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FERNANDA OTTO SPRINGER

ESTUDOS DA DEFORMABILIDADE DE ESCAVAÇÕES


COM SOLO GRAMPEADO

Dissertação apresentada ao Departamento de


Engenharia Civil da PUC-Rio como parte
dos requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Ciências da Engenharia Civil:
Geotecnia

Professores Orientadores:
Alberto S. F. J. Sayão (PUC-Rio)
Denise M. S. Gerscovich (UERJ)

Departamento de Engenharia Civil

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro, Abril de 2001


- ii -

RESUMO

A utilização de inclusões passivas para reforços de solos, técnica comumente


conhecida como solo grampeado, vem tendo aceitação crescente junto a profissionais de
engenharia civil, em especial no Rio de Janeiro. Esta técnica, porém, carece de um
estudo detalhado sobre a influência dos parâmetros relevantes na deformabilidade de
maciços grampeados.

Os grampos são inclusões rígidas, instaladas suborizontalmente, sem tensão ou


trecho livre, pois as barras de aço são introduzidas em um furo preenchido com calda de
cimento. As forças axiais nos grampos são obtidas através da descompressão lateral
causada pela escavação do solo. O grampeamento é feito na massa de solo à medida
que escavações são executadas em etapas, obtendo-se uma zona reforçada que atua
como suporte da massa de solo posterior, sem reforço. A face frontal da escavação é
usualmente protegida por concreto projetado, sem funções estruturais.

Esta pesquisa objetiva avaliar a influência dos diversos parâmetros geotécnicos e


geométricos no comportamento tensão-deformação de escavações grampeadas com
face vertical e superfície do terreno horizontal.

A análise paramétrica foi realizada pelo FLAC (Fast Lagrangian Analysis of


Continua) que é um programa computacional baseado no método das diferenças finitas.
Este programa simula o comportamento bidimensional de estruturas reforçadas,
constituídas de solo e/ou rocha, que possam ser submetidos a escoamento plástico
quando o limite de resistência é atingido.

Os resultados mostram que o módulo de Young (E) e a coesão do solo (c’) são de
grande relevância para o projeto de estruturas grampeadas. Adicionalmente, as análises
indicam que a resistência ao cisalhamento na interface solo-grampo (qs) é também um
parâmetro importante, particularmente nos casos com grampos de comprimento (L)
inferior a 80% da profundidade de escavação (H) (L/H < 0,80). Recomenda-se que o valor
de qs seja determinado diretamente a partir de ensaios de arrancamento no campo.

No que se refere à inclinação (α) dos grampos, os resultados mostram que não há
diferenças significativas nos deslocamentos do maciço reforçado para α ≤ 10o. Estes
resultados são particularmente interessantes do ponto de vista de execução, pois
inclinações da ordem de 10o facilitam os procedimentos de injeção no campo.

Os resultados obtidos nesta pesquisa indicam o uso de comprimentos de grampos


maiores que 70% da altura de escavação (L/H > 0,70) na técnica do solo grampeado.
- iii -

ABSTRACT

The use of passive inclusion for soil reinforcements, technique usually known as
soil nailing, has been gaining growing acceptance within civil engineering professionals,
especially in Rio de Janeiro. However this technique lacks a more detailed study on the
relevant parameters influencing the deformability of soil nailed masses.

The nails are rigid inclusions, sub horizontally positioned, without tension or free
space between the nail and the surrounding soil mass. The axial forces on the nails are
developed due to lateral decompression caused by soil excavation. As the excavation
stages proceed, the nails are successively being installed, producing a reinforced zone,
which acts as a support for the soil mass. The frontal face of the excavation is usually
protected by shotcrete, and has no structural functions.

This research aims at evaluating the influence of the various geotechnical and
geometric parameters on the stress-strain behavior of nailed excavations, with vertical
face and horizontal soil surface.

The parametric analysis was performed using FLAC (Fast Lagrangian Analysis of
Continua), which is a computer program based on the finite difference method. This
program simulates bi-dimensional behavior of reinforced structures of soils and/or rocks,
which may be submitted to plastic flow when the strength limit is reached.
The results show that the Young’s modulus (E) and soil cohesion (c’) have a very
significant influence on the displacement of a soil nailing structure. The analysis also
indicates that the mobilized shear strength at the soil-nail interface (qs) is also an
important parameter, particularly for nail lengths (L) smaller than 80% of the excavation
height (H) (L/H < 0,80). It is therefore recommended that qs be directly determined by
pullout in situ tests.

Regarding nail inclination (α), the results suggests no significant influence on the
reinforced soil mass displacement for α ≤ 10o. These results are particularly relevant for
engineering practice, because a 10o inclination facilitates grouting injections in the field.
The results in this research indicates the use of nail lengths (L) greater than 70%
of the excavation height (H) (L/H > 0,70) in soil nailing technique.
- iv -

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais maravilhosos, em quem me espelho nas atitudes, de quem me


orgulho de ser filha, que são meus maiores incentivadores e responsáveis pelas minhas
conquistas.

Ao meu namorado Marcelo pelos finais de semana em que me deixou estudar,


pelo respeito às minhas necessidades, ao total apoio e incentivo ao meu crescimento
profissional e por acreditar que amar não é olhar um para o outro; é sim olhar juntos na
mesma direção.

Ao Professor Alberto S. F. J. Sayão pelos conhecimentos transmitidos, dedicação


na orientação deste trabalho, confiança oferecida, respeito e amizade construída.

A Professora Denise M. S. Gerscovich, pela dedicação intensa oferecida ao


desenvolvimento deste trabalho. A orientadora mostrou-se uma verdadeira parceira, que
sentia tanta felicidade quanto eu nas conquistas e que se entristecia da mesma forma
com as dificuldades. A confiança oferecida, respeito e a amizade construída são, sem
dúvida, fatores que fortaleceram o desenvolvimento do trabalho.

Ao professor J. A. R. Ortigão pelo incentivo no desenvolvimento da pesquisa de


mestrado, pela disponibilização do programa computacional FLAC e de extenso material
bibliográfico sobre a técnica do solo grampeado.

Aos demais professores do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio, pelos


conhecimentos transmitidos.

Aos funcionários do DEC, Ana, Fátima, Lenílson e Cristiano, pelo apoio constante.

À Capes pelo apoio financeiro no primeiro ano do mestrado e à FAPERJ pela


concessão da BOLSA NOTA 10 no segundo ano de desenvolvimento do mestrado.

A todos os meus colegas da PUC-Rio pela convivência amiga.

Aos engenheiros André Ricardo S. Fahel e Roberto Kochen pelas informações


fornecidas a respeito do funcionamento do programa computacional FLAC.

Aos Engenheiros da GeoRio, Hélio Brito e Rogério L. Feijó que contribuíram


dando-me informações sobre a utilização da técnica.
-v-

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS _____________________________________________________ vii

LISTA DE TABELAS______________________________________________________ xi

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS ___________________________________ xii

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO. ______________________________________________ 1

CAPÍTULO 2 - SOLO GRAMPEADO. ________________________________________ 3

2.1 - Histórico e desenvolvimento. _______________________________________ 3

2.2 - Descrição da técnica. ______________________________________________ 5

2.2.1 - Execução do grampeamento. _____________________________________ 9

2.2.1.1 - Grampo Injetado. _________________________________________ 9

2.2.1.2 - Grampo Cravado. ________________________________________ 12

2.2.2 - Geometria do grampo. __________________________________________ 13

2.2.3 - Interação solo-grampo. _________________________________________ 14

2.2.3.1 - Correlações Empíricas. ___________________________________ 15

2.2.4 - Proteção da face da escavação. __________________________________ 18

2.2.5 - Medidas preventivas quanto à presença de água. ____________________ 19

2.3 - Comparação entre técnicas. _______________________________________ 22

2.3.1 - Solo Grampeado x Cortina Ancorada.______________________________ 22

2.3.2 - Solo Grampeado x Terra armada. _________________________________ 23

2.4 - Vantagens e limitações da técnica.__________________________________ 25

2.4.1 - Vantagens. ___________________________________________________ 25

2.4.2 – Limitações. __________________________________________________ 27

2.5 - Modelos de análise e métodos de projeto.____________________________ 28

CAPÍTULO 3 - ESTUDO PARAMÉTRICO ____________________________________ 30

3.1 - Programa computacional FLAC. ____________________________________ 30

3.1.2 - Arquivo de entrada. ____________________________________________ 34

3.2 - Geração da Malha.________________________________________________ 43

3.2.1 - Inserção de grampos na malha. __________________________________ 46

3.3 - Parâmetros de projeto. ____________________________________________ 50

3.3.1. – Parâmetros geométricos. _______________________________________ 50


- vi -

3.3.2. – Parâmetros do solo. ___________________________________________ 53

3.3.3. – Metodologia adotada para a realização do estudo paramétrico._________ 54

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE NUMÉRICA DE ESCAVAÇÕES _______________________ 57

4.1 - Caso padrão. ____________________________________________________ 57

4.2 – Simulações paramétricas. _________________________________________ 59

4.2.1 - Parâmetros do solo.____________________________________________ 59

4.2.1.1 - Módulo de Young. _______________________________________ 59

4.2.1.2 - Coeficiente de Poisson.___________________________________ 61

4.2.1.3 - Ângulo de atrito. _________________________________________ 62

4.2.1.4 - Coesão. ________________________________________________ 64

4.2.1.5 – Ângulo de dilatância._____________________________________ 66

4.2.2 - Parâmetros físicos dos grampos. _________________________________ 67

4.2.2.1 - Comprimento do grampo. _________________________________ 67

4.2.2.2 - Diâmetro da barra de aço. ________________________________ 68

4.2.2.3 - Diâmetro do furo. ________________________________________ 70

4.2.2.4 - Resistência ao arrancamento do grampo. ___________________ 71

4.2.2.5 - Sfriction. ________________________________________________ 72

4.2.3 - Influência da mudança dos parâmetros geométricos da estrutura.________ 74

4.2.3.1 - Espaçamento vertical e horizontal entre grampos. ____________ 74

4.2.3.2 - Inclinação dos grampos. __________________________________ 76

4.2.4 - Influência da mudança da espessura da viga de concreto da parede. _____ 77

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS. _______ 79

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. ________________________________________ 83

ANEXO 1: MODELO ELASTO-PLÁSTICO DE MOHR-COULOMB. ________________ 89


- vii -

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2:

Figura 2.1 - Comparação entre a técnicas de execução de túneis com revestimento


flexível (a) e rígido (b) (Mitchel e Villet, 1987). ................................................................... 4

Figura 2.2 - Aplicações da técnica do solo grampeado (a) estabilização de taludes; (b)
escavações (GeoRio, 1999). ................................................................................................. 6

Figura 2.3 - Ciclo construtivo de muros de solo grampeado (Clouterre, 1991). .................... 8

Figura 2.4 - Detalhes dos grampos injetados (ABMS / ABEF, 1999).................................... 11

Figura 2.5 - Cabeças dos grampos: (a) φaço 20 mm; (b) φaço <20 mm (Ortigão e
outros, 1993); (c) extremidade embutida no terreno (GeoRio, 1999). .......................... 11

Figura 2.6 - Correlações empíricas para a resistência ao arrancamento do grampo devido


a interação solo/grampo (qs) em areias (Bustamante e Doix, 1985). ........................... 16

Figura 2.7 - Correlações empíricas para a resistência ao arrancamento do grampo devido


a interação solo/grampo (qs) em argilas e siltes (Bustamante e Doix, 1985). ............. 17

Figura 2.8 - Correlações empíricas para a resistência ao arrancamento do grampo devido


a interação solo/grampo “qs” (Ortigão e Palmeira, 1997). .............................................. 17

Figura 2.9 - Detalhe do dreno profundo (ABMS / ABEF, 1999). ............................................ 20

Figura 2.10 - Detalhe do Barbacã (ABMS / ABEF, 1999). ...................................................... 20

Figura 2.11 - Detalhe do dreno do paramento (ABMS / ABEF, 1999). ................................. 21

Figura 2.12 - Diferença entre os mecanismos de transferência de carga do solo


grampeado e da cortina atirantada (ABMS / ABEF, 1999). ........................................... 22

Figura 2.13 - Comparação entre os deslocamentos horizontais do muro de solo


grampeado e do muro de terra armada (Schlosser, 1983). ........................................... 24

Figura 2.14 - Mobilização de esforços nos grampos como resultado da escavação:


Definição das zonas ativa e passiva. ................................................................................. 28

Capítulo 3:

Figura 3.1 - Ciclo de cálculo do método explícito utilizado pelo programa FLAC (Itasca,
1996). ...................................................................................................................................... 32

Figura 3.2 - Modelo de comportamento da injeção. ................................................................. 34


- viii -

Figura 3.3 - Malha gerada pelos comandos dos Blocos B e C da Tabela 3.1. .................... 37

Figura 3.4 - Equilíbrio da máxima força não balanceada. ....................................................... 39

Figura 3.5 - Fluxograma de utilização do programa FLAC para análise de escavações


com solo grampeado. ........................................................................................................... 42

Figura 3.6 - Características geométricas da malha do exemplo apresentado no manual do


programa (Exemplo 6, volume IV - Itasca (1996)). .......................................................... 44

Figura 3.7 - Características geométricas da malha gerada para realização das simulações
do presente trabalho. ............................................................................................................ 45

Figura 3.8 - Comparação entre os deslocamentos verticais (na superfície do terreno) de


grampos livres na malha (G-Livre) e de grampos fixos à nós (G-Fixo) para relações
de L/H entre 1,00 e 0,57. ..................................................................................................... 46

Figura 3.9 - Comparação entre os deslocamentos horizontais (ao longo de uma vertical
distante 1,75m da face da escavação) de grampos livres na malha (G-Livre) e de
grampos fixos à nós (G-Fixo) para relações de L/H entre 1,00 e 0,57......................... 47

Figura 3.10 - Distribuição esquemática da magnitude das forças axiais ao longo de cada
um dos 7 grampos dispostos para a profundidade de escavação de 10,5m (L/H =
0,57), para G-Livre e G-Fixo. .............................................................................................. 49

Figura 3.11 - Parâmetros geométricos das escavações. ........................................................ 50

Figura 3.12 - Simulações do estudo paramétrico. .................................................................... 55

Capítulo 4:

Figura 4.1 - Deslocamento horizontal da face da escavação (%H) em duas verticais


diferentes (x=0 e x=1,75m).................................................................................................. 58

Figura 4.2 - Forças axiais máximas nos grampos em função do aumento das escavações.
................................................................................................................................................. 58

Figura 4.3 – Localização dos pontos de força axial máxima nos grampos em função da
profundidade de escavação. ............................................................................................... 59

Figura 4.4 - Influência de Esolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ......... 60

Figura 4.5 - Influência de Esolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ......... 61

Figura 4.6 - Influência de Esolo nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy =
Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ................................................................ 61

Figura 4.7 - Influência de νsolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ......... 62
- ix -

Figura 4.8 - Influência de νsolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57........... 62

Figura 4.9 - Influência de νsolo nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy =
Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ................................................................ 62

Figura 4.10 - Influência de φsolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ....... 63

Figura 4.11 - Influência de φsolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ....... 64

Figura 4.12 - Influência de φsolo nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy
= Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ............................................................. 64

Figura 4.13 - Influência de csolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ....... 65

Figura 4.14 - Influência de csolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ....... 65

Figura 4.15 - Influência de csolo nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy
= Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ............................................................. 66

Figura 4.16 - Influência de ψsolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57........ 66

Figura 4.17 - Influência de ψsolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ....... 66

Figura 4.18 - Influência de ψsolo nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy
= Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ............................................................. 67

Figura 4.19 - Influência de L nos resultados de δh-topo. ........................................................... 68

Figura 4.20 - Influência de L nos resultados de δv-topo. ........................................................... 68

Figura 4.21 - Influência de L nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy =
Fmax / Fescoamento) para H = 9,0 e 10,5m. .............................................................................. 68

Figura 4.22 - Influência de φaço nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57........ 69

Figura 4.23 - Influência de φaço nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ....... 69

Figura 4.24 - Influência de φaço nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy
= Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ............................................................. 69

Figura 4.25 - Influência de φfuro nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ...... 70

Figura 4.26 - Influência de φfuro nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ...... 70

Figura 4.27 - Influência de φfuro nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy
= Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ............................................................. 71

Figura 4.28 - Influência de qs nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ......... 71

Figura 4.29 - Influência de qs nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ......... 72
-x-

Figura 4.30 - Influência de qs nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy =
Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ................................................................ 72

Figura 4.31 - Influência de Sfriction nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
................................................................................................................................................. 73

Figura 4.32 - Influência de Sfriction nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
................................................................................................................................................. 73

Figura 4.33 - Influência de Sfriction nos resultados de forças axiais máximas nos grampos
(fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ....................................................... 74

Figura 4.34 - Influência de Sh = Sv nos valores de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. ...... 74

Figura 4.35 - Influência de Sh = Sv nos valores de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57........ 75

Figura 4.36 - Influência de Sh = Sv nos resultados de forças axiais máximas nos grampos
(fy = Fmax / Fescoamento) para L/H entre 1,00 e 0,57. ............................................................ 75

Figura 4.37 - Influência de α nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.............. 76

Figura 4.38 - Influência de α nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57............. 76

Figura 4.39 - Influência de α nos resultados de forças axiais máximas nos grampos (fy =
Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ................................................................ 77

Figura 4.40 - Influência de hparede nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. .... 77

Figura 4.41 - Influência de hparede nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57. .... 78

Figura 4.42 - Influência de hparede nos resultados de forças axiais máximas nos grampos
(fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57. ....................................................... 78

ANEXO 1:

Figura A1.1 - Critério de ruptura do modelo de Mohr-Coulomb usado no Flac. .................. 90

Figura A1.2 - Modelo de Mohr-Coulomb: domínios usados na definição da lei de fluxo. .. 92


- xi -

LISTA DE TABELAS

Capítulo 2:

Tabela 2.1 - Tipos de solos e alturas de escavação (Clouterre, 1991 e Gässler, 1990). .... 7

Tabela 2.2 - Estimativa de deslocamentos horizontais em muros de solo grampeado ....... 9

Tabela 2.3 - Tipos de aços (GeoRio, 1999). ............................................................................. 10

Tabela 2.4 - Especificações de Projeto com grampos injetados (Ortigão,1997)................. 12

Tabela 2.5 - Parâmetros de projeto de estruturas com face vertical e superfície do terreno
horizontal (Clouterre, 1991). ................................................................................................ 14

Tabela 2.6 - Métodos de análise de muros de solo grampeado e modelos de ruptura


(Ortigão, J. A. R, Palmeira, E. M. e Zirlis, A. ,1993). ....................................................... 29

Capítulo 3:

Tabela 3.1 - Exemplo de arquivo de entrada para simulação de escavação com solo
grampeado. ............................................................................................................................ 36

Tabela 3.2 - Parâmetros típicos de maciços grampeados (ABMS/ABEF, 1999). ............... 51

Tabela 3.3 - Parâmetros adotados nas simulações. ................................................................ 56


- xii -

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

a: Símbolo para área transversal utilizado pelo programa FLAC;


aparede: Área transversal da viga de concreto da parede;
bulk_mod: Símbolo para designar o módulo de variação volumétrica do solo
utilizado pelo programa FLAC;
bparede: Altura da viga de concreto da parede;
cohesion: Símbolo para coesão do solo utilizado pelo programa FLAC;
csolo: Coesão do solo;
density: Símbolo para massa específica do solo utilizado pelo programa
FLAC;
dilation: Símbolo para ângulo de dilatância utilizado pelo programa FLAC;
e: Símbolo para módulo de Young utilizado pelo programa FLAC;
Eaço: Módulo de Young da barra de aço;
Esolo: Módulo de Young do solo;
esxx: Comando do FLAC para visualizar as tensões totais horizontais;
esyy: Comando do FLAC para visualizar as tensões totais verticais;
Eparede: Módulo de Young do concreto da viga da parede;
friction: Símbolo para ângulo de atrito do solo utilizado pelo programa
FLAC;
Fescoamento: Força axial de resistência ao escoamento do aço (Yield);
Fmax Força axial máxima no cabo;
fy: Relação percentual da força axial máxima no cabo (ax ou Fmax)
sobre o valor da força axial de resistência ao escoamento do aço
(Yield ou Fescoamento);
s t
f,f Função de plastificação;
G Grampo;
g: Gravidade;
Ginjeção: Módulo cisalhante da calda de cimento da injeção;
s
g Função potencial plástica no cisalhamento;
t
g Função potencial plástica na tração;
Hescav.: Incremento de escavação;
HG1: Profundidade da primeira linha de grampos;
hparede: Espessura da viga de concreto da parede;
i: Símbolo para momento de inércia utilizado pelo programa FLAC;
i: Coordenada horizontal para nós de malha;
j: Coordenada vertical para nós de malha;
- xiii -

kbond: Símbolo para bond stiffness utilizado pelo programa FLAC,


representa a rigidez d injeção da calda de cimento;
L: Comprimento do grampo;
MIparede: Momento de inércia da viga de concreto da parede;
N (SPT): Número de golpes do ensaio SPT;
per Perímetro da barra de aço;
qs: Atrito lateral unitário de grampos, ou resistência ao arrancamento
do grampo devido à interação solo/grampo;
S.G.: Solo grampeado;
sbond: Símbolo para bond strenght utilizado pelo programa FLAC,
representando uma coesão;
sfriction: Ângulo de atrito entre o solo e a injeção;
Sh: Espaçamento horizontal entre grampos;
shear_mod: Símbolo para módulo cisalhante do solo utilizado pelo programa
FLAC;
Sv: Espaçamento vertical entre grampos;
sxx: Símbolo para tensão total máxima horizontal na direção x utilizado
pelo FLAC;
syy: Símbolo para tensão total máxima vertical na direção y utilizado
pelo FLAC;
szz: Símbolo para tensão total máxima horizontal na direção z utilizado
pelo FLAC;
x: Coordenada cartesiana horizontal para pontos da malha.
xdisp: Comando do FLAC para visualizar deslocamentos horizontais;
y: Coordenada cartesiana vertical para pontos da malha;
ydisp: Comando do FLAC para visualizar deslocamentos verticais;
yield: Símbolo para força axial de resistência ao escoamento da barra de
aço utilizado pelo programa FLAC;
α: Inclinação do grampo em relação a horizontal;
hparede Espessura da parede
δh-topo Deslocamento horizontal no topo (x=0, y=0);
δv-topo Deslocamento vertical máximo no topo (x=0, y=0);
δh-x=-1,75m Deslocamento horizontal ao longo da vertical distante
horizontalmente da parede 1,75m;
δh-x=0 Deslocamento horizontal da parede (x=0);
∆eie incremento de deformação elástica na direção i;
∆eip incremento de deformação plástica na direção i;
- xiv -

∆ei incremento de deformação total na direção i;


∆e1ps incremento de deformação plástica cisalhante na direção principal
maior;
∆e3ps incremento de deformação plástica cisalhante na direção principal
menor;
∆ept incremento de deformação plástica por tração;
φaço: Diâmetro da barra de aço;
φfuro: Diâmetro do furo do grampo;
φsolo: Ângulo de atrito do solo;
γ Peso específico do solo;
λs, λt Multiplicador escalar não negativo;
k0: Coeficiente de empuxo no repouso do solo;
νsolo: Coeficiente de Poisson do solo;
p1: Pressão limite do pressiômetro Ménard;
ρ: Massa específica do solo;
σaço: Tensão de escoamento do aço;
σiI: Tensões elásticas principais totais;
σijI: Tensões normais elásticas totais;
σio: Tensões originais (antigas) no regime elástico;
σiN: Tensões principais corrigidas (novas);
σ1: Tensão principal maior;
σ2: Tensão principal intermediária;
σ3: Tensão principal menor;
σt: Tensão por tração;
ψsolo: Ângulo de dilatância do solo.
-1-

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO.

A utilização de inclusões passivas para reforços de solos, cuja técnica é


comumente conhecida como solo grampeado, vem tendo aceitação crescente no meio
técnico, em especial no Rio de Janeiro. Porém, esta técnica carece de um estudo mais
detalhado sobre a influência dos diversos fatores envolvidos em projetos de escavação,
no que se refere a deformabilidade da contenção.

Os grampos são inclusões instaladas suborizontalmente, sem tensão ou trecho


livre e os esforços nos grampos (desenvolvimento de forças axiais) são obtidos através
da descompressão lateral causada pela escavação do solo. O grampeamento é feito na
massa de solo à medida que escavações são executadas em etapas, obtendo-se uma
zona reforçada que atua como suporte da massa de solo posterior, sem reforço. Os
grampos podem ser introduzidos no maciço através de pré-furo, seguido pela introdução
de elemento metálico e preenchimento do furo com material cimentante (grampo injetado)
ou por cravação direta de elementos metálicos (grampo cravado). A face frontal da
escavação é usualmente protegida por um revestimento delgado de concreto projetado,
sem funções estruturais.

O presente trabalho objetiva avaliar a influência dos diversos parâmetros de


projeto na deformabilidade de escavações grampeadas (com face vertical e superfície do
terreno horizontal). As análises foram realizadas com grampos injetados, por ser esta
técnica a mais utilizada no Brasil.

A seguir são listados os parâmetros comumente utilizados em projetos de


escavações contidas com grampos injetados:

i. Tipo de solo (peso específico, coesão, ângulo de atrito, módulo de Young,


coeficiente de Poisson, coeficiente de empuxo no repouso, ângulo de
dilatância);

ii. Características geométricas (profundidade total de escavação, incremento


de escavação, profundidade de instalação do primeiro grampo,
espaçamentos vertical e horizontal entre grampos, espessura da parede
de concreto, comprimento do grampo, inclinação do grampo, diâmetro da
barra de aço, diâmetro do furo);

iii. Propriedades materiais do grampo (tensão de escoamento do aço,


resistência ao arrancamento do grampo, módulo de Young do aço e da
calda de cimento da injeção);

iv. Propriedade material da parede de concreto (módulo de Young).


-2-

Nas análises paramétricas foi utilizado o programa computacional FLAC (Fast


Lagrangian Analysis of Continua). O FLAC é um programa baseado em diferenças finitas
que simula o comportamento bidimensional de estruturas constituídas de solo, rocha ou
outros materiais que possam ser submetidos ao escoamento plástico quando seus limites
de resistência são atingidos.

Escopo da dissertação

O presente trabalho é constituído por cinco capítulos, os quais são brevemente


descritos a seguir.

No Capítulo 2 apresenta-se uma revisão bibliográfica sobre a técnica contendo


informações sobre seu histórico e desenvolvimento, descrição da técnica, comparação
com outros métodos de estabilização, vantagens e limitações do uso, modelos de análise
e métodos de projeto existentes.

No Capítulo 3 faz-se uma descrição sucinta sobre a aplicação do programa


computacional FLAC na área geotécnica. Em particular, para o caso de escavações
grampeadas, apresenta-se uma descrição detalhada sobre as linhas de comandos para
montagem de um arquivo de entrada do programa, além de detalhes sobre a geração de
malhas e o modo de inserção de grampos. Este capítulo também descreve a metodologia
adotada nas análises de sensibilidade de parâmetros.

No Capítulo 4 são apresentados os resultados das simulações propostas,


avaliando-se a importância de cada parâmetro de projeto no comportamento de
deformabilidade de escavações grampeadas.

O Capítulo 5 apresenta as principais conclusões e aonde são sugeridos temas


que podem ser abordados em pesquisas futuras.

Além das referências bibliográficas citadas no texto, estão disponíveis


informações sobre a bibliografia de outros trabalhos que abordam o tema solo
grampeado e que não foram mencionados de forma direta na dissertação.
-3-

CAPÍTULO 2 - SOLO GRAMPEADO.

2.1 - Histórico e desenvolvimento.

A idéia de se reforçar maciços, tanto rochosos quanto de solo, é muito antiga, mas
foi se aprimorando bastante a partir do término da Segunda Guerra Mundial. A
necessidade de estabilização rápida de escavações em rocha teve sua origem nas minas
de exploração de minérios na Europa, na década de 50. A partir daí, houve um
crescimento muito grande da aplicação de ancoragens curtas, para utilização de túneis e
emboques de túneis, na França, Alemanha e Áustria.

O professor Landislau von Rabcewicz desenvolveu, a partir de 1945, o NATM


“New Austrian Tunneling Method”, para avanço de escavações em túneis rochosos, cuja
patente foi depositada em 1948. Sob efeito do confinamento das camadas superiores, a
cavidade do túnel tende a se deformar, reduzindo o diâmetro. Na circunvizinhança da
cavidade se forma a chamada zona plástica, com tensões radiais decrescentes. Obtém-
se a estabilização dos deslocamentos com a aplicação, logo após à escavação, de um
revestimento flexível de concreto projetado, tela metálica e chumbadores curtos radiais.
Este revestimento estará, portanto, sujeito a uma carga reduzida, face aos níveis de
deformação ocorridos. Posteriormente foi utilizado em solos pouco competentes, como
aqueles encontrados nas minas austríacas, substituindo escoramentos pesados de
madeira por camadas finas de concreto projetado.

O solo grampeado tem origem muito parecida com a do NATM descrita acima,
com suporte flexível, permitindo a deformação do terreno. Com isso permite-se a
formação de uma região plastificada no entorno da escavação, que pode ser reforçada
através de chumbadores.

No método convencional de execução de estruturas de contenção com suporte


rígido, os deslocamentos do terreno são impedidos por um revestimento rígido que, por
sua vez, mobiliza, no maciço, esforços elevados Pode-se afirmar, então, que uma
escavação de solo grampeado está para a execução de túneis com revestimento flexível
(NATM) da mesma forma que a solução convencional de túneis se compara a uma
cortina ancorada. A Figura 2.1 compara as técnicas de execução de túneis com
revestimento flexível e rígido.
-4-

Figura 2.1 - Comparação entre a técnicas de execução de túneis com revestimento


flexível (a) e rígido (b) (Mitchel e Villet, 1987).

Historicamente, o uso de solo grampeado data da década de 70. Lizzi (1970), na


Itália, introduziu a técnica de estabilização de encostas em solo, com chumbadores
integrais longos não protendidos. Estes elementos eram executados em várias
inclinações e fixados à viga de concreto armado, a este processo ele denominou de
“Urdidura Tridimenzionale Pali Radice”.

Na França, em 1972, a empresa Bouygues, com a experiência adquirida no


NATM, e em consórcio com a Soletanche aplicaram o sistema “Soil Nailing” em taludes
ferroviários próximos à Versalhes. Os taludes, em arenito, apresentavam inclinação de 70
graus. Do sucesso desta obra decorreu a intensificação do uso do método para
escavações e taludes neste país. Até 1986 cerca de mais de 12.000m2 foram
estabilizados e diversos programas de pesquisas desenvolveram-se como os grupos:
CERMES da “Ecole National de Ponts et Chaussées” através do professor Schlosser,
CEBTP, “Centre d’Etudes et de Recherches du Bâtiment et dês Travaux Public”, com
ensaios em modelos na escala natural sob o comando do professor Plumelle; e um
programa nacional de estudos chamado “Programme Clouterre”.

Na Alemanha Ocidental, o desenvolvimento desta tecnologia teve seu início em


1975, através de uma associação entre a empresa Karl Bauer AG, a Universidade
Karlsruhe e o Ministério da Pesquisa e Tecnologia. Em um período de 4 anos, oito
modelos em escala real foram construídos e analisados (Stocker e outros, 1979).
Conforme Gässler e Gudehus (1981) já foram executados mais de duas dezenas de
obras desta natureza, neste país, com pleno sucesso.

Nos Estados Unidos tem-se notícia que a primeira aplicação do sistema de solo
grampeado ocorreu nas escavações para construção do Hospital “Good Samaritan” em
Portland, Oregon, em 1976. (Shen, 1981; Engineering News. Record, 1976).

Já no Canadá, até 1976, já havia registro de cerca de 10.000m2 de contenções


em solo grampeado, com altura até 18m. (Shen, 1981).
-5-

No Brasil, que tem um solo muito apropriado para aplicação do método, já foram
executadas muitas obras deste porte. Em 1966, a empresa Ródio Perfurações e
Consolidações, aplicou concreto projetado e tela metálica para estabilização de taludes
na barragem de Xavantes. Em 1970, a SABESP utilizou, nos emboques do túnel-05 do
sistema Cantareira de abastecimento de água para São Paulo, tratamento com
chumbadores curtos, concreto projetado e tela metálica. A partir de 1972, nos túneis e
taludes da Rodovia dos Imigrantes foram aplicadas contenções por chumbadores,
perfurados e injetados com calda ou somente cravados a percussão e reticulados de
micro-estacas.

Desde 1976, muros de solo grampeado executados em concreto moldado in loco


com face constituída de elementos pré-moldados, tem recebido, no Brasil, a
denominação comercial de Rimobloco (Ortigão e Palmeira, 1992).

As primeiras experiências em solo grampeado da GeoRio (Fundação Instituto de


Geotécnica do Município do Rio de Janeiro) aconteceram em 1992, em um muro
experimental no Morro da Formiga (Ortigão e outros, 1992). Posteriormente, em 1996, a
GeoRio executou a sua primeira obra de solo grampeado, em uma encosta da Av.
Automóvel Clube, com 2500 m2 de área contenção.

Mais recentemente, entre 1995 e 1997, foram executadas diversas obras de


contenção com solo grampeado nas encostas da Linha Amarela, Rio de Janeiro.

A maior parte das obras com registro em publicações está nos estados de São
Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Vários dados sobre algumas delas podem ser observados
nos trabalhos de Zirlis e Pitta (1992), Ortigão e Palmeira (1992), Ortigão, Zirlis e Palmeira
(1993) e na publicação da ABMS / ABEF (1999).

2.2 - Descrição da técnica.

O solo grampeado ou solo pregado (“soil nailing”, em inglês; “clouage du sol” ou


“sol cloué”, em francês) é uma técnica em que o reforço do maciço é obtido através da
inclusão de elementos, como grampos ou pregos (“nails”, em inglês; “clou”, em francês),
resistentes a tensões de tração, esforços cortantes e momentos de flexão. Os elementos
de reforço são muito semelhantes às ancoragens, porém sem pré-tensão ou trecho livre.

Os grampos podem ser introduzidos no maciço por cravação direta de elementos


metálicos (grampo cravado) ou através de pré-furo, seguido pela introdução da barra
metálica e preenchimento do furo (grampo injetado).

O solo grampeado é, portanto, uma técnica recomendada para a estabilização de


taludes e contenção de escavações (Figura 2.2).
-6-

Figura 2.2 - Aplicações da técnica do solo grampeado (a) estabilização de taludes;


(b) escavações (GeoRio, 1999).

As pregagens em rocha são conhecidas há muito tempo. A extensão desta


técnica a solos se insere no conceito de solo reforçado.

Muros de solo grampeado têm sido empregados tanto em taludes naturais ou


previamente escavados, em que as condições de estabilidade não são satisfatórias,
quanto em escavações. No caso de cortes, o solo natural adjacente à escavação é
melhorado de modo a poder manter-se sem suporte a profundidades que exigiriam
normalmente a instalação de cortinas de estacas ou paredes moldadas, ancoradas ou
escoradas.

Nestes casos, o grampeamento é realizado na massa de solo à medida que a


escavação é executada, em etapas, obtendo-se uma zona de solo reforçado que
funciona como suporte do material atrás sem reforço. A altura máxima a escavar, em
cada etapa, depende do tipo de terreno e da inclinação da face de escavação, que
deverá ser estável durante a fase crítica que ocorre entre a escavação, instalação do
reforço e aplicação de um revestimento delgado de concreto projetado.

O material a ser escavado deve apresentar uma coesão efetiva (c’) mínima de 10
kPa, do contrário não se pode executar a escavação. O solo, portanto, deve ter uma certa
coesão, ainda que capilar, para se manter estável. Uma resistência como esta,
entretanto, é possível obter na maioria dos solos argilosos e arenosos, mesmo em areias
puras úmidas, devido ao efeito da capilaridade. Somente em areias secas e sem
qualquer cimentação entre grãos ou em solos argilosos muito moles este processo
dificilmente terá sucesso.

A Tabela 2.1 apresenta valores típicos de alturas de escavação para diferentes


tipos de solos.
-7-

Tabela 2.1 - Tipos de solos e alturas de escavação (Clouterre, 1991 e Gässler,


1990).
Tipo de solo Alturas de escavação em cortes verticais (m)
Silte 1,2 a 2,0
1,5 (normalmente adensada)
Argila
2,5 (pré-adensada)
1,2 (medianamente densa com cimentação)
Areia 1,5 (densa com cimentação)
2,0 (cimentada)
0,5 (com coesão aparente)
Pedregulho
1,5 (cimentado)

Em obras de estabilização de taludes, cuja execução, em alguns casos, obriga a


uma escavação prévia de terrenos relativamente densos ou consistentes, seguida de
retro-aterro, a técnica de solo grampeado dispensa a necessidade de escavação.

Um muro de solo grampeado possui restrições quando construído sob um nível


d’água, ou expostos à presença de água. Nestas circunstâncias procedimentos especiais
devem ser adotados para prevenir o contato entre o grampo e a água, e,
consequentemente desenvolvimento de poro-pressões.

Na técnica de solo grampeado a estrutura de reforço é executada em fases


sucessivas de corte do terreno e colocação do grampo. Trabalhando-se do topo em
direção ao pé do talude, a massa de solo é gradualmente reforçada durante a
construção. Se o material da região escavada for estável, os grampos são imediatamente
instalados. Caso contrário, pode-se aplicar uma fina camada de concreto projetado, a fim
de evitar que a parede sofra deslocamentos inadmissíveis.

Os equipamentos utilizados na escavação devem perturbar o mínimo possível o


material que está sendo escavado. Caso existam porções soltas de solo na face
escavada, as mesmas devem ser retiradas.

São três, portanto, as etapas constituintes do reforço com grampos: escavação da


camada; execução do grampeamento (introdução dos elementos resistentes) e proteção
da superfície (revestimento do paramento). Após o término de um ciclo inicia-se nova
escavação, dando continuidade ao processo. A Figura 2.3 demonstra as fases de
execução da técnica do solo grampeado.
-8-

Fase I – Escavação da camada. Fase II – Execução do grampeamento.

Fase III – Proteção da superfície. Reinício do ciclo: Escavação de nova camada.

Figura 2.3 - Ciclo construtivo de muros de solo grampeado (Clouterre, 1991).

Durante as escavações sucessivas, o solo que forma o muro de solo grampeado é


sujeito a descompressão lateral. Ao final da construção, em geral os valores máximos de
deslocamentos vertical e horizontal ocorrem no topo. Os deslocamentos esperados para
estruturas contidas com a técnica de solo grampeado são da ordem de 0,1%H até
0,5%H, sendo “H” a profundidade total de escavação (Guillox e Schlosser, 1982; Cartier e
Gigan, 1983; Gassler e Gudehus, 1981; Shen e outros, 1981; Plumelle, 1986; Mitchell e
Villet, 1987; Juran e Elias,1987,1990).

Os deslocamentos no topo do paramento são dependentes de alguns fatores, tais


como: seqüência construtiva; altura das faces de escavação; espaçamento entre
grampos; comprimento dos grampos; fator de segurança global do muro; razão entre o
comprimento do grampo/altura do muro; inclinação dos grampos; capacidade de suporte
do solo de fundação.

Quando os deslocamentos laterais no topo do muro são excessivos, lança-se uso


das estruturas mistas que consistem em uma estrutura de solo grampeado enrijecido com
ancoragem no topo. As ancoragens devem ter comprimentos muito superiores aos dos
grampos e serem locadas em uma área bastante distante da massa de solo grampeado.

A Tabela 2.2 apresenta valores típicos de deslocamentos vertical e horizontal


máximos, para diferentes tipos de solos, registrados na literatura.
-9-

Tabela 2.2 - Estimativa de deslocamentos horizontais em muros de solo


grampeado
Deslocamentos
Solo Tipo Referências bibliográficas
Horizontais
Areia média Cravado 3H/1000 Gassler & Gudehus, 1981
Areia siltosa Injetado H/1000 Shen e outros, 1981
Areia fina (SP) a areia argilosa
Cravado H/1000 Cartier & Gigan, 1983
(SC)
Folhelho alterado e Arenitos Injetado 0,5H/1000 Juran & Elias, 1987
Areia siltosa (SM) Injetado 0,5H/1000 Juran & Elias, 1990
Rochas brandas * H/1000
Solo Arenoso * 2H/1000 Schlosser & Unterreiner, 1990
Solo Argiloso * 4H/1000
Nota: * Não informado

2.2.1 - Execução do grampeamento.

Grampos são inclusões semi-rígidas capazes de resistir a tração e ao


cisalhamento. Os grampos podem ser introduzidos no maciço através de pré-furo,
seguido pela introdução de elemento metálico e preenchimento do furo com material
cimentante (grampo injetado) ou por cravação direta de elementos metálicos (grampo
cravado).

A pesquisa de novos materiais sintéticos e compostos tem levado à utilização dos


plásticos reforçados por fibras (FRP - Fibre reinforced plastics, Ortigão, 1995), que são
imunes à corrosão por uma grande maioria de agentes agressivos. As barras de FRP são
produzidas por um processo denominado pultrusão e o produto final apresenta grande
resistência à tração, até três vezes a do aço, baixo peso específico, mas o custo é mais
elevado. O uso do plástico reforçado só é recomendado em meio ambiente de extrema
agressividade, o que não ocorre em geral no Rio de Janeiro.

2.2.1.1 - Grampo Injetado.

Os grampos injetados podem ser executados no maciço através da execução de


pré-furos classificados como simples ou duplo. A perfuração simples é realizada com um
trado ou equipamento motorizado, não sendo necessário revestimento nas paredes do
furo. Esta alternativa só é possível em solos com bom suporte. A perfuração dupla se dá
através de sonda rotativa ou sonda rotativa combinada com a técnica a percussão,
podendo, nestes casos, se revestir o furo.

No processo de perfuração, utiliza-se água ou ar comprimido, não sendo


recomendado o uso de lama bentonítica, pois esta poderia alterar o atrito entre o solo e o
- 10 -

reforço. Caso seja utilizada esta lama, recomenda-se a execução de lavagem eficiente do
furo com calda de cimento.

As perfurações são normalmente executadas por equipamentos, pesando entre


5kgf (0,05kN) e 1000kgf (10kN), portanto leves, de fácil manuseio, instalação e trabalho
em qualquer talude.

Concluída a perfuração, segue-se à instalação e fixação dos elementos de


reforços (barras de aço). Usualmente utilizam-se barras de aço disponíveis para
construção civil, como os tipos de aço apresentados na Tabela 2.3.

Tabela 2.3 - Tipos de aços (GeoRio, 1999).


Diâmetro da barra
Tipo de Aço Tipo de Seção
(φaço)
(mm)
Dywidag Gewi ST 50/55 Plena 32
Dywidag ST 75/105 Plena 32
CA 50 A Plena 25
CA 50 A Plena 32
CA 50 A Reduzida com rosca 25
CA 50 A Reduzida com rosca 32
Rocsolo ST 75/85 Plena 22
Rocsolo ST 75/85 Plena 25
Rocsolo ST 75/85 Plena 28
Rocsolo ST 75/85 Plena 38
Rocsolo ST 75/85 Plena 41

Após as barras terem sido introduzidas nos furos e posicionadas com o auxílio de
centralizadores, preenchem-se os vazios com fluido cimentante qualquer, usualmente
calda de cimento ou resinas. Normalmente se utiliza calda com elevado teor de cimento
para solos, reservando as resinas para materiais rochosos.

A injeção de calda de cimento é realizada por meio de tubulação acessória, cuja


extremidade é posicionada na parte inferior da perfuração, injetando-se a calda de
cimento de baixo para cima preenchendo-se totalmente a cavidade. A injeção deve ser
feita a baixas pressões, aproximadamente 0,5 MPa, ou utilizando-se somente a força da
gravidade. Uma pequena inclinação do furo auxilia bastante este processo.

A Figura 2.4 mostra uma seção típica do grampo injetado. Nesta figura observa-se
a presença de centralizadores que tem a função de evitar que o elemento metálico se
aproxime do solo. Desta forma, garante-se uma espessura constante de material
cimentante no entorno da barra.
- 11 -

Figura 2.4 - Detalhes dos grampos injetados (ABMS / ABEF, 1999).

Decorrido o tempo de cura da calda, pode ser dada uma pequena protensão aos
grampos, de cerca de 10% da sua carga de trabalho, para que haja uma melhor
acomodação entre o solo e a argamassa e sejam assim minorados possíveis
deslocamentos. Este procedimento, porém, não é obrigatório, nem tampouco utilizado na
maior parte das obras deste tipo.

As armações normalmente têm sua extremidade superior acabada por meio de


uma dobra a 90 graus, podendo também receber placa metálica, rosca e porca. A Figura
2.5 apresenta detalhes das cabeças de grampos utilizados. No primeiro tipo (Figura
2.5a), a porca e placa de apoio permitem a aplicação de uma pequena carga de
incorporação, que serve para garantir contato solo-concreto projetado, precaução
importante no caso de muros com paramento vertical. O segundo tipo (Figura 2.5b),
empregado em taludes inclinados, a extremidade do grampo com diâmetro até 20 mm é
dobrada para a fixação ao revestimento. A terceira alternativa (Figura 2.5c), a
extremidade do grampo é embutida no terreno.

Concreto
j t d
30
0
200
Concret
200
m oldad in loco
50

30
0

50 Gram po
250
50

Dimensões em mm

(a) (b) (c)


Figura 2.5 - Cabeças dos grampos: (a) φaço 20 mm; (b) φaço <20 mm (Ortigão e
outros, 1993); (c) extremidade embutida no terreno (GeoRio, 1999).
- 12 -

O elemento fixado no furo não deve perder suas características de resistência ao


longo do tempo. As peças metálicas devem, portanto, receber tratamento anticorrosivo
adequado, usualmente resinas epóxicas, ou proteção eletrolítica. No caso do grampo
injetado, a própria camada de cimento (de pelo menos 20 mm) fornece uma proteção
considerável à barra metálica. Ainda pode-se utilizar tubo plástico, metálico ou de fibra
corrugado, preenchido com calda de cimento para proporcionar uma proteção dupla aos
grampos, como recomendado em algumas situações na norma brasileira ABNT NBR
5629, sendo também uma prática obrigatória em outros paises, tais como França e
Alemanha.

A Tabela 2.4 mostra alguns cuidados a serem tomados durante a execução do


grampo, que contribuem para melhoria do seu desempenho.

Tabela 2.4 - Especificações de Projeto com grampos injetados (Ortigão,1997).


Ítem Descrição

Limpeza do furo A limpeza do furo, durante a perfuração, deve ser preferencialmente


realizada a seco e com ar comprimido. Alguns executores são relutantes
em adotar esta prática, pois são mais comuns os equipamentos rotativos
que utilizam água ou outro fluido na lavagem.
Aditivos O expansor de calda de cimento é um importante aditivo, que evita a
retratação e conseqüentemente diminuição do atrito solo-grampo. Outro
aditivo recomendado é o acelerador de pega, que reduz os prazos de
execução do reforço.
Tubo lateral de A utilização de uma tubulação plástica lateral de injeção deve ser
injeção obrigatória especialmente em grampos longos (L>3m), para garantir o
preenchimento adequado do furo.
Espaçadores ou Os espaçadores podem ser fabricados na própria obra com tubos de
Centralizadores PVC e instalados a cada 3 m ao longo da barra de aço, garantindo que a
mesma seja centrada no furo.

2.2.1.2 - Grampo Cravado.

Os grampos podem resultar da cravação direta de barras, cantoneiras ou tubo de


aço; a qual pode ser feita manualmente ou com equipamentos mecânicos. Esta não é,
entretanto, a prática Brasileira.

A técnica por percussão, semelhante ao processo de enfilagem usada por


construtores de túneis NATM leva a um processo de execução muito rápido, mas a
resistência ao cisalhamento do contato solo-grampo é em geral pequena. Este processo
não pode ser empregado quando há ocorrência de pedregulhos e é inconveniente no
caso de argilas, como as porosas de São Paulo e Brasília, pois o atrito resultante é muito
- 13 -

baixo. Este processo também não pode ser empregado em solos muito resistentes, como
os saprolitos de granito e gnaisses, face à dificuldade de cravação do grampo nessas
condições.

Uma técnica alternativa, desenvolvida na França (Louis, 1981), consiste na


cravação, por percussão, de um tubo de aço à medida que se injeta calda de cimento. Os
muros assim executados são denominados Hurpinoise, em reconhecimento ao técnico
Hurpin que desenvolveu o método. Através de uma pressão de injeção elevada (superior
a 20 MPa), o solo à frente da ponta é destruído, facilitando a cravação do grampo
(Ortigão e Palmeira, 1992). Este processo é comumente utilizado em obras provisórias,
em virtude da livre exposição dos reforços à corrosão (Ehrlich e Silva, 1992). Neste
método, utilizam-se barras mais curtas e menos resistentes, sendo reduzido o
espaçamento entre elas (Mitchell e Villet, 1987). Este processo é contra-indicado para
solos muito rijos, pois o esforço de cravação necessário é muito grande, e também para
solos muito moles ou fofos, porque haveria a destruição da estrutura do material em volta
do grampo, o que ocasionaria uma diminuição do atrito entre o solo e o reforço.

O grampo pode também ser introduzido no solo “a fogo”, utilizando-se um


equipamento a ar comprimido a altas pressões, que injeta a barra metálica para o interior
do maciço a grandes velocidades. Contudo, nesta técnica há desvantagens, como
restrições quanto ao comprimento (3 a 6m) e diâmetro (25 a 38 mm) dos grampos, bem
como a necessidade de equipamento especial para a sua execução.

Quanto à proteção das barras contra a corrosão, os elementos metálicos devem


receber tratamento anticorrosivo adequado (resinas epóxicas, ou proteção eletrolítica).

2.2.2 - Geometria do grampo.

A escolha do comprimento do grampo (L), ângulo de instalação (α) e dos


espaçamentos vertical (Sv) e horizontal (Sh) entre grampos, depende de alguns fatores
tais como: altura (H) e ângulo de inclinação da face; tipo de grampo (injetado ou
cravado), quantidade de grampos; da resistência mobilizada no contato solo/grampo (qs)
e variáveis ambientais que eventualmente venham alterar características mecânicas do
grampo.

Como regra geral, os grampos são dispostos em linhas, suavemente inclinados


em relação à horizontal. Entretanto, os grampos são mais eficientes no controle de
deslocamentos laterais da estrutura quando instalados na horizontal. Na prática, a
- 14 -

tecnologia de instalação dos grampos permite que se adote ângulos de inclinação


variando de 5 a 15 graus.

Recomenda-se em projetos que os grampos possuam o mesmo diâmetro,


comprimento e ângulo de inclinação. Diferentes inclinações podem ser justificadas em
casos especiais e localizados quando em presença de obstáculos tais como: parte de
fundações de edificações vizinhas, pilares, cabos e interferências de qualquer espécie.

A Tabela 2.5 apresenta valores típicos de parâmetros geométricos e


características de grampos para estruturas com face vertical e superfície do terreno
horizontal.

Tabela 2.5 - Parâmetros de projeto de estruturas com face vertical e superfície do


terreno horizontal (Clouterre, 1991).
Método de Hurpin:
Grampos amplamente
Grampos com centros
espaçados (**)
próximos (*)
Comprimento dos grampos 0,5 a 0,7 H 0,8 a 1,2 H
2
Número de grampos por m de face 1a2 0,15 a 0,40
Perímetro de grampo 150 a 200 mm 200 a 600 mm
Resistência à tração 120 a 200 kN 100 a 600 kN
(*) Grampos cravados ou grampos injetados de pequenos diâmetros.
(**) Grampos injetados com grandes diâmetros.

2.2.3 - Interação solo-grampo.

O principal elemento de interação dos grampos está relacionado à mobilização do


atrito existente entre a superfície dos mesmos e o solo circundante. Como as inclusões
trabalham basicamente à tração, quanto maior o atrito entre os dois materiais, melhor
será o desempenho do reforço. A resistência ao atrito depende não só do tipo e
densidade do solo, mas também do tipo do grampo. Grampos injetados apresentam
resistência no contato solo-grampo superior a obtida com os grampos cravados. Para que
o atrito na interface seja mobilizado é necessário que haja pequenos deslocamentos (de
apenas alguns milímetros) entre o grampo e o material do maciço.

A quantificação da resistência solo-grampo é obtida através de ensaios de


arrancamento, executados no campo. Estes ensaios são realizados com um trecho livre
de 1m seguido de trecho injetado com 3m de comprimento. O grampo é tracionado e a
carga de tração deve ser acompanhada por célula de carga, com precisão de 0,5% a
1,0%. O uso de macaco-bomba, mesmo que aferido, deve ser rejeitado, pois os erros
frequentemente atingem a ordem de 20% do valor registrado (Ortigão, 1997).
- 15 -

Em obras de grande porte os ensaios de arrancamento devem ser realizados


antes da obra para se estabelecer o valor da resistência unitária solo-grampo (qs) a ser
adotada no projeto. Em obras menores, isso raramente ocorre. Os ensaios são realizados
durante a obra e o projeto é ajustado à medida que se obtêm resultados desses ensaios.

Recomenda-se que sejam efetuados ensaios de arrancamento, na quantidade


mínima de um por fileira de reforços e a cada mudança de material constituinte do
terreno.

Ao contrário do que se poderia imaginar, foi constatado experimentalmente


(Cartier e Gigan, 1983; Mitchell e Villet, 1987) que, em maciços homogêneos, a
resistência ao arrancamento do grampo (qs) é constante e não aumenta com a
profundidade. Comportamento semelhante foi observado em ensaios de arrancamento
em malhas de pneus usados (Gerscovich e outros, 2000). Segundo os autores, para
pequenas tensões confinantes o solo tende a se dilatar atribuindo ao solo uma resistência
adicional.

Além do atrito, outros fatores influenciam na interação do material do maciço com


as inclusões, porém de maneira bem mais secundária. O empuxo passivo do solo sobre o
grampo age de diferentes formas, dependendo da rigidez do reforço. Se muito flexível,
este tende a se deformar junto com o material circundante e, se rígido, reage aos
esforços aplicados sobre ele, aumentando assim sua resistência ao cisalhamento na
superfície de ruptura. Este é o principal mecanismo de resistência de estacas de maior
diâmetro, bastante utilizado na contenção de rupturas profundas. No caso dos grampos,
como os mesmos não apresentam grande rigidez, mas também não são totalmente
flexíveis, o empuxo atua, contudo, de forma pouco relevante, pois este tipo de resistência
da inclusão só é mobilizada com deslocamentos relativamente grandes, nos quais o solo
entre as barras já teria sofrido deformações inadmissíveis.

A inclinação dos grampos em relação à superfície de ruptura influi de maneira


bastante significativa na contribuição de resistência que os reforços podem fornecer ao
maciço. Em escavações ou taludes os grampos devem ser instalados horizontalmente ou
com pequena inclinação com a horizontal, para que apresentem um melhor
comportamento quando tracionados.

2.2.3.1 - Correlações Empíricas.

A resistência ao arrancamento do grampo devido a interação solo/grampo (qs)


deve ser obtida em ensaios de arrancamento durante a obra, porém, na fase de pré-
dimensionamento e na ausência de experiência específica, pode-se basear o
dimensionamento do atrito lateral unitário de grampos (qs) em correlações empíricas
- 16 -

encontradas na literatura, tais como as disponibilizadas nos trabalhos de Bustamante e


Doix (1985) e Ortigão e Palmeira (1997).

Bustamante e Doix (1985) relacionam o valor de “qs” com a pressão limite do


pressiômetro Ménard (p1) e com o índice de resistência à penetração (N-SPT). Os
resultados apresentados nas Figura 2.6 e Figura 2.7 incluem ensaios de arrancamento
realizados em ancoragens com somente um estágio de injeção (IGU) e as de múltiplo
estágio (IRS), com tubo de injeção com válvula manchete. Ressalta-se que as
correlações apresentadas entre a pressão limite do pressiômetro de Ménard e o número
de golpes do ensaio SPT apenas são válidas para os solos estudados pelos autores
citados.

0,8
IGU
0,7

IRS
0,6

0,5
qs
(MPa) 0,4

0,3

0,2
IRS (um estágio)
0,1 IGU (vários estágios)

0
0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0

p1 (MPa)

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140

Figura 2.6 - Correlações empíricas para a resistência ao arrancamento do grampo


devido a interação solo/grampo (qs) em areias (Bustamante e Doix, 1985).

A dispersão dos resultados apresentados por Bustamante e Doix (1985) é grande.


A correlação entre (pl) e N, também, apresenta valores de N muito elevados, os quais
podem ser atribuídos a procedimentos diferentes de ensaio, adotados nos diferentes
países onde os dados foram obtidos.
- 17 -

0,3
IRS

qs 0,2

(MPa)
IGU

0,1

0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

p1 (MPa)

0 10 20 30 40 50 60

N
Figura 2.7 - Correlações empíricas para a resistência ao arrancamento do grampo
devido a interação solo/grampo (qs) em argilas e siltes (Bustamante e Doix, 1985).

Ortigão e Palmeira (1997) analisaram ensaios de arrancamento realizados no Rio


de Janeiro, São Paulo e Brasília e sugeriram a correlação apresentada na Figura 2.8.
Nestes ensaios, todos os grampos foram executados em furos com diâmetros entre 75 e
150 mm com injeção de calda de cimento sem pressão. A dispersão dos resultados é
grande, função dos procedimentos diferentes empregados por vários executores de
grampos.

Figura 2.8 - Correlações empíricas para a resistência ao arrancamento do grampo


devido a interação solo/grampo “qs” (Ortigão e Palmeira, 1997).
- 18 -

2.2.4 - Proteção da face da escavação.

Após a introdução dos grampos, deve-se executar a proteção da face do maciço,


a fim de que a mesma não sofra processos localizados de erosão superficial, causados
principalmente pela ação da chuva e outras intempéries naturais. Em solos, normalmente
esta proteção é normalmente executada através de jateamento de concreto sobre uma
malha metálica. Como esta camada não tem função estrutural, não há necessidade que a
mesma tenha grande espessura, ficando em torno de 5cm e 15cm e com armadura
suficiente para resistir à tração gerada pela dilatação térmica do próprio concreto. Para
um melhor efeito estético, pode-se utilizar elementos pré-fabricados de concreto para
proteção da face.

O concreto projetado é o resultado da aplicação de camada de concreto armado


em todo o talude. Este concreto, que em sua composição contém areia média, pedrisco e
cimento, sem adição de água, é pressurizado em equipamento especial. Esta mistura é
conduzida por mangotes até o bico de projeção, quando então a água é adicionada a
cerca de 1 m do paramento. Sua aplicação depende do correto dimensionamento das
redes de condução de ar, vazão e pressão do compressor e principalmente ajuste da
bomba de projeção. Pode-se utilizar a aplicação por via seca ou úmida. O usual é por via
seca em face da extrema praticidade. Ou seja, pode ser interrompido e reiniciado o
trabalho sem perda de material e tempo para limpeza do equipamento. A elevada energia
de projeção produz uma ótima compactação do concreto que colabora sobremaneira com
sua alta resistência, bem como o adensamento da capa superficial do solo com uma
eficiente colagem.

O uso de telas soldadas confere ao concreto uma armação muita prática e


eficiente. Ressalta-se a necessidade de garantir seu cobrimento, além de garantir a boa
ligação entre ambos.

Uma outra alternativa de se armar o concreto é a sua aplicação com fibras


metálicas ou sintéticas que são misturados ao concreto e simultaneamente aplicados na
superfície, conferindo melhorias na camada lançada, tanto no aspecto de resistência a
tração como no de permeabilidade.

Geralmente as faces dos muros de solo grampeado são executados na vertical.


No entanto, a inclinação da face induz a uma apreciável melhoria nas condições de
estabilidade durante a construção e vida útil da estrutura.

Em muros de grande altura, a construção de bermas se apresenta como uma boa


solução estética e técnica, possibilitando o acesso facilitado a diferentes partes da
estrutura provando ser extremamente útil nas fases de manutenção e monitoramento ou
quando algum serviço posterior à construção venha a ser realizado.
- 19 -

Em projetos, recomenda-se ainda que se faça o embutimento do pé do


paramento, como medida para prevenir que finos dos solos sejam carreados para fora,
devido à presença de algum fluxo de água, assim como para manter o solo confinado
atrás da face. Este embutimento dependerá das características do solo e da geometria da
face (altura e inclinação). Para estruturas médias a longas o valor mínimo é de 20 cm
para solo rochoso e H/20 para outros tipos de solo menos resistentes.

Atualmente, novas experiências relativas a esta proteção vêm sendo efetuadas,


tais como a utilização, em solos, de malha metálica revestida de plástico ou geo-grelha e
a posterior plantação de grama, capim ou outros tipos de vegetação para conter a erosão
superficial da face (Wheeler, 1994). Além de ser uma opção econômica, é a que menos
fere ou transforma o meio ambiente.

2.2.5 - Medidas preventivas quanto à presença de água.

Existe uma grande preocupação com a drenagem de estruturas de solo


grampeado. Um sistema de drenagem adequado deve: prevenir a geração de poro-
pressões, pois seu excesso afeta o estado de tensões na região reforçada; proteger a
face contra a deterioração causada pela água.

É vital que a estrutura esteja protegida contra infiltração de água, que pode
resultar em carregamentos na face que podem causar deslizamento ou ruptura do solo.
Água pode também induzir uma rápida redução na resistência da estrutura, através da
corrosão das barras, especialmente quando a água contiver substâncias corrosivas.

Mesmo quando o terreno não possui um nível d’água permanente (situação em


que a técnica do solo grampeado não se aplica), pode ocorrer a presença de água por
infiltração na superfície, ou pela existência ou desenvolvimento de fluxo subterrâneo,
gerado, por exemplo, pela ruptura acidental de tubulações de água e esgoto.

Para proteger a estrutura contra os efeitos nocivos da água, algumas medidas


preventivas devem ser tomadas para evitar ou eliminar os danos. A prática usual
recomenda a execução dos convencionais serviços de drenagem profunda e de
superfície.

No caso da necessidade de instalação de drenagem profunda, recomenda-se


drenos sub-horizontais, executados com tubos plásticos drenantes de 40 a 50mm, em
perfurações no solo de 60 a 100mm (Figura 2.9).. O comprimento dos drenos (6m a 18m)
deve ser um pouco maior que o dos grampos, sendo o espaçamento dependente das
condições locais. Na prática, os drenos profundos têm uma vida útil relativamente
limitada, face a ocorrência de processos de colmatação ao longo do tempo. Assim sendo,
este tipo de drenagem é recomendado para obras temporárias.
- 20 -

Figura 2.9 - Detalhe do dreno profundo (ABMS / ABEF, 1999).

Para os drenos de sub-superfície recomenda-se a instalação de barbacãs na face


do talude, além de drenos verticais, atrás da parede de concreto projetado.

O dreno tipo barbacã é executado escavando-se uma cavidade com cerca de 40 x


40 x 40 cm, preenchido-a com material arenoso e instalando um tubo de PVC drenante,
partindo de seu interior para fora do revestimento com inclinação decrescente (Figura
2.10). Mitchell e Villet (1987) recomendam o uso de tubos de PVC de aproximadamente
100mm diâmetro, comprimento entre 0,3m a 0,5m e espaçamento idêntico ao das
inclusões.

Figura 2.10 - Detalhe do Barbacã (ABMS / ABEF, 1999).

O dreno vertical atrás da parede pode ser executado a partir da instalação de


calha plástica revestida por manta geotêxtil numa escavação de 10 x 30 cm, na direção
vertical da crista até o pé do talude (Figura 2.11). A água coletada neste dreno é
- 21 -

recolhida em uma canaleta instalada no pé da escavação. Esta alternativa é bastante


eficiente e recomendada para o caso de estruturas permanentes.

Figura 2.11 - Detalhe do dreno do paramento (ABMS / ABEF, 1999).

As canaletas de crista e pé, bem como as escadas de descida d’água são


moldadas in loco e revestidas por concreto projetado.
- 22 -

2.3 - Comparação entre técnicas.

2.3.1 - Solo Grampeado x Cortina Ancorada.

Embora possa parecer que haja grande similaridade entre os grampos e as


ancoragens ou os tirantes convencionais, quando utilizados para estabilização de taludes
ou escavações, há distinções muito importantes e com aplicações específicas para cada
caso (Bruce e Jewel, 1986; Ortigão e Fannin, 1992). Enquanto as ancoragens são
fortemente pré-tensionadas com cargas de 150kN a 1000kN, para prevenir
deslocamentos da cortina, os grampos, em alguns casos, podem ser submetidos a
apenas uma pequena pré-tensão, da ordem de 5kN a 10 kN, com a finalidade exclusiva
de garantir a ligação com o concreto projetado, principalmente em paramentos verticais.

Os mecanismos de transferência de carga também apresentam diferenças


marcantes, conforme mostra a Figura 2.12. Basicamente, os grampos são intervenções
com um trabalho inicial passivo, enquanto os tirantes começam a trabalhar ativamente.
Ao contrário das ancoragens, os grampos não têm trecho livre, transferindo tensões para
o solo ao longo de todo o seu comprimento. Em conseqüência, a distribuição de tensões
na massa de solo é diferente. Por outro lado, como os grampos são instalados com uma
maior densidade (tipicamente 1 grampo para cada 0,5m2 até 5,0m2 de parede), a
conseqüência de ruptura em um grampo é, em geral, pequena e as tolerâncias
construtivas não exigem o rigor que se pratica nas cortinas convencionais, devido ao
modo interativo do comportamento dos grampos.

Zona ativa
Revestimento Concreto
armado

Zona passiva Ancoragens

Solo grampeado Cortina atirantada

Figura 2.12 - Diferença entre os mecanismos de transferência de carga do solo


grampeado e da cortina atirantada (ABMS / ABEF, 1999).
- 23 -

A grande maioria das cortinas tradicionais tem parede vertical moldada in loco,
pois a concretagem inclinada apresenta problemas executivos que assim são evitados.
Ao contrário, os muros de solo grampeado podem facilmente ter paredes inclinadas, com
vantagens para a estabilidade da obra e redução de escavações.

As ancoragens convencionais tendem a ser longas (entre 15m e 45m),


necessitando de um equipamento de maior porte, ao contrário dos grampos que são
curtos, de comprimento máximo da ordem da profundidade da escavação. Para a
estabilização de uma ruptura profunda, as ancoragens convencionais longas são mais
indicadas. Já para a execução de uma escavação, a técnica de solo reforçado por
grampos certamente será uma alternativa atraente, tanto técnica quanto
economicamente.

Os tirantes são protendidos assim que a estrutura de contenção está pronta,


iniciando seu trabalho sem necessidade de deformação do maciço. Ao contrário, os
grampos não são protendidos, necessitando que o solo se deforme para que iniciem seu
trabalho. Sabe-se, entretanto, que as deformações necessárias para mobilização da
interação solo/grampo são muito pequenas.

No caso de estruturas com solo grampeado, os avanços dos serviços de


contenção ocorrem de forma contínua não necessitando de paralisações para, aguardar
cura, ensaios e protensão das ancoragens atirantadas.

Cuidados especiais no dimensionamento das peças de concreto armado ou vigas


metálicas devem ser tomados para os tirantes, especialmente em relação à punção. No
caso dos grampos, a carga junto à cabeça é mínima ou nula, sendo suficiente simples
dobramento com gancho ou a aplicação de pequena placa metálica, porca e aperto com
chave.

A corrosão dos tirantes tende a ser maior, visto que o mesmo está exposto ao
efeito da corrosão sob tensão, necessitando de cuidados especiais de tratamento
principalmente no caso de obras permanentes.

2.3.2 - Solo Grampeado x Terra armada.

Em 1960, Henry Vidal patenteou o sistema de contenção denominado Terra


Armada. Esta técnica consiste na construção de aterros em que, durante sua execução,
são colocadas nervuras, entre as camadas de solo. O atrito lateral destes elementos
implantados no seio do solo compactado permite a formação de arrimos verticais de
grande altura.

A técnica de solo grampeado é bastante semelhante à terra armada tanto em


conceituação quanto no método de análise. A principal diferença reside na seqüência
- 24 -

construtiva. A terra armada é executada em aterros, de baixo para cima e os


deslocamentos horizontais do muro ocorrem principalmente na parte de baixo. Já o muro
em solo grampeado é executado de cima para baixo e os maiores deslocamentos
ocorrem na parte de cima do muro. A Figura 2.13 apresenta a comparação entre os
deslocamentos horizontais do muro de solo grampeado e do muro de terra armada.

Ao contrário da terra armada, a técnica de solo grampeado pode ser aplicada a


um solo existente explorando suas características naturais. Na terra armada, as
características do material de aterro são previamente controladas e determinadas.

Solo grampeado Terra armada

Figura 2.13 - Comparação entre os deslocamentos horizontais do muro de solo


grampeado e do muro de terra armada (Schlosser, 1983).

Ambas as técnicas apresentam os seguintes pontos em comum:

i) Os reforços são instalados no solo sem tensão, sendo a mesma mobilizada


somente após a deformação do conjunto.

ii) Os grampos trabalham basicamente por atrito lateral, assemelhando-se a região


consolidada a um muro de gravidade.

iii) O revestimento na face do talude não desempenha papel estrutural relevante,


utilizando comumente o concreto projetado para a técnica de solo grampeado e
estruturas pré-moldadas para a terra armada.

iv) Há uma interação física e química entre os grampos e o solo, devido à injeção
de fixação da barra de aço no furo, ou seja, tem-se um trabalho de atrito e
adesão. Na terra armada o trabalho é normalmente só por atrito entre o solo e
as nervuras. Além disso, o concreto projetado, aplicado logo após a escavação,
- 25 -

já por si só protege o paramento recentemente exposto através de uma


compactação, evitando assim rupturas e desmoronamentos localizados.

2.4 - Vantagens e limitações da técnica.

2.4.1 - Vantagens.

A técnica de solo grampeado apresenta vantagens econômicas tanto no


escoramento de escavações quanto na estabilização de taludes. Desde o primeiro
emprego no Brasil em 1970 vários projetistas e construtores tem optado por esta solução
e já se obteve uma razoável experiência em obras executadas, porém, pouco se tem
observado sobre o comportamento das estruturas no que se refere aos deslocamentos e
tensões atuantes no reforço.

A evolução dos métodos de análise, a experiência na execução e os bons


resultados permitem otimizar o projeto, reduzindo-se o comprimento total de grampos em
relação aos projetos elaborados nas décadas de 70 e 80.

A disseminação da técnica de solo grampeado deve-se a diversas vantagens,


expostas a seguir:

i. Baixo Custo.

A execução da obra requer uma quantidade pequena de equipamentos: máquina


para remover o solo de escavação, sonda de perfuração, equipamento de injeção de
calda de cimento ou martelo mecânico para cravação dos grampos e máquina para
lançamento do concreto projetado do paramento

A espessura do concreto projetado é relativamente pequena (0,05m a 0,15m), o que


representa uma economia de material;

ii. Facilidade de Execução.

A técnica pode ser executada utilizando-se equipamentos convencionais de


perfuração e chumbamento.

iii. Velocidade de Execução.

Os avanços dos serviços de contenção ocorrem de forma contínua.

A velocidade na execução do reforço é conferida através da utilização de


equipamentos adequados, tais como perfuratrizes rotopercussoras, em que o
comprimento reduzido dos grampos permite perfuração com somente uma, ou no
máximo duas manobras da lança da rotopercussora.
- 26 -

A utilização de concreto projetado na execução do paramento confere velocidade à


obra.

iv. Acessibilidade.

Os equipamentos utilizados são de fácil transporte; sendo, portanto particularmente


interessante em lugares de difícil acesso, área limitada, densamente ocupados ou
instáveis.

v. Tipos de Solo.

Embora a maioria das pesquisas e estudos em solo grampeado empreendidos até


os dias de hoje estejam limitados a solos homogêneos, esta técnica também se
adapta bem para solos heterogêneos.

A técnica pode ser empregada a diferentes tipos de solo, sendo as melhores


condições observadas em solos granulares compactos ou argilas arenosas rijas de
baixa plasticidade.

vi. Segurança.

Os muros de solo grampeado podem facilmente ser inclinados no sentido do


terreno, contribuindo para melhoraria da estabilidade do muro e redução do
movimento de terra na obra. Além disso, a inclinação da parede reduz a perda por
reflexão do concreto jateado.

Um grampo que venha a sofrer uma sobrecarga, não induzirá o colapso do sistema
como um todo.

Medições de campo em escavações com solo grampeado realizadas na Europa


(Clouterre, 1991 e Juran e Elias, 1991) indicaram que os deslocamentos
necessários para mobilização do reforço são surpreendentemente menores que o
esperado, em taludes verticais, os valores máximos observados são da ordem de
0,3% da altura. Além disto, desde que o grampeamento seja aplicado no menor
tempo possível após a escavação, os deslocamentos do solo são minimizados,
prevenindo-se danos a estruturas adjacentes.

As estruturas utilizadas em solo grampeado são mais flexíveis que as estruturas


convencionais de concreto armado. Conseqüentemente, essas estruturas podem
adaptar-se melhor ao terreno circundante e resistir melhor aos recalques
diferenciais. Essa característica do solo grampeado pode oferecer economia para
escavações em taludes instáveis.

O solo grampeado é um excelente método de contenção em regiões sísmicas. Tal


desempenho e estabilidade das estruturas de solo grampeado durante terremotos
- 27 -

tem sido confirmadas e explicado por diversos pesquisadores com base em


resultados de ensaios centrífugos (Vucetic e outros,1993).

vii. Versatilidade.

O aumento da rigidez da estrutura de solo grampeado é possível através da adoção


de soluções mistas em que grampos são combinados com ancoragens
convencionais, permitindo reduzir os movimentos do terreno. Em escavações
próximas a estruturas sensíveis aos deslocamentos do terreno, esta alternativa
permite projetar um muro de solo grampeado enrijecido em locais específicos.

2.4.2 – Limitações.

Algumas desvantagens atribuídas ao solo grampeado são expostas a seguir:

i. Tipo de Solo.

O solo deve possuir alguma coesão ou cimentação, para que o talude permaneça
estável por algumas horas até a instalação dos grampos.

A técnica não se aplica a solos que contenham alto teor de argila ou que sejam
suscetíveis a variações volumétricas significativas (argilas expansivas, argilas
orgânicas).

ii. Presença de Nível d’água.

O uso da técnica limita-se a solos que não apresentem nível água. Na presença de
nível d’água deve-se projetar sistemas eficientes de rebaixamento permanente do
NA.

iii. Monitoramento da obra.

Taludes resultantes de escavações junto a estruturas pré-existentes, sujeitas a


danos por recalques, somente devem ser estabilizados pelo processo de
grampeamento, se houver uma análise adequada e controle de recalques da
estrutura desde o início da escavação até os 6 meses seguintes após o término da
obra. Tal recomendação é decorrente das deformações inevitáveis que ocorrem
durante a mobilização da resistência do solo e alongamento do grampo até atingir a
sua carga de trabalho, que induzem recalques na superfície de montante do talude
escavado.

iv. Qualidade do Grampo.

Em estruturas de longa vida útil, deve-se prestar atenção particular a durabilidade


dos grampos usados em solos corrosivos e para movimentos em longo prazo,
causados por rastejo em solos.
- 28 -

2.5 - Modelos de análise e métodos de projeto.

Não há uma metodologia padrão e bem definida para dimensionamento de uma


estrutura em solo grampeado. Nos vários trabalhos publicados vêem-se enfoques
conceituais diferentes quanto à fenomenologia de funcionamento. Em geral, considera-se
que o maciço tratado deve ser assemelhado a um muro de gravidade e como tal
analisado, tanto para esforços externos como internos. Desta forma, o bloco reforçado
deve resistir, sem escorregamento ou tombamento, aos empuxos do solo contido. A
verificação da estabilidade interna se dá pelo dimensionamento do espaçamento e
comprimento do grampo, os quais devem ser suficientes para estabilizar o volume de
solo abrangido.

Os principais métodos de análise de obras de solo grampeado estão sumarizados


na Tabela 2.6. Em todos os casos o terreno atrás do muro é subdividido em uma zona
ativa, limitada por uma superfície potencial de deslizamento, sendo o restante
considerado zona passiva (Figura 2.14). Os termos ativo e passivo, ao contrário do
preconizado na teoria de empuxos de terra, referem-se à forma de mobilização dos
esforços no grampo. O limite entre as duas regiões é definido pela localização em cada
grampo do ponto de máxima força axial. A força axial é desenvolvida a partir do
deslocamento do solo causado pela descompressão lateral (escavação).

Zona Ativa

Zona Passiva

Figura 2.14 - Mobilização de esforços nos grampos como resultado da escavação:


Definição das zonas ativa e passiva.

A análise de estabilidade global é feita considerando os esforços estabilizantes


dos grampos atuando nesta cunha ativa. Os métodos diferem, entretanto, quanto à forma
da superfície de ruptura, quanto ao método de cálculo do equilíbrio das forças atuantes e
- 29 -

quanto à sua natureza. Maiores detalhes sobre os métodos podem ser vistos em
Dyminski (1994) e Ortigão e outros (1993).

Tabela 2.6 - Métodos de análise de muros de solo grampeado e modelos de ruptura


(Ortigão, J. A. R, Palmeira, E. M. e Zirlis, A. ,1993).
Métodos
Características Multicritério ou Escoament
Alemão Davis Cinemático Cardiff
Francês o
Referência Stocker et Shen et al. Schlosser Juran et al. Bridle Anthonie
al. (1979) (1981) (1983) (1988) (1989) (1990)
Análise Equilíbrio Equilíbrio Equilíbrio Tensões Equilíbrio Teoria de
limite limite limite internas limite escoamento
Divisão da massa de 2 Blocos 2 Blocos Fatias - Fatias Bloco
solo Rígido

Fator de segurança Global Global Global ou Local Global Global


Local
Superfície de ruptura Bilinear Parabólica Circular ou Espiral log Espiral log Espiral log
Polinomial
Grampo resistente à Sim Sim Sim Sim Sim Sim
tração
Grampo resistente ao Não Não Sim Sim Sim Não
cisalhamento
Grampo resistente à Não Não Sim Sim Sim Não
flexão
Inclinação da parede Vertical ou Vertical Qualquer Vertical ou Vertical ou Vertical ou
inclinada inclinada inclinada inclinada
Número de camadas 1 1 Qualquer 1 1 1
de solo

(1) (1)
Superfície
circular
(2)

Tração Tração Tração


Cisalhamento
Flexão

ALEMÃO DAVIS MULTICRITÉRIO

Bloco rígido

Superfície Superfície Superfície


espiral log espiral log espiral log

Tração Tração
Cisalhamento Cisalhamento Tração
Flexão Flexão
CINEMÁTICO BRIDLE ANTHOINE
- 30 -

CAPÍTULO 3 - ESTUDO PARAMÉTRICO

3.1 - Programa computacional FLAC.

FLAC (Fast Lagrangian Analysis of Continua) é um programa computacional


bidimensional de diferenças finitas que incorpora modelos constitutivos que simulam o
comportamento de estruturas constituídas de solo, rocha ou outros materiais que possam
ser submetidos ao escoamento plástico quando seus limites de resistência são atingidos.

Os materiais são representados por elementos que formam uma malha criada
pelo usuário do programa de modo a representar um problema real. Cada elemento
comporta-se de forma linear ou não linear segundo a lei da tensão e deformação imposta,
em resposta às forças aplicadas. O material pode romper ou escoar e a malha pode
deformar (a grandes deformações) e mover-se como o material que representa.

O esquema de cálculo e a discretização dos elementos usados no FLAC permitem


modelar o colapso plástico. Como nenhuma matriz é formada, grandes cálculos
bidimensionais podem ser feitos sem requerer memória excessiva.

Considerando que o FLAC é descrito como um programa explícito de diferenças


finitas (MDF), e que executa uma "análise de Lagrangiana", primeiro deve-se examinar
estas condições e descrever suas relevâncias ao processo de modelagem numérica.

O método de diferenças finitas é talvez a técnica numérica mais antiga usada para
a solução de conjuntos de equações diferenciais, determinando valores iniciais ou
estimando valores de contorno (Desai e Christian, 1977). No método de diferenças finitas,
toda derivada no conjunto de equações governantes é substituída diretamente por uma
expressão algébrica escrita em termos das variáveis de campo (tensão ou deslocamento)
em pontos discretos no espaço; estas variáveis são indefinidas dentro dos elementos.

Em contraste, o método de elementos finitos (MEF) tem uma exigência central em


que as quantidades de campo (tensão ou deslocamento) variam ao longo de cada
elemento de uma forma prescrita, de acordo com uma determinada função. A formulação
consiste em se ajustar estes parâmetros para minimizar condições de erro ou condições
de energia.

No MEF também são produzidas equações algébricas para serem resolvidas.


Embora para os MDF e MEF as equações sejam derivadas de modos bastante
diferentes, é fácil mostrar (em casos específicos) que as equações resultantes são
idênticas para os dois métodos (Itasca, 1996).
- 31 -

O FLAC utiliza equações dinâmicas de movimento para determinar uma solução


estática para um problema. Com isto assegura-se que o esquema numérico seja estável
mesmo que o sistema físico modelado seja instável. Em materiais não lineares, há
sempre a possibilidade de instabilidade física, como por exemplo, o colapso súbito de um
pilar. Na prática, parte da energia de deformação do sistema é convertida em energia
cinética, que então irradia para longe da fonte e se dissipa. O FLAC modela este
processo diretamente, porque são incluídas condições inerciais em que a energia cinética
é gerada e dissipada. Em contraste, esquemas que não incluem condições inerciais têm
que usar algum procedimento numérico para tratar instabilidades físicas. Até mesmo se o
procedimento tem êxito em prevenir instabilidade numérica, o resultado pode convergir
para um valor incorreto. Pelo fato do Flac utilizar leis da dinâmica é preciso que o usuário
acompanhe o processo iterativo, checando a estabilidade através do equilíbrio das forças
não balanceadas (Figura 3.4).

A sucessão de cálculo geral embutida no FLAC é ilustrada na Figura 3.1. Este


procedimento invoca primeiro as equações do movimento para derivar novas velocidades
e deslocamentos através de tensões e forças. Então, taxas de deformações são
derivadas a partir das velocidades, e novas tensões são desenvolvidas a partir das taxas
de deformação. Vale ressaltar que cada caixa na Figura 3.1 atualiza todas as variáveis
dos elementos da malha a partir de valores conhecidos que permanecem fixos enquanto
o controle estiver dentro da caixa. Por exemplo, a caixa inferior (Relação
tensão/deformação - Equação constitutiva) já leva o conjunto de velocidades calculadas
e, para cada elemento da malha, computa as novas tensões nos centróides dos
elementos. As velocidades ficam constantes para a operação no interior da caixa; isto é,
as tensões recentemente calculadas não afetam as velocidades. Isto pode parecer pouco
razoável, porque se uma tensão muda em algum ponto, provavelmente irá influenciar os
elementos vizinhos mudando suas velocidades. Porém, ao se escolher um tempo de
iteração bastante pequeno aquela informação sobre a mudança de velocidade, não pode
passar fisicamente de um elemento a outro naquele intervalo de tempo. Todos os
materiais possuem uma determinada velocidade máxima na qual a informação pode se
propagar. Considerando que um ciclo no esquema da Figura 3.1 ocupa apenas uma
iteração do programa, a suposição de "velocidades constantes" pode ser justificada:
elementos vizinhos realmente não podem afetar um ao outro durante o período de
cálculo. Depois de várias iterações do programa, perturbações podem se propagar por
vários elementos da malha, da mesma maneira que eles se propagariam fisicamente
(Itasca, 1996).
- 32 -

Equação de equilíbrio
(Equação de movimento)

Novas Novas
velocidades e tensões e
deslocamentos forças

Relação tensão/deformação
(Equação constitutiva)
Figura 3.1 - Ciclo de cálculo do método explícito utilizado pelo programa FLAC
(Itasca, 1996).

Uma análise Lagrangiana é definida considerando-se que não é necessário formar


uma matriz de rigidez global, sendo necessário atualizar as coordenadas a cada a passo
(iteração). Os incrementos de deslocamentos são somados às coordenadas da iteração
anterior, de forma que os elementos da malha se movimentem e deformem como o
material o qual representam.

O programa FLAC possui nove modelos constitutivos que representam o


comportamento de deformação e resistência dos materiais prescritos; são eles:

i. Null (vazios);

ii. Elástico (materiais homogêneos, isotrópicos e de comportamento linear de


tensão-deformação, como o aço para carregamentos inferiores ao limite de
resistência);

iii. Elástico, transversalmente isotrópico (material laminado, exibindo propriedades


elásticas com anisotropia em um plano; exemplos: madeira ou rocha tipo xisto);

iv. Modelo de Drucker-Prager (argilas moles com valor reduzido de coesão);

v. Modelo de Mohr-Coulomb (materiais fofos e com cimentação como solos e


rochas, usados em análises de estabilidade de taludes e escavação
subterrânea);

vi. Modelo de juntas (materiais laminados exibindo anisotropia de resistência);

vii. Modelo com endurecimento / amolecimento (materiais granulares que exibem


comportamento não linear de endurecimento e amolecimento, em estudos pós-
ruptura);

viii. Modelo de escoamento duplo (materiais granulares levemente cimentados que,


quando submetidos a pressões, sofrem diminuição permanente de volume);
- 33 -

ix. Modelo Cam-Clay Modificado (materiais em que a deformação e a resistência ao


cisalhamento são funções do índice de vazios, como em obras geotécnicas em
argilas).

As características principais do FLAC incluem: elementos de interface para


simular planos de separações ou superfícies de escorregamento; modelos de
deformação plana e tensão plana e modelos geométricos axissimétricos; nível d’água e
modelos de consolidação; modelos de elementos estruturais para simular suportes
estruturais (revestimento de túneis, chumbadores, grampos, vigas, etc); capacidade de
análise dinâmica; modelos visco-elásticos (fluência) e capacidade de modelagem termal.

O programa FLAC utiliza palavras-comando que permitem ao usuário a rápida


identificação de suas aplicações. Deste modo, as obras de engenharia que usualmente
consistem em uma seqüência de operações (estabelecer as tensões in-situ, aplicar
carregamentos, escavar o solo, instalar suportes, etc) podem ser facilmente simuladas
através de uma série de comandos de entrada (armazenados em um arquivo do tipo
“.dat”), representando de uma forma muito próxima a seqüência física das operações de
construção de uma obra. Cada etapa executiva pode ser armazenada em arquivo
independente. O arquivo de entrada pode ser editado facilmente em um editor de textos.

Para a simulação de grampos, o FLAC utiliza elementos unidimensionais que


trabalham por tração, não apresentando resistência à flexão. A resistência no contato
solo-grampo é indicada pelo gráfico de força axial normalizada em função do
comprimento do grampo (Fsmax / L) vs esforço normal (função da tensão efetiva vertical
multiplicado pelo perímetro exposto do grampo), apresentado na Figura 3.2a. A equação
que descreve relação (3.1) é apresentada a seguir.

Fsmax
= sbond + p ′ × perímetro × tan( Sfriction ) (3.1)
L

onde Sbond representa uma “coesão” referente ao contato solo-grampo; p’ a


tensão normal efetiva média; Sfriction o parâmetro de atrito no contato solo-grampo.

O comportamento cisalhante da injeção em função dos deslocamentos relativos


entre o solo e o grampo é representado pelo parâmetro de rigidez kbond (Figura 3.2b).
- 34 -

a) Resistência ao cisalhamento da injeção. b) Força cisalhante na injeção x deslocamento.

Figura 3.2 - Modelo de comportamento da injeção.

Nesta pesquisa o comportamento tensão-deformação do solo é representado pelo


modelo constitutivo de Mohr-Coulomb. O Flac sugere a utilização deste modelo para
análises de escavações grampeadas. O Anexo I descreve o modelo elasto-plástico de
Mohr-Coulomb.

3.1.2 - Arquivo de entrada.


A Tabela 3.1 apresenta a seqüência de comandos necessária para simulação de
uma escavação vertical de solo com a técnica do solo grampeado. Nesta tabela cada
linha de comando é identificada através de um número (Linha 1, 2, ..., 54) e de blocos
que agrupam funções com objetivos comuns (Bloco A, B, .., P).

No Bloco A da Tabela 3.1, a palavra-comando “title” tem a função de


estabelecer um título para a simulação, bastando para isso, digitar “title” na linha 1 e
fornecer uma identificação na linha subseqüente.

Os comandos contidos nos Blocos B e C geram a malha, condições de contorno,


além de definir o tipo de modelo constitutivo. A Figura 3.3 exemplifica graficamente a
malha gerada pelas linhas de comando dos blocos B e C.

Bloco B: O conjunto de comandos deste bloco objetiva a montagem da geometria


da malha. Na Linha 3 cria-se uma malha uniforme com x elementos horizontais e y
elementos verticais (grid 138,84), totalizando-se 11592 elementos. Na Linha 4
escolhe-se o modelo constitutivo Mohr-Coulomb (model mohr) sugerido pelo FLAC para
ser usado em análises de estabilidade de taludes e de escavações. A geometria inicial é
criada (Linha 5) arbitrando-se a posição e a dimensão da malha, em um eixo cartesiano,
através da identificação dos pares x,y de cada um dos nós dos quatro cantos da malha
(nós e, a, d e h), obedecendo ao sentido horário de identificação dos nós. Desta forma,
- 35 -

define-se uma malha com elementos quadrados de lados iguais a 0,25m. O nó “e” situa-
se inicialmente na coordenada (–31,5m; -21,0m) e na posição i,j igual a (1,1) e o nó “d”
localiza-se na coordenada (3,0m; 0,0) e na posição i,j igual a (139,85).

As expansões das áreas eabf , fbcg são realizadas nas Linhas 6 e 7. A


seqüência de comandos da Linha 6 (gen -49.5 –21 -49.5 0 -31.5 0 -31.5 –21
ratio 1 1 i=1,19 j=1,85) é explicada para que haja o entendimento do processo
de expansão da malha. A expansão da área eabf é realizada fornecendo-se: o arranjo
de elementos que compõe a área i de 1 à 19 e j de 1 à 85; as novas coordenadas dos
nós e(-49,5m, -21,0m), a(-49,5m, 0), b(-31,5m, 0) e f(-31,5m, -21,0m); e a razão de
distribuição dos elementos nas direções x e y razão 1 na direção horizontal e razão 1
na vertical, o que significa que todos os elementos da região possuem a mesma área,
1,0m na horizontal e 1,0m na vertical. A expansão da Linha 7 realiza-se através de
procedimentos semelhantes.

O comando “fix x” e “fix y” usados no Bloco C estabelecem as condições de


contorno necessárias para fazer a consolidação da malha, que consistem em: liberar o
deslocamento vertical e restringir os horizontais nos contornos ae (i=1) e dh (i=139);
impedir o deslocamento vertical em eh (j=1).

No bloco D, são fornecidas as tensões iniciais verticais (syy) e horizontais (sxx e


szz) na malha. Arbitrando-se um valor de ko (coeficiente de empuxo no repouso igual a
0,50) são estabelecidos os valores máximos de tensão vertical (syy) e horizontal (sxx =
szz) da malha. Como a superfície do solo é livre, sem tensão aplicada, as tensões
variam de zero até o valor máximo de tensão calculado (base da malha). A unidade de
tensão utilizada é N/m2 e os valores máximos de syy, sxx e szz são obtidos pelas
seguintes equações:

s yy = (massa específica do solo ) × ( gravidade ) × ( profundida de da malha ) (3.2)

s xx = s zz = s yy × ko (3.3)

O Bloco E introduz o valor da gravidade (9.81 m/s2) .


- 36 -

Tabela 3.1 - Exemplo de arquivo de entrada para simulação de escavação com


solo grampeado.
Bloco Linha Seqüência de comandos
1 title
A
2 Solo grampeado - 01
3 grid 138,84
4 model mohr
B 5 gen -31.5 -21 -31.5 0 3 0 3 -21
6 gen -49.5 -21 -49.5 0 -31.5 0 -31.5 -21 ratio 1 1 i=1,19 j=1,85
7 gen -31.5 -21 -31.5 0 -22.5 0 -22.5 -21 ratio 1 1 i=19,37 j=1,85
8 fix x i 1
C 9 fix x i 139
10 fix y j 1
11 ini syy -388500 var 0 388500
D 12 ini sxx -194250 var 0 194250
13 ini szz -194250 var 0 194250
14 set large
E
15 set grav 9.81
16 property density 1885.83 friction 32 cohesion 10000 dilation 7.5
F
17 property bulk_mod 3e7 shear_mod 1.8e7
18 hist n 100
G
19 hist unbal
H 20 solve force=10
21 ini xdisp =0
22 ini ydisp =0
23 ini xvel 0 i 1 139 j 1 85
I 24 ini yvel 0 i 1 139 j 1 85
25 fix x y i 1
26 fix x y j 1
27 fix x y i 139
J 28 mod null i 127 138 j 79 84
29 title
K
30 EXCAVATION STAGE I
31 struct prop 1 e=24e9 i=8.333e-5 a=0.1
32 struct beam beg grid 127 85 end grid 127 84 seg 1 prop 1
33 struct beam beg grid 127 84 end grid 127 83 seg 1 prop 1
L 34 struct beam beg grid 127 83 end grid 127 82 seg 1 prop 1
35 struct beam beg grid 127 82 end grid 127 81 seg 1 prop 1
36 struct beam beg grid 127 81 end grid 127 80 seg 1 prop 1
37 struct beam beg grid 127 80 end grid 127 79 seg 1 prop 1
38 struct prop 2 a 4.9e-4 e 1.4e11 yield=1.6e5 kbond=3.4e9 sbond 2.4e4
M 39 struct prop 2 sfriction 0 per 0.24
40 struc cable begin 0,-1 end -5.91,-2.04 seg 12 prop 2
N 41 solve for=10
O 42 save 61.sav
43 mod null i 127 138 j 73 78
44 title
45 EXCAVATION STAGE II
46 struct beam beg grid 127 79 end grid 127 78 seg 1 prop 1
47 struct beam beg grid 127 78 end grid 127 77 seg 1 prop 1
48 struct beam beg grid 127 77 end grid 127 76 seg 1 prop 1
P
49 struct beam beg grid 127 76 end grid 127 75 seg 1 prop 1
50 struct beam beg grid 127 75 end grid 127 74 seg 1 prop 1
51 struct beam beg grid 127 74 end grid 127 73 seg 1 prop 1
52 struc cable begin 0,-2.5 end -5.91,-3.54 seg 12 prop 2
53 solve for=10
54 save 62.sav
- 37 -

x = - 49,5m x = - 31,5m x = - 22,5m


i=1 i = 19 i = 37 i = 139
y = 0,0 a b c d
j = 85

1,00m x 0,25m 0,50m x 0,25m 0,25m x 0,25m

y = - 21,0m e f g h
j=1

Figura 3.3 - Malha gerada pelos comandos dos Blocos B e C da Tabela 3.1.

O Bloco F fornece as propriedades do solo solicitadas pelo modelo Mohr-


Coulomb: massa específica (ρ) [em kg/m3], ângulo de atrito [em graus], coesão [em
N/m2], ângulo de dilatância [em graus], módulo volumétrico [em N/m2] e módulo
cisalhante [em N/m2]. Os valores do módulo volumétrico (Ksolo) e do módulo cisalhante
(Gsolo) são funções do módulo de elasticidade do solo (Esolo) e do coeficiente de Poisson
do solo (νsolo) e são calculados através das equações:

Esolo
K solo =
3 ⋅ (1 − 2 ν solo )
(3.4)

E solo
G solo = (3.5)
2 ⋅ (1 + ν solo )

O comando da Linha 18, “hist n 100” serve para limitar o número de


parâmetros (deslocamentos, tensões, força não balanceada, etc.) a serem monitorados
através de gráficos.

O comando da Linha 19, “hist unbal” objetiva fazer o controle do vetor de força
nodal máxima, também chamado de máxima força não balanceada. Esta força surge em
conseqüência de alguma alteração na condição de equilíbrio da simulação (escavação,
mudanças nas condições de contorno, colocação de grampos, etc.) e seu valor indica a
convergência do programa. O modelo para estar em equilíbrio deveria apresentar em
cada nó da malha o vetor de força nulo, porém, esta condição dificilmente é atingida em
análises numéricas. Na prática, o modelo é considerado em equilíbrio quando a máxima
- 38 -

força não balanceada for pequena comparada com a magnitude das forças aplicadas ao
problema. Neste trabalho, o equilíbrio do sistema era considerado aceitável quando a
máxima força não balanceada correspondia a um valor igual ou inferior a 0,01% da
máxima força não balanceada inicial. O gráfico da Figura 3.4 esclarece o conceito de
equilíbrio da máxima força não balanceada, apresentando no eixo horizontal o número de
iterações e no eixo vertical a máxima força não balanceada. Nesta figura, o equilíbrio da
máxima força não balanceada é atingido após 3715 passos, quando seu valor torna-se
constante. Se a máxima força não balanceada não se aproxima do valor nulo, isto indica
provável ruptura e escoamento plástico ocorrendo no modelo.

O programa calcula os valores de deslocamentos em cada nó da malha, enquanto


que as tensões são obtidas nos centros dos elementos. Quantidades vetoriais tais como:
forças, velocidades, deslocamentos, fluxos e taxas são associadas aos nós da malha.
Quantidades escalares tais como: tensões, pressões, propriedades dos materiais são
associadas ao centróide dos elementos.

No Bloco H, o comando “solve force=10” da Linha 20 é usado para realizar a


consolidação da malha. O número 10 estabelece o limite inferior para a máxima força não
balanceada nesta etapa da simulação. A consolidação da malha é o primeiro passo para
a realização da análise numérica e corresponde a compactação da massa de solo sob a
ação da gravidade para que sejam estabelecidas as condições iniciais de tensões in situ.

O conjunto de comandos do Bloco I serve para zerar alguns parâmetros e para


definir as condições de contorno para que seja iniciada a simulação da seqüência da
escavação no solo contido por grampos. Os deslocamentos horizontais e verticais devem
ser zerados (Linhas 21, 22), assim como os vetores de velocidade nas direções x e y
(Linhas 23, 24) para toda a malha. Neste exemplo os três contornos tiveram os
movimentos nas direções x e y impedidos (Linhas 25, 26 e 27).

O comando da Linha 28 (mod null i 127 138 j 79 84) serve para excluir
um conjunto de elementos da malha simulando uma etapa de escavação. Esta primeira
fase de escavação possui 1,50m de profundidade e 3,0m de largura.

O Bloco K cria um subtítulo (Excavation Stage I) para agrupar um conjunto


de procedimentos que incluem: escavação do solo até 1,50m de profundidade, colocação
da primeira linha de grampos (com 6,0m de comprimento e inclinação de 10 graus) a
1,00m de profundidade e fixação da viga de concreto da parede. É interessante que se
crie subtítulos para cada novo conjunto de procedimentos para que se possa identificar a
fase em que o programa se encontra.
- 39 -

Figura 3.4 - Equilíbrio da máxima força não balanceada.

O Bloco L contem a seqüência de comandos necessária para a colocação de


vigas que comporão a parede de concreto, na primeira fase de escavação. O concreto é
considerado como um material homogêneo, isotrópico que apresenta comportamento
linear-elástico. As propriedades da viga são fornecidas pelo comando da Linha 31: o
comando “struc prop 1” define a propriedade número 1 referente a um material de
estrutura do tipo viga. Os parâmetros a serem fornecidos são: módulo de elasticidade do
concreto (Eparede) [em N/m2], momento de inércia da viga da parede (MIparede) [em m4] e
área transversal da viga da parede (aparede) [em m2]. A área e o momento de inércia da
viga são calculados da seguinte forma:

bparede ⋅ (hparede )
3

MIparede = (3.6)
12

a parede = b parede ⋅ hparede (3.7)

Neste exemplo, a viga possui espessura (hparede) igual a 0,10m e base (bparede)
igual a 1,00m, considerando os cálculos por metro linear.

A colocação da viga de concreto na malha é feita através de 6 segmentos de reta


amarrados nó a nó, definidos pelos comandos das Linhas 32 a 37. A viga completa
possui 1,5m. A construção do primeiro trecho (Linha 32) é feita da seguinte forma: define-
se o tipo de estrutura (struc beam), que começa no nó (i=127;j=85) e termina no nó
imediatamente inferior (i=127;j=84), localizado à 0,25m de profundidade (begin grid
127 85 end grid 127 84), que apresente apenas um segmento (seg 1) e que
- 40 -

contenha as propriedades da estrutura 1 (prop 1). Para os demais trechos repete-se o


mesmo procedimento.

O Bloco M contem comandos que definem as propriedades mecânicas, a


geometria e a forma de posicionamento da primeira linha de grampos. O comando 38 e
39 definem as propriedades mecânicas dos grampos, sendo atribuído um número “prop
struc 2”. Os parâmetros a serem fornecidos são: área transversal da barra (a) [em m2],
módulo de elasticidade do aço (e) [em N/m2], carga de escoamento do aço (Yield) [em
N], rigidez no contato (kbond- [bond stiffness) [em N/m/m], a resistência no contato
(sbond -bond strength) [em N/m], o ângulo de atrito entre o solo e a injeção
(sfriction) [em graus] e o perímetro do aço (per) [em m]. Considera-se que
sfriction tenha valor nulo, uma vez que resultados experimentais mostraram que a
resistência no contato solo-grampo não é sensível a variação da tensão confinante. Com
exceção de “a”, “sfriction” e “per”, todos os parâmetros deverão ter seus valores
divididos pelo valor do espaçamento lateral entre os grampos (Sh=1,5m). Donovan et al.
(1984) sugerem que dividir os valores das propriedades dos materiais pelo valor do
espaçamento lateral entre os reforços é um modo simples e conveniente de transformar
um problema tridimensional em um problema bidimensional. Neste exemplo, foram
adotados os seguintes parâmetros: diâmetro da barra (φaço) igual a 0,025m; diâmetro do
furo (φfuro) igual a 0,075m; resistência unitária ao arrancamento do grampo (qs) igual a
150.000 N/m2; módulo cisalhante da calda de cimento da injeção (Ginjeção) igual a 9
GN/m2; tensão de escoamento do aço (σaço) igual a 500 MN/m2. O grampo (barra de aço
+ calda de cimento da injeção) é considerado como um material homogêneo, isotrópico
que apresenta comportamento linear-elástico. Os valores de “a”, “yield”, “kbond”,
“sbond” e “per” são obtidos pelas seguintes equações:

π (φaço )
2

a= (3.8)
4

σaço
yield = (3.9)
a

(2 π Ginjeção ) (3.10)
kbond =
é æ æ (φ furo − φaço ) ö öù
ê10 ln ç 1 + ç ÷÷
êë ç
è
ç
è (φaço ) ÷ø ÷øúúû

sbond = π φ furo q s (3.11)

(
per = π φ furo ) (3.12)
- 41 -

A primeira linha de grampos de L igual a 6,0 m e inclinação de 10 graus localizada


à 1,0 m de profundidade, é colocada na malha através dos comandos da Linha 40. O
grampo é inserido na malha através das coordenadas x, y das extremidades. Neste
comando optou-se por subdividir o grampo em 12 segmentos para se coletar informações
sobre seu comportamento durante a seqüência de escavação. A última informação nesta
linha diz respeito às propriedades do material do cabo.

O comando “solve force=10” da Linha 41 é acionado para que o programa rode


até que a máxima força não balanceada atinja o equilíbrio, com um valor de força
desbalanceada inferior a 10. Este comando provoca a deformação da malha e a geração
das forças passivas ao longo dos comprimentos nos grampos como resultado da
deformação do solo.

O comando da Linha 42 salva em um arquivo (61.sav) a fase em que se encontra


o problema que tem como sub-título: EXCAVATION STAGE I. Para novas etapas de
escavação, repetem-se os procedimentos anteriormente descritos nas linhas 43 a 54.
Cada etapa da simulação pode ser salva independentemente, para que as análises dos
resultados possam ser realizadas. Para se restaurar cada fase digita-se o seguinte
comando: “restore nome do arquivo.sav”. Desta forma, pode-se consultar todos os tipos
de informações pertinentes à fase, tais como os deslocamentos verticais (print xdisp)
e horizontais (print ydist) na malha, as tensões desenvolvidas horizontais e verticais
(print esxx; print exyy), as forças axiais nos grampos (print struc cable
ax), e outras funções disponíveis no programa FLAC. O nome dado à fase, com extensão
“.sav”, pode ser qualquer, porém deve conter informações que o associem a cada etapa
de escavação e/ou caso estudado.

O fluxograma da Figura 3.5 contem um resumo dos passos a serem seguidos na


construção de um arquivo de dados para a simulação de uma escavação vertical que
utiliza a técnica de solo grampeado como estrutura de contenção.
- 42 -

Iniciar

DEFINIR O MODELO:
• Desenhar a malha retangular com maior discretização na região a ser escavada;
• Escolher o modelo constitutivo;
• Definir as propriedades do solo;
• Especificar as condições iniciais de tensões: sxx, syy e szz;
• Definir as condições de contorno para adensamento;
• Acionar a gravidade;
• Inserir a função “hist unbal” para verificar a convergência do programa.

Rodar o programa até atingir o estado inicial de equilíbrio, ou seja, até o equilíbrio da máxima força não balanceada.

REINICIAR ALGUNS PARÂMETROS PARA COMEÇAR AS ANÁLISES:


• Tornar nulos os deslocamentos nas direções horizontal e vertical;
• Zerar os vetores de velocidade verticais e horizontais;
• Fixar novas condições de contorno;

Examinar a resposta
Resultados insatisfatórios do modelo

Modelo satisfatório

PROMOVER ALTERAÇÕES:
• Escavar o solo.
• Introduzir o grampo na malha.
ü Propriedades do aço;
ü Propriedades do grampo.
• Colocar o paramento de concreto projetado.
ü Propriedades da viga de concreto.

Rodar o programa até que o equilíbrio da máxima força não balanceada seja atingido

Examinar a resposta do modelo:


Necessidade de mais simulações análise dos resultados

Resultado aceito

Realizar estudos paramétricos


Sim
Não

Finalizar

Figura 3.5 - Fluxograma de utilização do programa FLAC para análise de


escavações com solo grampeado.
- 43 -

3.2 - Geração da Malha.

A importância principal da malha gerada e das condições de contorno é a de


reproduzir um modelo próximo à realidade, minimizando a influência do contorno imposto.
A definição da extensão da malha e do número de elementos (zonas) baseou-se no
exemplo apresentado no manual do programa (Exemplo 6, volume IV), sob o título de
“Full-Scale Test Wall in Sand”. As características geométricas e as condições de contorno
deste exemplo estão reproduzidas na Figura 3.6. No presente trabalho a malha utilizada
está apresentada na Figura 3.7. Nesta figura estão indicadas a geometria, a dimensão
dos elementos em cada região, o número de fases de escavação, além das condições de
contorno adotadas.

A expansão da malha deve ser suave com aumentos nas dimensões dos
elementos de forma gradual. Para que haja maior acurácia, a razão entre os lados de
cada elemento deve ser o mais próximo possível da unidade; qualquer valor abaixo de
5:1 é potencialmente não preciso (Itasca, 1996).
x = - 50,0' x = - 20,0' x = 0,0 x = 10,0'
i=1 i = 11 1,67L i = 31 i = 36
0,97H 0,65H 0,32H

y = 0,0 a b L = 12,0' ; α = 10 graus c d


j = 36 Ratio 0,9 x 1,0 Ratio 1,0 x 1,0
Fase I ∆H 1=5'
Sh=4,5'
Fase II ∆H 2=2'

Fase III ∆H 3=5'

Fase IV ∆H 4=4' H
1,03H
Fase V ∆H 5=5'
- 44 -

Fase VI ∆H 6=4'

Fase VII ∆H 7=5'

manual do programa (Exemplo 6, volume IV - Itasca (1996)).


e f g Fase VIII i ∆H 8=1'
y = - 32,0'
j=4 Ratio 0,9 x 0,9 Ratio 1,0 x 0,9 Ratio 1,2 x 0,9
0,19H
y = - 38,0' j k l m Ratio 1,2 , 1,0
j=1
∆X(elemento) x 1,0'

Figura 3.6 - Características geométricas da malha do exemplo apresentado no


x = - 49,5m x = - 31,5m x = - 22,5m
i=1 i = 19 i = 37 i = 139
y = 0,0 a b c d
j = 85 Fase 1
Fase 2
Fase 3

simulações do presente trabalho.


Fase 4
Fase 5
Fase 6
Fase 7
1,00m x 0,25m 0,50m x 0,25m 0,25m x 0,25m
- 45 -

y = - 21,0m e f g h
j=1

Figura 3.7 - Características geométricas da malha gerada para realização das


- 46 -

3.2.1 - Inserção de grampos na malha.

O programa FLAC apresenta duas alternativas para a colocação do elemento


“cable” na malha: grampo livre (G-Livre) ou grampo com extremidade fixa a um nó
específico da malha (G-Fixo). A primeira consiste em se impor uma extremidade do
elemento (ponto ancorado) fixada a um nó da face de escavação, mantendo a outra
extremidade livre. Esta alternativa condiciona o movimento dos grampos aos dos nós em
que estão fixados e impedem, nestes pontos, que as propriedades da injeção de calda de
cimento sejam consideradas nos cálculos. A segunda alternativa consiste na inserção
dos elementos “cable” (grampos totalmente injetados) através da identificação do lugar
geométrico das extremidades pelos valores das coordenadas x-y. Desta forma, os
grampos livres desenvolvem forças passivas (ou seja, forças que não resultam do
tensionamento do elemento de reforço) ao longo de todo seu comprimento, como
resultado da deformação do maciço reforçado.

O gráfico da Figura 3.8 apresenta uma comparação entre os deslocamentos


verticais (na superfície do terreno) de grampos livres na malha (G-Livre) e de grampos
fixos à nós da face de escavação (G-Fixo) para relações de L/H entre 1,00 e 0,57. A
Figura 3.9 apresenta uma comparação entre os deslocamentos horizontais (ao longo de
uma vertical distante 1,75m da face da escavação) de grampos livres na malha (G-Livre)
e de grampos fixos à nós (G-Fixo) para relações de L/H entre 1,00 e 0,57.

0,10
δ ver_superfície do terreno (%H)

0,05

0,00

-0,05

-0,10
-12 -10 -8 -6 -4 -2 0
Distancia da parede (m)
L/H = 1,00 G-Fixo L/H = 0,80 G-Fixo L/H = 0,67 G-Fixo L/H = 0,57 G-Fixo
L/H = 1,00 G-Livre L/H = 0,80 G-Livre L/H = 0,67 G-Livre L/H = 0,57 G-Livre

Figura 3.8 - Comparação entre os deslocamentos verticais (na superfície do terreno)


de grampos livres na malha (G-Livre) e de grampos fixos à nós (G-Fixo) para
relações de L/H entre 1,00 e 0,57.
- 47 -

δh_x=1,75m (%H)
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0,0

-1,5 L/H = 1,00 G-Fixo

-3,0
L/H = 0,80 G-Fixo
-4,5

-6,0
L/H = 0,67 G-Fixo
-7,5
Profundidade (m)

-9,0 L/H = 0,57 G-Fixo


-10,5

-12,0 L/H = 1,00 G-Livre

-13,5
L/H = 0,80 G-Livre
-15,0

-16,5
L/H = 0,67 G-Livre
-18,0

-19,5 L/H = 0,57 G-Livre

-21,0

Figura 3.9 - Comparação entre os deslocamentos horizontais (ao longo de uma


vertical distante 1,75m da face da escavação) de grampos livres na malha (G-Livre)
e de grampos fixos à nós (G-Fixo) para relações de L/H entre 1,00 e 0,57.

Na Figura 3.8 observa-se que os deslocamentos verticais podem ser positivos (de
elevação) ou negativos (de recalque): Para relações de L/H entre 1,00 e 0,67 visualizam-
se elevação da superfície do terreno no uso de G-Fixo, assim como ocorre para relações
de L/H entre 1,00 e 0,80 nas simulações com G-Livre. Este comportamento de elevação
da malha foi observado em Kirsten (1992) que também utilizou o programa Flac em suas
análises. Estas elevações no entanto são bem pequenas, menores que 0,05%H,
podendo ser justificadas pelo efeito de dilatância do solo e pela presença do reforço. Na
face da escavação (x = 0m), encontram-se os maiores deslocamentos (recalque ou
- 48 -

elevação). Na Figura 3.8, ainda se observa que para relações de L/H menores que 0,67,
os deslocamentos de recalque, para as simulações que apresentam o grampo livre na
malha ao longo de todo o seu comprimento (G-Livre) são maiores que os dos grampos
que são fixados à face da escavação: G-Fixo induz a menores deslocamentos verticais.

Os deslocamentos horizontais aumentam suavemente em direção à superfície do


terreno, onde são encontrados os maiores acréscimos de deslocamentos horizontais
(Figura 3.9). Utilizou-se uma distancia de 1,75m da face da escavação para representar
os deslocamentos que são obtidos com auxílio de inclinômetros, que são normalmente
instalados a certa distância da parede. Na Figura 3.9, ainda se observa que para relações
de L/H menores que 0,67, os deslocamentos horizontais para G-Livre são maiores que os
de G-Fixo: G-Fixo induz a menores deslocamentos horizontais.

Para se comparar o comportamento de G-Livre e G-Fixo quanto a distribuição da


magnitude das forças axiais ao longo de cada um dos 7 grampos dispostos para a
profundidade de escavação de 10,5m (L/H = 0,57), é apresentado o esquema da Figura
3.10. Nesta figura observa-se que o máximo ponto de desenvolvimento de força axial em
cada grampo na simulação G-Livre é diferente de G-Fixo:

i. Em G-Fixo os pontos de máxima força axial em cada grampo ocorrem


próximos à face da escavação. Este comportamento foi observado por
Cardoso e Gonçalves (1997), Jewell (1990);

ii. Em G-Livre os pontos de máxima força axial em cada grampo ocorrem


afastados da face. Este comportamento foi observado por muitos autores
tais como Shiu, Yung e Wong (1997), Juran e Elias (1990), Plumelle e
Schlosser (1990), Matsui e San (1990), além de muitos outros.

Para as duas situações (G-Livre e G-Fixo) os resultados indicam que os grampos


mais próximos à superfície contribuem menos que os inferiores na contenção do solo. Os
grampos inferiores contribuem significativamente na estabilidade. Resultados similares
foram encontrados por Shiu e outros (1997).

Nesta pesquisa, optou-se pela utilização de grampos livres para a realização dos
estudos de deformabilidade de escavações grampeadas por gerarem maiores
deslocamentos (horizontais e verticais).
- 49 -

Figura 3.10 - Distribuição esquemática da magnitude das forças axiais ao longo de


cada um dos 7 grampos dispostos para a profundidade de escavação de 10,5m
(L/H = 0,57), para G-Livre e G-Fixo.
- 50 -

3.3 - Parâmetros de projeto.

A determinação dos parâmetros das simulações é feita com base em pesquisa de


valores comumente utilizados na prática.

3.3.1. – Parâmetros geométricos.

Para que haja uma familiarização com a simbologia adotada é apresentada na


Figura 3.11 um desenho esquemático para a localização dos parâmetros geométricos
das escavações.

h parede
H escav.
qs α

Sh=Sv

φaço
φfuro

Figura 3.11 - Parâmetros geométricos das escavações.

A Tabela 3.2 contem características de obras com aplicação do solo grampeado


mostrando os valores dos parâmetros de projeto comumente utilizados em obras de
engenharia geotécnica.
- 51 -

Tabela 3.2 - Parâmetros típicos de maciços grampeados (ABMS/ABEF, 1999).


Tipo de material Talude Grampo hparede
inclin. altura L φaço φfuro α Sh Sv
graus m m mm mm graus m m mm
Aterro Arenoso 90 3,9 2a4 20 90 - 1,00 1,50 100
Aterro Arenoso 90 8,0 2,5 25 75 - 1,30 1,50 80
Aterro Arenoso 90 3a5 3a6 25 75 - 1,20 1,20 80
Aterro 75 6,5 7,5 a 10,5 25 75 15 2,00 1,50 100
Areia fina e silte 90 11,3 7 e 8,5 25 ou 38 100 15 1,22 1,53 100
Sed.Arenoso/Argilosos 70 7,5 6 20 75 20 1,50 1,50 70
Sedimento 82 14,0 8 20 75 8 1,80 1,80 90
Silte Arenoso 75 12,5 3,6 a 7 20 75 15 2,00 1,50 100
Silte 60 7 a 16 6 a 10 25 75 30 1,50 1,50 100
Solo argiloso com
pouco quartzo 60 24,0 6 a 12 25 90 30 1,50 2,00 60
(massapê)
55 25,0 4 25 75 35 2,00 1,50 70
75 17,0 6e9 25 90 15 1,50 1,50 150
50 18,5 5 20 75 - 2,00 2,00 50
60 12,4 5 20 75 30 2,00 2,00 50
60 12,0 8,5 25 75 30 2,50 2,00 70
60 15,0 7 20 75 30 2,50 2,50 50
75 9,0 5 25 50 15 1,50 1,50 100
70 10,7 4 25 75 20 1,50 0,80 100
70 11,1 6 25 75 20 2,00 2,00 70
75 10,0 4 16 75 15 2,00 1,50 60
Residual
60 6,0 3 20 75 30 1,50 1,50 70
80 10,0 5,5 20 75 10 2,00 1,50 50
75 11,5 5,5 20 75 15 2,00 1,50 100
90 8,5 6 20 75 - 1,50 1,50 100
70 8,0 5,5 20 75 20 1,50 1,50 70
70 8,0 4 20 75 20 2,00 1,50 70
90 6,0 6 25 100 - 1,30 1,50 100
90 4,0 3 20 100 - 1,50 2,00 70
90 4,0 3 20 100 - 1,50 2,00 70
65 6,0 7 20 100 25 1,20 1,20 100

Comprimentos dos grampos (L) e profundidade máxima de escavação (H):

De acordo com a Tabela 3.2 observa-se que as profundidades de escavação


variam de 3 a 25 m. A grande maioria da obras, entretanto, se situa na faixa de 3m a
12m.

Quanto ao comprimento do grampo, a Tabela 3.2 mostra que este situa-se na


faixa de 2 a 12 m. No mercado é possível encontrar barras de aço (Gerdau) com
comprimentos de 6,0m ou 12,0 m. Para evitar a necessidade de corte ou emendas, obras
em solo grampeado têm sido na sua maioria executadas com comprimentos de grampo
pré-estabelecidos pelo fabricante. A GeoRio, por exemplo, tem utilizado barras com 6,0 m
de comprimento.
- 52 -

A eficiência do reforço, no que diz respeito às propriedades geomecânicas do


maciço, é bastante sensível à relação comprimento do grampo / profundidade de
escavação. Várias propostas foram sugeridas na literatura. Guimarães Filho (1994), por
exemplo, indica que se adote a relação L/H variando entre 0,50 e 1,00. Já Bruce e Jewell
(1986, 1987) recomendam que os comprimentos dos grampos devam ser da ordem de
50% a 80% da altura do talude. Gässler e Gudehus (1981) sugerem que os
comprimentos de grampos variem entre 60% e 70% de H.

Com base nestas informações definiu-se, para as análises paramétricas, que a


profundidade máxima de escavação estaria limitada a 10,5 m de profundidade, com
incrementos de 1,5m. Quanto ao grampo, usou-se comprimentos iguais a 3,0m, 6,0m,
9,0m e 12,0m. Com isto estabeleceu-se para as análises um amplo limite de variação de
L/H de 0,3 a 2,0.

Diâmetro da barra de aço (φaço):

De acordo com a Tabela 3.2 observa-se que o valor de φaço varia de 16 a 38 mm,
sendo preferencialmente adotado os valores iguais a 20 e 25 mm. Neste trabalho as
análises foram realizadas com valores de 20, 25 e 32mm para o φaço.

Diâmetro do furo (φfuro):

O diâmetro do furo utilizado em obras de solo grampeado (Tabela 3.2) varia de 75


a 100mm. Para o estudo paramétrico foram adotado φfuro de 75, 100 e 200 mm.

Espaçamento vertical e horizontal entre grampos (Sv = Sh):

Bruce e Jewell (1986) sugerem que o espaçamento vertical e horizontal entre


grampos varie de 0,7m a 2,2m e ainda observam que, para espaçamentos superiores a
25% do comprimento do grampo, a confiabilidade e a eficiência entre o reforço e o solo
reduzem rapidamente.

Da Tabela 3.2 observa-se que os valores de Sh e Sv variam de 1,20 a 2,50 m.


Desta forma, foram definidos, para as estudos paramétricos, espaçamentos Sh e Sv de
mesmo valor e de magnitudes iguais a 1,5 m (25%L), 2,0 m (33%L) e 2,5 m (42%L).

Inclinação dos grampos em relação à horizontal (α):

Como regra geral, os grampos são dispostos em linhas, suavemente inclinados


em relação à horizontal. Entretanto, os grampos são mais eficientes no controle de
deslocamentos laterais da estrutura quando instalados horizontalmente.

De acordo com os valores apresentados na Tabela 3.2 observa-se que α varia de


8 a 35 graus. Na prática, a tecnologia de instalação dos grampos vem adotando ângulos
de inclinação variando de 5 a 15 graus.
- 53 -

Para o presente estudo paramétrico, foram adotadas inclinações de 0, 10, 15 e 30


graus.

Espessura da parede (hparede):

Com base na Tabela 3.2 observa-se que os valores de hparede variam de 5 a 15


cm. No caso de estruturas permanentes, Bruce e Jewell (1987) sugerem que a espessura
da parede varie entre 15 e 25 cm.

Neste trabalho foram adotadas espessuras da parede com 10 e 20 cm, além de


se verificar o comportamento da estrutura construída sem a parede.

3.3.2. – Parâmetros do solo.

Os parâmetros do solo analisados no estudo parâmetro são o módulo de Young


(Esolo), o coeficiente de Poisson (νsolo), a coesão (csolo) e o ângulo de atrito (φsolo). Embora
se saiba que os parâmetros de deformabilidade estão intimamente relacionados com os
de resistência, a metodologia adotada consistiu na variação independente destes
parâmetros dentro de faixas representativas de solos residuais.

Parâmetros de deformabilidade (Esolo e νsolo):

Shiu e outros (1997) relacionaram número de golpes do ensaio SPT (N) com
módulo de Young e observaram valores de Esolo na faixa de 3N (SPT) a 5,5N (SPT). Da
mesma forma, Negro e outros (1992) sugeriram como estimativa de Esolo adotar o valor
de 4N (SPT).

Ensaios de laboratório em amostras de solos residuais da cidade do Rio de


Janeiro forneceram valores de módulo secante (E50) entre 3 e 27 MPa e coeficiente de
Poisson variando entre 0,07 a 0,49 (Aleixo, 1998 e Souza, 1995).

Face a variabilidade dos parâmetros de deformabilidade associada aos diferentes


materiais, arbitrou-se, neste trabalho, Esolo = 90, 45 e 22,5 MPa e νsolo = 0,15; 0,25 e 0,35.
- 54 -

Parâmetros de resistência do solo (φsolo e csolo):

Ensaios de laboratório em amostras de solos residuais da cidade do Rio de


Janeiro forneceram valores de φsolo variando de 25 a 33 graus e csolo variando de 0 a
14kPa (Delgado, 1993, Rocha 1993 e Souza, 1995).

Nos estudos paramétricos foram adotados φsolo iguais a 25, 30, 32 e 35 graus e
csolo iguais a 5, 10 e 20kPa.

3.3.3. – Metodologia adotada para a realização do estudo


paramétrico.

O estudo paramétrico tem como objetivo realizar uma análise de sensibilidade dos
parâmetros de projeto a partir de um caso padrão. A Figura 3.12 define como este estudo
foi realizado. Vinte e um parâmetros são necessários para a realização de um projeto de
escavação, porém apenas treze foram estudados (Sh = Sv, α, L, Esolo, νsolo, φsolo, ψsolo,
csolo, hparede, qs, φfuro, φaço e sfriction). No círculo de menor diâmetro estão apresentados os
parâmetros que não sofrem variação. No círculo intermediário estão apresentadas as
magnitudes dos parâmetros para o caso denominado padrão. Os valores dos parâmetros
apresentados no circulo externo, definem as 30 simulações do estudo paramétrico. A
Tabela 3.3 apresenta a variação dos valores dos parâmetros em relação à simulação
padrão.

As magnitudes dos parâmetros fixos, expostas no círculo intermediário, foram


determinadas da seguinte forma:

O peso específico adotado de 18,5 kN/m3 é representativo de solos residuais na


cidade do Rio de Janeiro.

A partir das faixas de valores de ângulos de dilatância encontrados para solos


arenosos e argilosos nos trabalhos de Chen e Liu (1990) e Vemmer e Borst (1984),
definiu-se que o valor adotado seria de 7,5 graus.

Os parâmetros da barra de aço (Tensão de escoamento e Módulo de Young) são


fornecidos pelo fabricante.

Os valores do módulo cisalhante da injeção e o módulo de Young do concreto da


parede são os comumente utilizados na prática.

A profundidade de instalação da primeira linha de grampos é sempre igual a 1,0m,


para que as análises de deslocamentos vertical e horizontal não sejam influenciadas pela
profundidade de inserção da primeira linha de reforços.
- 55 -

A profundidade do incremento de escavação é fixa e igual a 1,5m porque é um


valor comumente utilizado na prática.

0, 15
3, 9 e 30
e 12 m graus
2,0 e
2,5 m
20 cm α:
L: 10 graus
6,0 m Sv=Sh:
h parede : 20 e
1,5 m 32 mm
10 cm
25, 30 e φbarra :
35 graus φsolo: γsolo: 18,5 kN/m3
k 0: 0,50 25 mm
32 graus σaço: 500 MPa
E aço: 205 GPa φfuro: 100 e
G injeção : 9 GPa 75 mm
csolo: E parede : 24 GPa 200 mm
5e 10 kPa H G1: 1,00 m
20 kPa H escav. : 1,50 m q s:
ψsolo: 150 kPa
7,5 graus
Sfriction: 75 e
νsolo:
E solo: 0 graus 225 kPa
0 e 15 0,25
graus 45 MPa

16 e 32
0,15 e graus
0,35 22,5 e
90 MPa

Figura 3.12 - Simulações do estudo paramétrico.


- 56 -

Tabela 3.3 - Parâmetros adotados nas simulações.


Simulação padrão Variação paramétrica
Parâmetro Valor Valor
a
Profundidade da 1 linha de grampos (G1) 1,0 m -
Incremento de escavação (Hescav.) 1,5 m -
Espessura da viga da parede (hparede) 10 cm 0 e 20 cm
Geometria

Comprimento dos grampos (L) 6,0 m 3,0, 9,0 e 12,0 m


Inclinação dos grampos (α) 10 graus 0, 15 e 30 graus
Espaç. horiz. e vert. entre grampos (Sh=Sv) 1,5 m 2,0 e 2,5 m
Diâmetro da barra (φaço) 25 mm 20 e 32 mm
Diâmetro do grampo (φfuro) 75 mm 100 e 200
Tensão de escoamento do aço do grampo (σaço) 500 MPa -
Resistência ao arrancamento do grampo (qs) 150 kPa 75 e 225 kPa
Materiais

Módulo de Young do aço do grampo (Eaço) 205 GPa -


Módulo cisalhante da calda da injeção (Ginjeção) 9 GPa -
Módulo de Young do concreto da viga (Eparede) 24 GPa
sfriction 0 graus 16 e 32 graus
Módulo de Young do solo (Esolo) 45 MPa 22,5 e 90 MPa
Coeficiente de Poison do solo (νsolo) 0,25 0,15 e 0,35
3
Peso específico do solo (γsolo) 18,5 kN/m -
Solo

Coesão do solo (csolo) 10 kPa 5 e 20 kPa


Ângulo de atrito do solo (φsolo) 32 graus 25, 30 e 35 graus
Ângulo de dilatância do solo (ψsolo) 7,5 graus 0 e 15 graus
Coeficiente de empuxo no repouso (k0) 0,50 -
- 57 -

CAPÍTULO 4 - ANÁLISE NUMÉRICA DE ESCAVAÇÕES

4.1 - Caso padrão.

Os valores dos parâmetros geométricos de projeto utilizados na caso padrão


objetivam representar os valores mais comumente utilizados na prática, e os valores dos
parâmetros arbitrados para compor o tipo de solo são representativos de um solo residual
(Tabela 3.3).

A Figura 4.1 apresenta os deslocamentos horizontais ao longo de duas verticais,


para as relações de L/H variando de 1,00 (H = 6,0 m) a 0,57 (H = 10,5 m). Os
deslocamentos horizontais para uma distância da parede de 1,75m aumentam
suavemente em direção à superfície do terreno, onde são encontrados os maiores
acréscimos de deslocamentos horizontais. Utilizou-se uma distancia de 1,75m da face da
escavação para representar os deslocamentos que são obtidos com auxílio de
inclinômetros, que são normalmente instalados a certa distância da parede. Na vertical ao
longo da parede da escavação (x=0) os deslocamentos horizontais são da mesma ordem
de magnitude dos registrados na vertical distante 1,75m da face, com exceção da região
próxima ao fundo da escavação. Nesta região os deslocamentos tendem a ser maiores,
em face de uma maior concentração de tensões cisalhantes. Comportamento semelhante
foi observado por Jiménez (1999), em estudos de estabilidade de taludes de grande
altura.

Na Figura 4.1, observa-se ainda que, embora os deslocamentos horizontais


abaixo da superfície do terreno tenham formas diferentes, a magnitude no topo (y = 0) é a
mesma, comparando-se as mesmas relações de L/H. Desta forma, o estudo paramétrico
utiliza ambos os deslocamentos no topo (horizontal, δh-topo ou vertical, δv-topo), como
elementos de comparação entre as diferentes simulações. Deve-se ressaltar que os
maiores deslocamentos verticais também ocorrem no ponto x=0 e y=0.

A Figura 4.2 apresenta o desenvolvimento das forças axiais máximas nos


grampos (fy = Fmax / Fescoamento) em função do aumento da profundidade de escavação.
Observa-se que a forma de desenvolvimento de forças axiais máximas nos grampos é
semelhante para as diversas fases de escavação. Os resultados indicam que os grampos
mais próximos à superfície contribuem menos que os inferiores na contenção do solo. As
forças axiais máximas desenvolvidas nos grampos inferiores (grampos 4, 5 e 6) são
pequenas inicialmente, porém crescem rapidamente nas escavações subseqüentes,
- 58 -

contribuindo significativamente na estabilidade. Resultados similares foram encontrados


por Shiu e outros (1997).

δh (%H)
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
0,0

-1,5 L/H = 1,00 - x=0,00m

-3,0
L/H = 0,80 - x=0,00m
-4,5

-6,0
L/H = 0,67 - x=0,00m
-7,5
Profundidade (m)

-9,0 L/H = 0,57 - x=0,00m

-10,5

-12,0 L/H = 1,00 - x=1,75m

-13,5
L/H = 0,80 - x=1,75m
-15,0

-16,5
L/H = 0,67 - x=1,75m
-18,0

-19,5 L/H = 0,57 - x=1,75m

-21,0
Figura 4.1 - Deslocamento horizontal da face da escavação (%H) em duas verticais
diferentes (x=0 e x=1,75m).

fy (%)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1
L/H = 1,00
Grampo (número)

L/H = 0,80
2 L/H = 0,67
L/H = 0,57
3
4
5
6
7
Nota:
fy: Razão entre força axial máxima no grampo e força de escoamento do aço (Fmax / Fescoamento).
Figura 4.2 - Forças axiais máximas nos grampos em função do aumento das
escavações.
- 59 -

A Figura 4.3 indica a posição das forças axiais máximas em cada grampo em
função do aumento das escavações. Para um mesmo grampo, a localização da força
axial máxima tende a se afastar da parede a cada acréscimo de escavação.

Distancia da parede (m)


-6 -5 -4 -3 -2 -1 0

-0,5

Profundidade de escavação (m)


G1 -1,5
-2,5
G2
-3,5
G3
-4,5
G4 -5,5
-6,5
G5
-7,5
G6
-8,5
G7 -9,5
-10,5
H = 6,0 m H = 7,5 m H = 9,0 m H = 10,5 m

Figura 4.3 – Localização dos pontos de força axial máxima nos grampos em
função da profundidade de escavação.

4.2 – Simulações paramétricas.

Pretende-se nesta seção determinar os parâmetros de projeto mais importantes


no comportamento de escavações grampeadas.

4.2.1 - Parâmetros do solo.

4.2.1.1 - Módulo de Young.

Cabe ressaltar que neste trabalho variou-se o módulo de Young


independentemente do ângulo de atrito, apesar de que, na prática, estes parâmetros
sejam dependentes um do outro. Este estudo paramétrico tem como objetivo avaliar a
sensibilidade dos deslocamentos na massa de solo e de esforços nos grampos em
função da variação de um único parâmetro.

O módulo de Young (Esolo) é um parâmetro de projeto muito importante, pois atua


diretamente na magnitude dos deslocamentos. A Figura 4.4 e a Figura 4.5 mostram os
deslocamentos horizontais e verticais, respectivamente, para diferentes relações L/H e
módulos Esolo variando de 22,5MPa a 90,0MPa.
- 60 -

Como era de se prever, menores valores de Esolo resultam em maiores


deslocamentos. Para os casos analisados em que L/H variou de 1,00 a 0,67, os
deslocamentos horizontais foram inferiores a 0,30%H. Para L/H = 0,57, a simulação com
Esolo = 22,5 MPa apresentou deslocamento horizontal da ordem de 0,45%H, enquanto
que as duas outras simulações (45 e 90 MPa) forneceram valores inferiores a 0,30%H.
Diferentes autores recomendam o uso da técnica de solo grampeado para situações
limitadas por deslocamentos horizontais máximos até 0,50%H (Guillox e Schlosser, 1982,
Cartier e Gigan, 1983, Gassler e Gudehus, 1981, Shen et al., 1981; Plumelle, 1986;
Mitchell e Villet, 1987; e Juran e Elias, 1987 e1990).

Para relações de L/H entre 1,00 e 0,67 os deslocamentos verticais no topo são
positivos (Figura 4.5). Verificam-se elevações inferiores a 0,10%H quando L/H = 1,00.
Com o aumento da profundidade de escavação e conseqüente redução das relações L/H,
estas elevações diminuem até que a partir de L/H = 0,67, o topo da parede começa a
recalcar. A magnitude máxima de recalque (aproximadamente –0,15%H) ocorre para Esolo
= 22,5 MPa e a mínima da ordem de –0,05%H ocorre para Esolo = 90 MPa quando L/H é
igual a 0,57.

0,5
δh-topo (%H)

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
E = 22,5 MPa E = 45,0 MPa E = 90,0 MPa

Figura 4.4 - Influência de Esolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 61 -

0,2

δv-topo (%H)
0,1

0,0

-0,1

-0,2

-0,3
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
E = 22,5 MPa E = 45,0 MPa E = 90,0 MPa

Figura 4.5 - Influência de Esolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)
2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
E = 22,5 MPa E = 45,0 MPa E = 90,0 MPa E = 22,5 MPa E = 45,0 MPa E = 90,0 MPa
(a) (b)
Figura 4.6 - Influência de Esolo nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

A Figura 4.6 mostra a influência da variação do módulo Esolo no desenvolvimento


das forças axiais máximas nos grampos. Nesta figura estão apresentados somente os
resultados referentes a duas condições de L/H. Os resultados indicam que, quanto menor
o módulo de Young, maiores são as forças axiais máximas desenvolvidas nos grampos.
As forças axiais máximas são crescentes do grampo 1 ao 4 (L/H=0,67) e do grampo 1 ao
5 (L/H=0,57) e depois diminuem nos grampos inferiores.

4.2.1.2 - Coeficiente de Poisson.

Os valores adotados para o coeficiente de Poisson (0,15 a 0,35) geraram


resultados com variações pouco significativas nas curvas de deslocamentos horizontal
(Figura 4.7) e vertical (Figura 4.8) e de forças axiais máximas nos grampos (Figura 4.9).
- 62 -

0,5

δh-topo (%H)
0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
0,15 0,25 0,35

Figura 4.7 - Influência de νsolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

0,2
δv-topo (%H)

0,1

0,0

-0,1

-0,2

-0,3
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
0,15 0,25 0,35

Figura 4.8 - Influência de νsolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)

2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
0,15 0,25 0,35 0,15 0,25 0,35
(a) (b)
Figura 4.9 - Influência de νsolo nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

4.2.1.3 - Ângulo de atrito.

A variação dos valores do ângulo de atrito de solos gera resultados de


deslocamentos horizontais (Figura 4.10), verticais (Figura 4.11) e de forças axiais nos
- 63 -

grampos (Figura 4.12) bem distintos, mostrando ser este um parâmetro de grande
importância nas análises.

Como se poderia prever, quanto menor o valor de φsolo mais a estrutura se


deforma e maiores são as forças axiais desenvolvidas nos grampos.

Pode-se verificar que para ângulo de atrito do solo igual a 25o a estrutura se
mantém estável para relações de L/H > 0,80 (H=7,5m). Observa-se ainda que para
ângulo de atrito igual a 30o induz-se um grande acréscimo no valor de deslocamentos
horizontais e verticais quando se muda a relação de L/H = 0,67 (H = 9,0 m) para L/H =
0,57 (H = 10,5 m).

Pode-se considerar que φsolo = 25o é um valor baixo, não sendo recomendada a
aplicação da técnica de solo grampeado para solos com ângulo de atrito desta
magnitude.

Na Figura 4.12 pode-se observar que os grampos da simulação em que φsolo = 30o
apresentam mobilização de forças axiais maiores que para os outros valores de φsolo.
Para L/H = 0,57, por exemplo, os grampos 4, 5 e 6 apresentam valores de fy maiores que
40%. Para os demais valores de φsolo (entre 32o e 35o), as curvas dos deslocamentos
horizontais e verticais estão bem próximas até a profundidade de 9,0 m (ou seja, L/H =
0,67), conforme mostrado nas Figuras 4.10 e 4.11. No topo da escavação grampeada, os
deslocamentos horizontais variam de 17 mm (φsolo = 35o) até 139 mm (φsolo = 30o);
enquanto os deslocamentos verticais variam de –3 mm (φsolo = 35o) até –85 mm (φsolo =
30o) para L/H=0,57 (H=10,5m). A princípio, sugere-se a aplicação da técnica de
grampeamento para escavações em solos com ângulo de atrito superior a 30o, e com
geometria correspondente a L/H não inferior a 0,67, desde que se verifique a
estabilidade.

1,4
1,2
δh-topo (%H)

1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
25 graus 30 graus 32 graus 35 graus

Figura 4.10 - Influência de φsolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 64 -

0,2
0,0

δv-topo (%H)
-0,2
-0,4
-0,6
-0,8
-1,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
25 graus 30 graus 32 graus 35 graus

Figura 4.11 - Influência de φsolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)
2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
30 graus 32 graus 35 graus 30 graus 32 graus 35 graus
(a) (b)
Figura 4.12 - Influência de φsolo nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

4.2.1.4 - Coesão.

A variação dos valores de coesão gera resultados de deslocamentos horizontais


(Figura 4.13), verticais (Figura 4.14) e de geração de forças axiais máximas nos grampos
(Figura 4.15) bem distintos, mostrando ser um parâmetro de grande importância nas
análises.

Quanto menores os valores de csolo, maiores são as deformações no solo e


maiores são as forças axiais máximas desenvolvidas nos grampos.

Observa-se que um valor de csolo = 5 kPa induz um grande acréscimo no valor de


deslocamentos horizontais e verticais quando se reduz L/H de 0,80 (ou seja, H = 7,5 m)
para 0,67 (H = 9,0 m). A simulação para H igual a 10,5 m (ou seja, L/H = 0,57) indica
ruptura total da escavação. Pode-se considerar que uma coesão de 5 kPa é baixa para a
aplicação de grampeamento, pois gera deslocamentos exagerados (maiores que 0,5%H)
quando L/H = 0,67. Na Figura 4.15a pode-se observar que os grampos desta simulação
apresentam mobilização de força axial muito superior à encontrada para maiores valores
- 65 -

de csolo. Considerando-se a curva relativa a csolo = 5 kPa, observa-se que fy =29% no


primeiro grampo, passando por um valor máximo (fy = 41%) no grampo 4, e reduzindo-se
para 19% no último grampo (grampo 6).

Para os demais valores de csolo (10 e 20 kPa), os valores de deslocamentos


horizontais e verticais encontrados até a profundidade de 9,0 m (ou seja, L/H = 0,67) são
similares, assim como os valores de fy. Para L/H = 0,57, são observados acréscimos
mais significativos de deslocamento e força axial. Sugere-se, então, a aplicação da
técnica do grampeamento para solos com valores de csolo superiores a 10 kPa e
geometria de escavação com L/H não inferiores a 0,67.

0,8
δh-topo (%H)

0,6

0,4

0,2

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
5 kPa 10 kPa 20 kPa

Figura 4.13 - Influência de csolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

0,2
δv-topo (%H)

0,0

-0,2

-0,4

-0,6

-0,8
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
5 kPa 10 kPa 20 kPa

Figura 4.14 - Influência de csolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 66 -

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)
2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
5 kPa 10 kPa 20 kPa 10 kPa 20 kPa
(a) (b)
Figura 4.15 - Influência de csolo nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

4.2.1.5 – Ângulo de dilatância.

Os valores adotados para o ângulo de dilatância (0 a 15 graus) geraram


resultados com variações pouco significativas nas curvas de deslocamentos horizontal
(Figura 4.16) e vertical (Figura 4.17) e de forças axiais máximas nos grampos (Figura
4.18) para relações de L/H entre 1,00 e 0,67.

0,5
δh-topo (%H)

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
0,0 graus 7,5 graus 15,0 graus
Figura 4.16 - Influência de ψsolo nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

0,2
δv-topo (%H)

0,1

0,0

-0,1

-0,2

-0,3
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
0,0 graus 7,5 graus 15,0 graus

Figura 4.17 - Influência de ψsolo nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 67 -

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)
2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
0,0 graus 7,5 graus 15,0 graus 0,0 graus 7,5 graus 15,0 graus
(a) (b)
Figura 4.18 - Influência de ψsolo nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

4.2.2 - Parâmetros físicos dos grampos.

4.2.2.1 - Comprimento do grampo.

Observa-se na Figura 4.19a e na Figura 4.20a que, grampos com comprimentos


entre 6 e 12m apresentam curvas de deslocamentos horizontais e verticais muito
próximas, para escavações com profundidades até 9,0 m. Para 10,5 m de profundidade,
as diferenças nos deslocamentos se acentuam um pouco: os deslocamentos horizontais
no topo são de 14 mm para L = 12 m e de 26 mm para L = 6 m; os deslocamentos
verticais no topo são de -4 mm para L = 12 m, e de -9 mm para L = 6 m. Observa-se que,
quando L/H = 0,40, o grampo de L = 3 m só atinge 7,5 m de profundidade.

Quanto maior for o comprimento do grampo, menores são os deslocamentos


horizontal e vertical (recalque) obtidos para uma mesma profundidade de escavação
(Figura 4.19a e Figura 4.20a). Nota-se também que quanto maior for o comprimento L
dos grampos, maiores são os deslocamentos horizontal e vertical (recalque) obtidos para
uma mesma relação L/H (Figura 4.19b e Figura 4.20b), porque estão associados a
maiores profundidades de escavação.
- 68 -

0,8 0,8
0,7 0,7

δh-topo (%H)

δ h-topo (%H)
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0,0 0,0
6,0 7,5 9,0 10,5 2,1 1,8 1,5 1,2 0,9 0,6 0,3
H (m) L/H
L=3m L=6m L=9m L = 12 m L=3m L=6m L=9m L = 12 m

(a) (b)
Figura 4.19 - Influência de L nos resultados de δh-topo.

0,2 0,2
δv-topo (%H)

δ v-topo (%H)
0,1 0,1

0,0 0,0

-0,1 -0,1

-0,2 -0,2

-0,3 -0,3
6,0 7,5 9,0 10,5 2,1 1,8 1,5 1,2 0,9 0,6 0,3
H (m) L/H
L=3m L=6m L=9m L = 12 m L=3m L=6m L=9m L = 12 m

(a) (b)
Figura 4.20 - Influência de L nos resultados de δv-topo.

fy (%) para H = 9,0 m fy (%) para H = 10,5 m


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)
Grampo (número)

2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
6m 9m 12 m 6m 9m 12 m
(a) (b)
Figura 4.21 - Influência de L nos resultados de forças axiais máximas nos grampos
(fy = Fmax / Fescoamento) para H = 9,0 e 10,5m.

Até a profundidade de 9,0m, as forças axiais desenvolvidas nos grampos de


comprimentos entre 6 e 12 m são muito próximas (Figura 4.21a).

4.2.2.2 - Diâmetro da barra de aço.

O valor do diâmetro das barras de aço não é significativo nos resultados de


deslocamentos vertical e horizontal no topo (Figura 4.22 e Figura 4.23). Estas figuras
revelam curvas praticamente superpostas. No caso das forças axiais máximas
- 69 -

desenvolvidas nos grampos, o comportamento é bem distinto. À medida que o φaço


diminui, maiores forças axiais máximas nos grampos são mobilizadas (Figura 4.24).

As análises sugerem a utilização de φaço superior a 20 mm para aplicações de


grampeamento em escavações com L/H não inferiores a 0,67.

δh-topo (%H) 0,5

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
20 mm 25 mm 32 mm

Figura 4.22 - Influência de φaço nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

0,2
δv-topo (%H)

0,1

0,0

-0,1

-0,2

-0,3
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
20 mm 25 mm 32 mm

Figura 4.23 - Influência de φaço nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)

2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
20 mm 25 mm 32 mm 20 mm 25 mm 32 mm
(a) (b)
Figura 4.24 - Influência de φaço nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.
- 70 -

4.2.2.3 - Diâmetro do furo.

Observa-se na Figura 4.25 e na Figura 4.26 que o aumento do diâmetro do furo


de 75 mm para 200 mm gera curvas de deslocamentos horizontais e verticais muito
próximas para profundidades de até 9,0 m (L/H = 0,67). Para H igual a 10,5 m (L/H =
0,57) as diferenças nos deslocamentos se acentuam um pouco: os deslocamentos
horizontais no topo são de 18 mm para φfuro = 200 mm, de 22 mm para φfuro = 100 mm, e
de 26 mm para φfuro = 75 mm; os deslocamentos verticais no topo são de -3 mm para φfuro
= 200 mm, de -6 mm para φfuro = 100 mm, e de -9 mm para φfuro = 75 mm. Quanto maiores
são os diâmetros dos furos menores são os deslocamentos horizontais e verticais
(recalques) obtidos para uma mesma profundidade de escavação.

0,5
δh-topo (%H)

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
75 mm 100 mm 200 mm

Figura 4.25 - Influência de φfuro nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

0,2
δv-topo (%H)

0,1

0,0

-0,1

-0,2

-0,3
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
75 mm 100 mm 200 mm

Figura 4.26 - Influência de φfuro nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 71 -

Observa-se na Figura 4.27 que a variação do valor do diâmetro do furo de 75 mm


para 200 mm geram curvas de fy muito próximas.

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)
2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
75 mm 100 mm 200 mm 75 mm 100 mm 200 mm
(a) (b)
Figura 4.27 - Influência de φfuro nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

4.2.2.4 - Resistência ao arrancamento do grampo.

Observa-se na Figura 4.28 e na Figura 4.29 que qs de 150 kPa e 225 kPa geram
curvas de deslocamentos horizontal e vertical muito próximas para profundidades de até
9,0 m (L/H = 0,67). Para qs igual a 75 kPa são encontrados valores de deslocamentos
semelhantes aos de 150 e de 225 kPa até a profundidade de 7,5m; para a relação de L/H
igual a 0,67 a simulação com qs = 75 kPa gera deslocamento horizontal máximo de 57
mm e recalque de 34 mm e para de L/H menores que esse indica-se ruptura. Os
resultados indicam que quanto maiores são os valores de qs menores são os
deslocamentos horizontais e verticais (recalques) obtidos para uma mesma profundidade
de escavação.

0,7
0,6
δh-topo (%H)

0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
75 kPa 150 kPa 225 kPa

Figura 4.28 - Influência de qs nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 72 -

0,2
0,1

δv-topo (%H)
0,0
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
75 kPa 150 kPa 225 kPa

Figura 4.29 - Influência de qs nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)
2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
75 kPa 150 kPa 225 kPa 150 kPa 225 kPa
(a) (b)
Figura 4.30 - Influência de qs nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

Na Figura 4.30a verifica-se que as forma da curva de desenvolvimento de forças


axiais máximas nos grampos para qs igual a 75 kPa é bem diferente do encontrado para
qs iguais a 150 e 225 kPa, em que os grampos de números 2 a 5 apresentam valores de
fy de aproximadamente 20%. Sugere-se que valores de qs próximos a 75 kPa sejam
utilizados para relações de L/H maiores ou iguais a 0,80.

As análises indicam que a resistência ao cisalhamento solo-grampo (qs) é também


um parâmetro importante, particularmente nos casos com grampos de comprimento
inferior a 80% da profundidade de escavação (ou seja, L/H < 0,80).

Recomenda-se que o valor de qs seja determinado sempre a partir de ensaios de


arrancamento no campo, pois desta forma pode-se verificar a qualidade do trabalho, e
aumentar o banco de dados com informações sobre a mobilização da resistência no
contato solo-grampo para diferentes tipos de solos e grampos.

4.2.2.5 - Sfriction.

A resistência no contato solo-grampo é indicada pelo gráfico de força axial


normalizada em função do comprimento do grampo (Fsmax / L) vs esforço normal (função
- 73 -

da tensão efetiva vertical multiplicado pelo perímetro exposto do grampo), apresentado


na Figura 3.2a. A equação que descreve relação é a (A1.1), onde Sbond representa uma
“coesão” referente ao contato solo-grampo; p’ a tensão normal efetiva média; Sfriction o
parâmetro de atrito no contato solo-grampo.

Os valores adotados para o Sfriction (0; 16o igual a φsolo/2; e 32o igual a φsolo)
geraram resultados com variações pouco significativas nas curvas de deslocamentos
horizontal (Figura 4.31) e vertical (Figura 4.32) e de forças axiais máximas nos grampos
(Figura 4.33).

0,5
δh-topo (%H)

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
0 graus 16 graus 32 graus

Figura 4.31 - Influência de Sfriction nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

0,2
δv-topo (%H)

0,1

0,0

-0,1

-0,2

-0,3
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
0 graus 16 graus 32 graus

Figura 4.32 - Influência de Sfriction nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 74 -

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)
2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
0 graus 16 graus 32 graus (a) 0 graus 16 graus 32 graus (b)
Figura 4.33 - Influência de Sfriction nos resultados de forças axiais máximas nos grampos
(fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

4.2.3 - Influência da mudança dos parâmetros geométricos da


estrutura.

4.2.3.1 - Espaçamento vertical e horizontal entre grampos.

Bruce e Jewell (1986) observaram que a utilização de espaçamentos superiores a


25% do comprimento do grampo reduzem rapidamente a confiabilidade e a eficiência do
reforço no solo, o que pode ser verificado na Figura 4.34 e na Figura 4.35, em que os
grampos espaçados de 2,0 m (33%L) só suportam deslocamentos até a relação de L/H
igual 0,67 e que espaçamentos entre grampos de 2,5 m (42%L) só são estáveis até 7,5 m
de profundidade (L/H =0,80). Com base nessas informações, sugere-se que não sejam
adotados espaçamentos entre grampos maiores que 2,0m e se utilizem relações de L/H
maiores que 0,67.

0,5
δh-topo (%H)

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
1,5 m 2,0 m 2,5 m

Figura 4.34 - Influência de Sh = Sv nos valores de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 75 -

0,2

δv-topo (%H)
0,1

0,0

-0,1

-0,2

-0,3
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
1,5 m 2,0 m 2,5 m

Figura 4.35 - Influência de Sh = Sv nos valores de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

A Figura 4.36 mostra o desenvolvimento das forças axiais máximas nos grampos
para as relações de L/H entre 1,00 e 0,57.

fy (%) para L/H = 1,00 fy (%) para L/H = 0,80


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0 0
Grampo (número)

Grampo (número)

-2 -2
-4 -4
-6 -6
-8 -8
-10 -10
1,5 m 2,0 m 2,5 m 1,5 m 2,0 m 2,5 m
(a) (b)
fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
0 0
Grampo (número)

Grampo (número)

-2 -2
-4 -4
-6 -6
-8 -8
-10 -10
1,5 m 2,0 m 1,5 m
(c) (d)
Figura 4.36 - Influência de Sh = Sv nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 76 -

4.2.3.2 - Inclinação dos grampos.

Observa-se na Figura 4.37 e na Figura 4.38 que a variação da inclinação do


grampo com a horizontal de 0 até 15 graus gera curvas de deslocamentos horizontais e
verticais muito próximas para profundidades de até 9,0 m (L/H = 0,67); porém para α
igual a 30 graus são encontrados valores de deslocamentos muito maiores quando H =
9,0m. Para a relação de L/H igual a 0,57 a simulação com α igual a 30 graus é rompida.
Os resultados indicam que quanto menores são os valores de α menores são os
deslocamentos horizontais e verticais (recalques) obtidos para uma mesma profundidade
de escavação.

Os resultados mostram que não há diferenças significativas nos deslocamentos


do maciço reforçado para α ≤ 10o. Estes resultados são particularmente interessantes do
ponto de vista de execução, pois inclinações da ordem de 10o facilitam os procedimentos
de injeção de calda de cimento no campo.

0,5
δh-topo (%H)

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
0 graus 10 graus 15 graus 30 graus

Figura 4.37 - Influência de α nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

0,2
δv-topo (%H)

0,1

0,0

-0,1

-0,2

-0,3
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
0 graus 10 graus 15 graus 30 graus

Figura 4.38 - Influência de α nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 77 -

Na Figura 4.39 observa-se que maiores forças axiais são desenvolvidas nos
grampos quanto maiores forem as inclinações dos mesmos em relação a horizontal.

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número)
2 2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
0 graus 10 graus 15 graus 30 graus 0 graus 10 graus 15 graus
(a) (b)
Figura 4.39 - Influência de α nos resultados de forças axiais máximas nos grampos
(fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

4.2.4 - Influência da mudança da espessura da viga de concreto


da parede.

Na Figura 4.40 e na Figura 4.41 observam-se que a ausência da parede permite


escavações até 9,0 m de profundidade com deslocamentos menores que o limite de
0,5%H e que os deslocamentos obtidos são bem maiores que os desenvolvidos quando
há parede. Para espessuras de parede iguais a 10 e 20 cm encontram-se praticamente
curvas sobrepostas de deslocamentos horizontais e verticais Na Figura 4.42 observa-se
que espessuras de parede iguais a 10 e 20 cm desenvolvem praticamente as mesmas
forças axiais máximas nos grampos e que a ausência da parede aumenta
significativamente os valores de fy desenvolvidos.

0,5
δh-topo (%H)

0,4

0,3

0,2

0,1

0,0
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
sem parede 10 cm 20 cm

Figura 4.40 - Influência de hparede nos resultados de δh-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.
- 78 -

0,2

δv-topo (%H)
0,1

0,0

-0,1

-0,2

-0,3
1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50
L/H
sem parede 10 cm 20 cm

Figura 4.41 - Influência de hparede nos resultados de δv-topo para L/H entre 1,00 e 0,57.

fy (%) para L/H = 0,67 fy (%) para L/H = 0,57


0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
1 1
Grampo (número)

Grampo (número) 2
2
3
3
4
4
5
5 6
6 7
sem parede 10 cm 20 cm 10 cm 20 cm
(a) (b)
Figura 4.42 - Influência de hparede nos resultados de forças axiais máximas nos
grampos (fy = Fmax / Fescoamento) para L/H iguais a 0,67 e 0,57.

O parâmetro espessura da parede é de pouca importância nas análises de


deformabilidade de estruturas grampeadas, porém, para que deslocamentos indesejáveis
não ocorram em paramentos verticais sugere-se sempre a construção da parede.
- 79 -

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA


NOVAS PESQUISAS.

O presente trabalho objetiva avaliar a influência dos diversos parâmetros de


projeto na deformabilidade de escavações grampeadas, de modo a se estabelecer os
mais relevantes. As análises realizadas permitem a colocação das conclusões abaixo
sumarizadas:

i. Os deslocamentos horizontais para uma distância da parede de 1,75m


aumentam suavemente em direção à superfície do terreno, onde são
encontrados os maiores acréscimos de deslocamentos horizontais. Na
vertical ao longo da parede da escavação (x=0) os deslocamentos
horizontais são da mesma ordem de magnitude dos registrados com
exceção da região próxima ao fundo da escavação. Nesta região os
deslocamentos tendem a ser maiores, em face de uma maior
concentração de tensões cisalhantes. Os deslocamentos abaixo da
superfície do terreno possuem formas diferentes, porém, a magnitude dos
deslocamentos no topo (y = 0) é a mesma, comparando-se as mesmas
relações de L/H.

ii. A forma de desenvolvimento de forças axiais máximas nos grampos é


semelhante para as diversas fases de escavação. Os resultados indicam
que os grampos mais próximos à superfície contribuem menos que os
inferiores na contenção do solo. As forças axiais máximas desenvolvidas
nos grampos inferiores são pequenas inicialmente, porém crescem
rapidamente nas escavações subseqüentes, contribuindo
significativamente na estabilidade.

iii. A localização dos pontos das forças axiais máximas em cada grampo em
função do aumento das escavações tende a se afastar da parede a cada
acréscimo de escavação.

iv. O módulo de Young (Esolo) é um parâmetro de projeto muito importante,


pois atua diretamente na magnitude dos deslocamentos. Para todos os
casos analisados os deslocamentos horizontais máximos foram inferiores
a 0,50%H.

v. Os valores adotados para o coeficiente de Poisson (0,15 a 0,35) geraram


resultados com variações pouco significativas nas curvas de
- 80 -

deslocamentos horizontal e vertical e de forças axiais máximas nos


grampos.

vi. A variação dos valores do ângulo de atrito gera resultados de


deslocamentos horizontais, verticais e de forças axiais nos grampos bem
distintos, mostrando ser este um parâmetro de grande importância nas
análises. Quanto menor o valor de φsolo ,mais a estrutura se deforma e
maiores são as forças axiais desenvolvidas nos grampos. A princípio,
sugere-se a aplicação da técnica de grampeamento para escavações em
solos com ângulo de atrito superior a 30o e com geometria correspondente
a L/H não inferior a 0,67, desde que se verifique a estabilidade.

vii. A variação dos valores de coesão gera resultados de deslocamentos


horizontais, verticais e de geração de forças axiais máximas nos grampos
bem distintos, mostrando ser um parâmetro de grande importância nas
análises. Quanto menores os valores de csolo, maiores são as deformações
no solo e maiores são as forças axiais máximas desenvolvidas nos
grampos. Sugere-se a aplicação da técnica do grampeamento para solos
com valores de csolo superiores a 10 kPa e geometria de escavação com
L/H não inferiores a 0,67.

viii. Grampos com comprimentos entre 6 e 12m apresentam curvas de


deslocamentos horizontais e verticais muito próximas, para escavações
com profundidades até 9,0 m. Para 10,5 m de profundidade, as diferenças
nos deslocamentos se acentuam um pouco. Quanto maior for o
comprimento do grampo, menores são os deslocamentos horizontal e
vertical (recalque) obtidos para uma mesma profundidade de escavação.
Nota-se também que quanto maior for o comprimento L dos grampos,
maiores são os deslocamentos horizontal e vertical (recalque) obtidos para
uma mesma relação L/H.

ix. O valor do diâmetro das barras não é significativo nos resultados de


deslocamentos vertical e horizontal no topo, gerando curvas praticamente
superpostas. No caso das forças axiais máximas desenvolvidas nos
grampos, o comportamento é bem distinto. À medida que o φaço diminui,
maiores forças axiais desenvolvem-se nos grampos. As análises sugerem
a utilização de φaço superior a 20 mm para aplicações de grampeamento
em escavações com L/H não inferiores a 0,67.

x. O aumento do diâmetro do furo de 75 mm para 200 mm gera curvas de


deslocamentos horizontais e verticais muito próximas para profundidades
- 81 -

de até 9,0 m (L/H = 0,67). Para H igual a 10,5 m (L/H = 0,57) as diferenças
nos deslocamentos se acentuam um pouco. Quanto maiores são os
diâmetros dos furos menores são os deslocamentos horizontais e verticais
(recalques) obtidos para uma mesma profundidade de escavação. A
variação do valor do diâmetro do furo de 75 mm para 200 mm gera curvas
de fy muito próximas.

xi. Os valores adotados para o Sfriction (0; φsolo/2; e φsolo) geraram resultados
com variações pouco significativas nas curvas de deslocamentos
horizontal, vertical e de forças axiais máximas nos grampos.

xii. Valores de qs 150 kPa e 225 kPa geram curvas de deslocamentos


horizontal e vertical muito próximas para profundidades de até 9,0 m (L/H =
0,67), porém para qs igual a 75 kPa são encontrados valores de
deslocamentos muito maiores. Para a relação de L/H igual a 0,57 a
simulação com qs = 75 kPa é rompida. Os resultados indicam que quanto
maiores são os valores de qs menores são os deslocamentos horizontais e
verticais (recalques) obtidos para uma mesma profundidade de escavação.
Sugere-se que valores de qs próximos a 75 kPa sejam utilizados para
relações de L/H maiores ou iguais a 0,80.

xiii. As análises indicam que a resistência ao cisalhamento solo-grampo (qs) é


também um parâmetro importante, particularmente nos casos com
grampos de comprimento inferior a 80% da profundidade de escavação
(ou seja, L/H < 0,80). Recomenda-se que o valor de qs seja determinado
sempre a partir de ensaios de arrancamento no campo, pois desta forma
pode-se verificar a qualidade do trabalho, e aumentar o banco de dados
com informações sobre a mobilização da resistência no contato solo-
grampo para diferentes tipos de solos e grampos.

xiv. Os grampos espaçados de 2,0 m (33%L) só suportam deslocamentos até


a relação de L/H igual 0,67 e espaçamentos entre grampos de 2,5 m
(42%L) só são estáveis até 7,5 m de profundidade (L/H =0,80). Com base
nessas informações, sugere-se que não sejam adotados espaçamentos
entre grampos maiores que 2,0m e se utilizem relações de L/H maiores
que 0,67, para simulações em se utilizem valores de parâmetros da
mesma ordem de magnitude dos adotados nas simulações do presente
trabalho.

xv. Os resultados indicam que quanto menores são os valores de α menores


são os deslocamentos horizontais e verticais (recalques) obtidos para uma
mesma profundidade de escavação. Observa-se ainda, que não há
- 82 -

diferenças significativas nos deslocamentos do maciço reforçado para α ≤


10o, para relações de L/H > 0,67. Estes resultados são particularmente
interessantes do ponto de vista de execução, pois inclinações da ordem de
10o facilitam os procedimentos de injeção de calda de cimento no campo.

xvi. Maiores forças axiais são desenvolvidas nos grampos quanto maiores
forem as inclinações dos mesmos em relação a horizontal.

xvii. A ausência da parede permite escavações até 9,0 m de profundidade com


deslocamentos menores que o limite de 0,5%H (recomendação limite de
deslocamentos para a técnica) e gera deslocamentos bem maiores que os
desenvolvidos quando há parede. Estas conclusões são válidas para as
simulações do presente trabalho.

xviii. Para espessuras de parede iguais a 10 e 20 cm encontram-se


praticamente curvas sobrepostas de deslocamentos horizontais e verticais,
indicando que o parâmetro é de pouca importância nas análises de
deformabilidade de estruturas grampeadas.

xix. Espessuras de parede iguais a 10 e 20 cm desenvolvem praticamente as


mesmas forças axiais máximas nos grampos e a ausência da parede
aumenta significativamente os valores de fy desenvolvidos.

Como sugestão para trabalhos futuros, propõe-se:

i. a criação de ábacos de dimensionamento que relacionem a


deformabilidade de escavações grampeadas com os parâmetros mais
relevantes (Esolo, φsolo, csolo, L, φaço, φfuro, qs e Sh), para as várias situações
possíveis de projeto;

ii. correlacionar deformabilidade e fator de segurança de escavações


grampeadas;

iii. verificar o efeito da inclinação da face da escavação na redução da


deformabilidade e no aumento do fator de segurança;

iv. verificar o efeito do embutimento da parede de concreto, abaixo do nível


de escavação, na redução da deformabilidade e no aumento do fator de
segurança;

v. estudar a deformabilidade de escavações grampeadas em encostas ou


taludes pré-existentes;
- 83 -

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- 89 -

ANEXO 1: MODELO ELASTO-PLÁSTICO DE MOHR-


COULOMB.

Algumas das principais características do modelo elasto-plástico de Mohr-


Coulomb são apresentadas por Desai & Siriwardane (1984) e Itasca (1996) e estão
descritas a seguir:

i. [τ = c + σ tanφ] é a equação da reta que descreve a envoltória de resistência do


critério elasto-plástico de Mohr-Coulomb: (σ) e (τ) são respectivamente a tensão
normal e a tensão cisalhante atuantes no plano de ruptura, no instante da ruptura;
(c) é a coesão do solo, ou seja, o intercepto da envoltória com o eixo τ; e φ é o
ângulo de atrito, ou seja, o ângulo de inclinação da envoltória. O modelo, portanto,
é definido com base em dois parâmetros fundamentais do solo: a coesão e o
ângulo de atrito que são determinados experimentalmente nas condições de
ruptura do material. Estes parâmetros são uns dos mais usualmente determinados
na engenhara geotécnica.

ii. O critério é independente da tensão intermediária (σ2), ou seja, a resistência do


solo é somente função das tensões principais maior (σ1) e menor (σ3).

iii. O modelo pode apresentar comportamento desigual de tração e compressão: a


resistência ao cisalhamento na compressão pode ser maior que na tração.

iv. Estados de tensões correspondentes a pontos localizados abaixo da envoltória de


ruptura comportam-se de forma elástica. Estados de tensões correspondentes a
pontos localizados sobre a envoltória de ruptura deformam-se plasticamente,
considerando-se ruptura e escoamento coincidentes. Estados de tensões
correspondentes a pontos localizados acima da envoltória de ruptura são
inexistentes, ou seja, não se aplica o critério de Mohr-Coulomb. O critério permite,
portanto, considerar as parcelas de deformações de origens elástica e plástica.

Na implementação deste modelo no FLAC, as tensões principais, σ1 (tensão


principal maior), σ2 (tensão principal intermediária)e σ3 (tensão principal menor) são
usadas. Avaliadas as tensões principais e as direções principais dos componentes do
tensor de tensões, estas são ordenadas de forma que as tensões de compressão sejam
negativas, desta forma

(A1.1)
- 90 -

Os incrementos principais de deformação ∆el, ∆e2, ∆e3 são decompostos em uma


parcela elástica e outra plástica

(A1.2)
onde o sobrescrito (e) e (p) se referem as partes elástica e plástica,
respectivamente, e o componente plástico só é não-nulo durante o fluxo plástico. A
expressão incremental da lei de Hooke em termos das tensões principais e deformações
principais tem a forma

(A1.3)

onde e

Sendo (K) o módulo de deformação volumétrica e (G) o módulo de deformação


cisalhante.

Com a convenção de ordenação (A1.1), o critério de ruptura pode ser


representado no plano (σ1, σ3) como ilustrado na Figura A1.1.

Figura A1.1 - Critério de ruptura do modelo de Mohr-Coulomb usado no Flac.

A envoltória de ruptura é definida de ponto (A) até um ponto (B) pela função de
resistência de Mohr-coulomb

(A1.4)

e de (B) para (C) por uma função de resistência à tração na forma

(A1.5)
- 91 -

onde (φ) é o ângulo de atrito, c, a coesão, σt, a resistência à tração e

(A1.6)

Note que somente as tensões principais maior (σ1) e menor (σ3) são ativas na
formulação da resistência ao cisalhamento; a tensão principal intermediária (σ2) não tem
nenhum efeito. Para um material com atrito, φ ≠ 0, a resistência à tração do material não
pode exceder o valor σtmax dado por

(A1.7)

A função potencial de cisalhamento gs corresponde a uma lei de fluxo não-


associada e tem a forma

(A1.8)

onde ψ é o ângulo de dilatância do solo

(A1.9)

A lei de fluxo associada para ruptura à tração é derivada da função potencial de


tração gt, que é dada por

(A1.10)

A função h(σ1,σ3) = 0 é definida, representando a diagonal entre a representação


de fS = 0 e ft = 0 no plano (σ1,σ3) (veja Figura A1.2). Esta função tem a seguinte forma

(A1.11)

onde um αP e σP são constantes definidas como

(A1.12)

(A1.13)

Uma suposição elástica que viola o critério de ruptura é representada por um


ponto no plano (σ1,σ3) localizado também no domínio 1 ou 2, e corresponde a domínios
negativos ou positivos de h = 0, respectivamente. Se estiver no domínio 1, a ruptura por
cisalhamento é declarada, e o ponto de tensão é trazido à curva fS = 0 usando a lei de
fluxo derivada utilizando-se da função potencial plástica gs. Se estiver no domínio 2,
acontece ruptura por tração, e o ponto de tensão é trazido a ft = 0 utilizando a lei de fluxo
derivada através de gt (função potencial de tração).
- 92 -

Note que, ordenando as tensões como em (A1.1), o caso de uma envoltória de


cisalhamentor-cisalhamento é automaticamente tida como uma variação desta técnica. A
técnica, aplicável para incrementos de deformações pequenos é simples de se
implementar: a cada passo, só uma lei de fluxo e a correspondente tensão corrigida é
envolvida no caso de fluxo plástico. Em particular, quando um ponto de tensão segue
uma envoltória, recebe correções de tensões que se alternam entre os dois critérios.
Neste processo, os dois critérios de resistência são cumpridos a uma precisão que
depende da magnitude do incremento de deformação.

Figura A1.2 - Modelo de Mohr-Coulomb: domínios usados na definição da lei de


fluxo.

Para introduzir as correções plásticas, primeiro considera-se ruptura por


cisalhamento. A lei de fluxo, então, assume a seguinte forma

(A1.14)

onde λs é um parâmetro de magnitude ainda desconhecida. O parâmetro λs é um


multiplicador escalar não negativo cuja magnitude deve ser conhecida e depende da
história de carregamentos. Usando a expressão (A1.8) para gs, estas equações se
tornam, depois de diferenciação parcial:

(A1.15)
- 93 -

Os incrementos de deformação elástica podem ser expressados a partir da


equação (A1.2) como incremento total menos o incremento plástico (∆ee = ∆e – ∆ep).
Usando a lei de fluxo (A1.15) acima e as leis elásticas expostas em (A1.3) tem-se

(A1.16)

Os estados de tensão novos e antigos são referidos pelos sobrescritos N (new =


novo) e O (old = antigo), respectivamente. Então, por definição, tem-se

(A1.17)

Substituindo nestas equações as expressões (A1.16) para ∆σi, i = 1, 3 pode-se


escrever

(A1.18)

onde o sobrescrito (I) é usado para representar a suposição elástica obtida


somando as tensões antigas, os incrementos elásticos computados usando os
incrementos de deformações totais, isto é,

(A1.19)

O parâmetro que λs pode ser determinado admitindo-se que o estado de tensões


corrigido (σ1N, σ3N) se localiza na superfície de plastificação fs. A substituição de σ1N e σ3N
para σ1 e σ3 em fS = 0 fornecem, depois de algumas manipulações (veja (A1.18) e
(A1.4)):

(A1.20)

No caso de ruptura por tração, a lei de fluxo tem a seguinte forma

(A1.21)

onde a magnitude do parâmetro que λt ainda não é definida e pode ser


determinada através de procedimento similar ao empregado para achar o valor do
parâmetro λs. Usando a expressão (A1.10) para gt, esta expressão fornece, depois de
diferenciação parcial, os seguintes incrementos de deformação plástica:
- 94 -

(A1.22)

Analogamente ao procedimento de cálculo das deformações plásticas, obtem-se

(A1.23)

e λt pode ser expresso como:

(A1.24)

Procedimento de implementação: Na implementação do modelo de Mohr-


Coulomb no FLAC, uma suposição elástica σIij, é primeiramente computada pela soma
dos componentes de tensão antigos, incrementos calculados pela aplicação da lei de
Hooke para o incremento de deformação total no passo.

As tensões principais σI1, σI2, σI3, e as correspondentes direções principais são


calculadas e ordenadas. Se estas tensões violam o critério de resistência composto, uma
correção deve ser aplicada à suposição elástica para fornecer o novo estado de tensão.
Nesta situação tem-se que tanto h (σI1, σI3) ≤ 0 ou h (σI1, σI3) > 0, veja (A1.11). No
primeiro caso, a ruptura cisalhamento é declarada. Novas tensões são avaliadas a partir
das equações (A1.18) usando a expressão (A1.20) para λs. No segundo caso, a ruptura
por tração é considerada e tensões novas são calculadas a partir de (A1.23) usando
(A1.24). Os componentes do tensor de tensões no sistema dos eixos de referência são
calculados a partir dos valores principais assumindo que as direções principais não foram
afetadas pela ocorrência de uma correção plástica.

No FLAC, o valor padrão para a resistência à tração é zero se o atrito é nulo, ou


pode ser igual a σtmax [equação (A1.7)]. Este último valor também é retido no código se o
valor atribuído à resistência à tração excede σtmax. Se o valor computado de σ3 excede σt
em uma zona, a resistência à tração é fixada como nula para aquela zona. Isto simula
amolecimento instantâneo à tração.

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