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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

TARSIS ANAXIMENES CLAUDINO GOMES

DEGRADAÇÃO TÉRMICA DE GEOSSINTÉTICOS


APLICADOS EM REVESTIMENTOS ASFÁLTICOS EM
CBUQ: REVISÃO DA LITERATURA

NATAL-RN
2020
Tarsis Anaximenes Claudino Gomes

Degradação térmica de geossintéticos aplicados em revestimentos asfálticos em CBUQ:


revisão da literatura

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade


Artigo Científico, submetido ao Departamento
de Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de
Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes


de França

Natal-RN
2020
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Gomes, Tarsis Anaximenes Claudino.


Degradação térmica de geossintéticos aplicados em
revestimentos asfálticos em CBUQ: revisão da literatura / Tarsis
Anaximenes Claudino Gomes. - 2020.
20 f.: il.

Artigo Científico (Graduação) - Universidade Federal do Rio


Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Curso de Engenharia
Civil. Natal, RN, 2020.
Orientador: Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França.

1. Degradação térmica - Artigo Científico. 2. Geossintéticos -


Revisão - Artigo Científico. 3. Pavimentação - Artigo Científico.
4. Revisão - Artigo Científico. I. França, Fagner Alexandre Nunes
de. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 624.13

Elaborado por Kalline Bezerra da Silva - CRB-15 / 327


Tarsis Anaximenes Claudino Gomes

Degradação térmica de geossintéticos aplicados em revestimentos asfálticos em CBUQ:


revisão da literatura

Trabalho de conclusão de curso na modalidade


Artigo Científico, submetido ao Departamento
de Engenharia Civil da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Civil.

Aprovado em 08 de dezembro de 2020:

___________________________________________________
Prof. Dr. Fagner Alexandre Nunes de França – Orientador

___________________________________________________
Prof. Dr. Osvaldo de Freitas Neto - Examinador interno

___________________________________________________
Prof. Me. Marcio Avelino de Medeiros – Examinador externo

Natal-RN
2020
RESUMO

Os geossintéticos apresentam diversas funcionalidades em obras de engenharia civil. Na


pavimentação seu uso vem desde a década de 70, na restauração de trechos de pavimentos
asfálticos, e vem crescendo nos últimos anos devido à economia que esses materiais agregam
nas diversas etapas construtivas da pavimentação. A durabilidade dos geossintéticos pode ser
definida como a capacidade que os materiais possuem de manter determinadas propriedades ao
longo da vida útil. Os geossintéticos empregados em obras rodoviárias, comumente são
impregnados com asfalto, submetidos a altas temperaturas, podendo sofrer alterações na sua
estrutura polimérica, comprometendo sua funcionalidade. Este artigo se trata de uma revisão de
casos de degradação térmica de geossintéticos na pavimentação, com o intuito de fornecer um
acervo de apoio às futuras pesquisas científicas, relatando ensaios e desempenho desses
materiais aplicados a altas temperaturas. A coleta de dados foi realizada no Portal de Periódicos
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior, do governo brasileiro, para
o período de busca até 2020 e os resultados mostram que os geocomposto é o geossintético
mais empregado para avaliação de danos, pois é o material mais usado em reforços e solução
para reflexão de trincas de pavimento. Além disso, também se obteve informações acerca dos
geossintéticos utilizados em obras de pavimentação. Assim, consegue-se deduzir qual
geossintético a ser empregue em pavimento, de acordo com sua função e que seja capaz de
suportar os agentes degradantes, durante sua vida de projeto.

Palavras-chave: degradação térmica, geossintéticos, pavimentação, revisão.

ABSTRACT

Geosynthetics have several applications in civil engineering works. In paving, their use has
been used since the 1970s to restore stretches of asphalt pavements and has been growing in
recent years due to the savings that these materials add into the different construction stages of
paving. The durability of geosynthetics can be defined as the ability of materials to maintain
certain properties throughout their service life. The geosynthetics used in road works, are
commonly impregnated with asphalt, subjected to high temperatures, may undergo changes in
their polymeric structure, compromising their usage behavior. This article is a review of cases
of thermal degradation of geosynthetics in paving, in order to provide a collection of support
for future scientific researches, reporting tests and performance of these materials applied at
high temperatures. Data collection was done at the portal CAPES/MEC of the Brazilian
government until the period 2020 and the results show that geocomposite is the most commonly
used geosynthetic for damage assessment, as it is the most used material in reinforcements and
solution for the reflection of cracks in the pavement. In addition, information was also obtained
about the geosynthetics used in paving works. Thus, it is possible to deduce which geosynthetics
to be used in pavement, according to their function and which is capable of withstanding
degrading agents, during their design life.

Keywords: thermal degradation, geosynthetics, paving, review.


5

1 INTRODUÇÃO 1

Na década de 1970, datam as primeiras aplicações de geossintéticos em restauração em


trechos experimentais em pavimentos asfálticos rodoviários. Mas somente a partir da década
de 1990 que os geossintéticos foram incorporados na prática de projetos, passando a englobar
os pavimentos rodoviários, aeroportuários e urbanos, como também no uso de solução para
recapeamentos asfálticos (Ceratti e Rodrigues, 2015).
No Brasil, o estudo de pavimentos é de suma importância visto à crescente necessidade
de melhora da situação da malha rodoviária nacional. Conforme dados da pesquisa da
Confederação Nacional de Transportes (CNT, 2019) que percorreram e analisaram 108.863 km
entre rodovias federais e estaduais realçam que mais de 75% das condições superficiais dos
pavimentos de rodovias no Brasil encontram-se trincados, desgastados, remendados ou
manifestam-se com buracos, afundamentos, ondulações e até totalmente destruídos. Nesse
aspecto, o uso de reforços geossintéticos pode auxiliar na correção destas dificuldades,
apresentando um menor tempo de execução, potencializando a vida útil do pavimento,
reduzindo custos e diminuindo impactos ambientais (Ferreira, 2007).
Diante do alto custo e consumo de materiais na reabilitação de pavimentos, percebe-se
o crescente uso de geossintéticos como reforço, ao longo do tempo. No entanto, cria-se uma
preocupação quanto a sua capacidade de atender aos requisitos mínimos de vida útil de projeto,
tornando-se importante analisar sua durabilidade.
Segundo Shukla (2002), os geossintéticos aplicados em obras rodoviárias,
especificamente geotêxteis impregnados com asfalto, submetidos a altas temperaturas, podem
sofrer alterações significativas no seu comportamento. Tem-se assim, que temperaturas
elevadas durante o processo construtivo, podem provocar alterações na estrutura molecular do
geossintético. Essas alterações irão depender da natureza e dos aditivos incorporados aos
polímeros, dentre outras causas.
Ademais, ao analisarmos a situação das pesquisas na área da degradação de
geossintéticos na pavimentação no Brasil, percebe-se que ainda um grande déficit em relação
às informações acerca do seu desgaste nas diferentes situações de uso.
Este artigo tem por objetivo revisar casos de degradação térmica de geossintéticos
empregados em obras de pavimentação, com o intuito de fornecer um acervo que possibilite
um suporte às futuras pesquisas científicas. Os estudos de caso apresentados foram abordados
em artigos científicos, tese e dissertações encontrados na plataforma científica do Portal de
Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do
governo brasileiro.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Pavimentação

A pavimentação é um revestimento sobre a superfície de um pavimento. Esse sendo


formado por camadas com diversas propriedades, destinado a distribuir cargas sobre um plano
subjacente, como também apresentando uma superfície com resistência à abrasão, com textura
e declividade capazes de oferecer segurança e conforto à circulação pessoas e veículos (Mendes
e Souza, 2015).
O Pavimento pode ser definido como uma superestrutura proveniente da sobreposição
de múltiplas camadas, constituída por diferentes materiais, com espessuras finitas, assentadas

Tarsis Anaximenes Claudino Gomes, graduando em Engenharia Civil, UFRN


Fagner Alexandre Nunes de França, Prof. Dr., Departamento de Engenharia Civil, UFRN
6

sobre um semiespaço infinito, sendo essa infraestrutura nomeada de subleito ou terreno de


fundação (DNIT, 2006).
De modo geral, o pavimento possui as camadas de revestimento, base, camadas
complementares, leito e subleito. Dependendo das características do projeto, algumas das
camadas complementares poderá ser suprimida (CNT, 2019). Contudo, para o conjunto da
estrutura seja denominada como pavimento é necessária a existência mesmo que primária da
fundação e revestimento, mesmo que seja primário.
Ainda segundo a CNT (2019), cada uma dessas camadas possui determinadas
características:
O revestimento é a camada mais externa e nobre do pavimento, deve ser permeável e
confortável para atender às condições de rolamento oferecendo segurança aos usuários, é a
camada encarregada a resistir às ações do tráfego, sem sofrer grandes deformações elásticas ou
plásticas.
A camada de base, tem como objetivo resistir às ações do tráfego aliviando as tensões
no revestimento e distribuindo para as camadas inferiores, pode ser identificada assentada na
camada de sub-base, reforço do subleito ou diretamente sobre o subleito.
As camadas complementares compreendem a sub-base, o reforço do subleito e a camada
de regularização. A sub-base é a camada complementar a base, executada quando por
circunstâncias econômicas ou técnicas, não for aconselhável construir a base diretamente sobre
o reforço do subleito ou sobre a regularização.
O reforço do subleito é uma camada estabilizada granulometricamente, executada após
a regularização do subleito, com espessuras transversal constante e espessura longitudinal
variável, conforme projeto do pavimento. A aplicação do reforço não é obrigatória, sendo que
majoritariamente as camadas sobrejacentes a essa (base e sub-base), em teoria aliviaria as
pressões que chegam no subleito. A utilização reforço é indicado quando se torna necessário
reduzir espessuras elevadas da camada de sub-base, originadas pela baixa capacidade de suporte
do subleito ou o intenso tráfego que os pavimentos terão, ou ainda a combinação de ambos.
A camada de regularização com espessuras variáveis, tem a finalidade de conformar
falhas da camada final de terraplenagem ou de um leito antigo de estrada de terra.
O leito consiste na passagem entre o terreno de fundação e o corpo do pavimento, e o
subleito é a fundação em si do pavimento ou terreno original, aonde as tensões serão totalmente
absorvidas.

2.1.1 Pavimento flexível

A escolha de uma solução construtiva para um pavimento rodoviário está atrelada em


diversos fatores como clima, tráfego, materiais disponíveis, custos de execução e condições da
fundação. Na rede rodoviária nacional existem 3 tipos de pavimentos: os pavimentos flexíveis,
os pavimentos rígidos e os semi-rígidos, sendo que majoritariamente a rede rodoviária é
formada por pavimentos flexíveis. Os vários tipos de pavimentos diferem entre si,
essencialmente, na constituição e no modo de funcionamento (Santos, 2009).
Os pavimentos flexíveis, também chamados de pavimentos asfálticos, são constituídos
por camadas betuminosas na parte superior da estrutura. Além disso, possuem uma elevada
deformabilidade quando comparados aos outros tipos de pavimentos, e suas camadas inferiores
são compostas por materiais granulares assentados na fundação. (Azevedo, 2019).
Nos pavimentos flexíveis, as cargas induzidas pelo tráfego distribuíssem de forma
equivalente entre as camadas que compõem o pavimento, de acordo com as características
mecânicas das mesmas. Pela Figura 1, pode-se notar um campo de tensões bastante concentrado
nas proximidades do ponto de aplicação da carga e distribuídas em profundidade para as demais
7

camadas, isso exige um maior número de camadas no intuito de proteger o subleito estradal
(Figura 2) (Santos, 2009 e CNT, 2019).

Figura 1 – Distribuição de tensões nas camadas de um pavimento flexível.

Fonte: Santos (2009).

Figura 2 - Disposição das camadas de pavimento tipo flexível.

Fonte: CNT (2019).

Os pavimentos flexíveis apresentam em sua composição misturas betuminosas quentes


ou frias. Em relação as misturas frias, são aplicadas comumente onde não ocorre consideráveis
solicitações, são espalhadas e compactadas sem o aquecimento dos materiais constituintes que
são, basicamente, agregados e ligantes asfáltico. Quanto as misturas betuminosas usinadas a
quente são produzidas de maneira que pelo menos um dos materiais seja aquecido, agregado ou
betume (Silva, 2009). Como exemplo de misturada betuminosa usinada a quente, têm-se o
concreto asfáltico usinado a quente (CBUQ), método mais disseminado no Brasil.

2.1.2 Situação atual da pavimentação no Brasil

Nos últimos anos, as aplicações em infraestrutura rodoviária mostraram-se


incompatíveis com as necessidades da população, ocasionando numa crescente insatisfação dos
usuários com o nível de investimento. Este cenário torna o país pouco competitivo no mercado
exterior e, além disso, cria uma situação econômica insustentável (Azevedo, 2019).
Além de uma maior disponibilidade e melhor distribuição de rodovias pavimentadas no
país, faz-se necessária a conservação dos ativos existentes. Um dos fatores que contribuem para
o processo de degradação dessa infraestrutura é o elevado fluxo de veículos. Durante o período
entre 2009 e 2019, houve um aumento de 80,8% da frota, totalizando 102.666.444 veículos no
país. No entanto, apresenta-se uma desproporção em relação as rodovias ao crescimento dos
veículos, ocorrendo uma intensificação no processo de desgaste e surgimento de defeitos (CNT,
2019).
8

Um sistema de infraestrutura rodoviária eficiente e de boa qualidade são essenciais para


promover o desenvolvimento econômico do país, tanto por meio do escoamento da produção
nacional como pela circulação da população.
A malha rodoviária brasileira ainda é bastante pequena se comparada com países de
dimensões territoriais semelhantes. Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT) o
Brasil soma 1.720.700 km de rodovias, do qual apenas 12,40% são pavimentadas, o que
equivale a 213.453 km (CNT, 2019).
Conforme (CNT, 2019) o estado do Rio Grande do Norte (RN) contou com 1.876 km
de vias investigadas e apenas 84 km classificados como ótimos e 561 km como bom, cerca de
34,40%. Enquanto isso, em situação regular, ruim ou péssima correspondem a 65,04%, percebe-
se a má qualidade de rodovias de qualidade no RN.

2.2 Geossintéticos

Os geossintéticos apresentam uma ampla variedade e aplicações em obras da engenharia


civil. Segundo a norma NBR ISO 10318-1/2018, os geossintéticos (GSY) são definidos como
produtos que pelo menos um dos seus componentes na sua fabricação sendo polímero sintético
ou natural e podem se apresentar de diversas formas (folhas, tiras ou estruturas tridimensionais)
e são utilizados na engenharia geotécnica e civil, no contato com o solo ou outros materiais,
desempenhando uma ou mais funções. Ainda de acordo com a norma, os geossintéticos são
classificados em: geotêxtil, geogrelha, georrede, geocélula, geotira, geoespaçador,
geomembranas e geocompostos
Carneiro (2009) classifica os geossintéticos de um modo geral, em: geotêxteis,
geomembranas e produtos relacionados, sendo os geo-outros, o agrupamento dos geossintéticos
originados das constantes inovações do mercado.
A Tabela 1 mostra os principais tipos de geossintéticos disponíveis no mercado e suas
respectivas funções.

Tabela 1 - Funções dos vários geossintéticos em projetos de engenharia.


Geossintético Separação Proteção Filtração Drenagem Erosão Reforço Impermeabilização
Geotêxtil x x x x x x x*
Geogrelha x x
Geomembrana x x
Georrede x x
Geocomposto
x
argiloso
Geocélula x x x
Geotubo x
Geofibras x
*Quando impregnado com material asfáltico
Fonte: Bueno e Vilar (2015).

Com relação a sua produção, os geossintéticos podem ser confeccionados a partir de


distintos tipos de polímeros, cada qual com características diferentes que intervêm diretamente
no seu desempenho. Sua matriz polimérica pode ser misturada ou formulada com aditivos que
cumprem diferentes aplicações, como estabilizadores térmicos, antioxidantes, protetores contra
radiação, entre outros (Milagres, 2016).
Diversos tipos de polímeros podem ser utilizados na fabricação de geossintéticos.
Dentre os polímeros utilizados, têm-se: a poliamida (PA), policloreto de vinila (PVC), poliéster
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(PET), polietileno (PE), polietileno expandido (EPS), polietileno de alta densidade (PEAD) e o
polipropileno (PP) (LOTTI e BUENO, 2015). Além desses ainda podem ser encontrados os
geossintéticos fabricados com fibra de vidro (GF) e o álcool polivinílico (PVA), entre outros.
As possibilidades de aplicação de materiais geossintéticos em pavimentação são
diversas e os geossintéticos geralmente utilizados são as geogrelhas, os geotêxtis ou
geocompostos.
O geotêxtil é um objeto têxtil bidimensional permeável, formado por fibras cortadas,
filamentos contínuos, monofilamentos, laminetes, constituindo uma estrutura tecida, não-tecido
ou tricotada, no qual suas propriedades mecânicas e hidráulicas possibilitam desempenho em
várias funções em uma obra geotécnica (NBR ISO 10318-1, 2018).

Figura 3 - Geotêxtil em fibra de vidro.

Fonte: adaptado de Moreira (2016).

As geogrelhas são materiais geossintéticos em forma de grelha, com função


predominante de reforço, da qual a abertura permite interação do meio em que está confinado,
que são constituídos por unidades resistentes a tração. Podem ser considerados unidirecional ou
bidirecional a depender de acordo com a direção que apresenta alta resistência à tração. Em
função ao processo de fabricação, as geogrelhas podem ser soldadas, entrelaçadas ou extrudadas
(NBR ISO 10318-1, 2018).

Figura 4 - Geogrelha em fibra de vidro.

Fonte: adaptado de Moreira (2016).

Os geocompostos são formados pela combinação de dois ou mais tipos de geossintéticos


(NBR ISO 10318-1, 2018). Eles são aplicados conforme a função dos geossintéticos
combinados, no caso de geocompostos utilizados em pavimentação, a combinação do produto
é feita por um geotêxtil e geogrelha, com a intensão de reforço (Moreira, 2016).
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Figura 5 - Geocomposto utilizado em recapeamentos asfálticos.

Fonte: adaptado de Moreira (2016).

2.2.1 Aplicações de geossintéticos na pavimentação

De acordo com Moreira (2016) a Associação Internacional de Geossintéticos (IGS)


indica que os geossintéticos podem ser utilizados em pavimentação para: reduzir ou evitar a
reflexão de trincas, trabalhar como uma barreira evitando o bombeamento de finos, reduzir a
espessura da capa asfáltica, reduzir a espessura do pavimento, e aumentar a vida útil do
pavimento.
Os geossintéticos podem desempenhar diversas funções numa camada de pavimento
assim como diferentes tipos de geossintéticos podem exercer a mesma função. Em obras de
pavimentação, usualmente são dispostos em vários níveis, entre as camadas de base e sub-base,
entre a base e o subleito, ou até no interior da camada de revestimento em pavimentos flexíveis.
Os geossintéticos como as geogrelhas, geotêxteis e geocompostos, são materiais que resistem
a esforços de tração. Logo, são aplicados em locais onde haja a necessidade de complementar
materiais que não apresentem tal característica (Azevedo, 2019).
Ainda conforme Azevedo (2019) ao desempenhar a função de reforço, é essencial
considerar que seja adequado a interface de contato do geossintético com o material envolvente,
dado que é por meio dela que são transferidos os esforços para o produto.
Segundo Holtz et al. (1998), o uso de geossintéticos em pavimentos apresenta diversas
vantagens no uso como reforço, evidenciam-se: redução da escavação necessária para remoção
de material inadequado de subleito (resultando numa redução de transporte e bota-fora),
redução de espessura da base (redução de transporte e processos de compactação), redução de
recalques diferenciais (sobretudo em contato corte/aterro), diminuição de custos de reparo e
acréscimo da vida útil do pavimento.
Os geossintéticos na pavimentação também são utilizados como solução em
recapeamento de pavimentos asfálticos trincados, onde ocorre a reflexão ou propagação de
trincas das camadas antigas para as novas. No uso de geossintéticos podem ser identificados
dois mecanismos básicos de atuação: desvio de trincas e conversão de trincas em microfissuras.
(Ceratti e Rodrigues, 2015).
De acordo com Zornberg (2017), as principais funções que os geossintéticos podem
exercer em obras rodoviárias são:
Separação, em que o geossintético, colocado entre duas camadas de materiais diferentes,
mantendo a integridade e funcionalidade de ambos. Ainda, também pode viabilizar o alívio de
tensão a longo prazo. Essa função está relacionada a integridade do geossintético durante a
instalação.
Filtração, onde geossintético permite fluxo de líquido através de seu plano, enquanto
retém partículas finas a montante do fluxo. Essa função está relacionada com a permissividade
e medidas de distribuição do tamanho de seus poros.
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Reforço, o geossintético desenvolve forças de tração a fim de manter ou melhorar a


estabilidade do composto solo-geossintético. Essa função está relacionada com a resistência à
tração do geossintético.
Enrijecimento, onde geossintético desenvolve forças de tração destinadas a controlar a
deformação do conjunto solo-geossintético. Essa função está relacionada com a rigidez do
conjunto.
Drenagem, o geossintético permite o fluxo de líquido ou gás, ao longo de seu plano.
Essa função está relacionada com a transmissividade do geossintético (condutividade
hidráulica).
Barreira, em que o geossintético minimiza o fluxo de líquidos e gases através de seu
plano. Essa função está relacionada com a durabilidade a longo prazo do geossintético.
Proteção, o geossintético funciona como um amortecedor acima ou abaixo de outro
material (exemplo: geomembrana), minimizando os danos durante colocação de materiais
sobrejacentes. Essa função está relacionada com a resistência à punção do geossintético.
Na Figura 6 está representado essas aplicações numa seção transversal de uma rodovia.

Figura 6 – Múltiplas funções de geossintéticos aplicados em obras rodoviárias.

Fonte: adaptado de Zornberg (2017).

2.2.2 Durabilidade e danos dos geossintéticos

A durabilidade dos geossintéticos pode ser definida como a capacidade que os materiais
possuem de manter determinadas propriedades ao longo do tempo. E durante o tempo de
serviço, esses insumos podem estar sujeitos à ação de diversos agentes de degradação, podendo
eles serem agentes físicos (radiação, temperatura), químicos (água, ácidos, poluentes
atmosféricos) e biológicos (Carneiro, 2009).
Os geossintéticos adotados como solução no tratamento de reflexão de trincas estão
submetidos a efeitos que podem comprometer o desempenho do reforço e, ao mesmo tempo,
do composto (mistura asfáltica reforçada) durante o processo construtivo do recapeamento. O
primeiro fator de degradação são o processo de instalação, espalhamento e compactação da
mistura asfáltica. O segundo fator de degradação é a temperatura da mistura asfáltica, que no
caso de misturas usinadas à quente devem manter uma temperatura estabelecida para garantir
uma viscosidade do cimento asfáltico, que permita efetuar o processo de compactação. Essa
temperatura encontra-se normalmente entre 100°C e 165°C (Ante, 2016).
12

Segundo Carneiro (2009), a ação da temperatura pode provocar danos nos geossintéticos
de diversas maneiras: acelerando os mecanismos de degradação dos polímeros, causando a
dissociação das ligações químicas ao longo da cadeia polimérica, promovendo a formação de
radicais livres (que ao contato com o oxigénio, iniciam a oxidação dos polímeros) ou originando
a dilatação ou contração térmica dos materiais.
Ainda sobre danos nos geossintéticos aplicados em revestimentos asfálticos, tem-se os
trabalhos de Azevedo (2019) e Moreira (2016) em que avaliaram respectivamente os danos de
instalação em geossintéticos aplicados em revestimentos flexíveis com CBUQ, e os danos
mecânicos de geossintéticos empregados em recapeamentos asfálticos durante o processo
construtivo.

3 MATERIAS E MÉTODOS

A metodologia empregada para o desenvolvimento deste trabalho fundamentou-se na


pesquisa por artigos que apresentassem ensaios que avaliassem a degradação térmica de
geossintéticos aplicados na pavimentação.
A pesquisa deu-se por meio eletrônico, através do Portal de Periódicos CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior) via CAFe (Comunidade
Acadêmica Federada), do Ministério da Educação (MEC). A plataforma, financiada pelo
governo brasileiro, “é uma biblioteca virtual que reúne e disponibiliza a instituições de ensino
e pesquisa no Brasil o melhor da produção científica internacional.” (CAPES, 2020). O período
de busca estendeu-se até ao ano de 2020 e foram utilizadas as palavras-chave “geosynthetics
termal degradation”, “geosynthetics long term performance/use” e “termal degradation of
geosynthetics used in paving/highway”. Não houve limitação quanto ao idioma e a data inicial
do período de busca.
Fez-se uma pré-seleção de documentos (artigos, teses e dissertações) com a abordagem
da degradação térmica de geossintéticos, posteriormente foram identificados aqueles que
continham estudos com o tema em questão.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram avaliados inúmeros documentos (teses, artigos e dissertações) para a época


estabelecida, a respeito da degradação de geossintéticos. Desses arquivos, 5 compreendiam
estudos e ensaios acerca da degradação térmica dos geossintéticos, que resultam em 25 estudos
de casos, que estão disposto a seguir, evidenciando o tipo de geossintético e polímero,
localização e conclusão.
A Figura 7 apresentam a distribuição dessas analises por países, com o intuito de
organizar um mapa de ocorrência de estudos.

Figura 7 – Número de estudos por países.

2 2
Número de Casos

Brasil Chile Espanha


Fonte: Autor (2020).
13

Na Figura 8, os casos foram desmembrados por tipo de geossintético utilizado. A partir


dela, pode-se observar quais geossintéticos e polímeros mais empregados nas pesquisas
analisadas em seguida.

Figura 8 – Número de casos por tipo de geossintético e polímero utilizado.


14
1

12
Especial PET+GF
2

10 2
PP+PET PP+PVA
Números de Casos

8 2

1 PP+GF GF
6
3
2
4
1 PVA PET
2
2 4
3 1
1 PP
0
Geogrelha Geotêxtil Geocomposto
Fonte: Autor (2020).

Analisando a Figura 9, observa-se que a maioria dos casos de estudos utilizaram o


geocomposto, pressupõe-se que esse seja por ser um geossintético bastante empregado no
reforço de pavimentos, e tem os polímeros polipropileno ou poliéster como predominantes. O
estudo indicado como polímero especial trata-se de um geossintético com tratamento específico
exposto adiante. O polímero especial, é um polímero modificado termo-sensível analisado no
trabalho de Obando-Ante, Palmeira e Sales (2016).
Na Figura 8 foram desmembrados os estudos de casos para representação apenas dos
geocompostos, para melhor compreensão desses geossintéticos e da sua respectiva composição
polimérica.

Figura 9 – Representação dos geocompostos dos trabalhos analisados.

2 2 2 2 2
Número de Geossintéticos

1 1 1 1

PP PET PVA GF PP+GF PP+PVA PP+PET PET+GF Especial


Fonte: Autor (2020).

Na Tabela 2 são exibidos os casos de acordo com o tipo de geossintético foram


utilizados, apenas um destoou dos demais: uma geogrelha com polímero de fibra de vidro de
carbono coberto por betume (Norambuena-Conteras e Gonzales-Torre, 2015).
14

Tabela 2 – Resumo das pesquisas realizadas sobre degradação térmica de geossintéticos na pavimentação.
(continua)
GEOSSINTÉTICO POLÍMERO REFERÊNCIA LOCALIZAÇÃO CONCLUSÃO
Obando-Ante, Após tratamento térmico as amostras apresentaram em média uma redução
PET Palmeira e Sales Brasília, Brasil de rigidez secante de 36% e um aumento na deformação de ruptura 140% e
(2016) 95% paras as amostras sem e com recobrimento asfáltico.
Após o tratamento térmico as amostras sem recobrimento asfáltico tiveram
Obando-Ante, queda da rigidez secante de 41%, queda na resistência à tração de 50% e
GF Palmeira e Sales Brasília, Brasil aumento na deformação de ruptura de 43% e as com o recobrimento
(2016) apresentou aumento na rigidez secante de 6%, redução da resistência à tração
de 12,5% e diminuição de 13,5% na deformação de ruptura.

GEOGRELHA GF carbono Norambuena-C. e Após análise TGA, verificou que o geocomposto apresenta temperatura de
coberto por Gonzales-T. Concepción, Chile deterioração (240°C) acima da temperatura de instalação (em torno de
betume (2015) 150°C), mas inferior a temperatura fornecida pelo fabricante (400°C).
Norambuena- Apresentaram uma variação percentual média da sua área de 8% a 9% a uma
PET Contreras et al. Santander, Espanha temperatura de 135°C e de 22% a 34% a uma temperatura de 165°C; Não
(2009) houve perda total ou parcial das propriedades do material uma vez que no
teste não foi ultrapassado a temperatura de fusão (Tm) dessas geogrelhas
Norambuena- (entre 240°C e 260°C), fazendo com que os polímeros constituintes não
PET Contreras et al. Santander, Espanha apresentassem movimentos excessivos, esse comportamento propiciou que
(2009) material não chegasse num comportamento líquido.
Norambuena-C. e Após análise TGA, verificou que o geotêxtil apresenta uma temperatura de
PP Gonzales-T. Concepción, Chile deterioração (340°C) bem acima da temperatura de instalação (em torno de
(2015) 150°C) e superior a temperatura fornecida pelo fabricante (165°C).
GEOTÊXTIL NÃO Após análise TGA, verificou que o geotêxtil apresenta uma temperatura de
TECIDO (GTN) Norambuena-C. e deterioração (170°C) bem próxima da temperatura de instalação (150°C),
PP+GF Gonzales-T. Concepción, Chile mas possui componente resistente abaixo da temperatura de instalação (GF
(2015) em torno de 40 °C), resultando em uma redução de suas propriedades
mecânicas.
Fonte: Autor (2020).
15

Tabela 2 – Resumo das pesquisas realizadas sobre degradação térmica de geossintéticos na pavimentação.
(continua)
GEOSSINTÉTICO POLÍMERO REFERÊNCIA LOCALIZAÇÃO CONCLUSÃO
Norambuena-C. e Após análise TGA, verificou que o geocomposto apresenta temperatura de
PP+PET Gonzales-T. Concepción, Chile deterioração (330°C) bem acima da temperatura de instalação (em torno de
(2015) 150°C) e superior a temperatura fornecida pelo fabricante (165°C).

Norambuena-C. et Esses materiais apresentaram uma variação percentual média da sua área de
PP+GF Santander, Espanha
al. (2009) 15%, 14% e 12% a uma temperatura de 135°C e de 40%, 86% e 48% a uma
temperatura de 165°C; Na faixa de temperatura do ensaio de 135°C a 160°C
Norambuena-C. et foi ultrapassado a temperatura de fusão (Tm) desses materiais (em torno de
GEOTÊXTIL NÃO PP Santander, Espanha
al. (2009) 140°C a 160°C), causando o livre movimento das moléculas em suspensão
TECIDO (GTN) dos polímeros, gerando um estado líquido diminuindo ao longo do tempo e
Norambuena-C. et temperatura de exposição; Observou variação da área dessas amostras
100% PP Santander, Espanha
al. (2009) quando foram retirados do forno de ensaio.
Gonzales-Torre et Quando essas amostras foram submetidas a altas temperaturas (em torno de
PP Santander, Espanha
al. (2014) 150°C) sofreram redução entre 40% a 75% de suas propriedades mecânicas.
Gonzales-Torre et Após procedimentos de degradação essas amostras apresentaram
PP+GF Santander, Espanha
al. (2014) significantes perdas de suas propriedades mecânicas (cerca de 80%).
Obando-Ante,
Apresentou mudanças no comportamento mecânico devido ao tratamento
GF Palmeira e Sales Brasília, Brasil
térmico, uma queda da rigidez secante de 12% em relação ao original.
(2016)
Após o tratamento térmico as amostras sem recobrimento asfáltico tiveram
GEOCOMPOSTO
Obando-Ante, uma queda da rigidez secante de 64%, uma queda na resistência à tração de
PVA Palmeira e Sales Brasília, Brasil 25% e aumento na deformação de ruptura de 185% e as amostras com o
(2016) recobrimento gerou uma redução na rigidez secante de 48%, diminuição
resistência à tração de 8% e aumento na deformação de ruptura de 100%.
Fonte: Autor (2020).
16

Tabela 2 – Resumo das pesquisas realizadas sobre degradação térmica de geossintéticos na pavimentação.
(continua)
GEOSSINTÉTICO POLÍMERO REFERÊNCIA LOCALIZAÇÃO CONCLUSÃO

Norambuena- A alta temperatura influenciou nos danos físicos (perda do revestimento de


PET Contreras et al. Concepción, Chile betume e fissuração das fibras) ao geossintético após a compactação Proctor
(2016) e em média a resistência de tração foram reduzidas, mas não significativo; A
partir da análise termogravimétrica (TGA) observou uma perda de massa
numa temperatura entre 350°C a 400°C para o geocomposto PET e GF, bem
Norambuena- superior a temperatura que o geossintético será submetido na pavimentação
GF Contreras et al. Concepción, Chile (25°C a 150°C), enquanto para o geocomposto PVA registrou uma primeira
(2016) perda de massa à 80°C; Já na compactação Marshall os geocompostos PET
E GF apresentaram uma redução da resistência a tração de 40% e 70%
respectivamente, enquanto o geocomposto PVA não apresentou perca de
Norambuena- resistência, provavelmente por um enrijecimento causado pela alta
PVA Contreras et al. Concepción, Chile temperatura uma vez que esse é mais sensível a temperatura do que os outros
(2016) dado pelo ensaio TGA.
GEOCOMPOSTO

Após análise TGA, verificou que o geocomposto apresenta temperatura de


Norambuena-C. e deterioração (240°C) acima da temperatura de instalação (em torno de
PP+PET Gonzales-T. Concepción, Chile 150°C), mesmo que um de seu componente resistente com tempera abaixo
(2015) de 150°C, não apresenta redução significante de suas propriedades
mecânicas.

Após análise TGA, verificou que o geocomposto apresenta uma temperatura


Norambuena-C. e de deterioração (160°C) bem próxima da temperatura de instalação (150°C),
PP+PVA Gonzales-T. Concepción, Chile mas possui componente resistente abaixo da temperatura de instalação (PVA
(2015) em torno de 60 °C), resultando em uma redução de suas propriedades
mecânicas.
Fonte: Autor (2020).
17

Tabela 2 – Resumo das pesquisas realizadas sobre degradação térmica de geossintéticos na pavimentação.
(conclusão)
GEOSSINTÉTICO POLÍMERO REFERÊNCIA LOCALIZAÇÃO CONCLUSÃO
Após análise TGA, verificou que o geocomposto apresenta uma temperatura
Norambuena-C. e
de deterioração para ambos componentes resistentes de (em torno de 260°C)
PET+GF Gonzales-T. Concepción, Chile
bem acima da temperatura de instalação (150°C), mas bem abaixo da
(2015)
temperatura fornecida pelo fabricante de (400°C).
Após análise TGA, verificou que o geocomposto apresenta uma temperatura
Norambuena-C. e de deterioração (270°C) bem acima da temperatura de instalação (150°C),
PET+GF Gonzales-T. Concepción, Chile mas possui componente resistente abaixo da temperatura de instalação (PET
(2015) em torno de 100 °C), resultando numa redução de suas propriedades
GEOCOMPOSTO mecânicas.

Gonzales-Torre et Quando essas amostras foram submetidas a altas temperaturas (em torno de
PP+GF Santander, Espanha
al. (2014) 150°C) sofreram redução cerca de 60% de suas propriedades mecânicas.

Gonzales-Torre et Quando essas amostras foram submetidas a altas temperaturas (em torno de
PP+PVA Santander, Espanha
al. (2014) 150°C) sofreram redução cerca de 60% de suas propriedades mecânicas.

Gonzales-Torre et Essas amostras foram as que menos apresentaram danos (cerca de 9%) à altas
PP+PET Santander, Espanha
al. (2014) temperaturas após os procedimentos de degradação.
Fonte: Autor (2020).
18

Conforme Norambuena-Contreras et al. (2016), os autores sugerem para minimizar os


danos as fibras dos geossintéticas durante aplicação em misturas asfálticas de alta temperatura
tanto em laboratório como em campo, a utilização de aditivos para evitar os efeitos da
compactação mecânica aos geossintéticos e revestimentos térmicos para proteger a superfície
das fibras desses, ou combinação dos dois.
De acordo com Norambuena-Contreras et al. (2016) a alta temperatura influenciou nos
danos físicos (perda do revestimento de betume e fissuração das fibras) ao geossintético após a
compactação Proctor e em média a resistência de tração foram reduzidas, mas não significativo,
e na compactação Marshall os geocompostos PET e GF apresentaram uma redução da
resistência a tração consideráveis, enquanto o geocomposto PVA não apresentou perca de
resistência, provavelmente por um enrijecimento causado pela alta temperatura uma vez que
esse é mais sensível a temperatura do que os outros dado pelo resultado ensaio TGA.
Segundo Norambuena-Contreras e Gonzales-Torre (2015) por meio da análise
termogravimétrica (TGA), demonstrou que o máximo temperatura de trabalho normalmente
fornecida pelos fabricantes pode ser enganosa, pois no estudo foi exposto que alguns desses
materiais começaram a deteriorar a temperaturas inferiores aos fornecido pelo fabricante.
Conforme Gonzalo-Torre et al. (2014) os principais resultados da pesquisa indicam que
acontece uma redução na rigidez dos geossintéticos ensaiados, depois de se aplicar as condições
de dano térmico e dinâmico. A perda das propriedades mecânicas depende do tipo de polímero
constituinte do geossintético e do tipo de dano gerado.
De acordo com Norambuena-Contreras et al. (2009) após simularam em laboratório o
efeito térmico do processo de instalação de misturas asfálticas em geossintéticos empregados
em recapeamentos asfálticos. Os geossintéticos com posição polimérica de polipropileno
sofreram maior variação geométrica do que os com posição de poliéster. Isso pode ser
explicado, devido ao efeito térmico gerado sobre as cadeias moleculares dos polímeros ao se
superar a temperatura de fusão de cada material (polipropileno cerca de 140°C a 160°C e
poliéster entre 240°C e 260°C), comportando-se de forma líquida.

5 CONCLUSÃO

Este artigo teve o objetivo de realizar uma revisão dos estudos acerca da degradação
térmica de geossintéticos empregados na pavimentação para formar uma base de conhecimento
para apoio de futuras pesquisas relacionadas ao tema. A pesquisa foi realizada através do Portal
de Periódicos CAPES/MEC e reúne os estudos acerca do tema do trabalho elaborado em todo
o mundo.
A partir do que foi explanado pelas tabelas neste artigo, evidenciam que os diferentes
geossintéticos e polímeros apresentaram conclusão específica em suas propriedades mecânicas,
que variou de acordo com o tipo de ensaio realizado e o nível de temperatura do mesmo.
Percebe-se também, que a degradação atinge maiores níveis de acordo com o tempo de
exposição ao decorrer do aumento da temperatura. O uso de aditivos pode-se tornar um
considerável aliado na tentativa de retardamento da degradação, uma vez que nos estudos
apenas, a amostra que utilizou o polímero modificado termo-sensível apresentou bons
resultados acerca da resistência após ensaios.
Diante do exposto, o artigo destacou diversos casos de estudo da degradação térmica de
geossintéticos na pavimentação, em diferentes partes do mundo. Dessa forma, a partir das
análises e comparações entre os diferentes casos, obteve-se que a temperatura máxima de
trabalho fornecida pelos fabricantes divergente quanto esse material é aplicado em pavimentos
asfálticos, informação importante na escolha do tipo geossintético a empregar numa obra de
pavimentação asfáltica.
19

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