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CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
GIULIA NATALINI
NATAL-RN
2017
Giulia Natalini
Natal-RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Natalini, Giulia.
Previsão de capacidade de carga lateral de postes de LT em
solo melhorado com cimento / Giulia Natalini. - 2017.
19 f.: il.
___________________________________________________
Prof. Dr. Yuri Daniel Jatobá Costa – Orientador
___________________________________________________
Profa. Dra. Carina Maia Lins Costa – Examinador interno
___________________________________________________
Eng. Arthur Gomes Dantas de Araújo – Examinador externo
Natal-RN
2017
RESUMO
ABSTRACT
Keywords: Lateral load tests; Soil-cement; Lateral load; Pole, Coefficient of the horizontal
soil reaction.
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1. INTRODUÇÃO1
2. REVISÃO DA LITERATURA
3. METODOLOGIA
Fonte: Autor.
Figura 2 - Dimensões dos postes em mm: (a) P21 e P22 (b) P23/25 (c) P24/26 (sem escala)
Figura 3 - Locação dos postes: (a) P21 e P23/25 (b) P22 e P24/26 (dimensões em cm, sem escala)
(a) (b)
Fonte: Autor.
Figura 4 - Corte vertical da área de melhoramento com cimento para os postes: (a) P22 e P24/26 (b) P21 e
P23/25 (dimensões em mm)
(a) (b)
Fonte: Autor.
As provas de carga foram do tipo rápida, com aplicação de força horizontal a uma
distância de 150mm do solo através de um cilindro hidráulico de 2000kN de capacidade e
medidas por meio de uma célula de carga. O sistema foi montado entre os pares de postes,
como pode ser observado na Figura 5. Os deslocamentos foram medidos por extensômetros
mecânicos com precisão de 0,01mm e capacidade de 50mm. Foram posicionados dois
extensômetros por poste, através de bases magnéticas, a uma distância de 0,35 ou 0,7m do
ponto de aplicação da força. As bases magnéticas foram fixadas em vigas metálicas rígidas de
3m de comprimento, transversais à aplicação da força.
Figura 5 – Esquema das provas de carga realizadas: (a) P22 e P24/26 (b) P21 e P23/25
(a)
(b)
Fonte: Autor.
A prova de carga para o primeiro par de postes atingiu uma carga máxima de 450kN e
para o segundo par foi registrada carga máxima de 490kN. Ao atingirem essas cargas, os
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postes começaram a apresentar fissuras. Dessa forma, definiu-se a carga de ruptura horizontal
como a carga limite de serviço de 500kN. A Tabela 2 apresenta os valores máximos de carga
e deslocamento horizontal obtidos nas provas de carga. A Figura 6 apresenta as curvas carga
(H) versus deslocamento horizontal (yt).
Figura 6 - Curva carga vs. deslocamento horizontal dos postes: (a) P22 (b) P24/26 (c) P21 (d) P23/25
(a) (b)
(c) (d)
Fonte: Autor.
𝐻𝑇 < 𝐻𝑇 6 𝑒
𝑦/ = 𝐴@ + 𝐵@ [3]
𝐸𝐼 𝐸𝐼
em que:
yt = deslocamento horizontal medido em campo;
As, Bs, Ay, By = coeficientes adimensionais do método de Matlock e Reese (1961);
e = distância da superfície do terreno até o ponto de aplicação da força = 0,15m;
e’ = distância do ponto de aplicação da força até o extensômetro;
H = força aplicada nos estágios da prova de carga.
O valor de e’ é igual a 0,35m para os pares de postes (P22 e P24/26) e 0,7m para os
pares de postes (P21 e P23/25). O coeficiente de reação horizontal representativo do solo foi
obtido para uma deformação cisalhante do solo de 0,02.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através da iteração da solução apresentada por Matlock e Reese (1961) foi possível
obter a variação de nh com o deslocamento horizontal para cada um dos postes. Em seguida,
determinou-se um valor de nh para cada incremento de carga aplicada (H). A partir das curvas
nh vs. y0 obteve-se um valor de nh representativo como o correspondente a uma deformação
cisalhante do solo (𝛾) igual a 0,02. A relação entre 𝛾 e y0 é dada através da Equação 5
(Blaney, 1986):
𝑦/
𝛾 = 0,54 ∙ [5]
𝐵
em que:
B = dimensão da mesa da seção H dos postes.
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Através das curvas nh vs. y0 foram obtidos altos valores de coeficiente de reação
horizontal do solo para pequenos deslocamentos. Contudo, as curvas apresentaram formato e
comportamento esperado, sendo possível extrapolar as mesmas através da criação de uma
linha de tendência dada através de uma equação potencial com formato indicado através da
Equação 6:
𝑛K = 𝑎 ∙ 𝑦/ MN [6]
Por meio da equação potencial, foi calculado o valor de nh representativo
correspondente ao valor de y0 obtido pela Equação 5. As curvas nh vs. y0 são apresentadas nas
Figuras 7 e 8. Nas mesmas figuras são apresentadas as equações obtidas a partir dos ajustes
dos pontos.
(a)
(b)
Fonte: Autor.
(a)
(b)
Fonte: Autor.
O 𝐸𝐼
𝑇= [7]
𝑛K
Uma vez calculado T, sabendo-se o comprimento embutido da estaca (L), a estaca foi
classificada conforme o critério de Davisson (1970): é considerada rígida caso L≤2T e
flexível caso L≥4T. A determinação desse coeficiente leva a escolha de quais métodos podem
ser usados. Uma vez que o solo-cimento ao redor dos mesmos é muito rígido, todas as estacas
resultaram intermediárias, como pode ser observado na Tabela 4.
4.2. Previsão de carga de ruptura e da curva carga lateral versus deslocamento lateral
Os valores de carga de ruptura (Hu) experimentais foram tomados iguais aos de carga
máxima atingida na prova de carga para cada um dos postes, uma vez que os mesmos
começaram a apresentar fissuras ao serem submetidos a essas cargas. Os valores podem ser
observados na Tabela 5.
Uma vez que os postes resultaram de rigidez intermediária, o método de Broms (1964)
foi aplicado para o caso de estacas rígidas e flexíveis, de topo livre, em solo não coesivo. Foi
realizada uma média entre os resultados, sendo a capacidade de carga lateral de cada poste
apresentada na Tabela 5. Os valores obtidos através do método de Broms (1964) apresentaram
boa concordância com os obtidos pelas provas de carga horizontal. Por se tratar de um método
mais conservador, representa adequadamente os limites estruturais e de serviço dos postes.
Já os resultados obtidos por Brinch Hansen (1961) levaram a valores de capacidade de
carga lateral muito inferiores aos experimentais, como pode ser analisado na Tabela 4. Tal
acontecimento pode ser justificado pelo fato do método ser dedicado ao uso para estacas
curtas e não intermediárias e pelo solo-cimento ter sido considerado um solo não coesivo.
Pesquisas relacionadas à estimativa de capacidade de carga lateral por métodos de
equilíbrio têm verificado que o método de Broms (1964) gera resultados conservadores para
solos não coesivos (Fan e Long, 2005; Zhang et al., 2005). O fato dos resultados obtidos pelo
método de Broms (1964) terem se adequado melhor aos resultados experimentais pode ser
causado pela condição que Broms (1964) assume para o solo, em que o coeficiente de
empuxo passivo é igual ao empuxo em repouso, o que deve se aproximar melhor da condição
encontrada para o solo-cimento.
Nota-se que a boa concordância do método de Broms (1964) e a má concordância do
método de Brinch Hansen (1961) aos resultados experimentais estão de acordo com os
resultados obtidos por Tariq (2014).
Figura 9 - Curva comparativa de carga vs. deslocamento horizontal na superfície para P22
Fonte: Autor.
Figura 10 - Curva comparativa de carga vs. deslocamento horizontal na superfície para P24/26
Fonte: Autor.
Figura 11 - Curva comparativa de carga vs. deslocamento horizontal na superfície para P23/25
Fonte: Autor.
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5. CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Geoquality Geotecnia Ltda. pelo apoio fornecido a esta pesquisa.
REFERÊNCIAS
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