Você está na página 1de 216

Fundamentos

de Saúde e
Segurança no
Trabalho
PROFESSOR
Me. Juliano Bertolotti Moura

ACESSE AQUI O SEU


LIVRO NA VERSÃO
DIGITAL!
EXPEDIENTE
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de
Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino
de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação
Kátia Coelho Diretoria de Cursos Híbridos Fabricio Ricardo Lazilha Diretoria de Permanência Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional Paula Renata dos Santos Ferreira Head de Graduação Marcia de Souza Head de
Metodologias Ativas Thuinie Medeiros Vilela Daros Head de Tecnologia e Planejamento Educacional Tania C.
Yoshie Fukushima Gerência de Planejamento e Design Educacional Jislaine Cristina da Silva Gerência de
Tecnologia Educacional Marcio Alexandre Wecker Gerência de Produção Digital Diogo Ribeiro Garcia Gerência de
Projetos Especiais Edison Rodrigo Valim Supervisora de Produção Digital Daniele Correia

FICHA CATALOGRÁFICA

Coordenador(a) de Conteúdo C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ.


Renata Cristina de Souza Chatalov Núcleo de Educação a Distância. MOURA, Juliano Bertolotti.
Projeto Gráfico e Capa Fundamentos de Saúde e Segurança no Trabalho.
André Morais, Arthur Cantareli e Juliano Bertolotti Moura. Maringá - PR: Unicesumar, 2021.
Matheus Silva
216 p.
Editoração
ISBN 978-65-5615-697-2
Lucas Pinna Silveira Lima
Design Educacional “Graduação - EaD”.
Jociane Karise Benedett 1. Fundamentos 2. Saúde 3. Segurança do Trabalho. 4. EaD.
I. Título.
Curadoria
Elziane Vieira Alencar
CDD - 22 ed. 342.6
Revisão Textual
Anna Clara Gobbi dos Santos
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho Impresso por:
Eduardo Aparecido Alves
Fotos Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679
Shutterstock

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná
www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
A UniCesumar celebra os seus 30 anos de história
avançando a cada dia. Agora, enquanto Universidade,
ampliamos a nossa autonomia e trabalhamos diaria-
mente para que nossa educação à distância continue
Tudo isso para honrarmos a
como uma das melhores do Brasil. Atuamos sobre
nossa missão, que é promover
quatro pilares que consolidam a visão abrangente
a educação de qualidade nas
do que é o conhecimento para nós: o intelectual, o diferentes áreas do conhecimento,
profissional, o emocional e o espiritual. formando profissionais
A nossa missão é a de “Promover a educação de cidadãos que contribuam para
qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, for- o desenvolvimento de uma
mando profissionais cidadãos que contribuam para o sociedade justa e solidária.
desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária”.
Neste sentido, a UniCesumar tem um gênio impor-
tante para o cumprimento integral desta missão: o
coletivo. São os nossos professores e equipe que
produzem a cada dia uma inovação, uma transforma-
ção na forma de pensar e de aprender. É assim que
fazemos juntos um novo conhecimento diariamente.

São mais de 800 títulos de livros didáticos como este


produzidos anualmente, com a distribuição de mais
de 2 milhões de exemplares gratuitamente para nos-
sos acadêmicos. Estamos presentes em mais de 700
polos EAD e cinco campi: Maringá, Curitiba, Londrina,
Ponta Grossa e Corumbá, o que nos posiciona entre
os 10 maiores grupos educacionais do país.

Aprendemos e escrevemos juntos esta belíssima


história da jornada do conhecimento. Mário Quin-
tana diz que “Livros não mudam o mundo, quem
muda o mundo são as pessoas. Os livros só
mudam as pessoas”. Seja bem-vindo à oportu-
nidade de fazer a sua mudança!

Reitor
Wilson de Matos Silva
Juliano Bertolotti Moura

Olá, meu nome é Juliano, sou um jovem de 50 anos que


ama tocar e cantar. Além disso, sou fã de games voltados
para simulação de corridas e de voos. Também gosto mui-
to de assistir filmes. Minha primeira profissão foi como
músico e professor de música por mais de 20 anos. Em
2006 mudei radicalmente e fui trabalhar em uma indús-
tria de produtos médicos implantáveis, com especialidade
em órteses e próteses. Foi nesta indústria que eu tive a
oportunidade, então, de me formar como Torneiro Me-
cânico, Técnico em Eletrotécnica, Engenheiro de Produ-
ção, Gestor da Qualidade e Especialista em Segurança do
Trabalho. Sou, também, pós-graduado em Higiene Ocu-
pacional pela Unicesumar e Mestre em Engenharia de
Produção pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Atualmente sou professor multidisciplinar nas áreas de
Gestão da Qualidade, Logística Hospitalar, Logística e En-
genharias, onde ministro as disciplinas de Auditoria da
Qualidade, Ergonomia, Saúde e Segurança do Trabalho,
Gestão da Qualidade, Cadeia de Suprimentos na Gestão
Hospitalar, Logística de Produção e Serviços, Perícia Tra-
balhista, entre outras.

Lattes: http://lattes.cnpq.br/2622850701219719
FUNDAMENTOS DE SAÚDE E
SEGURANÇA NO TRABALHO

A segurança no trabalho tem sido motivo de grande preocupação no Brasil e no mun-


do atualmente. A expansão das fronteiras mercadológicas internacionais, o aumento
da população mundial e, consequentemente, o consumo de produtos cada vez mais
industrializados, tem feito com que os níveis de produção aumentem. Desta forma,
aumenta-se a exposição dos trabalhadores aos riscos inerentes aos processos e am-
bientes laborais. Portanto, o objetivo das ações voltadas para a segurança do trabalho
é fazer com que estes riscos sejam reduzidos ou eliminados, garantindo, assim, que
os trabalhadores estejam seguros durante todo o tempo de permanência dentro das
organizações, bem como durante o desenvolvimento de suas atividades laborais.
No que diz respeito à segurança do trabalho, é importante que tenhamos a cons-
ciência de que uma vida não tem preço, aliás, tudo o que diz respeito à sua e a minha
saúde e integridade física, não tem preço. Neste sentido, você, como um futuro pro-
fissional da segurança do trabalho, o que te motiva a fazer parte deste time seleto de
profissionais da saúde e segurança do trabalho?
Nos ambientes de trabalho, seja industrial, comercial, de transporte etc., a segurança
é algo que nós temos que prezar, afinal, ao sair para o trabalho, a pessoa tem como ob-
jetivo ir, realizar o seu trabalho e retornar para a sua casa da mesma forma que saiu ou
melhor. Ou seja, durante a saída, trajeto, trabalho e retorno para casa, as condições de
saúde e integridade física devem permanecer inalteradas. É neste ponto que os profissio-
nais de segurança entram em ação. Através da realização de treinamentos, campanhas
de conscientização, bem como reuniões rápidas feitas diariamente com os trabalhadores,
é dado início ao estabelecimento de uma cultura de segurança dentro das organizações.
Com as ações realizadas, os trabalhadores vão cada vez mais se conscientizando que o
trabalho seguro não é perda de tempo, mas, ganho de vida e produtividade.
Pense na seguinte situação: Você é contratado para ser o responsável pela saúde e
segurança de uma empresa. Ao iniciar as suas atividades na empresa, você observa que
o ambiente é bastante ruidoso, boa parte dos equipamentos não possuem proteção.
Além disso, o ambiente é desorganizado e propenso a gerar acidentes. Você observa
que as pessoas não têm o hábito de utilizar equipamentos de proteção individual e
os equipamentos de proteção coletiva também não existem. Com base no que você
constatou na empresa, e sendo o gestor da saúde e segurança do trabalho, qual seria
a sua atitude inicial? Cite ao menos três ações que você consideraria como essenciais
para melhorar a segurança dos trabalhadores e do ambiente de trabalho.
Em uma organização, seja no ambiente interno ou externo, a segurança deve ser uma
das prioridades. Ao tratarmos deste assunto, estamos envolvendo diversas áreas, tais
como RH, produção, vendas, finanças, entre outros. Perceba que, se um trabalhador sofre
um acidente de trabalho, este pode variar de um simples arranhão até um afastamento
por um período razoável de tempo, podendo, em alguns casos, levar o trabalhador a óbi-
to. O fato é que se ocorre um acidente, onde o trabalhador fica incapacitado de exercer a
sua função, a empresa não perde só a mão de obra, ela perde em produtividade, o que
reflete em um efeito cascata que traz prejuízos e sobrecarga para outros trabalhadores
que passam a suprir a necessidade do trabalhador acidentado. Portanto, cuidar da saúde
e segurança dos trabalhadores é cuidar de todas as áreas da empresa.
Neste livro, você irá aprender sobre a história e os conceitos que regem a segurança
do trabalho no Brasil. Verá que esta atividade está ligada a diversas áreas, seja industrial,
comercial, serviços, entre outros. Aprenderá que a segurança do trabalho se faz presente
também no desenvolvimento tecnológico e nas atividades que envolvem a automação.
Para o desenvolvimento de suas atividades como um futuro profissional da qualida-
de, após a leitura deste livro, você terá embasamento para fazer avaliações dos perigos
e riscos presentes no ambiente de trabalho, bem como estabelecer ações para que
estes sejam reduzidos ou eliminados. Também terá conhecimento de sistemas de pro-
teção que irão auxiliá-lo no estabelecimento de um ambiente de trabalho mais seguro.
Após concluir esta etapa em seu desenvolvimento acadêmico, com certeza, você será
uma pessoa diferente quando o assunto for saúde e segurança do trabalho. Portanto,
sem mais demora, te convido a mergulhar junto comigo neste universo fascinante da pro-
teção e preservação da saúde e segurança das pessoas e do ambiente em que trabalham.
REALIDADE AUMENTADA PENSANDO JUNTOS

Sempre que encontrar esse ícone, Ao longo do livro, você será convida-
esteja conectado à internet e inicie do(a) a refletir, questionar e trans-
o aplicativo Unicesumar Experien- formar. Aproveite este momento.
ce. Aproxime seu dispositivo móvel
da página indicada e veja os recur-
sos em Realidade Aumentada. Ex- EXPLORANDO IDEIAS
plore as ferramentas do App para
saber das possibilidades de intera- Com este elemento, você terá a
ção de cada objeto. oportunidade de explorar termos
e palavras-chave do assunto discu-
tido, de forma mais objetiva.
RODA DE CONVERSA

Professores especialistas e convi-


NOVAS DESCOBERTAS
dados, ampliando as discussões
sobre os temas. Enquanto estuda, você pode aces-
sar conteúdos online que amplia-
ram a discussão sobre os assuntos
de maneira interativa usando a tec-
PÍLULA DE APRENDIZAGEM
nologia a seu favor.
Uma dose extra de conhecimento
é sempre bem-vinda. Posicionando
seu leitor de QRCode sobre o códi- OLHAR CONCEITUAL
go, você terá acesso aos vídeos que
Neste elemento, você encontrará di-
complementam o assunto discutido.
versas informações que serão apre-
sentadas na forma de infográficos,
esquemas e fluxogramas os quais te
ajudarão no entendimento do con-
teúdo de forma rápida e clara

Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar


Experience para ter acesso aos conteúdos on-line. O download do
aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store
CAMINHOS DE
APRENDIZAGEM

1
9 2
47
INTRODUÇÃO AOS GESTÃO DE
FUNDAMENTOS SAÚDE E
DE SAÚDE E SEGURANÇA DO
SEGURANÇA DO TRABALHO
TRABALHO

3
85 4 131
QUALIDADE O TRABALHO
DE VIDA NO E AS NOVAS
TRABALHO TECNOLOGIAS

5
173
EVOLUÇÃO
HISTÓRICA DAS
NORMAS
1
Introdução aos
Fundamentos de
Saúde e Segurança
do Trabalho
Me. Juliano Bertolotti Moura

Nesta unidade, você irá conhecer um pouco da história da Segurança


do Trabalho, como ela se desenvolveu ao longo dos anos e o porque
este desenvolvimento foi tão importante ao longo da história. Irá co-
nhecer também sobre os conceitos de perigo, risco, acidente e alguns
tipos de doenças do trabalho mais comuns.
Bons estudos!
UNIDADE 1

Você já se deparou assistindo, ouvindo ou lendo o noticiário onde se relata o


seguinte fato: “Trabalhador do setor da construção civil, sofre múltiplas fraturas
ao cair de andaime de aproximadamente seis metros de altura”. Diante do fato,
você acha que este trabalhador seguia as prerrogativas de segurança? Ele teria
caído se estivesse utilizando os EPIs obrigatórios para este tipo de trabalho? E o
empregador, onde estava quando não obrigou este trabalhador a utilizar os EPIs?
Será que o empregador disponibilizava ao trabalhador os EPIs necessários e em
condições perfeitas para uso?
Normalmente, ao ouvir, ou ver, uma notícia de acidente de trabalho, é co-
mum pensarmos em uma série de possibilidades que podem ser as causas do
acidente, principalmente quando estudamos e conhecemos sobre o assunto,
o que será seu caso, muito em breve. O fato é que não se pode prever quando
um acidente irá acontecer. Porém, é possível reduzir os riscos ou até mesmo
eliminar as possibilidades deste acidente acontecer. Para que isso aconteça, as
empresas devem ter o compromisso de adotar e manter sistemas para que estes
riscos sejam diminuídos ou eliminados.
Quero te fazer uma pergunta. Você é o tipo de pessoa observadora e que está
atenta a tudo o que está a sua volta? Se sim, está ótimo! Se não, então você irá se
tornar em breve, pelo menos um pouco mais do que já é. Vamos fazer um exercí-

10
UNICESUMAR

cio bem bacana para iniciar ou aprimorar ainda mais este processo de percepção.
É um exercício bem fácil e não está limitado a um ambiente de trabalho. Vamos
lá! O exercício que proponho é para que você faça observações sobre as condições
em que as pessoas se expõem aos perigos e riscos, seja no trânsito (travessia de
pedestres, motoboys), obras de construção civil, limpeza de fachadas, atividades
desenvolvidas em sua casa etc. O objetivo é que você observe as condições de
riscos e perigos a que as pessoas se expõem ou estão expostas.
Como um(a) futuro(a) profissional da segurança do trabalho, você terá que
lidar com diversas situações, ora com a exposição das pessoas a um determinado
risco ou perigo, ora com as pessoas se expondo a uma situação de risco ou perigo.
Portanto, a prática do dia a dia, vivenciando cada uma das situações você irá se
tornar um expert em identificar os problemas presentes nos ambientes. Assim, o
exercício proposto irá te ajudar a dar o pontapé inicial neste processo de apren-
dizagem e evolução. Para anotar as suas observações e reflexões sobre o assunto,
utilize seu diário de bordo.

DIÁRIO DE BORDO

11
UNIDADE 1

O que significa segurança para você? E segurança no trabalho? A segurança, se-


gundo o Dicionário ([2021], on-line)¹, é o “conjunto de medidas tomadas pelo em-
pregador para tornar livre de perigo o local de trabalho”. Segundo esta definição,
estarmos em um ambiente organizado, com equipamentos apropriados, tarefas bem
definidas, entre outros, nos faz sentir seguros para realizar as nossas tarefas. Agora,
será que foi sempre assim? Com certeza não, pois este é um processo de evolução
de muitos e muitos anos atrás. Vamos conhecer um pouco desta evolução.
Por volta de 2360 a.C., no
Egito, há registros no Papiro
Seler II, que relaciona o am-
biente de trabalho e os riscos
existentes nele. Também há
relatos no Papiro Anastasi V,
também chamado de “Sátira
dos Ofícios”, datado de 1800
a.C., que descreve os proble-
mas com a insalubridade,
periculosidade e penosidade
das profissões (MATTOS;
MÁSCULO, 2019).
No auge do império babi-
lônico, por volta dos anos de 1750 a.C., foi criado o Código de Hamurabi. Deste
código, segundo Mattos e Másculo (2019), foram traduzidos 281 artigos que
tratavam das relações de trabalho, da família, da propriedade e da escravidão.
Dentre os artigos traduzidos, há um específico que fala sobre a responsabilidade
do profissional. Neste artigo era descrito que, o arquiteto que edificasse uma casa
que desmoronasse e causasse a morte das pessoas que nela habitavam, o impera-
dor Hamurabi condenava à morte.

PENSANDO JUNTOS

Consegue imaginar o rigor desta lei imposta por Hamurabi naquele tempo? Já pensou se
esta lei perdurasse até os dias de hoje?

12
UNICESUMAR

No século IV a.C., Hipócra-


tes (Grécia, 460 - 375 a.C.),
uma das figuras marcan-
tes da história, fez registros
da gravidade toxicológica
causada pelo chumbo em
trabalhadores que faziam a
extração do metal nas mi-
nas da época. Neste período
ocorreram mudanças nos
paradigmas de espiritualistas
para naturalistas. Os perigos
de exposição a outras subs-
tâncias tóxicas geradas pelas
atividades de mineração fo-
ram citados 500 anos mais
tarde por Plínio. Por meio
do Tratado de História Na-
turalis, Plínio relatava o as-
pecto dos trabalhadores que
estavam expostos ao chum-
bo, mercúrio e poeiras (MATTOS; MÁSCULO, 2019). Neste tempo, os escravos
passaram a amarrar panos e bexigas de carneiros em seus rostos para diminuir
a inalação da poeira causada pelas atividades realizadas nas minas. Pode-se se
dizer que este foi o esboço dos primeiros equipamentos individuais de proteção
respiratória citado na história (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016). Lucrécio, no Sé-
culo I a.C., de acordo com Mattos e Másculo (2019), também indagou acerca
dos trabalhadores das minas.
Do período entre o auge do Império Romano até o final da Idade Média,
não foram encontrados relatos de estudos ou discussões documentadas sobre as
doenças. Esse período vazio de informações sobre as doenças, para alguns estu-
diosos, está ligado às imposições de ordem econômica. Nesta época, de acordo
com Mattos e Másculo (2019),surge o desenvolvimento das comunidades de ris-
cos, bem como o surgimento das corporações profissionais e irmandades cristãs
que deram início às ordens hospitalares que prestavam atendimento aos doentes.

13
UNIDADE 1

Em 1473, surgem os primeiros registros de novos estudos, onde Ulrich Ellen-


borg, reconhece a toxicidade de vapores de alguns metais. Nestes estudos, são en-
tão descritos os sintomas de envenenamento por monóxido de carbono, chumbo,
mercúrio e ácido nítrico durante as atividades laborais da época. Com base nos
riscos ocupacionais, causados pela exposição dos metais tóxicos, Ulrich sugere
a adoção de medidas preventivas. No período dos séculos XV a XVIII, começa
a surgir a formação do campo de conhecimento na medicina do trabalho. Já no
final do século XV, os resultados dos estudos apontavam para algumas doenças
específicas causadas por algumas substâncias químicas, porém, sem especificar
nenhuma forma de tratamento. George Bauer (1494 - 1555, Inglaterra), mais
conhecido por Georgius Agrícola (seu nome latino), foi quem realizou um estu-
do completo sobre o assunto. Em 1556 foi publicada a obra de Agrícola “De Re
Metallica”, relatando os problemas relacionado à extração e fundição da prata e
ouro, bem como as discussões sobre os acidentes de trabalho, as doenças mais
comuns no meio dos trabalhadores, os meios de prevenção e a necessidade de
ventilação. Para Bauer, as poeiras corrosivas eram o motivo de acometimento de
asma nos trabalhadores. A descrição sobre os sintomas e a evolução rápida da
doença indicava se tratar de silicose, porém, esta hipótese não ficou claramente
esclarecida por Bauer. Dentre as doenças mais estudadas na época foi a intoxi-
cação por mercúrio (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
Dando um salto no tempo, indo direto para o século XVIII, tudo muda de
figura, pois foi a partir deste século, que ocorreram as grandes transformações
no universo que envolve o trabalho. Neste período, surgem novos estudos na
Europa que contribuem significativamente para a área do conhecimento que
estava surgindo. Por volta do ano de 1700, em Modena, Itália, foi publicada a
obra escrita pelo médico italiano Bernardino Ramazzini, com o título de “De
Mobis Artificium Diatriba - As Doenças do Trabalho”. Considerada como pio-
neira, a obra consiste na descrição de pelo menos 50 ocupações e com elas as
medidas necessárias que deveriam ser adotadas para reduzir os perigos à saúde
dos trabalhadores. A obra de Ramazzini, considerado como o “pai da medicina
ocupacional”, serviu como base para o desenvolvimento da medicina voltada
para o trabalho. Neste período, já se disseminavam os prejuízos causados pelas
doenças do trabalho, tais como a queda na produtividade e a redução de capital
gerado pelo trabalho (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

14
UNICESUMAR

No ano de 1775, na Inglaterra, o médico Percival Pott (1713 - 1788) descreveu


o câncer ocupacional. Tal doença foi observada entre as pessoas que trabalhavam
como limpadores de chaminés. Percival investigou a fuligem e a falta de higiene
como sendo a causa do câncer escrotal. Devido aos estudos de Percival, em 1788 foi
promulgada na Inglaterra a Lei de proteção aos limpadores de chaminé. Embora os
estudos realizados nesta época tivessem grande importância para o desenvolvimen-
to da HST(Higiene e Segurança no Trabalho), sua valorização só ocorreu décadas
mais tarde, devido à forma de organização que predominava na época.
Em 1776, o economista britânico Adam Smith, nascido na Escócia, publicou
a obra The Wealth of the Nations (A Riqueza das Nações). Em um dos trechos do
livro, Smith descreve que o trabalhador, estando em seu estado normal de saúde,
vigor e disposição, bem como na normalidade de suas habilidades e destrezas,
ele deverá aplicar sempre o mesmo contingente de seu desembaraço, liberdade
e felicidade no trabalho. Smith também descreve que independentemente da
quantidade de bens que receba em troca de seu trabalho, o preço a ser pago por
ele deve ser sempre o mesmo (SMITH, 1988).

15
UNIDADE 1

No final do século XVIII, surge a Revolução Industrial no continente europeu,


especificamente na França, Inglaterra e Alemanha. Segundo Mattos e Másculo
(2019), este período ficou marcado pela invenção da máquina a vapor por por
James Watts, no ano de 1784, bem como a publicação do livro de Adam Smith.
Com a invenção de Watts, foi possível instalar indústrias em qualquer lugar, o
que antes era restrito somente às margens dos rios, devido a necessidade de uso
da força hidráulica. A Revolução Industrial, proporcionou grandes benefícios,
entre eles, o aumento da produtividade, o que proporcionou uma ampliação
no consumo de bens para toda a sociedade. Por outro lado, também ficou evi-
dente o preço pago pelos trabalhadores por estes benefícios. As condições de
trabalho nesta época eram muito degradantes e os acidentes de trabalho eram
muito graves, com mutilações e, em alguns casos, fatais. As causas atribuídas
aos acidentes eram: máquinas sem proteção, falta de treinamento para realizar
as operações, jornada de trabalho longas, alto nível de ruídos causados pelas
máquinas, bem como pelas más condições do ambiente de trabalho.
O processo de produção, ace-
lerado pelo surgimento das má-
quinas e as condições de trabalho
cada vez mais desumanas, fez com
que começassem a surgir as doen-
ças ocupacionais. Nestas condi-
ções, segundo Chirmici e Oliveira
(2016), os índices de acidentes de
trabalho cresceram assustado-
ramente e não estavam ligados
somente aos homens, mas aos
idosos, mulheres e crianças, desig-
nados para desenvolverem diver-
sas tarefas dentro das indústrias.
Como as organizações estavam
se adaptando à nova realidade e a
necessidade de produção era mais
priorizada do que a necessidade
de um ambiente mais seguro, não
havia a menor preocupação com o

16
UNICESUMAR

controle sobre a segurança no desenvolvimento das atividades ou a carga horária


de trabalho e de descanso, fazendo com que os trabalhadores, estafados pelo tra-
balho excessivo, se envolvessem com o alcoolismo, prostituição e criminalidade.
Em alguns segmentos industriais, os níveis de mortalidade atingiram níveis muito
altos (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).

PENSANDO JUNTOS

Fazendo uma reflexão sobre o texto acima, será que conseguiríamos trabalhar nas mes-
mas condições em que os operários trabalhavam no início da Revolução Industrial?

Ainda neste período, além de todos os problemas com acidentes e péssimas con-
dições de trabalho, nasceu no meio dos trabalhadores a ideia de que as máquinas
substituíram a mão de obra humana. Com este pensamento, houve então uma
mobilização da classe trabalhadora para reivindicar os seus direitos, associando-
-se aos sindicatos e se recusando a realizar as atividades de trabalho e resistindo
ao controle de seus superiores. Devido às ações desenvolvidas pelos trabalhado-
res, os empresários se viram forçados a pensar em novas formas de organização
do trabalho. Neste período houveram muitos movimentos sociais e trabalhistas
que pressionaram os legisladores e os políticos, fazendo com que surgissem as
legislações e proteções para os trabalhadores, permitindo assim, que as atividades
fossem regulamentadas. Em função das primeiras ações que envolviam a regula-
ção jurídica dos direitos trabalhistas, surgiu o Direito do Trabalho. O objetivo do
Direito do Trabalho era proteger os trabalhadores do esgotamento causado pelo
abuso da carga horária imposta pelas empresas, estabelecendo limites de horas
de trabalho e garantia mínima de direitos contra as demissões por simples razões
econômicas ou decorrentes do arbítrio patronal (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).
Na Europa, no século XIX, os estudos sobre as condições de trabalho se inten-
sificaram, sendo estes motivados pelos abusos que estavam sendo cometidos nas
novas organizações que surgiam. Ao passo que novas fábricas iam surgindo, aumen-
tava a quantidade de atividades desenvolvidas. Consequentemente, o número de
acidentes e doenças do trabalho também cresciam, independente de estar ou não
relacionadas a atividades ocupacionais. Foi então que, no Parlamento britânico, sob
a direção de Sir Robert Peel, surgiu uma comissão de inquérito para investigar os

17
UNIDADE 1

abusos cometidos pelas organizações. Assim, em 1802, a primeira lei de proteção


aos trabalhadores é aprovada. Esta Lei foi chamada de “Lei da Preservação da Saúde
e da Moral dos Aprendizes e Outros Empregados”. O conteúdo desta lei estabelecia
a jornada diária de 12 horas de trabalho, proibia o trabalho noturno, obrigava os
trabalhadores a lavar as paredes das fábricas duas vezes por ano e proporcionar a
ventilação dos ambientes de trabalho (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
Em 1830, de acordo com Mattos e Másculo (2019), o industrial inglês Robert
Derham, pediu ajuda ao médico Robert Baker (1803 - 1880), para que realizasse
um estudo para verificar qual seria a melhor forma de preservar a saúde de seus
operários, que só podiam contar com o auxílio das sociedades solidárias. Com
os resultados do estudo, Baker sugeriu que todos os trabalhadores que tivessem a
saúde prejudicada em razão das atividades desenvolvidas, deveriam ser afastados
de suas atividades. Baker também sugeriu que Derham contratasse um médico
para visitar a empresa diariamente e estudar as influências do trabalho sobre a
saúde dos operários. Mais tarde, Baker foi nomeado como Inspetor Médico de
Fábrica pelo parlamento britânico.
Três anos mais tarde, em 1833, nasce a Lei das Fábricas (Factory Act). Se-
gundo Mattos e Másculo (2019), é considerada a primeira lei que demonstrou
eficiência na área de proteção ao trabalhador. Com a pressão da opinião pública
da época, os industriais britânicos se viram forçados a adotar o conselho de Baker.


A Lei proibia o trabalho noturno para menores de 18 anos; os me-
nores só podiam trabalhar 12 horas/dia em 69 horas/semanais;
obrigava as fábricas a montar escolas para os menores de 13 anos; a
idade mínima para o trabalho era 9 anos; um médico deveria atestar
que o desenvolvimento físico da criança correspondia a sua idade
cronológica (MATTOS; MÁSCULO, 2019, p.10).

Ainda no ano de 1833, foi aprovada a Lei Operária, na Alemanha.


Mais tarde, já por volta do ano de 1837, após o surgimento da medicina
científica desenvolvida por William Farr, as organizações industriais passaram a
reconhecer a necessidade de proteção aos trabalhadores. Porém, com a explosão
da II Revolução do Capítulo Industrial devido ao surgimento da eletricida-
de e do motor à explosão, potencializou-se os problemas envolvendo a saúde

18
UNICESUMAR

ocupacional. A expansão da Revolução Industrial


nos vários países da Europa levou ao surgimen-
to de novas leis e serviços médicos industriais,
passando, em alguns países, de voluntários para
a obrigatória. Os primeiros países a aprovar as
leis sobre reparação dos acidentes de trabalho e
das doenças profissionais, segundo Mattos e Más-
culo (2019), foram: Alemanha (1884); Inglaterra
(1897); França (1898); Suécia (1901); Estados
Unidos (1911); Portugal (1913).
Nos Estados Unidos, embora tenha havido
todo um desenvolvimento no processo de indus-
trialização, bem como nos demais países do conti-
nente americano, incluindo o Brasil, os primeiros
sinais de ações voltadas para a segurança do traba-
lho só ocorreram a partir do século XX, sendo rea-
lizados os primeiros serviços médicos de empresa
industrial, com a aprovação de leis que tratavam
da indenização dos trabalhadores em caso de aci-
dentes de trabalho (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
Em 1911, nos EUA, é realizada a 1ª Conferên-
cia Nacional de Doenças Industriais. Neste perío-
do se inicia a quebra da resistência da classe pa-
tronal americana. O objetivo básico era reduzir os
custos com indenizações. De acordo com Mattos e
Másculo (2019), por volta do início da metade do
século XX, independentemente dos riscos, come-
çaram a existir os serviços médicos nas indústrias
americanas. No ano de 1954, foi dada a origem às
diretrizes para o funcionamento deste serviço. Es-
tas diretrizes foram dadas pelo Council of Indus-
trial Health da American Medical Association e
revistas em 1960 pelo Council on Occupational
Health da mesma associação.

19
UNIDADE 1

OLHAR CONCEITUAL
Veja a seguir alguns dos fatos marcantes na história da Saúde e Segurança do
Trabalho nos EUA e na Europa.

Fonte: Adaptado de Mattos e Másculo (2019, p. 13).

20
UNICESUMAR

Vimos até o momento sobre a história da segurança do trabalho na Europa, du-


rante a Revolução Industrial e seu surgimento nos EUA. Porém, vamos falar um
pouquinho do Brasil! Quando surgiu a segurança do trabalho no país? Já res-
pondendo a pergunta, foi, segundo Chimici (2016), após o fim da escravidão. Até
este momento da história, no Brasil, não havia praticamente nenhum registro
de doenças relacionadas ao trabalho. Os trabalhos pesados e manuais da época,
eram realizados somente por escravos e devido a isso não se dava importância.
Porém, no início do século XX, após a realização de um estudo liderado
pelo Dr. Oswaldo Cruz, durante a construção da rodovia Madeira-Mamoré,
entre os anos de 1907 e 1912, foram registrados os primeiros casos envolvendo
doenças infecciosas relacionadas ao trabalho. A partir do ano de 1920, outros
estudos apresentaram a relação direta entre as péssimas condições laborais e a
ocorrência das doenças e acidentes no trabalho. Os registros atribuem o sur-
gimento destas doenças às empresas que foram transferidas da Europa para o
Brasil, causando um reflexo do que havia ocorrido no continente europeu no
século anterior (CHIMICI, 2016).
No Brasil não foi diferente de como ocorreu na Europa, as pressões dos mo-
vimentos sociais e trabalhistas, juntamente com as denúncias dos trabalhadores,
fizeram com que houvesse a publicação de legislações voltadas para a proteção
dos trabalhadores. Vejamos alguns acontecimentos importantes ocorridos no
Brasil, segundo Chimici (2016, p. 4).

21
UNIDADE 1

22
UNICESUMAR

Apresentadas as questões históricas, muito importantes para que você possa se lo-
calizar no tempo e no espaço onde tudo começou, nesse caso, a segurança do traba-
lho, quero apresentar a você alguns conceitos importantes sobre a medicina, saúde
ocupacional e a saúde do trabalhador. Ao passo que você vai sendo introduzido
no assunto, é importante que você também saiba o que significa e o que representa
cada um destes conceitos. Assim, sem perda de tempo, vamos ao que interessa!
A evolução das ações voltadas para a saúde versus trabalho é fruto de diferen-
tes conceitos e práxis entre diferentes caminhos que buscaram, de alguma forma,
durante alguns séculos atrás, trazer a si a hegemonia do conhecimento. Segundo
Waissmann (s.d.), é comum descrever as diferenças com um cunho ideológico,
materializada em métodos e Leis diferenciadas. Este modelo de análise possi-
bilitou a tipificação de três modos predominantes de ação e interpretação do
campo da saúde e a relação com trabalho designados pelas ciências associadas
aos estudos do trabalho como: medicina do trabalho, saúde ocupacional e a saúde
do trabalhador. Vejamos cada uma destas ciências com maiores detalhes.
Medicina do trabalho - O conceito de medicina do trabalho pode ser descri-
to como: “[...] especialidade médica voltada primordialmente para o tratamento
(da doença), a recuperação da saúde ... tratamento dos efeitos ou diminuição de
sequelas causadas pelos acidentes e doenças” (MATTOS; MÁSCULO, 2019, p.
14). Além disso, pode ser caracterizada como sendo “espaço de atuação empíri-
ca restrita ao médico; atendimento clínico individual como função primordial;
dissociação dos agravos gerados à saúde em relação ao trabalho” (MATTOS;
MÁSCULO, 2019, p. 14). O modelo de medicina do trabalho, surgido no século
XIX, se adaptou bem aos paradigmas tayloristas surgidos no final do mesmo
século, sendo aperfeiçoado por Henry Ford, nos Estados Unidos ao longo dos
anos seguintes. Neste período, o modelo de medicina do trabalho favorecia a
seleção das pessoas com maiores condições de saúde, o controle do absenteísmo
e proporcionava o gerenciamento do retorno ao trabalho das pessoas doentes
e acidentados. Porém, a sustentação estava ficando difícil para as questões que
envolviam a relação entre a saúde e o trabalho. Nesta fase do desenvolvimento tec-
nológico da época, não era possível responder aos agravos surgidos e não evitados
no trabalho. Com isso, a produção era inviável economicamente, principalmente
no período pós-guerra, onde a economia estava se reerguendo e a mão de obra
assumindo os postos de trabalho. Surge então a abordagem denominada saúde
ocupacional, tendo como objetivo se adequar às novas necessidades produtivas.

23
UNIDADE 1

Saúde Ocupacional - Em 1949, em Genebra, Suíça, o comitê formado


pela OIT e a OMS, segundo Mattos e Másculo (2019, p. 16), definiu a saúde
ocupacional como:


a atividade que visa a promoção e manutenção, no mais alto grau,
do bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as
ocupações; a prevenção, entre os trabalhadores, de doenças ocu-
pacionais causadas por suas condições de trabalho: a proteção dos
trabalhadores, em seus labores, dos riscos resultantes de fatores ad-
versos à saúde: a colocação e conservação dos trabalhadores nos
ambientes ocupacionais adaptados às suas aptidões fisiológicas e
psicológicas; em resumo: a adaptação do trabalho ao homem e de
cada homem ao seu próprio trabalho.

A abordagem que define a saúde ocupacional, valoriza os ambientes e agentes


ambientais, mantendo o foco nas doenças ocupacionais do trabalhador. No en-
tanto, embora o conceito seja amplamente utilizado no mundo, mostra-se inade-
quado nas questões que envolvem a prevenção dos riscos à saúde decorrentes do
trabalho (WAISSMANN, s.d). O questionamento ao conceito e prática da saúde
ocupacional, após a década de 1960, vem sofrendo diversas modificações. Den-
tre estas modificações está o movimento dos trabalhadores italianos conhecido
como “Modelo Operário Italiano”, que criou uma nova abordagem para a saúde
e o trabalho (WAISSMANN, s.d).
Saúde do trabalhador - surgiu da necessidade de incursão dos novos valores
que foram sendo identificados com os movimentos sociais organizados da épo-
ca, preocupados com as lacunas deixadas pelo modelo de saúde ocupacional. A
saúde do trabalhador dá prioridade às ações de promoção à saúde e hierarquiza
a importância entre as causas. Neste sentido, a saúde do trabalhador é caracteri-
zada como um modelo no qual o trabalhador participa das ações de avaliação e
das alterações e/ou mudanças nos processos e organização do trabalho. segundo
Mattos e Másculo (2019), no Brasil, a saúde do trabalhador é destacada na 1ª
Conferência Nacional de Saúde dos Trabalhadores, realizadas em Brasília, no ano
de 1986. O conceito de saúde do trabalhador já estava sendo amadurecido nos
ambientes acadêmicos e sindicais de várias instituições brasileiras.

24
UNICESUMAR

Muito bem meu(minha) caro(a) aluno(a)… trata-


mos até aqui de um resumão sobre a história da seguran-
ça do trabalho. Veja, que em todos os anos de evolução, o
objetivo, após o entendimento da necessidade de manter
a integridade física e mental dos trabalhadores, houve
um empenho de diversas pessoas, entidades e empresá-
rios para garantir a força de trabalho nas empresas. Isto
nos leva a pensar que, na realidade, quem movimenta
a empresa, independente do porte ou atividade econô-
mica que desenvolve, não é a energia nem tampouco o
combustível, mas sim, as pessoas. O olhar dos empre-
sários tem se voltado cada vez mais para as questões de
saúde e segurança do trabalho.
Em minhas idas às empresas para ministrar trei-
namentos de saúde e segurança, tenho observado este
comprometimento com as pessoas aumentando, pois
as ações, atitudes, conhecimento, interesse, entre ou-
tros aspectos da saúde e segurança, tem se mostrado
muito presentes. É claro que, nem tudo são flores, exis-
tem muitas coisas que precisam ser melhoradas nestas
questões. Porém, a iniciativa é um enorme passo para
o desenvolvimento de uma cultura de segurança den-
tro das organizações, expandindo para as famílias dos
trabalhadores destas empresas.
Imagine você, um profissional que irá levar estes
conceitos de segurança, tornando-se um agente de mu-
danças, não só para os trabalhadores, mas para todas as
pessoas que estiverem ao seu redor. Eu não sei quanto a
você, mas para mim, saber que as pessoas saem de suas
casas para trabalhar e voltam nas mesmas condições de
saúde e integridade física que saíram, me fascina. Saber
que eu posso ter sido a pessoa que influenciou diversas
outras a serem mais cuidadosas com si próprio, com os
colegas e o ambiente de trabalho e se livraram de aci-

25
UNIDADE 1

dentes que poderiam causar danos irreparáveis. Por que eu estou falando deste
assunto, ao invés de seguir em frente com a matéria? Porque você será muito
importante para as pessoas que estão a sua volta, uma referência de profissional
quando o assunto for saúde e segurança do trabalho. Afinal, se você está aqui, é
porque você se preocupa com as pessoas e isso te move a buscar conhecimentos
para ajudá-las nesta tão importante missão de preservar a vida.
Agora sim, vamos mudar de assunto.
Puxando um gancho na questão de preservar a vida e a integridade física das
pessoas, quero te perguntar: Como preservar a saúde e a integridade física das
pessoas? A resposta para esta pergunta você vai ter mais adiante. Por isso, guarde
ela para você responder depois que você ler o restante desta unidade.
Bem, para que se possa promover a saúde e segurança do trabalho nas em-
presas ou organizações, é preciso conhecer alguns conceitos sobre perigos, riscos,
tipos de doenças, formas de prevenção, entre outros assuntos.
Então vamos lá!
Observe a imagem a seguir.

Figura 1. Perigo x Risco x Danos

Descrição da Imagem: Homem sentado em cima de um cano posicionado na horizontal que desce da pa-
rede e é direcionado para o lado esquerdo. O homem está furando a parede com um martelo e um formão.

26
UNICESUMAR

O que você identifica como perigo nesta imagem?


O perigo, de acordo com a Norma Regulamentadora NR n.º 01, é definido
como: “Fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à saúde. Elemento que
isoladamente ou em combinação com outros tem o potencial intrínseco de dar
origem a lesões ou agravos à saúde” (ENIT [2021], on-line)².
Quando observamos a imagem, se não temos conhecimento sobre as nor-
mas ou qualquer outro item que trata das condições mínimas de segurança, se
trata apenas do retrato de uma pessoa sentada em um cano, fazendo um furo na
parede. Porém, se temos o mínimo de conhecimento, identificamos logo de cara
que a pessoa está realizando um trabalho sem nenhum tipo de equipamento de
segurança. O perigo nesta cena é da pessoa estar sentada em um cano, há uma
altura, que aparentemente é maior do que 2 metros, e sem nada para apará-la,
caso ocorra um problema. Você provavelmente deve pensar… Que pessoa sem
noção! O triste é que a imagem chama a atenção para o que fazemos em algumas
situações do dia a dia. Pense na seguinte situação hipotética: Um amigo te chama
para arrumar o telhado da casa dele depois de um vendaval. Chegando lá, você o
ajuda a colocar a escada, e sobe junto com ele no telhado. Agora pense em uma
situação real, ao subir na escada e no telhado, com certeza você não utilizaria
um equipamento de proteção contra queda. Não é comum que se faça isso, não
temos um cinto do tipo paraquedista em casa, cordas para fazer as ancoragens,
mosquetões, entre outros equipamentos. Simplesmente pega a escada e sobe, e em
muitos casos, infelizmente, as pessoas sofrem fraturas, às vezes ficam paralíticas
e em alguns casos, morrem.
E o risco? Também, de acordo com a Norma Regulamentadora NR n.º 01, é
definido como: “combinação da probabilidade de ocorrer lesão ou agravo à saúde
causados por um evento perigoso, exposição a agente nocivo ou exigência da ati-
vidade de trabalho e da severidade dessa lesão ou agravo à saúde” (ENIT [2021],
on-line)². Voltando ao caso da figura anterior, quais os riscos a que a pessoa está
exposta sentada em um cano e executando uma tarefa, que podemos considerar
no mínimo desconfortável, a julgar pela situação? Bem, os riscos podem ser de
queda, rompimento do cano, também podemos nos atentar ao risco de projeção
de pedaços de tijolo e massa nos olhos. Mas não se apresse, tem mais uma coisinha
que precisamos avaliar!
Quais os danos causados na pessoa, caso ela caia ou um pedaço de massa ou
tijolo seja projetada e atinja o olho da pessoa? Você consegue avaliar? Sim. isso

27
UNIDADE 1

mesmo, a pessoa pode sofrer fraturas, escoriações, cortes, hemorragia interna,


danos à visão, e até mesmo vir a óbito por um traumatismo craniano. Veja que
são muitas as possibilidades, porém isso não quer dizer que a pessoa vai cair e
sofrer todos estes danos. No entanto, acidentes ocorrem, eles não nos mandam
mensagem dizendo: “amanhã, às 15h38min., aquela marreta de 3 kg que você
estará utilizando para realizar o reparo da parede, irá escapar do cabo e cairá
em cima do seu pé”, ou, “hoje, às 18h49min., irá ocorrer uma queimadura de 3º
grau em sua mão após você manipular o ácido sulfúrico durante a operação de
transbordo do ácido”. Já pensou! simplesmente os acidentes iriam desaparecer
da face da terra. Infelizmente não é assim que as coisas acontecem, acidentes
acontecem e não sabemos onde, quando e como
eles irão acontecer. Só ficamos sabendo do aci-
dente quando ele já aconteceu.
Falamos de acidentes, não é mesmo? E
qual é a definição de acidente? De um modo
geral, acidente pode ser entendido como algo
que ocorre inesperadamente. Porém, quando se
trata de acidentes de trabalho, que
é o caso do nosso personagem
apresentado na Figura 1, a Lei
8213/1991, no Art. 19, define
acidente de trabalho como: “[...]
o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço de empresa ou
de empregador doméstico ou pelo
exercício do trabalho dos segu-
rados referidos no inciso VII do
art. 11 desta Lei, provocando le-
são corporal ou perturbação
funcional que cause a morte
ou a perda ou redução, per-
manente ou temporária, da
capacidade para o trabalho”
(BRASIL, 1991).

28
UNICESUMAR

Hoje, acidente de trabalho pode ser entendido de uma forma mais ampla do
que era no passado, como vimos na história apresentada no início desta unidade.
Vejamos algumas outras definições de acidentes.


Acidente ligado ao trabalho e que mesmo que não tenha sido a causa
única, contribui inteiramente para a morte do trabalhador, para a
perda ou redução da capacidade para o trabalho ou que tenha cau-
sado lesão que exija algum cuidado médico para a sua recuperação
(CHIMICI e OLIVEIRA, 2016, 128).

Acidente sofrido no ambiente de trabalho decorrente de: Agressão,


sabotagem ou terrorismo praticado por terceiros ou companheiro de
trabalho; ofensa física intencional, inclusive de terceiro, motivado por
disputa relacionada ao trabalho; imprudência, negligência ou imperí-
cia de terceiros ou de companheiro de trabalho; desabamento, inun-
dação, incêndio e outros casos eventuais decorrentes de força maior;
e/ou doença derivada de contaminação acidental do empregado no
exercício de sua atividade (CHIMICI e OLIVEIRA, 2016, p.128 ).

Existe ainda, segundo Chirmici e Oliveira (2016), os acidentes ocorridos fora do


local e horário de trabalho. Tais acidentes são conhecidos como aqueles ocorridos
por ordem ou execução de serviços sob a autorização da empresa; prestação de
serviço para a empresa (motoboy é um exemplo deste tipo de acidente), viagem
a serviço da empresa, incluindo estudo, quando financiado pela empresa e os
famosos acidentes de trajeto.
Resumindo, um acidente de trabalho, é todo evento que pode causar a morte
ou a incapacidade do trabalhador, ainda que temporária, de realizar a sua função,
sempre que este estiver de alguma maneira a serviço de uma empresa.
Os acidentes, embora na maioria dos casos gerem transtornos para ambas
as partes, têm outros aspectos envolvidos, sendo estes os aspectos sociais, eco-
nômicos, jurídicos e epidemiológicos. Vejamos estes quatro aspectos com mais
detalhe, conforme Rossete (2015).
Aspecto social - trata-se da incapacidade permanente ou temporária, do
sofrimento do acidentados e de seus familiares, bem como da sobrecarga gerada
no sistema previdenciário, afetando toda a sociedade.

29
UNIDADE 1

Aspecto econômico - diz respeito aos custos com o trabalhador, a equipe,


transporte, equipamento, material danificado, supervisores. Além destes custos,
devem ainda ser computadas as despesas jurídicas, bem como todos os prejuízos
relacionados ao desenvolvimento das atividades da empresa, tais como a imagem,
competitividade do mercado, moral dos trabalhadores, redução dos níveis de pro-
dução, entre outros. Todos estes fatores influenciam diretamente nos custos ope-
racionais e consequentemente na redução dos lucros da empresa.
Aspecto jurídico - neste caso, trata-se das leis atribuídas aos acidentes de
trabalho. Estas leis, de um modo geral, não são cumpridas e assim, ficam o em-
pregador sem a punição que lhe cabe diante do acidente ocorrido e o trabalhador
exposto aos riscos, ou seja, a mercê da própria sorte.
Aspecto epidemiológico - Este aspecto está relacionado à descrição, lo-
calização e classificação das lesões decorrentes do acidente de trabalho e das
doenças profissionais.
Veja que um acidente envolve muitas coisas que se tornam um grande trans-
torno para a empresa e para o trabalhador. É importante destacar que acidentes
não ocorrem à toa. Sempre há um gatilho para que ele aconteça, e posso afirmar
aqui, que não é a máquina, a escada, a energia, a velocidade, entre outros que po-
deria citar. Tenha em mente que um acidente ocorre por meio de um ato inseguro
ou uma condição insegura. Portanto, sempre vai ter alguma pessoa envolvida no
acidente, pois como já dito, acidentes não têm vida própria, não mandam recado.
Analise comigo a seguinte situação:
O trabalhador, de uma empresa cerealista, responsável pela manutenção do
equipamento que faz o transporte dos grãos por meio de uma esteira, verificou que
a correia responsável por mover a esteira está exposta. Os trabalhadores do local
avisaram ao manutentor que as pessoas ao passarem próximo à correia, correm o
risco de enroscar a roupa e serem puxados para o interior do equipamento, por
isso seria necessário enclausurar o local onde a correia está exposta. O mantenedor,
devido aos custos e ao tempo disponível para realizar o serviço, vai protelando o
problema. Um belo dia, uma pessoa enrosca a roupa e sofre um acidente fatal!
Aí eu te pergunto: o que ficaria mais barato, parar o equipamento e resolver
o problema ou deixar como está? Quem custou mais para a empresa? Veja, que
esta situação é mais comum do que parece, e em todas as áreas da economia, seja
em uma fábrica, em uma loja de departamento, em um escritório etc. O fato é
que você, sendo um profissional da segurança do trabalho, deve estar atento aos

30
UNICESUMAR

riscos presentes no ambiente e demonstrar a conta, ou seja, se não fizer custa “X”
se fizer o custo é “x”.
Voltando ao ato e a condição insegura, perceba que na situação apresentada
tem as duas condições. Mas antes, vamos aos conceitos destas duas condições,
segundo Rossete (2015).

■ Ato inseguro - Praticado pelo indivíduo:


■ Consciente: o trabalhador ou a pessoa sabe que está exposta ao perigo.
■ Inconsciente: o trabalhador ou a pessoa não sabe que está exposta ao
perigo.
■ Circunstancial: o trabalhador ou a pessoa, diante de uma necessidade
extrema é levado a praticar uma ação insegura.

Figura 2. Ato inseguro.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um trabalhador no telhado de uma casa sem nenhum tipo
de equipamento de segurança fazendo a manutenção da clarabóia.

Ao observar a Figura 2, a pessoa, sabendo que estar em cima de um telhado, sem


nenhum tipo de proteção, está colocando a sua integridade física ou até mesmo
a sua vida em risco, caso escorregue e caia do telhado. O triste é saber que muitos
perdem a vida por este tipo de atitude.

31
UNIDADE 1

■ Condição insegura - O ambiente proporciona a exposição dos trabalha-


dores ou das pessoas, equipamentos e instalações ao risco.

Figura 3. Condição insegura.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma pessoa usando uma botina de segurança prestes a
pisar em um prego preso em uma tábua com a ponta voltada para cima.

Observe no exemplo da correia, apresentado anteriormente, que existem as duas


condições. A condição insegura é a exposição da correia em uma área de trânsito
de trabalhadores, e o ato inseguro está relacionado ao fato de que os trabalha-
dores, sabendo que a correia exposta e poderia causar um acidente, ainda conti-
nuavam transitando no local.

PENSANDO JUNTOS

Agora, sabendo o que é um ato e uma condição insegura e, olhando para o seu ambiente
de trabalho, a quais condições inseguras você está exposto diariamente? Agora, quantos
atos inseguros você pratica durante o dia de trabalho?

32
UNICESUMAR

De acordo com Zocchio (2002), os acidentes devem ser vistos e interpretados em


um horizonte que vai além de um conceito. Eles devem ser entendidos do ponto
de vista estrutural, conforme apresentado na Figura 4.

Acidente do trabalho

Acidente-meio Acidente-tipo

Resultado da ação de algum tipo de energia que


supera a resistência do corpo sobre o qual atua

Figura 4. Estrutura dos acidentes do trabalho. / Fonte: Adaptado de Zocchio (2002, p. 61).

Descrição da Imagem: retângulo que contém o texto acidente do trabalho, do qual parte um eixo que
divide-se em acidente-meio e acidente-tipo e segue para logo abaixo um que contém a inscrição: resultado
da ação de algum tipo de energia que supera a resistência do corpo sobre o qual atua.

Perigos e riscos estão presentes em tudo o que fazemos, seja


em casa, na rua, no trabalho etc. Assim, como profissionais da
saúde e segurança do trabalho, devemos nos comportar e
agir diante de uma situação na qual a pessoa corre o risco de
sofrer um acidente? Esta é uma das perguntas que serão res-
pondidas em nosso podcast “Perigos e Riscos - o que fazer?”.
Acesse e confira o conteúdo que preparamos para você.

Como apresentado na Figura 4, a estrutura básica dos acidentes possui o aci-


dente-meio e o acidente-tipo, embora os dois possam ou não estar presentes em
uma mesma ocorrência.
Os acidentes-meio, são considerados movimentos ou reações estranhas
dos ambientes ou dos processos que podem, de acordo com as circunstâncias,
causar lesões em alguma pessoa, o que geralmente causam algum tipo de pre-
juízo para a empresa.

33
UNIDADE 1


O acidente-meio é caracterizado
independentemente de ter ou não
causado ferimento em alguém; bas-
ta que tenha havido um movimento
estranho ou uma reação estranha do
meio ou processo de trabalho e que
tenha causado algum dano material
ou econômico, mesmo que peque-
no”(ZOCCHIO, 2002, p. 61).

Por outro lado, o acidente-tipo, é a forma como a


pessoa é atingida por um objeto ou agente agressivo
causando uma lesão. Nesse caso, podemos interpre-
tar como sendo a maneira com que houve o contato
do objeto ou agente com a pessoa vítima da lesão.


Acidente-tipo só existe quando al-
guém é ferido, caracterizado, como já
foi dito, pela maneira como a vítima
teve contato com o que lhe causou
a lesão. O acidente, portanto, num
razoável número de ocorrências, é
apenas uma parte do todo que se de-
nomina acidente do trabalho (ZOC-
CHIO, 2002, p. 61).

Um acidente, como apresentado até aqui, tem re-


lação com algum dano, seja à pessoas, ambiente,
máquinas, entre outros. No entanto, na segurança
do trabalho, tratamos também das questões que en-
volvem os incidentes.
Incidente, segundo Mattos e Másculo (2019,
p.114), é: “ “[...] qualquer evento ou fato negativo
com potencialidade para provocar danos”. Este tipo
de ocorrência também é conhecida como “quase

34
UNICESUMAR

acidente”. Estas situações ocorrem dezenas de ve-


zes em nossa vida profissional, sem contar as vezes
que nos pegamos em uma situação de incidente na
rua, ao dirigir, fazendo algo em nossa casa, entre
tantas outras situações. O fato é que um inciden-
te pode levar a um acidente. Por isso, a ocorrência
deste, deve ser tratada com o mesmo vigor de um
acidente, embora de forma preventiva.
Portanto, vemos que os cuidados e atenção de-
vem ser constantes, pois, ao menor descuido, pode-
mos expor a nossa saúde e a nossa vida ao risco de
acidente, e se este ocorrer, podemos sofrer danos
irreparáveis e até mesmo, em uma situação mais
grave, perdermos a vida.
Mas não é só acidentes ou incidentes que podem
prejudicar a saúde das pessoas em um ambiente de
trabalho. Existem também as doenças ocupacio-
nais. Estas doenças normalmente ocorrem, ao con-
trário dos acidentes, devido ao desenvolvimento das
atividades ao longo dos anos, ou seja, não são identi-
ficados imediatamente como são as lesões causadas
por um acidente, que podem ser identificadas assim
que o acidente ocorre. As doenças ocupacionais,
muitas vezes são detectadas após anos, e até décadas
de exposição. Um exemplo muito comum são as ati-
vidades administrativas, onde o trabalhador passa
horas e horas sentado, diante de um, dois ou até três
monitores fazendo leitura, organização e tratamento
de dados; preparando aulas, corrigindo provas; de-
senvolvendo projetos, sistemas, enfim, há uma série
de atividades que envolvem os processos adminis-
trativos. Nestes casos, os trabalhadores sofrem com
problemas de visão, problemas na coluna ou ainda
as famosas doenças causadas por Lesão por Esfor-

35
UNIDADE 1

ços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho


(DORT). Bem, quanto às doenças ocupacionais, vejamos quais são as principais.
Doenças do trabalho ou doenças ocupacionais. Estas doenças, segundo
a Lei nº 8.213/1991, no inciso II, descreve as doenças do trabalho como sendo
aquela “adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente” (BRASIL, 1991). Vemos
que a definição aponta para as questões que envolvem particularidades do traba-
lho que é desenvolvido dentro das organizações. Portanto, podemos dizer que as
doenças do trabalho estão diretamente ligadas às doenças profissionais, que, de
acordo com a Lei nº 8.213/1991, no inciso I, descreve este tipo de doença como
sendo aquela “produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
determinada atividade” (BRASIL, 1991).
De acordo com Chirmici e Oliveira (2016), algumas das doenças ocupacio-
nais a que os trabalhadores estão expostos:
Asbestose: trata-se de uma doença respiratória causada pela inalação das fi-
bras do amianto. Estas fibras são muito pequenas e os trabalhadores destas minas,
ao estarem expostos a este agente sem a proteção adequada, ao longo do tempo
desenvolvem uma fibrose pulmonar muito intensa e grave. A exposição deste
agente pode acontecer em trabalhos realizados em minas de amianto, produção
de fibrocimento, baquelite, componentes elétricos, entre outros.

Figura 5. Pedras de asbesto.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta quatro pedras de asbesto (amianto).

36
UNICESUMAR

Silicose: é uma doença que o trabalhador adquire ao longo dos anos devido a ex-
posição aos agentes causadores sem uma proteção respiratória adequada à poeira
de sílica, livre e cristalina. Em processos como jateamento de areia, lixamento
cerâmico, britagem de pedras, tijolos refratários, corte e polimento de granito ou
mármore, entre outros, desprendem pequenas partículas destes materiais que,
quando inalados, vão se acumulando no pulmão. Isso gera no organismo uma
reação a estas partículas, causando a fibrose pulmonar que reduz a capacidade
de trocas gasosas, este é um tipo de doença irreversível e sua evolução pode levar
a pessoa à morte por insuficiência respiratória.

Figura 6. Pulmão comprometido com silicose.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma radiografia de um pulmão acometido de silicose repre-
sentada por uma mancha vermelha.

Saturnismo: conforme já mencionado no início desta unidade, o saturnismo é


uma doença que ocorre em trabalhadores que estão expostos ao chumbo sem a
devida proteção adequada para a atividade. Este metal é muito utilizado em em-
presas que trabalham com fundição, fabricantes de baterias, cerâmicas, pigmen-
tação inorgânica, entre outras. Alguns sintomas são característicos desta doença,

37
UNIDADE 1

tais como a anemia, dores abdominais,


fraqueza, problemas que envolvem os
nervos periféricos e renais. As providên-
cias para avaliar a quantidade de chumbo
presente no organismo, quando o traba-
lhador apresenta um destes sintomas, é
por meio de exames de sangue que fazem
a medição das quantidades e dos meta-
bólitos urinários e sanguíneos que apare-
cem quando há intoxicação.
Hidrargirismo: essa doença, embo-
ra o nome soe bem estranho aos nossos
ouvidos, acomete aqueles trabalhadores
que não utilizam os equipamentos de
proteção adequados ao realizarem as ati-
vidades envolvendo o mercúrio (Hg). Em
vários processos industriais o mercúrio é
utilizado como eletrodo. Lâmpadas fluo-
rescentes, processo de fabricação da soda
cáustica, circuitos eletrônicos, indústria
bélica, análise geológica, entre outros, o
mercúrio está presente. Veja que exis-
tem diversas aplicações para este metal.
O trabalhador, quando exposto, pode
ser acometido de lesões graves nos rins,
bem como alterações no sistema nervoso
central. Também pode sofrer com tremo-
res nas extremidades e ter dificuldades
para locomoção, escrita e fala. A presença
do metal no organismo é detectada por
meio de exame de urina. Também é feito
um exame neurológico nos trabalhado-
res que estão expostos ao mercúrio.

38
UNICESUMAR

Figura 7. Garimpo de ouro

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um garimpeiro escorrendo a água de uma bateia (formato
de uma bacia) em um balde de metal.

Elaioconiose: trata-se de uma doença que afeta os trabalhadores que estão ex-
postos óleos e graxas. Essa é bem comum para nós e pode ser observada em di-
versos segmentos da indústria, bem como em oficinas mecânicas. O contato dos
trabalhadores com estes produtos, podem causar lesões na pele, quando não se
utiliza os equipamentos de proteção adequados. Conforme os anos vão passando,
o trabalhador pode ser acometido com câncer de pele. Entre os produtos mais
perigosos estão o óleo de corte ou os óleos solúveis, pois contém nitrosaminas
(cancerígeno potente). Esta doença apresenta diversos pontos pequenos com pus
e perda de pelos nas regiões afetadas, normalmente nas coxas e nos antebraços.
As áreas onde esta doença é mais comum é em oficinas mecânicas e metalúrgicas
que utilizam a usinagem de metais em seus processos.
Pulmão Negro: é a doença a que os trabalhadores são aomcetidos quando
são expostos ao minério de cravão por vários anos sem a proteção adequada. Para
alguns autores, esta pneumoconiose é tida como uma silicose, enquanto outros à
parte, provocada pelo trabalho em minas de carvão.

39
UNIDADE 1

Lesão por Esforço Repetitivo (LER): trata-se de uma lesão constituída por
um conjunto de quadros clínicos, patologias que afetam os músculos, nervos e
tensões de forma conjunta ou separada. As atividades em que o trabalhador pre-
cisa desenvolver grandes esforços físicos e não adota uma postura correta para
realizar a tarefa, ou ainda, quando ocorre a compressão mecânica constante das
estruturas dos membros. Pode surgir também de atividades esportivas, físicas ou
domésticas (ROJAS, 2015).
Distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT): Doença cau-
sada pelo conjunto de alterações musculares, tendões e ligamentos, atingindo
os membros superiores tais como ombros e a região cervical. Isso se dá devido
a utilização repetida dos músculos ou por adotar uma postura inadequada ao
realizar a atividade. Alguns sintomas provenientes desta doença são tenossinovite,
bursite, entre outras (ROJAS, 2015).
Perda auditiva: este é um problema muito comum nos ambientes de traba-
lho, pois é muito difícil de controlar em alguns casos. Com isso, a perda auditiva é
a doença em que os trabalhadores vão perdendo gradualmente a sua capacidade
auditiva ao ficar expostos a elevados níveis de ruídos. Esta perda é irreversível,
pois as células do órgão de Corti da orelha interna são danificadas. Nestes casos,
o trabalhador pode ter dificuldades em se comunicar no ambiente de trabalho e
comprometer a fala (ROJAS, 2015).
Dermatoses: são doenças de difícil diagnóstico, pois, segundo Rojas (2015,
p. 136), podem ser provenientes de contato do trabalhador com agentes:

■ Biológicos - ofídios, vírus, bactérias, fungos artrópodes, leve-


duras, animais terrestres e aquáticos, tecidos e secreções orgâ-
nicas, helmintos, protozoários, etc.;

■ Físicos - temperatura, eletricidade, radiações; e/ou

■ Mecânicos - atrito, traumas, pressão, vibrações, micro-ondas.

Existem duas formas de manifestação da dermatose:

■ Dermatite irritativa de contato: provocada pelo contato com deter-


gentes, solventes orgânicos e inorgânicos, alguns tipos de resina, óleos
utilizados para corte, entre outros.

40
UNICESUMAR

■ Dermatite alérgica de contato: trata-se da doença provocada pelo con-


tato com a borracha e os aditivos utilizados para a sua fabricação, croma-
tos, metais plásticos, pigmentos, entre outros.

Figura 8 - Dermatite

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma pessoa coçando seu antebraço com sinais de irritação
na pele causada por alergia a um produto químico.

Distúrbios neurológicos: Existem muitos produtos químicos que são capazes


de causar distúrbios neurológicos. Estas substâncias são normalmente utilizadas
em vários tipos de indústrias, tais como: alimentar, cosmético, construção civil,
eletroeletrônicos etc., bem como em empresas prestadoras de serviços, dentre
eles os hospitais. Podem ser encontrados estes tipos de produtos químicos em
grande quantidade nas atividades agrícolas e domésticas.
Estresse: essa doença é mais comum do que se pode imaginar. O estresse é
causado geralmente devido às pressões exercidas para alcançar as metas e prazos
estabelecidos pela empresa, além de outros fatores que demandam um esforço
mental do trabalhador. Essa doença causa no trabalhador vários distúrbios psí-
quicos, tais como irritabilidade, fadiga, medo (de acidente, assalto e/ou desem-
prego), sonolência, ansiedade, depressão, etc.

41
UNIDADE 1

Figura 9. Estresse

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma pessoa sentado à mesa de trabalho, frente a um laptop com
as mãos nas laterais do rosto, com os olhos fechados e gritando. Demonstrando sinais de profunda irritação.

PENSANDO JUNTOS

Quanto de carga emocional uma pessoa é capaz de suportar? Com certeza não dá para
saber, mas e você, qual seria o seu limite, você já parou para pensar nisso? Eis uma boa
hora para avaliar.

Vimos que existem várias doenças a que os trabalhadores estão expostos. Cada
uma delas pode trazer grandes prejuízos para a saúde dos trabalhadores, e por
este motivo, o profissional responsável pela segurança do trabalho, deve estar
atento às condições do ambiente e das condições em que as atividades laborais
são realizadas. Para isso, é importante que os trabalhadores estejam cientes da im-
portância da preservação de sua saúde e das condições de segurança do ambiente.

42
UNICESUMAR

NOVAS DESCOBERTAS

Título: Germinal
Ano: 1993
Sinopse: Este filme, apresenta o nascimento dos movimentos grevis-
tas ocorridos no século XIX na França, frente à exploração dos pa-
trões da época. Baseado no romance de Émile Zola, o filme retrata de
forma muito realista, o que foi a vida dos mineiros da época.
Comentário: Um bom filme para revermos alguns assuntos históricos trata-
dos nesta unidade.

Muito bem, chegamos ao final desta etapa em seu ciclo de aprendizagem. Vimos
a importância da saúde dos trabalhadores em sua jornada laboral nas empresas.
Porém, esta importância foi dada ao longo dos anos e para que os projetos, leis e
decretos estabelecidos para garantir a integridade física e mental dos trabalhadores
custaram muitos membros do corpo dilacerados, amputados e até mesmo a vida
de muitas pessoas. Aprendemos que embora a preocupação com a segurança das
pessoas já existia a mais de 2.000 a.C., no Egito, somente após a Revolução Indus-
trial, é que os estudos sobre as necessidades das pessoas, enquanto trabalhadores,
começaram a tomar forma e vieram evoluindo ao longo dos anos, até chegar no que
temos nos dias de hoje. Em alguns países, assim como no Brasil, ainda há muito o
que melhorar nas questões que envolvem a saúde e segurança dos trabalhadores.
Vimos também nesta unidade os conceitos de perigo e risco. São dois concei-
tos que se complementam e, em muitos casos, nos causam uma certa dúvida, se é
perigo ou se é risco. Com as definições e exemplos apresentados com certeza você
não terá mais esta dúvida e saberá identificar imediatamente o que é um e o que
é outro. Estes conceitos são muito importantes para você como profissional, pois,
diante do perigo ou de risco, você terá que tomar ações para evitar a exposição
das pessoas a estas situações.
Outro assunto abordado nesta unidade, que faz toda a diferença nos am-
bientes em que realizamos algum tipo de trabalho, são as doenças causadas pelo
desempenho de uma atividade laboral e os agentes causadores destas doenças.
Esta exposição não está restrita somente às empresas ou organizações, mas em
todos os locais onde se realiza um trabalho. Aprendemos que existem diversos
agentes que causam doenças nos trabalhadores.

43
Para que você fixe ainda mais os assuntos abordados nesta unidade, sugiro que
desenvolva um mapa mental sobre os aspectos que envolvem os acidentes de
trabalho e suas definições. Para esta atividade, utilize as palavras-chave: acidente
de trabalho, aspectos sociais, aspectos econômicos, aspectos jurídicos e aspectos
epidemiológicos. Sugiro para esta atividade a utilização da ferramenta gratuita
disponível em: www.goconqr.com.

Aspectos Econômicos

Aspectos Epidemiológicos
Aspectos Jurídicos
ACIDENTE DE
TRABALHO

Aspectos Sociais

44
1. Os perigos e riscos de exposição das pessoas aos agentes capazes de causar danos
às pessoas não é nada muito novo. As preocupações com a saúde dos trabalhadores
remontam aos tempos do Egito antigo. No Século IV a.C., foram feitos os primeiros
registros sobre a gravidade da exposição ao chumbo por Hipócrates. Durante este
processo de evolução outros acontecimentos marcaram os períodos que se segui-
ram ao longo das décadas. Sobre estes acontecimentos, leia as assertivas a seguir.

I - Plínio relatou o aspecto dos trabalhadores expostos ao chumbo, mercúrio e


ao ferro.
II - Foi introduzido o primeiro equipamento de proteção respiratória para os traba-
lhadores das minas.
III - Houve um período vazio de informações entre o Império Babilônico e o Império
Romano.
IV - No ano de 1473, surgiram os primeiros registros de novos estudos sobre a toxi-
cidade de vapores de alguns metais.

Sobre as assertivas acima, é correto:

a) I, III e IV apenas.
b) II, IV e V apenas.
c) I, IV e V apenas.
d) II e IV apenas.
e) III e IV apenas.

2. O modelo de medicina do trabalho, surgido no século XIX, é fruto de muitos anos


de estudos. Durante estes anos, muitos conceitos e teorias foram surgindo. Neste
sentido, descreva o conceito de medicina do trabalho.

3. Os acidentes, embora na maioria dos casos causem transtornos e danos para ambas
as partes, têm outros aspectos envolvidos. Quais são estes aspectos?

4. Um acidente ocorre devido um ato inseguro ou uma condição insegura. O ato inse-
guro é praticado pelo indivíduo e ocorre de três formas, quais são elas?

45
5. Existem inúmeras doenças ocupacionais provocadas por agentes presentes no am-
biente. Dentre estas doenças estão a asbestose, LER, DORT, Hidrargirismo, entre
outras. Sobre estas doenças, leia as assertivas abaixo e assinale (V) para verdadeiro
ou (F) para falso.

I - O saturnismo é uma doença que ocorre em trabalhadores que estão expostos


ao chumbo.
II - Hidrargirismo é a doença que ocorre aos trabalhadores expostos ao mercúrio.
III - A perda auditiva é um tipo de doença que tem tratamento para o reestabeleci-
mento da audição.
IV - No bruxismo, o trabalhador é exposto aos ruídos excessivos e que causam dis-
túrbios neurológicos.

Sobre as assertivas acima está correto:

a) V, F, V, V.
b) V, V, F, F.
c) F, V, F, V.
d) V, F, F, V.
e) V, F, F, F.

46
2
Gestão de Saúde
e Segurança do
Trabalho
Me. Juliano Bertolotti Moura

Nesta unidade você irá conhecer as ferramentas que auxiliam na ges-


tão da saúde e segurança do trabalho e os tipos de riscos aos quais
os trabalhadores estão expostos nos locais de trabalho.
UNIDADE 2

A segurança do trabalho tem estado no foco das empresas e organizações em


todas as áreas da economia, seja manufatura, comércio, logística, entre outras.
Garantir que os trabalhadores realizem as suas atividades laborais com segurança
contribui, além da saúde do trabalhador, para a redução dos custos com indeni-
zações, afastamentos do trabalho, absenteísmo etc. Mas, como estabelecer e gerir
um sistema de segurança do trabalho nas empresas? Como avaliar os agentes de
riscos a que os trabalhadores estão expostos?
Para que você tenha uma ideia de como é importante ações para promoção
da saúde e segurança do trabalho, imagine a seguinte situação:
Uma empresa fabricante de produtos para limpeza utiliza em seus processos
diversos produtos químicos. Além disso, o ambiente tem áreas em que o piso
está constantemente molhado. Na empresa trabalham 150 pessoas, sendo que
60 delas trabalham nas atividades produtivas. O RH da empresa detectou que
o número de absenteísmo na empresa tem aumentado no setor de produção.
Diante do fato, solicitou ao gestor da segurança do trabalho que fizesse uma

48
UNICESUMAR

avaliação dos locais de trabalho para verificar as possíveis causas que tem feito
com que os trabalhadores faltem ao trabalho. O gestor da segurança, ao fazer
um estudo dos locais de trabalho, observou que alguns dos trabalhadores, para
aumentar a produtividade, não seguiam corretamente os procedimentos de
segurança estabelecidos, tais como a utilização de luvas para a proteção das
mãos, avental para a proteção do corpo, protetor facial para a proteção do rosto,
máscara para proteger as vias respiratórias, botas para evitar escorregar e cair
devido ao piso molhado, entre outros meios de proteção. Após esta constatação,
o gestor da segurança do trabalho começou a intensificar as visitas aos locais de
trabalho e realizar treinamentos e orientações rápidas sobre a importância de
estar saudável e em segurança durante a realização das atividades de processo.
Após seis meses, em conversa com o RH da empresa, verificou-se que o índice
de absenteísmo vem diminuindo consideravelmente.
De acordo com o exemplo exposto, quero propor a você uma experiência
de avaliação de riscos em sua própria casa. Você já parou para pensar que nos
expomos a riscos em nossa casa? Sim, estamos expostos, e o mais incrível é que
os danos podem ser até maiores do que quando ocorre um acidente de trabalho.
Em nossa casa ao cozinhar, lavar a louça, roupas, calçadas estamos expostos a
acidentes com piso molhado, cortes, queimaduras, entre outros. Neste sentido,
quero propor a você que faça uma avaliação das condições de trabalho que
são realizadas em sua casa. Para esta atividade, escolha os locais que você julga
serem os mais propensos a promover um acidente e liste os tipos de acidentes
e produtos químicos utilizados.
Quando conhecemos os riscos aos quais estamos expostos durante a realiza-
ção de uma atividade, a prevenção fica mais fácil. Além disso, desenvolver pro-
cessos com menor potencial de causar danos e melhorar as condições ambientais
para proteger as pessoas envolvidas em alguma atividade laboral é um requisito
importante para a segurança no trabalho. Neste sentido podemos refletir sobre
a importância da preservação da vida e da integridade física e mental acima de
qualquer outra coisa. Esta condição de importância, não se limita somente ao
ambiente de trabalho em uma empresa, mas em todas as atividades desenvolvidas
por mim e por você. Portanto, a busca por condições de trabalho melhores no
dia a dia deve ser uma constante em nossas vidas como prevencionistas. Assim,
para iniciar esta jornada, conforme a proposta acima, utilize o seu diário de bordo
para anotar as suas observações e reflexões sobre o assunto.

49
UNIDADE 2

DIÁRIO DE BORDO

Coordenar um sistema de gestão de segurança do trabalho não é uma tarefa


fácil. Existe uma ampla legislação que estabelece os requisitos para garantir que
os trabalhadores e empregadores tenham condições de trabalho dignas e que
garantam a saúde e segurança de todos os envolvidos no desenvolvimento das
atividades produtivas.
Como já estudado, as pessoas se expõem ou são expostas a situações de risco
que podem não só causar lesões, mas podem causar a incapacidade laboral, cessa-
ção de mobilidade, entre outras situações que podem até mesmo causar a morte
de uma pessoa. Neste sentido, é que o estabelecimento de um sistema de gestão
voltado para a saúde e segurança do trabalho se faz necessário e imprescindível
para as empresas, independentemente de seu porte e atividades desenvolvidas.
De acordo com o Mattos e Másculo (2019), devido ao crescimento considerá-
vel da tecnologia nos últimos anos, a geração de novos produtos e a novas técnicas
de trabalho aplicadas aos processos industriais, fizeram com que o crescesse a

50
UNICESUMAR

ocorrência de problemas, tanto para as pessoas quanto para o meio ambiente. O


Quadro 1 apresenta a quantidade de acidentes em que foram emitidas CAT (Co-
municado de Acidente de Trabalho), contabilizados pelo Observatório Nacional
de Segurança do Trabalho.

Ano n° de acidentes

2010 709.474

2011 720.629

2012 713.984

2013 725.664

2014 712.302

2015 622.379

2016 585.626

2017 549.405

2018 623.788

2019 639.325

2020 446.881

Quadro 1. Quantidade de acidentes no Brasil nos últimos 10 anos.


Fonte: Adaptado de Smartlab (2020 - [on-line])³.

Ao observarmos os dados apresentados no Quadro 1, temos que a média de aci-


dentes ocorridos no Brasil entre os anos de 2010 a 2020 é de 640.860 acidentes
comunicados ao Ministério Público do Trabalho (MPT). No ano de 2020, foram
computadas pelo MPT, 1.886 acidentes fatais levando o trabalhador a óbito, e os
últimos dados disponibilizados apresentam em 2018 um total de 154.180 acidentes
subnotificados por meio da previdência social. Neste caso, as subnotificações são
advindas do resultado de afastamento do trabalho por meio da previdência social.
Observe que ainda há uma necessidade de gerir a segurança do trabalho com
maior ênfase nos relatos de acidentes de trabalho pelas empresas e trabalhadores.
Neste caso, a implementação de um sistema de gestão de segurança do trabalho,

51
UNIDADE 2

sendo esta gestão iniciada com a participação das lideranças e administração


geral da empresa ou organização torna o sistema mais consistente no que diz
respeito ao desenvolvimento das atividades de gestão de acordo com as prerro-
gativas da legislação vigente. Talvez você esteja se perguntando como estabelecer
um sistema de gestão de Saúde e Segurança no Trabalho (SST)? A resposta é sim-
ples… Há uma regra para tudo, e para a segurança do trabalho, não é diferente,
o importante é saber buscar a informação no lugar certo. Vejamos a seguir como
se desenvolve um sistema de gestão da segurança do trabalho.
Antes de iniciarmos este assunto propriamente dito, é importante que se conhe-
ça algumas particularidades importantes que envolvem as pessoas e organizações.
Em primeiro lugar, existe uma questão que diz respeito à função seguran-
ça. Segundo Cardella (2016, p. 27), a função segurança é: “[...] o conjunto de
ações exercidas com o intuito de reduzir danos e perdas provocados por agentes
agressivos”. Esta função é parte das cinco funções vitais para complementar as
ações que devem ser desenvolvidas conjuntamente com a missão de qualquer
organização. Neste sentido, deixar de considerar esta função nas questões que
envolvem a produtividade, qualidade de produtos, preservação do meio ambiente
e o desenvolvimento de pessoal, de acordo com Cardella (2016), é um erro grave
conceitual e estratégico. Cardella (2016), ainda cita que a ausência de uma visão
holística, a função segurança se torna isolada e compartimentalizada, tendo como
resultado o baixo desempenho em meio aos conflitos de diversos tipos.

52
UNICESUMAR

Outra questão diz respeito ao conhecimento do que é uma organização. As-


sim, o conceito de organização, segundo Cardella (2016, p. 27), é “um conjunto
de pessoas com uma missão”.
Também podemos interpretar este conceito como um grupo de empresas que
se juntam em direção a um único objetivo. Um fato importante a ser considerado
neste caso é que, independentemente do tamanho de uma organização, esta não
consegue sobreviver quando não satisfaz as necessidades das pessoas que estão
envolvidas em seus processos e nem tampouco satisfazem as necessidades de
terceiros, tais como fornecedores, consumidores, investidores, entre outros. Deste
modo, é fundamental que se estabeleça uma sinergia entre as partes interessadas
e a organização de forma que as relações tenham resultados positivos. Cardella
(2016) apresenta a classificação das organizações de acordo com a quantidade
de pessoas envolvidas. Neste caso as organizações podem variar entre unitária e
muito grande, conforme apresentado no Quadro 2.

Número de
Tipo Relacionamento dos componentes
componentes

Trabalham sozinhos, como alguns pro-


Unitária 1
fissionais liberais.

Muito pequena 2 a 10 Conhecem uns aos outros.

É possível que cada um conheça todos


Pequena 10 a 100
os demais.

É possível que cada um conheça boa


Média 100 a 1.000
parte dos demais.

É pouco provável que algum compo-


Grande >1.000 nente conheça uma parcela significativa
dos demais.

Cada um conhece uma pequena parce-


Muito grande >10.000
la dos demais.

Quadro 2. Classificação das organizações. / Fonte: Cardella (2016, p. 29)

Observe que para cada quantidade de pessoas estabelecidas em uma organiza-


ção, o conhecimento vai sendo diluído. Os sistemas organizacionais têm as suas

53
UNIDADE 2

funções operacionais realizadas por pessoas, sendo que este sistema é composto
por equipamentos, instalações, materiais, processos e produtos.
Outra questão importante a ser considerada é em relação às necessidades das
pessoas. Em um sistema de gestão é importante que se dê a devida importância
para as necessidades das pessoas que estão trabalhando. Afinal, se olharmos com
muita atenção e analisarmos o funcionamento de uma organização, chegamos
à conclusão de que, sem as pessoas, especificamente os trabalhadores, não há
empresa alguma. Por outro lado, também há uma preocupação com o bem estar
dos trabalhadores, pois entende-se que, um trabalhador, quando tem as suas ne-
cessidades atendidas e satisfeitas, tem um maior estímulo para um desempenho
melhor de suas atividades. Aprofundaremos mais este assunto ao tratarmos es-
pecificamente sobre a qualidade de vida no trabalho.
O fato é que a redução de acidentes no ambiente de trabalho é um dos maiores
desafios à inteligência do ser humano. Esta batalha, travada ao longo dos anos
contra os acidentes, apresenta, segundo Cardella (2016), um aspecto notável, pois
dispõe-se de recursos necessários para prevenir e evitá-los. Estes recursos são
proporcionados devido ao surgimento de dispositivos e metodologias criados
por meio do desenvolvimento científico e tecnológico envolvendo diversas áreas
de atuação humana. Porém, ainda que existam os meios para evitar os acidentes
e doenças do trabalho, o principal objetivo não tem sido alcançado de forma
satisfatória, pois ainda se presencia e se notifica a perda de vidas e/ou danos
na integridade física dos trabalhadores. O mais triste é que a grande maioria
das causas dos acidentes são atribuídas a fatores humanos. Estes fatores, se ob-
servarmos, registrarmos ou fizermos uma filmagem e quantificarmos as ações
realizadas durante as atividades desenvolvidas, iremos constatar que o acidente
ocorreu devido a forma com que o trabalhador se comporta. Neste sentido, o
comportamento, de acordo com Cardella (2016, p. 9), é: “o conjunto de ações
que o homem desempenha na interação com o mundo”. Neste sentido, Cardella
(2016), descreve que a realidade, em uma visão holística, é entendida pelo ho-
mem por meio de paradigmas. Paradigmas, para o nosso entendimento nada
mais é do que um conjunto de ideias e valores, sendo, neste caso, o modelo para
a descrição, explicação e compreensão da realidade. O fracasso do homem em
sua batalha contra os acidentes é influenciado por fatores que envolvem a visão
que o homem tem do mundo.

54
UNICESUMAR

OLHAR CONCEITUAL

Na atualidade, o homem tem se baseado nos paradigmas construídos na Idade Moderna, sendo
conhecido como “cartesiano-newtoniano”. Este paradigma tem uma visão racionalista, mecanicista
e reducionista, que segundo Cardella (2016), são definidos como:



Tem ênfase na razão, no objetivo e na crença de que a metodologia científi-
ca é a única abordagem válida para a conhecimento;




Enxerga o Universo como um sistema mecânico, onde se enfatiza a quantifi-


cação, previsão e o controle. Neste sentido, a visão é que o homem é uma peça
substituível por outra com a mesma competência e habilidade. Os sistemas
vivos, tais como o homem, as organizações, bem como os ecossistemas são
abordados e tratados como máquinas em que as relações de causa-efeito
estabelecidas são todas do tipo determinístico;



Esta visão valoriza a parte, a fragmentação, a abordagem disciplinar e o
especialista, que no máximo de sua especialização teria o entendimento:
quase tudo de quase nada. Assim, podemos entender que a segurança e a
qualidade é vista como algo não pertencente aos sistemas e às atividades, no
entanto é um requisito que pode ser adicionado. Neste tipo de visão, os
fatores são analisados de forma fragmentada, levando a conclusões que não
conduzem a ações eficazes. Um exemplo pode ser dado da seguinte maneira:
uma estatística de acidente em uma organização revela que uma elevada
porcentagem dos acidentes é provocada pelos operadores. A visão reducioni-
sta leva à proposição de ações que visam diretamente à mudança de compor-
tamento dos condutores de veículos.

55
UNIDADE 2

O homem, na busca por sua sobrevivência e perpetuação da espécie, acumula bens


e como consequência encontra o estresse, doenças degenerativas, acidentes, entre
outros. Os mecanismos desenvolvidos no período pré-histórico contribuem para
a lei do menor esforço para o aproveitamento máximo da energia disponível com
o mínimo de consumo. Neste mesmo princípio, os trabalhadores buscam econo-
mizar tempo e aumentar o rendimento, com isso, descumprem os procedimentos
e tomam atalhos que em muitos casos põem sua vida em perigo. Alguns elementos
conceituais importantes são apresentados por Cardella (2016, p. 13). São eles:

■ Princípio: os fenômenos físicos, biológicos, psicológicos, cul-


turais e sociais são inter-relacionados e interdependentes. As
relações de causa-efeito não são todas determinísticas. Há re-
lações probabilísticas e de correlação.
■ Regra de atuação: “Pense globalmente, atue localmente.”
■ Dois enfoques complementares: o reducionista, para entender
os fatores em detalhe, e o sistêmico, para entender as interações
desses fatores no processo que produz o acidente.
■ Estrutura de funções na qual a função segurança é integrada às
demais funções vitais da organização.
■ Modelo da dinâmica das organizações no qual os recursos são
orientados por três elementos: sistema de gestão, cultura orga-
nizacional e liderança.
■ Conjunto de conceitos básicos.
■ Teoria das falhas humanas.

O conjunto de instrumentos utilizados para a segurança é constituído por méto-


dos e técnicas que se adequam ao tipo de abordagem adotada, sendo que nenhu-
ma é mais ou menos importante do que a outra e nem tampouco substituem uma
à outra. O fato é que todas são importantes para o sistema de gestão, complemen-
tando-se, interatuando-se, em um processo de inter-relacionamento e interde-
pendência. Cardella (2016, p. 13), cita alguns instrumentos que são importantes
para a gestão de segurança, sendo elas: “gestão de riscos, gestão de emergências,
análise e controle de riscos, técnicas de análise de riscos, monitoramento de segu-
rança, controle de riscos nas intervenções e análise de valor”. Na teoria isso tudo
é muito perfeito, pois lemos, estudamos e compreendemos os conceitos e como o

56
UNICESUMAR

processo se desenrola. Porém, na prática nem sempre é assim e a pergunta que fica
é: Como fazer com que as pessoas desenvolvam suas atividades em segurança e
que os ambientes de trabalho estejam seguros? A resposta está na implementação
de um sistema de gestão de segurança do trabalho.
As ações sistêmicas para assegurar a segurança dos trabalhadores envolve
médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, engenheiro de segurança do
trabalho, técnicos de segurança do trabalho, e mais recentemente o tecnólogo em
segurança do trabalho (PAOLESCHI, 2009).
Ao estudarmos sobre a Saúde e Segurança do Trabalho, temos uma dimensão
da importância do estabelecimento de um sistema para gerir as atividades, bem
como as atribuições de competências e responsabilidades dos profissionais envolvi-
dos. No entanto, as atividades são realizadas de forma conjunta, envolvendo gestores
e trabalhadores com o objetivo de prevenir a ocorrência de acidentes e doenças
do trabalho. Estas atividades ocorrem por meio da instalação de uma Comissão
Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), assunto este que será tratado a seguir.

PENSANDO JUNTOS

Diante do que foi estudado até este momento, o quanto as ações de segurança do traba-
lho realizadas na empresa, interferem na vida pessoal de um trabalhador? Você já parou
para pensar no quanto interfere em sua vida?

57
UNIDADE 2

A instalação de uma CIPA na empresa, ou a indica-


ção de uma pessoa responsável por gerir as atividades
ligadas à Saúde e Segurança dos trabalhadores, é um
sinal de responsabilidade e comprometimento, não
só com as pessoas, mas também com a própria orga-
nização. Este é um passo importante para a solução
de muitos problemas que envolvem as atividades e o
ambiente de trabalho, redução de custos e aumento
de produtividade. O que tem haver segurança, custos
e produtividade? Simplesmente, tudo! Veja…
Se o trabalhador não tem problemas de saúde,
teoricamente ele não irá faltar ao trabalho e com isso,
ele irá produzir. Se este mesmo trabalhador, não tem
doenças causadas pelo trabalho, ele não será afastado,
assim, a empresa não terá custos com o afastamento e
nem tampouco com a falta do trabalhador, o que in-
corre em menos produção. Se a empresa proporciona
ao trabalhador um ambiente adequado e seguro para
a atividade que realiza e valoriza o seu trabalho, este
mesmo trabalhador, além de desenvolver suas ativida-
des com maior engajamento, irá difundir a cultura de
segurança para os que estão à sua volta, fazendo com
que a segurança seja uma satisfação a mais no trabalho.
A CIPA, de acordo com Paoleschi (2009), foi
considerada a primeira grande manifestação para a
promoção das atividades de prevenção de acidentes
de trabalho no Brasil. Também foi o primeiro movi-
mento nacional com caráter prático que envolviam
as autoridades que criaram os dispositivos legais e
as empresas privadas responsáveis por estabelecer e
organizar as CIPAs em suas unidades. Neste processo
de desenvolvimento, estiveram envolvidos: Ministé-
rio do Trabalho, Indústria e Comércio; Associação
Brasileira para Prevenção de Acidentes (ABPA); Ser-
viço Social da Indústria (SESI). As empresas parti-

58
UNICESUMAR

culares e as pessoas envolvidas e preocupadas com


a saúde e segurança, também foram contribuintes e
não mediram esforços para que a CIPA se tornasse
uma realidade. Com a implementação desta comis-
são nas organizações, foi instituída as ações de pre-
venção de acidentes no trabalho, pois, antes disso, a
prevenção de acidentes era só uma ideia que ia sendo
disseminada por algumas pessoas que se preocupa-
vam com os problemas de acidentes (PAOLESCHI,
2009). Embora tenha iniciado de maneira confusa,
devido às instruções para o seu desenvolvimento, a
CIPA foi tomando forma e se fortalecendo ao passo
que ia sendo implementada nas organizações, tor-
nando-se a instituição de prevenção de acidentes no
trabalho mais tradicional (PAOLESCHI, 2009).
A CIPA, ao contrário do que muitos pensam,
teve a sua origem a partir de uma recomendação da
Organização Internacional do Trabalho (OIT). No
Brasil, a recomendação da OIT foi para que fosse es-
tabelecida a CIPA nas instalações industriais. Este ato
ocorreu no dia 10 de novembro de 1944, por meio
de um ato presidencial, promulgando o Decreto-Lei
7036, que ficou conhecido como a “Nova Lei de Pre-
venção de Acidentes” (PAOLESCHI, 2009).
As diretrizes para a formação da CIPA, são esta-
belecidas na Norma Regulamentadora NR 05. A nor-
ma estabelece os requisitos para o dimensionamento
e as atribuições de cada componente que irá compor
a comissão (MATTOS; MÁSCULO, 2019). Quanto
à obrigatoriedade da CIPA, de acordo com a NR 05
(BRASIL, 2019, p. 1), no item 5.2, descreve que: “De-
vem constituir CIPA, por estabelecimento, e mantê-la
em regular funcionamento as empresas privadas, pú-
blicas, sociedades de economia mista, órgãos da ad-
ministração direta e indireta, instituições beneficentes,

59
UNIDADE 2

associações recreativas, cooperativas, bem como outras instituições que admitam


trabalhadores como empregados”. Porém, nem todas as empresas ou organizações
precisam estabelecer a CIPA. Esta obrigatoriedade é dada de acordo com a quan-
tidade das pessoas e a Classificação das Atividades Econômicas (CNAE).
Os objetivos para a instalação da CIPA em uma empresa é fazer com que haja
uma ação conjunta de empregador e empregados para prevenir os acidentes e as
doenças profissionais e do trabalho. Além disso, busca-se promover a qualidade
de vida para os trabalhadores. Outra atribuição da CIPA é a responsabilidade
de identificar os riscos inerentes ao processo e desenvolver o mapa de risco da
empresa, envolvendo trabalhadores e o Serviço Especializado em Engenharia
de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT), quando instalado.Assim,
segundo Barsano e Barbosa (2018, p.143), algumas das atribuições da CIPA são:

■ Identificar os riscos do processo de trabalho e elaborar o mapa


de riscos, com a participação do maior número de trabalhado-
res, com assessoria do SESMT, onde houver.
■ Elaborar plano de trabalho que possibilite a ação preventiva na
solução de problemas de segurança e saúde no trabalho.
■ Participar da implementação e do controle da qualidade das
medidas de prevenção necessárias, bem como da avaliação das
prioridades de ação nos locais de trabalho.
■ Realizar, periodicamente, verificações nos ambientes das condi-
ções de trabalho visando à identificação de situações que venham
a trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores.
■ Realizar, a cada reunião, avaliação do cumprimento das metas
fixadas em seu plano de trabalho e discutir as situações de risco
que foram identificadas.
■ Divulgar aos trabalhadores informações relativas à segurança
e saúde no trabalho.
■ Participar com o SESMT, onde houver, das discussões promovi-
das pelo empregador para avaliar os impactos de alterações no
ambiente e no processo de trabalho relacionados à segurança
e saúde dos trabalhadores.
■ Promover anualmente, em conjunto com o SESMT, onde houver, a
Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT).

60
UNICESUMAR

A organização da CIPA deve ser obrigatoriamente reali-


zada nos locais de trabalho, independentemente do tipo
de atividade econômica desenvolvida, seja comercial,
industrial, bancária, com ou sem fins lucrativos, filantró-
picas, educativas, bem como as empresas públicas, com
número maior ou igual a 20 trabalhadores registrados
pela CLT, conforme estabelecido pelo Quadro I da Norma
regulamentadora NR 5 (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
Porém, ainda que não haja número suficiente de traba-
lhadores para que seja constituída a CIPA, o empregador
deverá nomear um representante para responder e atuar
na gestão da segurança do trabalho da empresa.
A CIPA é estabelecida por meio da instalação de
uma comissão eleitoral. Neste caso, os representantes dos
trabalhadores são eleitos por trabalhadores em eleições
organizadas pela CIPA responsável pela gestão atual, ou,
nos casos em que não houver CIPA instalada, a comis-
são eleitoral deve ser estabelecida pela empresa. A eleição
deve ser secreta e realizada em horário normal de trabalho,
sendo obrigatório a participação de 50% (+1) do total de
trabalhadores registrados na organização. A empresa só
organiza a eleição na primeira constituição da CIPA.
Durante a organização do processo eleitoral da
CIPA, deve ser elaborada uma lista de votação conten-
do o nome de todos os trabalhadores. Esta lista, após
a realização da eleição, deverá ser mantida disponível
na empresa por um período de no mínimo três anos. A
eleição da CIPA, pode ser anulada, caso seja constata-
da alguma irregularidade durante a sua organização e
realização. Esta anulação é baseada em lei e tem como
executor da fiscalização a Superintendência Regional do
Trabalho e Emprego (SRTE).
Os candidatos com maior número de votos, assu-
mem como membros titulares da comissão. Caso haja
empate entre os candidatos, assume aquele que traba-

61
UNIDADE 2

lhou na empresa por mais tempo. Os outros candidatos assumem o papel de


suplentes, sendo respeitada a classificação da ordem decrescente dos votos obti-
dos. Os resultados obtidos com a eleição devem ser redigidos em ata, contendo
o nome de todos os candidatos em ordem decrescente de votos dos participantes
do pleito, estando eleitos ou não, de forma que possibilite uma futura nomeação.
Os titulares e suplentes da CIPA, não poderão ser conduzidos por mais de dois
mandatos consecutivos (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
A composição da CIPA, segundo Mattos e Másculo (2019), é dada com a
seguinte estrutura:

■ Presidente (indicado pelo empregador);


■ Vice-presidente (nomeado, entre os titulares, pelos representantes dos
trabalhadores); e
■ Secretário e suplentes (escolhidos pelos representantes dos empregados
e representante do empregador, de comum acordo).

As regras para o estabelecimento da CIPA são definidas por norma e precisam ser
seguidas à risca. Embora não pareça, os envolvidos nesta comissão, têm grandes
responsabilidades para com os trabalhadores e empregadores, pois são os agentes
de mudanças para os ambientes de trabalho. Portanto, para a realização do pro-
cesso de eleição são estabelecidos protocolos que devem ser respeitados. Assim,
no processo eleitoral da CIPA, o empregador tem a responsabilidade de escolher
seus representantes. Este processo deve ocorrer em um prazo mínimo de sessenta
dias antes do término do mandato em curso. O presidente e o vice-presidente
da gestão atual, deverão constituir a comissão eleitoral dentre seus membros em
um prazo máximo de quarenta e cinco dias que antecedem o final do mandato.
Ao ser definida a comissão eleitoral, esta será a responsável por organizar e
acompanhar todo o processo, que deverá transcorrer da seguinte maneira:


a. publicação e divulgação de edital, em locais de fácil acesso e
visualização, no prazo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias antes
do término do mandato em curso;
b. inscrição e eleição individual, sendo que o período mínimo para
inscrição será de quinze dias;

62
UNICESUMAR

c. liberdade de inscrição para todos os empregados do estabele-


cimento, independentemente de setores ou locais de trabalho, com
fornecimento de comprovante;
d. garantia de emprego para todos os inscritos até a eleição;
e. realização da eleição no prazo mínimo de 30 (trinta) dias antes
do término do mandato da CIPA, quando houver;
f. realização de eleição em dia normal de trabalho, respeitando-se
os horários de turnos, e em horário que possibilite a participação da
maioria dos empregados;
g. voto secreto;
h. apuração dos votos, em horário normal de trabalho, com acom-
panhamento de representante do empregador e dos empregados,
em número a ser definido pela comissão eleitoral;
i. faculdade de eleição por meios eletrônicos;
j. guarda, pelo empregador, de todos os documentos relativos à
eleição por um período mínimo de cinco anos (BARSANO; BAR-
BOSA, 2018, p. 148).

63
UNIDADE 2

Realizada a eleição da CIPA, os membros da gestão eleita só poderão assumir seus


cargos após a realização de treinamento específico da norma NR 5. No caso em que
a empresa esteja implementando o primeiro mandato de CIPA, ou seja, a gestão
inicial, o treinamento deverá ser realizado em um prazo máximo de trinta dias,
contados a partir da posse. O treinamento deve ser realizado para todos os titulares
e suplentes empossados. Nos casos em que as empresas são dispensadas da CIPA,
estas devem promover o treinamento anual para o seu designado responsável pela
gestão da segurança. O treinamento da CIPA deve contemplar os seguintes itens:


a. estudo do ambiente, das condições de trabalho e dos riscos ori-
ginados do processo produtivo;
b. metodologia de investigação e análise de acidentes e doenças do
trabalho;
c. noções sobre acidentes e doenças do trabalho decorrentes de
exposição aos riscos existentes na empresa;
d. noções sobre a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
(AIDS) e medidas de prevenção;
e. noções sobre as legislações trabalhista e previdenciária relativas
à segurança e saúde no trabalho;
f. princípios gerais de higiene do trabalho e de medidas de con-
trole dos riscos;
g. organização da CIPA e outros assuntos necessários ao exercício
das atribuições da comissão. O treinamento terá carga horária de 20
(vinte horas), distribuídas em no máximo oito horas diárias, e será
realizado durante o expediente normal da empresa (BARSANO;
BARBOSA, 2018, p. 148).

A realização do treinamento pode ser ministrado pelo SESMT, sindicato patronal


ou dos trabalhadores, ou profissionais capacitados e que tenham conhecimento
sobre os temas a serem ministrados. De acordo com Barsano e Barbosa (2018),
quando o treinamento não atender os requisitos estabelecidos na norma NR
5, no que diz respeito ao item específico que trata do treinamento, a unidade
descentralizada da Secretaria do Trabalho irá determinar a complementação do
treinamento ou um outro treinamento completo em um prazo máximo de trinta
dias, contados a partir da ata de ciência da empresa sobre a decisão tomada.

64
UNICESUMAR

Após a realização dos treinamentos concluídos, é hora de trabalhar. A comis-


são então, de acordo com Barsano e Barbosa (2018), inicia as suas atividades
tendo como tarefa as seguintes obrigações:

■ Reuniões Ordinárias: trata-se de reuniões mensais (ordinárias), ou


seja, aquelas que estão estabelecidas no cronograma anual de reunião
pré-estabelecido. O objetivo é tratar das questões observadas ao lon-
go do mês analisado, seja para avaliar as situações de perigo ou riscos
observados ou para propor melhorias observadas ou sugeridas pelos
trabalhadores. É obrigatório a emissão de uma ata a cada reunião rea-
lizada onde todos os participantes assinam. Uma cópia da ata deve ser
emitida para todos os membros e ficarão disponíveis na empresa à dis-
posição para eventuais fiscalizações da Secretaria do Trabalho. Sobre as
reuniões, quando forem computadas quatro faltas em reuniões ordiná-
rias de um membro titular, sem justificativa plausível, este perderá seu
mandato e será substituído por um dos suplentes.

■ Reuniões extraordinárias: estas são reuniões que ocorrem quando há


denúncias de situações de risco grave ou iminente, que necessitam de ações
corretivas emergenciais ou quando ocorre um acidente grave ou fatal.

■ Decisões da CIPA: todas as decisões da CIPA devem ser tomadas de for-


ma consensual. Caso não sejam, as tentativas de negociações podem ser
frustradas, sejam elas diretas ou por meio de mediação. Neste caso, deve
ser instalado um processo de votação, fazendo o registro da ocorrência
na ata da reunião. Quanto a estas decisões, poderá haver o pedido de re-
consideração, mediante um requerimento justificado e este pedido deve
ser apresentado à CIPA até a próxima reunião ordinária. Quando houver
o afastamento do presidente, o empregador deverá indicar um substituto
em dois dias úteis. Caso haja o afastamento definitivo do vice-presidente,
os mesmos titulares da representação dos empregados escolherão o subs-
tituto. Caso, não haja suplentes para preencher o cargo vago, a empresa
deverá instalar uma eleição extraordinária. É importante que todas as
exigências do processo de eleição sejam respeitadas.

65
UNIDADE 2

Uma das primeiras tarefas a serem realizadas pelos integrantes da comissão, é a


avaliação e atualização dos mapas de riscos existentes na empresa. Sendo assim,
os cipeiros, como são chamados os membros da CIPA, fazem levantamento dos
riscos nos locais e apontam os que são identificados, sentidos ou observados pelos
trabalhadores conforme a sua sensibilidade. O objetivo do mapa de risco é reali-
zar um diagnóstico das situações de saúde e segurança no trabalho e na empresa,
possibilitando a troca de informações entre os trabalhadores e os estimulá-los na
participação das ações de prevenção (PAOLESCHI, 2009). Vejamos então como
se elabora um mapa de riscos. Porém, antes, vamos conhecer alguns requisitos
importantes que envolvem as etapas de sua elaboração.

■ Conhecer o processo de trabalho no local analisado: jornada de


trabalho, quantidade e informações (sexo, idade, escolaridade
etc.) dos trabalhadores, maquinário utilizado, atividades exer-
cidas e ambiente de trabalho.

■ Identificar os riscos existentes no local analisado, conforme ta-


bela de Riscos Ambientais. Identificar as medidas preventivas e
sua eficácia: medidas de proteção, organização, asseio e conforto
e acessibilidade.

■ Identificar os indicadores de saúde: queixas frequentes e co-


muns dos trabalhadores, acidentes de trabalho ocorridos, doen-
ças profissionais e causas mais frequentes de ausências.

■ Conhecer os levantamentos ambientais já realizados no local:


quantificar, neutralizar e reduzir a níveis compatíveis com a
legislação os levantamentos ambientais já realizados no local,
ao que se refere a perigos ambientais.

Os riscos identificados no ambiente de trabalho são representados no mapa


de riscos por meio de círculos coloridos que expressam o grau e o tipo de ris-
co presente no ambiente. Um círculo pequeno representa um risco baixo, um
círculo médio representa um risco médio e um círculo grande representa um
risco alto. Para um melhor entendimento, o Quadro 3 apresenta os tipos de
riscos e suas respectivas cores.

66
UNICESUMAR

Riscos Riscos Riscos Riscos Riscos


Físicos Químicos Biológicos Ergonômicos Mecânicos

Trabalho físi- Arranjo físico


Ruído Poeira Vírus
co pesado deficiente

Fumos Metá- Posturas Máquinas


Vibração Bactéria
licos incorretas sem proteção

Radiação ioni- Treinamento Matéria-prima


zantes e não Névoas Protozoários inadequado fora de espe-
ionizantes inexistente cificação

Equipamentos
Jornadas inadequados
Pressões
Vapores Fungos prolongadas defeituosos
anormais
de trabalho ou inexisten-
tes

Temperaturas Trabalho Iluminação


Gases Bacilos
extremas noturno deficiente

Produtos
Responsabili- Armazena-
Frio químicos em
dade mento
geral

Conflito
Calor Substâncias, Parasitas Tensões emo-
compostos cionais
ou produtos Eletricidade
químicos em Desconforto
geral
Umidade
Monotonia

Quadro 3. Identificação dos tipos de riscos. / Fonte: Adaptado de SST ONLINE (2019).

Como apresentado no Quadro 3, os riscos apresentam características específicas,


sendo estas descritas resumidamente a seguir de acordo com Paoleschi (2009).
Riscos Físicos: são considerados riscos físicos o ruído, vibrações, radiação
ionizante (Raio-X e Raio Gama), radiações não ionizante (Sol, solda etc.), tem-
peraturas extremas (frio, calor), pressões anormais e umidade.
Ruído: definido como um som indesejável, produto das atividades diárias
da comunidade. O som representa as vibrações mecânicas da matéria através do
qual ocorre o fluxo de energia na forma de ondas sonoras.

67
UNIDADE 2

Vibração: trata-se de qualquer movimento que o corpo executa em torno de


um ponto fixo. Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal, ou irregular,
quando não segue um padrão determinado.
Radiação ionizante: trata-se da emissão de energia em diversos níveis, desde
a fixa do visível, passando pelo ultravioleta, raios X, raio gama e partículas alfa e
beta. Este tipo de radiação consiste na partícula ou onda eletromagnética que, ao
interagir com a matéria, ioniza direta ou indiretamente seus átomos ou moléculas.
A ionização ocorre quando existe um desequilíbrio eletrônico dentro do átomo.
Esse desequilíbrio é originado quando o número de prótons (+) se torna diferente
do número de elétrons (-), transformando átomos em íons (danos fisiológicos).
Radiação não ionizante: este tipo de radiação não tem poder de ionização.
O que ocorre é a ativação de todo o conjunto de átomos que recebe essa carga de
energia, sua classificação é dada pelo comprimento de onda de nanômetros a qui-
lômetros. Assim, conforme a sua frequência, pode ser apenas refletida e absorvida
sem consequências, porém, ao passo que esta frequência aumenta, pode provocar
contrações cardíacas, debilitar o sistema nervoso central Uma das consequências
agudas deste tipo de radiação, é a formação de catarata e dependendo do tempo
de exposição, pode causar a morte do trabalhador.
Temperaturas extremas: As temperaturas são divididas em duas situa-
ções. são elas:

■ Frio: este tipo de risco pode provocar alteração no sistema vascular peri-
férico, além de doenças no aparelho respiratório e em alguns casos pode
gerar queimaduras.
■ Calor: este tipo de risco pode provocar taquicardia, cansaço, irritação,
choques térmicos, fadiga, bem como alteração das funções digestivas e
hipertensão.

Pressões anormais: este risco se divide em duas situações, são elas:

■ Pressão Hipobárica: quando o homem está sujeito a pressões menores


que a pressão atmosférica. Essas situações ocorrem a elevadas altitudes.
Provocam coceira na pele, dores musculares, vômitos, hemorragias pelo
ouvido e ruptura do tímpano.

68
UNICESUMAR

■ Pressão Hiperbárica: quando o homem fica sujeito a pressões maiores


que a atmosférica, como em mergulho e uso de ar comprimido.

Umidade: trata-se da faixa de conforto que compreende a temperatura de 22°C


a 26°C e umidade relativa do ar entre 45% e 50%.
Riscos Químicos: este tipo de risco envolve diversos agentes nocivos ao ser
humano. São eles:
Aerossóis: são potencialmente encontrados na forma de gases e vapores ou
na forma de partículas. Estas partículas, quando dispersas na atmosfera, possuem
estabilidade de suspensão e dividem-se em:

■ Poeiras: são partículas sólidas formadas pela desagregação mecânica


de corpos sólidos. As partículas dispersas em geral possuem diâmetros
maiores que um mícron (µ). As poeiras são divididas em três categorias:
minerais; de madeira; e poeiras em geral.
■ Fumos: aerossóis sólidos formados por condensação de vapores, ge-
ralmente metálicos. As partículas geradas têm normalmente diâmetros
maiores que um mícron (µ) e podem ser facilmente identificadas em ope-
rações de soldagem, por exemplo.
■ Névoas: são constituídas de partículas líquidas, independente de sua na-
tureza e do seu diâmetro, formadas por desagregação mecânica de corpos
líquidos. Exemplo: névoa de tinta.
■ Neblinas: trata-se de partículas líquidas, formadas a partir da conden-
sação de vapores.
■ Vapores: são substâncias encontradas no estado gasoso, resultante de
algum tipo de alteração em seu estado normal e temperatura ambiente.
■ Gases: estes são tipos de elementos que não possuem formas e volumes
próprios e tendem a expandir-se indefinidamente. Mesmo sujeitos à pres-
são forte e temperatura ordinária, não podem ser total ou parcialmente
reduzidos ao estado líquido. Exemplos: GLP, oxigênio, entre outros.

Riscos Biológicos: são decorrentes de micro-organismos indesejáveis, tais como


bactérias, fungos, protozoários, bacilos etc.
Riscos Ergonômicos: são muito comuns e decorrem da inadequação do
local de trabalho quanto aos aspectos antropométricos e as atividades laborais

69
UNIDADE 2

envolvendo o levantamento e transporte de cargas sem meios auxilia-


res corretos, postura inadequada etc.
Riscos de Acidentes: este tipo de risco é mais comum de todos,
pois podem estar presentes em todos os ambientes. Os acidentes po-
dem ser causados por diversos fatores, entre eles: falta de iluminação,
probabilidade de incêndio, explosão, piso molhado e escorregadio,
armazenamento, arranjo físico, ferramentas inadequadas, máquina
defeituosa, mordida de cobra, aranha, escorpião.
Veremos estes riscos com maior profundidade mais adiante em
nossos estudos.
Conhecidos os riscos e suas cores, é hora de desenhar o leiaute da
área ou da empresa toda. Isso irá depender da forma com que quer
representar os ambientes e os riscos presentes em cada um deles, sendo
esta uma particularidade de cada empresa. Portanto, fique à vontade
para escolher o seu modelo. O importante é que o ambiente seja re-
presentado, os riscos e as observações, quando necessárias, estejam
claras e visíveis para qualquer pessoa que estiver ou transite pela área.
A Figura 1 apresenta um exemplo de mapa de riscos.
Figura 1 apresenta um exemplo de mapa de riscos.

Lavanderia Banheiro Quarto


Risco Baixo

Risco Médio

Escritório

Risco Alto Recepção

Figura 1. Exemplo de mapa de risco / Fonte: o autor.

Descrição da Imagem: A imagem representa hipoteticamente uma planta baixa contendo cinco cômo-
dos, em cada cômodo tem um círculo que representa o tipo e o grau de risco presente no ambiente. Os
círculos são pintados em cor azul que representa o risco físico, marrom que representa o risco biológico
e amarelo que representa o risco ergonômico. Do lado esquerdo da planta são apresentados três círculos
para indicar o grau de risco baixo (círculo pequeno), risco médio (círculo médio) e risco alto (círculo grande).

70
UNICESUMAR

Observe no Figura 1, que os riscos presentes em


um determinado ambiente, podem não estar em
outros. No entanto, também há a possibilidade de
um ambiente ter dois ou mais riscos presentes no
mesmo ambiente, assim, uma das formas de repre- Figura 2. Risco físico e ergonô-
sentação do círculo é feita de acordo com a Figura mico no mesmo ambiente.
Fonte: o autor.
2. Porém, nos casos em que forem identificados
vários agentes com graus de riscos diferentes, a co- Descrição da Imagem: a

missão pode optar pelo modelo que melhor aten- imagem apresenta um cír-
culo com uma linha vertical
der as necessidades da empresa. que o divide em dois lados.
O mapa de riscos deve ser refeito em cada gestão O lado esquerdo é pintado
de azul para indicar risco
da CIPA e devem conter informações do número de físico e o lado direito é pin-
trabalhadores expostos ao risco. O mapa de riscos não tado na cor amarela para
indicar risco ergonômico.
tem um formato estabelecido por norma.

A atuação da CIPA nas organizações é imprescindível para


o desenvolvimento dos processos de melhoria no sistema
de gestão da saúde e segurança dos ambientes e dos tra-
balhadores. Porém, muitos desafios são impostos para a
comissão, pois ainda existem muitas dificuldades para o de-
senvolvimento do trabalho. Este assunto é tratado no pod-
cast “CIPA: Benefício não reconhecido.” Acesse e veja o que
normalmente ocorre no ambiente de trabalho.

No entanto, de acordo com Paoleschi (2009), uma das maiores dificuldades encon-
tradas para a realização do mapeamento de riscos nos ambientes de trabalho é a
falta de capacidade, informação e recursos técnicos para identificar, avaliar e con-
trolar os riscos presentes nos processos produtivos das empresas ou organizações.
Perceba que, o mapeamento dos riscos em uma organização é de muita im-
portância, pois, a ocorrência de um acidente de trabalho, causa grandes transtor-
nos para a empresa, para o trabalhador e até mesmo para a família do acidentado,
pois as consequências podem comprometer a mobilidade, fazendo com que haja,
além do sofrimento conjunto, um esforço enorme para tratar com os problemas
físicos e psicológicos causados pelo problema. Um acidente também pode causar

71
UNIDADE 2

a morte do trabalhador, o que se torna um problema ainda maior, tanto para a


família quanto para a empresa, dependendo das causas apuradas.
Assim, a CIPA e as suas ações trazem grandes benefícios tanto para as empresas,
quanto para os trabalhadores. Segundo Paoleschi (2009, p. 102), os benefícios são:


• Facilidade na administração da prevenção
de acidentes e de doenças do trabalho;
• Ganho da qualidade e produtividade;
• Aumento de lucros diretamente; e
• Informação dos riscos aos quais o
trabalhador está exposto, cumprindo assim
dispositivos legais.


• Conhecimento dos riscos a que podem estar sujeitos os
colaboradores;
• Fornecimento de dados importantes relativos à sua saúde;
• Conscientização quanto ao uso dos EPIs.

Observe que, ao conhecer os riscos presentes no ambiente de trabalho, todo o esfor-


ço desprendido para o atendimento de um acidente, passa a ser direcionado para
as ações de prevenção, o que se torna menos oneroso, tanto para as pessoas quanto
para a empresa. Neste sentido, podemos exemplificar com a seguinte situação:
Em uma indústria de açúcar e álcool, o gestor de SST, juntamente com a co-
missão da CIPA, detectou um problema no processo de transporte de produtos
químicos. Em uma visita ao local onde é desenvolvida a tarefa, verificou-se que
os trabalhadores transportam os produtos sem nenhum tipo de mecanismo ou
equipamento para auxiliar no processo. Com isto o setor, segundo reportado pelo
RH, tem sido responsável pelo maior número de afastamentos por queimaduras
causadas pelo contato com os produtos. Ao analisar o processo, chegou-se à con-
clusão de que é necessário melhorar os EPI’s no setor e a aquisição de um carrinho
para, primeiro, evitar que o trabalhador carregue uma quantidade de peso exces-
siva ao permitido e segundo para evitar que o trabalhador tenha contato com os
produtos químicos. Você como gestor, levou o problema à diretoria da empresa,

72
UNICESUMAR

por meio de um relatório, solicitando a aquisição de novos EPI’s para proteger


os trabalhadores e carrinhos para realização do transporte dos produtos. A di-
retoria acatou a solicitação e uma ação foi tomada para realizar um treinamento
para aperfeiçoar os trabalhadores na realização das atividades e a importância
da utilização correta dos novos EPI’s e do equipamento adquirido para auxiliar
nas atividades. Após a aplicação da ação, foi verificado que não houveram novos
afastamentos por motivos de queimaduras por produtos químicos no setor.
Uma outra forma de promover a segurança do trabalho é a realização das
Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT). Esta é uma
forma muito interessante de demonstrar a importância da saúde e segurança das
pessoas, seja no ambiente de trabalho ou em sua vida pessoal. Nesta semana, são
realizadas palestras e atividades para engajar os trabalhadores nas questões de se-
gurança do trabalho. Alguns eventos de SIPAT, realizam simulações de acidentes
de trajeto, de derrame de produtos, de incêndio, primeiros socorros, entre outras
simulações. O intuito é trazer o entendimento e o constrangimento das pessoas
quanto aos danos causados, muitas vezes por um ato ou condição insegura, que
o trabalhador se expõe ou é exposto.
A CIPA é a grande responsável pela organização e realização da SIPAT. Eu,
particularmente organizei e palestrei enquanto presidente da CIPA. São experiên-
cias únicas e exemplos que levamos para a vida inteira, pois cada dia de campanha
em prol da saúde, segurança e qualidade de vida, nos deparamos com situações
das quais achamos que estão resolvidas, só que não.
De acordo com Paoleschi (2009), o objetivo da SIPAT é orientar e conscien-
tizar os trabalhadores sobre a importância da prevenção no que diz respeito às
doenças e acidentes no ambiente de trabalho.
Durante um ano inteiro, muitas informações se perdem ao longo do caminho,
seja por falta de informação, por não praticar constantemente os princípios de
segurança, falta de diálogo sobre segurança no trabalho, entre outros meios possí-
veis. Portanto, eventos como a SIPAT proporcionam aos trabalhadores relembrar
os princípios e requisitos de segurança do trabalho, assim como os valores esque-
cidos. Neste sentido, o importante é fazer com que não seja só o conhecer, mas
praticar e disseminar a segurança para todos (PAOLESCHI, 2009). Os assuntos a
serem abordados nestes eventos devem ser voltados exclusivamente para a saúde
e segurança do trabalho. Os responsáveis pela organização do evento, devem
buscar o envolvimento de todas as áreas da empresa, desde a direção geral até os

73
UNIDADE 2

familiares dos trabalhadores (quando possível). Gostaria de pedir licença a você


para citar um caso que achei muito interessante.
Estava ministrando um treinamento em uma grande empresa e me depa-
rei com a foto da família de um dos trabalhadores estampada em seu capacete.
Perguntei do que se tratava e ele me respondeu com brilho nos olhos e orgulho:

“Todos os meses, a foto da família do trabalhador que atende todos os requi-


sitos de segurança do trabalho, sem nenhuma observação negativa, a empre-
sa homenageia o trabalhador colocando a foto de sua família no capacete,
demonstrando a importância do bem mais precioso que temos”.

As palavras deste trabalhador nunca mais saíram da minha mente e sempre que vou
realizar uma atividade que coloca em risco a vida dos colegas e a minha eu lembro
do relato do trabalhador. Bem, este relato é para demonstrar que, para motivar as
pessoas, não são necessárias grandes ações, mas sim grandes gestos que demons-
tram o quanto elas são importantes, seja para o ambiente de trabalho ou para sua
família. Estes gestos fazem com que os trabalhadores se sintam parte do todo e irão
fazer de tudo para se manterem assim. São por estes motivos que não se devem
promover eventos como a SIPAT como mera formalidade e cumprimento de nor-
mas e legislação, mas como forma de dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos
para prevenir acidentes e doenças ocupacionais. As empresas buscam lucrar com o
trabalho, e neste caso, a empresa o terá também por conta da promoção da saúde,
redução do absenteísmo, aumento da produtividade e na valorização da vida.
Embora o estabelecimento da CIPA, organização de SIPAT, entre outros mé-
todos e ações para promover a saúde e segurança do trabalhador, uma das prin-
cipais causas de acidentes são atribuídas às falhas humanas.

PENSANDO JUNTOS

Você já parou para pensar que, para um acidente de trabalho ocorrer e causar a morte
de um trabalhador, basta um pequeno descuido ou simplesmente desobedecer um pro-
cedimento operacional? De quantos acidentes você já ouviu relatos por estes motivos?

As pessoas, infelizmente, ainda insistem em tentar acelerar o processo, como já


dito anteriormente ou realizar as suas atividades ainda que seja em condição

74
UNICESUMAR

insegura. Deste modo, as falhas humanas são consi-


deradas as grandes vilãs quando se trata de aciden-
tes do trabalho. Uma frase da música “As Aventuras
de Raul Seixas na Cidade de Thor” composta e in-
terpretada por Raul Seixas, me chamou a atenção,
pois faz sentido com esta luta para a redução dos
números de pessoas vítimas de acidentes. A frase
é: “Tem gente que passa a vida inteira travando
a inútil luta com os galhos sem “sabê” que é lá no
tronco que tá o coringa do baralho.”
Quando me deparei com esta frase, comecei a pen-
sar em uma verdade escondida nela, pois, se realmente
queremos que os índices de acidentes e o número de
pessoas afastadas por problemas de saúde física e men-
tal causados pelo trabalho diminuam, devemos ir no
centro da questão e tentar resolver o problema. Um
dos problemas a ser resolvido, está na valorização do
trabalho. Quando digo isto, não me refiro em valores
de salário ou bonificações, mas de campanhas mais
abrangentes em rede nacional, assim como fazem da
AIDS, vacinação de crianças e adolescentes. Desen-
volvimento de campanhas e treinamentos internos
com maior frequência dentro das organizações para
reavivar a memória dos trabalhadores sobre os perigos
e riscos. Buscar maneiras de integrar os trabalhado-
res em um grupo, ainda que setorizado, em ações de
segurança, de forma que ele sinta a responsabilidade
sobre si, sobre os colegas e o ambiente de trabalho. Por
outro lado, fazer com que os trabalhadores cumpram
as regras e procedimentos sobre as atividades desen-
volvidas em sua área de atuação, punindo-os quando
isto não for obedecido e cumprido. Embora você possa
entender como uma forma arrogante e cruel, infeliz-
mente se não houver a punição, em muitos casos, não
há entendimento do certo e do errado, pois tudo pode.

75
UNIDADE 2

Assim, enquanto as pessoas acharem que podem fazer de qualquer maneira, os


acidentes continuarão mutilando, incapacitando e até mesmo matando pessoas.
Isto é algo que nós, prevencionistas, não queremos que aconteça.
No tocante a punição, gostaria aqui de expressar um comentário importante.
Quantas vezes você e eu tivemos e temos até hoje momentos em que precisamos
sofrer uma punição para entendermos que isto ou aquilo não é ou não foi bom, não
é mesmo? A punição no trabalho, quando vem de uma pessoa, seja um colega de
setor ou de um superior, ainda é melhor do que a punição de viver o resto da vida
em uma cadeira de rodas porque teve as pernas amputadas, ou sem poder enxergar
devido a queimadura com ácido, ter que receber comida na boca por um membro
da família porque perdeu as mãos em uma guilhotina. Um pouco trágico, é ver-
dade, porém, necessário para fazer com que você, como profissional de segurança
do trabalho, pense nestas e em outras questões que infelizmente podem ocorrer.
Muito bem, vamos então tratar das questões que envolvem as falhas humanas.
De acordo com Mattos e Másculo (2019), quando um determinado com-
ponente, seja humano ou mecânico (máquinas e/ou equipamentos), de um
sistema realiza uma função de forma inadequada ou não a executa, diz-se que
ele falhou. As falhas representam fatores de riscos, pois na grande maioria das
vezes, os acidentes são oriundos de algum tipo de falha. Os riscos consistem na
identificação das possibilidades de falhas e na adoção de medidas para eliminar,
reduzir a frequência de ocorrência e/ou neutralizar os efeitos. Segundo Mattos e
Másculo (2019, p. 193), são cinco os modos como o trabalhador e/ou máquinas
podem falhar. São eles:


1. Falha de omissão, quando não executa ou executa apenas
parcialmente uma intervenção, tarefa, função ou passo.
2. Falha na missão, quando executa incorretamente uma in-
tervenção, tarefa, função ou passo.
3. Falha por ato estranho ou ação estranha, quando executa
uma intervenção, tarefa, função ou passo que não deveria
ter sido executado.
4. Falha sequencial, quando executa uma intervenção, tarefa,
função ou passo fora da sequência correta.
5. Falha temporal, quando executa uma intervenção, tarefa,
função ou passo fora do momento correto.

76
UNICESUMAR

Com base nestes cinco modos de falhas apresentados, vejamos alguns tipos e
características de falhas que podem ocorrer no ambiente de trabalho.
Falha técnica. Este tipo de falha ocorre quando não tem disponíveis os meios
necessários ou inadequados para exercer a função. Neste caso, se a situação não
for modificada, existe uma grande probabilidade de que esta continue se repe-
tindo. Neste tipo de falha, podem existir de forma randômica ou sistemática. A
randômica, se traduz nos resultados dispersos sem desvios em relação ao valor
desejado, ou seja, a média coincide com o valor verdadeiro, porém a variância
pode ser grande. Já na sistemática, os resultados das médias apresentam os des-
vios em relação ao valor verdadeiro. Um exemplo para as falhas técnicas é a não
utilização de métodos sistemáticos para identificar os riscos.
As falhas de equipamentos podem ser comparadas às falhas humanas, que
de acordo com Mattos e Másculo (2019), descreve como sendo aquelas em que
o equipamento não tem capacidade para realizar a tarefa requerida. Este tipo de
falha é chamada de “Falha T” e pode ocorrer em qualquer tipo de equipamento
nas seguintes situações:
■ O projeto do equipamento não atende a função requerida;
■ As condições para a realização do trabalho se difere do estabelecido em
projeto, tais como: materiais, energia, e ambiente.
■ O equipamento apresenta um estado falho.

Falha por descuido: um descuido, inadvertência ou inconsciência, pode causar


este tipo de falha, pois, segundo Mattos e Másculo (2019), são decorrentes dos
mecanismos inconscientes e automáticos que controlam as ações do ser humano.
Esporadicamente, ainda que se tenha todos os recursos necessários e obedeça to-
dos os requisitos estabelecidos para realizar suas atividades, o homem pode falhar,
afinal, não é perfeito. Esta é uma característica traiçoeira dos fatores de risco que
leva as pessoas a um estado de perplexidade a partir do qual não resultam em
ações eficazes, tais como ultrapassar o sinal vermelho em um determinado cruza-
mento, ainda que seja um motorista profissional com anos de experiência, e que
só percebe o ocorrido após ultrapassar o cruzamento (MATTOS; MÁSCULO,
2019). Deve-se considerar que o ser humano é capaz de realizar a mesma ativi-
dade de várias maneiras, porém nem todas são consideradas seguras. As falhas
por descuido são alavancadas por meio da falta de atenção devido às situações
de baixa tensão ou pelo oposto, onde há confusão das situações de grande tensão.

77
UNIDADE 2

Podemos observar que, quando estamos sob uma determinada pressão, es-
tamos sempre alertas, pois qualquer detalhe pode gerar grandes prejuízos, tanto
para a empresa, quanto para as pessoas. Neste sentido, a tensão psicológica pode
fazer com que haja variação no desempenho das pessoas. Quando estamos sob
baixa pressão, a tendência é que relaxamos e a probabilidade de ocorrer uma
falha por descuido é grande.
Falha consciente: este tipo de falha ocorre por meio da adoção de pro-
cedimentos alternativos, os riscos são maiores do que o procedimento padrão
estabelecido. Podemos comparar este tipo de falha ao ato inseguro, já estudado
na unidade anterior, pois o trabalhador conhece o procedimento seguro já es-
tabelecido e decide realizar a atividade por outros meios, assim, não podemos
caracterizar a falha por descuido, esquecimento ou prática, mas sim por uma
decisão consciente. De acordo com Mattos e Másculo (2019, p. 202), o pensa-
mento do filósofo Montesquieu é muito bem aplicado à prevenção de acidentes.
“Quando vou a um país, não pergunto se esse país tem boas ou más leis, pois boas
e más leis todos os países têm, mas se ele faz cumprir as leis que tem.” Vemos nesta
filosofia de Montesquieu que o que importa é o cumprimento das leis e não se o
país as têm ou não. Se as leis, requisitos e/ou procedimentos não são atendidos
pelos trabalhadores durante a realização das atividades e há uma falha, esta é
considerada como sendo uma falha consciente. Imagine que você esteja saindo
de viagem sem um macaco e chave de rodas no porta malas do carro, entende
que é um risco que corre do pneu furar ou estourar, porém não dá importância
para as consequências, caso o problema ocorra.
Um dos mecanismos que resultam em falhas conscientes, de acordo com
Mattos e Másculo (2019), são atribuídos ao comportamento humano. A ocor-
rência de uma falha, neste sentido, irá depender de basicamente três conceitos
relacionados ao comportamento, sendo estes a atitude, postura e consequências.

■ Atitude: predisposição interna do comportamento, trata-se de um con-


junto de pensamentos e sentimentos que tem seus resultados pautados
em diversos fatores, entre eles os valores, crenças, afetos, entre outros.
Para avaliar as atitudes dos indivíduos é necessário técnicas especiais,
sendo que, ainda que se consiga avaliar a atitude, ainda corre-se o risco
de os resultados apresentarem desvios com relação à realidade dos fatos.
A atitude não é algo que podemos simplesmente olhar o fato e julgar

78
UNICESUMAR

simplesmente, requer uma avaliação mais profunda envolvendo a mente


da pessoa e isso é algo que podemos considerar impossível de se fazer
de uma forma completa e objetiva. As pessoas, entre tantas habilidades,
têm a capacidade de mentir, dizer meias verdades, omitir, dissimular e/ou
enganar o avaliador. No entanto, há de se ter uma certa cautela ao julgar
uma determinada atitude, pois, como diz o ditado popular “as aparên-
cias enganam”. Neste sentido, deve ser realizada uma boa avaliação dos
motivos e causas da falha, para que não se cometa injustiças sobre o fato
ocorrido. Uma atitude impensada diante de uma situação pode gerar um
acidente grave e colocar em risco a vida das pessoas.

■ Postura: como nos comportamos diante de uma atividade de risco, na qual


podemos sofrer lesões às vezes irreparáveis. Ao aprovar ou desaprovar uma
ação, um comportamento, um procedimento, nós dizemos que o responsá-
vel tem uma postura ante à situação. Porém, a postura não é uma garantia
de que o que se está aprovando ou não é a atitude seja coerente com a si-
tuação e nem tampouco com o comportamento. Se você, como um gestor
de segurança, diante de uma situação tiver que adotar uma postura mais
rígida devido um comportamento inadequado de uma pessoa, imposta pela
pressão de seu superior, seu comportamento pode não ser o mais adequado
para com ela. Neste sentido, especialmente para a segurança do trabalho,
a postura dos líderes é importante, porém, mais importante ainda é o seu
comportamento, pois este irá refletir diretamente no comportamento dos
trabalhadores sob seu comando (MATTOS; MÁSCULO, 2019).

■ Consequências: como visto anteriormente, a grande maioria dos aci-


dentes são decorrentes das ações humanas, assim como o controle dos
riscos. As consequências dos acidentes podem ser catastróficas e extre-
mas, pois acidentes não mandam recado, eles simplesmente ocorrem e
quando nos damos conta o problema está instalado. O comportamento
pode ser exemplificado em uma atividade de soldagem, onde o traba-
lhador antes de iniciar as atividades, veste todos os EPIs obrigatórios,
observa o local de trabalho para verificar as substâncias ou objetos que
podem causar um acidente durante a realização de seu trabalho, ins-
talação de sinalização de advertência sobre as condições do trabalho,

79
UNIDADE 2

entre outras ações que porventura sejam necessárias. Os resultados


deste comportamento é a realização de um trabalho seguro e da for-
ma de como o trabalho deve ser realizado corretamente. É interessante
salientar que sempre terá alguém olhando e sua atitude pode gerar o
incentivo para as pessoas que estão à sua volta para que façam o mes-
mo. Comportamentos contrários ao que acabamos de ver, podem ser
danosos, pois nem sempre tem uma única consequência.

A pior das consequências é aquela que vem de uma cultura organiza-


cional, pois esta exerce uma grande influência sobre o comportamento
das pessoas, pois há uma necessidade de serem aceitas pelo grupo. Com
isso ficam à mercê da influência da cultura local. A médio e longo pra-
zo, segundo Mattos e Másculo (2019), o controle cultural deve focar no
objetivo de se obter uma mudança coletiva do comportamento dos in-
divíduos. Havendo a mudança de comportamento e atitude das pessoas
no ambiente de trabalho, certamente haverá uma mudança cultural.

Observe que se atentarmos para as questões que envolvem as ações, atitudes,


comportamentos das pessoas envolvidas em uma organização, podemos concluir
que o trabalho, quando realizado de forma consciente e obedecendo todos os
requisitos e procedimentos estabelecidos pela organização, com certeza a ocor-
rência de acidentes será reduzida consideravelmente e os trabalhadores terão sua
saúde e integridade física garantida.

NOVAS DESCOBERTAS

Título: Tempos modernos.


Ano:1936
Este famoso filme de Charles Chaplin demonstra de forma descontraída o
trabalho diário dentro de uma indústria. Você irá identificar várias situações
de riscos presentes nas atividades desenvolvidas ao longo da jornada de tra-
balho. Assistir este filme é um bom momento para dar uma pausa nos estu-
dos, dar uma relaxada. Portanto, pegue a pipoca, acomode-se em um lugar
confortável, acesse o Qr-code e divirta-se.

80
UNICESUMAR

Diante do conteúdo apresentado nesta unidade, vemos que a construção do co-


nhecimento dos riscos em uma organização pode trazer grandes benefícios para
a segurança do trabalho. Embora a instalação de uma comissão de prevenção de
acidente de trabalho para prevenir e tratar as questões que envolvem os riscos de
acidentes seja necessário em algumas empresas, é importante que a prevenção
seja uma responsabilidade de todas as pessoas, pois como vimos também, as ações
inconsequentes podem gerar consequências desastrosas para todos.
Vimos que a CIPA é organizada e possui uma hierarquia estabelecida e que a
responsabilidade de seus membros vai além de simplesmente identificar e avaliar
riscos, mas é de gerar dados e informações importantes para o desenvolvimento
da gestão de segurança do trabalho.
Também vimos, ainda que brevemente, sobre a importância da SIPAT, pois
as ações desenvolvidas com esta atividade, contribui para a reflexão de todos os
trabalhadores a repensarem os seus conceitos sobre a questão de segurança e o
quanto vale sua saúde e sua vida diante das atividades que desenvolvem.
Aprendemos que as ações e comportamento das pessoas podem influenciar sig-
nificativamente na promoção da segurança do trabalho, pois, quando se estabelece
uma cultura de atendimento aos procedimentos de trabalho na organização, e este é
difundido e compreendido por todos, há uma melhora significativa no rendimento
dos trabalhadores, resultando na maioria dos casos em maior produtividade.

81
Para que você fixe ainda mais os assuntos abordados nesta unidade, sugiro
que desenvolva um mapa mental sobre os aspectos que envolvem os tipos
de riscos a que os trabalhadores estão expostos Para esta atividade, utilize as
palavras-chave: riscos, postura, atitude, comportamento, consequências.
Estabeleça uma relação entre as palavras-chave aos riscos físicos, químicos,
ergonômicos e biológicos.

Químicos

Ergonômicos

TIPOS DE RISCO

Físicos Biológicos

Sugiro para esta atividade a utilização da ferramenta gratuita disponível em:


www.goconqr.com.
1. Uma organização é formada por um grupo de empresas que se unem para desenvolver
atividades em comum e com um único objetivo. Porém uma organização precisa contar
com diversos atores que sustentam as atividades desenvolvidas. Existem alguns tipos
de organização e estas são classificadas de acordo com o número de componentes.

Sobre os tipos de organização, avalie as assertivas a seguir e assinale a alternativa correta.

I - Pequena – de 100 a 150 componentes.


II - Muito pequena – de 2 a 10 componentes.
III - Média – de 100 a 1000 componentes.
IV - Pequena – de 10 a 100 componentes.
V - Média – de 10 a 100 componentes.

É correto o que se afirma:

a) I, II e IV apenas.
b) II, III e V apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) II, IV, e V apenas.
e) I, IV e V apenas.

2. As empresas estabelecem a CIPA devido a exigência da legislação. No entanto, a CIPA


é de fundamental importância para o desenvolvimento de ações de melhoria nas
questões que envolvem a segurança do trabalho na empresa. Sobre a instalação da
CIPA e as atividades desenvolvidas por ela, avalie as afirmativas a seguir e assinale
(V) para verdadeiro e (F) para falso.

I - As diretrizes da CIPA são estabelecidas na norma NR 06.


II - As ações envolvem empregadores e empregados.
III - É obrigatório CIPA em qualquer empresa, independente da quantidade de tra-
balhadores.
IV - Uma das atribuições da CIPA é divulgar aos trabalhadores as informações sobre SST.
V - A instalação da CIPA é dada por meio de processo eleitoral anual.

83
É correto o que se afirma em:

a) F, V, V, F, V.
b) V, F, V, V, F.
c) F, V, V, F, F.
d) F, V, F, V, V.
e) V, V, F, V, V.

3. Os riscos ocupacionais estão presentes em todos os ambientes de trabalho. Alguns


riscos podem ser totalmente eliminados do ambiente, outros necessitam da utiliza-
ção de EPIs ou EPCs para amenizar os impactos causados pelo agente. As radiações
são riscos que possuem características diferentes, podendo ser ionizantes ou não
ionizantes. Sobre as radiações ionizantes e não ionizantes, responda com suas pa-
lavras: O que diferencia as radiações ionizantes das radiações não ionizantes? Cite
um exemplo de cada tipo de radiação.

84
3
Qualidade de
Vida no Trabalho
Me. Juliano Bertolotti Moura

Entender as questões que influenciam o ambiente do trabalho e a


qualidade de vida dos trabalhadores no ambiente interno e externo
das organizações.
UNIDADE 3

A qualidade de vida é algo que as pessoas têm buscado no dia a dia. Práticas
esportivas, mudanças de hábitos alimentares etc., são práticas constantes para
muitos. No trabalho, não é diferente, as pessoas, devido a velocidade com que
as demandas e cobranças ocorrem, tem sido cada vez mais impelidas a buscar
atividades que proporcione uma melhor qualidade de vida.
Em minha experiência profissional na indústria, tive o desprazer de presen-
ciar situações que fizeram com que pessoas fossem afastados do trabalho devido
ao estresse desenvolvido no ambiente de trabalho. Devido a não observância do
gestor sobre as condições de trabalho e as necessidades do trabalhador no setor,
este desenvolveu um distúrbio psicológico decorrente do estresse causado pelo
tipo de atividade desenvolvida no departamento. A responsabilidade exigida de-
vido o tipo de produto fabricado e as várias discussões sobre os riscos presentes
no ambiente, somado às desavenças entre as pessoas, levaram o trabalhador a
ficar afastado de suas atividades na empresa por mais de noventa dias, devido
ao desenvolvimento de uma fobia e pânico ao ambiente de trabalho. Após um
período de tratamento psicológico, o trabalhador tentou voltar à atividade na
empresa, porém sem sucesso, o que levou a pessoa a pedir demissão.

86
UNICESUMAR

Esta é uma história que presenciei, porém, existem tantas outras que não
fazemos ideia do nível de estresse que um trabalhador pode chegar. Já houve
relatos de pessoas que chegam a agredir o colega por ter um nível de estresse
elevadíssimo e devido uma palavra ou gesto, não conseguirem segurar e acabarem
por descarregar a carga emocional sobre a outra ou outras pessoas.
Agora imagine as indústrias que não tem nenhuma estrutura para garantir a
qualidade de vida dos trabalhadores, tais como, um ambiente saudável, forneci-
mento de equipamentos para garantir a segurança do trabalho, gestão de conflitos
no ambiente de trabalho, entre outras ações que possam tornar a permanência
das pessoas no ambiente de trabalho mais saudável.
Você acha que é possível ter qualidade de vida no trabalho nos dias atuais?
O ambiente de trabalho pode ser fonte de diversos agentes que influenciam na
qualidade de vida das pessoas. O tipo de atividade, o ambiente, os colegas, entre
outros aspectos, podem causar danos à saúde do trabalhador e consequentemente
levá-lo ao desenvolvimento de doenças crônicas, físicas e psicológicas que podem
afastá-lo temporariamente ou até mesmo definitivamente do trabalho.
Para que você possa entender um pouco mais sobre esta relação da qualidade
de vida no trabalho, desenvolva uma pesquisa sobre as situações que causam
algum desconforto, tais como irritação, desânimo, estresse, fobia do ambiente de
trabalho, entre outras situações. Pergunte às pessoas de sua família, colegas de
trabalho (caso esteja trabalhando em algum lugar), como é para eles conviverem
com situações que não proporcionam um ambiente de trabalho saudável e, caso
haja situações desconfortáveis, como eles lidam ou lidaram com o problema e o
que o problema influenciou na qualidade de vida.
Aproveite e pesquise também sobre as boas situações que envolvem o am-
biente de trabalho e a satisfação em trabalhar no local, bem como quais os bene-
fícios para a qualidade de vida do pesquisado.
O que o ambiente de trabalho tem a ver com a qualidade de vida? Tudo.
Pare para pensar um pouco e busque em sua memória se houve em sua vida
um momento de estresse? Você consegue se lembrar da carga emocional a que
você esteve exposto? Se você já se deparou com uma situação dessa, você, com
certeza, teve os seus batimentos cardíacos alterados, começou a tremer, faltou um
pouco de ar, ficamos muitas vezes sem reação devido a carga de adrenalina que
nosso corpo desenvolve. Os problemas não param por aí! Veja você que, uma vez
que temos problemas no trabalho, consequentemente há desdobramentos que

87
UNIDADE 3

extrapolam o ambiente de trabalho. As pessoas possuem características e posturas


diferentes quando se deparam com uma situação complexa de relacionamento
ou de estresse no trabalho. Algumas, quando batem o cartão ponto, deixam os
problemas junto ao cartão, outras levam os problemas pelo caminho, para dentro
de suas casas e com isso, os resultados podem ser desastrosos. Neste caso, não só
o relacionamento no ambiente de trabalho é afetado, mas começam a influenciar
no relacionamento familiar. Essa questão deve ser observada com muita atenção,
pois torna-se um ciclo em que os problemas são potencializados e com isso, os
prejuízos para todas as partes podem ser grandes.
Para desenvolver a ação proposta, utilize o seu diário de bordo para anotar
os pontos que você julgou serem os mais relevantes sobre a qualidade de vida
no trabalho.

DIÁRIO DE BORDO

88
UNICESUMAR

Historicamente, não há consenso sobre quando surgiu o conceito de Qualidade


de Vida no Trabalho (QVT). Entende-se que este tema tem sido estudado des-
de o surgimento da Administração Científica de Taylor, entre o final do século
XIX e início do século XX. Taylor sustentava que a administração deveria ter o
objetivo de garantir o máximo de riqueza, tanto para os patrões quanto para os
trabalhadores. Taylor entendia que as pessoas eram movidas apenas por dinheiro,
o foco era pagar salários altos e reduzir os custos de produção, gerando assim uma
organização racional do trabalho. Este período foi marcado pela divisão das tare-
fas, especialização, hierarquia e padronização das atividades (FERREIRA, 2017).
Nos anos de 1930, após o experimento realizado por Elton Mayo e outros
cientistas que contrapunham a Administração Científica de Taylor surge a Escola
das Relações Humanas. Esta escola, trouxe grandes contribuições para a com-
preensão mais integral do ser humano. Nos estudos realizados em Hawthorne
entre os anos de 1927 e 1932, na fábrica da Western Electric Company, em Chi-
cago, destacavam-se os aspectos psicológicos e o bem-estar do trabalhador como
fatores de grande impacto em seu desempenho, bem como nos resultados das
organizações. Eric Trist e outros pesquisadores do Instituto Tavistock, utilizaram
o termo Qualidade de Vida no Trabalho pela primeira vez, no ano de 1950, ao
desenvolverem a abordagem sociotécnica da organização do trabalho. Com este
estudo, os pesquisadores buscavam a melhoria da produtividade, redução dos
conflitos e proporcionar uma vida menos penosa para os trabalhadores, tendo
como base os indivíduos, o trabalho e a organização (FERREIRA, 2017).

89
UNIDADE 3

Barbosa e Barsano (2018, p. 277), definem a qualidade de vida como “todo bem-
-estar físico, psíquico, emocional e social do ser humano”. De acordo com Chia-
venato (2020, p. 170), a qualidade de vida está relacionada “à preocupação com o
bem-estar geral e a saúde dos colaboradores no desempenho de suas atividades”.
Alguns autores europeus desenvolveram outras conceituações dentro da abor-
dagem sociotécnica e da democracia industrial. Assim, como podemos observar,
não basta ter saúde e passar fome, alimentar-se bem e ser obeso, ter dinheiro e
não ter saúde etc. Barbosa e Barsano (2018).
O movimento que impulsiona a QVT, segundo Ferreira (2017), surgiu com
o objetivo de proporcionar o equilíbrio entre o trabalhador e a organização, le-
vando em consideração as exigências e necessidades da tecnologia, bem como as
necessidades dos trabalhadores. Neste sentido, a visão era de adaptar os cargos,
tanto aos trabalhadores quanto à tecnologia da organização. No processo de evo-
lução histórico da QVT, surge em 1950 a Escola Comportamental, que tinha o
objetivo de explicar o comportamento dos trabalhadores por meio da motivação.
Maslow e Herzberg eram dois dos estudiosos dessa escola.
Maslow, desenvolveu a teoria conhecida como “Hierarquia das Necessidades”.
Em sua teoria, Maslow estabelece as cinco necessidades humanas, sendo estas:
fisiológica, segurança, social, autoestima e autorrealização). Para representar sua
teoria, Maslow utilizou uma pirâmide, onde divide sua teoria em fases, conforme

90
UNICESUMAR

o grau de importância. Neste sentido, a teoria mostra que, a partir do momento


em que as pessoas têm uma necessidade satisfeita, a próxima necessidade passa
a ser a mais importante, e assim sucessivamente até que todas as necessidades
sejam supridas. A pirâmide de Maslow pode ser observada na Figura 1 e em cada
parte estão descritas as cinco necessidades humanas.

Autorrealização
(desafios, reconhecimentos)

Autoestima
(autoconfiança,
respeito, status)

Social
(participação e aceitação dos colegas, amizades)

Segurança
(emprego, salário, estabilidade)

Fisiológicas
(alimentação, sono e repouso, abrigo)

Figura 1. Pirâmide de Maslow. / Fonte: Adaptado de Fidélis (2014, p.35)

Descrição da Imagem: a imagem apresenta uma pirâmide dividida em partes coloridas distribuídas de
baixo para cima (verde, azul, laranja, lilás e salmão) “Fisiológicas(alimentação, sono e repouso, abrigo);
Segurança(emprego, salário, estabilidade); Social(participação e aceitação dos colegas, amizades); Autoes-
tima(autoconfiança, respeito, status) e; Autorrealização (desafios, reconhecimentos)” respectivamente.

91
UNIDADE 3

Herzberg, por sua vez, desenvolveu a teoria dos “Dois Fatores”. Nesta teoria, Herz-
berg buscou discutir a motivação a partir do comportamento das pessoas no
ambiente de trabalho. Neste caso, Herzberg defendia que o comportamento era
orientado por dois fatores:
Fatores higiênicos ou extrínsecos: condições oferecidas pela empresa para
evitar a insatisfação dos colaboradores no ambiente de trabalho, como salário,
benefícios, prêmios, condições de trabalho, estabilidade, estilo de liderança, po-
líticas etc. Os fatores higiênicos, quando são oferecidos, atendem às expectativas
dos colaboradores e apenas evitam a insatisfação temporariamente, e, quando
não são oferecidos, causam a insatisfação imediata. São fatores emergenciais que
apenas evitam a insatisfação, mas não provocam a satisfação (FIDÉLIS, 2014)..
Fatores motivacionais ou intrínsecos: estão ligados diretamente com a
importância da posição hierárquica do trabalhador na empresa. Quando o tra-
balhador acredita que suas ações e atividades desenvolvidas são importantes para
as pessoas e para a organização, isso produz sentimentos e reações positivas de
crescimento e desenvolvimento. Herzberg propõe em sua teoria que as organi-
zações procurem “enriquecer as tarefas” ou “enriquecer o cargo” continuamente a
partir do desenvolvimento de atividades desafiadoras que provoquem satisfação
e reforcem o sentimento de crescimento profissional (FIDÉLIS, 2014).
Na década de 1960, o movimento QVT ganhou força, ao surgir, no campo da
administração, a teoria contingencial, cujo preceito básico era da não existência
de um único modelo de gestão e estrutura organizacional. Assim, entendia-se
que cada organização tinha características próprias devido a influência sofrida
por seu entorno, ou seja, concorrência, fornecedores e clientes.
Embora houvesse vários movimentos que buscavam melhorar a qualidade de
vida dos trabalhadores, estes, principalmente nos Estados Unidos, começaram a
se atentar para estas questões somente na década de 1960, pois havia uma preocu-
pação maior dos americanos com os impactos do trabalho na saúde e bem-estar
dos trabalhadores. A busca por melhoria das condições de vida do trabalhador no
ambiente de trabalho fez com que os estudiosos, por meio do desenvolvimento de
pesquisas, ajudassem na criação de leis e órgãos que, até os dias de hoje, buscam
melhorar a qualidade de vida no trabalho (FERREIRA, 2017).
A ciência contribuiu muito para o desenvolvimento da QVT. Algumas destas
contribuições podem ser observadas no Quadro 1.

92
UNICESUMAR

ÁREA DO CONHECIMENTO CONTRIBUIÇÃO

Atua na capacidade de mobilizar recursos


ADMINISTRAÇÃO para atingir resultados em um ambiente com-
plexo, competitivo e mutável.

Percebe o homem como parte integrante e


responsável por preservar os sistemas dos
ECOLOGIA
seres vivos e os insumos disponibilizados pela
natureza.

Considera que os bens são finitos e que sua


distribuição, bem como de recursos e servi-
ECONOMIA
ços, deve considerar a responsabilidade e os
direitos da sociedade.

Elabora formas de produção para otimizar o


armazenamento de materiais, uso da tecno-
ENGENHARIA
logia, organização do trabalho, controle de
processos, entre outros.

Estuda as condições de trabalho e, com base


na medicina, psicologia, motricidade e tecno-
ERGONOMIA
logia industrial, objetiva aumentar o conforto
na operação de trabalho.

Destaca a influência das percepções e pers-


pectivas da vida de cada pessoa em seu traba-
PSICOLOGIA lho, bem como a importância das necessida-
des individuais para o envolvimento com o
trabalho.

Atua sobre o controle de doenças e busca a


preservação da integridade física, mental e so-
SAÚDE
cial da pessoa, gerando avanços biomédicos e
maior expectativa de vida.

Ressalta a dimensão simbólica do que é cons-


truído e compartilhado socialmente, apresen-
SOCIOLOGIA
tando suas implicações nos vários contextos
culturais e antropológicos da empresa.

Quadro 1. Contribuições científicas para o QVT/ Fonte: Adaptado de Ferreira (2017, p. 114).

93
UNIDADE 3

Trabalho Vida
Carreira Família
Negócios Saúde

Originalmente, a palavra trabalho vem do latim “Tripalium”, que significa “três


madeiras”. Este é o nome dado para um instrumento que continha três estacas
de madeira afiadas, utilizado para torturar as pessoas presas ou que deviam
impostos (GRAMMS; LOTZ, 2017). De acordo com Cassar (2010, p. 3), o tra-
balho pode ser definido como sendo “[...] toda energia física ou intelectual
empregada pelo homem com a finalidade produtiva”. Neste sentido, segundo
Gramms e Lotz (2017), os trabalhos não são iguais, pois uns demandam de um
maior investimento de energia física, enquanto que outros, demandam altos
níveis de energia intelectual. Alguns trabalhos são remunerados, enquanto que
outros não, neste caso o trabalho voluntário.
A segurança do trabalho, além das questões físico e ambiental, aborda tam-
bém o bem-estar psicológico e social. De acordo com Chiavenato (2020), exis-
tem duas posições antagônicas, sendo a primeira relacionada às reivindicações
dos trabalhadores quanto ao bem-estar e satisfação no trabalho e a segunda, diz
respeito aos interesses das organizações quanto aos resultados positivos e poten-
ciadores sobre a produtividade e a qualidade no trabalho.
A qualidade de vida no trabalho, de acordo com Gramms e Lotz (2017, p.19),
é definida como: “[...] conjunto de estratégias que têm como objetivo diagnosticar,
promover, acompanhar, e monitorar ações para a saúde, o bem-estar e a satisfação

94
UNICESUMAR

do profissional”. Já para a World Health Organization (WHO) a qualidade de vida é


definida como: “[...] percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto
da cultura e do sistema de valores no quais ele vive em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações” (WHOQOL Group, 2012, p.11). Podemos
dizer que a qualidade de vida diz respeito ao bem-estar físico, funcional, emocional
e mental das pessoas no trabalho e no seu convívio social familiar e entre amigos.
Portanto, é importante estar atento ao estado físico, mental e social, pois a qualidade
de vida das pessoas não diz respeito somente ao acometimento de doenças.
De acordo com Limongi-França (1996), a QVT envolve três abordagens:


    
  

programas de qualidade  preservação, prevenção,
total, incluindo a captação, motivação correção ou reparação dos
ISO 9001, e os e desenvolvimento fatores humanos e
métodos de gestão do trabalhador; e ambientais que eliminam
focados nos os riscos nas condições
clientes; do trabalho.

De acordo com as definições apresentadas, podemos avaliar a qualidade de vida


de um trabalhador em qualquer setor da economia. Neste caso, as empresas em-
pregam a mão-de-obra para alcançar os seus objetivos de produtividade, lucra-
tividade, competitividade no mercado, bem como a sustentabilidade. Uma das
formas de garantir que estes objetivos sejam alcançados é o investimento em
planos estratégicos que promovam a saúde, o bem-estar, e a satisfação no trabalho
para todo o capital humano e intelectual das empresas ou organizações.
Neste caso, a visão biopsicossocial é muito importante, pois, de acordo com
Gramms e Lotz (2017), durante muitos anos, a visão era de que o homem é apenas
um animal racional, esta visão foi ampliada para um homem que, além de ser
racional, tem sentimentos e necessidades em várias áreas da sua vida.
De acordo com Gramms e Lotz (2017), há três dimensões que compõem a
perspectiva sistêmica biopsicossocial do homem. São elas:

95
UNIDADE 3


é formada por elementos que
envolvem o pensamento, memória,
raciocínios, emoções, sentimentos e crenças
que compõem o mapa de referência das pessoas
que determinam a forma pela qual se registra,
interpreta, dá sentido e significado às informações,
bem como a forma comoreagem às ocorrências,
pessoas e as circunstâncias. Atribui-se a
estes aspectos a personalidade que é expressa
pelo comportamento e influenciada pelas
instâncias conscientes e inconscientes.


envolvem a vida em grupo e a relação
com as demais pessoas, tais como familiares,
amigos, colegas de trabalho e comunidade
que está inserido.

 
a espiritualidade também deve ser
considerada neste aspecto, pois, as pessoas
têm a necessidadede ligar-se a forças que o
transcendem. Esta ligação do homem com as
questões espirituais os fazem se conectar a
emoções positivas em relação
ao futuro, por meio da fé e da esperança. Neste
sentido, a espiritualidade faz com que
sejam canalizadas energias
e emoções positivas e impulsionadoras,
que potencializam melhoria da
qualidade de vida.

96
UNICESUMAR

Além das três dimensões apresentadas, podemos atribuir fatores objetivos e


subjetivos que influenciam na “qualidade de vida” das pessoas. Os fatores obje-
tivos são determinados pelas condições de vida associadas aos fatores econô-
micos e sociais, tais como renda, escolaridade e moradia. Já os fatores subjetivos
são determinados pelo “estilo de vida” das pessoas, associados aos hábitos que
impactam de forma direta em seu bem-estar, tais como alimentação, práticas
de atividade física e o sono (GRAMMS; LOTZ, 2017). O Quadro 2, apresenta
alguns dos domínios da qualidade de vida.

DOMÍNIO CARACTERÍSTICAS

Engloba o quadro clínico das pessoas (presença ou au-


sência, gravidade ou intensidade de doença orgânica
FÍSICO demonstrável) e os hábitos que ele adota ao longo da
vida (alimentação, atividades físicas etc.) e a não adoção
de hábitos nocivos à saúde.

Capacidade de gerenciar as tensões e o estresse, a au-


EMOCIONAL
toestima e o nível de entusiasmo em relação à vida.

Qualidade e harmonia nos relacionamentos envolven-


SOCIAL
do família, amigos, trabalho etc.

Nível de satisfação com relação ao trabalho, no desen-


PROFISSIONAL volvimento profissional e no reconhecimento do valor
do trabalho realizado.

Oportunidade de utilizar a capacidade de criação e as


possibilidades de expandir os conhecimentos perma-
INTELECTUAL
nente, de modo a partilhar o potencial interno com as
demais pessoas.

Diz respeito ao envolvimento do propósito de vida ali-


ESPIRITUAL cerçado em valores e ética, associado a pensamentos
positivos e otimismo.

Quadro 2. Domínios da qualidade de vida/ Fonte: Adaptado de Gramms e Lotz (2017, p. 26)

97
UNIDADE 3

Vemos no Quadro 2, que em cada área de domínio do ser humano existem ca-
racterísticas que podem fazer com que as pessoas se desenvolvam em um sentido
positivo ou negativo, e este sentido pode ser alterado de acordo com o qualidade
no atendimento de suas necessidades mais urgentes ou a longo prazo.
Há também a dimensão biológica, que diz respeito aos aspectos físicos do
corpo, tais como: anatomia, fisiologia, bem como as funções e disfunções dos
vários órgãos e a inter-relação dos sistemas. Além das questões físicas, também
são consideradas as características adquiridas pelas pessoas ao longo da vida que
são influenciadas por hábitos alimentares, atividades físicas, entre outros fatores
(GRAMMS; LOTZ, 2017). Abordaremos as questões dos hábitos das pessoas
posteriormente com maiores detalhes.
O Quadro 3 apresenta o processo de evolução do conceito da qualidade de
vida no trabalho.

CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS
CARACTERÍSTICAS OU VISÃO
DO QVT

Reação do indivíduo ao trabalho. Inves-


1. QVT como uma variável
tigava-se como melhorar a qualidade de
(1959 a 1972)
vida no trabalho para o indivíduo.

O foco era o indivíduo antes do resultado


2. QVT como uma abordagem organizacional; mas, ao mesmo tempo,
(1969 a 1974) buscava-se trazer melhorias tanto ao
empregado como à direção.

Um conjunto de abordagens, métodos


ou técnicas para melhorar o ambiente de
trabalho e tornar o trabalho mais pro-
3. QVT como um método dutivo e mais satisfatório. QVT era vista
(1972 a 1975) como sinônimo de grupos autônomos
de trabalho, enriquecimento de cargo ou
desenho de novas plantas com integração
social e técnica.

98
UNICESUMAR

CONCEPÇÕES EVOLUTIVAS
CARACTERÍSTICAS OU VISÃO
DO QVT

Declaração ideológica sobre a natureza


do trabalho e as relações dos trabalhado-
4. QVT como um movimento res com a organização. Os termos “ad-
(1975 a 1980) ministração participativa” e “democracia
industrial” eram frequentemente ditos
como ideais do movimento de QVT.

Como panaceia contra a competição


estrangeira, problemas de qualidade,
5. QVT como tudo
baixas taxas de produtividade, problemas
(1979 a 1982)
de queixas e outros problemas organiza-
cionais.

No caso de alguns projetos de QVT fra-


6. QVT como nada (futuro) cassarem no futuro, não passará de um
“modismo” passageiro.

Quadro 3. Evolução da QVT/ Fonte: Fernandes (1996, p. 42).

No Quadro 3, podemos observar que a qualidade de vida tem sido observada há


muitos anos. Ao olharmos para a evolução da QVT e fazer uma reflexão do que
ocorre nos dias atuais, vemos que, embora a QVT tenha melhorado em vários
segmentos, ainda há muito o que evoluir nas questões que a envolvem.
Bem, falamos sobre algumas questões que envolvem o ser humano. Vamos então
tratar dos assuntos que envolvem as pessoas e a “Qualidade de Vida no Trabalho”.
A qualidade de vida no trabalho expressa a experiência que vive uma pessoa
no trabalho. Para Limongi-França (1996, p. 143), QVT é definida como “[...] o
conjunto de ações de uma empresa que envolvem a implantação de melhorias e
inovações gerenciais, tecnológicas e estruturais no ambiente de trabalho”. Embora
a QVT historicamente esteja mais fortemente associada às questões de saúde e
segurança no trabalho, este conceito e práticas passaram a identificar e sinalizar
a emergência de habilidades, atitudes e conhecimentos que estão relacionados a
outros fatores, englobando associações com produtividade, experiências, com-
petências gerenciais e integração social (LIMONGI-FRANÇA, 1996).

99
UNIDADE 3

Nos dias atuais, de acordo com Gramms e Lotz (2017), a abordagem da


QVT considera as condições globais dos locais de trabalho, dando ênfase ao
cargo, o relacionamento entre as pessoas, setores e políticas organizacionais.
Assim, o foco que anteriormente estava no combate ao estresse e ao sedenta-
rismo, passou a envolver o equilíbrio entre o trabalho e o lazer, ultrapassando
os limites internos das organizações e passando a envolver as questões voltadas
ao bem-estar das pessoas como um todo.

PENSANDO JUNTOS

O primeiro pensamento que me ocorre quando penso em trabalho é o sentimento de


satisfação, alegria, gratidão, misturado com cansaço, esforço, frustração, entre outros
sentimentos. E você, o que lhe vem à mente quando pensa na palavra trabalho?

100
UNICESUMAR

As pessoas, quando motivadas, tendem a ser mais participativas nos trabalhos


que desenvolvem. Para Chiavenato (2020), o sucesso das organizações depende
principalmente da otimização do potencial humano, e isso está diretamente li-
gado à satisfação das pessoas no trabalho. A QVT é desenvolvida com elementos
complexos e que envolve a multidisciplinaridade. Neste sentido, há uma série de
fatores que influenciam diretamente na QVT, que segundo Chiavenato (2020, p.
170), podem ser considerados como alguns dos mais importantes:

■ Satisfação com o trabalho executado.


■ Possibilidades de futuro na organização.
■ Reconhecimento pelos resultados alcançados.
■ Salário percebido.
■ Benefícios auferidos.
■ Relacionamento humano dentro da equipe e da organização.
■ Ambiente psicológico e físico de trabalho.
■ Liberdade de atuar e responsabilidade de tomar decisões.
■ Possibilidades de estar engajado e de participar ativamente.

Os conceitos de QVT são complexos e abrangentes e por este motivo está sujeito
às variáveis do trabalhador, à sua crença, à cultura, valores, assim como as ques-
tões que envolvem a organização onde trabalha, que de certa forma afetam as
mesma variáveis (ROSSETE, 2015).
Existem alguns modelos de QVT que podem ser utilizados nas organiza-
ções. Segundo Chiavenato (2020), as atividades e o clima organizacional re-
presentam fatores importantes e determinantes para a qualidade de vida das
pessoas, pois, se a qualidade do trabalho for pobre, irá levar as pessoas a um
estado de alienação e consequentemente à insatisfação, má vontade, perda de
produtividade, atitudes contraproducentes, tais como absenteísmo, rotativida-
de, furto, sabotagem, entre outros problemas. Por outro lado, quando a quali-
dade do trabalho é alta, aumenta o clima de confiança, respeito mútuo, onde as
pessoas tendem a aumentar as contribuições e aumentar as suas oportunidades
de êxito psicológico. Com isso, a gestão é conduzida a desenvolver ações para
reduzir a rigidez dos mecanismos de controle social.
A seguir, de acordo com Chiavenato (2020), são apresentados quatro modelos
de QVT que podem ser aplicados nas organizações.

101
UNIDADE 3

■ Modelo I - Nadler e Lawler: neste modelo os autores entendem que há


quatro aspectos fundamentais que à medida com que vão sendo imple-
mentados ou incrementados, há uma melhoria percebida na QVT. Estes
aspectos são:

1. Participação dos colaboradores: decisões que afetam os traba-


lhadores.
2. Reestruturação do trabalho: enriquecimento de tarefas e adoção
de grupos autônomos de trabalho.
3. Inovação no sistema de recompensas: influência no clima or-
ganizacional.
4. Melhoria no ambiente de trabalho: condições físicas e psicoló-
gicas e flexibilidade no horário e local de trabalho.

■ Modelo II - Hackman e Oldhan: os autores entendem que as dimen-


sões do trabalho produzem situações em que os trabalhadores são atin-
gidos por fatores psicológicos críticos que levam a resultados pessoais e
de trabalho que afetam a QVT. Por oferecerem recompensas intrínsecas
que levam à satisfação no trabalho, fazendo com que os trabalhadores se
automotivem na realização de suas atividades. De acordo com Chiavenato
(2020, p. 171), as dimensões do trabalho abordadas no modelo apresen-
tado por Hackman e Oldhan são:

■ Variedade de habilidades: o trabalho deve requerer várias e dife-


rentes habilidades, conhecimentos e competências da pessoa.
■ Identidade da tarefa: o trabalho deve ser realizado do início até
o fim, para que a pessoa possa perceber que produz um resultado
palpável e integrado.
■ Significado da tarefa: a pessoa deve ter uma clara percepção de
como o seu trabalho produz consequências e impactos sobre o tra-
balho das outras.
■ Autonomia: a pessoa deve ter responsabilidade pessoal para pla-
nejar e executar as suas tarefas, autonomia própria e independência
para desempenhar.

102
UNICESUMAR

■ Retroação do próprio trabalho: a tarefa deve proporcionar infor-


mação de retorno à pessoa para que ela própria possa autoavaliar o
seu desempenho.
■ Retroação extrínseca: deve haver o retorno proporcionado pelos
superiores hierárquicos ou clientes a respeito do desempenho na
tarefa.
■ Inter-relacionamento: a tarefa deve possibilitar contato interpes-
soal do ocupante com outras pessoas ou com clientes internos e
externos.
■ Modelo III - Walton: para o autor, existem oito fatores que afetam a QVT.
A estes oito fatores, são atribuídas vinte e quatro dimensões, conforme
apresentado no Quadro 4.

Fatores de QVT: Dimensões:

1.Renda (salário) adequada ao trabalho


1.Compensação justa
2.Equidade interna (compatibilidade interna)
e adequada
3.Equidade externa (compatibilidade externa)

2.Condições de se-
4.Jornada de trabalho
gurança e saúde no
5.Ambiente físico (seguro e saudável)
trabalho

6.Autonomia
3.Utilização e desen- 7.Significado da tarefa
volvimento de capaci- 8.Identidade da tarefa
dade 9.Variedade de habilidades
10.Retroação e retro informação

4.Oportunidades de 11.Possibilidades de carreira


crescimento e segu- 12.Crescimento profissional
rança 13.Segurança do emprego

103
UNIDADE 3

Fatores de QVT: Dimensões:

14.Igualdade de oportunidades
5.Integração social na
15.Relacionamentos interpessoais e grupais
organização
16.Senso comunitário

17.Respeito às leis e direitos trabalhistas


6.Garantias constitu- 18.Privacidade pessoal
cionais 19.Liberdade de expressão
20.Normas e rotinas claras da organização

7.Trabalho e espaço
21.Papel balanceado do trabalho na vida pessoal
total de vida

22.Imagem da empresa
8.Relevância social da
23.Responsabilidade social pelos produtos/serviços
vida no trabalho
24.Responsabilidade social pelos empregados

Quadro 4. Oito dimensões da QVT de Walton/ Fonte: Chiavenato (2020, p. 112)

■ Modelo IV - Chiavenato: para o autor, todo modelo desenvolvido para


a qualidade de vida no trabalho deve envolver um conjunto integrado
de variáveis que possibilitem abordar os principais determinantes do
bem-estar das pessoas. Neste sentido, Chiavenato apresenta seu modelo
contendo cinco fatores para diagnosticar a QVT.

» FATORES DE PRIMEIRA ORDEM: estão imediatamente relacionados


com o papel do trabalhador enquanto atua na organização. Referem-se
às características do trabalho e representam as atividades realizadas dia-
riamente na empresa.

104
UNICESUMAR

» Trabalho (atividade em si): representa a atividade básica e cotidiana


do trabalhador, podendo ser o cargo ocupado ou o papel exercido na
equipe de trabalho.

» FATORES DE SEGUNDA ORDEM (entorno imediato): estão relaciona-


dos com o entorno imediato ao redor do indivíduo e seus relacionamentos
sociais imediatos, diretos e circundantes da atividade da pessoa, tais como:
» Superior imediato: o relacionamento com o superior direto tem gran-
de influência na maneira como o trabalhador age e reage frente às
circunstâncias do seu trabalho.
» Fornecedor interno: o relacionamento com o fornecedor interno têm
poderosa influência sobre o indivíduo.
» Cliente interno: o relacionamento com o cliente interno faz parte do
conjunto de fatores que podem influenciar no desenvolvimento das
atividades laborais e consequentemente no relacionamento.
» Subordinados: pessoas que se subordinam diretamente ao indivíduo
e que dele recebem supervisão direta.

» FATORES DE TERCEIRA ORDEM (entorno imediato): se referem


ao entorno mediato que circunda o trabalhador durante a sua atuação
na organização, tais como:
» Diretrizes e políticas da empresa
» Amizades e colegas
» Ambiente psicológico
» Ambiente físico
» Remuneração fixa ou variável e benefícios auferidos
» Clientes externos

» FATORES DE QUARTA ORDEM (percepções individuais): são os fa-


tores decorrentes das percepções, atitudes, comportamento do indivíduo
em função de suas expectativas, necessidades e objetivos pessoais e quan-
to às suas atividades na organização:
» Imagem da empresa: corresponde à maneira pela qual o indivíduo
percebe sua organização como satisfatória ou insatisfatória.

105
UNIDADE 3

» Satisfação pessoal: é o grau de adequação entre as expectativas do in-


divíduo e as da organização.
» Autonomia: representa o grau de independência e de critério pessoal
que o indivíduo tem para planejar e executar seu trabalho. Quanto
maior a independência, maior sua liberdade para escolher o método
de trabalho, equipamentos, intervalos de trabalho.
» Variedade das tarefas: representa o grau de diversidade de habilidades
que o indivíduo pode utilizar no desempenho de seu trabalho. Quanto
maior a variedade, tanto mais numerosas as habilidades solicitadas e
tanto menor a rotina.
» Identidade com o trabalho: significa o grau em que o indivíduo exe-
cuta uma unidade integral do trabalho, ou seja, uma tarefa completa
e abrangente e, com isso, poder identificar claramente os resultados
de seus esforços como uma realização sua. Quanto maior essa identi-
dade, mais a pessoa se sente dona do local de trabalho ou do próprio
trabalho realizado.
» Retroação: representa o grau de informação de retorno que o indiví-
duo recebe para avaliar a eficiência de seus esforços na produção de
resultados.
» Reconhecimento: é o grau em que percebe que seu trabalho é avaliado
e recompensado.
» Perspectiva de futuro: é o grau em que se percebe a existência de opor-
tunidades de crescimento pessoal e intelectual.
» Autorrealização: é o grau em que se percebe seu efetivo crescimento
pessoal e intelectual (CHIAVENATO, 2020, p. 173).

» FATORES DE QUINTA ORDEM (entorno organizacional): fatores in-


ternos que estão distantes do dia a dia do trabalhador, porém tem grande
influência em seu comportamento e atitude:
» Missão organizacional
» Visão organizacional
» Cultura organizacional
» Estrutura organizacional

106
UNICESUMAR

» Valores e princípios
» Estilo de gestão
» Estratégia organizacional

Vemos nestes modelos que o objetivo é fazer com que os trabalhadores tenham
um ambiente saudável, com um bom relacionamento interpessoal, que tenha o
entendimento dos objetivos traçados pela organização e que estejam motivados
para que os objetivos sejam alcançados. O importante é que ambas as partes,
empregador e empregado, estejam satisfeitos com as condições de trabalho e que
suas necessidades sejam atendidas satisfatoriamente.
Tendo os modelos definidos, estes devem ser implementados. As fases de
implementação da QVT, segundo Pereira (2020, p. 249), são:


a) Sensibilização: fase em que representantes da organização, do sin-
dicato e consultores trocam suas respectivas visões sobre o conjunto
das condições de trabalho e seus efeitos sobre o funcionamento da
organização e buscam juntos os meios de modificá-los.
b) Preparação: fase em que são selecionados os mecanismos insti-
tucionais necessários para a condução da experiência, formando-se
a equipe do projeto e estruturando os modelos e os instrumentos
a serem utilizados.
c) Diagnóstico: fase que compreende dois aspectos – a coleta de
informações sobre a natureza e funcionamento do sistema técnico,
e o levantamento do sistema social em termos da satisfação que os
trabalhadores envolvidos experimentam sobre suas condições de
trabalho.
d) Concepção e implantação do projeto: à luz das informações
colhidas na etapa precedente, a equipe do projeto dispõe de um
perfil bastante preciso da situação e estabelece as prioridades e um
cronograma de implantação da mudança relativa a aspectos que se
mostraram passíveis de melhorias quanto a:
• tecnologia: métodos de trabalho, fluxos, equipamentos etc.;
• novas formas de organização do trabalho: equipes semiau-
tônomas autogerenciadas;
• métodos de gestão: supervisão, tomada de decisão, controle
de execução etc.;

107
UNIDADE 3

• práticas e políticas de pessoal: formação, treinamento, ava-


liação, reclassificação, remanejamento e remuneração;
• ambiente físico: segurança, higiene, fatores de estresse etc.
e) Avaliação e difusão: embora a avaliação imediata de tais projetos
constitua uma tarefa difícil pela dificuldade de obter informações
confiáveis, é necessária para prosseguir a implantação das mudanças
além do grupo experimental, bem como para posterior difusão para
os outros setores.

A implementação de uma gestão da QVT de forma organizada é fundamental para


garantir que o modelo escolhido pela organização seja estabelecido de acordo com
os requisitos e necessidades, tanto para a organização quanto para as pessoas. Neste
sentido, Ferreira (2017), apresenta um fluxograma onde é descrito o ciclo para a
implementação de um programa de QVT, conforme observado na Figura 2.

Diagnóstico

Avaliação de
Planejamento
resultados

Implantação

Figura 2. Ciclo dos programas de QVT. / Fonte: Ferreira (2017, p.125).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta quatro retângulos com textos que representam as etapas
de um ciclo de implementação de um programa de QVT. Iniciando pelo retângulo da esquerda no sentido
horário, as etapas são: Avaliação de resultados; Diagnóstico; Planejamento e, por fim Implantação. Os retân-
gulos estão ligados por setas no sentido horário que determinam o fluxo de implementação do programa.

108
UNICESUMAR

A QVT, de acordo com Chiavenato (2020), é um desafio para os ambientes atuais


das organizações e tem como parte de seu desenvolvimento a Gestão do Talento
Humano (GHT). Alguns indicadores advindos da QVT influenciam de forma
significativa na satisfação das pessoas, sendo eles:
■ Significado da tarefa: a importância do seu trabalho tal como é perce-
bida pelo trabalhador.
■ Retroação recebida: feedback dos pares e superiores em relação ao seu
desempenho.
■ Autonomia: percepção da importância do trabalhador para empresa por
meio da liberdade nas tomadas de decisões.
■ Meritocracia: e igualdade de oportunidades percebida pelo trabalhador
sobre seu crescimento profissional é o que vale para o seu futuro.
■ Compensação justa e adequada: sentimento de satisfação do trabalha-
dor com suas recompensas quando as consideram justas e adequadas.
■ Integração social: aceitação, amizades e camaradagem entre os colegas
no ambiente de trabalho.
■ Balanço: equilíbrio entre o trabalho e o espaço de vida do colaborador.

109
UNIDADE 3

Ao olhar para a QVT de um modo sistêmico e amplo, vemos que se trata de uma
perfeita dosagem de união de talentos envolvidos e empoderados com elementos
fundamentais de uma organização, tais como trabalho em equipe, cultura organi-
zacional e gestão democrática e participativa. Neste caso, programas de bem-estar
podem ser adotados pelas organizações que buscam prevenir os problemas que
envolvem a saúde de seus trabalhadores. Neste sentido, os programas de bem-
-estar partem do reconhecimento dos efeitos causados sobre o comportamento
e estilo de vida dos trabalhadores fora do ambiente de trabalho. Estes efeitos
contribuem para o engajamento das pessoas em formas de melhorar seus padrões
de saúde, bem como reduzir os custos com a saúde dos trabalhadores. De acordo
com Chiavenato (2020), um programa de bem-estar é composto normalmente
por três componentes. São eles:

■ Ajudar os trabalhadores na identificação dos potenciais riscos à saúde;


■ Educar os trabalhadores no que diz respeito aos riscos de saúde, tais como
pressão arterial elevada, tabagismo, obesidade, dieta pobre, estresse, entre
outros.
■ Encorajar os trabalhadores a mudar o estilo de vida por meio de exercí-
cios, aconselhamento, orientação, alimentação saudável e monitoramento
das condições de saúde.

NOVAS DESCOBERTAS

Assista acessando o Qr-Code, o vídeo finalista do Prêmio Ser Humano 2012,


promovido pela Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Ja-
neiro, na categoria de trabalho acadêmico, ele traz uma abordagem da qua-
lidade de vida sob a visão de quatro profissionais que vivem, praticam e
disseminam a QVT.

Ainda que se tenha um ambiente de trabalho saudável e agradável, trabalhar é uma


atividade que nos leva a situações que nos tiram a paz, nos levam a altos níveis de
estresse emocional e físicos. Porém, não é só o estresse a causa dos problemas das
pessoas, a qualidade de vida pode ser afetada por hábitos e vícios aos quais vão
sendo adquiridos ao longo da vida, tais como alimentação inadequada, tabagismo,
alcoolismo, drogas, entre outros. Neste sentido, em uma avaliação rápida, por minha

110
UNICESUMAR

própria experiência vivida nas indústrias como gestor,


a maioria das pessoas com quem trabalhei, sofriam de
algum tipo de problema que interferia em sua convi-
vência social e/ou no desempenho de suas atividades.
Agora, será que as pessoas estão preparadas para su-
perar os seus problemas no trabalho sozinhas? Esta é
uma pergunta que temos que ter em nossa mente o
tempo todo, pois, você e eu podemos ser agentes de
mudanças e de auxílio para estas pessoas. É claro, não
somos especialistas em psicologia e medicina, mas
somos pessoas que têm suas experiências pessoais e
profissionais, e que podem, em algum momento, ceder
o ouvido para que as pessoas possam desabafar os seus
problemas. Lembre-se que em muitos casos, o que as
pessoas precisam não é de dinheiro e nem conforto,
mas sim de um amigo para poder conversar.
Vamos entender um pouco sobre o estresse, há-
bitos e vícios descritos acima.
Primeiramente, vamos falar do problema chama-
do de “o mal do século”... O Estresse!
Esta doença, segundo Ferreira (2017), pode ser
compreendida como “qualquer tipo de aflição ou
cansaço do corpo e da mente”. Portanto, trata-se de
uma reação da pessoa a uma adaptação, podendo ge-
rar sintomas físicos, psicológicos e comportamentais.
O processo de estresse ocorre por meio de es-
tímulos provenientes de um mundo interno (pen-
samentos, sentimentos, emoções, fantasias, entre
outros), de um mundo externo (meio socioeconô-
mico-cultural, trabalho, entre outros) (FRANÇA;
RODRIGUES, 2013). O conceito de estresse ocupa-
cional, segundo Másculo e Vidal (2013), oferece um
viés concreto para incrementar dados contundentes
em prol das ações desenvolvidas para promover a
saúde mental e o bem-estar no trabalho.

111
UNIDADE 3

As causas do estresse ocupacional tem suas raízes nas grandes demandas geradas
nas organizações, fazendo com que se torne o ponto fundamental para a quali-
dade de vida do trabalhador, para as empresas e demais áreas que envolvem as
atividades produtivas. No que diz respeito à inclusão deste tema na comunidade
científica, o termo stress, segundo Másculo e Vidal (2013), remonta ao séc. IV, e
significa “esforço intenso”. Na física, diz respeito ao estudo da resistência dos ma-
teriais. Ao fazermos uma analogia do estresse ocupacional com a resistência dos
materiais, temos a “estrutura” como objeto do estresse, o “esforço” como a tentativa
de adaptação às necessidades e exigências do trabalho, as “deformidades” como
os prejuízos sofridos na capacidade de resposta cognitiva, física ou emocional.
Hans Selye, foi o primeiro pesquisador sobre estresse. Suas pesquisas foram
iniciadas na década de 1930, e denominada como “Síndrome Geral de Adap-
tação”. Esta síndrome é decorrente da exposição do organismo a uma situação
ameaçadora que interfere na manutenção do seu equilíbrio, conhecido também
como “homeostase” - capacidade do organismo de manter as características fí-
sico-químicas constantes dentro de um determinado limite (GRAMMS; LOTZ,
2017). Existem três fases para o estresse:

112
UNICESUMAR

Fase de alarme: ao estar diante de um agente estressor, a pessoa perde seu


homeostase, provocando alterações no organismo, tais como o aumento da fre-
quência cardíaca e pressão arterial.
Fase da resistência: ao manter-se exposto ao agente estressor, o organismo
busca se adaptar à situação, causando também uma série de mudanças no orga-
nismo. A tensão se acumula e produz a redução do bem-estar e alterações com-
portamentais. O organismo, nesta fase, tende a buscar a adaptação para este novo
cenário e o estresse passa a ser canalizado para algum órgão ou sistema, fazendo
com que surjam: ulcerações, alteração no apetite, dificuldade de concentração,
isolamento, angústia, apatia, entre outros fatores que fazem com que as pessoas
não consigam dialogar.
Fase de exaustão: ocorrência de falhas nos mecanismos, adaptação, fato que
promove o esgotamento por sobrecarga fisiológicas, resultando na quebra total
da resistência. Nesta fase as doenças graves ocorrem e é comum aumentar as es-
truturas linfáticas e exaustão psicológica, manifestação por depressão e exaustão
física, sendo estas apresentadas na forma de doenças, podendo ter como resultado
final a morte do indivíduo.

PENSANDO JUNTOS

Quantas situações de estresse você viveu ou presenciou em sua vida? Qual foi a que mais
deixou marcas? Tente se lembrar da sensação vivida no momento.

De uma forma geral, existe uma tendência que deve ser considerada quando o as-
sunto é o estresse ocupacional como um processo que envolve fatores estressores e
as respostas aos mesmos. Há um consenso entre os estudiosos de que os impactos
do ambiente de trabalho sobre as pessoas são advindos das percepções dos pró-
prios empregados, ou seja, para que algo seja um agente estressor na organização,
este deve ser percebido como tal pelo trabalhador. Assim, segundo Ferreira (2017,
p. 120), o estresse ocupacional pode ser definido como “um processo em que o
indivíduo percebe demandas do trabalho como estressores que, ao excederem sua
habilidade de enfrentamento, provocam no sujeito reações negativas”.
Existem algumas condições de trabalho que podem contribuir para o desen-
volvimento do estresse. Estas condições são apresentadas no Quadro 5.

113
UNIDADE 3

CONDIÇÕES DE TRABALHO

Desenho das tarefas inadequado

Estilo de gerenciamento esquizofrênico ou opressor

Relações interpessoais ruins

Papéis no trabalho mal definidos ou superpostos

Falta de estabilidade

Condições do ambiente físico inadequadas ou perigosas

Quadro 5. Fatores psicossociais que contribuem para o surgimento do estresse.


Fonte: Adaptado de Ferreira (2017, p. 121).

Como meio de resposta ao estresse, Ferreira (2017), descreve três: fisiológicas,


psicológicas e/ou comportamentais. Estes meios de respostas são inter-relacio-
nados, podendo ser impactadas pelas demais. Vejamos algumas das respostas
prejudiciais a que estão sujeitos os trabalhadores expostos ao estresse.

■ Fisiológicas: algumas das principais síndromes e doenças as-


sociadas e/ou provocadas pelo estresse ocupacional são: hi-
pertensão arterial, distúrbios do sono, síndrome de burnout
(esgotamento), distúrbios osteo- musculares relacionados ao
trabalho (DORT) ou lesões por esforço repetitivo (LER), com-
portamentos aditivos (como por exemplo tabagismo, alcoolis-
mo e dependência de drogas) e gastrites.
■ Psicológicas:: baixa satisfação e envolvimento com o trabalho,
tensão, ansiedade, depressão, fadiga psicológica, frustração, ir-
ritabilidade e burnout (esgotamento).
■ Comportamentais: aumento da taxa de acidentes de traba-
lho e de erro, maior consumo de álcool e drogas no trabalho,
comportamentos agressivos (tais como roubo e vandalismo) e
comportamentos de fuga (como o aumento de absenteísmo e
greves). Em nível pessoal, pode levar a comportamentos pre-
judiciais para a saúde como tabagismo e consumo excessivo de
cafeína (FERREIRA, 2017, p. 121).

114
UNICESUMAR

PENSANDO JUNTOS

Quando falamos ou pensamos em estresse, normalmente, o que vem à mente são lem-
branças ruins. Mas será que o estresse só traz resultados negativos para as pessoas?

Vimos até aqui, que o estresse é atrelado a situações ruins e trazem diversos male-
fícios para as pessoas. No entanto, o estresse também é um agente que nos trazem
sensações e emoções positivas, como por exemplo, o momento do nascimento
de um filho, o dia da formatura, o casamento, entre outras situações. Portanto, o
estresse nos causa, em diversas situações, situações prazerosas na vida. Observe
na Figura 3, que existe uma curva entre o distress e o eustress.

Distress Distress
Monotonia Monotonia
(- esforço) Eustreess (- esforço)

Área de melhor
desempenho e
Distress Distress
conforto
Monotonia Monotonia
(- esforço) (- esforço)

Figura 3. Tipos de estresse / Fonte: Adaptado de Gramms e Lotz (2017, p. 62)

Descrição da Imagem: a imagem apresenta duas setas direcionais, sendo apontando para cima e outra
apontando para a direita indicando respectivamente os eixos (y e x). Também há duas linhas verticais pon-
tilhadas. Há também um arco no eixo horizontal que cruza as linhas pontilhadas para estabelecer a área
de melhor desempenho e conforto. Na parte ascendente superior e inferior da curva vemos a inscrição
“Distress - monotonia (-esforço)”, na parte central da curva vemos a inscrição “Eustress - área de melhor
desempenho e conforto”, na parte descendente da curva lemos a inscrição “Distress- Monotonia (-esforço)”.

115
UNIDADE 3

Observe que na Figura 3, que surgem


duas palavras novas, a “eustress” e a “dis-
tress”. Segundo Gramms e Lotz (2017),
estas palavras são descritas como:
Eustress é denominado “estresse
positivo”, ou seja, o esforço bom, sadio,
de adaptação que assegura a sobrevi-
vência e promove a sensação de reali-
zação pessoal e bem-estar físico e emo-
cional. Este tipo de estresse, estimula e
mobiliza a ação na busca de conquistar
ou realizar algo. Ao exemplificarmos
este tipo de estresse no ambiente de
trabalho, temos que o trabalhador,
ao sentir o eustress, é impulsionado
a canalizar suas energias na obtenção
do alcance dos resultados propostos,
ações empreendedoras, entre outros.
Distress é denominado estresse
negativo, ou seja, é aquele que gera o
desequilíbrio e causa danos físicos,
emocionais e sociais, conforme apre-
sentado anteriormente, quando tra-
tamos do estresse propriamente dito.
Neste caso, as causas são atribuídas a
um ambiente de trabalho onde há au-
sência de condições para a realização
das tarefas, forma de tratamento social
de gestores inaptos. Este tipo de estres-
se promove o trabalho compulsivo, a
sobrecarga nas tarefas, o envelheci-
mento precoce, entre outros.
A Figura 4 apresenta os agentes es-
tressores e as suas consequências para
as pessoas.

116
UNICESUMAR

Trabalho Sobrecarga Estressores Consequências Subjetivo Fadiga


Rigidez ambientais disfuncionais Ansiedade
Monotonia Preocupação
Programação Culpa

Papel Ambiguidade
Conflito
Responsabilidade Comporta- Acidentes
Falta de apoio mental Erros

Estrutura Comunicação pobre Estressores ondividuais:


Pouca participação
Necessidades
Pouca coordenação
Aspirações Cognitivo Esquecimento
Rigidez
Estabilidade emocional Pouca concentração
Experiências Erros de decisão
Cultura Inequidade Flexibilidade
Bitolamento Tolerância à ambiguidade
Pouco progresso Autoestima
Pouca participação Padrão de comportamento
Fisiológico Cansaço
Pressão alta
Fatores Família Insônia
externos Economia Doenças
Vida particular
Comunidade

Relaciona- Superiores Organiza- Absenteísmo


mentos Subordinados cional Rotatividade
Colegas Baixa produtividade
Clientes Baixa qualidade

Figura 4. Fatores estressores para as pessoas. / Fonte: Chiavenato (2020, p. 182).

Descrição da Imagem: a imagem apresenta três colunas. À esquerda da imagem são dispostos seis (06)
retângulos sobrepostos verticalmente contendo textos sobre os fatores estressores, nos quais estão escritos:
trabalho (sobrecarga, rigidez, monotonia, programação); papel (ambiguidade, conflito responsabilidade,
falta de apoio); estrutura (comunicação pobre, pouca participação, pouca coordenação, rigidez); cultura
(inequidade, bitolamento, pouco progresso, pouca participação); fatores externos (família economia, vida
particular, comunidade); relacionamentos (superiores, subordinados, colegas, clientes), estes retângulos se
ligam por meio de setas direcionais a um retângulo posicionado ao centro. O retângulo central contém texto
sobre os agentes estressores individuais (necessidades, aspirações, estabilidade emocional, experiências,
flexibilidade, tolerância à ambiguidade, autoestima, padrão de comportamento) e se liga por meio de setas
direcionais a uma coluna à direita contendo cinco (05) retângulos sobrepostos contendo a descrição das
consequências dos agentes estressores na vida das pessoas: subjetivo (fadiga, ansiedade, preocupação,
culpa); comportamental (acidentes, erros); cognitivo (esquecimento, pouca concentração, erros de deci-
são); fisiológico (cansaço, pressão alta, insônia, doenças); organizacional (absenteísmo, rotatividade, baixa
produtividade, baixa qualidade). Acima do retângulo central, há dois retângulos que descrevem do que se
trata a coluna da esquerda e do que se trata a coluna da direita.

Observe que ao falarmos das questões de estresse, existem muitas situações a serem
observadas por todos os envolvidos na organização. Administradores, gestores e
demais trabalhadores, devem buscar o estabelecimento de um ambiente saudável
enquanto estão trabalhando. A comunicação, o diálogo e o entendimento das neces-
sidades das pessoas devem fazer parte do cotidiano para que se consiga alcançar os

117
UNIDADE 3

objetivos, tanto das organizações quanto dos trabalhadores. Este é um tema muito
profundo e que cabe um estudo específico para maior entendimento. Por ora, en-
tender o que o estresse causa e as necessidade da implementação de um ambiente
de trabalho saudável, irá ajudá-lo a dar os primeiros passos nesta caminhada rumo
ao entendimento e desenvolvimento da qualidade de vida no trabalho.
Falamos anteriormente sobre os hábitos e vícios desenvolvidos pelas pessoas
e que interferem direta ou indiretamente na QVT. Vejamos a seguir alguns destes
hábitos e vícios.
Alimentação saudável: As pessoas, em sua grande maioria, não têm o hábito de
se alimentarem de forma adequada, ou seja, não se alimentam de forma saudável.
A alimentação saudável, de acordo com Barsano e Barbosa (2018), fornece os nu-
trientes necessários para que o organismo possa alcançar a performance desejada.
Para muitas pessoas, a alimentação saudável pode custar caro. No entanto, é
possível consumir alimentos saudáveis, tais como frutas compradas em super-
mercados e feiras livres, como a banana, que tem efeitos excelentes para a saúde.
Consumir bananas durante o dia, além de ser uma fruta de baixo custo, fornece
uma grande quantidade de nutrientes para o organismo e ajuda na prevenção de
doenças como a depressão, anemia, pressão arterial, entre outros.

118
UNICESUMAR

Hoje em dia, nas grandes empresas, existem verdadeiros restaurantes que


oferecem uma alimentação balanceada. Nestas empresas são contratados nutri-
cionistas que determinam o cardápio para cada dia da semana. Neste sentido, os
empregadores têm um papel fundamental na promoção e provimento de alimen-
tação saudável para seus trabalhadores. Muitas empresas trabalham em períodos
ininterruptos, ou seja, vinte e quatro (24) horas, divididos em três (03) turnos
de trabalho. Assim, muitos trabalhadores iniciam a sua jornada de trabalho de
madrugada e não se alimentam adequadamente, ou nem recebem alimentação
no período (BARSANO; BARBOSA, 2018).
O café da manhã balanceado servido pelas organizações tem custos muito
menores do que os custos de um acidente com trabalhadores que realizam suas
atividades em altura e que não se alimentaram bem. Imagine as pessoas que tra-
balham em andaimes, realizando serviços de pintura, reboco, entre outros, e que
estão sujeitos à queda. Se o trabalhador não se alimenta, pode apresentar queda
na concentração de açúcar no sangue (glicemia), passar mal e sofrer um acidente
leve ou até mesmo fatal. Este tipo de situação citada, pode ocorrer em vários
segmentos, dentre eles as empresas metalúrgicas, de usinagem, de transporte
etc. O fato é que, as empresas que têm em seu escopo a valorização da qualidade
de vida de seus trabalhadores só têm benefícios, pois os trabalhadores, quando
bem alimentados, promovem um ambiente mais agradável, tornando o ambiente
menos estressante. Além disso, há também um aumento da produtividade dos
serviços e a sensação de bem-estar. De acordo com Barsano e Barbosa (2018),
as recomendações para aquelas empresas que prezam pela qualidade de vida de
seus trabalhadores é que sempre que possível, sirva a todos os trabalhadores um
café da manhã rico em frutas antes do início de suas atividades, façam testes de
pressão e glicemia em trabalhadores que realizam suas atividades em altura e
sirvam refeições (almoço) sob a supervisão de um nutricionista.
Além da alimentação, boas condições físicas, meio ambiente favorável ao
desenvolvimento das atividades de forma segura, estabilidade no trabalho, entre
outros, são fatores que contribuem para a qualidade de vida no trabalho.
Outra questão importante para a qualidade de vida no trabalho é a prática
de ginástica laboral. Embora pareça algo inusitado, os primeiros registros feitos
sobre a realização da prática de ginástica laboral, segundo Mendes e Leite (2012),
datam do ano de 1925 primeiramente na Polônia e mais tarde na Holanda, Rússia,
Bulgária , Alemanha Oriental, entre outros países. Os registros descrevem funcio-

119
UNIDADE 3

nários que se exercitavam durante as pausas adaptadas a cada tipo de ocupação.


Em 1928 a ginástica laboral foi implementada para os trabalhadores do correio
japonês antes do início das atividades. Esta prática, após o final da Segunda Guer-
ra Mundial, se espalhou por todo o Japão, e é praticada até os dias atuais por mais
de um terço dos trabalhadores Japoneses. Estes trabalhadores, segundo Mendes e
Leite (2012), se exercitam e cantam os hinos das empresas enquanto se exercitam.
No Brasil, a ginástica laboral foi introduzida no ano de 1969 pelos executivos
japoneses da empresa de construção naval Ishikawajima Estaleiros, instalada no
Rio de Janeiro. Nesta empresa, os diretores e trabalhadores se dividiam em gru-
pos de 20 a 30 pessoas para praticarem exercícios físicos voltados para à coluna
vertebral, abdômen e o aparelho respiratório (MENDES; LEITE, 2012).

Barsano e Barbosa (2018), citam dois tipos de ginástica laboral: a preparatória e


a compensatória.
A ginástica compensatória é aquela realizada nas primeiras horas do início do
trabalho ou antes do início das atividades. É realizada para aquecer e/ou alongar
as estruturas mais exigidas do corpo e assim melhorar a circulação sanguínea,
a lubrificação e aumentar a lubrificação das articulações e tendões. Este tipo de
ginástica é praticada entre cinco (05) e quinze minutos (15). Já a ginástica com-

120
UNICESUMAR

pensatória é realizada durante a realização das atividades laborais. Neste caso, esta
ginástica é realizada próximo ao posto de trabalho (máquina), mesa de escritório,
refeitório ou em áreas livres. O objetivo desta ginástica é promover o relaxamento
da musculatura, de forma a reduzir a fadiga e promover as enfermidades profis-
sionais crônicas, tais como LER e DORT.
Para as empresas que contratam um profissional de educação física para
orientar e aplicar os treinos de ginástica laboral só tem benefícios, pois, além
de despertar um senso de qualidade de vida nos praticantes, também contribui
para a redução de despesas por afastamentos médicos e doenças do trabalho. A
adoção desta prática, além dos benefícios citados, ainda melhora a imagem da
empresa perante os trabalhadores e a sociedade, e aumenta a produtividade e a
qualidade dos serviços.
No entanto, a qualidade de vida no trabalho não é só influenciada por bene-
fícios e o cultivo de hábitos saudáveis. Quando falamos de QVT, temos que levar
em consideração as condições e hábitos ruins das pessoas. Normalmente, estas
situações ocorrem em ambiente externo ao ambiente laboral. Vejamos algumas
situações que interferem na qualidade de vida dos trabalhadores.
O primeiro que iremos tratar é o alcoolismo. Este é um dos problemas con-
siderados como sendo o mais grave nas indústrias, Pois trata-se de um problema
relacionado ao excesso e ao longo período de consumo de bebidas alcóolicas,
o que é considerado como um vício de ingestão excessiva e as consequências
decorrentes, que segundo Barsano e Barbosa (2018), podem causar:

■ Síndromes: amnésia, demência, alucinações, alterações de humor etc.;


■ Distúrbios: ansiedade, sexual, sono e distúrbios inespecíficos;
■ Delírium tremens: desorientação e confusão mental, alucinações etc.

Nos casos de alcoolismo na indústria, segundo Barsano e Barbosa (2018), quando


o empregador tem conhecimento de que um trabalhador tem o hábito de consu-
mir bebidas alcóolicas durante a jornada de trabalho, como forma de promover
a qualidade de vida deste trabalhador, recomenda-se que este seja encaminhado
para um médico ou psicólogo para a realização de uma avaliação profissional
especialista, antes de qualquer outra providência necessária.
Uma das questões importantes para a promoção da disseminação das infor-
mações sobre os malefícios causados pela ingestão excessiva de bebidas alcóoli-

121
UNIDADE 3

cas é a realização de palestras sobre o tema nas semanas de SIPAT, promovidas


pelas organizações por meio da CIPA. Outra forma de promover a saúde dos
trabalhadores que têm problemas com alcoolismo é o ingresso na comunidade
ou associação dos Alcoólicos Anônimos, pois faz parte de um grupo mundial de
pessoas que compartilham suas experiências e promovem a renovação das forças
e esperança para aqueles que sofrem com este mal.
No ambiente de trabalho, é muito importante que se esteja atento às con-
dições de alteração do comportamento dos trabalhadores, principalmente nas
atividades que envolvem um alto grau de riscos, tais como processos de usinagem,
trabalho em altura, trabalho a quente, transporte de cargas, entre outros. nestes
casos, ao menor sinal de embriaguez, o empregador ou o gestor deve impedir o
trabalhador de executar a tarefa e tomar as providências cabíveis para restaurar
as condições físicas e psicológicas da pessoa.
O tabagismo é outra condição em que as pessoas podem ser dependentes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o tabagismo como sendo o ato
de consumir cigarros ou outros produtos que contenham tabaco, cujo princípio
ativo seja a nicotina. A OMS ainda considera o tabagismo como uma epide-
mia generalizada que precisa ser combatida. A fumaça do cigarro é um agente
químico poderoso, pois tem em sua composição, segundo Barsano e Barbosa
(2018), a mistura de aproximadamente 4.720 substâncias tóxicas diferentes. Ao
olharmos para a fumaça de um cigarro, é possível verificar a ocorrência de duas
fases: particulada e gasosa. A fase gasosa é composta por monóxido de carbono,
amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído e acroleína. Já na fase particulada, estão
contidos a nicotina e o alcatrão.
Observe a quantidade de elementos químicos inalados ao dar uma simples
tragada em um cigarro! As toxinas presentes nestes agentes químicos, são agentes
cancerígenos que atuam nos órgãos e sistemas do organismo.
Vamos conhecer alguns destes agentes químicos considerados cancerígenos,
conforme apresentado por Barsano e Barbosa (2018, p. 286).

■ Nicotina: é a causadora do vício.


■ Benzopireno: substância que facilita a combustão existente no
papel que envolve o fumo.
■ Substâncias radioativas: polônio 210 e carbono 14.
■ Agrotóxicos: DDT.

122
UNICESUMAR

■ Solvente: benzeno.
■ Metais pesados: chumbo e cádmio (um cigarro contém de 1 a 2
mg, concentrando-se no fígado, rins e pulmões, tendo meia-vi-
da de 10 a 30 anos, o que leva à perda de capacidade ventilatória
dos pulmões, além de causar dispneia, enfisema, fibrose pulmo-
nar, hipertensão, câncer nos pulmões, próstata, rins e estômago).
■ Níquel e arsênico: armazenam-se no fígado e rins, coração, pul-
mões, ossos e dentes, resultando em gangrena dos pés, causando
danos ao miocárdio etc.

Um outro problema que envolve o tabagismo é a exposição das pessoas que es-
tão próximas aos fumantes. Imagine uma situação em que, durante o intervalo
após o almoço, a pessoa está em uma roda de colegas de trabalho e neste grupo
de conversa duas pessoas são fumantes. Enquanto estão ali conversando os dois
colegas, devido ao tempo sem fumar devido ao trabalho, querem saciar a neces-
sidade de fumar e acendem um cigarro atrás do outro (como dito popularmente).
A fumaça do cigarro invade o ambiente ou o espaço em que estão reunidos e a
pessoa acaba inalando parte desta fumaça. Neste caso hipotético, a pessoa se torna
um fumante passivo. Este é um dos fatores que torna necessária a proibição do
ato de fumar em locais fechados.

123
UNIDADE 3

A proibição desta prática, tem o objetivo de proteger


a integridade da saúde das pessoas que não fumam,
pois ao estarem expostos a um ambiente onde há
a presença da fumaça do cigarro, as pessoas
não fumante acabam por inalar essa fuma-
ça, que em muitos casos, podem ser até
mais tóxicas do que a fumaça inalada
pelos próprios fumantes. Portanto, em
ambientes onde há a presença de
fumantes, deve ser tomados cuida-
dos para que não inale a fumaça
proveniente do tabagismo. Nas
crianças, devido à frequência
da respiração ser mais eleva-
da, inalam maior quantidade
de fumaça fazendo com que
as consequências sejam mais
drásticas para a sua saúde,
pois podem desenvolver, entre
outras doenças, a bronquite,
pneumonia, asma e infecções
do ouvido médio Barsano e Bar-
bosa (2018, p. 286).
Até aqui, vimos questões im-
portantes como conceitos e pro-
gramas, ações e atividades, hábitos
e vícios que envolvem as pessoas
e consequentemente influenciam na
qualidade de vida no trabalho. No entanto,
todos estes assuntos não fazem sentido se o
ambiente de trabalho não favorecer a promoção
da QVT. Assim, a higiene do trabalho é uma ques-
tão a ser tratada com muita atenção pelas organizações.

124
UNICESUMAR

A higiene do trabalho ou ocupacional tem relação com as condições ambien-


tais e que tem o objetivo de assegurar a saúde física e mental bem como as condi-
ções de bem-estar das pessoas. Ao observarmos a qualidade de vida do ponto de
vista da saúde física, a higiene do trabalho envolve aspectos ligados à exposição
do organismo humano aos agentes externos, tais como os já conhecidos: ruídos,
ar, temperatura, umidade, luminosidade, e equipamentos de trabalho. Também há
a exposição a agentes químicos, tóxicos e instalações perigosas. De acordo com
Chiavenato (2020), para que o ambiente de trabalho seja considerado saudável,
este deve envolver condições que atuem de forma positiva sobre os órgãos que
envolvem os sentidos humanos, tais como visão, audição, tato, olfato e paladar.
Por outro lado, ao observarmos a qualidade de vida do ponto de vista da saúde
mental, as organizações devem estar atentas às condições psicológicas e sociais,
de forma que estas sejam saudáveis e atuem de forma positiva no comportamento
das pessoas e assim evite os impactos emocionais, tais como o estresse, como
visto anteriormente (CHIAVENATO, 2020). A seguir, de acordo com Chiavenato
(2020, p. 179), são apresentados os principais agentes que envolvem um programa
de higiene do trabalho.


Ambiente físico de trabalho: ligados ao bem-estar, envolvendo:
■ Iluminação: luminosidade adequada a cada tipo de atividade.
■ Ventilação: remoção de gases, fumaça e odores desagradá-
veis, bem como afastamento de possíveis fumantes ou utili-
zação de máscaras.
■ Temperatura: manutenção de níveis adequados de tempe-
ratura.
■ Ruídos: remoção de ruídos ou utilização de protetores au-
riculares.
■ Conforto: ambiente agradável, repousante e aconchegante.
Ambiente psicológico de trabalho: ligados ao bem-estar psico-
lógico, envolvendo:
■ Relacionamentos humanos agradáveis.
■ Tipo de atividade agradável e motivadora.
■ Estilo de gestão democrático e participativo.
■ Eliminação de possíveis fontes de estresse.
■ Envolvimento pessoal e emocional.

125
UNIDADE 3

Aplicação de princípios de ergonomia: para eliminar a fadiga,


envolvendo:
■ Máquinas e equipamentos adequados às características hu-
manas.
■ Mesas e instalações ajustadas ao tamanho das pessoas.
■ Ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico
humano.
Saúde ocupacional: envolve aspectos como:
■ Medicina do trabalho.
■ Estresse no trabalho

A qualidade de vida no ambiente de trabalho é um assunto


que gera muita discussão. As pessoas, embora queiram es-
tar saudáveis, não desenvolvem ações diárias para promov-
er a sua saúde e daquelas pessoas que estão à sua volta,
nem tampouco se atentam para as questões do ambiente
de trabalho. Aquelas frases famosas “vai assim mesmo” ou
“já trabalho a tanto tempo e nunca aconteceu nada”, são
frases que devem ser extintas no ambiente de trabalho.
Neste podcast que preparei para vocês, o qual intitulo como
“Qualidade de vida no trabalho, o que eu ganho com isso”,
irei falar um pouco destas questões do dia a dia e dar ex-
emplo de situações que vivi em minhas experiências nas
indústrias. Ouça alguns relatos sobre a QVT.

126
UNICESUMAR

A qualidade de vida no trabalho é um assunto a ser tratado com muita atenção pelas
organizações. Vimos que os benefícios são tanto para empregadores quanto para
empregados, pois ao mesmo tempo que a saúde dos trabalhadores é promovida, a
produtividade aumenta e os custos com afastamentos e absenteísmo diminuem.
A falta de um trabalhador causa grandes prejuízos, tanto para os colegas de
trabalho quanto para a empresa. O absenteísmo causa transtornos para os pro-
cessos produtivos, pois a força de trabalho é reduzida e os esforços dos trabalha-
dores aumentam, tornando-se um peso a mais nas atividades de trabalho que, em
muitos casos, já são pesadas devido ao tipo de atividade econômica desenvolvida
pela empresa. Outro aspecto negativo neste caso é o aumento do estresse devido
ao acúmulo de trabalho.
Vimos nesta unidade o quanto é importante promover a qualidade de vida
no trabalho e que esta qualidade deve ser estabelecida independentemente do
tipo de atividade realizada ou área de atuação profissional. As condições am-
bientais e as condições de trabalho às quais os trabalhadores estão expostos, são
fundamentais para promover a QVT, e isso é de responsabilidade de todos nós
trabalhadores. Podemos aprender que, o que importa é sairmos de casa para o
trabalho, desempenhar a nossa função e retornar para o nosso lar em segurança
e saudáveis para que possamos desfrutar dos benefícios do trabalho, e não nos
tornarmos uma vítima do mesmo.

127
Aprendemos nesta unidade, que a qualidade de vida no trabalho é algo muito
importante a ser desenvolvido nas organizações para a promoção de um am-
biente saudável e seguro. Entender como e quais são as ações que envolvem a
QVT, é fundamental para que você, como um futuro gestor da saúde e segurança
do trabalho, se destaque como profissional. Para que você retenha ainda mais
seus conhecimentos, desenvolva um mapa mental utilizando as seguintes pa-
lavras-chave: QVT, Hábitos, Vícios, Saudável, não saudável, alimentação, riscos,
benefícios, malefícios.

Alimentação

Hábitos QVT

Vícios

Sugiro para esta atividade a utilização da ferramenta gratuita disponível em:


www.goconqr.com

128
1. A qualidade de vida é um tema muito atual e necessário para melhorar as condições
de saúde física, mental e social dos trabalhadores. De acordo com o conteúdo estu-
dado, descreva o conceito de QVT.

2. A qualidade de vida no trabalho diz respeito a vários fatores que envolvem as pes-
soas, tanto no ambiente interno quanto no ambiente externo. No entanto, a quali-
dade de vida não diz respeito somente ao acometimento de doenças do trabalho.
Existem três tipos de abordagens que influenciam na qualidade de vida no trabalho,
quais são elas?

3. A alimentação é um fator importante para garantir que os trabalhadores estejam


aptos para a realização de alguns tipos de trabalho. A falta de uma alimentação pode
baixar a glicemia e expor os trabalhadores a situação de riscos de acidentes, que em
muitos casos podem ser fatais.

Sobre a alimentação saudável, avalie as assertivas a seguir e assinale (V) para verda-
deiro e (F) para falso.

( ) O café da manhã balanceado tem custos menores do que o custo de um acidente.

( ) A falta de concentração de açúcar no organismo pode causar acidentes.

( ) Uma boa alimentação no trabalho promove um ambiente mais agradável.

( ) A qualidade de vida no trabalho não é associada a questões de alimentação.

( ) Servir café da manhã para os trabalhadores não interfere na produtividade.

Sobre as assertiva acima, é correto o que se afirma em:

a) V, V, F, F, V.
b) F, V, V, F, F.
c) V, V, F, V, F.
d) V, V, V, F, F.
e) V, V, F, F, F.

129
4
O Trabalho e as
Novas Tecnologias
Me. Juliano Bertolotti Moura

Nesta unidade aprenderemos sobre as novas tecnologias e suas in-


fluências na saúde e segurança dos trabalhadores. Também estuda-
remos sobre as adaptações dos trabalhadores ante a nova realidade
e tendências mundiais no desenvolvimento das rotinas e atividades
laborais, bem como a aplicação e uso de equipamentos e dispositivos
para garantir a segurança dos trabalhadores.
UNIDADE 4

Imagine um trabalhador realizando uma atividade em uma prensa. Este traba-


lhador está diante de um equipamento que, a qualquer descuido, pode causar um
acidente irreversível devido o esmagamento de uma ou das duas mãos. Se não
houver um equipamento que impeça o acesso das mãos do trabalhador à área
de prensa, este trabalhador, em um ímpeto de corrigir a posição da peça na base
da área de ação, pode sofrer um acidente, como dito, muitas vezes irreversível.
Uma outra situação é o acesso de um trabalhador ou qualquer outra pessoa
a uma área de risco como o raio de ação de um braço robótico utilizado para
a movimentação ou embalagem de produtos. Ou ainda, o acesso a uma área
de correias transportadoras ou esteiras de transporte em uma indústria de
alimentos ou uma indústria de envase. Nestas áreas, as pessoas estão sujeitas
a acidentes pois há riscos de impactos causados pela movimentação do braço
robótico ou pontos de agarramento em correias transportadoras ou esteiras de
transporte. Mas e o que tem a ver a segurança do trabalho com estas questões
tecnológicas? Quais os riscos de acidentes ou doenças do trabalho nesta era
da indústria 4.0 e as tecnologias implementadas? Qual o perfil do trabalhador
para atuar nestes tempos de tecnologia avançada?

132
UNICESUMAR

O desenvolvimento tecnológico tem proporcionado o desenvolvimento de


equipamentos automáticos ou semiautomáticos. Isso quer dizer que a interferên-
cia humana na realização de uma atividade tem sido cada vez menor. No entanto,
essa automatização dos processos, em alguns casos, oferece mais riscos de aci-
dentes do que um processo analógico, onde o operador está constantemente ope-
rando o equipamento manualmente. Com esta automatização dos processos têm
surgido braços mecânicos que realizam atividades de embalagem, transferência
de produtos para outra etapa, acabamento superficial, entre outros. Também há
equipamentos que fazem a captação e transporte interno de mercadorias, como
por exemplo, pegar uma mercadoria em uma determinada prateleira do estoque
e transportar até o setor de expedição após ser identificado um pedido de venda.
Situações como estas são cada vez mais comuns nas organizações.
Porém, para estes sistemas autônomos de processo é necessário estabelecer
limites que impeçam o acesso das pessoas às áreas de riscos e para delimitar
estas áreas são utilizados sistemas que detectam a presença de qualquer objeto
que ultrapasse os limites destas áreas. Também são utilizados equipamentos que
não permitem que o trabalhador acesse uma área de risco de um equipamento
com uma das mãos ou um dos pés. Neste caso, normalmente são processos de
acionamento de equipamento em que se utiliza as duas mãos ao mesmo tempo,
sendo que, se uma das mãos deixar de pressionar um botão o equipamento para
imediatamente. Este tipo de comando é chamado de bi-manual, como veremos
mais adiante com maior detalhamento.
Nas questões que envolvem a segurança das pessoas, podemos verificar al-
guns destes sistemas em nosso cotidiano. Como uma forma de verificar estes
dispositivos de segurança busque identificá-los em seu dia a dia, como por exem-
plo, como funciona o dispositivo de desligamento de uma máquina de lavar, ao
levantar a tampa do compartimento de lavagem e do freio de uma cuba de um
equipamento de centrifugação. Outra situação que você pode avaliar é o sistema
de alarme para alertar a entrada em um estabelecimento comercial. Neste caso,
embora não esteja em uma área de risco, a ideia é que você entenda que em uma
área de risco, o princípio é o mesmo, onde detecção da presença pode acionar o
sistema de desligamento de um equipamento ao invés de acionar um sinal sonoro
para indicar a entrada de um cliente na loja.
As tecnologias estão aí para auxiliar as pessoas no desenvolvimento de suas
atividades, melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos e processos.

133
UNIDADE 4

Além da produtividade e qualidade dos produtos e processos, esta mesma


tecnologia tem sido associada e aplicada a equipamentos e dispositivos que
promovem a segurança dos trabalhadores no ambiente e no desenvolvimento
das atividades laborais. Dispositivos sonoros, sensores de presença, isolamento
de áreas por meio de fotocélulas ou colunas de lazer que funcionam como
uma espécie de cerca eletrônica, são uma realidade presente nas grandes or-
ganizações manufatureiras.
Para desenvolver a verificação dos dispositivos de segurança, utilize o seu
diário de bordo para anotar suas observações.

DIÁRIO DE BORDO

134
UNICESUMAR

As empresas e organizações espalhadas pelo mundo, evoluem cada dia mais para
a aplicação de novas tecnologias em todas as áreas da economia, seja indústria de
manufatura, comércio, logística, agricultura, pecuária, prestação de serviços, entre
outros. Neste mesmo sentido, há a necessidade de profissionais para atuarem nos
processos que envolvem as novas tecnologias implementadas nas organizações.
Este avanço tecnológico inclui a utilização de sistemas e softwares para controlar
os equipamentos e máquinas instalados nas empresas de manufatura. As respos-
tas para estas perguntas iremos descobrir ao longo desta unidade. Iniciaremos
o nosso estudo falando um pouco da evolução histórica das novas tecnologias.
Os aspectos históricos remetem a Revolução Industrial que caracterizou e
impulsionou a mudança em vários setores da economia, principalmente nas in-
dústrias. A primeira Revolução Industrial compreende o período entre os anos
de 1712 e 1913, ou seja, durou 201 anos. Com a criação da linha de produção
por Henry Ford, foi dado início à segunda revolução industrial. Neste período,
a característica dos processos de Ford era a produção em massa e o sistema de
produção puxado. Este período durou entre os anos de 1913 a 1969, ou seja,
56 anos. Após este período veio a era da automação que foi caracterizada pela
implantação dos computadores, controles, sensores, entre outros dispositivos
capazes de fazer o gerenciamento de grandes quantidades de variáveis de pro-
dução. Estas inovações deram início à terceira revolução industrial que durou
de 1969 a 2010, ou seja, 41 anos.
Um marco importante nesta época foi a mudança do perfil dos profissionais
responsáveis pela produção, pois o sistema produtivo também havia mudado,
pois o fabricante que produzia o produto em sua totalidade, passa a produzir
partes dos produtos. Com o surgimento da energia elétrica, as máquinas pas-
saram a produzir menos poluição, o que para saúde do trabalhador e para o
meio ambiente foi uma vantagem. De acordo com Almeida (2019), em meados
dos anos de 1960, com a evolução da eletroeletrônica houve a possibilidade de
processar informações de entradas e saídas de sinais originados dos sensores
instalados nos sistemas de produção, conhecido como Controlador Lógico
Programável (CLP). Neste período a automação industrial teve um grande
avanço, permitindo que as máquinas fossem automatizadas por meio de atua-
dores eletro eletrônicos, pneumáticos e hidráulicos.

135
UNIDADE 4

Os sistemas automatizados fizeram com que as relações sociais e os cenários das


grandes cidades européias fossem transformados e, posteriormente, o mundo
fosse moldado devido esta automação.
Os conceitos envolvendo a indústria 4.0 ficou conhecido como a quarta revo-
lução industrial. Esta revolução teve início na Alemanha no ano de 2012, como
um programa envolvendo empresas, universidades e governo. O objetivo era
aumentar a competitividade das indústrias alemãs e modernizar as indústrias
locais já estabelecidas (ALMEIDA, 2019).
Alguns fundamentos da indústria 4.0 envolvem bases tecnológicas e digitais,
tais como o acompanhamento em tempo real, virtualização, análise de dados e
Big Data, Robótica, simulação, integração vertical e horizontal, entre outros.
Muitas perguntas vão surgindo em nossa cabeça quanto à influência da indús-
tria 4.0 na segurança do trabalho. A questão é que as tecnologias vão sendo desen-
volvidas, aprimoradas e consequentemente implementadas nas organizações. As
tecnologias têm sido associadas à manutenção e preservação da saúde e segurança
dos trabalhadores. Vejamos a seguinte situação apresentada na Figura 1.

136
UNICESUMAR

Figura 1. Setup de máquina.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um trabalhador realizando um setup em um torno CNC. O


equipamento está desligado e com a porta de acesso aberta e o trabalhador com os braços e as mãos
dentro da área de ação do equipamento. A porta aberta impede que o equipamento seja acionado en-
quanto a porta de acesso estiver aberta.

Quando observamos a Figura 1, temos um trabalhador acessando uma área de risco


do equipamento. Antes do desenvolvimento tecnológico e o surgimento do sistema
CNC e os sistemas de proteção embarcados, os trabalhadores que desenvolviam
suas atividades em equipamentos totalmente desprovidos de dispositivos de segu-
rança. Os equipamentos tinham partes expostas que colocavam os trabalhadores
em riscos dos mais variados tipos, sendo os mais graves a exposição a pontos de
agarramento, correias, polias e projeção de partículas provenientes do processo
de usinagem, como os cavacos, por exemplo. Em muitas indústrias ainda existem
equipamentos que expõem os trabalhadores aos riscos citados, tais como tornos
mecânicos, fresas, furadeiras de bancada, prensas excêntricas, etc., porém em uma
quantidade relativamente baixa. Voltando à Figura 1, vemos que o equipamento é
moderno e que existe todo um sistema de proteção para preservar a integridade

137
UNIDADE 4

física do trabalhador. Neste tipo de equipamento, existe


um sensor instalado na porta de acesso à área de risco do
equipamento que identifica que a porta está aberta e abre
o contato da alimentação do sistema. Assim, qualquer co-
mando que inicie o processo de usinagem é bloqueado,
ou seja, o equipamento não pode ser acionado. Neste caso,
somente os comandos de ajuste das ferramentas, distân-
cia, posicionamento são liberados. No entanto, quando a
porta de acesso da área de risco do equipamento é fecha-
da, imediatamente o contato de alimentação é fechado,
dando condições para o início do processamento da parte
ou peça. Se compararmos este equipamento automatiza-
do com um equipamento mecânico convencional, um
dos riscos presentes é que, como o equipamento conven-
cional é acionado por meio de alavancas, o trabalhador
pode acidentalmente acionar a alavanca enquanto está
fazendo o setup do equipamento.
Eu, pessoalmente passei por uma experiência não
muito agradável envolvendo um torno mecânico con-
vencional. Enquanto aluno do curso de torneiro mecâ-
nico, em uma das aulas, eu fixei o material na placa do
torno. Porém, não retirei a chave que aperta o material
na placa após a fixação do material e acionei o torno. O
resultado desta ação foi o desprendimento da chave da
placa do torno e um galo enorme na testa, pois a chave
ao se desprender foi arremessada em direção a minha
cabeça e na velocidade com que ela se desprendeu não
tive tempo de desviar, devido à pouca distância entre o
processo e a posição em que eu estava. Veja, que quando
se trata de equipamentos mecânicos, em muitos casos
não há tempo hábil para que a pessoa se livre do pro-
blema, e por estes motivos, infelizmente muitos casos
graves de acidente ocorrem.
Veja na Figura 2, um processo de usinagem sendo
realizado em um torno mecânico convencional.

138
UNICESUMAR

Figura 2. Usinagem em torno convencional.

Descrição da Imagem: a imagem apresenta um trabalhador vestido com óculos de proteção, capacete,
um colete na cor amarela e cinza refletiva. O trabalhador está olhando em direção à placa (à direita da
imagem)realizando um processo de usinagem em um torno convencional. Uma das mãos do trabalhador
está acionando uma manivela que faz com que a ferramenta avance em direção à placa do equipamento.
Na placa, à direita da imagem está preso um disco de aço que está sendo usinado.

Ao compararmos os dois equipamentos, semi-automático e convencional, vemos


que a tecnologia embarcada no equipamento semi-automático proporciona um
nível de segurança muito maior ao trabalhador. Agora, imagine se não houves-
se o desenvolvimento tecnológico, no que diz respeito à saúde e segurança do
trabalho! Com certeza, o número de acidentes gerados nas indústrias seriam
muito maiores do que os que ocorrem atualmente. É importante ressaltar que
no contexto da indústria 4.0 os índices de acidentes de trabalho causados por
máquinas e equipamentos tendem a melhorar. Em contrapartida, a exposição
aos riscos ergonômicos tendem a aumentar, pois as tarefas passam a ser realiza-
das na maior parte do tempo de forma administrativa e menos prática, ou seja,
o trabalhador irá compilar e analisar dados e controlar os processos à distância,
não sendo necessário a sua ação direta no processo produtivo, salvo em alguns
tipos de processo, tais como as atividades de manutenção.

139
UNIDADE 4

PENSANDO JUNTOS

Diante do cenário de evolução da indústria 4.0 visto até o momento, quais são os impac-
tos positivos da tecnologia na saúde e segurança do trabalho?

Nas questões que envolvem as relações do trabalho e a era da indústria 4.0, Afonso
(2020), descreve que a revolução digital não está limitada somente aos aspectos
tecnológicos, ela promove mudanças significativas na economia e na socieda-
de, tanto brasileira como na sociedade mundial. Estruturalmente, é importante
identificar as mudanças causadas, porém com ênfase maior nas questões que
envolvem as relações de trabalho.
Quando se fala em quarta revolução industrial ou ainda, segunda era das má-
quinas, nos remete normalmente a indústrias, pois é um setor da economia que
se torna mais visível, devido a utilização de máquinas e equipamentos utilizados
nos processos produtivos. No entanto, esta revolução vai além de indústrias, pois
a tecnologia tem uma área muito maior de abrangência. De acordo com Afonso
(2020), a tecnologia tem avançado para áreas como comércio, serviços, finanças,
além de afetar as relações sociais e culturais. Um exemplo da evolução tecnológica
e a automação de atividades administrativas pode ser visto no que ocorreu nos

140
UNICESUMAR

meios de atendimento bancário. Onde haviam tra-


balhadores diversos no atendimento das pessoas que
adentravam as agências, hoje a maioria das ativida-
des de atendimento aos correntistas e demais pessoas
que realizam pagamentos, depósitos, entre outros, é
feito por meio de máquinas de autoatendimento. Ou
seja, chegamos em uma agência para realizar uma
transação, e na grande maioria das vezes, não temos
nenhum contato com atendentes da agência.
Nos últimos tempos, de acordo com Santos
(2015), de um forma geral, observa-se que o ní-
vel de emprego nas atividades industriais devido
a inclusão da automação nos processos. Como já
vimos anteriormente, este é um processo de evo-
lução que poderá trazer problemas para a gestão
das organizações quanto ao desemprego, sendo ne-
cessário a recondução e treinamento dos trabalha-
dores, protestos pela diminuição de carga horária
de trabalho, ou até mesmo as questões ligadas ao
aumento na remuneração salarial nas atividades
de maior produtividade.
O trabalho nesta era tecnológica que vivemos,
não equivale necessariamente ao emprego, pois fre-
quentemente surgirão oportunidades de trabalho a
serem ocupadas e exercidas sem que haja a formali-
dade de um vínculo empregatício por meio de uma
carteira de trabalho assinada. Uma realidade bem
presente nos dias atuais é o desenvolvimento de tra-
balhos realizados em casa (home office), assim como
a economia compartilhada, sendo um exemplo deste
compartilhamento o Uber. O relatório emitido por
Cognizant (2018), aponta para o surgimento futuro
de vinte e um (21) novos tipos de emprego. Segundo
os pesquisadores, além das mudanças de empregos,
as habilidades subjacentes também estão mudando.

141
UNIDADE 4

Assim, algumas habilidades são mantidas ao longo dos anos e outras são descar-
tadas mesmo sendo mais novas.
De acordo com Quintino et al. (2019), ao mesmo tempo que algumas fun-
ções são propensas a deixar de existir outras podem surgir para o atendimento da
demanda. O Quadro 1 apresenta alguns dos impactos na organização do trabalho.

REDUÇÃO DE CRIAÇÃO DE
TRANSFORMAÇÃO
EMPREGOS EMPREGOS

Utilização de Big Data


Especialistas em con- Analistas de dados
no controle de quali-
trole de qualidade industriais
dade

Coordenadores de
Utilização de robôs, Operadores de pro-
robôs
veículos autônomos dução, montagem e
Engenheiros e espe-
e impressoras 3D nas embalagem
cialistas em pesquisa e
linhas de produção Pessoal de logística
desenvolvimento

Redes de suprimentos e Especialistas em mode-


Especialistas em plane-
linhas de produção au- lagem e interpretação
jamento de produção
tônomas e inteligentes de dados

Manutenção preditiva Técnicos de manuten- Analistas de dados,


automatizada ção tradicionais sistemas e TI

Quadro 1. Impactos da Indústria 4.0 na organização do trabalho/ Fonte: Quintino et al. (2019, p. 87).

Você pode observar que no Quadro 1, os empregos do futuro não apontam


para execução de trabalho braçal e sim trabalhos que exigem mais de aspetos
intelectuais, ou seja, monitoramento, organização, análise, coordenação. Todas
estas atividades necessitam de técnicos e especialistas que têm suas áreas de
conhecimento desenvolvidas para atuarem por meio da utilização de ferra-
mentas tecnológicas digitais.

142
UNICESUMAR

Um dos motivos pelos quais estamos tratando destas questões de técnicos,


especialistas, entre outros, é que cada dia mais é necessário desenvolver compe-
tências para lidar com este avanço tecnológico. Nesta questão, não foi diferente
nas eras anteriores da revolução industrial a necessidade de adaptação às novas
tecnologias surgidas na época e as mudanças organizacionais provocadas pelo
processo de evolução, de forma a manter o emprego das pessoas. No entanto, nes-
ta era, segundo Quintino et al. (2019), vários estudos estão sendo desenvolvidos
para contemplar os diversos métodos e abordagens para que se possa detectar
e qualificar as competências e habilidades comuns e que são ou serão indispen-
sáveis para os trabalhadores, independentemente da função exercida e de suas
particularidades. Quintino et al. (2019, p. 88), apresenta três categorias conside-
radas competências principais. São elas:

■ competências funcionais: aquelas que se fazem necessárias para


o desempenho técnico e profissional das tarefas;
■ competências comportamentais: aquelas mais intrínsecas e que
dizem respeito às atitudes do indivíduo;
■ competências sociais: aquelas que se relacionam com a capaci-
dade de interação e trabalho com outras pessoas.

Com base nestas competências apresentadas, Quintino et al. (2019), também


apresenta as competências requeridas em cada uma das categorias, conforme
apresentado no Quadro 2.

Resolução de problemas complexos

Conhecimento avançado de TI, incluindo codificação


e programação

Competências Capacidade de processar, analisar e proteger dados


funcionais e informações

Operação de controle de equipamentos e sistemas

Conhecimento estatístico e matemático

Alta compreensão nos processos de manufatura

143
UNIDADE 4

Flexibilidade

Criatividade

Competências Capacidade de julgar e tomar decisões


comportamentais Autogerenciamento do tempo

Inteligência emocional

Mentalidade orientada para aprendizagem

Habilidade de trabalhar em equipe

Habilidades de comunicação

Competências Liderança
sociais Capacidade de transferir conhecimento

Capacidade de persuasão

Capacidade de comunicar-se em diferentes idiomas

Quadro 2. Competências requeridas para indústria 4.0 / Fonte: Adaptado de Quintino et al. (2019, p. 88).

Avaliando o Quadro 2, não é tão diferente do que se exige na indústria 4.0 com
relação às habilidades dos trabalhadores. As maiores exigências é de que os pro-
fissionais devem estar em constante desenvolvimento para que não fiquem em
situação de desemprego.
Talvez você esteja se perguntando: Porque estamos falando de emprego, de-
semprego, capacitação, falta de capacitação, se a disciplina é de segurança do
trabalho? Aí eu te respondo: quando falamos em qualidade de vida no trabalho,
estamos falando de preocupações que podem fazer com que os trabalhadores
fiquem vulneráveis às condições de trabalho e consequentemente possam sofrer
com problemas psicológicos e sociais dentro das organizações. A capacitação
e conhecimento técnico das novas funções e necessidades do mercado de tra-
balho irão influenciar diretamente nas atividades laborais cotidianas e conse-
quentemente estes mesmos trabalhadores sofrerão impactos na segurança dos
ambientes e de todas as pessoas envolvidas nos processos. Quando falamos da
robótica, drones e equipamentos autônomos, temos que levar em conta que os
trabalhadores podem não sofrer das doenças causadas pelo desenvolvimento

144
UNICESUMAR

de suas atividades laborais, mas sofrer de doenças causadas pela falta delas, ou
seja, o simples fato de realizar um trabalho mais voltado para a intelectualidade,
conforme já citado, os trabalhadores podem desenvolver outros tipos de doenças
ou distúrbios, como por exemplo o estresse, insônia, entre outras.
Quintino et al. (2019, p. 89), apresenta algumas das características dos pro-
fissionais nesta era tecnológica, conforme apresentado a seguir:

■ Formação multidisciplinar: As indústrias continuarão preci-


sando de gente com formação específica, mas terão de lidar cada
vez mais com áreas sobre as quais não estudaram na faculdade.
■ Capacidade de adaptação: Os profissionais precisarão apren-
der a lidar com máquinas e robôs inteligentes.
■ Senso de urgência: Se exigirá dos profissionais discernimento
para entender os limites entre o que é urgente e o que pode ser
resolvido depois.
■ Bom relacionamento: O avanço da automação exigirá compe-
tências diferentes de cada um. Em um ambiente cada vez mais
digitalizado, a colaboração ganhará força.

De acordo com Schwab (2016), as várias categorias de trabalho, tais como as que
envolvem o trabalho mecânico repetitivo e aquelas atividades que envolvem os
trabalhos de precisão, estão sendo automatizadas, e há uma tendência de cresci-
mento em outras áreas de forma exponencial. Segundo Quintino et al. (2019), a
quarta revolução industrial parece estar reduzindo o número de postos de tra-
balho nas indústrias mais novas quando comparado à quantidade de postos de
trabalhos nas indústrias atuais do que aquelas estabelecidas durante as revoluções
industriais anteriores. A posterior adesão em massa da internet, as máquinas e
equipamentos fazendo com que o conhecimento humano seja substituído por
sistemas inteligentes e automatizados. De acordo com Venturelli (2018), as pro-
fissões que necessitam de criação, abstração, desenvolvimento que necessitem
lidar com novas situações, tais como engenharia, ciência de dados, computação,
matemática, gestão, entre outras, tendenciosamente irão ganhar maior credibili-
dade e irão crescer e irão mudar o perfil do trabalhador do século XXI.
Bem, vemos que as tendências para as profissões do futuro são mais voltadas
para atividades que envolvem gestão e tecnologia, ou seja, a tendência é que as

145
UNIDADE 4

pessoas estejam cada vez menos envolvidas diretamente com o sistema produtivo
no chão de fábrica. Ainda que o trabalhador esteja no chão de fábrica realizando
suas atividades em um equipamento, este irá atuar como um programador do
equipamento, haja visto que a tendência é a utilização de máquinas e equipamen-
tos cada vez mais comandadas por meio de sistemas computacionais. Assim, se
torna justificável que os profissionais do futuro busquem cada vez mais o apri-
moramento de seus conhecimentos e a adaptação desta nova realidade.
Já nas questões que envolvem a saúde e segurança do trabalho no meio de
toda esta evolução, os cuidados com a ergonomia devem ser redobrados, já que
as atividades profissionais futuras tendem a ser cada vez mais estáticas nas po-
sições sentado e em pé. Também tem as questões de LER e DORT, que podem
ser geradas devido às atividades que envolvem períodos longos de digitação no
computador. A maioria das pessoas não se atentam para os aspectos ergonômi-
cos, pois já estão tão acostumadas com a forma de sentar, altura da mesa, altura
do monitor, que vão desenvolvendo comorbidades sem perceber. Os problemas
ergonômicos mais comuns estão associados à coluna, pois definitivamente, a
grande maioria não mantém uma postura ergonomicamente adequada e com
isso começam a surgir dores na região lombar devido a forma de sentar e na
região cervical devido a altura do monitor em relação aos olhos.

NOVAS DESCOBERTAS

Para um entendimento maior sobre esta questão que envolve o trabalho


sentado em um computador, assista o vídeo disponível no QR Code ao lado.

Assim, é importante estar atento à saúde e segurança dos trabalhadores nos anos
que vem por aí. O desenvolvimento tecnológico pode mudar a forma com que os
trabalhadores realizam ou desenvolvem suas atividades laborais, pode mudar a
disposição e tipos de equipamentos utilizados, porém, as ações voltadas à saúde
e segurança dos trabalhadores não mudam, pois saúde e segurança devem estar
no topo da lista de prioridades sempre.

146
UNICESUMAR

NOVAS DESCOBERTAS

Para expandir seus conhecimentos sobre o futuro da segurança do traba-


lho, assista o vídeo acessando o Qr-Code: O Futuro da Segurança do Traba-
lho na era da Indústria 4.0. Neste vídeo, o Consultor Ricardo Barbosa aborda
o assunto sobre as novas tendências das práticas e ferramentas para a se-
gurança dos trabalhadores.

Uma das formas de se prevenir um acidente de trabalho é o investimento em


sistemas que auxiliem no gerenciamento e ações voltadas à segurança do trabalho.
Neste sentido tem havido uma grande quantidade de plataformas utilizadas na
gestão de riscos e sistemas de monitoramento para acompanhar os indicadores
voltados à segurança dos trabalhadores e do meio ambiente, de forma a auxiliar
nas tomadas de decisão para o desenvolvimento de ações de melhorias.
Muito bem, vamos falar um pouco sobre a capacitação de profissionais vol-
tados à segurança do trabalho para atuarem na era da indústria 4.0.
De acordo com Sacomano et al. (2018), haverá uma escassez de mais de 200.000
trabalhadores nos próximos anos, pois neste cenário de desenvolvimento tecno-
lógico e a velocidade com que as organizações avançam, haverá cada vez mais a
necessidade de mão de obra especializada e capacitada para atuarem nos processos.
As funções tendem a ser cada vez mais rotineiras de baixo potencial intelectual,
tais como encaixar e montar peças, fixação de painéis automotivos, entre outras
atividades manuais desenvolvidas por técnicos, irão ser extintas. No entanto, não
significa que os trabalhadores serão simplesmente descartados, pois podem atuar
em processos estratégicos e em atividades que envolvam o controle de projetos.
Segundo Afonso (2020), as mudanças provocadas pelo surgimento da indús-
tria 4.0, têm sido consideradas os principais catalisadores das mudanças das orga-
nizações, empresas e demandas de mão de obra. Neste caso, as novas tecnologias
contribuem para a automação dos processos produtivos e, consequentemente,
resultam na substituição de trabalhadores nas atividades rotineiras. Ao olharmos
então para esta evolução das organizações e empresas, as necessidades de adap-
tação dos trabalhadores têm sido cada vez maiores, pois diante deste cenário, o
aprendizado contínuo e o desenvolvimento de novas habilidades se torna um
diferencial no desenvolvimento da carreira profissional.

147
UNIDADE 4

O avanço tecnológico não é algo


que possamos deter, pois este
avanço é influenciado por di-
versos fatores que alavancam
o desenvolvimento de ferra-
mentas e sistemas para suprir
as necessidades do mercado.
Neste sentido, convido você a
acessar o podcast que preparei
especialmente para falar sobre
este assunto.

Com relação à segurança do trabalho não tem sido


diferente, pois a evolução tecnológica tem forçado os
profissionais a se atualizarem quanto aos equipamentos
utilizados para a realização de avaliação dos riscos nas
organizações. A tecnologia aplicada nos equipamentos
têm forçado os profissionais a investirem em treina-
mentos e capacitação para operar estes equipamentos.
Por um lado, esta evolução tem facilitado a obtenção de
resultados cada vez mais precisos. Em contrapartida, os
profissionais estão tendo que se atualizar com relação
a aquisição de computadores, laptops ou smartphones
que suportam estas novas tecnologias. Também tem
sido inserido nas atividades envolvendo a segurança
do trabalho “Drones”, “IA”, “RFID”, Realidade Virtual,
Robôs, SEIF, entre outros. Veremos a seguir algumas
destas tecnologias com maiores detalhes.
Iniciaremos falando dos drones. Drone é o termo
utilizado para Veículo Aéreo não Tripulado (VANT).
Atualmente estes são equipamentos comuns e dispo-
níveis no mercado em diversos tamanhos e modelos.
O fato aqui é que estão sendo utilizados, entre outras
atividades, como uma ferramenta para auxiliar na segu-
rança do trabalho na construção civil. De acordo com
Nascimento et al. (2018), na construção civil os procedi-
mentos comuns envolvendo a segurança são a realização
de inspeções no canteiro de obras.

148
UNICESUMAR

As inspeções têm o objetivo de verificar as condições em que os trabalhos


são realizados. Neste sentido, o gestor de segurança precisa realizar inspeções
frequentes no canteiro de obras durante o expediente de trabalho, de forma a
verificar se as atividades estão sendo realizadas de acordo com as prerrogati-
vas de segurança. Porém, o gestor de segurança não consegue estar em todos
os lugares ao mesmo tempo. Assim, para que esta lacuna seja preenchida em
canteiros de obras que possuem grandes áreas de construção e atividades sendo
desenvolvidas simultaneamente, a utilização de drones seria de grande valia.
O sobrevôo do canteiro de obra possibilita o monitoramento das atividades,
além de possibilitar realizar a gravação de imagens para posterior análise das
condições de riscos a que os trabalhadores estão expostos ou estão se expondo
por meio de atos inseguros e até mesmo a não utilização de equipamentos de
segurança individual (EPI), ou ainda, a avaliação das condições ou necessida-
des de instalação de equipamentos de proteção coletiva (EPC). De acordo com
Nascimento et al. (2018, p. 68), alguns elementos a serem inspecionados com
a utilização de um drone em um canteiro de obras são:

149
UNIDADE 4

■ Instalações provisórias: localização das instalações do can-


teiro; condições físicas das instalações; e monitoramento das
rotas de pessoas ou materiais.

■ Segurança da obra: proteção contra queda no perímetro dos


pavimentos (guarda-corpo e rodapé); plataforma de proteção
(bandeja salva-vidas); sinalização de segurança; andaimes sus-
pensos e simplesmente apoiados; e elevadores cremalheira,
guincho e grua.

■ Sistema de movimentação e armazenamento de materiais:


condições das vias de circulação do canteiro; monitoramento
do tráfego de materiais; condição de armazenamento de ma-
teriais na área externa (agregados, argamassa, blocos, tijolos,
aço, tubos de PVC, etc).

■ Análise dos impactos na vizinhança da área delimitada: rotas


de trânsito na área externa do canteiro devido a entrada e saída
de caminhões; potencial de poluição de ruas/avenidas devido
ao descarregamento de materiais (concreto entre outros).

Vimos que a aplicação de drones na construção civil tem uma grande utilidade
para auxiliar na segurança do trabalho. Os drones possibilitam um leque de ativi-
dades e podem ser utilizados com vantagens quando comparado à presença hu-
mana (CALASANS, 2018). Nas empresas, para garantir seu bom funcionamento,
os drones são utilizados para realizar o monitoramento e inspeção dos ativos por
meio de imagens de alta definição e scanners específicos que possibilitam aos
gestores de segurança identificar, riscos químicos, vazamento de gases tóxicos,
entre outros riscos presentes no ambiente de trabalho. As vantagens da utiliza-
ção dos drones é que as inspeções visuais são realizadas em áreas de riscos, tais
como espaços confinados, por exemplo. Com isso, trabalhadores, antes expostos
a situações de risco, agora podem ficar em um ambiente seguro e deixar que os
drones realizem o trabalho perigoso. Os drones, nos casos de inspeção em áreas
consideradas perigosas, possibilitam a realização de inspeções muito melhores
devido ter câmeras que fornecem imagens que permitem um alto nível de deta-
lhamento que o olho humano não consegue captar. Uma outra vantagem é que
os drones podem se deslocar com muita rapidez a áreas de risco de difícil acesso

150
UNICESUMAR

ou até mesmo impossíveis de serem alcançadas pelo homem. De acordo com


Calasans (2018), os drones, nas atividades de inspeção em altura, possibilitam
o acesso a áreas perigosas e insalubres sem que o trabalhador esteja exposto, ou
seja, o trabalhador permanece em local seguro no solo, sem precisar subir em
andaimes, utilizar equipamentos de escalada etc.
Com esta praticidade, além de realizar as inspeções em segurança, reduzem
os custos e o tempo gasto para realizar a atividade.
Podemos observar que diversos segmentos utilizam os drones como forma
de garantir a segurança do trabalhador. Empresas de energia utilizam o equipa-
mento para realizar inspeções em instalações elétricas, torres de transmissão de
energia, entre outros. Nestes casos os drones são responsáveis por captar imagens
para identificar problemas de fugas de corrente e condições dos equipamentos,
tais como isoladores e conectores. Imagine os riscos a que os trabalhadores são
expostos nestas atividades. Nas empresas petroquímicas, os drones também são
muito importantes, pois as vantagens são muitas, dentre elas a realização de ins-
peções sem a necessidade de paralisação das atividades produtivas. Para a segu-
rança dos trabalhadores, a exposição a áreas de riscos de explosões, intoxicação
por vazamentos de gases entre outras. A utilização na identificação de animais
selvagens considerados como vetores de doenças transmissíveis, áreas contami-
nadas, sem que os trabalhadores estejam expostos aos riscos biológicos é uma
outra vantagem, pois estes equipamentos podem realizar a coleta de amostras em
locais impossíveis de serem coletadas manualmente (CALASANS, 2018). Vemos
que os drones são equipamentos com uma grande quantidade de aplicação para
auxiliar na saúde e segurança dos trabalhadores nas diversas áreas da economia.

151
UNIDADE 4

No entanto, além dos drones, a Inteligência Artificial (IA) também é uma


grande aliada nas atividades de promoção e prevenção da saúde e segurança
no trabalho. A nova era que estamos presenciando envolve diversas tecnologias
das quais não conseguimos nos imaginar sem elas. Nas organizações, empresas
e outras áreas da economia não é diferente, pois a inclusão de computadores,
algoritmos, softwares, sistemas, entre outros, simplificam a realização de tarefas
cotidianas (VEIGA; PIRES, 2018). A IA é um ramo da ciência da computação que
propõe a elaboração de sistemas que proporcione a simulação da capacidade de
raciocínio, percepção, tomada de decisão e resolução de problemas comuns aos
seres humanos. Este tipo de tecnologia nas organizações, por um lado, irá reduzir
a utilização de mão de obra humana especializada, por outro, irá proporcionar
maior segurança aos trabalhadores envolvidos nas atividades laborais. De acordo
com Veiga e Pires (2018, p. 73), o código de ética para a proteção das pessoas e
da vida humana, define que:

152
UNICESUMAR


[...] em situação de risco e quando os danos forem inevitáveis, o
computador deve priorizar a segurança do homem acima do equi-
pamento, dos eventuais danos económicos, e de forma a que os al-
goritmos não estabeleçam preferências em função da idade, sexo,
raça, constituição física ou psíquica.

De acordo com Veiga e Pires (2018), cedo ou tarde as organizações e empresas


terão que enfrentar os desafios resultantes da IA e todos os trabalhadores irão
interagir com os equipamentos providos desta tecnologia, o que tendenciosa-
mente aumenta os níveis de eficiência do processo e consequentemente a se-
gurança. Hoje é muito comum a utilização deste tipo de tecnologia em grandes
organizações, como por exemplo a aplicação de exoesqueletos para a realização
de atividades que exigem força excessiva dos trabalhadores.
Pasman et al. (2018), descreve que a IA é uma tecnologia que pode servir como
ferramenta para rastrear todas as informações ou indicações disponíveis de fontes
diferentes e agregar conhecimentos complementares e que podem apoiar e facilitar
as atividades de avaliação de riscos de forma inovadora. Neste sentido, a IA é be-
néfica para os seres humanos e para o desenvolvimento ainda maior da tecnologia
nos processos de avaliação dos riscos. Veiga et al. (2020), apresenta alguns exemplos
de aplicação da IA em algumas áreas consideradas como sendo de risco elevado,
tais como centrais nucleares, plataformas de gás e petróleo, minas e construções.
Em uma central nuclear foi desenvolvido um sistema que permite fazer a vi-
gilância por meio de rastreio visual. Neste caso, o objetivo era avaliar a dose de
exposição dos trabalhadores à radiação durante a realização das atividades. O sis-
tema foi desenvolvido para detectar corretamente, rastrear e identificar as pessoas
envolvidas nas atividades de forma que as medições da dose de radiação recebida
por cada trabalhador fosse fiável. A captação dos dados é feita por meio de câmaras
instaladas na central nuclear. Outro exemplo, é a instalação de um sistema para
alertar sobre os riscos presentes em uma plataforma de petróleo e gás. O desen-
volvimento de um Expert System permitiu a identificação da configuração mais
adequada que permite ser integrado na avaliação do desempenho da segurança,
fornecendo alertas precoces. Já a utilização da Internet das coisas (IoT) no mo-
nitoramento dos locais inacessíveis é imprescindível para auxiliar na detecção de
situações de emergências, controle e partilha remota das informações.

153
UNIDADE 4

Ainda no mesmo sentido, além do monitoramento contínuo das áreas críticas, a


avaliação e a previsão da qualidade do ar nas minas, por exemplo, é vital na promo-
ção da melhoria da qualidade do ar por meio do controle eficiente da ventilação
do local onde os trabalhadores realizam as suas atividades. Os princípios de enge-
nharia associados à IA estão centrados na segurança, fiabilidade e disponibilidade,
de forma a proporcionar melhores condições de trabalho (VEIGA et al., 2020).
A robótica e a automação são marcos na era da indústria 4.0. Neste sentido,
ao passo que cresce o número de atividades automatizadas nas organizações
com a implementação de novas máquinas e equipamentos, é fundamental e im-
prescindível que haja ao mesmo tempo o investimento na proteção e segurança
dos trabalhadores que atuam nos locais onde as máquinas e equipamentos estão
instalados (PASTORI E RODOLPHO,2020) . Especificamente quando se fala
na instalação de um robô ou um sistema de automação em uma empresa ou
organização, há que se considerar a necessidade de uma série de mudanças no
ambiente produtivo, tais como leiaute, programação e sincronização das ope-
rações, meios de comunicação entre os equipamentos, instalação de sensores,

154
UNICESUMAR

controladores entre outros recursos necessários para garantir a segurança na


célula onde está instalado o robô.
Pastori e Rodolpho (2020), destacam que para proporcionar a segurança nos
ambientes automatizados, há disponível diversos dispositivos que podem ser
instalados para impedir que as pessoas sejam expostas aos riscos de acidentes.
Vejamos alguns destes dispositivos.

■ Barreiras Físicas: são obstáculos instalados entre o operador do robô ou


o equipamento e a área de risco. Estas barreiras podem ser em forma de
grades fixas ou portas com sistemas de intertravamento. As barreiras fixas
são mais apropriadas para as atividades que requerem pouca ou nenhuma
intervenção do operador na zona de risco enquanto o equipamento está
em operação. O que determina o tipo de barreira fixa a ser instalada na
área de operação do robô é a frequência com a qual o operador tem que
acessar a área de risco.

■ Cortina de luz de segurança: são dispositivos optoeletrônicos com-


postos de duas unidades, sendo estas um transmissor e um receptor que
formam uma cortina de luz infravermelha. Estes equipamentos têm a ca-
pacidade de fazer a supervisão de uma determinada área compreendidas
pelas distâncias entre as duas unidades. Neste caso, ao interromper a luz
infravermelha o equipamento acusa a presença de uma pessoa ou objeto
no local, fazendo com que o robô pare de funcionar imediatamente. As
cortinas de luz são utilizadas em locais onde é necessário acessar a área de
risco com maior frequência. Este equipamento é muito comum em por-
tas de elevadores , impedindo que as portas se fechem enquanto houver
alguma pessoa dentro da área de risco.

■ Tapetes de segurança: estes tapetes são utilizados para a proteção das


pessoas em áreas de operação de máquinas. Este dispositivo é formado
de duas placas de aço que têm correntes distintas e separadas por fitas
isolantes, sendo o seu acionamento por meio de pressão. Assim, o traba-
lhador, ao pisar no tapete, há um contato entre as placas gerando um sinal
para o controlador do sistema. Quando combinados com o controlador, a
produtividade aumenta devido a possibilidade de acesso seguro ao local

155
UNIDADE 4

do equipamento. No entanto, o tempo de parada é menor, ou seja, não


há grande necessidade de grandes interrupções de produção durante a
operação ou mesmo nas atividades de manutenção.

■ Scanner de área: este dispositivo também possui um sistema optoele-


trônico que atua na proteção de pessoas ou equipamentos. Neste caso,
são capazes de detectar qualquer objeto dentro da sua área de alcance.
A operação ocorre com base na reflexão de luz e os seus princípios,
onde há a emissão de pulsos de laser infravermelhos em uma determi-
nada área de até 190 graus, onde os receptores recebem a reflexão de
luz. Desta forma, a distância e a posição do objeto quando detectados
causam anomalias no campo de verificação e disparam um sinal para a
interrupção da máquina instalada no local.

■ Chaves de intertravamento: Estes dispositivos podem ser mecânicos ou


magnéticos. As chaves mecânicas são baseadas no contato com o opera-
dor do equipamento e funciona por meio de uma lingueta onde é fixada
em uma barra móvel e o dispositivo é fixado em uma barreira física. Neste
caso há uma exigência quanto ao alinhamento entre as partes, além de
ser passível de desgaste ao longo do tempo, podendo perder a eficiência.
Já a chave magnética é constituída de imãs fixados tanto na parte móvel
quanto na parte fixa do dispositivo. Neste caso a interrupção do campo
magnético faz com que o equipamento seja desligado automaticamente.
Este sistema é muito utilizado quando se busca garantir a interrupção dos
sistemas produtivos em funcionamento e assim garantir que o acesso do
trabalhador à área de risco seja segura. Assim, enquanto não houver o
fechamento da porta ou outro meio de acesso onde este dispositivo esteja
instalado, há a garantia de que o equipamento não irá voltar a funcionar.

■ Chaves de parada de emergência: este dispositivo é o mais comum de


todos, pois são comandos que estão diretamente ligados ao sistema da
máquina ou equipamento e que somente permite o equipamento funcio-
nar se a chave estiver na posição de contato fechado, ou seja, desapertada.
A função deste dispositivo é interromper o funcionamento do equipa-
mento imediatamente ao apertar o botão de emergência.

156
UNICESUMAR

Júnior (2015), apresenta outras tecnologias utilizadas para a garantir a segurança


em máquinas e/ou equipamentos. Vejamos quais são:

■ Relé de segurança: são dispositivos que tem como objetivo identificar


falhas ou defeitos nos circuitos de proteção instalados em máquinas e
equipamentos. Este dispositivo interrompe o funcionamento e permite
que a operação seja restabelecida somente após o defeito ser identificado
e solucionado. Geralmente estes relés fazem o trabalho de supervisão das
funções de segurança, tais como chaves de segurança, sensores, paradas
de emergência, válvulas, contatores etc.

■ CLP de segurança: são equipamentos eletrônicos que tem sua estrutura


hardware e software, onde, por meio de uma memória configurável para
realizar a programação do funcionamento. A configuração do CLP irá de-
pender do fabricante, pois cada um tem o seu sistema de funcionamento.
Os sinais de entrada e saída são responsáveis pelo controle e monitora-
mento do sistema de segurança da máquina e/ou equipamento em
que está instalado. Com o CLP de segurança instalado é possível
controlar diversos dispositivos de segurança ao mesmo tempo. É
importante destacar aqui que o CLP de segurança não é o mesmo
CLP utilizado para controlar os ciclos produtivos. O CLP tratado
aqui tem a prioridade de garantir a eficiência do sistema e a efi-
cácia das ações de segurança ao qual foi configurado.

157
UNIDADE 4

Podemos ver que a IA é uma tecnologia que tem grande aplicação nas organi-
zações não só na produtividade mas também na segurança dos trabalhadores,
pois proporciona por meio de sistemas e dispositivos para limitar o acesso das
pessoas a áreas consideradas de risco, além de controlar as atividades desenvol-
vidas automaticamente.
Uma outra tecnologia muito presente nas organizações nos dias atuais é a robó-
tica. Os processos industriais têm sido cada vez mais realizados por meio de robôs.
Estes equipamentos são os responsáveis pela automatização de várias atividades.
A sofisticação destes equipamentos ao longo dos anos proporciona a realização de
trabalhos em situações de insalubridade, de risco de morte, ou simplesmente em
atividades monótonas desenvolvidas pelo ser humano (SANTOS, 2015).
Historicamente, o primeiro mecanismo representando a figura de um ser
humano foi apresentado por Roy J. Wensley, em 1927, na Exposição Mundial de
Nova York. Este mecanismo foi chamado de Robô Televox. Imediatamente no
Japão, no ano de 1928, foi apresentado uma máquina, réplica de um ser humano
e que tinha a capacidade de articular algumas partes do corpo.
De acordo com Santos (2015), estas máquinas foram utilizadas para o de-
senvolvimento de máquinas que mais tarde, em meados do século XX, seriam
utilizadas para manipular materiais radioativos por meio de teleoperação.

158
UNICESUMAR

Neste contexto, ainda durante a Segunda Guerra Mundial, de acordo com Santos
(2015), os centros de pesquisa com materiais radioativos necessitavam desenvolver
um equipamento que possibilitasse a manipulação a distância de urânio e outros
materiais sensíveis, de forma a proteger os trabalhadores de seus efeitos maléficos. O
dispositivo era chamado de “teleoperador” e, por meio de manolas instaladas remo-
tamente, possibilitava o transporte das barras de urânio por meio de mecanismos
motorizados. Esta tecnologia também era empregada nas indústrias de manufatura
em operações de usinagem, haja visto que nos anos de 1950, começaram a surgir
nas indústrias os primeiros equipamentos de usinagem, tais como tornos, fresas
etc., que já utilizavam a tecnologia de Controle Numérico (CN), permitindo que
os movimentos fossem pré-programados em fitas perfuradas.
Voltando ao período atual, para os robôs industriais prevalecem as três leis da
robótica estabelecidas pelo escritor russo-americano Isaac Asimov, que segundo
Santos (2015, p. 12), são:


1ª Lei: um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação,
permitir que um humano seja ferido;
2ª Lei: um robô deve obedecer às ordens dadas por humanos, ex-
ceto quando isto conflitar com a primeira lei;
3ª Lei: um robô deve proteger sua própria existência, a menos que
isto conflite com a primeira ou a segunda lei.

As máquinas da época não tinham quase nenhuma semelhança com um ser


humano. Tratava-se de articulações mecânicas que eram capazes de realizar os
movimentos necessários para realizar as tarefas a que foram construídos, sem
nenhuma importância quanto à aparência. Atualmente, o conceito de robótica
industrial passa de um ramo de conhecimento chamado de mecatrônica para o
processamento de informações em máquinas e instrumentos genéricos. A defi-
nição oficial para robô industrial dada pelo Robot Institute of America (RIA), de
acordo com Santos (2015, p. 13), é:


Um robô industrial é um manipulador reprogramável, multifun-
cional, projetado para mover materiais, peças, ferramentas ou dis-
positivos especiais em movimentos variáveis programados para a
realização de uma variedade de tarefas.

159
UNIDADE 4

As últimas três décadas do século XX foram cruciais para o desenvolvimento


dos robôs fabricados na atualidade. O Quadro 3, apresenta os principais avanços
tecnológicos no desenvolvimento dos robôs.

Ano Tecnologia

Acionamentos elétricos eficazes


1974
Controle microprocessado

Interpolações cartesianas

Comunicação via computador


1982
Uso de joystick

Programação por menus

1984 Sistema de visão

Controle digital
1986
Acionamentos em corrente alternada

1990 Interconexão em redes

1991 Controle digital de torque

Modelo Dinâmico Completo

Interface Windows
1994
Simulação em robôs virtuais

Uso de fieldbus

1996 Cooperação entre robôs

Sistemas de detecção de colisões

1998 Identificação de objetos

Movimentação em alta velocidade

Quadro 3. Avanços tecnológicos nos robôs. / Fonte: Santos (2015, p. 15).

Embora haja muitas questões envolvendo a automatização dos processos, a tecno-


logia aplicada e a utilização deste tipo de equipamento nos processos produtivos,

160
UNICESUMAR

são grandes aliados à segurança do trabalho, pois proporciona a realização de


atividades que são nocivas ao homem, tais como pintura automotiva, operações
de soldagem, elevação e transporte de cargas, entre outras atividades.
Um exemplo de utilização de robôs como auxílio na promoção da saúde do tra-
balhador é a realização de tarefas de montagem do forro do teto de um automóvel.
O Quadro 4 apresenta duas situações, com e sem o auxílio de robô colaborativo.

Sem auxílio de robô Com auxílio de robôs

1. O trabalhador levanta o forro do teto, 1. O robô levanta o forro do teto e


com encaixe difícil de se manusear. encaixa no chassi do carro.

2. O trabalhador guia o robô para


2. O trabalhador alinha o forro manual-
alinhar o forro sem ter de carregar
mente e o segura na posição correta.
peso.

3. O robô fixa o forro com para-


3. O trabalhador fixa o forro com
fusos, conforme instruído pelo
parafusos, o que requer uma posição
trabalhador, que mantém posição
desconfortável.
ergonômica correta

Quadro 4. Exemplo de linha de montagem com e sem uso de robô.


Fonte: CNI (2017, p. 33 apud LORENZ et al., 2015)

No exemplo citado no Quadro 4, podemos observar que um trabalhador, ao ter


que realizar a montagem do teto do automóvel, é submetido a uma carga grande
de esforço físico, expondo-o ao risco de lesões. Já com o avanço da tecnologia
robótica, o trabalhador realiza a mesma tarefa, só que de uma forma menos ar-
riscada, ou seja, ele determina que o robô realize a tarefa, diminuindo assim os
riscos ergonômicos e de lesões.
A evolução nos sistemas automatizados, como já dito, tem evoluído constan-
temente e sua aplicação nos ambientes de trabalho e nas máquinas, equipamentos,
entre outros, não é diferente. Falamos até aqui sobre a utilização de robôs, drones,
IA. Agora iremos tratar de uma outra tecnologia já conhecida e muito utilizada
para identificar objetos, pessoas e animais. Esta tecnologia é conhecida como
Radio-Frequency Identification (RFID).

161
UNIDADE 4

De acordo com Silva (2019), esta tecnologia é baseada, como o próprio nome
já diz, em frequências de rádio ou por meio da propagação magnética. O sistema
consiste em dois componentes: etiquetas eletrônicas e leitores. As etiquetas são
instaladas no que se busca identificar, seja um objeto, uma pessoa ou um ani-
mal, os leitores são responsáveis pela leitura ou escrita do que está contido nas
etiquetas. Uma outra característica importante de ser ressaltada é a utilização
deste tipo de tecnologia para ligar ou desligar algum sistema ou equipamento.
Na movimentação de cargas e veículos pesados, este dispositivo é utilizado para
emitir sinais, tanto para o operador quanto para as pessoas que estão ao redor de
onde está sendo realizada a operação.

NOVAS DESCOBERTAS

Um exemplo da aplicação de braços mecânicos (robótica) pode ser visto na


produção de alimentos. Para que você tenha uma visão mais ampla sobre
esta aplicação, acesse a matéria: Conheça o robô pizzaiolo que prepara 120
pizzas por hora e assista ao vídeo, acessando o Qr-Code.

A utilização desta tecnologia em empilhadeiras, por um exemplo, tem a função de


limitar a aproximação das pessoas que estiverem próximas ou em movimentos,
de forma a prevenir a ocorrência de acidentes por atropelamento ou pensamento
em possíveis obstáculos. Já em equipamentos automatizados, esta tecnologia é
aplicada como forma de proteger os trabalhadores de possíveis acidentes, quando
estão em atividades de manutenção de máquinas ou equipamentos, ou até mes-
mo, tenham que adentrar em áreas consideradas de risco, tais como a movimenta-
ção de braços robóticos utilizados para embalagem, processos de movimentação
de produtos. Nestes casos, a instalação do tag (etiqueta) é feita no capacete do
operador, uma vez que a utilização deste tipo de EPI é obrigatório na maioria das
empresas de manufatura, construção civil, entre outras.
Uma tecnologia similar ao RFID (Radio Frequency Identification) é o SEIF
(Segurança, Informação e Formação). Esta tecnologia foi desenvolvida pelo Centro
de Inovações do SESI e consiste na instalação de sensores embutidos em EPI, uni-
formes e acessórios dos trabalhadores, tendo como função mapear as situações de
riscos no âmbito do período de trabalho. Neste caso, as informações são enviadas
diretamente para os gestores responsáveis pela segurança e saúde dos trabalhadores

162
UNICESUMAR

da empresa, que automaticamente transpassam para um


sistema de nuvem para serem processadas, garantindo
assim a segurança, sincronização, celeridade e escalabi-
lidade tecnológica. Assim, as informações poderão ser
acessadas de forma remota e offline. Com as informações
disponíveis, os gestores podem tomar decisões em tempo
real e assim impedir que uma determinada pessoa aces-
se uma determinada área e em caso de irregularidades,
possibilita a verificação da necessidade de realização de
treinamento. Assim, o SIEF, conforme a necessidade do
profissional de ter orientações em locais perigosos, pro-
porciona por meio de um sistema cyber-físico (totem)
a identificação do ID do trabalhador, visando de forma
similar a sua capacitação, localização e posicionamento
na área de risco, estabelecendo um canal de comunicação
entre a empresa e o trabalhador.
O SIEF também proporciona uma ampliação dos dados
sobre a saúde dos trabalhadores por meio da programação
do hardware. Esta ampliação permite, a partir de sensores
instalados nos trabalhadores, monitorar os batimentos car-
díacos, temperatura e hidratação (SILVA et al., 2019).
As tecnologias surgidas nos últimos anos, têm sido
amplamente utilizadas nas organizações, tanto para
a promoção da segurança do trabalho, quanto para o
desenvolvimento produtivo, por meio de máquinas e
equipamentos, como já visto nesta unidade. Uma destas
tecnologias, a menos desenvolvida nesta era da indús-
tria 4.0 é a realidade aumentada ou realidade virtual.
Inicialmente esta tecnologia ficou conhecida na área dos
games. No entanto, é uma tecnologia que suporta sua
aplicação em diversas áreas, tais como a medicina e a
educação. No que diz respeito à segurança do trabalho,
a realidade virtual permite que seja feita uma avaliação
do ambiente de trabalho e avaliar as condições de riscos
a que os trabalhadores estão expostos.

163
UNIDADE 4

De acordo com Júnior et al. (2021), a utilização da realidade virtual tem


saído do plano imaginário e fictício para a realidade do dia a dia. Como uma
ferramenta de instrução e trabalho, esta tecnologia proporciona o acesso de um
número maior de pessoas, tendo em vista, principalmente os aspectos da ergono-
mia, acessibilidade ao espaço utilizado, custos e quantidades de simulações. Com
esta tecnologia, é possível criar um conjunto de orientações práticas auditáveis,
seja nos maiores ou menores requisitos de acessibilidade. Assim, é possível nive-
lar o conhecimento, interesse e experiência que proporciona a conscientização
e atitude ante os grandes números de possibilidades destas orientações práticas
existentes no dia a dia.
Na segurança do trabalho, a realidade virtual pode ser uma grande aliada.
Com a aplicação desta tecnologia, por exemplo, é possível, segundo Júnior et
al. (2021), iniciar a atividade de manutenção de uma máquina ou equipamento,
verificando quais os EPI´s são obrigatórios e necessários, tais como luva, calça-
dos, capacetes, protetores auditivos, cintos (quando o trabalho for realizado em
altura), bem como outros equipamentos necessários para atividades específicas.
Neste caso, a realidade virtual auxilia no dimensionamento da área a ser iso-
lada e na avaliação do plano de manutenção bem como os itens que deverão

164
UNICESUMAR

ser avaliados em cada máquina ou equipamento. Também possibilita à equipe


responsável realizar o bloqueio de para impedir o funcionamento da máquina
ou equipamento durante a realização da atividade de manutenção, mesmo que
alguma pessoa ligue o equipamento inadvertidamente, ou seja, sem autorização.
Também tem a vantagem de poder observar o processo de vários ângulos e for-
mas, aumentando assim a conscientização no trato com as devidas medidas de
segurança, reforçando o passo a passo dos procedimentos (JÚNIOR et al., 2021).
A internet das coisas, conhecida como IoT, tem auxiliado no desenvolvimento
da manufatura, pois por meio dela é possível fazer a comunicação e controle de
máquinas e equipamentos utilizados nos processos produtivos e logísticos. Neste
sentido, há um aumento na competitividade das empresas e ao mesmo tempo a
redução dos custos operacionais. A partir das melhorias em equipamentos de ma-
nutenção, instalação de sistemas de proteção com sensores de presença são gran-
des aliados para a promoção da saúde e segurança dos trabalhadores. Sensores
de presença podem fazer a comunicação entre si e desligar automaticamente ou
impedir que um equipamento ou uma máquina seja acionado enquanto estiver
sendo realizada a manutenção do mesmo. Ou seja, o sistema identifica a presença
de uma pessoa no local e impede o seu acionamento (SACOMANO et al., 2018).

165
UNIDADE 4

O Quadro 5 apresenta algumas das principais novas tecnologias da Quarta


Revolução Industrial de acordo com Quintino et al. (2019, p. 98):

TECNOLOGIA O QUE FAZ

Permite que os sistemas aprendam sem neces-


sidade de programação. É usada na identificação
Inteligência artificial
facial e de voz, em veículos autônomos e na
automação de processos e serviços.

Produz robôs para automação de atividades a


Robótica
custos decrescentes.

Usa organismos vivos na produção de medica-


Biotecnologia mentos, nutrientes químicos, combustíveis e
materiais.

Implanta equipamentos eletrônicos nos orga-


nismos, com potencial de melhorar o monitora-
Neurotecnologia
mento de saúde e o tratamento de doenças e de
ampliar a capacidade cognitiva.

Registra transações financeiras em um arquivo


digital de forma distribuída, imutável, transpa-
Blockchain rente e auditável. Também pode ter outros usos,
como monitoramento de cadeias de fornecimen-
to, de registros e de certificação diversas.

Conecta máquinas, eletrodomésticos, veículos,


produtos ou qualquer coisa, inclusive pessoas,
Internet das coisas (IoT)
à internet. É utilizada em diversos setores, na
gestão das cidades e nas residências.

Permite a produção de qualquer coisa, com o


Impressão 3D uso de qualquer material,em um sistema de
pequena escala.

Quadro 5. As principais tecnologias da quarta revolução industrial.


Fonte: Adaptado de Quintino et al. (2019, p. 98).

166
UNICESUMAR

Podemos observar no Quadro 5 que cada tecnologia tem a sua função quando
instalada e utilizada nas organizações. É importante ressaltar aqui os benefícios
que algumas destas tecnologias proporcionam para as ações de saúde e segurança
do trabalho. Na maioria das vezes nós não enxergamos estas tecnologias devido
ao fato de elas estarem instaladas em componentes eletrônicos que atuam no
sistema principal de uma máquina ou equipamento e não ficam aparente.
Outro aspecto interessante que podemos observar é a eficiência com que as
informações são transmitidas diante de uma situação de risco para impedir que
um acidente ocorra. Um exemplo desta velocidade de informação é a forma com
que os dispositivos de segurança instalados em serras circulares manuais ou de
bancada. Ao acionar a máquina e realizar o corte uma prancha de madeira, qual-
quer obstáculo que surgir à frente do sentido de corte da serra, automaticamente
libera uma capa protetora para a serra e desliga o equipamento instantaneamente.
Assim, a tecnologia desenvolvida nesta era industrial 4.0 tem grande aplicação
nas questões que envolvem a saúde e segurança do trabalho. O que precisa é
aplicar os recursos disponibilizados no desenvolvimento de novos sistemas e o
aprimoramento dos sistemas já existentes.
O desenvolvimento das tecnologias tem proporcionado muitos avanços na
troca de informações em tempo real entre o que ocorre durante os processos e
os gestores destes processos. Além disso, tem o fato de que o trabalhador pode
realizar as atividades de monitoramento e controle do processo por meio de soft-
wares instalados em computadores, laptops, tablets, bem como os smartphones,
que mais se parecem com computadores de bolso, devido ao desenvolvimento
de estruturas mais robustas de hardwares e softwares para estes equipamentos.
Precisamos estar atentos às novas tecnologias que estão surgindo e buscar nos
aprimorar ainda mais nossos conhecimentos nas tecnologias que já estão sendo
aplicadas em prol da saúde e segurança do trabalho.
Vimos nesta unidade a evolução da indústria 4.0 e com ela o surgimento de
várias tecnologias. Com esta evolução há também uma necessidade de evolução
dos trabalhadores devido aos novos cargos que vão surgindo nas organizações e o
desaparecimento de outros. Neste caso, a demanda futura do mercado de trabalho
tende a absorver profissionais com características mais voltadas para a gestão. No

167
UNIDADE 4

entanto, embora mude sistemas de trabalho, tecnologia embarcada nos equipamen-


tos, a forma como se trata da saúde e segurança do trabalho não se diferencia. Afinal
de contas, quando se fala em saúde e segurança do trabalho não se pode relaxar.
Com o desenvolvimento das tecnologias surgiram diversos sistemas e dis-
positivos para auxiliar na segurança das pessoas e dos trabalhadores. Podemos
observar as novas tecnologias em diversos equipamentos que utilizamos no dia
a dia e estão disponíveis em nossa casa. Os eletrodomésticos normalmente são
providos de dispositivos que permitem o controle de algumas funções, como
por exemplo a máquina de lavar roupas. Ao abrir a tampa do batedor a máqui-
na interrompe suas funções e o sistema de freio instalado faz com que o cesto
batedor pare de girar. Enquanto a tampa da máquina não é fechada a máquina
permanece em standby.
As exigências para a instalação de dispositivos de segurança em equipamen-
tos, máquinas e meio ambiente são cada vez maiores. Neste sentido a tecnologia
é muito bem vinda, pois sistemas automáticos providos de inteligência artificial
associados a automação e sensores de presença entre outros dispositivos, com
certeza irá proporcionar a segurança de todas as pessoas das organizações. O
conhecimento sobre as novas tecnologias e os sistemas de proteção aplicados à
segurança do trabalho, com certeza irá fazer com que você tenha maior asser-
tividade nas avaliações dos riscos e na proposição de ações para a melhoria da
saúde e segurança dos trabalhadores.

168
Vimos nesta unidade o quanto evoluiu a tecnologia nesta nova era da revolução
industrial. Estas tecnologias são importantes não só para o desenvolvimento
das organizações, mas também para a segurança do trabalho. Neste sentido, os
benefícios para a segurança do trabalho estão no desenvolvimento de sensores
e dispositivos instalados nas máquinas e equipamentos. No intuito de assimilar
ainda mais o conteúdo apresentado sobre as novas tecnologias, sugiro que de-
senvolva um mapa mental utilizando as seguintes palavras chave: IoT, Inteligência
artificial, Drone, Relé de Segurança, CLP de Segurança, RFID e Robótica.

Inteligência
Artificial
Relé de
Segurança
CLP de Segurança

NOVAS TECNOLOGIAS
INDÚSTRIA 4.0

Robótica
RFID IoT
Drone

169
1. A nova era da industrialização, conhecida como indústria 4.0 é relativamente nova,
levando em consideração que seu início se deu no ano de 2012. Com o desenvol-
vimento da tecnologia nestes últimos tempos, com o surgimento de drones, IoT, IA,
entre outros, é possível realizar atividades de uma forma mais rápida e segura. Na
construção civil os drones estão sendo utilizados em algumas atividades de inspeção.

Sobre a utilização dos drones na construção civil, avalie as alternativas a seguir.

I - Os drones são utilizados para inspecionar áreas de difícil acesso;


II - São utilizados para verificar as condições em que o trabalho é realizado.
III - São equipamentos que verificam as rotas da matéria-prima no entorno da obra.
IV - São utilizados para verificar as condições das vias ao entorno do canteiro de obra.
V - São utilizados para localizar as condições físicas das instalações provisórias.

De acordo com as assertivas apresentadas, é correto o que se afirma em:

a) I, II e IV apenas.
b) II, IV e V apenas.
c) I, II, III e V apenas.
d) I, II, IV e V apenas.
e) II, III, IV e V apenas.

2. Os dispositivos utilizados para proporcionar a segurança nos ambientes e garantir


a segurança das pessoas que estão expostas a um determinado risco de acidente.
Os dispositivos utilizados podem ser instalados diretamente nos comandos das má-
quinas ou equipamentos ou externamente para a proteção do ambiente laboral.

Sobre os dispositivos utilizados para a proteção nos ambientes automatizados, avalie


as afirmativas a seguir e assinale (V) para verdadeiro ou (F) para falso.

( ) As barreiras físicas são obstáculos instalados ao redor do equipamento para


impedir que partículas que desprendem do processo atinjam os trabalhadores.
( ) O tipo de barreira fixa é um tipo de dispositivo que tem a capacidade de fazer a
supervisão de uma determinada área compreendida entre duas unidades.

170
( ) Os dispositivos de segurança acionados por meio de duas placas de aço são
chamados de tapetes de segurança e são acionados por pressão.
( ) O relé de segurança é utilizado para identificar as falhas ou defeitos nos circuitos
de proteção instalados em máquinas e equipamentos.

Sobre as afirmativas acima, é correto o que se afirma em:

a) V, V, F, V.
b) F, V, F, V.
c) V, F, V, V.
d) V, F, F, V.
e) F, V, F, F.

3. A quarta revolução industrial proporcionou o desenvolvimento de diversas tecnolo-


gias. Cada uma destas tecnologias tem uma característica de utilização. A robótica,
por exemplo, produz robôs que proporcionam a automação de atividades realizadas
em diversos setores da economia. No que diz respeito às principais tecnologias da
indústria 4.0 estudadas, a neurotecnologia é responsável por:

171
5
Evolução
Histórica das
Normas
Me. Juliano Bertolotti Moura

Iremos aprender nesta unidade como as normas e leis pertinentes à


saúde e segurança do trabalho foram desenvolvidas e estabelecidas
ao longo da história. Veremos um pouco da história de algumas ins-
tituições que, até os dias de hoje, são responsáveis por estabelecer
as diretrizes para a promoção da saúde e segurança do trabalho.
Bons estudos!
UNIDADE 5

Trabalhar é necessário, porém deve-se estar em um ambiente seguro e provido


de equipamentos e sistemas que garantam a saúde e segurança do trabalhador.
No entanto, se não houver leis e regras bem definidas, os locais de trabalho e as
atividades laborais tendem a se tornar verdadeiras fontes de acidentes, pois a
tendência é que empregados e empregadores, na pressão do dia a dia, passem a
negligenciar os requisitos mais básicos de segurança. Você acredita que mesmo
havendo uma quantidade enorme de normas relativas à saúde e segurança do
trabalho, ainda há muita negligência no atendimento dos requisitos estabeleci-
dos? Em quais segmentos você acredita que há mais evidências de negligência
das normas de segurança do trabalho?
O ser humano, por natureza, tende a se acomodar ou se acostumar com a ro-
tina, seja do trabalho, do ambiente, entre outros. Quando se trata de segurança do
trabalho não é diferente, pois está relacionada a quase tudo o que fazemos. É claro
que não devemos pensar em segurança do trabalho somente quando estamos na
empresa em que trabalhamos, esta segurança deve ser observada em todos os luga-
res e atividades que possam ser caracterizada como trabalho. Quando realizamos
um trabalho por um determinado tempo, nós vamos acostumando com a atividade
e tendemos a relaxar, pois se torna em muitos casos uma atividade repetitiva e que
ao longo do tempo, devido a prática, esquecemos do risco a que estamos expostos.
Quando isso acontece, a probabilidade de ocorrer um acidente é alta.
A construção civil é um dos setores, senão o setor com maior número de
ocorrências de acidentes de trabalho no Brasil. Devido ao tipo de ambiente e
atividade desenvolvidas em um canteiro de obras, os riscos estão presentes em
cada canto, se fazendo necessário aumentar as ações e investimentos em segu-
rança do trabalho neste segmento da economia. É claro que os problemas com
a saúde e segurança do trabalho não são uma exclusividade da construção civil,
mas em outras áreas também, tais como a indústria química, metal mecânica,
entre outras. Não há esta ou aquela empresa, ou este ou aquele segmento que
negligenciam a segurança do trabalho, existem aquelas empresas ou segmentos
que valorizam a vida e buscam preservar a saúde, segurança e integridade física
e mental de seus trabalhadores.
É claro que você já deve ter se deparado com alguma situação de risco de aci-
dente. Talvez na rua, indo de um lugar para outro, você já tenha passado por alguma
reforma de casa, pessoas trocando anúncio de outdoor, lavando fachada de prédio,
pintando, enfim, podem ser tantas situações que não cabe aqui citar. É um fato que,

174
UNICESUMAR

na maioria das vezes, estas pessoas não estão nem aí com a segurança, nem deles e
nem tampouco das pessoas que passam ou estão próximas da área em que se está
realizando o trabalho. Equipamentos de Proteção Individual (EPI), Equipamento
de Proteção Coletiva (EPC), nem pensar! Sendo assim, proponho a você realizar
um exercício interessante que envolve a sua percepção de risco de acidente e ao
mesmo tempo exercite tudo o que aprendeu até aqui e o que irá aprender nesta
unidade. O exercício consiste em observar, quando possível, as atividades sendo
realizadas e os possíveis riscos presentes em cada uma delas, como por exemplo:
trabalhadores realizando a construção de casas no bairro. A proposta é que você
faça estas observações no bairro onde mora ou quando sair para algum outro lugar
e ao chegar em casa, faça o relato do que foi observado. Para a anotação de suas
observações, sugiro a você que utilize o seu diário de bordo.

175
UNIDADE 5

Muitas vezes, indo de um lugar para o outro, presenciei várias situações de riscos
a que as pessoas estavam expostas. Ao presenciar algumas cenas de pessoas nos
últimos degraus de uma escada, a mais de 5 metros de altura, limpando letreiros
sem nenhum tipo de dispositivo que impedisse uma possível queda, automa-
ticamente me vem um questionamento: Será que esta pessoa não tem amor à
sua vida? Aonde está o contratante que não providencia os EPIs ou impeça que
o trabalho seja realizado de maneira insegura. Será que ele não sabe que se a
pessoa sofrer um acidente, ainda que seja um terceiro, ele vai ter que arcar com
as consequências? Pois é, esta é uma situação mais comum do que você imagina.
Embora não se tenha muito o que fazer nestes casos, temos que ter a consciência
de que a partir do momento em que nós temos o conhecimento das normas e leis
que estabelecem os requisitos de saúde e segurança, bem como as ferramentas,
dispositivos e equipamentos para identificar, avaliar e minimizar os riscos, somos
co-responsáveis por promover a saúde e segurança do trabalho em qualquer
tipo de ambiente e atividade. Portanto, somos agentes promotores de práticas de
trabalho seguro e consequentemente promotores do nosso bem maior… a vida!

176
UNICESUMAR

Ao falar da evolução histórica das normas, temos que voltar no tempo, pois
tudo o que conhecemos sobre a legislação de saúde e segurança do trabalho, teve
início na revolução industrial, e é a partir dela que iniciaremos esta unidade.
Com a Revolução Industrial, ocorrida no século XVIII, o surgimento das pri-
meiras máquinas possibilitou o avanço da tecnologia, fazendo com que houvesse
o aumento na produtividade das organizações e consequentemente o aumento da
oferta de produtos manufaturados disponíveis com um acabamento de melhor
qualidade e menor tempo de produção. Porém, com toda esta evolução, conse-
quentemente surgiram os pontos negativos, pois com a aceleração do processo
produtivo as condições de trabalho ficaram cada vez mais desumanas, fazendo
com que surgissem as doenças ocupacionais. Neste período, as taxas de acidentes
relacionadas ao trabalho aumentaram a níveis alarmantes tanto de homens como
mulheres, crianças e até mesmo os idosos. Não havia critérios para estabelecer
um limite de idade para o trabalho, nem tampouco para o tipo de atividade a ser
realizada, horário de trabalho, descanso, enfim, as condições laborais e de quali-
dade de vida eram, em muitos casos, deploráveis (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).
Além de todos os problemas causados pelas péssimas condições de trabalho,
segundo Chirmici e Oliveira (2016), os trabalhadores começaram a ter receio
de que as máquinas iriam substituir a mão de obra, ou seja, as pessoas seriam
obsoletas. Essa situação fez com que surgisse o primeiro movimento de luta da
classe operária iniciado pelos trabalhadores, que a partir de então passaram a
reivindicar os seus direitos por meio de associação com os sindicatos da época.
Os trabalhadores passaram a se recusar a desempenhar suas atividades e a resis-
tir ao controle dos seus superiores. Com isso, os empresários foram forçados a
reestruturar a forma de organização do trabalho.
Nesse cenário conturbado, surgiram diversos movimentos sociais e tra-
balhistas. Estes movimentos passaram a exercer pressão nos legisladores e
políticos da época, fazendo com que surgisse as legislações e proteções aos
trabalhadores, regulamentando assim as atividades laborais. Estas mudanças
ocorreram de forma lenta e gradual. Com as primeiras ações jurídicas relacio-
nadas ao trabalho surgiu o Direito do Trabalho, estabelecendo os limites de
horas para as jornadas de trabalho e as garantias mínimas de estabilidade de
emprego, diminuindo a quantidade de demissões devido a meras razões eco-
nômicas ou decorrentes do arbítrio patronal. Com isso, as empresas precisaram
melhorar ainda mais as condições de higiene e segurança do trabalho. Assim,

177
UNIDADE 5

foram criados sistemas para pagamentos de pensões, reforma e seguros contra


acidentes ou desemprego (CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).
Em 1919, foi fundada a Organização Internacional do Trabalho (OIT), como
um item do Tratado de Versalhes. Segundo Chirmici e Oliveira (2016), a partir do
surgimento da OIT, foram desenvolvidos vários estudos e acordos internacionais
voltados para a segurança e saúde ocupacional, além de colaborar com a dissemina-
ção dos valores de proteção e dignificação dos trabalhadores para vários países do
mundo. Seu surgimento, segundo Pronko (2003), foi logo após a Primeira Guerra
Mundial, após as reuniões de Conferência da Paz, realizadas primeiramente em
Paris e depois em Versalhes. A proposta para a criação deste tipo de organização já
havia sido proposta no século XIX, por Robert Owen e Daniel Legrand. Em 1890,
encabeçado pelo governo suiço, foi proposta a convocação de uma Conferência
Internacional para discutir meios de melhorar as condições de vida dos traba-
lhadores. O governo suiço, para esta tentativa de convocação, teve a colaboração
do Imperador alemão Guilherme II e do Papa Leão XIII. O antecedente direto à
Conferência Internacional foi a Associação Internacional para a Proteção Legal dos
trabalhadores, instituída em 1901, na Basiléia, cujo os princípios foram incorpo-
rados mais tarde pela Constituição da OIT, redigida em 1919 (PRONKO, 2003).
Logo após a Primeira Guerra Mundial, foi estabelecida a Liga das Nações,
da qual a OIT formava parte, nasceu como uma alternativa para impedir o sur-
gimento de uma outra guerra mundial. A OIT, neste caso, tinha o papel de dar
solução aos conflitos, abertos para a globalização do modo de produção capita-
lista, entre o capital e o trabalho. A OIT então funcionaria como um organismo
internacional para fazer a mediação ou harmonização dos interesses entre as duas
forças, de forma a contrapor ou complementar as formas de resolução nacional
do conflito (HOBSBAWM, 1995).
A OIT adotou seis convenções durante a primeira Conferência Internacional
do Trabalho, realizada em 1919. A primeira diz respeito às reivindicações do
movimento sindicalista e operário no final do século XIX e início do século XX,
onde limitava a carga horária de trabalho diário em 8 horas diárias e 48 horas
semanais. As demais convenções referiam-se à proteção à maternidade, combate
ao desemprego, proibição da contratação de pessoas menores de 14 anos de idade
para o trabalho em indústrias, e à proibição de trabalho noturno por pessoas
menores de 18 anos e por mulheres (OIT BRASÍLIA - [on-line]¹).

178
UNICESUMAR

Avançando um pouco mais na história, já no século XX e XXI, a OIT desempenhou


um importante papel ao definir legislações relacionadas ao trabalho, bem como na
elaboração de políticas nas áreas da economia, social e do trabalho durante grande
parte do século XX. Em 1998, a Declaração dos Direitos e Princípios Funda-
mentais no Trabalho foi adotada pela OIT em sua 87ª sessão. Esta declaração diz
respeito à liberdade dos sindicatos e das associações e do reconhecimento efetivo
das negociações coletivas, bem como a de eliminar qualquer tipo de atividade la-
boral forçada ou obrigatória, além da abolição efetiva do trabalho infantil e da
discriminação relacionada ao emprego e a ocupação. Em 2008, foi adotada pela
OIT a Declaração sobre a Justiça Social para uma Globalização Equitativa.
Este é um dos documentos mais importantes adotados pelos governantes, empre-
gadores e trabalhadores, durante a 97ª Sessão da Conferência Internacional do
Trabalho, sendo uma das primeiras manifestações feitas por um órgão internacio-
nal sobre a globalização e a grave crise financeira internacional. A crise apontada
surgiu três meses depois da realização da conferência (OIT [2021], on-line)¹.
No Brasil a OIT possui representação desde a década de 1950, desenvolvendo
programas e atividades que refletem seus objetivos, além de promover as normas
internacionais relacionadas ao trabalho e suas condições de realização, emprego e
ampliação da proteção social. Em 2006, foi lançada no Brasil a Agenda Nacional

179
UNIDADE 5

de Trabalho Decente (ANTD), e a partir deste lançamento a OIT no Brasil tem


trabalho em três prioridades definidas na ANTD, sendo estas:

■ a geração de mais e melhores empregos, com igualdade de


oportunidades e de tratamento;
■ a erradicação do trabalho escravo e do trabalho infantil, em
especial em suas piores formas; e
■ o fortalecimento dos atores tripartites e do diálogo social como
um instrumento de governabilidade democrática (OIT [2021],
on-line)¹.

No Brasil, ações recentes da OIT envolvem as áreas do setor têxtil e de confecções,


além de promover a inserção social e econômica de trabalhadores que foram
resgatados e expostos ao trabalho forçado, bem como a redução dessa vulne-
rabilidade. Em parceria com o Ministério Público do Trabalho, a OIT lançou o
Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil e o Observatório Digital de
Saúde e Segurança do Trabalho (OIT [2021], on-line)¹.
Algumas convenções foram sendo desenvolvidas e estabelecidas pela OIT
para promover a saúde e segurança do trabalho ao longo dos anos. São elas:

■ Convenção Nº 182 – Piores formas de trabalho infantil e a ação


imediata para sua eliminação, 1999.
■ Convenção Nº 176 – Segurança e saúde nas minas, 1995.
■ Convenção Nº 174 – Convenção sobre a prevenção de aciden-
tes industriais maiores, 1993.
■ Convenção Nº 170 – Segurança no trabalho com produtos
químicos, 1990.
■ Convenção Nº 167 – Segurança e saúde na construção, 1988.
■ Convenção Nº 155 – Segurança e saúde dos trabalhadores,
1981.
■ Convenção Nº 152 – Segurança e higiene no trabalho portuá-
rio, 1979.
■ Convenção Nº 148 – Contaminação do ar, ruído e vibrações, 1977.
■ Convenção Nº 139 – Câncer profissional, 1974.
■ Convenção Nº 136 – Proteção contra os riscos da intoxicação
pelo benzeno, 1971.
■ Convenção Nº 127 – Peso máximo das cargas, 1967.

180
UNICESUMAR

■ Convenção Nº 124 – Exame médico dos adolescentes para o


trabalho subterrâneo nas minas, 1965.
■ Convenção Nº 120 – Higiene no comércio e escritórios, 1964.
■ Convenção Nº 115 – Proteção contra radiações, 1960.
■ Convenção Nº 119 – Proteção das máquinas, 1963.
■ Convenção Nº 113 – Exame médico dos pescadores, 1959.
■ Convenção Nº 103 – Amparo à maternidade (revisada), 1952.
■ Convenção Nº 105 – Abolição do trabalho forçado, 1957.
■ Convenção Nº 81 – Inspeção do trabalho, 1947.
■ Convenção Nº 45 – Emprego de mulheres nos trabalhos sub-
terrâneos das minas, 1935.
■ Convenção Nº 42 – Indenização por enfermidade profissional
(revisada), 1934.
■ Convenção Nº 16 – Exame médico de menores no trabalho
marítimo, 1921.
■ Convenção Nº 12 – Indenização por acidente do trabalho na
agricultura, 1921.
■ Convenção Nº 5 – Idade mínima de admissão nos trabalhos
industriais, 1919.

A OIT é uma Organização muito importante para a segurança do trabalho no


mundo. No entanto, de acordo com Chirmici e Oliveira (2016), existem outros
órgãos e associações que foram estabelecidas ao longo dos anos, sendo os mais
conhecidos descritos a seguir.

■ Occupational Safety and Health Administration (OSHA): trata-se de


uma agência do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, criada
em 1970, tendo como principal atribuição supervisionar a higiene e se-
gurança do trabalho. Sua missão é impedir a ocorrência de acidentes e
doenças do trabalho. As normas estabelecidas pela OSHA, descrevem os
métodos a serem seguidos por empregadores na promoção da segurança
dos trabalhadores. Esta agência é similar à Fundacentro no Brasil.

■ National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH): esta


é uma agência federal dos Estados Unidos que tem a responsabilidade de
realizar pesquisas e produção de recomendações para promover a preven-
ção de lesões e doenças que estão relacionadas com o trabalho. A NIOSH

181
UNIDADE 5

é um membro do Centers of Disease Control and Prevention (CDC), que


pertence ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos americano. Para
o Brasil, a NIOSH é importante no que diz respeito a produção de conhe-
cimento e na publicação de padrões e metodologias para a realização de
avaliação, amostragem e análise dos agentes e substâncias químicas, pois
oferece parâmetros que devem ser seguidos nas avaliações envolvendo
as atividades laborais, tais como o volume de ar a ser amostrado, os tipos
de amostradores, os tempos necessários para a realização das coletas de
amostras, as metodologias a serem adotadas pelos laboratórios para a
realização das análises das substâncias, entre outros.

■ American Conference of Governmental Industrial Hygienists (AC-


GIH): trata-se de uma associação americana de higienistas industriais.
Esta associação surgiu com o objetivo de produzir conhecimento e in-
formação para promover a proteção da saúde dos trabalhadores expostos
aos riscos ocupacionais. A ACGIH surgiu em 1938, e é respeitada até os
dias de hoje, sendo uma das principais referências quando o assunto é
higiene industrial, de saúde e segurança ocupacional e ambiental. Esta
agência é aberta à adesão de qualquer profissional higienista ocupacional
de qualquer parte do mundo. No Brasil, e assim como em outros paí-
ses, a ACGIH contribui com o estabelecimento dos limites de tolerância
para os mais diversos riscos ocupacionais, sendo estes respeitados e de
grande importância para a promoção da saúde e segurança no trabalho.
As Normas Regulamentadoras brasileiras não contemplam os limites de
tolerância para todos os agentes ocupacionais, sendo que na redação da
própria legislação brasileira cita que, na ausência de limites de tolerância,
devem ser utilizados os limites estabelecidos pela ACGIH.

No Brasil, a legislação voltada para a segurança do trabalho teve seu início his-
tórico em 1918, com a criação do primeiro Departamento Nacional do Tra-
balho (DNT), que tinha como objetivo planejar e fiscalizar a implantação de
uma legislação social no Brasil. Este departamento, no entanto, nunca chegou a
funcionar. Somente em 1931, quando se estabeleceu o Ministério do Trabalho,
é que foi definitivamente instalado um novo DNT, chefiado por uma diretoria
geral e subdividido em: organização, higiene, segurança, inspeção e previdência

182
UNICESUMAR

social (KORNIS, [2021], on-line)2. Segundo Zocchio (2002), em 1941, um grupo


de empresários fundaram no Rio de Janeiro a Associação Brasileira para Preven-
ção de Acidentes. Esta ação dos empresários se deu devido ao início da Segunda
Guerra Mundial, no ano de 1939, que forçou as indústrias brasileiras a se expandir
rapidamente para atender as demandas internas e externas. Neste período, devido
ao aumento da produção, também começaram a aumentar o número de acidentes
de trabalho, que, até aquele momento, não havia nenhum esboço de ação efetiva
para prevenir acidentes nas indústrias. Esta ação dos empresários foi considerada
como uma iniciativa de alto valor social e até como um ato patriótico.
No entanto, a Segurança do Trabalho já era prevista na Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) no Brasil, desde a sua publicação no ano de 1943. O
Capítulo V da CLT foi totalmente dedicado à higiene e segurança do trabalho,
denominação de segurança e medicina do trabalho. Esta lei foi o instrumento
jurídico que iria ser no futuro a ferramenta para a prevenção da saúde e segu-
rança do trabalho no Brasil, sendo considerado um marco no estabelecimento
de atividades desenvolvidas em prol da segurança dos trabalhadores no país.
Porém, neste período a lei não causou o efeito esperado. A reforma da lei no ano
de 1944 foi o que proporcionou o desenvolvimento efetivo do que havia sido
estabelecido no ano anterior. Assim, por meio do decreto-lei no ano de 1944, as
questões envolvendo a saúde e segurança no trabalho ganharam força e as ativi-
dades passaram então a ser desenvolvidas (ZOCCHIO, 2002).

183
UNIDADE 5

O decreto Lei nº 7.036 de 1944, foi o grande responsável pela promoção da


reforma da lei de acidentes de trabalho. Esta reforma tinha o objetivo de pro-
porcionar um maior entendimento à questão e acelerar a implementação dos
dispositivos relativos à segurança e saúde no trabalho, além de assegurar aos
trabalhadores os benefícios de: assistência médica, hospitalar e farmacêutica,
além de indenizações para as consequências de acidentes ocorridos. Na redação
da reforma da lei foram tratados os assuntos de segurança no trabalho e de as-
sistência previdenciária para as pessoas vítimas de acidente (ZOCCHIO, 2002).
Continuando neste contexto de evolução histórica das normas, no ano
de 1945, é regulamentada a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), conforme estabelecido no art. 82 do decreto-lei nº 7.036, por meio da
Portaria nº 229, do então já citado, DNT.

184
UNICESUMAR

Embora a CIPA tenha sido regulamentada, não conseguiu o desenvolvimento


e a aceitação esperada em relação a sua forma de organização e funcionamen-
to. Mesmo assim, muitas CIPAS se destacaram, ainda que com altos e baixos
(ZOCCHIO, 2002). Ainda hoje, algumas empresas só fazem de conta que têm
CIPA instalada, pois, devido a necessidade de cumprir a legislação, estabelecem
a comissão somente para dizer que tem, no entanto não tem representatividade
na empresa, tornando-se somente mais um preenchimento de papéis por mera
formalidade. É claro que existem muitas outras que levam a segurança do tra-
balho como uma prioridade e a CIPA é extremamente ativa e faz uma grande
diferença na promoção da saúde e segurança no trabalho.
A partir dos anos de 1950 foram expedidas diversas portarias normativas,
sendo algumas destas modificadas e outras não. Em outubro de 1952, a portaria
128 estabelecia a adoção da Norma de Cadastro de Acidente da Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que tinha o código “NB - 18R”. Esta
norma foi a responsável pela padronização de acidentes de trabalho no Brasil,
permitindo mais tarde a obtenção dos primeiros dados estatísticos de acidentes
de trabalho no país. Estes dados foram resultado da adoção dessa norma como
referência para a realização de cálculos de frequência e de gravidade de acidentes.
A portaria nº 113 do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações MTIC, em
1956, alterou o cálculo então estabelecido até aquele momento para “coeficiente
de gravidade de acidente”, conhecido hoje como “taxa de gravidade”. Neste perío-
do o cálculo já era adotado pela Portaria Ministerial nº 155 de 1953, portanto, já
utilizado há três anos. O cálculo era feito sobre cem mil horas (100.000) então
passou a ser feito sobre um milhão de horas (1.000.000), sendo este já adotado no
cálculo do coeficiente de frequência. A revisão desta norma foi publicada no ano
de 1976, portanto, 23 anos mais tarde, passando a ser chamada de NBR - 14280.
Ainda no ano de 1953, o Decreto-lei nº 34.714, instituiu a Menção Honrosa da
Segurança do Trabalho, a ser conferida para aqueles que se destacassem nas
ações prevencionistas voltadas para a segurança do trabalho e muitas pessoas
receberam esta honraria (ZOCCHIO, 2002).
Em 27 de novembro de 1953, conforme estabelecido pelo Decreto-lei nº
34,715, foi instituída a Semana de Prevenção de Acidentes de Trabalho. Esta
semana deveria ser comemorada anualmente e sempre na quarta semana do
mês de novembro. No programa estabelecido estava contido a realização de um
congresso anual das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes. O pri-

185
UNIDADE 5

meiro congresso foi realizado na quarta se-


mana do mês de novembro de 1955, no Rio
de Janeiro, de acordo com o determinado
na Portaria nº 157 citada. Em 1961, o título
do congresso foi mudado para “Congresso
Nacional de Prevenção de Acidentes do
Trabalho” - CONPAT. Ao longo dos anos
o congresso foi sendo descontinuado. A Se-
cretaria de Segurança e Saúde do Trabalha-
dor tentou reativar o CONPAT, no entanto,
não obteve êxito, pois não foi dada continui-
dade pelas administrações seguintes.
A luta pela melhoria da segurança do
trabalho no país, fazia com que os esforços
em prol destes objetivos impulsionassem o
desenvolvimento de leis, decretos e porta-
rias para embasar estas ações. Assim, no ano
de 1960, o Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovações (MTIC), por meio da Portaria
MTIC, nº 319, de 30 de dezembro, surge a
denominação original dos Equipamentos
de Proteção Individuais (EPI). Este foi
o primeiro documento oficial que obriga-
va que os EPIs tivessem um Certificado de
Aprovação (C.A.), além de cuidar do forne-
cimento e utilização destes equipamentos.
Foi a partir deste documento que, mais tar-
de, possibilitou o surgimento da NR 6.
Por meio da Lei nº 5.161 de 21 de ou-
tubro de 1966, estabeleceu a Fundação
Centro Nacional de Segurança, Higiene
e Medicina do Trabalho, a qual atualmen-
te é denominada Fundação Jorge Duprat
Figueiredo de Segurança e Medicina do
Trabalho, em homenagem ao seu primeiro

186
UNICESUMAR

presidente. Esta fundação, conhecida por FUNDACENTRO, em sua instituição,


tem como principal objetivo a realização de estudos e pesquisas envolvendo os
problemas de segurança, higiene e medicina do trabalho. Para os prevencionistas
do Brasil foi uma grande conquista e um grande passo, pois até aquele momento,
não havia uma entidade de tamanha importância e o país carecia de uma insti-
tuição de estudos e pesquisas voltadas para a segurança do trabalho. No ano de
1974, a FUNDACENTRO foi integrada ao então Ministério do Trabalho (MT).
Atualmente a fundação atua em todo o país, tanto no meio rural quanto no meio
urbano e conta com o auxílio de representantes do governo, empresários e tra-
balhadores (ZOCCHIO, 2002).
Após 14 anos de existência a FUNDACENTRO, nos anos de 1980, publicou
suas primeiras normas de Higiene do Trabalho (NHTs), substituídas pelas
NHOs no ano de 1999. Estas normas, de acordo com Fundacentro ([2021], on-
-line)3, abordam as questões que envolvem os procedimentos, bem como os
critérios para a identificação, avaliação e controle de riscos envolvendo perigos
ambientais e profissionais. O principal objetivo é disseminar as medidas preven-
tivas a serem utilizadas contra as doenças profissionais, riscos e/ou fatores que
podem ser danosos e comprometer a saúde e a segurança dos trabalhadores nos
ambientes ocupacionais. A seguir são apresentadas as NHOs.

■ NHO 01 - Norma de higiene ocupacional: procedimento téc-


nico: avaliação da exposição ocupacional ao ruído;
■ NHO 02 - Norma de higiene ocupacional: método de ensaio:
análise qualitativa da fração volátil (vapores orgânicos) em
colas, tintas e vernizes por cromatografia gasosa / detector de
ionização de chama;
■ NHO 03 - Norma de higiene ocupacional: método de ensaio:
análise gravimétrica de aerodispersóides sólidos coletados so-
bre filtros de membrana;
■ NHO 04 - Norma de higiene ocupacional: método de ensaio:
método de coleta e análise de fibras em locais de trabalho -
análise por microscopia ótica de contraste de fase;
■ NHO 05 - Norma de higiene ocupacional: procedimento técni-
co: avaliação da exposição ocupacional aos raios-x nos serviços
de radiologia;

187
UNIDADE 5

■ NHO 06 - Norma de higiene ocupacional : procedimento téc-


nico: avaliação da exposição ocupacional ao calor;
■ NHO 07 - Norma de higiene ocupacional : procedimento
técnico: calibração de bombas de amostragem individual pelo
método da bolha de sabão;
■ NHO 08 - Norma de higiene ocupacional : procedimento téc-
nico: coleta de material particulado sólido suspenso no ar de
ambientes de trabalho;
■ NHO 09 - Norma de higiene ocupacional : procedimento téc-
nico: avaliação da exposição ocupacional a vibrações de corpo
inteiro ;
■ NHO 10 - Norma de higiene ocupacional : procedimento téc-
nico: avaliação da exposição ocupacional a vibração de mãos
e braços;
■ NHO 11 - Norma de higiene ocupacional : procedimento
técnico: avaliação dos níveis de iluminamento em ambientes
internos de trabalho (FUNDACENTRO, 2021, [on-line])3.

EXPLORANDO IDEIAS

As normas passam por revisões, por isso é importante estar antenado nes-
sas atualizações. Para verificar as atualizações das normas de higiene ocupa-
cional, acesse o site da FUNDACENTRO através do QR-Code a seguir.

Quando adentramos a década de 1970, alguns acontecimentos marcaram as ati-


vidades voltadas para a segurança do trabalho.
No ano de 1972, por meio do Decreto nº 70.861, foi estabelecida a política do
Programa Nacional de Valorização do Trabalhador (PNVT). A Portaria nº
3.236 do então Ministério do Trabalho, no mesmo ano, aprovou os subprogramas,
projetos e atividades prioritárias do PNVT, dentre elas, as atividades de seguran-
ça e medicina do trabalho. Ainda houve a publicação da Portaria nº 3.337, pelo
mesmo ministério, onde indicou que as empresas deveriam manter os serviços
de saúde e segurança do trabalho nas empresas, além das CIPAS já instaladas.
A partir deste ponto, o Brasil foi se desenvolvendo com base em suas expe-
riências e desenvolvimento baseado nas normas internacionais e organizações

188
UNICESUMAR

internacionais até criar em 1977 as Normas Regulamentadoras, conforme já


apresentado na unidade I.
Atualmente, as normas mais conhecidas e mais utilizadas pelo setor de segu-
rança no trabalho no Brasil são as Normas Regulamentadoras (NR). Segundo a
Norma Regulamentadora NR 01 (Brasil, 2019), estas NRs “[...] são de observância
obrigatória pelas organizações e pelos órgãos públicos da administração direta e
indireta, bem como pelos órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério
Público, que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Traba-
lho - (CLT)”. O não cumprimento destas normas pelas empresas e organizações
podem incorrer em penalizações em forma de multas, embargo e interdição.
Como um exemplo da força da lei com relação ao não cumprimento, em uma
oportunidade, estava em uma obra de um prédio, onde ocorreu uma visita de um
inspetor do trabalho. Nesta ocasião, devido não haver uma proteção no elevador,
utilizado para o transporte de materiais a obra foi paralisada e só foi liberada
após a instalação desse item de segurança no elevador. Dado o exemplo, vamos
continuar o raciocínio sobre o desenvolvimento da legislação.
Inicialmente, as normas surgiram por meio da publicação da Lei nº 6.514, de
1977, onde foram definidos os textos dos artigos 154 a 201 da CLT, sendo estes
relacionados à segurança do trabalho. O artigo nº 200 da CLT, determina que é
de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), estabelecer
as normas de segurança e medicina do trabalho. Assim, em junho de 1978, foi
aprovado pelo MTE, por meio da portaria nº 3.214, a regulamentação das NRs
específicas para a medicina, saúde e segurança no trabalho. Neste sentido, havia a
necessidade de uma padronização nas leis adotadas para a segurança no trabalho
(CHIRMICI; OLIVEIRA, 2016).
Algumas perguntas surgem sobre o desenvolvimento das NRs, como por
exemplo: como as Normas Regulamentadoras são desenvolvidas para que aten-
da cada área específica? Quem são os responsáveis pela criação destas normas?
O processo de criação de uma norma não é algo tão simples. É complexo e
demorado, sendo que algumas normas podem demorar anos para que sejam
definidas e publicadas, pois, neste processo de criação estão envolvidos vários in-
teresses. Vejamos a seguir, de forma resumida, quais são os principais envolvidos
neste processo de elaboração, segundo Chirmici e Oliveira (2016).
O processo se inicia após a expedição de uma portaria pelo representante
do governo informando a necessidade de criação, alteração, atualização ou ex-

189
UNIDADE 5

clusão de uma norma. Após a manifestação deste órgão, o processo é iniciado A


Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) tem a responsabilidade
de desenvolver, atualizar, alterar ou excluir as NRs. Esta comissão está sob a res-
ponsabilidade do Ministério do Trabalho e Previdência, que é quem coordena
os seus integrantes.
Camisassa (2021), ressalta que para a elaboração das Normas Regulamen-
tadoras são utilizadas as disposições estabelecidas pela Convenção 144 da OIT.
Esta Convenção recomenda a utilização do Sistema Tripartite Paritário para a
discussão e elaboração das normas. Os procedimentos, tanto para a elaboração,
quanto para a revisão das NRs e às condições gerais de trabalho estão dispostas
na Portaria 1.224, de 28 de dezembro de 2018.
A composição da CTPP é dada por representantes do governo, empregadores
e empregados. Sendo assim, vejamos no Quadro 1, os envolvidos em cada uma
das representações e as organizações que estão ligadas a cada uma delas.

Organizações Representantes

• Ministério do Trabalho e Previdência e


Governo
• Fundacentro

• Sindicato Patronal;
• Confederação Nacional da Indústria (CNI);
• Confederação Nacional do Transporte (CNT);
• Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e
Empregadores Turismo (CNC);
• Confederação Nacional das Instituições Financeiras
(CNF);
• Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); e
• Confederação Nacional de Saúde (CNS).

• Força Sindical;
• União Geral dos Trabalhadores (UGT);
• Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST);
Trabalhadores • Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB);
• Central Única dos Trabalhadores (CUT); e
• Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
(CTB).

Quadro 1. Composição da CTPP/ Fonte: Adaptado de Chirmici e Oliveira (2016, p. 68).

190
UNICESUMAR

O processo de criação ocorre seguindo as seguintes etapas, segundo Chirmici e


Oliveira (2016, p. 68):

■ Definição de prioridades: CTPP


■ Formulação de texto técnico básico: grupo de trabalho (GT) ou
grupo de estudos tripartite (GET)
■ Consulta pública: publicação no Diário Oficial da União
(DOU) pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT)
■ Discussão tripartite: grupo tripartite de trabalho (GTT)
■ Análise final: feita pela CTPP e revisada pela SIT
■ Publicação pela SIT
■ Acompanhamento: Comissão Nacional Temática Tripartite
(CNTT).

Até 2021, no Brasil, foram publicadas 37 normas, porém duas foram revogadas,
a saber, as normas:


NR 02 - Inspeção Prévia, revogada por meio da portaria 915/2019; e
NR 27 - Registro profissional do Técnico de Segurança do Traba-
lho Ministério do Trabalho, revogada por meio da portaria MTE
262/2008.
O Quadro 2 apresenta as normas regulamentadoras vigentes no Brasil, publicadas
pelo Ministério do Trabalho e Previdência.

N°. DESCRIÇÃO

NR-1 DISPOSIÇÕES GERAIS (TEXTO VIGENTE EM 2021)

NR-3 EMBARGO OU INTERDIÇÃO

SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA E EM


NR-4
MEDICINA DO TRABALHO

NR-5 COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

NR-6 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI

NR-7 PROGRAMA DE CONTROLE MÉDICO DE SAÚDE OCUPACIONAL

NR-8 EDIFICAÇÕES

191
UNIDADE 5

N°. DESCRIÇÃO

PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS (PPRA) (TEXTO


NR-9
VIGENTE 2021)

NR-10 SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM ELETRICIDADE

TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E MANUSEIO DE


NR-11
MATERIAIS

NR-12 SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS

CALDEIRAS, VASOS DE PRESSÃO E TUBULAÇÕES E TANQUES METÁ-


NR-13
LICOS DE ARMAZENAMENTO

NR-14 FORNOS

NR-15 ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES

NR-16 ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS

NR-17 ERGONOMIA

CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA


NR-18
CONSTRUÇÃO (TEXTO VIGENTE 2021)

NR-19 EXPLOSIVOS

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM INFLAMÁVEIS E COM-


NR-20
BUSTÍVEIS

NR-21 TRABALHOS A CÉU ABERTO

NR-22 SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA MINERAÇÃO

NR-23 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABA-


NR-24
LHO

NR-25 RESÍDUOS INDUSTRIAIS

NR-26 SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

NR-28 FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES

NORMA REGULAMENTADORA DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABA-


NR-29
LHO PORTUÁRIO

192
UNICESUMAR

N°. DESCRIÇÃO

NR-30 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA


NR-31
SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA

NR-32 SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE

NR-33 SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS

CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA INDÚSTRIA DA


NR-34
CONSTRUÇÃO, REPARAÇÃO E DESMONTE NAVAL

NR-35 TRABALHO EM ALTURA

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS DE ABATE E


NR-36
PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS

NR-37 SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE PETRÓLEO

Quadro 2. Normas Regulamentadoras vigentes no Brasil/ Fonte: Brasil ([2021], on-line)4

Para entendermos um pouco melhor a classificação das Normas Regulamenta-


doras, estas são apresentadas no Quadro 3, em três eixos: normas sociais, técnicas
e temáticas.

193
UNIDADE 5

EIXO NORMAS REGULAMENTADORAS

NR 1 – Disposições Gerais;
NR 3 – Embargo e Interdição;
NR 4 – Dimensionamento do SESMT;
Normas sociais
NR 5 – CIPA;
NR 7 – PCMSO;
NR 9 – PPRA

NR 6 - EPI;
NR 10 – Eletricidade;
NR 11 - Transporte e Manuseio de Materiais
NR 12 – Máquinas e Equipamentos;
NR 13 – Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações;
NR 14 - Fornos;
NR 15 – Atividades Insalubres;
Normas técnicas NR 16 – Atividade Perigosa;
NR 17 – Ergonomia;
NR 20 – Inflamáveis e Combustíveis;
NR 23 – Proteção contra Incêndio;
NR 24 - Condições Sanitárias;
NR 28 - Fiscalização;
NR 33 – Espaço Confinado;
NR 35 – Trabalho em Altura

NR 18 – Indústria da Construção;
NR 19 - Explosivos;
NR 21 - Trabalho a céu aberto;
NR 22 – Mineração;
NR 25 - Resíduos;
NR 26 - Sinalização de Segurança;
NR 29 – Trabalho Portuário;
Normas temáticas
NR 30 – Trabalho Aquaviário;
NR 31 – Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração
Florestal e Aquicultura;
NR 32 – Serviços de Saúde;
NR 34 – Indústria de Construção e Reparação Naval;
NR 36 – Abate e Processamento de Carnes e Derivados;
NR 37 - Plataforma de Petróleo.

Quadro 3. Segmentação das Normas Regulamentadoras


Fonte: Adaptado de Silva et al. (2019, p. 44 apud Campos e Lima, 2016).

194
UNICESUMAR

PENSANDO JUNTOS

Se a segurança do trabalho, com toda a legislação vigente, ainda está muito aquém do ideal,
como seria a situação dos trabalhadores se não houvesse as Normas Regulamentadoras?

Além de toda a legislação voltada para a segurança do trabalho, ainda há


normas que servem de apoio ou auxílio para esta tão nobre missão, entre
elas a família de normas ISO 45000. Esta norma é bem representativa, pois
estabelece os requisitos para o desenvolvimento de um sistema voltado para
garantir um sistema de gestão de segurança do trabalho eficiente e robusto,
em substituição a norma OSHAS 18001, que até então era quem estabelecia as
diretrizes para a saúde e segurança nos ambientes de trabalho. A ISO 45001
- Sistema de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, segundo Mattos e
Másculo (2019), foi criada na perspectiva de alinhamento da ISO 19011, de-
vido a necessidade de estabelecer uma norma que proporcionasse a integração
à gestão de qualidade e meio ambiente. Esta norma foi uma evolução para a
segurança do trabalho no Brasil, pois, além de toda a legislação já aplicada,
veio para contribuir para o desenvolvimento de um sistema de gestão har-
monizado com as demais normas. A ISO 45001, tem o propósito de atualizar
a estrutura proposta pela OHSAS 18001, que até então era a norma utilizada
pelas empresas que desejavam implementar um sistema de gestão de segu-
rança do trabalho (MATTOS; MÁSCULO, 2019).
Em quase tudo há uma hierarquia a ser respeitada, ou seja, sempre há alguém
ou alguma coisa que estabelece a prioridade sobre outras. A legislação, de uma
forma geral tem suas regras hierárquicas, sendo a de maior nível a Constituição
Federal de 1998. Essa hierarquia, segundo Brasil (1988), é descrita no preâmbulo
da constituição da seguinte forma:


[...] Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assem-
bleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democráti-
co, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e indivi-
duais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento,
a igualdade e a justiça como valores supremos de uma socieda-
de fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia

195
UNIDADE 5

social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a


solução pacífica das controvérsias, promulgamo-nos, sob a pro-
teção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA DO BRASIL (BRASIL, 1988).

A seguir, a Figura 1 apresenta a hierarquia das normas jurídicas no Brasil.

Constituição
Federal (CF/88)
ADCT
Emendas Constitucionais

Re
Tratados e Convenções sobre

laç
ão
Direitos Humanos

de
su
pe
rio
Lei Complementar, Lei Ordinária,

rid
Lei Delegada, Medida Provisória,

ad
e
Decreto Legislativo

Decretos, Resoluções,
Portarias, Instruções Normativas

Contratos, Senteças Judiciais,


Atos e Negócios Jurídicos

Figura 1.Hierarquia das normas. Fonte: Barsano e Barbosa (2014, p. 25).

Descrição da Imagem: A imagem apresenta uma pirâmide contendo quatro divisões que representam a
hierarquia das normas por grau de importância, representada por uma seta direcional em sentido de cima
para baixo, descrita como “Relação de Superioridade”. Do topo da pirâmide em sentido à base, temos a pri-
meira divisão (Constituição Federal (CF/88); ADCT (Ato de Disposições Constituições Transitórias); Emendas
Constitucionais; Tratados e Convenções sobre Direitos Humanos); na segunda divisão (Lei Complementar; Lei
Ordinária; Lei Delegada; Medida Provisória; Decreto Legislativo), Na terceira divisão ( Decretos; Resoluções;
Portarias; Instruções Normativas) e por fim, na quarta divisão representando a base da pirâmide ( Contratos;
Sentenças Judiciais; Atos e Negócios Jurídicos).

Conforme podemos observar na Figura 1, a norma que tem a maior autoridade


em nosso país é a Constituição Federal de 1988. É ela que estabelece todas as
questões referentes às leis que regem o Brasil. Ainda que existam no topo da pi-
râmide de hierarquia das normas estejam também outras normas, a Constituição
Federal de 1988, ainda é a que detém a soberania, haja visto estar localizada na
parte mais alta da pirâmide.

196
UNICESUMAR

De acordo com Barsano e Barbosa (2018), até a promulgação da Constituição


Federal, no ano de 1988, a segurança do trabalho era vista como uma mera ne-
cessidade do empregador para o empregado. Para o empregador não importava
se o trabalhador estava bem ou não, suas reclamações sobre a segurança e neces-
sidades de saúde eram negligenciadas. Nesta época, os empregadores entendiam
que o trabalhador bom era aquele que não faltava ao trabalho, não aparentava os
sintomas de doenças e não se queixava dos problemas presentes na empresa, so-
mente trabalhavam. Foi somente a partir da Constituição Federal entrar em vigor,
que as leis, decretos e outras normas que estabelecem os requisitos para a saúde
e segurança do trabalho passaram a ser adequadas à nova carta magna, e assim,
criaram-se as garantias trabalhistas e os preceitos de segurança e medicina do
trabalho, que até então eram negligenciadas por grande parte das organizações.
O Brasil, ao longo dos anos, tem passado por diversas transformações polí-
ticas, sociais e trabalhistas que, de certa forma, afetam as questões que envolvem
o desenvolvimento das ações referentes à segurança do trabalho. Uma destas
mudanças, com o intuito de reduzir os Ministérios que compunham o Governo
Federal, no dia 1º de janeiro de 2019, foi publicada a Medida Provisória, onde
extinguiu o então Ministério do Trabalho e Emprego, e foi criado o Ministério
da Economia. No dia 02 de agosto de 2021, o ministério foi extinto e criado o
Ministério do Trabalho e Previdência (Medida Provisória nº 1.058 de 27 de Ju-
lho de 2021), e após esta exclusão, foram atribuídas as seguintes diretrizes para o
Ministério do Trabalho e Previdência:

197
UNIDADE 5

I - Previdência;
II - Previdência complementar;
III - Política e diretrizes para a geração de emprego e renda e de apoio ao trabalhador;
IV - Política e diretrizes para a modernização das relações de trabalho;
V - Fiscalização do trabalho, inclusive do trabalho portuário, e aplicação das san-
ções previstas em normas legais ou coletivas;
VI - Política salarial;
VII - Intermediação de mão de obra, formação e desenvolvimento profissional;
VIII - Segurança e saúde no trabalho;
IX - Regulação profissional; e
X - Registro sindical.” (NR)

Uma outra evolução no que se refere à segurança do trabalho é a disposição dada


por meio da Portaria ME 211, publicada em 11 de abril de 2019, onde valida a
utilização de certificado digital para a criação e assinatura eletrônica de diversos
documentos e registros gerados no dia-a-dia, durante as ações de segurança do
trabalho. De acordo com Caminsassa (2021, p. 9) estes documentos são:
■ I – Programa de Controle de Médico de Saúde Ocupacional
– PCMSO;
■ II – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA;
■ III – Programa de Gerenciamento de Riscos – PGR;
■ IV – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na
Indústria da Construção Civil – PCMAT;6
■ V – Programa de Proteção Respiratória – PPR;
■ VI – Atestado de Saúde Ocupacional – ASO;
■ VII – Programa de Gestão de Segurança, Saúde e Meio Am-
biente do Trabalhador Rural – PGSSMTR;
■ VIII – Análise Ergonômica do Trabalho – AET;
■ IX – Plano de Proteção Radiológica – PRR;
■ X – Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais
Perfurocortantes;
■ XI – certificados ou comprovantes de capacitações contidas nas
Normas Regulamentadoras;
■ XII – laudos que fundamentam todos os documentos previstos
neste artigo, a exemplo dos laudos de insalubridade e pericu-
losidade;

198
UNICESUMAR

■ XIII – demais documentos exi-


gidos com fundamento no art.
200 do Decreto-lei 5.452, de 1º
de maio de 1943.

Observe que o simples fato de poder gerar e validar


estes documentos por meio de assinatura eletrônica,
além de facilitar o trabalho dos responsáveis, elimi-
na os volumes de documentos gerados, que muitas
vezes demandam um certo espaço que poderia ser
utilizado para outras coisas tão importantes quanto.
Neste caso, pelo fato de ser um documento eletrô-
nico, podemos utilizar a tecnologia para trabalhar
com os arquivos na nuvem de qualquer lugar. Além
disso, reduz-se consideravelmente a probabilidade de
perda ou extravio dos mesmos.
No ano de 2019, por meio da Medida Provisória
MP 870, de 1° de janeiro de 2019, estabelece o Mi-
nistério da Economia (BRASIL, 2019). Nesta medida
provisória, em seu artigo, no Art. 32, inciso IV, estabe-
lece a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho
como sendo parte deste Ministério. Mais tarde, no dia
18 de junho de 2019, a Medida Provisória MP 870 é
transformada na Lei n° 13.844 (BRASIL, 2019), por
meio da publicação no Diário Oficial da União. A
então Secretaria da Previdência e Trabalho, passou
então a dirimir todas as questões envolvendo, além
das competências do antigo Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE), as questões que envolviam as Nor-
mas Regulamentadoras, ou seja, assumia a parte que
cabia à Saúde e a Segurança do Trabalho.
No entanto, devido às mudanças no cenário po-
lítico nacional, a Lei n° 13.844, passou por uma nova
redação, onde, no Art. 19, inciso XIV-A, estabelece o
Ministério do trabalho e Previdência, incluído por
meio da Medida Provisória n° 1.058, de 27 de julho

199
UNIDADE 5

de 2021 (BRASIL, 2019). Para os profissionais de segurança do trabalho, este foi


um evento, que não causou grandes impactos sobre o que já estava estabelecido.
No entanto, o cenário gerou uma incerteza quanto às atualizações de Normas
Regulamentadoras que foram revisadas e estão prontas para a suas implemen-
tações nas organizações, além é claro de todo um processo de atualização de
treinamentos a serem desenvolvidos para atualizar os conhecimentos dos pro-
fissionais quanto às novas prerrogativas estabelecidas nas novas redações. O que
é importante para o profissional é estar atento às evoluções das normas e suas
publicações. Como apresentado, esta mudança na organização do Governo Fe-
deral, não causou grandes impactos inicialmente, porém, poderia ter causado.
Por isso, é sempre muito bom estar antenado nos acontecimentos que envolvem
a saúde e segurança do trabalho.
Como você pôde perceber, existem várias atualizações ocorrendo neste univer-
so chamado Segurança do Trabalho. E uma destas atualizações que você precisa
começar a entender é sobre o eSocial. Existem várias informações que alimentam
o sistema que são oriundas dos documentos e registros contendo os resultados
obtidos com as ações e/ou atividades desenvolvidas pela equipe responsável pela
segurança do trabalho. Vamos conhecer um pouco deste programa. É claro que o
que veremos aqui é somente uma introdução sobre o assunto, pois ele é bem com-
plexo e precisa de um estudo específico e aprofundado sobre o assunto.

200
UNICESUMAR

O projeto eSocial foi instituído pelo Decreto nº 8,373/14, sendo um braço do


Sistema Público de Escrituração Digital (SPED). Com esse projeto, o governo
objetiva simplificar aos empregadores o cumprimento de suas obrigações fiscais,
previdenciárias e trabalhistas, desta forma o empregador não terá de preencher
os diversos documentos e registros, pois deverá enviar as informações ao gover-
no ao passo que elas vão acontecendo dentro do prazo legal. A implementação
do eSocial é obrigatório para todas as empresas (SILVA et al., 2019). dentre os
princípios do eSocial, Silva et al. (2019, p. 26), destaca duas situações, são elas:


a) dar maior efetividade à fruição dos direitos fundamentais traba-
lhistas e previdenciários dos trabalhadores;
b) aprimorar a qualidade e eliminar a redundância nas informações
prestadas pelas pessoas físicas e jurídicas obrigada

As empresas estão em um processo de mudança cultural, pois são forçadas a


rever os seus procedimentos, políticas e sistemas envolvendo as áreas trabalhis-
tas, fiscais e previdenciária. Neste sentido, a alta direção das organizações tem se
conscientizado dos impactos causados por estas mudanças, e aos poucos se ob-
serva trabalhadores e gestores deixando os velhos hábitos e práticas para alinhar
a gestão com o cumprimento da legislação vigente.

EXPLORANDO IDEIAS

Para entender um pouco mais sobre este assunto, sugiro a você acessar o
site do eSocial e aprender um pouco mais sobre este sistema e seus leiautes.
Todas as informações sobre o eSocial, seus manuais, leiautes e suas atuali-
zações estão disponíveis acessando o Qr-Code a seguir.

Com o advento do eSocial, os resultados esperados para a segurança do trabalho


é que a alta direção das empresas bem como os gestores de todos os setores se
empenhem em promover um ambiente de trabalho cada vez mais seguro e es-
tabeleça uma cultura prevencionista entre todos os seus trabalhadores. É válido
ressaltar que na plataforma do eSocial, muitas informações que são pertinentes
à segurança do trabalho deverão ser registradas com base no tipo de atividade
econômica desenvolvida pela organização.

201
UNIDADE 5

De acordo com Rezende et al. (2017), no sistema do eSocial, deverão ser


inseridas as informações sobre o Grupo Similares de Exposição (GSE), que
envolvem os vários programas de saúde e segurança previstos nas Normas Re-
gulamentadoras, tais como: NR 17, NR 18, NR 22, etc. Os fatores de riscos do
ambiente também devem ser inseridos no eSocial, sendo estes divididos em gru-
pos, tais como: físicos, químicos, mecânicos, biológicos e ergonômicos, os quais
já conhecemos, e acrescenta os riscos periculosos, penosos, associação de fatores
de risco e a ausência de fatores de risco.
Observe que todos os riscos são contemplados no eSocial, e as informações
dos trabalhos nos quais os trabalhadores possam ou não estar expostos aos fa-
tores de riscos devem ser identificados. Estas informações devem ser enviadas
ao eSocial pelos empregadores, cooperativas e pelos sindicatos de trabalhadores
avulsos (REZENDE et al., 2017).
Muitos pontos estão sendo melhorados no sistema do eSocial. O que temos
que fazer é estar atentos a estas mudanças que ocorrem nas legislações e pro-
gramas voltados à segurança do trabalho, para que possamos ser cada vez mais,
além de profissionais de excelência, pessoas que valorizam e preservam a saúde,
segurança e a qualidade de vida.
Falamos ao longo desta unidade sobre alguns termos, que muitas vezes fica-
mos em dúvida quanto ao seu significado. Para que você entenda estes termos ao
longo de seu desenvolvimento acadêmico e profissional, alguns significados dos
termos mais utilizados são apresentados a seguir, conforme a definição apresen-
tada no anexo I da norma NR-01 (Brasil, 2019).

■ Empregado: A pessoa física que presta serviços de natureza


não eventual a empregador, sob a dependência deste e me-
diante salário.
■ Empregador: a empresa individual ou coletiva que, assumindo
os riscos da atividade econômica, admite, assinala e dirige a
prestação pessoal de serviços. Equiparam-se ao empregador as
organizações, os profissionais liberais, as instituições de bene-
ficência, as associações recreativas ou outras instituições sem
fins lucrativos, que admitam trabalhadores como empregados.

202
UNICESUMAR

Até que ponto as empresas cumprem a lei? O que leva as


pessoas a negligenciar as prerrogativas de saúde e segu-
rança do trabalho nas organizações? O que falta para as
pessoas terem consciência da importância da legislação?
São estas e outras perguntas que buscarei responder neste
podcast que preparei para você sobre esta queda de braço
dentro das organizações. Convido você a escutar o podcast
para aprendermos um pouco mais sobre este assunto tão
polêmico nos ambientes de trabalho.

Nesta unidade, vimos que a evolução das normas foram importantes para o desen-
volvimento da saúde e segurança no trabalho. A grande ocorrência de acidentes
com as pessoas desde o advento da Revolução Industrial, a utilização de crianças e
idosos nas empresas, a quantidade de horas trabalhadas, os ambientes de trabalho,
entre tantos outros problemas que foram tomando forma e fazendo com que os
índices de acidentes tivessem um número considerável de acidentes de trabalho. O
surgimento de organizações voltadas à segurança do trabalho, com o objetivo de
estabelecer os requisitos mínimos de segurança para os ambientes e trabalhadores,
levou a ações voltadas à melhoria da qualidade dos ambientes e melhores condições
de trabalho em nível mundial. Vimos a importância da OIT como órgão que desen-
volveu muitos estudos e estabeleceu acordos internacionais que tinham o objetivo
de melhorar as condições de segurança e saúde ocupacional. Vimos também que,
além de todos os esforços, a OIT, até os dias de hoje, continua promovendo ações
para fomentar os valores de proteção e dignificação dos trabalhadores.
Vimos também a importância de outras organizações que promovem a saúde
e segurança do trabalho, tais como a OSHA, NIOSH, ACGIH e a FUNDACEN-
TRO. A FUNDACENTRO como uma organização que é a referência no Brasil
no desenvolvimento de pesquisa e disseminação de informações para promover
a segurança no trabalho.
Aprendemos que as normas que regulamentam a segurança no trabalho no
Brasil, possuem regras para o seu desenvolvimento e que envolvem diversos ór-
gãos para fazer com que sejam estabelecidas de acordo com as necessidades das
organizações para garantir não só um ambiente seguro, mas, atividades e condi-
ções de trabalho mais seguros.
Também tivemos uma introdução às principais leis, normas e decretos que
determinaram a legislação brasileira ao longo dos anos. Esta legislação é a res-

203
UNIDADE 5

ponsável por estabelecer as diretrizes para os ambientes e o desenvolvimento de


atividades laborais seguras de forma a preservar além da saúde e a segurança,
garantir a qualidade de vida dos trabalhadores.
Ao final, foi apresentado uma introdução ao eSocial que, de certa forma, im-
pulsiona o desenvolvimento de uma visão mais ampla sobre as condições do
ambiente de trabalho, e principalmente para o desenvolvimento de uma cultura
de segurança do trabalho nas organizações.
Com base no que foi apresentado nesta unidade, você pode observar que os
acidentes ocorrem não porque não tem regras estabelecidas, orientações, infor-
mações, entre outros. Os acidentes ocorrem, na grande maioria das vezes, porque
as pessoas negligenciam as prerrogativas de segurança para uma determinada
atividade, às vezes por querer fazer a tarefa mais rápido, por simplesmente co-
modismo, ou seja, o excesso de confiança.
Assim, você, que agora já conhece algumas questões importantes de saúde e
segurança no trabalho, busque avaliar algumas situações no seu dia a dia de tra-
balho e ajudar os colegas a serem profissionais ainda melhores quando o assunto
for segurança, integridade física e qualidade de vida.

204
Nesta unidade estudamos sobre a evolução histórica da legislação e normas
voltadas à segurança no trabalho. Esta evolução ocorre até hoje e, com certeza,
irá continuar evoluindo, pois ainda estamos muito aquém de ter uma cultura de
segurança no trabalho estabelecida em todos os segmentos econômicos no Brasil.
Para que você assimile ainda mais o conteúdo estudado sobre a evolução das
normas e as organizações responsáveis por esta evolução, sugiro que desenvolva
um mapa mental utilizando as seguintes palavras chave: OSHAS, NIOSH, ACGIH,
FUNDACENTRO, Normas Regulamentadoras, Leis, objetivo e benefícios.
Para este desenvolvimento sugiro utilizar a ferramenta gratuita disponível em:
https://www.goconqr.com/pt-BR.

Objetivo Benefícios
Benefícios
Objetivo
Normas
Regulamentadoras Objetivo
NIOSH

Objetivo
Leis
ACGIH EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DAS NORMAS Benefícios

Benefícios

FUNDACENTRO
OSHAS Normas

Objetivo

Objetivo Benefícios
Objetivo Benefícios Benefício

205
1. O surgimento de máquinas para o desenvolvimento produtivo durante a Revolução
Industrial, promoveu o aumento da produção. No entanto, ao mesmo tempo que
este desenvolvimento ia ocorrendo com o surgimento de novas tecnologias, aumen-
tou também a quantidade de acidentes e doenças do trabalho, causando grandes
transtornos para as empresas da época.

De acordo com o exposto e o conteúdo estudado sobre os problemas causados nas


organizações durante a Revolução Industrial, leia as assertivas a seguir.

I - As atividades de produção acelerada valorizaram os processos deixando-os mais


humanos.
II - Com a evolução dos processos surgiram pontos negativos devido ao surgimento
de doenças ocupacionais.
III - Não havia, entre outros, critérios estabelecendo horários de trabalho nem de
descanso.
IV - As condições de trabalho não permitiam que crianças trabalhassem nas empre-
sas da época.
V - As condições de trabalho cada vez mais aceleradas fizeram os trabalhadores
terem receio do trabalho.
Sobre as assertivas acima, é correto o que se afirma em:

a) I e IV apenas.
b) II e IV apenas.
c) I e III apenas.
d) II e III apenas.
e) I, II e IV apenas.

2. A legislação que trata da segurança do trabalho no Brasil iniciou no ano de 1918


com a criação do Departamento Nacional do Trabalho (DNT). Em 1931, foi criado o
Ministério do Trabalho. A partir deste momento, até os dias atuais, os órgãos governa-
mentais e as leis foram sendo criadas por meio de decretos, portarias, entre outros.

Sobre esta evolução histórica da legislação voltadas à segurança do trabalho no Brasil,


leia as afirmativas a seguir e assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso.

I - Em 1941 foi estabelecida a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).


II - O decreto lei de 1944 ganhou força para as questões de segurança do trabalho.

206
III - A Portaria nº 229, regulamenta a CIPA em 1945.
IV - Em 1952 a Portaria 128 estabeleceu a adoção da ABNT “NB-18R”.
V - A Portaria nº 34.714, instituiu a Menção Honrosa da Segurança do Trabalho
Sobre as afirmativas acima, é correto o que se afirma em:

a) V, V, F, V, V.
b) V, F, F, V, F.
c) F, V, V, F, V.
d) F, F, V, F, V.
e) F, V, V, V, F.

3. A FUNDACENTRO foi criada em 1966 com o objetivo de realizar pesquisas e estudos


envolvendo as questões de segurança, higiene e medicina do trabalho. Para as ins-
tituições e pessoas envolvidas com a prevenção de acidentes de trabalho no Brasil
esta foi uma grande conquista para a segurança do trabalho.

Sobre a FUNDACENTRO e sua atuação na promoção da saúde e segurança do tra-


balho, avalie as alternativas a seguir.

I - A FUNDACENTRO atua nas regiões sul e sudeste do Brasil.


II - A atuação da FUNDACENTRO é voltada para o meio rural e urbano.
III - No ano de 1980 publicou as normas de higiene do trabalho chamadas de NHOS.
IV - A NHO 09 é a norma que orienta o procedimento técnico para avaliação de
vibração de corpo inteiro.
V - As normas estabelecidas pela FUNDACENTRO abordam somente critérios para
identificação e controle de riscos.

Sobre as assertivas acima, é correto o que se afirma em:

a) I e II, apenas.
b) II e V, apenas
c) II e IV, apenas.
d) I, II e V, apenas.
e) II, III e IV, apenas.

207
4. As leis que tratam dos assuntos pertinentes à saúde e segurança do trabalho são
necessárias para as regras que garantam ao trabalhador a integridade física e psi-
cológica durante a realização de suas atividades nas organizações. Neste sentido, se
não houvessem os requisitos de segurança estabelecidos nas normas, muito pro-
vavelmente haveriam muito mais acidentes de trabalho. A legislação possui uma
hierarquia para estabelecer os requisitos a serem estabelecidos e aplicados nas
empresas/organizações.

Sobre a hierarquia da legislação, avalie as alternativas a seguir.

I - O maior nível hierárquico no Brasil é da CF/89.


II - No segundo nível da hierarquia estão as leis complementares.
III - Contratos e instruções normativas ocupam o 4º nível da normas.
IV - No terceiro nível da hierarquia das normas estão os decretos.
V - Contratos e sentenças encontram-se no nível mais baixo da hierarquia das normas.
Sobre as assertivas acima, é correto o que se afirma em:

a) I, III e IV.
b) I, III e V.
c) II, IV e V.
d) I, II, IV e V.
e) II, III, IV e V.

208
UNIDADE 1

BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de jul. de 1991. Planos de Benefícios da Previdência Social. Brasília,
DF, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8213cons.htm>. Acesso
em: 22 de abr. de 2021.

CHIRMICI, A.; OLIVEIRA, E. A. R. de. Introdução à segurança e saúde no trabalho. 1. ed. - Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

MATTOS, U. A. O.; MÁSCULO, F. S. Higiene e Segurança do Trabalho. Rio de Janeiro: Elsevier,


2019.

ROJAS, P. Técnico em segurança do trabalho. Porto Alegre : Bookman, 2015.

ROSSETE, C. A. (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. São Paulo: Pearson Edu-
cation do Brasil, 2015.

SMITH, A. A Riqueza das nações. vol. 1. São Paulo: Nova Cultural; 1988.

WAISSMANN, W. (s.d.) Paradigmas tecnológicos e métodos de avaliação da relação saúde


e trabalho – coerências, inconsistências e premências. Rio de Janeiro: CESTEH/ENSP/FIOCRUZ

ZOCCHIO, Álvaro. Prática da prevenção de acidentes: ABC da segurança do trabalho. – 7. ed.


rev. e ampl. – São Paulo: Atlas, 2002.

Referências on-line

¹Em: https://www.dicionarioinformal.com.br/seguran%C3%A7a%20no%20trabalho/

²Em: https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-
-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/nr-1. Acesso em 18 de mai. de 2021.

UNIDADE 2

BARSANO, P. R.; BARBOSA, R. P. Segurança do trabalho - guia prático e didático. 2. ed. - São
Paulo: Érica, 2018. [Minha Biblioteca].

BRASIL. NR 5 - Comissão interna de prevenção de acidentes. Secretaria do Trabalho. Brasil:


2019. Disponível em: <https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-
-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/normas-regula-
mentadoras/nr-05-atualizada-2021.pdf>. Acesso em: 26 mai. 2021.

CARDELLA, B. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma abordagem holística :


segurança integrada à missão organizacional com produtividade, qualidade, preservação am-
biental e desenvolvimento de pessoas. 2. ed. - São Paulo : Atlas, 2016.

209
MATTOS, U. A. de O.; MÁSCULO, F. S. Higiene e segurança do trabalho. 2. ed., rev. e ampl. -
Rio de Janeiro : Elsevier, 2019.

PAOLESCHI, B. CIPA: guia prático de segurança do trabalho / Bruno Paoleschi -- 1. ed. -- São
Paulo: Érica, 2009.

Referências on-line

Em: https://smartlabbr.org/sst/localidade/0?dimensao=frequenciaAcidentes. Acesso em: 24


1

mai. 2021.

UNIDADE 3

BARSANO, P. R.; BARBOSA, R.P. Segurança do trabalho: guia prático e didático. 2 ed. - São
Paulo: Érica, 2018.

CASSAR, V. B. Direito do trabalho. 4. ed. Niteroi: Impetus, 2010.

CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: o novo papel da gestão do talento humano. – 5. ed. – São
Paulo : Atlas, 2020.

FERNANDES, E. C. Qualidade de Vida no Trabalho: como medir para melhorar. Salvador, BA:
Casa da Qualidade, 1996.

FERREIRA, P. I. Clima organizacional e qualidade de vida no trabalho. Rio de Janeiro : LTC,


2017.

FIDELIS, G. J. Gestão de pessoas: estrutura, processos e estratégias empresariais. 1. ed. São


Paulo : Érica, 2014.

FRANÇA, A. C. L.; RODRIGUES, A. L. Stress e trabalho: guia prático com abordagem psicosso-
mática. São Paulo: Atlas, 2013.

GRAMMS, L. C.; LOTZ, E. G. Gestão da qualidade de vida no trabalho. Curitiba: Intersaberes,


2017.

LIMONGI-FRANÇA, A, C. Indicadores empresariais de qualidade de vida no trabalho: esfor-


ço empresarial e satisfação dos empregados no ambiente de manufaturas com certificação
ISO 9000. Tese (Doutorado em Administração de Recursos Humanos) - Universidade de São
Paulo, São Paulo, 1996. Disponível em:<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12132/
tde-14042009-113324/pt-br.php>. Acesso em: 24 de jun. de 2021.

MÁSCULO, F. S.; VIDAL, M. C. (orgs.). Ergonomia: trabalho adequado e eficiente. Rio de Janeiro:
Elsevier/ ABEPRO, 2011.

210
MENDES, R. A.; LEITE, N. Ginástica laboral: princípios e aplicações práticas. 3. ed. rev. e ampl.
– Barueri, SP : Manole, 2012.

PEREIRA, M. C. B. RH essencial. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2020.

ROSSETE, C. A. (org.). Segurança do trabalho e saúde ocupacional. – São Paulo : Pearson


Education do Brasil, 2015.

WHOQOL: The World Health Organization Quality of Life. User Manual. Disponível em: <https://
www.who.int/publications/i/item/WHO-HIS-HSI-Rev.2012.03>. Acesso em: 24 de jun. de 2021.

UNIDADE 4

AFONSO, J. R. (coord.). Trabalho 4.0. São Paulo: Almedina, 2020.

ALMEIDA, P. S.de. Indústria 4.0: princípios básicos, aplicabilidade e implantação na área indus-
trial. São Paulo : Érica, 2019.

CALASANS, R. Segurança do trabalho na indústria 4.0. In: GARCIA, S. Gestão 4.0 em Tempos
de Disrupção. São Paulo: Blucher, 2020.

COGNIZANT. 21 More Jobs of The Future: A Guide to Getting and Staying Employed Through
2029. 2018. Disponível em: . Acesso em: 28 de jul. 2021.

CNI - Confederação Nacional da Indústria. Relações trabalhistas no contexto da indústria


4.0. Brasília : CNI, 2017. Disponível em: < https://conexaotrabalho.portaldaindustria.com.br/
media/publication/files/Relacoes_trabalhistas_web.pdf>. Acesso em: 28 de jul. 2021.

JÚNIOR, E. W. R. et al. Realidade virtual: transformando resistência em consciência, como


forma de prevenir os riscos de acidentes no ambiente de trabalho. Revista Eletrônica da Facul-
dade Invest de Ciências e Tecnologia, v. 3, n. 1, 2021. Disponível em: <http://revista.institutoin-
vest.edu.br/index.php/revistainvest/article/view/31/26>. Acesso em: 23 de jul. de 2021.

JUNIOR, J. R. dos S. NR-12: segurança em máquinas e equipamentos : conceitos e aplicações /


Joubert Rodrigues dos Santos Junior, Márcio José Zangirolami. – São Paulo : Érica, 2015

NASCIMENTO, J. S. et al. Otimização da segurança em canteiros de obras utilizando veícu-


los aéreos não tripulados (vants) com controle de voo via arduino yun. Acta Tecnológica,
v. 12, n. 1, p. 63-72, 2018.

PASMAN, H. J. et al. How can we improve process hazard identification? What can accident in-
vestigation methods contribute and what other recent developments? A brief historical survey
and a sketch of how to advance. Journal of Loss Prevention in the Process Industries, v. 55,
p. 80–106, 1 set. 2018.

PASTORI, D. C.; RODOLPHO, D. Tecnologia na segurança do trabalho em robótica. Revista

211
Interface Tecnológica, v. 17, n. 2, p. 806-816, 2020.

QUINTINO, L. F. et al. Indústria 4.0. Porto Alegre : SAGAH, 2019

SACOMANO, J.B. et al. Indústria 4.0: conceitos e fundamentos. São Paulo: Blucher, 2018.

SANTOS, W. E. dos. Robótica industrial: fundamentos, tecnologias, programação e simulação.


1. ed. - São Paulo: Érica, 2015.

SCHWAB, K. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2016.

SILVA, A. K. A. da et al. Inovação tecnológica na indústria da construção civil: uso do seif


como monitoramento e gestão de segurança no trabalho. Revista Ceuma Perspectivas, v. 34,
n. 2, p. 6-19, 2019.

SILVA, R. V. da. Tecnologias digitais aplicadas na segurança do trabalho em condução de


veículos especiais pesados. São Paulo, 2019. Disponível em: <https://pecepoli.com.br/mono-
grafias/monografia_52113_384.pdf>. Acesso em 23 de jul. de 2021.

VEIGA, R. A. C. et al. O impacto da inteligência artificial na gestão de riscos. ISLA Multidisci-


plinary e-Journal, v. 3, n. 1, p. 19-34, 2020.

VEIGA, R.; PIRES, C. C. Impacto da inteligência artificial nos locais de trabalho. Rede de
Investigação sobre Condições de Trabalho, p. 67-79, 2018.

VENTURELLI, M. O futuro do emprego na indústria 4.0. Automação Industrial, [s. l.], 29 mai.
2018. Disponível em: https://www.automacaoindustrial.info/o-futuro-do-emprego--na-indus-
tria-4-0/. Acesso em: 26 jul. 2021.

UNIDADE 5

BARSANO, P. R. BARBOSA, R.P. Higiene e segurança do trabalho - 1. ed. São Paulo: Érica,
2014.

BARSANO, P. R. BARBOSA, R.P. Segurança do trabalho: guia prático e didático – 2. ed. – São
Paulo : Érica, 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

BRASIL. Norma Regulamentadora N.º 01. Disponível em:https://www.gov.br/trabalho-e-pre-


videncia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-
-saude-no-trabalho/normas-regulamentadoras/nr-01.pdf

BRASIL. Medida Provisória Nº 870, DE 1º DE JANEIRO DE 2019. Disponível em:http://www.


planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Mpv/mpv870impressao.htm

BRASIL. LEI Nº 13.844, DE 18 DE JUNHO DE 2019. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/


ccivil_03/_ato2019-2022/2019/Lei/L13844compilado.htm

212
BRASIL. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.058, DE 27 DE JULHO DE 2021. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/Mpv/mpv1058.htm#art1

CAMISASSA, M. Q. Segurança e Saúde no Trabalho: NRS 1 a 37 comentadas e descomplica-


das. 7. ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2021.

CHIRMICI, A.; OLIVEIRA, E. A. R. de. Introdução à segurança e saúde no trabalho. 1. ed. - Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras,
1995. p. 41.

MATTOS, U. A. de O.; MÁSCULO, F. S. Higiene e Segurança do Trabalho. 2. ed. - Rio de Janeiro:


GEN, 2019.

PRONKO, Marcela A. A OIT nos primórdios da institucionalização do ensino técnico-profissio-


nal. Boletim Técnico do Senac, v. 29, n. 1, p. 40-51, 2003. Disponível em: <https://www.bts.
senac.br/bts/article/view/528>. Acesso em: 06 de ago. de 2021.

REZENDE, M. E. T. et al. eSocial: prático para gestores. São Paulo: Érica, 2017

SILVA, A. A. et al. Segurança do trabalho e meio ambiente: o diferencial da dupla atuação.


São Paulo: Érica, 2019.

ZOCCHIO, Á. Prática da prevenção de acidentes: ABC da segurança do trabalho. – 7. ed. rev.
e ampl. – São Paulo: Atlas, 2002

Referências on-line

¹Em: https://www.ilo.org/brasilia/conheca-a-oit/hist%C3%B3ria/lang--pt/index.htm. Acesso


em: 6 ago. 2021.

²Em:http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-tematico/departamento-nacional-
-do-trabalho-dnt. Acesso em: 25 de ago. de 2021.

Em:https://www.gov.br/fundacentro/pt-br/centrais-de-conteudo/biblioteca/nhos. Acesso em:


3

25 de ago. de 2021.
4
Em:https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/
sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default). Acesso em: 25 ago. 2021.

213
UNIDADE 1

1. D.

A assertiva I é incorreta, pois Plínio apresentou a exposição dos trabalhadores ao


chumbo, mercúrio e às poeiras, não ao ferro.
A assertiva II é correta, pois para melhorar as condições respiratórias no interior
das minas os trabalhadores começaram a amarrar panos e bexiga de carneiro para
proteger seus rostos.
A assertiva III é incorreta, pois o período vazio de informações ocorreu do auge do
Império Romano até o final da Idade Média.
A assertiva IV é correta, pois no ano de 1473, surgem os primeiros registros de novos
estudos, onde Ulrich Ellenborg, reconhece a toxicidade de vapores de alguns metais.
Nestes estudos, são então descritos os sintomas de envenenamento por monóxido
de carbono, chumbo, mercúrio e ácido nítrico durante as atividades laborais da época.

2. “[...] especialidade médica voltada primordialmente para o tratamento (da doença), a


recuperação da saúde ... tratamento dos efeitos ou diminuição de sequelas causadas
pelos acidentes e doenças”.

3. Aspecto social; Aspecto econômico; Aspecto jurídico; e Aspecto epidemiológico.

4. Consciente, inconsciente ou circunstancial.

5. B.

Assertiva I é verdadeira, pois de fato o saturnismo acomete os trabalhadores que


estão expostos ao chumbo durante a realização de suas atividades.

Assertiva II é verdadeira, pois o Hidrargirismo realmente é a doença que ocorre aos


trabalhadores expostos ao mercúrio nas atividades desenvolvidas em garimpo, fa-
bricação de soda cáustica, entre outras.
Assertiva III é falsa, pois a perda auditiva é um tipo de doença irreversível.
Assertiva IV é falsa, pois o bruxismo não é uma doença ocupacional e sim uma dis-
função caracterizada pelo ranger ou apertar os dentes durante o sono.

214
UNIDADE 2

1. C.
(Quadro 2 da unidade).
A assertiva I é incorreta, pois uma organização pequena tem de 10 a 100 componentes.
Assertiva II é correta.
Assertiva III é correta.
Assertiva IV é correta.
Assertiva V é incorreta, pois uma organização média tem de 100 a 1.000 componentes.

2. D.
Afirmativa I é falsa, pois os requisitos da CIPA é estabelecido na NR 05
Afirmativa II é verdadeira.
Afirmativa III é falsa, pois a CIPA só é instalada quando a organização ou a empresas
possui de 20 ou mais trabalhadores.
Afirmativa IV é verdadeira.
Afirmativa V é verdadeira.

3. As radiações ionizantes movimentam as partículas fazendo com que os átomos sejam


ionizados, ou seja, transformam os átomos em íons. Um exemplo para este tipo de
radiação é o Raio-X. As radiações não ionizantes, por sua vez, não tem poder de ioniza-
ção. Trata-se somente da ativação dos átomos por meio de uma carga de energia que
reflete e pode ser absorvida. Um exemplo para este tipo de radiação é a solda elétrica
(facho de luz emitido pelo arco voltaico gerado pelo contato do eletrodo com o metal).

UNIDADE 3

1. “todo bem-estar físico, psíquico, emocional e social do ser humano”.

2. Sistema da qualidade, potencial humano e saúde e segurança do trabalho.

3. D.

215
UNIDADE 4

1. D.

2. C.

3. Implantar equipamentos eletrônicos nos organismos, com potencial de melhorar o mo-


nitoramento de saúde e o tratamento de doenças e de ampliar a capacidade cognitiva.

UNIDADE 5

1. D.

2. E.

3. C.

4. C.

216

Você também pode gostar