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São Paulo
2014
1
O AMBIENTE E AS DOENÇAS LABORAIS
É importante observar que a nocividade do trabalho pode não ser dele próprio, ou
das atividades que o conformam, mas determinada ou agravada por 2 considerações sobre o
“tempo de trabalho”, sendo elas pela “duração” ou pela “configuração”, entendido como
“tempo de trabalho” nas mais distintas acepções, que vão desde o tempo na vida em que se
começa a trabalhar; o tempo na vida em que se para de trabalhar; o tempo ou duração do
trabalho numa jornada de trabalho (jornada, do francês jour = dia), nas semanas, nos meses,
nos anos e, enfim, na vida. “Duração”, no sentido de tempo acumulado, e “configuração”, no
sentido de sua distribuição, ou forma como a duração está organizada ou distribuída no
próprio referencial de periodização do tempo: vida, época da vida, ano, estação do ano, mês,
semana, dia, hora, minuto... (8)
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O grau de sucesso ou insucesso dos mecanismos de “agressão” irá depender não
apenas da natureza e intensidade da “agressão”, e do grau de “vulnerabilidade” aos patógenos
do trabalho, mas também da eficiência ou eficácia dos mecanismos de “defesa” do
trabalhador. (8)
• Acidente de trabalho
• Doença do trabalho
• Doença profissional
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Do acidente-tipo, ou também chamado de macrotrauma, cuida a lei no art. 19 e
basicamente define como acidente do trabalho aquele que ocorre pelo exercício do trabalho
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução
da capacidade permanente ou temporária para o trabalho. Ou seja, trata-se de um evento
único, subitâneo, imprevisto, bem configurado no espaço e no tempo e consequências
geralmente imediatas. (10)
Deste modo o objetivo deste trabalho é tratar apenas das doenças laborais, das
quais podemos analisar sob algumas características do ponto de vista de Ramazzini, Schilling
e da própria Lei 8.213/91.
Bernardino Ramazzini (1633 – 1714) parece ter sido o primeiro a tentar classificar
o que ele denominou de “doenças do trabalhador”, descrevia as doenças como, por exemplo:
“doença dos mineiros”; “doença dos que trabalham em pé”; “doença dos pintores”, “doença
dos que trabalham com enxofre”, etc. (8)
Da classificação empírica construída por Bernardino Ramazzini, há mais de 300
anos, é possível pinçar os critérios para uma primeira sistematização da patologia do trabalho:
• Num primeiro grupo estão aquelas doenças diretamente causadas pela “nocividade da
matéria manipulada”, de natureza relativamente específica, e que vieram dar origem às
“doenças profissionais” (8)
• Num segundo grupo estão aquelas doenças produzidas pelas condições de trabalho:
“posições forçadas e inadequadas”, “operários que passam o dia de pé, sentados,
inclinados, encurvados etc.”. São as que mais tarde foram denominadas “doenças
causadas pelas condições especiais em que o trabalho é realizado”. (8)
O professor Richard Schilling, da Inglaterra, desenvolveu uma classificação
própria, que agrupa as “doenças relacionadas com o trabalho” em três categorias, resumidas
na tabela 1.1. (8)
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Categorias Exemplos
I - Trabalho como causa necessária, exatamente, e pelas * Intoxicação por chumbo
intoxicações agudas de origem ocupacional.
* Silicose
* "Doenças profissionais" legalmente prescritas
* Outras
Para que essas doenças possam ser consideradas doenças profissionais, deve haver
exposição do empregado a tais micro-organismos. Alguns agentes infecciosos que podem ter
relação com o trabalho são:
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• Dos vírus: adenovírus; caxumba; citomegalovírus; ebola; hepatite B; hepatite C;
Herpes simplex; HIV; influenza; parainfluenza; parvovirus B19; poliovirus; rotavirus;
rubéola; sarampo; varicela-zoster; vírus respiratório sincicial.
• Das bactérias: bordetella; campulobacter; corynebacyerium diphteriae; mycobacterium
tuberculosis; neisseria meningitidis; salmonella; shigella; yersínia pestis.
• Outros: chlamydia psittaci; coxiella burnetti; cryptosporidium; mycoplasma
pneumonie; sarcoptes scabiei. (12) (8)
Para que uma substância seja nociva ao homem, é preciso que ela entre em
contato com o organismo. Há diferentes vias de penetração para os riscos biológicos: (12)
Ingestão: a água, os alimentos em geral, mãos e objetos quando levados à boca constituem as
principais maneiras pelas quais a maioria dos agentes infectantes por via oral é transportada e
introduzida no organismo, por exemplo, ovos de helmintos (Ascaris lumbricoides, Enterobius
vermicularis, Trichuris trichiura), cistos de protozoários (Entamoeba histolytica, Giardia
lambia), bactérias entéricas (Salmonella sp., Shigella sp., Escherichia coli enteropatogênica) e
enterovírus (vírus da poliomielite, rotavírus, e outros). (8)
Inalação através das vias respiratórias superiores: gotículas expelidas pela boca e pelo
nariz contendo vírus diversos (gripe, sarampo, etc.); população viável de Mycobacterium
tuberculosis no escarro em dessecação, associada a micropartículas de poeira; esporos de
fungos das espécies Histoplasma capsulatum e Paracoccidioides braziliensis, responsáveis,
respectivamente, pela histoplasmose e pela paracoccidioidomicose; frações de muco nasal
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contendo Mycobacterium leprae, agente da hanseníase, e diversos outros exemplos, compõem
uma vasta lista de biopatógenos que podem estar presentes em suspensão no ar inalado. (8)
Penetração através das mucosas: de forma geral, as mucosas expostas aos fatores
ambientais – vagina, uretra, olhos, boca – dispõem de condições biofísico-químicas
favoráveis à instalação de germes e consequente desenvolvimento de infecções específicas. O
material chegado à mucosa sadia pode originar-se do contato direto com outra mucosa doente
ou ser trasnportado por algum veículo ou vetor. A Neisseria gonorrhhoeae, responsável pela
blenorragia e pela oftalmia neonatorum, e as clamídeas, responsáveis por alguns tipos de
uretrites e pelo tracoma, são exemplos de micro-organismos que penetram pelas mucosas, aí
permanecendo e desenvolvendo estado patológico. O Trypanosoma cruzi, agente da doença
de Chagas, pode penetrar pela mucosa ocular e daí invadir a corrente sanguínea e outros
tecidos. O Schistosoma mansoni é outro agente que penetra no hospedeiro pelas mucosas. (8)
8
transmissão por transfusão de sangue poderia também ser enquadrada neste item,
considerando que a penetração do bioagente se dá por intrusão no corpo, com auxílio de
objeto mecânico. Uma grande parte das infecções hospitalares relaciona-se a este mecanismo.
(8)
10
Os trabalhadores que lidam com dejetos de esgoto ou lixo, principalmente onde
não há condições de sanitarismo e proteção adequadas, estão também expostos a vários riscos
biológicos. (8)
A suspeita clínica de possível doença ocupacional deve ser valorizada sempre que
um paciente pertencer a um grupo onde o risco de exposição a patógenos biológicos é
aumentado. A avaliação mais específica dependerá muito da apresentação clínica e dos
diagnósticos diferenciais. Quando se cogitar em origem ocupacional, a história detalhada deve
ser tomada no sentido de elucidar precisamente como a exposição ocorreu. A avaliação do
local de trabalho através da visita/inspeção ao espaço físico é mandatória para se compreender
o ambiente, as funções e as atividades cotidianas, determinando com mais clareza os riscos
aos quais os trabalhadores estão expostos. Dependendo das circunstâncias e dos recursos
disponíveis, uma equipe composta por médico e enfermeiro do trabalho, engenheiro e
higienista industrial, e até um especialista em biossegurança, deverá determinar a necessidade
de desencadear uma série de ações a nível individual e coletivo. Deve-se lembrar sempre da
notificação compulsória de determinadas doenças para a vigilância sanitária local. (8)
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PRINCIPAIS DOENÇAS OU AGENTES
OCUPAÇÃO
SELECIONADOS
Açougueiro Antraz, Tularemia, Erisipelóide
Bartonella henselae, celulite por pasteurella, raiva,
Explorador de cavernas
histoplasmose
Construção civil em grandes Paracoccidioidomicose, Histoplasmose, Leishmaniose,
áreas Malária
Trabalho em armazéns de
Tifo
grãos
Brucelose, Leptospirose, Febre Q, Salmonelose,
Trabalho em abatedouro
Estafilococcias
Médico/Enfermeiro Hepatites B e C, AIDS, Tuberculose, etc.
Veterinário/Comércio de Antraz, Brucelose, Psitacose, Dermatofitoses, Erisipelóide,
animais Raiva, Tularemia, Salmonelose
Criador de pássaros Psitacose
Trabalho em limpeza urbana Leptospirose, Ascaridíase, Ancilostomíase
Lavadeira Dermatofitoses.
Tabela 1.2 - Exemplos de Doenças Infecciosas Selecionadas por Ocupação
Fonte: Mendes, René - 2007
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1.2 – PRINCIPAIS DOENÇAS
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Exposição ocupacional ao Vírus da Imuno-deficiência Humana (HIV),
Doença pelo Vírus da
principalmente em trabalhadores da saúde, em decorrência de acidentes
Imunodeficiência
pérfurocortantes com agulhas ou material cirúrgico contaminado, e na manipulação,
Humana (HIV) (B20-
acondicionamento ou emprego de sangue ou de seus derivados, e contato com
B24.-)
materiais provenientes de pacientes infectados. (Z57.8) (Quadro 25)
Exposição ocupacional a fungos do gênero Epidermophyton, Microsporum e
Dermatofitose (B35.-)
Trichophyton, em trabalhos em condições de temperatura elevada e umidade
e Outras Micoses
(cozinhas, ginásios, piscinas) e outras situações específicas de exposição ocupacional.
Superficiais (B36.-)
(Z57.8) (Quadro 25)
Paracoccidioidomicose
(Blastomicose Sul
Americana, Exposição ocupacional ao Paracoccidioides brasiliensis, principalmente em
Blastomicose trabalhos agrícolas ou florestais e em zonas endêmicas. (Z57.8) (Quadro 25)
Brasileira, Doença de
Lutz) (B41.-)
Exposição ocupacional ao Plasmodium malariae; Plasmodium vivax; Plasmodium
falciparum ou outros protozoários, principalmente em atividades de mineração,
Malária (B50 – B54.-)
construção de barragens ou rodovias, em extração de petróleo e outras atividades que
obrigam a entrada dos trabalhadores em zonas endêmicas (Z57.8) (Quadro 25)
Leishmaniose Cutânea
(B55.1) ou Exposição ocupacional à Leishmania braziliensis, principalmente em trabalhos
Leishmaniose agrícolas ou florestais e em zonas endêmicas, e outras situações específicas de
Cutâneo-Mucosa exposição ocupacional. (Z57.8) (Quadro 25)
(B55.2)
Tabela 1.3 - Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho (grupo I da CID-10)
Fonte: Portaria nº 1.339, de 18 de novembro de 1999
Tuberculose
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e a ligação do órgão com o meio externo favorece sua transmissão. Como não há resposta
imediata do hospedeiro, ele cresce no interior do organismo, durante certo tempo, sem
nenhum obstáculo. A transmissão é aerógena através da eliminação de partículas com bacilos
em suspensão por perdigotos favorecidos pela tosse, fala ou espirro. (8)
Carbúnculo
Leptospirose
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As leptospiroses constituem verdadeiras zoonoses. Os roedores são os principais
reservatórios da doença, principalmente os domésticos. Atuam como portadores os bovinos,
ovinos e caprinos. A transmissão é realizada pelo contato com água ou solo contaminados
pela urina dos animais portadores, mais raramente pelo contato direto com sangue, tecido,
órgão e urina destes animais. Não há transmissão inter-humana, exceto a intrauterina para o
feto. (9)
Tétano
A psitacose é quase sempre transmitida aos seres humanos por via respiratória.
Em raras ocasiões a doença pode ser contraída através da bicada de um pássaro. O contato
prolongado não é essencial para a transmissão da doença. Alguns minutos passados no
ambiente previamente ocupado por uma ave infectada tem resultado em infecção humana. (8)
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Dengue
Febre amarela
É uma doença febril aguda causada pelo Flavivírus da febre amarela (família
Togaviridae), com quadro clínico variável, desde formas inaparentes até as graves e fatais. A
transmissão se faz pela picada dos mosquitos infectados A. aegypti na febre amarela urbana
(FAU) e Haemagogus na febre amarela silvestre (FAS). O período de incubação é de 3 a 6
dias, após a picada do mosquito infectado, e o período de transmissibilidade é de 24 a 48
horas, antes do aparecimento dos sintomas de 3 a 5 dias após. (9)
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A febre amarela persiste na América do Sul apenas como enzootia de macacos,
tendo por transmissores mosquitos dos gêneros Haemagogus e Aedes. Os casos humanos,
pouco numerosos, incidem entre as pessoas que trabalham ou mantêm contato com as
florestas. A febre amarela urbana teve o homem como único reservatório e o A. aegypti como
transmissor, na América do Sul. Outros trabalhadores eventualmente expostos, por acidente,
incluem os que exercem atividades de saúde pública e que trabalham em laboratórios de
pesquisa, agricultores, trabalhadores florestais, em extração de madeira, em áreas e regiões
afetadas. (9)
Hepatite
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acometido ou em risco. Dentre os médicos e dentistas, aqueles que lidam com crianças estão
mais expostos. (8)
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HIV
Dermatofitose
Candidíase
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A candidíase relacionada ao trabalho poderá ser verificada em trabalhadores que
exercem atividades que requerem longas imersões das mãos em água e irritação mecânica das
mãos, tais como trabalhadores de limpeza, lavadeiras, cozinheiras, entre outros, com
exposição ocupacional claramente caracterizada por meio de história laborativa e de inspeção
em ambiente de trabalho. Nesses casos, a candidíase poderá ser considerada como doença
relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling. (9)
Paracoccidioidomicose
Malária
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sudorese e cefaleia, que ocorre em padrões cíclicos, a depender da espécie do parasito
infectante. (9)
Leishmaniose
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cutânea, relativamente benigna, e a leishmaniose cutaneomucosa, mais grave. É uma doença
parasitária da pele e mucosas, de caráter pleomórfico, transmitida pela picada de insetos
flebotomíneos do gênero Lutzomia. Período de incubação: pode variar de 2 semanas a 12
meses, com média de um mês. (9)
1.3 – PREVENÇÃO
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O uso de equipamentos de proteção individual está indicado toda vez que os
riscos não forem totalmente eliminados através das medidas anteriores. Deve-se sempre calçar
luvas quando em contato com secreções biológicas de qualquer tipo. O uso de aventais ou
capotes, gorros, óculos especiais de proteção, devem sempre fazer parte dos cuidados dos que
lidam com materiais, animais ou indivíduos potencialmente infectados. Deve-se salientar que
máscaras cirúrgicas ordinárias somente protegem o paciente, o animal ou o produto, da
exposição de organismos exalados pelo trabalhador. Para que o trabalhador seja protegido de
patógenos provenientes do ambiente é necessário que ele utilize máscaras especiais ou até
respiradores específicos. (8)
Precauções Universais
1. Evitar contato direto com fluidos orgânicos: sangue, fluido cérebro-espinhal, sêmen, secreções
vaginais, leite materno. Os demais como saliva, lágrima, suor, urina e líquido amniótico não são
considerados meios de transmissão.
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* Usar óculos durante os procedimentos em que houver a possibilidade de que sangue e fluidos
corpóreos atinjam os olhos, principalmente em procedimentos cirúrgicos, endoscópicos e em
hemodiálise.
2. Quando o profissional tiver alguma lesão de pele, tampá-la bem com curativo impermeável.
* Sempre usar luvas para procedimentos invasivos: injeção endovenosa, intramuscular, colher
sangue, passar sonda vesical, nasogástrica e traqueostomia.
4. Lavar sempre as mãos com água e sabão e secá-las após atendimentos de cada paciente,
inclusive ao se administrar cuidados no leito.
* A pessoa que coleta o lixo deve estar paramentada com luvas, avental e botas.
6. Cuidados na limpeza com a unidade, utensílios e roupas de cama.
* Fluido corpóreo no chão, bancada, mesa: jogar Hipoclorito de Sódio a 1% no local, por 30
minutos.
* Manipular as roupas sem agitação. Recolhê-las e rotular "contaminado".
* Para lavar as roupas com fluidos contaminantes: detergente mais água a 71°C por 25 minutos;
com temperatura inferior: deixar e molho em Hipoclorito de Sódio a 0,5% por 30 minutos.
Os trabalhadores podem ser vacinados visando à proteção a organismos infecciosos tais como
agentes do tétano e hepatite B;
Os profissionais de saúde podem ser vacinados, por exemplo, contra Influenza para evitar que
contaminem inadvertidamente algum paciente;
Algumas vacinas como a da febre amarela são recomendadas para trabalhadores em viagens a
áreas endêmicas.
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UNIDADE 2 – DOENÇAS RELACIONADAS AOS RISCOS QUÍMICOS
• Poeiras minerais: sílica, asbesto e carvão mineral, por exemplo. As consequências são:
silicose (quartzo), asbestose (amianto), penumoconiose dos minérios de carvão
(mineral).
• Poeiras vegetais: algodão e bagaço de cana-de-açúcar, por exemplo. As consequências
são: bissinose (algodão), bagaçose (cana-de-açúcar) etc.
• Poeiras alcalinas: calcário, por exemplo. As consequências incluem: doenças
pulmonares obstrutivas crônicas, enfisema pulmonar.
• Poeiras incômodas: incluem consequências como interação com outros agentes
nocivos presentes no ambiente de trabalho, potencializando sua nocividade.
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• Irritantes: causam irritação das vias aéreas superiores. Exemplo: ácido clorídrico,
ácido sulfúrico, soda caustica, cloro, etc.
• Asfixiantes: produzem dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, coma e morte.
Por exemplo: hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, dióxido de carbono,
monóxido de carbono etc.
• Anestésicos: em sua maioria, incluem solventes orgânicos, promovendo ação
depressiva sobre o sistema nervoso, danos a diversos órgãos, ao sistema formador de
sangue (benzeno) etc. São exemplos: butano, propano, aldeídos, cetonas, cloreto de
carbono, tricloroetileno, benzeno, tolueno, álcoois, percloritileno, xileno, etc.
As vias de penetração dos agentes químicos são: via cutânea (pele); via digestiva
(boca) e via respiratória (nariz).
Para avaliar o potencial tóxico das substâncias químicas, alguns fatores devem ser
levados em consideração:
• Concentração: quanto maior for a concentração, mais rapidamente seus efeitos nocivos
irão se manifestar no organismo.
• Índice respiratório: a quantidade de ar inalado pelo trabalhador durante a jornada de
trabalho.
• Sensibilidade individual: o nível de resistência varia de indivíduo para indivíduo.
• Toxicidade: o potencial de ação tóxica da substância no organismo.
• Tempo de exposição: o tempo de exposição do organismo à substância contaminante.
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Doenças Agudas
1 Trato respiratório alto
• Irritação/inflamação de cavidades nasais e seios
da face, faringe e laringe, por inalação de gases
ou particulados irritantes e/ou tóxicos.
• Rinite alérgica
2 Trato respiratório baixo
• Asma ocupacional (incluindo bissinose e
síndrome de disfunção reativa das vias aéreas)
3 Doenças do parênquima pulmonar
• Pneumonites por hipersensibilidade
• Pneumonites tóxicas
4 Doenças pleurais
• Derrame pleural
Doenças Crônicas
1 Trato respiratório alto
• Úlcera de septo nasal
2 Trato respiratório baixo
• Bronquite crônica ao fluxo aéreo
• Enfisema pulmonar
• Limitação crônica ao fluxo aéreo
3 Doenças do parênquima pulmonar
• Silicose
• Asbestose
• Pneumoconiose dos trabalhadores do carvão
• Outras pneumoconioses (incluindo reações
granulomatosas)
4 Doenças pleurais
• Fibrose pleural (em placas ou difusa)
5 Carcinomas do trato respiratório
• Adenocarcinomas dos seios da face
• Carcinoma broncogênico
• Mesotelioma
Tabela 2.1 - Classificação Clínica das Doenças Pulmonares
Fonte: Mendes, René - 2007
31
1. Ulcerações e perfurações de septo nasal por ação direta devidas a metais pesados
como cromo hexavalente e níquel, antimônio, arsênico e cobre (Newman, 1996) (8).
2. Rinites irritativas e/ou alérgicas secundárias à inalação crônica de substâncias de alto e
baixo peso molecular com potencial alergênico, como material proteico animal,
enzimas, isocianatos, anidridos ácidos e outros. Nesse tipo de situação pode ocorrer
lesão de conjuntiva ocular e de outras mucosas de via aérea como orofaringe, e
traqueia e eventuais sinusites secundárias ao processo obstrutivo alto. (8)
3. Rinolitíase formação de concreções na cavidade nasal secundárias à presença de
substâncias higroscópicas como o cimento (calcário calcinado, desidratado), podendo
produzir desde apenas incômodo local até sangramentos (Parker, 1994) (8).
4. Carcinoma da cavidade nasal e laringe secundários à exposição a metais pesados como
o cromo hexavalente e níquel e poeiras diversas contendo hidrocarbonetos aromáticos
absorvidos nas mesmas, ou poeiras de madeiras (Doll, Morgan & Speizer, 1970;
Spiegel & Sataloff, 1996; Vieren & Imbus, 1989). (8)
Asma ocupacional
Trabalhadores com asma preexistente podem ter o quadro agravado por estímulos
inespecíficos no ambiente de trabalho, assim como desenvolver sensibilização a agentes
específicos. Esta primeira condição pode não ser considerada como AO, e sim como asma
agravada pelas condições de trabalho (Chan-Yeung & Malo, 1995), mas, do ponto de vista
prático deve ser investigada, orientada e encaminhada da mesma forma que a AO. (8)
32
1. Broncocosntrição imunológica: é o tipo de reação mais comum em AO. A maior parte
das respostas orgânicas é media por IgE específica, porém há casos em que também
anticorpos da classe IgG estão envolvidos. (8)
2. Broncoconstrição inflamatória: exposições a gases ou particulados irritantes, em altas
concentrações, podem levar à inflamação das vias aéreas, atingindo ocasionalmente, a
zona de trocas gasosas. (8)
3. Broncoconstrição reflexa: causada pela ação direta de particulados, gases e mesmo ar
frio sobre os receptores da parede brônquica, levando a uma quebra do equilíbrio
adrenérgico. (8)
4. Broncoconstrição farmacológica: alguns agentes ocupacionais têm o potencial de atuar
como agonistas farmacológicos, apresentando uma ação semelhante a drogas, com
relações dose-efeito. (8)
Limitação crônica ao fluxo aéreo (LCFA) são duas entidades distinta, podendo ou
não estar relacionadas. A principal causa de ambas é, sem dúvida, o tabagismo, que agride
tanto grandes vias aéreas, preferencialmente acometidas na BC, como nas pequenas vias
aéreas, preferencialmente acometidas na LCFA. (8)
Enfisema
34
enfisema, os alvéolos transformam-se em grandes sacos cheios de ar que dificultam o contato
do ar com o sangue, uma vez que foram destruídos os septos alveolares por onde passavam os
vasos. (22)
Pneumoconioses
35
Granulomatose tipo sarcóide. Fibrose
Berilliose Berílio
durante evolução crônica
Pneumopatia por Poeiras de metais duros (ligas Pneumonia intersticial de células
metais duros de W, Ti, Ta contendo Co) gigantes. Fibrose durante evolução
Pneumonia intersticial por
Pneumonites por
Poeiras orgânicas contendo hipersensibilidade (infiltração
hipersensibilidade
fungos, proteínas de penas, linfocitária, eosinofilica e neutrofilica na
(alveolite alérgica
pelos e fezes de animais fase aguda e neutrofilica na fase aguda e
extrínseca)
fibrose difusa na fase crônica)
Tabela 2.3 - Pneumoconioses, poeiras causadoras e processos anatomopatológicos subjacentes
Fonte: Mendes, René - 2007
Silicose
Asbestose
36
e térmica de equipamentos elétricos. Sob forma de pó, atinge os pulmões de indivíduos que
estão expostos, tais como: mecânicos, operários de indústria de cimento-amianto etc. (22)
37
Na tabela 2.4 traz a lista das principais substâncias consideradas carcinogênicas
para o trato respiratório, pela Agência Internacional para a Pesquisa sobre o Câncer – IARC,
da Organização Mundial da Saúde (IARC, 2000). A lista completa pode ser analisada no link:
http://monographs.iarc.fr/ENG/Classification/
38
Operações de soldagem em
Aldeído acético Pulmão
superfícies pintadas
Fumos de solda Pulmão Solda de aço
Plásticos, têxteis, indústria
Fibras cerâmicas Pulmão
aerospacial
Tabela 2.4 - Exposições Ocupacionais Associadas ao Câncer Respiratório
Fonte: Segundo Critérios da IARC (2000)
Figura 2.1. Fonte: Mendes, René -‐ 2007 Figura 2.2. Fonte: Mendes, René -‐ 2007
Nas figuras 2.1, 2.2, 2.3 e 2.4 observamos respectivamente: dermatite de contato;
micropapuloeritematosas; dermatite alérgica cronificada e dermatite de contato irritativa 39
forte. Todas por algum tipo de contato por cimento.
Figura 2.6. Fonte: Mendes, René -‐ 2007
Figura 2.5. Fonte: Mendes, René -‐ 2007
Nas figuras 2.5 e 2.6 dermatite alérgica de contato por bota de borracha.
Ceratite
Inflamação coriorretiniana
• Brometo de metila;
• Cloreto de metileno (diclorometano) e outros solventes clorados neurotóxicos;
• Metanol;
• Sulfeto de carbono;
• Tetracloreto de carbono. (8)
Figura 2.13. 42
Fonte: Mendes, René – 2007
2.1.4 DOENÇAS DO OUVIDO
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Proliferação Lesão da estrutura Benzeno, radiações ionizantes, herbicidas derivados
linfóide molecular de do ácido fenoxiacético, asbestos, hidrocarbonetos
(leucemias células da medula clorados, poeiras de madeira, produtos químicos
linfóides agudas óssea utilizados na indústria do couro e da borracha, óxido
e crônicas, de etileno, clorofenóis, fertilizantes, inseticidas,
linfomas, tinturas de cabelo, solventes orgânicos, praguicidas,
mieloma 2,3,7,8-tetraclorodibenzo-p-dioxina, estireno, cloreto
múltiplo) de vinila, poeiras de madeira, gases de exaustão de
motores. Indústria da madeira, agricultores,
trabalhadores de refinarias de petróleo e da indústria
química, manipuladores de grãos, metalúrgicos,
fornecedores de praguicidas, trabalhadores expostos a
fungicidas e fumigantes, pintores e motoristas de
caminhão
Tabela 2.5 - Hemopatias Profissionais Segundo Mecanismos e Tipos de Alterações e Possíveis Agentes
Etiológicos de Origem Ocupacional
Fonte: Mendes, René 2007
Epilepsia
46
Cefaleia
Parkinsonismo secundários
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Principais Substâncias Neurotóxicas Presentes em Situações de Trabalho Capazes de
Causar a Doença de Parkinson Secundária
Associação Definida Associação Possível Associação Potencial
Dissulfeto de carbono Monóxido de carbono Cianeto
Manganês Tetracloreto de carbono Metanol
MPTP
Tabela 2.5 - Principais Substâncias Neurotóxicas Presentes em Situações de Trabalho Capazes de Causar a
Doença de Parkinson Secundária
Fonte: adaptado de Rosenberg, 1995
Ataxia cerebelar
A intoxicação crônica por mercúrio pode causar uma ataxia cerebelar, coreia e
incefalopatia grave caracterizada por déficit cognitivo e alterações psicológicas. Também
pode estar associada a polineuropatia periférica do tipo axonal (sensitiva e motora). O tremor
é postural, cinético, de alta frequência, baixa amplitude, piora com as atividades e se
assemelha ao do hipertireoidismo. Há também perda de sensibilidade vibratória e posicional
nos membros inferiores. A exposição prolongada ao agente tóxico pode levar à ataxia
permanente, decorrente da neuropatia periférica e/ou encefalopatia com comprometimento
cerebelar, dependendo da idade do paciente, grau de exposição e a forma atômica do
mercúrio. (8)
Polineuropatia
Em mulheres adultas, leva-se cerca de duas semanas para que oócitos primários se
desenvolvam em óvulos maduros. Em homens, leva-se cerca de dois meses para que células
germinativas primárias se desenvolvam em espermatozoides. Exposições tóxicas durante
esses períodos de diferenciação das células germinativas podem resultar em morte dos
gametas em maturação. Esse quadro seria manifestado clinicamente como uma incapacidade
temporária de conceber uma criança. Se as células germinativas imaturas (células tronco)
forem afetadas, o período de infertilidade será maior. (8)
Alterações menstruais
52
comparadas a mulheres que trabalham em lavanderias que utilizam água e sabão (Zielhuis,
Gijsen & Van Der Gulden, 1989). (8)
Abortamentos espontâneos
53
Malformações congênitas
54
UNIDADE 3 – DOENÇAS RELACIONADAS AOS RISCOS FÍSICOS
3.1 RUÍDO
Considerando que a audição humana é sensível para cada frequência de som, entre
20 a 20.000Hz, é importante considerar esse fator que compõe o ruído, e não apenas sua
intensidade em uma medição pura e simples. (8)
56
filtro A mais que o filtro Be, este, mais que o filtro C), as baixas frequências (inferiores a
1.000 Hz) e as frequências superiores a 8.000-10.000 Hz. (5)
57
Figura 3.3 Corte frontal do órgão periférico (orelhas externa,
média e interna)
Fonte: http://centrootorrinodf.com.br/anatomia/ouvido.php
58
estímulos elétricos, que são transmitidos pelas fibras do nervo estatoacústico para o sistema
nervoso central. No extremo lateral do ducto coclear situa-se a estria vascular. (8)
Por via aérea: a orelha externa capta os sons ambientes e os dirige para a
membrana timpânica que vibrando junto com a cadeia ossicular transmite e amplifica os sons
para a janela oval. A vibração do estribo faz vibrar a perilinfa desencadeando uma onda de
vibração na membrana basilar da base para o ápice. Para frequências altas a onda é maior na
base da cóclea (cada região ao longo da cóclea corresponde a uma frequência). O órgão de
Corti que se encontra apoiado na membrana basilar acompanha seus movimentos e como as
suas células ciliadas estão em contato com a membrana tectória os cílios são deslocados. Isso
provoca a despolarização das células ciliadas aparecendo o impulso nervoso que é transmitido
para o sistema nervoso central. A orelha possui portanto um segmento que transmite e
amplifica o som para a o órgão de Corti (aparelho de transmissão ou condução) e um
segmento que transforma a vibração em impulso nervoso e o transmite para SNC (aparelho de
recepção ou neuro-sensorial). (8)
Por via óssea: a vibração do crânio, por exemplo tocando-o com um diapasão, faz
vibrar a perilinfa desencadeando o impulso nervoso. Por inércia a cadeia ossicular também
vibra existindo um componente condutivo na audição por via óssea mas para facilitar o
raciocínio clínico considera-se que a audição por via óssea estimula diretamente o aparelho de
recepção. (21)
59
Entende-se como perda auditiva induzida por ruído – PAIR uma alteração dos
limiares auditivos, do tipo neurossensorial, decorrente da exposição sistemática a ruído, que
tem como características a irreversibilidade e a progressão com o tempo de exposição.
(Resolução SS-317, de 24-5-1994)
Normalmente o processo de perda auditiva se inicia na frequência de 4.000 Hz, e
aparece na audiometria como uma gota (chamada de gota acústica). Observar que se é exposto
a ruído ambiental, a perda se dá biliteralmente de forma equilibrada. (14)
Trauma acústico
Provocado por uma grande intensidade de ruído repentino, e pode provocar lesões
graves na orelha média e/ou interna. Há possibilidade de tratamento com medicações, nos
casos de rompimento da membrana timpânica pode ser corrigida com tratamento cirúrgico.
Ocorre logo após a exposição a ruído intenso, por um curto período de tempo, e
tende a regredir espontaneamente após minutos, horas ou, às vezes, até dias de repouso
auditivo. A figura x mostra audiogramas realizados antes e depois da exposição de um
indivíduo com audição normal a um rido de 103 dB(A) durante duas horas contínuas. As
audiometrias realizadas 30s, 15min, 5h e 24h após o término da exposição estão registradas
no esquema e mostram a melhoria progressiva da perda auditiva instalada após aquela
exposição, ao longo das 24 horas subsequentes. (8)
60
Figura 3.4 Níveis de audição de um indivíduo normal
exposto a um ruído de 103 dB(A) (perda auditiva
temporária)
Fonte: Mendes, Rene - 2007
61
3.1.4 MEDIDAS DE CONTROLE DO RUÍDO
3.2 CALOR
Podemos definir “calor” como sendo um risco físico que se apresenta de forma
frequente nas mais diversas atividades profissionais, onde existe liberação de grandes
quantidades de energia térmica, podendo estar presente tanto em atividades internas quanto
em atividades ao ar livre, sujeitando o homem a dar ou receber esta energia. (14)
62
Deste modo, um indivíduo nu pode ficar exposto a temperatura de 13°C a 70°C,
em ambientes secos, e manter a temperatura central constante. Entretanto, esta mesma pessoa
não tolera um aumento de 4°C na sua temperatura interna (central) sem que ocorra
comprometimento da capacidade física e mental e até mesmo risco de vida. (8)
Choque térmico
63
do corpo. É uma emergência médica e os sinais clínicos são pele seca, quente, avermelhada,
manchada ou cianótica. A temperatura central do corpo pode atingir 40,5°C ou mais. Podem
aparecer confusão mental, perda da consciência, convulsões e até ser fatal ou deixar sequelas
neurológicas se o trabalhador não é retirado do ambiente e o tratamento não for imediato. O
reconhecimento e o tratamento precoce do choque térmico são as únicas medidas que podem
prevenir a lesão cerebral permanente e a morte. (8)
A exaustão pelo calor é causada pela perda excessiva de líquidos pelo suor
associada a uma perda excessiva de sal. O trabalhador com exaustão pelo calor ainda
apresenta dudorese e experimenta uma sensação de fadiga e fraqueza extremas, além de
tonturas, náuseas e cefaleia. Casos mais sintomáticos podem apresentar vômitos e evoluir para
o coma. A pele é úmida, pálida ou ruborizada e a temperatura corporal é normal ou levemente
elevada. O tratamento é feito pela retirada do ambiente quente e pela administração de
líquidos e eletrólitos. Não há efeitos permanentes (sequelas). A exaustão pelo calor pode
preceder o choque térmico. (8)
64
Síncope pelo calor
Insolação
É um estado patológico causado pela exposição ao calor tendo o sol como a fonte
de calor. (8)
Reações dermatológicas
65
impermeáveis ao suor. Nestes casos o suor não é facilmente removido da pele pela
evaporação e ocorre obstrução dos ductos das glândulas sudoríparas, causando retenção do
suor. (8)
Queimaduras
As queimaduras resultam de acidentes que são facilitados pela sudorese, que torna
a pega de objetos mais difícil, que pode tornar o chão escorregadio e que pode causar irritação
ocular e interferência na visão, associada a uma diminuição da performance no trabalho e do
estado de alerta causada pelo desconforto térmico. O aumento da temperatura corporal e o
desconforto físico provocam irritabilidade e outros estados emocionais que podem levar o
trabalhador a negligenciar procedimentos de segurança ou a distrair a atenção na realização de
tarefas perigosas. (8)
Má-formação fetal
Catarata
66
3.2.2 MEDIDAS DE CONTROLE DO CALOR
67
• Utilização de óculos com filtro infravermelho para evitar o desenvolvimento de
catarata em trabalhadores expostos a calor radiante intenso. (8)
3.3 FRIO
Por não ser muito comum no nosso país, o estudo da exposição ao frio não é
muito divulgado, nem claramente coberto pela legislação. A NR 15 anexo 9, se limita a dizer
que trabalhos em locais frios sem a proteção adequada são consideradas insalubres mediante
laudo de inspeção no local de trabalho. Entretanto devemos considerar que muitos
trabalhadores exercem suas atividades em câmaras frias, na indústria alimentícia, na
agricultura, ou ainda em ambientes externos em localidades frias. (14)
68
Hipotermia
TEMPERATURA
SINAIS CLÍNICOS
INTERNA (ºC)
37,6 Temperatura retal normal
37 Temperatura oral normal
36 Aumento da taxa metabólica para compensar a perda de calor
35 Tremor máximo
34 Vítima consciente e respondendo com pressão sanguínea normal
33 Severa hipotermia abaixo desta temperatura
32 Consciência nublada, dificuldade de obter a pressão, pupilas dilatadas mas
31 reagindo à luz, cessação dos tremores
30 Progressiva perda da consciência, aumento da rigidez muscular, pulso e
29 pressão difíceis de obter, decréscimo da taxa respiratória
28 Possível fibrilação ventricular com irritação miocardial
Cessam os movimentos voluntários, pupilas não reativas à luz, reflexos de
27
tendões e superficiais ausentes
26 Vítima raramente consciente
25 Fibrilação ventricular pode ocorrer espontaneamente
24 Edema pulmonar
22
Risco máximo de fibrilação ventricular
21
20 Parada cardíaca
18 Vítima de hipotermia acidental mais baixa
17 Eletroencefalograma isoelétrico
9 Paciente de hipotermia induzida artificialmente mais baixa
Tabela 3.2 – Efeitos clínicos da vítima de hipotermia
Fonte: American Family Phvsician – AAFP
Eritema Pérnio
69
tornar-se hemorrágicas ou podem surgir bolhas. Infecções podem sobrevir. Com a exposição
repetida ao frio, os trabalhadores susceptíveis podem desenvolver lesões crônicas que são
caracterizadas por eritema e úlcera. Pode haver também, nestes casos, formação de bolhas e
hemorragia. (8)
Geladura (Frostbite)
71
3.4 PRESSÕES ANORMAIS
Há uma série de atividades cuja realização faz com que os trabalhadores fiquem
sujeitos a pressões ambientais acima ou abaixo das pressões normais, isto é, da pressão
atmosférica a que normalmente se expõem. (12)
Barotrauma
• Do ouvido externo: dor local, abaulamento da membrana timpânica para fora, edema e
congestão do conduto auditivo externo e hemorragia. Eventualmente o rompimento da
membrana timpânica;
• Do ouvido médio: dor, zumbido, hipoacusia e vertigem. Se a membrana timpânica se
romper, a dor cessa e, no mergulho, a penetração de água fria no ouvido médio, a
72
irritação das estruturas do labirinto leva à desorientação espacial, vertigem, náuseas e
vômitos, que cessam logo que a temperatura da água atinja a temperatura corporal;
• Do ouvido interno: dificuldade de equilibrar as pressões e diminuição súbita e
progressiva da audição, zumbido e vertigem. Estas lesões podem se tornar
permanentes;
• Sinusal: edema e congestão da mucosa sinusal, evoluindo para extravasamento de
sangue;
• Pulmonar: congestão pulmonar, edema e hemorragia;
• Facial: máscaras e óculos de mergulho podem atuar como ventosas diante as variações
de pressão, podendo sugar os tecidos da face, acarretando uma sensação de
repuxamento, edema, equimose facial, manchas hemorrágicas nas escleróticas ou
hemorragia no globo ocular e da conjuntiva e sangramento pelo nariz;
• Dental: presença de pequenas bolhas gasosas no interior da polpa dentária ou em
tecidos moles adjacentes;
• Gastrointestinal: produção de gases no intestino aumentando o conteúdo aéreo no
estômago, que durante a descompressão pode causar desconforto e distensão
abdominais e cólicas;
• Cutâneo: manchas equimóticas causadas por espaços entre a roupa de mergulho e o
corpo, como pequenas ventosas;
• Corporal: o esvaziamento brusco de equipamento de mergulho pesado, pode ocasionar
pressão em toda superfície corporal do trabalhador. (8)
Embolia Traumática
Pelo fato de se tratar de uma atividade de alto risco, exige legislação específica
(NR15) a ser obedecida.
3.5 VIBRAÇÕES
• Localizadas (em certas partes do corpo): são causadas por ferramentas manuais,
elétricas e pneumáticas.
• Generalizadas (ou do corpo inteiro): as lesões ocorrem com os operadores de grandes
máquinas, como os motoristas de caminhão, ônibus e tratores. (12)
74
As vibrações como o ruído, podem ser estudadas tanto no domínio do tempo
como no da frequência, expressando-se a amplitude em termos de deslocamento (metros),
velocidade (m/s) ou aceleração (m/s²). (8)
76
proveniente de operação em fornos, ou de solda oxiacetilênica, a radiação ultravioleta, como
aquela que é gerada por operações em solda elétrica, ou, ainda, raios laser, micro-ondas etc.
(12)
77
3.7 RADIAÇÕES IONIZANTES
79
Tabela 3.4 – Exposições agudas localizadas
Fonte: apostila educativa do CNEN Radiações Ionizantes e a Vida
82
perturbavam. Isto conduz a conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e fora dele,
atingindo negativamente o relacionamento familiar. (8)
O desânimo que se associa ao cansaço faz com que desapareça o interesse pela
vida social e a disposição para atividades de lazer anteriormente praticadas. Deste modo, o
trabalhador tende a se retrair e a se isolar socialmente. (8)
Outros sintomas que tem sido descritos nesta síndrome, com variações de
presenças e de intensidade, são: dores de cabeça, dores no corpo (geralmente nos músculos
mais utilizados no trabalho), perda de apetite e mal-estar geral. Graus variáveis de ansiedade
podem ser notados. (8)
a) Fadiga muscular;
b) Fadiga visual, resultante de sobrecarga ocular;
c) Fadiga geral, consequente à sobrecarga de todo o organismo;
d) Fadiga mental, induzida por trabalho mental ou intelectual;
e) Fadiga nervosa, causada pela solicitação excessiva de uma parte do sistema
psicomotor, como no trabalho aprendido e repetitivo;
f) Fadiga por monotonia, da ocupação ou do ambiente;
g) Fadiga crônica, um acúmulo de efeitos a longo prazo;
h) Fadiga circadiana ou nictemeral, por quebra do biorritimo. (2)
84
l) Participação dos trabalhadores na organização do trabalho, etc. (2)
85
Assim, vários estudos a respeito do tema foram realizados com enfermeiras, médicos,
assistentes sociais e professores. Freudenberger também relata uma situação de burn-out
coletivo em executivos. Mas a maior parte dos estudos diz respeito a pessoas que, ao longo de
anos de profissão, persistiram em tentar a solução de problemas humanos (dor, sofrimento em
geral, miséria, injustiça), atuando com grande empenho, de forma geralmente intensiva e auto
exigente, sacrificando a vida pessoal, férias, etc. Estas pessoas teriam geralmente altas
expectativas de sucesso em seus objetivos e, também, de obter reconhecimento.
Aumento da irritação;
Manifestações de agressividade;
Perturbações do sono;
Manifestações depressivas marcadas pela decepção e pela perda de disposição e interesse pelo
trabalho.
86
4.2 DOENÇAS DA COLUNA VERTEBRAL RELACIONADAS AO TRABALHO
A coluna vertebral constitui o eixo longitudinal do corpo, tendo que conciliar dois
imperativos mecânicos aparentemente contraditórios: a rigidez e a flexibilidade, atingidos
graças a sua arquitetura. (2)
Essa estrutura é formada por 24 vértebras livres, empilhadas sobre o sacro. Este,
por sua vez, é constituído por 5 vértebras soldadas entre si e aos ossos do quadril e ligado
inferiormente a outras 3 ou 4 pequenas vértebras que compõem o cóccix. (2)
87
Figura 4.2 – Vértebra tipo
Fonte: Bauk, Douglas A. – 2008
Dores na coluna dorsal não são comuns, posto que tal região seja menos sujeita a
sobrecargas mecânicas, suportando menor peso e tendo menor mobilidade que a coluna
lombar. Em geral, dores tóraco-dorsais decorrem mais comumente de vícios posturais, de
tensão muscular (sobretudo devida ao estresse), nevralgias e de outras condições patológicas
que não as da coluna vertebral. (2)
A doença mais comum é a lombalgia, que pode ser classificada em sete tipos:
1. Quando o plano de trabalho está baixo (mesa baixa, bancada baixa, comandos de
máquinas baixos, ponto de realização de tarefa baixo); quando a pessoa é muito alta,
mesmo os planos de trabalho adequados para pessoas medianas, serão percebidos
como muito baixos; (8)
2. Quando o indivíduo trabalha sentado encurvado excessivamente para a frente. Esse
encurvamento excessivo pode ser devido:
• A uma impossibilidade de aproximar o tronco à mesa de trabalho por
obstrução à entrada das pernas (mesas de trabalho que, no espaço das pernas,
possuem gavetas ou não possuem o espaço para elas);
• A ausência de apoio para o dorso, o que impossibilita o relaxamento periódico
da musculatura; e
• A uma impossibilidade de apoiar o corpo com os cotovelos ou mãos,
normalmente, quando o tronco fica inclinado excessivamente sobre a mesa de
trabalho, a fadiga fica compensada pelo apoio intermitente sobre os cotovelos
ou as mãos. No entanto, quando os instrumentos exigem a ação das duas mãos,
o apoio do corpo por estas partes fica impossível. (8)
3. Quando o indivíduo tem que aliar a posição citada em 1 ao carregamento ou
sustentação de um peso, como no caso de um operador que vai posicionar uma carga
pesada na máquina, e esta não lhe permite aproximar totalmente o corpo; (8)
4. Quando o indivíduo tem que trabalhar de pé ou sentado e a mesa de trabalho é
excessivamente alta, nesta situação, a coluna fica retificada, originando esforço
estático da musculatura do dorso para ser mantida nesta situação; (8)
5. Quando o indivíduo tem que trabalhar sentado num assento muito baixo, sem apoio
para o dorso, nesse caso, o indivíduo fica com as coxofemurais muito fletidas e seu
89
corpo é impulsionado para trás, para compensar, a musculatura do dorso tem que
desenvolver esforço estático prolongado, vindo a fadiga, e com ela, a dor; e (8)
6. Quando o indivíduo tem que trabalhar com a mão atingindo o chão, sem poder
agachar-se. (8)
Lombalgia por torção da coluna ou por ritmo lombopélvico incorreto, é uma das
mais frequentes no trabalho, e geralmente acontece quando:
90
Embora não seja grave, esta forma de lombalgia costuma ser bastante recorrente.
Manifesta-se como um dor forte e intensa na região lombar, geralmente unilateral, que se
prolonga por dois a quatro dias e espasmo muscular de intensidade relativa. (8)
91
2. Em trabalhadores que tenham alguma das deficiências citadas e que carreguem cargas
e suportem pesos, mesmo sem curvar o tronco. (8)
92
Hérnia de disco intervertebral
Ocorre por trauma cumulativo, o núcleo pulposo fora de seu lugar dentro do disco
irá sair e poderá comprimir a raiz nervosa daquela região dando uma dor fortíssima, que se
irradia ao longo do trajeto do nervo. Na maioria das vezes o disco que se hérnia é o situado
entre L5-S1. (8)
A hérnia de disco é rara quando o indivíduo pega uma carga do chão fletindo o
tronco simetricamente, ela pode ocorrer quando o trabalhador vai pegar uma carga e flete o
tronco assimetricamente. Nessa situação, o núcleo pulposo pode se herniar nas laterais. Outro
movimento que precipita a hérnia de disco é fazer um esforço de levanta uma carga longe do
corpo, pois nesta situação, para poder conseguir realizar a tarefa, os músculos da coluna tem
que fazer um esforço muitíssimo alto, com possibilidade de comprimir os discos da coluna e
promover a sua herniação; é claro, se o esforço for feito de forma assimétrica e, além disso,
longe do corpo, a chance da hérnia de disco fica muito aumentada. (8)
93
Tabela 4.1 – Clínica da Hérnia de Disco, segundo os níveis de acometimento
Fonte: adaptado de Crenshaw, 1997
94
• Torcer ou inclinar o tronco anteriormente?
• Alcançar e pegar objetos acima da cabeça?
• Mover um a carga por um longo trajeto na vertical?
• Carregar cargas por longas distâncias?
• Empurrar ou puxar carrinhos, pateleiras em grande exigência?
• Movimentos imprevisíveis de cargas?
• Levantamento e manuseio repetitivo de cargas?
• Um ritmo de trabalho muito rápido imposto pelo processo coexistindo com esforços
pesados?
• Tempo insuficiente de recuperação?
• Levantar e manusear pacientes?
As cargas são:
95
• Calor, frio ou umidade?
• Fortes corrente de ar?
• Iluminação deficiente?
96
principalmente os membros superiores, mas também, a região escapular, a coluna vertebral e
os membros inferiores, em decorrência de fatores ligados ao trabalho. (2)
Ramazzini, em 1713, descreveu com muita propriedade uma doença “típica” dos
escreventes:
Conheci um home, notário de profissão,... o qual dedicou toda sua vida a escrever,
lucrando bastante com isso. Primeiro, começou a sentir grande lassidão em todo o
braço e não pode melhorar com remédio algum e, finalmente, contraiu uma
completa paralisia do braço direito. A fim de reparar o dano, tentou escrever com
a mão esquerda, porém, ao cabo de um tempo, esta também apresentou a mesma
doença”...
Relatos isolados foram publicados desde meados do século XIX sobre a cãibra do
escrivão (1830), a cãibra do telegrafista (1875) e a entrose das lavadeiras (Doença de
DeQuervain) (1891). Já no início do século XX, Hammer (1934) estudou tendinites entre
empacotadores. (2)
97
Apesar disso, esses quadros só começaram a adquirir relevância a partir de
meados do século XX, com a crescente utilização do computador no trabalho. No Japão,
Maeda descreveu problemas musculoesqueléticos entre perfuradores de cartões (1958), caixas
registradoras e datilógrafos (1971) e montadores (1982). (2)
98
• fatores ligados à psicodinâmica do trabalho ou aos desequilíbrios psíquicos
gerados em certas situações especiais de trabalho na gênese do processo de adoecimento. (9)
BURSITES Provocada pelo apoio do cotovelo sobre uma superfície rígida por tempo
prolongado.
NEUROPATIAS
COMPRESSIVAS
Síndrome do túnel do Movimentos repetitivos com extensão, flexão ou desvio ulnar e radial do
carpo punho; vibrações, compressão mecânica da base da mão associada a força
e movimentos de pinça.
Síndrome do túnel e do Posturas viciosas e repetitivas em pronação, supinação, flexão e estensão,
canal cubital ou o apoio do cotovelo em flexão sobre uma superfície rígida, como
carimbadores ou motoristas que dirigem com o cotovelo apoiado na janela
do veículo.
Síndrome do canal de Traumas repetitivos sobre a borda ulnar do punho, em carimbadores e
Guyon escrivães.
Síndrome do supinador Movimentos repetitivos de pronossupinação, como apertar parafusos.
Síndrome do interósseo
anterior Acomete indivíduos que carregam objetos pesados.
Síndrome cérvico-braquial Traumatismos e manutenção de posturas viciosas que provoquem
estiramento ou compressão dos troncos nervosos do plexo cervical.
DISTÚRBIOS NEUROVASCULARES
Síndrome do desfiladeiroAtividades por longos períodos com os braços elevados ou que
torácico comprimem o ombro contra objetos, por exemplo, telefone preso entre o
ombro e a orelha.
Fenômeno de Raynaud Exposição a baixas temperaturas, uso prolongado de ferramentas
vibratórias, etc.
Síndrome do martelo Bater objetos repetidamente com a região hipotenar lesiona as artérias
hipotenar acima dos ossos carpais.
Tabela 4.2 – Doenças enquadradas como LER/Dort relacionadas com possíveis atividades como causa
Fonte: adaptado de Bauk, 2008
100
A prevenção das LER/DORT baseia-se na capacitação técnica e definição política para:
101
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Araújo, Wellington T.: Manual de segurança do trabalho – São Paulo: DCL, 2010
2. Bauk, Douglas A.: Temas de ergonomia para médicos do trabalho. 2ªEd. – Niterói, RJ:
Nitpress, 2008
102
12. Oliveira, Claudio A. D.: Segurança e Medicina do Trabalho (Guia de Prevenção de
Riscos) – São Paulo: Yendis Editora Ltda., 2011
16. Pedrotti, Irineu A.: Doenças Profissionais ou do Trabalho. Vol. 1 – São Paulo:
Livraria e Editora Universitária de Direito, 1988
18. Possas, Cristina A.: Saúde e Trabalho (A crise da Previdência Social). 2ª ed. – São
Paulo: Editora Hucitec, 1989
19. Ramazzini, Bernardino: As doenças dos Trabalhadores. 2ª edição – Tradução pelo Dr.
Raimundo Estrela – São Paulo: Fundacentro, 1985
20. Ribeiro, Maria C. S. R.: Enfermagem e Trabalho: fundamentos para a atenção à saúde
dos trabalhadores. 2ª ed. – São Paulo: Martinari, 2012
21. Souza, Décio G.: Anatomia e Fisiologia do Ouvido – São Paulo, 2007. Disponível em:
http://www.dgsotorrinolaringologia.med.br/apost_ouvido.htm
103
LISTA DE FIGURAS
104
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.1 – Classificação das doenças segundo sua relação com o Trabalho / Fonte:
Adaptado de Schilling, 1984
Tabela 1.2 - Exemplos de Doenças Infecciosas Selecionadas por Ocupação / Fonte: Mendes,
René – 2007
Tabela 1.3 - Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas com o trabalho (grupo I da CID-
10) / Fonte: Portaria nº 1.339, de 18 de novembro de 1999
Tabela 1.4 – Precauções Universais / Fonte: Normas de Biossegurança ou Prescrições
Universais
Tabela 2.1 - Classificação Clínica das Doenças Pulmonares / Fonte: Mendes, René – 2007
Tabela 2.2 - Pneumotinte por Hipersensibilidade / Fonte: Mendes, René – 2007
105