva. Fonte: COPS.

12) Recomenda-se a adequação da estrutura da mesa da serra circular, bem como a


adequação de seu sistema elétrico e demais preceitos apontados em item 18.7 da NR-
18;

13) Substituir imediatamente a coifa de plástico para uma que tenha especificações
técnicas (figura 22), conforme exige o item 18.33 da NR-18, conforme figura abaixo.

Figura 22: Modelo de coifa. Fonte: COPS.

14) Recomenda-se a instalação de proteção coletiva nas periferias das lajes da edificação
que atendam aos preceitos técnicos e de saúde e segurança (item 18.13.1 da NR-18);

15) Recomenda-se o fechamento das aberturas dos pisos de forma provisória e resistente;

16) Providenciar linha de vida nas lajes de trabalhos para fixação do cinto de segurança,
a fim de manter a integridade física de todos os trabalhadores do canteiro;

17) Solicitar a empresa locatária as sapatas, contraventamento e plataforma de trabalho


dos andaimes para melhorar a sustentação. Deve-se solicitar também sapatas de bases
ajustáveis verticalmente nos casos de andaimes montados sobre pisos desnivelados e
instalação de escadas de acesso quando necessário, conforme figuras abaixo.

31
Figura 23: Modelo de andaime contraventamento, Figura 24: Modelo de andaime com sapatas de bases
sapatas e plataforma de trabalho com travamento. ajustáveis. Fonte: COPS.
Fonte: COPS.

18) Instalação de uma seção do andaime fachadeiro no local em destaque, com estrutura
independente, utilizando uma plataforma de altura compatível com a atividade
desenvolvida pelo trabalhador, com as devidas proteções de periferias (guarda corpo
e rodapé).

19) Providenciar telas de proteção contra queda de materiais nos andaimes. Recomenda-
se que essa tela não possua malha superior a 25mm.

Figura 25: Exemplo de andaime com tela de proteção. Fonte: COPS.

20) Adicionar aos andares de trabalho dos andaimes as plataformas de trabalho


(assoalhos) de forma a completar o piso ausente.

32
Figura 26: Exemplo de andaime com andar de trabalho completo. Fonte: COPS.

21) Nos serviços em andaimes, lembrar que toda a sobra de material deve ser retirada,
acondicionada adequadamente ou através da utilização de dutos de descarga. Também
deve-se ressaltar que os serviços em andaimes nunca devem ser realizados por uma
única pessoa. Deve haver pelo menos uma outra pessoa no local de serviço para
auxiliá-la em caso de emergência.

22) Solicitar a empresa locatária dos andaimes a Anotação de Responsabilidade Técnica


(ART) de fabricação para que sua cópia seja mantida no escritório do canteiro de obra.

23) Utilização de "Talabartes de Progressão Duplos", estes são utilizados conectando-se


alternadamente cada uma das duas extremidades do talabarte, de maneira que o
trabalhador tenha sempre um dos dois conectores de grande abertura, conectado a
estrutura, protegendo-o contra qualquer possibilidade de queda, conforme figura
abaixo.

Figura 27: Modelo adequado de cinto de segurança do tipo paraquedista. Fonte: COPS.

24) Utilização de dispositivos de ancoragem adequados como cintas de ancoragem ou


linhas de vida (figura 28), em casos de trabalhos com movimentação onde não existam

33
outros meios de proteção coletiva. Estas devem ser dimensionadas conforme
capacidades de carga específicas de cada projeto.

Figura 28: Modelo de SPIQ com cinta de ancoragem. Fonte: COPS.

25) Fornecer e Exigir o uso dos EPI’s adequados aos riscos para cada função da obra. Em
caso de EPI’s com situação de desgaste, substituir imediatamente.

34
7. Discussões
As obras visitadas apresentam falhas, em especial com relação ao trabalho em altura.
Em sua maioria essas falhas são consideradas como riscos graves que comprometem a
integridade física do trabalhador, podendo ocasionar danos patrimoniais, lesões ou até levar o
colaborador a óbito. Essas não conformidades são relativamente fáceis de serem resolvidas e
tem caráter de urgência, uma vez que compromete a vida do trabalhador.

A partir dos relatórios emitidos pela COPS foi possível realizar uma análise
cronológica das não conformidades presentes nas obras, verificando também o tempo médio
para serem realizadas as adequações e as medidas corretivas recomendadas.

Com isso percebemos a falta da cultura da segurança do trabalho nos canteiros de


obras, até mesmo na UFRN. Nas últimas visitas realizadas, já percebemos uma melhoria com
a questão da cultura da segurança, fomos bem recebidos na obra e os engenheiros responsáveis
sempre procuravam resolver as não conformidades na hora, ou seja, durante a inspeção.

Na obra A, identificamos grandes problemas com relação aos andaimes e também uma
forte resistência do engenheiro responsável. Somente foi possível vencer essa resistência e
propiciar a redução dos riscos no ambiente de trabalho após muito diálogo, envio de relatórios,
processos e até mesmo a visita de um fiscal do trabalho na obra.

Na a obra B, identificamos diversos riscos principalmente no ano de 2016. Isso ocorre


pelos fatos dos engenheiros responsáveis não terem a cultura da prevenção no ambiente de
trabalho. Após muito diálogo, envio de processos e relatórios, visita do fiscal do trabalho e
mudança dos engenheiros responsáveis, foi possível obter uma preocupação com a saúde e
segurança do trabalhador. Atualmente contamos com uma engenheira civil que está cursando
a pós-graduação em segurança do trabalho, e é bastante preocupada com a questão da
segurança do trabalho.

Nas últimas visitas às duas obras foi possível identificar que os riscos apontados nos
relatórios da COPS já tinham sido resolvidos, o que transformou o ambiente de trabalho em
um local são e seguro.

Os fatores psicossociais do trabalho referem-se às interações entre características


individuais, familiares, meio ambiente, condições de trabalho, condições organizacionais,
funções e conteúdo do trabalho e esforços dos trabalhadores. Podemos descrever alguns

35
destes fatores como sendo a sobrecarga de trabalho, o conflito de papéis e funções, falta de
controle sobre o trabalho, estressores físicos.

A promoção da saúde e segurança do trabalho advém da cultura da prevenção. Para


isso ocorrer deve-se investir na melhoria contínua, podendo adotar-se o ciclo do PDCA (Plan,
Do, Check, Act): Planejar, Fazer, Checar e Agir. A figura a seguir ilustra este procedimento.

•Empreender ações •Estabelecer os


para melhorar objetivos e os
continuamente o processos
desempenho. necessários para
atingir os objetivos.

Agir Planejar

Checar Fazer
•Monitorar e medir •Implementar os
os processos. processos.

Figura 29: Ciclo PDCA. Adaptado de OSHAS 18001/2007.

O planejamento é realizado a partir de um detalhamento das ações e atividades a serem


desenvolvidas, visando sempre alcançar os resultados. O próximo passo é tornar o plano real,
ou seja, implementar as ações e desenvolver atividades. Para isso sair nos padrões, constates
checagens ou verificações devem ser executadas, com a finalidade de identificar os pontos
positivos e possíveis erros ou desvios no processo. A partir da detecção das falhas devem ser
criadas ações para corrigí-las e posteriormente reiniciar este ciclo, ajustando sempre que
necessário e atingindo uma melhoria contínua.

Trazendo este ciclo para o ambiente da construção civil, as etapas de planejamento e


execução são semelhantes as adotadas atualmente. Devendo condicionar a execução ao
planejado, assim como investir em treinamento pessoal para que cada trabalhador tenha
consciência da importância da sua atividade e dos riscos nela envolvidos. Apesar disso,
controlar as ações com a finalidade de evitar possíveis desvios é um desafio, para isso devem

36
ser adotadas medidas de verificações, como “check list”, identificando com facilidade a falha
e ajustando sempre que for preciso.

O investimento necessário para o realizar o ciclo do PDCA deve ser visto como uma
ação necessária para tornar ambientes de trabalho seguros e em troca melhorar o
desenvolvimento econômico da empresa, uma vez que a falta de qualidade no trabalho gera
perdas na capacidade produtiva, dias de trabalho perdidos devido a acidentes ou problemas de
saúde e em despesas de indenizações. Além do que a falta de qualidade poderá acarretar em
uma degradação da imagem da empresa perante o mercado.

Também seria necessário a implementação de medidas administrativas para obrigar as


empresas a cumprirem as normas de segurança do trabalho, como multas e até suspensão das
atividades em caso de não cumprimento da legislação vigente. Para tanto, será imprescindível
a adição de cláusulas mais específicas no contrato de prestação de serviços para a
universidade, ainda na fase de licitação.

37
8. Considerações Finais
Reconhecendo a complexidade das relações possíveis entre saúde e trabalho, este
trabalho procurou levantar os aspectos que podem interferir na saúde e no bem-estar dos
canteiros. A gestão deverá discutir esses aspectos e compartilhá-los com esses trabalhadores
para melhorar as condições de trabalho atualmente existentes.

O estudo também se ocupou em demonstrar que as preocupações com o meio ambiente


em geral devem necessariamente englobar o meio ambiente do trabalho, pois é nele que as
pessoas passam a maior parte do tempo de suas vidas e é ele que influencia, diretamente, na
qualidade de vida e de saúde das pessoas, dependendo das condições de trabalho nele
encontradas.

Apesar de uma legislação extensa na área de segurança do trabalho, com o intuito de


aumentar a conscientização dos empresários pela prevenção dos acidentes de trabalho a partir
da implementação de medidas de segurança, ainda há barreiras para isso se tornar realidade.

A principal dificuldade para a implementação da cultura da prevenção da segurança


deve-se ao fato das empresas de construção civil visualizarem o investimento necessário como
um custo e não como um benefício estratégico.

Por fim, a cultura da prevenção no setor da construção civil deverá passar pela
conscientização de todos os envolvidos de que há responsabilidades para ambas as partes por
todo o processo, ou seja, uma responsabilidade compartilhada perante o risco e sua
identificação, avaliação e eliminação.

38
9. Referências Bibliográficas

ALMEIDA, Ney Augusto Barros de. Auditoria in loco de obras com embasamento nas normas
regulamentadoras. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. 2016.

ÁLVAREZ BRICEÑO, Pedro. Los riesgos psicossociais y su reconocimiento como


enfermidad ocupacional: consecuencias legales y económicas. Telos – Revista de Estudios
Interdiciplinarios em Ciencias Sociales, v.11, n.3, 2009, pp. 367-385. Disponível em: <
http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=99312516006>. Acesso em: 10 nov. 2017.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos


Ambientais. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR09/NR-
09-2016.pdf>. Acesso em: 10/04/2017

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-15 – Atividades e Operações Insalubres.


Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR15/NR-15.pdf>.
Acesso em: 10/04/2017.

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-17 - Ergonomia. Disponível em:


<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR17.pdf>. Acesso em: 10/04/2017

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-18 – Condições e Meio Ambiente de


Trabalho na Indústria da Construção. Disponível em:
<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR18.pdf>. Acesso em: 10/04/2017

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR-35 -Trabalho em Altura. Disponível em:


<http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR35.pdf>. Acesso em: 10/04/2017

BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Portaria n. 25, de 29 de dezembro de 1994.

MACHADO, Ane Graziela Stahlhöfer. Meio ambiente de trabalho na construção civil: uma
análise dos princípios do direito ambiental. Dissertação de mestrado. Universidade de Caxias
do Sul. 2015.

MOTA, Míriam Cristina Zaidan Psicologia aplicada em segurança do trabalho: destaque nos
aspectos comportamentais e trabalho em equipe da NR-10. 5. ed. -- São Paulo : LTr, 2015.

39
MOTERLE, Neodimar. A importância da segurança do trabalho na construção civil: um
estudo de caso em um canteiro de obra na cidade de Pato Branco – Pr. 2014. 45 f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho) –
Programa de Pós-Graduação em Engenharia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná.
Pato Branco, 2014.

PEREIRA, Vandilce Trindade. A relevância da prevenção do acidente de trabalho para o


crescimento organizacional. Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade da Amazônia.
2001.

WATANABE, Emilia. Maria. Bongiovanni. Aspectos psicossociais de risco no trabalho e a


saúde mental dos carteiros da cidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado. Fundação Jorge
Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho. 2015.

40

Você também pode gostar