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DIONYSIO
Simulação Numérica de Ensaios de
Arrancamento de Grampos [Rio de Janeiro] 2007
XXII, 241 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Civil, 2007)
Dissertação - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Ensaio de Arrancamento de Grampos
2. Simulações Numéricas
3. Método dos Elementos Finitos
I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )
ii
Aos meus pais e maiores incentivadores,
Dinorá e Paulo Roberto.
iii
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais por sempre acreditarem em meus sonhos, pelo constante incentivo, amor
e cumplicidade.
Aos Professores Sérgio Fontoura, Cláudio Mahler e Ana Sieira, pela aceitação em
compor a banca examinadora.
Aos amigos do mestrado por esse período de convivência, em especial Anselmo Borba e
Roberta Amorim.
iv
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M. Sc.)
Setembro/2007
v
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Sciences (M. Sc.)
September/2007
The nail´s pullout strength parameter qs is of great relevance for the design of
nailed structures. This dissertation presents a review of several cases gathered from the
literature, aiming at a better understanding of the subject. Numerical simulations were
made for predicting the behavior of nails in pullout tests and for allowing a comparison
with load - displacement results in gneissic residual soil, reported by PROTO SILVA
(2005) and SPRINGER (2006). The PLAXIS 2D v.8.2 software was used for these
nail’s pullout simulations. The analysis indicated a great influence of the magnitude of
the soil’s deformability modulus on the pullout behavior. However, the software
PLAXIS with the adopted conditions simulated the pullout tests of nails in residual soils
with restrictions. The numerical simulations using PLAXIS 2D are complex for
modeling the experimental pullout tests of nails under 3D conditions.
vi
ÍNDICE
vii
CAPÍTULO 3 - MODOS DE RUPTURA, MECANISMOS DE MOBILIZAÇÃO
DE RESISTÊNCIA E TRANSFERÊNCIA DE CARGA ........................................71
viii
4.4 - ELEMENTO DE INTERFACE ..........................................................................133
4.5 - MODELAGENS NUMÉRICAS DA LITERATURA ........................................136
4.5.1 - Tirantes ...................................................................................................136
4.5.2 - Estacas ....................................................................................................144
4.5.3 - Grampos ..................................................................................................149
4.6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................157
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
CAPÍTULO 2
x
Figura 2.17 – Caixa de cisalhamento direto de grande escala (YIN et al., 2005). .........28
Figura 2.18 – Esquema de ensaio de arrancamento em modelo reduzido (adaptado de
HAUSMANN e LEE, 1978)...............................................................................29
Figura 2.19 – Equipamento de ensaio de arrancamento de laboratório (MORRIS, 1999).
............................................................................................................................30
Figura 2.20 – Arranjo do ensaio de arrancamento (HONG et al., 2003). ......................31
Figura 2.21 – Equipamento de ensaio de arrancamento (JUNAIDEEN et al., 2004). ...32
Figura 2.22 – Caixa de arrancamento de grampo (CHU e YIN, 2005a). .......................33
Figura 2.23 – Esquema do equipamento de arrancamento (YIN e SU, 2006). ..............34
Figura 2.24 – Aumento da tensão normal devido a dilatância ao redor de uma inclusão
que está sob tensão (adaptado de CLOUTERRE, 1991). ...................................36
Figura 2.25 – Variação do coeficiente de atrito aparente em função da tensão inicial (V0)
(adaptado de CLOUTERRE, 1991). ...................................................................36
Figura 2.26 – Variação do valor de qs com a profundidade (adaptado de CARTIER e
GIGAN, 1983). ...................................................................................................37
Figura 2.27 – Variação do valor de qs com a profundidade para o muro CLOUTERRE-
CEBTP N° 3 (adaptado de SCHLOSSER et al., 1993)......................................39
Figura 2.28 – Estudo da influência da rigidez do solo no valor de qs (adaptado de
BOULON et al., 1986). ......................................................................................40
Figura 2.29 – Estimativa do valor de qs em função da tensão normal inicial (V0) e do
valor da rigidez do solo (k): (a) areia compacta; (b) areia fofa (adaptado de
BOULON et al., 1986). ......................................................................................40
Figura 2.30 – Tipos de grampos ensaiados: (a) barra estriada; (b) tubo serrilhado e (c)
barra lisa (adaptado de JUNAIDEEN et al., 2004). ...........................................42
Figura 2.31 – Ensaio de arrancamento em grampos pré-fabricados instalados em um
aterro (adaptado de DEGUILLAUME, 1981). ...................................................44
Figura 2.32 – Zona de rigidez no entorno do furo resultante da execução do grampo
(PROTO SILVA, 2005)......................................................................................48
Figura 2.33 – Correlações entre resistência ao arrancamento (qs), pressão limite do
pressiômetro de Ménard (pl) e o número de golpes N (SPT) para areias e
pedregulhos (adaptado de BUSTAMANTE e DOIX, 1985)..............................51
xi
Figura 2.34 – Correlações entre resistência ao arrancamento (qs), pressão limite do
pressiômetro de Ménard (pl) e o número de golpes N (SPT) para argilas e siltes
(BUSTAMANTE e DOIX, 1985).......................................................................51
Figura 2.35 – Comparação entre as curvas de CLOUTERRE, DTU 13.2, SETRA 1985,
desenvolvidas para se estimar o valor de qs em areias (adaptado de
CLOUTERRE, 1991). ........................................................................................52
Figura 2.36 – Correlação entre resistência ao arrancamento (qs) e pressão limite do
pressiômetro de Ménard (pl) para areias (adaptado de CLOUTERRE, 1991). ..53
Figura 2.37 – Correlação entre resistência ao arrancamento (qs) e pressão limite do
pressiômetro de Ménard (pl) para argilas (adaptado de CLOUTERRE, 1991). .53
Figura 2.38 – Correlação entre a resistência ao arrancamento (qs) e o número de golpes
N (SPT) (adaptado de ORTIGÃO, 1997). ..........................................................55
Figura 2.39 – Correlação entre a resistência ao arrancamento (qs) e o número de golpes
N(SPT) (GEORIO, 1999). ..................................................................................56
Figura 2.40 – Correlação entre a resistência ao arrancamento (qs) e o número de golpes
N (SPT) (adaptado de SPRINGER, 2006)..........................................................57
Figura 2.41 – Correlação entre a resistência ao arrancamento (qs) e o número de golpes
N (SPT) para solo residual de gnaisse (adaptado de SPRINGER, 2006). ..........58
Figura 2.42 – Fator de carga (O1) em função da tensão normal ao grampo (Vn) para solo
residual jovem de gnaisse (PROTO SILVA, 2005)............................................60
Figura 2.43 – Fator de carga (O1*) em função da tensão normal ao grampo (Vn) para solo
residual de gnaisse (PROTO SILVA, 2005).......................................................60
Figura 2.44 – Variação do coeficiente de interface (D) em função da tensão normal ao
grampo (Vn) (adaptado de PROTO SILVA, 2005). ............................................62
Figura 2.45 – Fator de carga (O1*) estimado em função da tensão normal ao grampo (Vn)
para solo residual de gnaisse (PROTO SILVA, 2005). ......................................63
CAPÍTULO 3
Figura 3.1 – Modos de ruptura de ancoragens: (a) ruptura da barra do tirante; (b) ruptura
no contato tirante-nata; (c) ruptura no contato nata-material geotécnico (adaptado
de BENMOKRANE, 1986). ...............................................................................72
xii
Figura 3.2 – Características geométricas das ranhuras (adaptado de LEONHARDT e
MÖNNING, 1977)..............................................................................................75
Figura 3.3 – Mecanismo de transferência de carga do tirante à nata: (a) interação entre a
barra nervurada e a nata; (b) fissuras da nata de cimento (adaptado de HANNA,
1982). ..................................................................................................................76
Figura 3.4 – Modos de ruptura: (a) por separação; (b) por cisalhamento (adaptado de
UIJL e BIGAJ, 1996)..........................................................................................77
Figura 3.5 – Estaca embutida em rocha sob carregamento axial: (a) antes dos
deslocamentos; (b) após os deslocamentos (adaptado de JOHNSTON et al.,
1987). .................................................................................................................82
Figura 3.6 – Comportamento do modelo de interface estaca-rocha em ensaio de
laboratório CNS (adaptado de JOHNSTON e LAM, 1989)...............................84
Figura 3.7 – Trincas de tração provenientes das raízes das asperezas (adaptado de
HASSAM e O’NEIL, 1997). ..............................................................................85
Figura 3.8 – Idealização dos estágios de transferência de carga (adaptado de HASSAM
e O’NEIL, 1997). ................................................................................................86
Figura 3.9 – Tensões principais e superfícies de ruptura: (a) asperezas muito espaçadas;
(b) asperezas pouco espaçadas (adaptado de LEONHARDT e MÖNNING,
1977). ..................................................................................................................87
Figura 3.10 – Superfícies de ruptura próxima a ranhuras: (a) asperezas pouco espaçadas;
(b) asperezas muito espaçadas (adaptado de LEONHARDT e MÖNNING,
1977). ..................................................................................................................87
Figura 3.11 – Rugosidades R1, R2 e R3 dos modelos reduzidos estaca-rocha (NUNES e
CASTILHOS, 2002). ..........................................................................................88
Figura 3.12 – Modo de ruptura dos modelos reduzidos estaca-rocha de fuste liso
(NUNES e CASTILHOS, 2002).........................................................................89
Figura 3.13 – Modo de ruptura dos modelos reduzidos estaca-rocha de fuste muito
rugoso (R1) (NUNES e CASTILHOS, 2002). ...................................................89
Figura 3.14 – Comportamento tensão vs deformação proposto para a mobilização de
resistência lateral: (a) interfaces lisas e pouco rugosas (R2 e R3); (b) interfaces
muito rugosas (R1) (NUNES et al., 2002). ........................................................90
Figura 3.15 – Pontos de ruptura a partir da saída do PLAXIS: (a) fuste liso; (b) fuste
muito rugoso (R1) (COSTA, 2005). ...................................................................91
xiii
Figura 3.16 – Fases de mobilização de resistência ao arrancamento em curva carga vs
deslocamento típica (SPRINGER, 2006). ..........................................................92
Figura 3.17 – Curva típica de carga vs deslocamento de ensaio de arrancamento com
ruptura no contato barra-nata (SPRINGER, 2006).............................................93
Figura 3.18 – Ruptura no contato barra-nata para ranhuras muito próximas (SPRINGER,
2006). ..................................................................................................................94
Figura 3.19 – Fraturas transversais dos grampos em solo residual jovem (adaptado de
SPRINGER, 2006)..............................................................................................95
Figura 3.20 – Fraturas longitudinais dos grampos em rocha alterada (adaptado de
SPRINGER, 2006)..............................................................................................96
Figura 3.21 – Evidências do arrancamento no contato barra-nata de grampos em rocha
alterada (adaptado de SPRINGER, 2006). .........................................................96
Figura 3.22 – Curva típica obtida em ensaios de arrancamento de grampo no laboratório
(adaptado de COUTO, 2002)..............................................................................97
Figura 3.23 – Modelagem de uma curva experimental de ensaio de arrancamento através
da lei de mobilização de FRANK e ZHAO, 1982 (adaptado de CLOUTERRE,
1991). ..................................................................................................................98
Figura 3.24 – Modelo de FRANK e ZHAO, 1982 (adaptado de UNTERREINER, 1994).
............................................................................................................................99
Figura 3.25 – Determinação do coeficiente m para o cálculo do valor de kE (adaptado de
CLOUTERRE 1991). .......................................................................................101
Figura 3.26 – Lei de mobilização da resistência ao arrancamento de grampos: (a)
grampos com 2 injeções; (b) grampos com 1 injeção (SPRINGER, 2006)......102
Figura 3.27 – Resultados típicos de transferência de carga ao longo da estaca
instrumentada com strain gages (NIYAMA et al., 1996). ...............................104
Figura 3.28 – Transferência de carga em estaca pré-moldada de concreto
(ALBUQUERQUE e CARVALHO, 1999)......................................................104
Figura 3.29 – Distribuição do atrito lateral ao longo do fuste (ALBUQUERQUE e
CARVALHO, 1999).........................................................................................105
Figura 3.30 – Transferência de carga em estacas instrumentadas: (a) estaca escavada; (b)
estaca do tipo Hélice Contínua; (c) estaca Ômega (ALBUQUERQUE, 2001).106
Figura 3.31 – Distribuição das deformações ao longo de um grampo com L = 12m
(adaptado de CLOUTERRE, 1991). .................................................................108
xiv
Figura 3.32 – Distribuição teórica de carga ao longo de um grampo com L = 3m
(adaptado de CLOUTERRE, 1991). .................................................................109
Figura 3.33 – Distribuição teórica de carga ao longo de um grampo com L = 12m
(adaptado de CLOUTERRE, 1991). .................................................................109
Figura 3.34 – Distribuição das tensões cisalhantes ao longo de um grampo com L = 3m
(adaptado de CLOUTERRE, 1991). .................................................................110
Figura 3.35 – Distribuição das tensões cisalhantes ao longo de um grampo com L = 12m
(adaptado de CLOUTERRE, 1991). .................................................................110
Figura 3.36 – Curvas típicas de distribuição de carga ao longo do comprimento do
grampo (PROTO SILVA, 2005).......................................................................111
Figura 3.37 – Esquema da instrumentação da barra de aço (SPRINGER, 2006).........112
Figura 3.38 – Distribuição típica de carga ao longo do grampo com ruptura no contato
grampo-solo (SPRINGER, 2006). ....................................................................113
Figura 3.39 – Distribuição típica de carga ao longo do grampo com ruptura no contato
barra-nata (SPRINGER, 2006). ........................................................................113
CAPÍTULO 4
xv
Figura 4.8 – Representação da superfície de plastificação do modelo Soft Soil no espaço
de tensões principais (adaptado de BRINKGREVE, 2002). ............................131
Figura 4.9 – Determinação de tensões nos cantos de estruturas: (a) sem elementos de
interface; (b) considerando elementos de interface (BRINKGREVE, 2002)...135
Figura 4.10 – Malha de elementos finitos adotada para o tirante em solo (adaptado de
PINELO, 1980).................................................................................................138
Figura 4.11 – Comparação da distribuição dos valores experimentais e numéricos de
tração na barra (adaptado de PINELO, 1980)...................................................139
Figura 4.12 – Malha de elementos finitos adotada para o tirante em rocha (adaptado de
PINELO, 1980).................................................................................................140
Figura 4.13 – Comparação entre os valores de deformação experimentais e numéricos -
tirante em calcário claro (adaptado de PINELO, 1980). ..................................141
Figura 4.14 – Comparação entre os valores de deformação experimentais e numéricos -
tirante em calcário (adaptado de PINELO, 1980). ...........................................141
Figura 4.15 – Modelo experimental: (a) geometria; (b) consideração da interface aço-
concreto (HAACH et al., 2004)........................................................................142
Figura 4.16 – Discretizações adotadas pelo programa ABAQUS para os modelos
numéricos: (a) tridimensional; (b) axissimétrico (HAACH et al., 2004). ........143
Figura 4.17 – Malha de elementos finitos adotada pelo programa ANSYS (ALMEIDA
FILHO et al., 2004). .........................................................................................143
Figura 4.18 – Comparação entre curvas carga vs recalque experimentais e numéricas
(adaptado de LEONG e RANDOLPH, 1994). .................................................146
Figura 4.19 – Curvas carga vs recalque experimentais e numéricas: (a) estaca lisa; (b)
estaca rugosa (COSTA, 2005). .........................................................................148
Figura 4.20 – Configuração deformada da malha em ensaio de arrancamento de grampo
para F = 25kN: (a) modelagem 2D; (b) modelagem 3D (adaptado de CHAOUI,
1992). ................................................................................................................149
Figura 4.21 – Deslocamentos do solo e do grampo em ensaio de arrancamento: (a)
modelagem 2D; (b) modelagem 3D (adaptado de CHAOUI, 1992). ...............150
Figura 4.22 – Curvas de carga vs deslocamento na cabeça do grampo para os cálculos
2D e 3D (adaptado de CHAOUI, 1992). ..........................................................151
Figura 4.23 – Malha utilizada pelo FLAC para o ensaio de arrancamento do grampo
(UNTERREINER, 1994)..................................................................................153
xvi
Figura 4.24 – Isovalores calculados pelo FLAC: (a) deslocamento horizontal; (b)
deslocamento vertical (UNTERREINER, 1994)..............................................155
Figura 4.25 – Distribuição da tração ao longo do grampo calculada pelo FLAC e
deformada da malha (UNTERREINER, 1994). ...............................................155
Figura 4.26 – Comparação entre as simulações numéricas através do FLAC e CESAR e
o resultado experimental: (a) curvas iniciais; (b) curvas completas (adaptado de
UNTERREINER, 1994). ..................................................................................156
CAPÍTULO 5
xvii
Figura 5.12 – Curvas carga vs deslocamentos experimentais dos ensaios de
arrancamento M1-04, M1-05 e M1-06 - ensaios na cota 48,0m (adaptado de
SPRINGER, 2006)............................................................................................174
Figura 5.13 – Localização dos ensaios de arrancamento na obra Museu 2 (adaptado de
PROTO SILVA, 2005). ....................................................................................175
Figura 5.14 – Curvas carga vs deslocamentos experimentais dos ensaios de
arrancamento AR02 - ensaio na cota 27,0m (adaptado de PROTO SILVA,
2005). ................................................................................................................177
Figura 5.15 – Curvas carga vs deslocamentos experimentais dos ensaios de
arrancamento AR03 - ensaio na cota 21,0m (adaptado de PROTO SILVA,
2005). ................................................................................................................178
Figura 5.16 – Curvas carga vs deslocamentos experimentais dos ensaios de
arrancamento AR04 - ensaio na cota 17,5m (adaptado de PROTO SILVA,
2005). ................................................................................................................178
Figura 5.17 – Geometria e malha das simulações dos ensaios de arrancamento de
SPRINGER (2006). ..........................................................................................185
Figura 5.18 – Detalhe da geometria do modelo de grampo e carregamento de tração na
barra de aço.......................................................................................................186
Figura 5.19 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação do
fator de redução de resistência da interface (Rinter) - ensaios na cota 50,0m. ...188
Figura 5.20 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação do
fator de redução de resistência da interface (Rinter) - ensaios na cota 48,0m. ...188
Figura 5.21 – Geometria e malha das simulações dos ensaios de arrancamento de
SPRINGER (2006) com a placa de reação. ......................................................189
Figura 5.22 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com consideração da
placa de reação e trecho livre sem espuma - ensaios na cota 50,0m. ...............190
Figura 5.23 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com consideração da
placa de reação e trecho livre sem espuma - ensaios na cota 48,0m. ...............190
Figura 5.24 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação do
parâmetro ângulo de dilatância do solo (\) - ensaios na cota 50,0m. ..............191
Figura 5.25 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação do
parâmetro ângulo de dilatância do solo (\) - ensaios na cota 48,0m. ..............192
xviii
Figura 5.26 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação da
tensão geostática normal média ao grampo - ensaios na cota 50,0m. ..............193
Figura 5.27 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação dos
módulos de deformabilidade do solo - ensaios na cota 50,0m. ........................193
Figura 5.28 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação dos
módulos de deformabilidade do solo - ensaios na cota 48,0m. ........................194
Figura 5.29 – Pontos de ruptura, a partir da saída do PLAXIS, correspondentes à carga
de tração de: (a) 5kN; (b) 25kN; (c) 50kN; (d) 75kN; (e) 100kN e (f) 150kN. 195
Figura 5.30 – Vetores deslocamento para a carga de tração de 150kN........................196
Figura 5.31 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação do
fator de redução de resistência da interface (Rinter) - ensaios na cota 27,0m. ...198
Figura 5.32 – Comparação das simulações numéricas com as curvas experimentais e
variação do fator de redução de resistência da interface (Rinter), cota 21,0m. ..198
Figura 5.33 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação do
fator de redução de resistência da interface (Rinter) - ensaios na cota 17,5m. ...199
Figura 5.34 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação do
parâmetro ângulo de dilatância do solo (\) - ensaios na cota 27,0m. ..............200
Figura 5.35 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação do
parâmetro ângulo de dilatância do solo (\) - ensaios na cota 21,0m. ..............200
Figura 5.36 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação do
parâmetro ângulo de dilatância do solo (\) - ensaios na cota 17,5m. ..............201
Figura 5.37 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação dos
módulos de deformabilidade do solo - ensaios na cota 27,0m. ........................201
Figura 5.38 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação dos
módulos de deformabilidade do solo - ensaios na cota 21,0m. ........................202
Figura 5.39 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação dos
módulos de deformabilidade do solo - ensaios na cota 17,5m. ........................202
Figura 5.40 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação de E50
obtido de ensaio CID (tri) e CID-E (ext) - ensaios na cota 27,0m. ..................203
Figura 5.41 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação de E50
obtido de ensaio CID (tri) e CID-E (ext) - ensaios na cota 21,0m. ..................204
Figura 5.42 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com variação de E50
obtido de ensaio CID (tri) e CID-E (ext) - ensaios na cota 17,5m. ..................204
xix
Figura 5.43 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com Esolo = 10MPa e
variação de Rinter = 0,5 a 0,9 - ensaios na cota 27,0m.......................................205
Figura 5.44 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com Esolo = 10MPa e
variação de Rinter = 0,5 a 0,9 - ensaios na cota 21,0m.......................................206
Figura 5.45 – Comparação entre curvas experimentais e numéricas com Esolo = 10MPa e
variação de Rinter = 0,5 a 0,9 - ensaios na cota 17,5m.......................................206
xx
ÍNDICE DE TABELAS
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
xxi
Tabela 5.6 – Parâmetros geotécnicos dos solos adotados nas simulações dos ensaios de
arrancamento de SPRINGER (2006)................................................................187
Tabela 5.7 – Parâmetros dos materiais dos grampos adotados nas simulações dos
ensaios de arrancamento de PROTO SILVA (2005)........................................197
Tabela 5.8 – Parâmetros geotécnicos dos solos adotados nas simulações dos ensaios de
arrancamento de PROTO SILVA (2005). ........................................................197
Tabela 5.9 – Parâmetros geotécnicos dos solos obtidos de ensaios triaxiais de extensão
lateral adotados nas simulações dos ensaios de arrancamento de PROTO SILVA
(2005)................................................................................................................203
xxii
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1 - MOTIVAÇÃO
O solo grampeado é uma técnica em que o reforço do maciço é obtido por meio da
inclusão de elementos resistentes a tensões de tração, esforços cortantes e momentos
fletores. O processo de instalação dos grampos consiste, em geral, na execução de um
pré-furo, introdução da barra de aço e injeção de nata de cimento para preenchimento do
furo com a barra.
1
empíricas e semi-empíricas baseadas em ensaios de campo e de laboratório propostas na
literatura.
Para a realização das simulações numéricas foi utilizado o programa comercial PLAXIS
2D v.8.2, que é voltado para engenharia geotécnica. A fim de se obter uma maior
confiabilidade dos resultados, o programa foi validado neste trabalho através das
comparações de resultados de ensaios de arrancamento de grampos e provas de carga
em estacas realizados por UNTERREINER (1994) e HORVATH et al. (1983),
respectivamente. As simulações numéricas desenvolvidas para o estudo, foram baseadas
em geometrias e parâmetros geotécnicos encontrados na literatura.
2
1.4 - ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação foi dividida em seis capítulos. Neste primeiro capítulo apresenta-se
uma breve introdução sobre a relevância da técnica de solo grampeado e destaca-se o
objetivo da pesquisa.
3
CAPÍTULO 2
4
(a) (b)
5
Segundo LIMA (1996) a inclinação de grampos com rigidez à flexão influência nos
esforços internos dos grampos. Para grampos mais rígidos, o aumento da inclinação
ocasiona baixa tração e altos momentos fletores nos grampos. Comportamento oposto
ocorre para grampos com baixa rigidez.
A eficiência máxima dos grampos ocorre quando são instalados com inclinação
coincidente, ou próxima, à direção da deformação principal maior (H1) da massa
reforçada. Normalmente adotam-se inclinações pequenas, em torno de 15° em média,
apenas para facilitar os procedimentos de injeção. Como a tendência de movimentação
da massa de solo é, preponderantemente, horizontal, esta não difere significativamente
da direção dos grampos. Nesta condição, os grampos são submetidos unicamente à
tração, independentemente da rigidez à flexão desse elemento (EHRLICH, 2003).
6
2.1.2 - Distribuição de tensões nos grampos
7
Figura 2.2 – Carregamento progressivo do grampo durante o processo de escavação
(adaptado de CLOUTERRE, 1991).
A resistência mobilizada ao longo do grampo possui sentidos opostos nas zonas ativa e
passiva, seguindo a tendência de movimento relativo da interface (Figura 2.3). Na zona
considerada ativa, situada atrás da face do talude, as tensões de atrito lateral nos
grampos são direcionadas para fora, enquanto que na zona passiva o sentido é contrário,
ou seja, para dentro da massa de solo.
Figura 2.3 – Zonas ativa e passiva em escavações com grampos livres (adaptado de
SPRINGER, 2001).
8
Ressalta-se que o mecanismo de ruptura com o desenvolvimento de regiões ativa e
passiva ocorre, somente, quando os grampos são livres em relação à face do talude
(CLOUTERRE, 1991; CARDOSO e GONÇALVES, 1997; SPRINGER, 2001;
SPRINGER et al., 2001).
A localização do ponto de força máxima de tração (Tmáx) nos grampos não é simples de
se determinar. A forma e a posição da linha de máximo esforço de tração, a qual pode
ser considerada como uma possível superfície potencial de ruptura, geralmente são
diferentes do plano de ruptura de Rankine (Figura 2.4). Segundo resultados
experimentais, o ponto de máximo esforço no grampo dista 0,30H (MITCHELL, 1987;
CLOUTERRE, 1991), entre 0,30H e 0,35H (BYRNE et al., 1998) e entre 0,30H e
0,40H (PLUMELLE et al., 1990) da face em taludes verticais. Contudo, essa posição
pode variar conforme a inclinação do talude (LIMA, 2002).
9
Figura 2.4 – Definição de uma possível superfície de ruptura (adaptado de
CLOUTERRE, 1991).
KRAHN (2001a, b) indicou, baseado em análises pelo método dos elementos finitos,
que a localização dos esforços máximos de tração nos grampos reflete uma possível
superfície de ruptura do maciço reforçado. Nas análises realizadas, os esforços
cisalhantes e momentos fletores desenvolvidos nos grampos foram relativamente
pequenos.
Segundo CLOUTERRE (1991), as tensões nos grampos são máximas dentro da massa
de solo grampeado e não na face da parede. SPRINGER (2001) e SPRINGER et al.
(2001), a partir dos resultados da modelagem numérica de um talude estabilizado com
10
grampos, mostraram que o ponto de tração máxima varia em função da forma de fixação
do grampo à parede. Os autores concluíram que o ponto de tração máxima ocorre junto
à face nos grampos fixos, enquanto que nos grampos livres verifica-se este ponto mais
internamente no maciço de solo.
11
poderá ocorrer, também, no contato solo-grampo, caso as tensões cisalhantes alcancem
o valor limite da resistência ao arrancamento (qs), causando uma ruptura por falta de
aderência.
12
FEIJÓ e EHRLICH (2006) e FEIJÓ (2007), através da análise dos resultados do
monitoramento de uma obra experimental em solo grampeado, concluíram que as
tensões induzidas pelos momentos fletores nos grampos não são desprezíveis,
comparativamente aos valores mobilizados pelas forças axiais. A contribuição dos
momentos nas tensões internas variou conforme a inclinação do grampo, apresentando
resultados crescentes com a inclinação.
13
Através dos ensaios de arrancamento, obtém-se o valor da força de tração necessária
para promover a movimentação do grampo no interior da massa de solo. A partir deste
resultado, e das características geométricas do grampo ensaiado, obtém-se o valor de qs.
A Figura 2.8 indica a relação entre a tração máxima mobilizada no grampo (Tn) e a
resistência ao arrancamento (qs), dada pela expressão:
Tn S D qs Lb (2.1)
onde:
Tn = carga axial de tração cortante no grampo;
D = diâmetro da perfuração;
qs = resistência ao arrancamento mobilizada;
Lb = comprimento do bulbo (zona passiva do grampo).
Zona Zona
ativa passiva
qs
Lb
Tn = S D qs Lb
Figura 2.8 – Relação entre a tração máxima mobilizada no grampo (Tn) e a resistência
ao arrancamento (qs) (adaptado de ORTIGÃO, 1997).
Em função de não haver no Brasil uma norma técnica para a execução de ensaios de
arrancamento em grampos, são a seguir reunidos procedimentos, esquemas de
montagem e recomendações dos ensaios reportados da literatura.
Segundo DIAS et al. (2006), os ensaios que têm sido reportados em publicações
técnicas são usualmente executados por instituições de pesquisa. A finalidade da grande
maioria dos ensaios é a determinação da resistência ao arrancamento (qs) para
dimensionamento dos grampos.
O princípio básico do ensaio de arrancamento (pull out test) consiste em se aplicar uma
força estática (carga de tração) à cabeça do grampo, por meio de um macaco hidráulico
monitorado por célula de carga ou por manômetro, até provocar um movimento de
cisalhamento entre o solo e o grampo. Para cada carga aplicada, registra-se o
deslocamento da cabeça do grampo através de um deflectômetro. Tem-se, assim, uma
curva carga vs deslocamento, da qual se obtém a máxima carga axial de tração no
grampo (CLOUTERRE, 1991).
15
Figura 2.9 – Ensaio de arrancamento padrão (GEORIO, 1999).
Tmáx
qs (2.2)
S I furo La
onde:
qs = atrito lateral unitário (resistência ao arrancamento mobilizada);
Tmáx = máxima carga axial de tração no grampo;
Ifuro = diâmetro do furo;
La = comprimento ancorado ou injetado do grampo.
16
obtêm-se cargas de arrancamento mais próximas da realidade. Entretanto, os valores de
qs encontrados, pelos próprios autores, foram similares para os dois procedimentos, não
justificando tal substituição. Isto se deve, muito provavelmente, ao comprimento livre
de 1m na cabeça do grampo.
(i) Ensaio preliminar – realizado durante a fase de projeto e com o objetivo de se medir
o valor de qs a ser utilizado no projeto ou de validar um novo procedimento executivo
de solo grampeado no local da obra;
(ii) Ensaio de conformidade – realizado no início da construção visando verificar a
estimativa da resistência ao arrancamento (qs) utilizada no projeto;
(iii) Ensaio de inspeção – realizado durante a construção em grampos previamente
escolhidos sem que ocorra a ruptura dos mesmos.
17
Maiores detalhes sobre os procedimentos do ensaio podem ser vistos em CLOUTERRE
(1991), FALCONI e ALONSO (1997), BARLEY et al. (1997), GEORIO (1999),
PROTO SILVA (2005), MAGALHÃES (2005), SPRINGER (2006) e LEITE (2007).
Segundo DIAS et al. (2006), os procedimentos têm sido os mais diversos. Os autores
comentam que há uma tendência para se adotar ensaios em grampos com 4m de
comprimento, sendo os 3 últimos metros injetados com calda de cimento e o trecho
inicial de 1m deixado livre, isolado da calda.
18
ORTIGÃO et al. (1992), PROTO SILVA (2005) e SPRINGER (2006) realizaram seus
ensaios de arrancamento em grampos com 4m de comprimento total, sendo os 3 últimos
metros injetados, corroborando a afirmação de DIAS et al. (2006).
(i) Placas de reação (aço ou concreto) - são responsáveis pela distribuição da carga do
macaco;
(ii) Grade de reação - direciona o macaco na mesma inclinação do grampo, para que a
carga aplicada seja axial;
(iii) Macaco hidráulico - fornece a força necessária para deslocar o grampo;
(iv) Célula de carga - mede a força que é transmitida ao grampo;
(v) Placa de referência - serve de ponto de apoio para o extensômetro e referência para
as leituras dos deslocamentos;
(vi) Porca - mantém o conjunto unido durante a realização do ensaio. O aperto da porca
já fornece uma carga inicial ao grampo, que deve ser devidamente monitorada;
(vii) Extensômetro - mede os deslocamentos do grampo conforme a carga vai sendo
aplicada;
19
(viii) Suporte externo - barra de aço engastada em um bloco de concreto, para servir de
apoio e fixar o extênsômetro.
O eixo do macaco e o eixo do grampo devem estar alinhados. Para isto é usada uma
grade de reação entre o macaco e a placa de reação (PORTERFIELD et al., 1994 e
LAZART et al., 2003). É importante manter os extensômetros também alinhados ao
eixo do grampo (SPRINGER, 2006).
20
2.2.4 - Força controlada vs deslocamento controlado
Os ensaios de arrancamento podem ser executados com: (i) força controlada ou (ii)
deslocamento controlado (velocidade constante). Segundo CLOUTERRE (1991), tanto
o ensaio de deslocamento controlado quanto o ensaio de força controlada, para as
mesmas condições de solo, devem levar ao mesmo resultado, ou seja, à mesma força
máxima de arrancamento.
A quantidade de grampos ensaiados deve ser tal que garanta a representatividade dos
resultados, além de ser adequado ao tamanho da obra. CLOUTERRE (1991) sugeriu a
execução de um número mínimo de ensaios de arrancamento conforme a área da obra
(Tabela 2.1).
21
podem ser testados por meio de ensaios do tipo inspeção, durante a construção,
garantindo um controle de qualidade à obra.
GEORIO (1999) sugeriu que os ensaios de arrancamento devam ser realizados, durante
a obra, em pelo menos dois grampos ou em 1%, para que sejam confirmados os valores
de resistência ao arrancamento (qs) especificados em projeto. É comentado, ainda, que
ensaios realizados à medida que a obra avança permitem ajustes de projeto.
22
FEIJÓ e EHRLICH (2001, 2003, 2005) e FEIJÓ (2007), a fim de acompanhar o
comportamento pós-ruptura, solicitaram os grampos, após ser atingida a carga máxima,
até o deslocamento máximo registrado pelos extensômetros.
23
Os resultados dos ensaios de arrancamento devem ser obtidos e analisados em função
dos dados medidos. CLOUTERRE (1991) apresenta algumas recomendações e
sugestões em relação à análise de ensaios de arrancamento em grampos:
(i) Se durante o ensaio somente forem medidas as forças de tração, o resultado obtido
será apenas o valor máximo da força de arrancamento (Tmáx) e, conseqüentemente, o
valor da resistência ao arrancamento (qs);
(ii) Se além da força de tração forem monitorados os correspondentes deslocamentos da
cabeça do grampo, obtêm-se a curva carga vs deslocamento que descreve a interação
solo-grampo;
(iii) O ensaio deve ser considerado finalizado quando a força de tração atingir o valor
máximo (Figura 2.13a) ou se estabilizar (Figura 2.13b);
(iv) O valor máximo da força de arrancamento (Tmáx) corresponderá, alternativamente,
ao valor residual cuja variação de força para 1mm de deslocamento seja menor que 1%
ou ao valor correspondente a um deslocamento máximo de 30mm (Figura 2.13c);
24
Figura 2.14 – Mobilização da resistência ao arrancamento proposta por FRANK e
ZHAO, 1982 (adaptado de CLOUTERRE, 1991).
26
MORRIS (1999) utilizou um equipamento padrão de cisalhamento direto (Figura 2.15),
para medir a resistência ao cisalhamento na interface nata-argila, a fim de investigar a
estimativa da resistência ao arrancamento de grampos através de ensaios de laboratório
em pequena escala. Um procedimento de preparação de amostra foi criado para permitir
a injeção, simulando a instalação do grampo. Foram executados vários ensaios sob
níveis de tensões verticais totais e taxas de deslocamento variadas. Os resultados
mostraram comportamento semelhante ao observado em ensaios de arrancamento.
Entretanto, os valores de resistência ao arrancamento dos ensaios de interface foram
elevados quando comparados aos valores medidos.
Figura 2.17 – Caixa de cisalhamento direto de grande escala (YIN et al., 2005).
28
resistência ao arrancamento sob diferentes condições (YIN e SU, 2006). Portanto,
diversos pesquisadores realizaram ensaios de arrancamento em laboratório.
29
arrancamento. O comportamento observado foi comparado ao previsto por medidas da
resistência ao cisalhamento na interface, usando uma caixa de cisalhamento
convencional (Figura 2.15). A modelagem física mostrou que a taxa de carregamento
tem um efeito significativo na resistência ao arrancamento. Os valores de pico elevados
foram medidos em ensaios a taxas de arrancamento mais rápidas, enquanto foram
registrados valores de pico mais baixos nos ensaios com taxas de arrancamento mais
lentas. A resistência residual medida, sob mesma sobrecarga vertical, foi semelhante
para todas as taxas de arrancamento.
HONG et al. (2003) realizaram uma série de ensaios de arrancamento, usando uma
caixa de areia (Figura 2.20), para estudar a influência da: (i) rugosidade da superfície;
(ii) razão entre comprimento e diâmetro do grampo; (iii) pressão de sobrecarga e (iv)
distância entre dois grampos. O fator de rugosidade da superfície do grampo foi
30
definido para incluir a característica de uma única aspereza, o número de asperezas por
comprimento unitário e a rugosidade relativa da superfície do grampo com relação ao
tamanho da partícula de solo. Os resultados dos ensaios mostraram que o coeficiente de
atrito aparente na interface solo-grampo é dependente da rugosidade da superfície do
grampo.
31
Figura 2.21 – Equipamento de ensaio de arrancamento (JUNAIDEEN et al., 2004).
Os ensaios realizados por CHU (2003) e CHU e YIN (2004, 2005a) tinham o objetivo
principal de estudar o comportamento da resistência ao cisalhamento na interface entre a
nata de cimento injetada no grampo e o solo de granito completamente decomposto
(CDG). CHU e YIN (2005a) realizaram uma análise numérica para avaliar as condições
de tensão iniciais na caixa de ensaio de arrancamento de laboratório. Entretanto, a
influência do processo de perfuração, o alívio de tensões e a pressão de injeção não
foram considerados pelos autores. A caixa usada por CHU (2003) e CHU e YIN (2004,
2005a) era simples e sem instrumentação de qualidade (Figura 2.22).
32
Figura 2.22 – Caixa de arrancamento de grampo (CHU e YIN, 2005a).
34
ensaio sejam semelhantes com relação ao tipo de perfuração, fator água-cimento da
injeção, tipo de solo, etc. (SPRINGER, 2006).
FRANZÉN (1998) descreve que a resistência ao arrancamento (qs) é definida por quatro
variáveis: (i) tensão normal atuando na superfície do grampo; (ii) coeficiente de atrito;
(iii) adesão entre o grampo e o solo e (iv) perímetro do grampo. Estas variáveis são
dependentes do tipo de solo, do método de instalação do grampo, do nível de tensão de
confinamento, da densidade relativa e da posição do nível d’água. ORTIGÃO (1997)
destaca como relevantes as características do terreno, a profundidade em que se
encontra o grampo (tensão confinante), o método de perfuração e de limpeza do furo, as
propriedades da nata de cimento, o emprego de aditivos e os fatores ambientais
(temperatura e umidade).
W
P* (2.3)
Vo
que pode ser significativamente mais alto que o real coeficiente de atrito:
W
P (2.4)
V o 'V
Este fenômeno foi medido pela primeira vez em campo por PLUMELLE (1979) durante
ensaios de arrancamento de tirantes passivos, inseridos em um aterro de areia de
35
Fontainebleau. A Figura 2.24 mostra que, na vizinhança imediata do tirante, o aumento
de 'V pode alcançar quatro vezes o valor de V0.
Figura 2.24 – Aumento da tensão normal devido a dilatância ao redor de uma inclusão
que está sob tensão (adaptado de CLOUTERRE, 1991).
Figura 2.25 – Variação do coeficiente de atrito aparente em função da tensão inicial (V0)
(adaptado de CLOUTERRE, 1991).
36
O mesmo fenômeno de dilatância foi observado em grampos por CARTIER e GIGAN
(1983), que constataram experimentalmente, em areia de Fontainebleau, que a
resistência ao arrancamento (qs) é praticamente constante e não aumenta com a
profundidade (Figura 2.26). SCHLOSSER (1983), MITCHELL e VILLET (1987),
SCHLOSSER e UNTERREINER (1990) e UNTERREINER et al. (1995) também
concluíram que qs é independente da tensão confinante.
37
qs P *( z ) J z constante (2.5)
38
Figura 2.27 – Variação do valor de qs com a profundidade para o muro CLOUTERRE-
CEBTP N° 3 (adaptado de SCHLOSSER et al., 1993).
2 EM
k (2.6)
R
onde:
k = rigidez do solo;
EM = módulo pressiométrico;
R = raio do grampo.
39
Figura 2.28 – Estudo da influência da rigidez do solo no valor de qs (adaptado de
BOULON et al., 1986).
(a) (b)
40
mostraram, também, que a pressão de injeção influencia fortemente o valor da
resistência ao arrancamento e há dependência da resistência ao arrancamento com a taxa
de deslocamento do ensaio.
41
(a) (b) (c)
Figura 2.30 – Tipos de grampos ensaiados: (a) barra estriada; (b) tubo serrilhado e (c)
barra lisa (adaptado de JUNAIDEEN et al., 2004).
42
CHU e YIN (2005a) executaram uma série de ensaios de arrancamento de laboratório
com um grampo injetado com nata de cimento em um solo de granito completamente
decomposto (CDG). Os resultados indicaram que a resistência ao cisalhamento da
interface grampo-solo é dependente da: (i) tensão normal (pressão de sobrecarga); (ii)
grau de saturação do solo e (iii) rugosidade da superfície do grampo.
43
tensões in situ; (ii) inclinação da ancoragem e (iii) tensão cisalhante inicial do tirante na
direção do cabo da ancoragem.
44
GOMES SILVA (2006) utilizou dados de boletins de perfuração de cerca de 300
grampos, dados das sondagens e da exumação de 12 grampos ensaiados a fim de
construir um modelo geológico-geotécnico tridimensional das obras de solo grampeado
em perfil de solo residual de gnaisse. O autor comparou valores de resistência ao
arrancamento (qs) obtidos através de 40 ensaios de arrancamento realizados por
MAGALHÃES (2005), PROTO SILVA (2005) e SPRINGER (2006), com os tipos de
solos e estruturas geológicas da área. A análise dos resultados de ensaios de
arrancamento corrobora a influência da geologia e dos diferentes níveis de alteração,
relacionados à heterogeneidade litológica encontradas no local (solo residual e rocha
alterada). GOMES SILVA (2006) concluiu que menores graus de alteração do material
resultaram em maior dificuldade de arrancamento do grampo, ou seja, em maior valor
de resistência ao arrancamento (qs). Ressalta-se que as observações obtidas ao se
exumar um grampo são de grande valor, permitindo a correlação com as condições do
solo, com as técnicas de execução e injeção e com a geometria do grampo (diâmetro).
SPRINGER (2006) realizou um programa experimental que teve por objetivo permitir o
estudo do comportamento tensão vs deformação e a resistência ao arrancamento de
grampos, em função do método de execução. Foram apresentados resultados da
influência de parâmetros, tais como: (i) número de injeções de nata de cimento (1 ou 2
injeções); (ii) método de perfuração (com ou sem lavagem do furo); (iii) tempo de cura
da nata de cimento (3 ou 10 dias) e (iv) tipo de solo. A autora comenta que a análise da
45
influência destes fatores na resistência ao arrancamento de grampos pode permitir a
definição de um método executivo de solo grampeado mais eficiente, além de mais
rápido e menos oneroso. Os resultados reportados por SPRINGER (2006) são
apresentados a seguir:
(i) Os grampos re-injetados foram, em média, 31% menos deformáveis (mais rígidos) e
52% mais resistentes que os grampos executados com uma 1 injeção, considerando toda
a campanha de ensaios independentemente da natureza do solo (residual jovem, residual
maduro ou rocha alterada). Devido a eficiência da re-injeção, a autora sugere que esta
deva ser sempre adotada;
(ii) Os ensaios de arrancamento executados em grampos re-injetados apresentaram
valores de qs, em média, 37 e 27% superiores aos grampos com 1 injeção para solo
residual maduro (argila-arenosa marrom avermelhada) e jovem (silte areno-argiloso
amarelo), respectivamente. Segundo a autora, a maior resistência ao arrancamento
obtida em ensaios com 2 injeções (bainha + re-injeção) deve-se, provavelmente, ao
preenchimento dos vazios causados pela exsudação da calda de cimento na primeira
injeção (bainha) e aumento do confinamento do grampo;
(iii) Foram comparados os efeitos da re-injeção considerando-se dois tipos: re-injeção a
partir do início do grampo (boca) e re-injeção com mangueira de polietileno e válvulas
manchetes, a cada 0,5m ao longo do grampo. Os resultados não indicaram uma
diferença significativa entre os dois modos de re-injeção, uma vez que o aumento médio
do valor de qs é de apenas 4% a favor da injeção pela boca;
(iv) A lavagem do furo aumentou, em média, 5 e 27% os valores de qs em grampos re-
injetados e com uma 1 injeção, respectivamente. A autora comenta que, talvez, a
influência da re-injeção seja preponderante sobre o resultado da lavagem do furo. Os
grampos lavados também apresentaram maior rigidez em relação aos grampos não
lavados;
(v) Nenhum ensaio apresentou aumento do valor de qs para tempo de cura de 10 dias.
Segundo a autora, como os resultados foram satisfatórios para tempo de cura de 3 dias,
o tempo de execução da obra pode ser reduzido, proporcionando redução de custos.
46
gravidade) e pelo grau de saturação do solo (CLOUTERRE, 1991). SCHLOSSER e
UNTERREINER (1990) reportam um decréscimo significativo nos valores de
resistência na interface solo-grampo para meios saturados.
47
O processo executivo de grampos forma uma zona de maior rigidez no entorno dos
furos. O diâmetro desta região pode ser função da sucção mátrica dos solos, pois a
capilaridade afeta a distância percorrida pela nata de cimento no interior dos vazios do
solo. Sabe-se da ocorrência desta zona de maior rigidez, mas a determinação do
diâmetro efetivo desta zona é muito difícil (PROTO SILVA, 2005).
A Figura 2.32 destaca uma das dificuldades de se avaliar o efeito da sucção mátrica em
análises para determinação da resistência ao arrancamento. PROTO SILVA (2005)
sugere o emprego de ferramentas numéricas e o desenvolvimento de um programa de
análise de fluxo que considere as 4 componentes envolvidas nesta interação (solo, água,
ar e nata de cimento).
onde:
T = força de arrancamento;
D = diâmetro do grampo;
La = comprimento de ancoragem;
V’r = tensão normal efetiva média (1 t V’r/V’v t 0,7 para taludes íngremes de solos
ligeiramente sobre-adensados, onde V’v é a tensão vertical efetiva);
fb = coeficiente associado (1,0 para interface completamente áspera e 0,2 a 0,4 para
interface lisa);
I’ = ângulo de atrito interno efetivo.
P T c' 2 D V v P * (2.8)
onde:
P = força de arrancamento por metro de comprimento enterrado do grampo;
T = perímetro do grampo;
c’ = coesão efetiva do solo;
D = largura da tira de reforço plana equivalente;
Vv = tensão vertical teórica a meia profundidade do grampo;
49
P* = coeficiente de atrito aparente.
Segundo JUNAIDEEN et al. (2004), a Equação 2.8 tem sido adotada pelos engenheiros
de Hong Kong (POWELL e WATKINS, 1990) e outros países (SETO et al., 1992) para
grampos injetados. Essa aproximação semi-empírica, com P* = tan I’ como um limite
superior e coesão do solo c’ = 0 como um limite inferior, parece amplamente aceita,
provavelmente por causa da sua simplicidade e conservadorismo.
50
Figura 2.33 – Correlações entre resistência ao arrancamento (qs), pressão limite do
pressiômetro de Ménard (pl) e o número de golpes N (SPT) para areias e pedregulhos
(adaptado de BUSTAMANTE e DOIX, 1985).
0,3
IRS
qs 0,2
(MPa)
IGU
0,1
0,0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
p1 (MPa)
0 10 20 30 40 50 60
51
O Projeto CLOUTERRE, propõe curvas para estimar o valor de qs em função de vários
tipos de grampos e solos (areia, pedregulho, argila, marga e rocha alterada). As relações
foram baseadas em um banco de dados que possuía mais de 450 ensaios de
arrancamento de grampos, obtidos dos vários membros que participaram do projeto. As
correlações obtidas foram diferentes das obtidos pelo DTU 13.2 (CEBTP, 1989),
SETRA (1985) e TA 86 (BUREAU SECURITAS, 1986), entretanto não são
fundamentalmente diferentes (Figura 2.35).
Figura 2.35 – Comparação entre as curvas de CLOUTERRE, DTU 13.2, SETRA 1985,
desenvolvidas para se estimar o valor de qs em areias (adaptado de CLOUTERRE,
1991).
T
fs (2.10)
(40,5366 h 3,1711)
onde:
fs = resistência de atrito lateral (kgf/cm2);
T = torque máximo medido (kgf.cm);
h = penetração do amostrador padrão (cm).
Ressalta-se que apesar de, originalmente, RANZINI (1988) ter proposto este
procedimento com o objetivo de estimar a resistência lateral em estacas, encontra-se na
literatura (LOZANO e CASTRO, 2003) sua aplicação para a estimativa da resistência
ao arrancamento de grampos (qs).
54
LIEW (2005) apresentou a seguinte correlação empírica para estimar o valor da
resistência ao arrancamento em solos residuais na Malásia:
qs 5 ~ 6 N (SPT) (2.11)
ORTIGÃO et al. (1997) analisaram os ensaios relatados por ORTIGÃO (1997) e, após
adicionarem novos resultados de ensaios, sugeriram uma nova correlação (Figura 2.39).
Ressalta-se que os valores obtidos dos ensaios em outros siltes arenosos de São Paulo,
bem como dos ensaios realizados pela Fundação GeoRio (GEORIO, 1999), situam-se
bem abaixo da correlação proposta. O autor sugere a seguinte correlação:
55
qs 67 60 ln > N (SPT) @ (2.13)
56
comparativa destes resultados, a autora concluiu que os valores estimados pela
correlação proposta por ORTIGÃO et al. (1997) são, em média, 88% maiores que os
valores dos ensaios de arrancamento realizados.
57
Figura 2.41 – Correlação entre a resistência ao arrancamento (qs) e o número de golpes
N (SPT) para solo residual de gnaisse (adaptado de SPRINGER, 2006).
PROTO SILVA (2005) propôs uma relação semi-empírica para estimativa da resistência
ao arrancamento (qs) baseada nos parâmetros de resistência do solo e da interface solo-
nata de cimento, obtidos em ensaios de cisalhamento direto. Foram realizados ensaios
de arrancamento em um maciço de solo residual de gnaisse e ensaios de cisalhamento
direto no solo e na interface solo-nata de cimento em laboratório.
58
em laboratório pelos ensaios de cisalhamento direto na interface solo-nata de cimento
(PROTO SILVA, 2005):
onde:
qs = resistência ao arrancamento;
W = resistência ao cisalhamento da interface;
O = fator de carga;
ca’ = adesão da interface solo-nata de cimento;
Vn = tensão normal aplicada ao grampo;
G’ = ângulo de atrito da interface solo-nata de cimento.
onde:
qs = resistência ao arrancamento;
O1 = fator de carga para solo residual jovem (SRJ);
O1* = fator de carga para solo residual de gnaisse;
D = coeficiente de interface;
c’ = coesão do solo;
Vn = tensão normal aplicada ao grampo;
I’ = ângulo de atrito do solo.
A Figura 2.42 apresenta o fator de carga (O1) em função da tensão normal ao grampo
(Vn) para solo residual jovem de gnaisse. Já a Figura 2.43 apresenta o fator de carga
(O1*) em função da tensão normal ao grampo (Vn) para solo residual de gnaisse,
independente do grau de intemperismo.
1,9
1,8
1,7
1,6
1,5 R2 = 0,991
Fator (O)
1,4
1,3
1,2
1,1
1
100 150 200 250
Tensão Normal (kPa)
Figura 2.42 – Fator de carga (O1) em função da tensão normal ao grampo (Vn) para solo
residual jovem de gnaisse (PROTO SILVA, 2005).
2,2
1,8
R2 = 0,978
Fator (O
)
1,6
1,4
1,2
1
50 100 150 200 250 300
Tensão Normal (kPa)
Figura 2.43 – Fator de carga (O1*) em função da tensão normal ao grampo (Vn) para solo
residual de gnaisse (PROTO SILVA, 2005).
60
A interação solo-nata de cimento depende, basicamente, das características do solo que
envolve o grampo e das características do contato entre o solo e a nata de cimento. A
Equação 2.18 apresenta o coeficiente de interface (D), que associa os parâmetros de
resistência da interface solo-nata de cimento aos parâmetros de resistência do solo
(PROTO SILVA, 2005), e é expresso por:
onde:
D = coeficiente de interface;
ca’ = adesão da interface solo-nata de cimento;
Vn = tensão normal aplicada ao grampo;
G’ = ângulo de atrito da interface solo-nata de cimento;
c’ = coesão do solo;
I’ = ângulo de atrito do solo.
61
Figura 2.44 – Variação do coeficiente de interface (D) em função da tensão normal ao
grampo (Vn) (adaptado de PROTO SILVA, 2005).
Da análise comparativa destes resultados, PROTO SILVA (2005) concluiu que: (i) os
valores estimados de qs através da relação proposta são semelhantes aos valores dos
ensaios de arrancamento obtidos por MAGALHÃES (2005) e SPRINGER (2006) em
SRJ (areia-argilosa) e SRM (argila-arenosa), respectivamente; (ii) os resultados de
MAGALHÃES (2005) apresentaram uma expressiva adequação à relação proposta, já
que o coeficiente de interface (D) é conhecido, pois foi utilizado o mesmo solo
empregado no desenvolvimento da relação e (iii) observou-se uma maior dispersão para
os resultados de FEIJÓ e EHRLICH (2001), a qual pode ser atribuída à diferença entre
os solos estudados pelo autor, no caso solos residuais jovens (SRJ). Apesar disso, os
valores médios estimados de qs são 20% maiores que os valores dos ensaios de
arrancamento.
Segundo PROTO SILVA et al. (2006), a relação proposta mostra uma pequena
dispersão quando empregada para casos da literatura, justificada pela utilização de
coeficientes de interface (D), obtidos para os solos estudados por PROTO SILVA
(2005), que não representam exatamente a interação solo-grampo dos outros solos
selecionados. No entanto, na maioria dos casos, esta dispersão deve ser provavelmente
muito menor que a incerteza associada aos diversos parâmetros de projeto.
62
A Figura 2.45 apresenta o fator de carga (O1*) estimado em função da tensão normal ao
grampo (Vn) para solo residual de gnaisse, considerando todos os resultados de ensaios
de arrancamento analisados por PROTO SILVA (2005). Ressalta-se que, apesar dos
diferentes tipos de solos utilizados pelos autores, os coeficientes de interface (D) foram
estimados através dos ensaios realizados para os solos estudados por PROTO SILVA
(2005).
Figura 2.45 – Fator de carga (O1*) estimado em função da tensão normal ao grampo (Vn)
para solo residual de gnaisse (PROTO SILVA, 2005).
63
Da análise comparativa destes resultados, a autora concluiu que: (i) a relação proposta
por PROTO SILVA (2005) é conservativa, uma vez que os valores estimados de qs são
entre 70 e 92% dos valores dos ensaios de arrancamento; (ii) a relação aplica-se melhor
a solos residuais jovens (SRJ), uma vez que a diferença média entre valores de qs dos
ensaios de arrancamento e estimados é de apenas 8% e (iii) em solos residuais maduros
(SRM), os valores médios estimados de qs são 30% menores que os valores dos ensaios
de arrancamento.
64
ORTIGÃO et al. (1996) reportaram resultados de ensaios realizados na argila porosa de
Brasília a fim de comprovar a técnica de solo grampeado em um solo muito fraco e
colapsível. Foram executados 3 ensaios de arrancamento, em furos com diâmetros de
100, 120 e 150mm, em um solo com valor de N (SPT) próximo a 1. Os resultados de qs
variam entre 64 e 67kPa.
FEIJÓ e EHRLICH (2001, 2003, 2005) e FEIJÓ (2007), a fim de verificar cargas de
ruptura, mecanismos de colapso, o efeito do comprimento injetado no valor de qs e a
distribuição de tensões ao longo do comprimento dos grampos, reportaram ensaios de
arrancamento em Jacarepaguá e Laranjeiras, RJ. Foram executados 20 ensaios de
arrancamento em 5 cotas distintas, em perfis de solos residuais jovens e maduros de
biotita-gnaisse (Jacarepaguá) e de gnaisse-leptinítico (Laranjeiras), em furos com
65
diâmetro de 75mm e comprimento total de 5 e 8m (3 e 6m injetados e 2m livres). Parte
dos grampos foi instrumentada com strain gages para acompanhamento das
deformações durante a execução do ensaio. Os pontos instrumentados distaram entre si
de 0,5 e 1,0m, para grampos de 3m (5 pontos) e 6m (6 pontos), respectivamente, e
foram compostos por 2 strain gages posicionados em lados opostos em relação ao
diâmetro da seção transversal da barra. Os resultados médios de qs compreendem
valores entre 145 e 295kPa (3m injetados) e 185 e 205kPa (6m injetados), para o solo
residual de biotita-gnaisse, e entre 108 e 248kPa (3m injetados) e 95 e 190kPa (6m
injetados) para o solo residual de gnaisse-leptinítico. Observou-se uma grande dispersão
dos resultados de ensaios de arrancamento realizados na mesma cota. Segundo os
autores, isso aconteceu devido à heterogeneidade do perfil de solo da região.
66
PITTA et al. (2003) reportaram resultados de ensaios de arrancamento realizados em 5
obras diferentes nas cidades de Guarulhos e São Paulo (SP), a fim de analisar os efeitos
e as melhorias decorrentes das sucessivas fases de injeção. Ao todo foram executados
47 ensaios de arrancamento em 5 obras distintas sendo 10 ensaios em solo silto-argiloso
(obra 130), 10 em solo argilo-arenoso (obra 268), 21 na argila vermelha porosa Paulista
(obra 479 e 355/500), 6 em saprolito de gnaisse Morumbi (obra 490). Os grampos foram
executados em furos com diâmetros de 75mm, com comprimento de injeção de 4 e 6m,
variando-se o número de injeções (bainha + 1, 2 ou 3 re-injeções). Os resultados obtidos
mostram valores de qs entre 37 e 124kN/m2 (bainha), 92 e 158kN/m2 (bainha + 1 re-
injeção), 113 e 164kN/m2 (bainha + 2 re-injeções) e 125 e 137kN/m2 (bainha + 3 re-
injeções), indicando um aumento de qs em função do aumento do número de injeções.
67
Segundo GOMES SILVA (2006) as diferenças no perfil de intemperismo, onde foram
realizados os ensaios de arrancamento do autor, justificam os diferentes valores de qs
obtidos dos ensaios.
68
distintas, em solo residual de gnaisse (maduro ou jovem) e em rocha alterada. Os
grampos foram executados com ângulo de inclinação de 10° em geral, diâmetro do furo
variando entre 75 e 100mm e comprimento total de 4m (3m injetados e 1m livre). A
autora instrumentou 14 grampos, com 5 strain gages espaçados de 50cm, para observar
a distribuição do carregamento ao longo do grampo durante os estágios de
carregamento. Os resultados de qs variaram entre 94 e 162kN/m2 (bainha) e 159 e
217kN/m2 (bainha + 1 re-injeção). A diferença de qs pode ser devida à heterogeneidade
geológica do perfil de solo encontrado: solo residual maduro (SRM), solo residual
jovem (SRJ) e rocha alterada (RA).
69
pode-se estimar a resistência ao arrancamento através de ensaios de laboratório
(cisalhamento direto e arrancamento), métodos analíticos e diferentes correlações
empíricas e semi-empíricas baseadas em ensaios de campo e de laboratório propostas na
literatura.
70
CAPÍTULO 3
Este capítulo apresenta uma revisão da literatura sobre modos de ruptura de reforços
com geometria, interfaces e mobilização de esforços similares aos do grampo, tais como
tirantes e estacas, além do próprio grampo. Aborda, também, os mecanismos de
transferência de carga de estacas e grampos sob solicitação axial.
3.1.1 - Tirantes
71
(a) (b) (c)
Figura 3.1 – Modos de ruptura de ancoragens: (a) ruptura da barra do tirante; (b) ruptura
no contato tirante-nata; (c) ruptura no contato nata-material geotécnico (adaptado de
BENMOKRANE, 1986).
Para que não ocorra a ruptura por tração da barra do tirante, é suficiente verificar se a
tensão atuante é inferior ao valor da tensão de ruptura do aço. A seção do aço mínima é
calculada através da expressão:
P
S mín (3.1)
Vr
onde:
Smín = seção mínima do tirante;
P = carga de tração a ser suportada pelo tirante;
Vr = tensão de ruptura da barra do tirante.
72
Ruptura do contato tirante-nata
onde:
P = carga de arrancamento;
d = diâmetro da barra de aço;
LA = comprimento de ancoragem ou do bulbo ancorado;
Wbarra-nata = tensão de aderência barra-nata, função do tipo de nata e das características de
superfície da barra.
73
(ii) Atrito - depende da tensão de confinamento, da rugosidade da superfície do aço e da
magnitude do deslizamento. A dilatância e a ação de cunhas de partículas finas da nata
de cimento contribuem, também, para a resistência por atrito e são geradas pela
mobilização das tensões de confinamento, à medida que as deformações longitudinais
variam;
(iii) Imbricamento mecânico - corresponde à mobilização da resistência ao cisalhamento
da nata entre as nervuras da barra ou das irregularidades do maciço de rocha ou solo.
Este fenômeno desaparece, de maneira irreversível, quando a nata é cisalhada.
FR H
fR (3.3)
FM B
onde:
fR = superfície relativa nervurada;
FR = superfície de contato externa do concreto com o sulco;
FM = superfície lateral do elemento cilíndrico (tirante, estaca, grampo, etc.);
H = profundidade das ranhuras;
74
B = comprimento das ranhuras.
Segundo os autores, o valor de fR deve ser inferior a 0,15 para garantir o efeito da
resistência das nervuras.
75
(a)
(b)
Figura 3.3 – Mecanismo de transferência de carga do tirante à nata: (a) interação entre a
barra nervurada e a nata; (b) fissuras da nata de cimento (adaptado de HANNA, 1982).
UIJL e BIGAJ (1996) propuseram dois modos de ruptura (Figura 3.4): (i) por separação
e (ii) por cisalhamento, os quais são divididos em três estágios. São eles:
(i) Primeiro estágio - comum aos dois processos. O contato entre o corpo embutido
(elemento) e o meio circunvizinho é mantido pela adesão e pelo intertravamento da
matriz do meio e da superfície do elemento. Considera-se um comportamento adesivo
elástico, com pequenos valores de adesão;
(ii) Segundo estágio - inicia-se a quebra da adesão. A concentração de forças de suporte
na parte frontal da aspereza causa a formação de uma trinca na forma de cone, com
início na crista da ranhura. Os deslocamentos relativos são resultados das deformações
das ranhuras do elemento e do esmagamento do meio. As forças de suporte, inclinadas
com respeito ao eixo do elemento, podem ser decompostas nas direções paralela e
perpendicular ao eixo. A componente paralela é igual à força de adesão, enquanto que a
componente radial induz tensões circunferenciais de tração no meio circunvizinho, o
que pode resultar em trincas radiais. A partir deste momento, deve ocorrer o processo de
ruptura por separação ou por cisalhamento. No primeiro caso, as trincas radiais se
propagam ao longo do comprimento do elemento e a adesão é rompida por completo.
76
Esta propagação de trincas resulta no decréscimo das tensões normais à interface
(menor dilatação);
(iii) Terceiro estágio - atingida a superfície externa, esta forte redução de tensões resulta
em uma queda repentina da tensão adesiva. O cisalhamento, por sua vez, começa a
ocorrer quando o confinamento é suficiente para evitar a separação do elemento do meio
circunvizinho. Neste caso, novos planos de escorregamento surgem ao redor do
elemento, cisalhando as asperezas, e o mecanismo de transferência de carga é feito
agora por atrito. Ocorre uma considerável redução das tensões normais à interface,
devido à pequena rugosidade apresentada pelo novo plano de escorregamento. Com
isso, ocorre a redução na aderência. Sob carga contínua, a superfície torna-se lisa,
enquanto o sistema apresenta redução de volume.
(a) (b)
Figura 3.4 – Modos de ruptura: (a) por separação; (b) por cisalhamento (adaptado de
UIJL e BIGAJ, 1996).
77
onde:
Wult. = tensão de aderência última barra-nata;
C0’ = resistência à compressão uniaxial da nata.
onde:
P = carga de arrancamento;
D = diâmetro do furo de sondagem;
LA = comprimento de ancoragem;
Wnata-maciço = tensão de aderência no contato nata-maciço, função do tipo de nata, das
características de superfície do furo de sondagem e do tipo de maciço.
(i) A tensão de aderência de trabalho média não deve ser superior à metade da
resistência ao cisalhamento mínima da rocha, determinada por meio de ensaios de
amostras representativas do maciço rochoso. Esta aproximação se aplica às rochas
brandas onde a resistência à compressão uniaxial (C0’) é inferior a 7MPa, e/ou para furo
de sondagem executado por meio de rotação-percussão;
(ii) Caso não se disponha de dados sobre a resistência ao cisalhamento da rocha ou de
ensaios de arrancamento de ancoragens, é comum, no caso de rochas sãs, considerar-se
a tensão de aderência última (Wult) variando de 10% de C0’ até um valor máximo de
79
4,0MPa. Isto vale para o caso da resistência à compressão da nata de cimento ser igual
ou superior a 42MPa;
(iii) Para um maciço rochoso com material alterado, com ângulo de atrito relativamente
baixo, a consideração de que Wult seja igual a 10% de C0’ pode conduzir a um baixo valor
de resistência ao cisalhamento. Neste caso, Wult pode ser considerada como 20 a 35% de
C0’ da rocha.
O grau de intemperismo das rochas é o principal fator que afeta a tensão de aderência
última. Nos projetos em solo residual, tem-se utilizado os resultados de ensaio de
penetração (SPT) para a estimativa da tensão de aderência última (SPRINGER, 2006).
Devido à enorme variação dos tipos de rochas ancoradas, diferentes valores de tensões
de aderência são utilizados na prática. LITTLEJOHN e BRUCE (1975) e LITTLEJOHN
(1993) reportaram alguns valores típicos de tensão de aderência rocha-nata
recomendados para projetos em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Os fatores
de segurança são relacionados aos valores de tensão de aderência de trabalho e última, e
a aderência é avaliada pela experiência de engenharia.
HANNA (1982) cita que o CMFE (1975) recomenda como tensão de aderência
admissível rocha-nata o menor dos seguintes valores:
80
onde:
Wm = tensão de aderência média;
a = constante (entre 36 e 48);
C0’ = resistência à compressão uniaxial da nata.
3.1.2 - Estacas
Estacas embutidas em rocha são compostas por três elementos: (i) estaca de concreto;
(ii) maciço rochoso e (iii) interface concreto-rocha; formando, assim, o sistema estaca-
rocha. HORVATH et al. (1983) afirmaram que as características de resistência e
deformabilidade destes elementos são os fatores primários que controlam o
comportamento do conjunto.
81
superfícies da interface, com a conseqüente ruptura da adesão entre estas (Figura 3.5).
Devido à diferença de rigidez entre a rocha e o concreto, os deslocamentos tendem a ser
acompanhados por um aumento do diâmetro do trecho embutido (Figura 3.5b). As
tensões atuantes na interface aumentam à medida que o diâmetro do trecho embutido
aumenta, proporcionalmente ao coeficiente de Poisson, e com a dilatação da interface,
devido à rugosidade das paredes do embutimento (JOHNSTON et al., 1987).
(a) (b)
Figura 3.5 – Estaca embutida em rocha sob carregamento axial: (a) antes dos
deslocamentos; (b) após os deslocamentos (adaptado de JOHNSTON et al., 1987).
82
E 'r
'V n (3.8)
1 Q r
onde:
'Vn = aumento de tensão normal;
E = módulo de elasticidade da rocha;
'r = dilatação do raio da estaca;
Q = coeficiente de Poisson da rocha;
r = raio original da estaca.
'V n E 1
K (3.9)
'r 1 Q r
83
Figura 3.6 – Comportamento do modelo de interface estaca-rocha em ensaio de
laboratório CNS (adaptado de JOHNSTON e LAM, 1989).
84
ocorrendo escorregamento ao longo das asperezas e esmagamento do material mais
fraco e (iii) para altas cargas normais, a dilatância é bastante reduzida, ocorrendo
cisalhamento por meio das asperezas. Este mecanismo de transferência de carga é
semelhante ao proposto por JOHNSTON et al. (1987).
Figura 3.7 – Trincas de tração provenientes das raízes das asperezas (adaptado de
HASSAM e O’NEIL, 1997).
85
Figura 3.8 – Idealização dos estágios de transferência de carga (adaptado de HASSAM
e O’NEIL, 1997).
86
Figura 3.9 – Tensões principais e superfícies de ruptura: (a) asperezas muito espaçadas;
(b) asperezas pouco espaçadas (adaptado de LEONHARDT e MÖNNING, 1977).
Figura 3.10 – Superfícies de ruptura próxima a ranhuras: (a) asperezas pouco espaçadas;
(b) asperezas muito espaçadas (adaptado de LEONHARDT e MÖNNING, 1977).
88
Figura 3.12 – Modo de ruptura dos modelos reduzidos estaca-rocha de fuste liso
(NUNES e CASTILHOS, 2002).
Figura 3.13 – Modo de ruptura dos modelos reduzidos estaca-rocha de fuste muito
rugoso (R1) (NUNES e CASTILHOS, 2002).
(a) (b)
90
(a) (b)
Figura 3.15 – Pontos de ruptura a partir da saída do PLAXIS: (a) fuste liso; (b) fuste
muito rugoso (R1) (COSTA, 2005).
Ressalta-se que os três estágios de mobilização da resistência lateral (adesão, atrito e/ou
imbricamento mecânico e cisalhamento do fuste), apresentados por CASTILHOS
(2001), NUNES e CASTILHOS (2002) e NUNES et al. (2002), não foram identificados
nos resultados das simulações numéricas da autora.
3.1.3 - Grampos
91
(i) Fase 1 - correspondente ao ajuste do sistema, quando a montagem do sistema de
ensaio é inadequada (grampo desalinhado ou com pouco aperto). O valor de rigidez
desta etapa não tem aplicação prática;
(ii) Fase 2 - comum a todos os ensaios. É a etapa de maior rigidez;
(iii) Fase 3 - comum a todos os ensaios. Apresenta rigidez nitidamente inferior à da
etapa anterior;
(iv) Fase 4 - corresponde ao cisalhamento e é identificada em alguns ensaios. Apresenta
rigidez nula, em que o grampo se desloca sem incremento de carga, ou um valor
próximo a zero.
Excetuando-se o ajuste do sistema de montagem (Fase 1), a maior parte dos ensaios de
arrancamento de grampos executados por SPRINGER (2006) mostra 3 etapas de
mobilização de resistência ao arrancamento: (i) resistência por adesão nata-solo (Fase
2); (ii) resistência por atrito e/ou imbricamento mecânico (Fase 3) e (iii) resistência por
cisalhamento (Fase 4).
A Figura 3.16 apresenta uma curva carga vs deslocamento típica das quatro fases
identificadas pela autora. Ressalta-se que alguns dos ensaios de arrancamento
apresentaram comportamento anormal, ruptura inesperada ou tiveram que ser
interrompidos, devido à montagem inadequada do sistema de ensaio.
Carga [kN]
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220
0
5 Limite da Fase 3
Atrito /
10 embricamento
Limite da Fase 1
15
Ajuste do sistema
Deslocamento [mm]
20
25
Limite da Fase 2
30 Adesão
35
40
45
50
55 Limite da Fase 4
60 Cisalhamento
65
SPRINGER (2006) utilizou, em parte da sua pesquisa, barras INCO-13-D (CA-75), que
possuem rosca em todo o comprimento (ranhuras muito próximas). Durante a exumação
dos grampos executados em rocha alterada, a autora constatou que algumas barras
haviam perdido a rosca, ou seja, a nata de cimento preencheu as regiões entre nervuras e
houve cisalhamento no contato entre a barra e a nata, ficando uma superfície lisa e sem
vestígios de nervura (Figura 3.18). Comportamento semelhante foi verificado por
LEONHARDT e MÖNNING (1977) e HASSAM e O’NEIL (1997), que concluíram
que a forma e o espaçamento das asperezas é determinante no modo de ruptura
apresentado; em interfaces onde as ranhuras estão muito próximas ocorre ruptura por
cisalhamento do material entre as nervuras do elemento.
93
Figura 3.18 – Ruptura no contato barra-nata para ranhuras muito próximas (SPRINGER,
2006).
ALONSO e FALCONI (1996) reportam que quando o grampo é arrancado com carga
centrada na barra, sem introdução de qualquer momento adicional, a nata não se
desprende da barra, embora apresente fissuração transversal intensa. Ao contrário,
quando se impõe uma pequena deflexão no grampo, surgem, também, fissuras
longitudinais e a nata se desprende da barra.
94
SPRINGER (2006) realizou quatro exumações de grampos re-injetados a fim de estudar
o padrão de fissuração ao longo do comprimento dos grampos: duas em solo residual
jovem e duas em rocha alterada.
Figura 3.19 – Fraturas transversais dos grampos em solo residual jovem (adaptado de
SPRINGER, 2006).
95
uma vez que a barra rasgou a nata na direção do deslocamento. Segundo a autora, o
arrancamento se deu no contato barra-nata em função da resistência do maciço.
A mobilização do atrito lateral unitário pode ser representada pela lei bilinear de
FRANK e ZHAO (1982), conforme mostrado em uma comparação entre curvas de
arrancamento teórica e experimental de ensaios executados em areia de Fountainebleau
pelo Projeto CLOUTERRE (Figura 3.23). Essa lei de mobilização da resistência ao
arrancamento é representada no plano (W, y) pelo valor limite da resistência ao
arrancamento (qs) e por duas retas de inclinações nas razões kE e kE/5, respectivamente,
97
que se interceptam no ponto de ordenada qs/2. O atrito lateral pode ser caracterizado,
portanto, através de dois parâmetros: kE (inclinação do primeiro segmento) e qs (atrito
lateral unitário último).
Através da observação da Figura 3.23, podem ser descritas 3 fases: (i) a primeira com
rigidez igual a kE e inflexão num valor equivalente a metade da resistência ao
arrancamento; (ii) a segunda com rigidez equivalente a 1/5 de kE e inflexão igual ao
valor de qs e (iii) a terceira com rigidez nula, ou seja, deslocamento crescente para
carregamento constante.
EM
kE 0,8 (3.10)
D
98
onde:
kE = parâmetro de rigidez;
EM = módulo pressiométrico Ménard;
D = diâmetro do grampo.
E
kE (3.11)
1 Q N D
§ 3,75 L ·
N ln ¨¨ ¸¸ (3.12)
© D 1 Q ¹
99
onde:
kE = parâmetro de rigidez;
E = módulo de deformabilidade do solo (módulo de Young);
Q = coeficiente de Poisson;
D = diâmetro do grampo;
L = comprimento do grampo.
EM
kE (3.13)
mR
onde:
kE = parâmetro de rigidez;
EM = módulo pressiométrico Ménard;
m = fator dependente da natureza do solo, variando entre 1 e 5 (CLOUTERRE, 1991) ou
entre 1,4 e 4,6 (UNTERREINER, 1994);
R = raio do grampo.
100
Figura 3.25 – Determinação do coeficiente m para o cálculo do valor de kE (adaptado de
CLOUTERRE 1991).
101
(a)
(b)
3.2.1 - Estacas
Ensaios de prova de carga em estacas são ensaios em verdadeira grandeza que permitem
verificar aspectos importantes, como a capacidade de carga, os deslocamentos do
elemento da fundação ou, ainda, no caso de estacas instrumentadas, a transferência de
carga em profundidade (ALBUQUERQUE, 2001).
102
Muitos fatores influenciam o fenômeno de transferência de carga de uma estaca ao solo
de suporte, tornando-se um problema complexo face às dificuldades de sua
quantificação, são eles: (i) geometria da estaca (incluindo as características do material);
(ii) tipo de estaca e o processo de instalação; (iii) estado de tensões iniciais do solo e (iv)
histórico de carregamento a que a estaca foi submetida (SOARES, 2006).
A transferência de carga ao longo da estaca pode ser determinada através das medidas
de deformação de extensômetros elétricos (strain gages).
Nos últimos anos, vários trabalhos sobre estacas utilizaram esta técnica de
instrumentação, podendo ser citados: MASSAD et al. (1981), ROCHA et al. (1985),
ABEF (1989), CARVALHO (1991), MASSAD (1991), MANTILLA (1992),
ALBUQUERQUE (1996), MENEZES (1997), FERREIRA (1998), TEIXEIRA et al.
(1998), ALBUQUERQUE e CARVALHO (1999), ALBUQUERQUE (2001),
CASTILHOS (2001), ALBUQUERQUE et al. (2002), CARVALHO e
ALBUQUERQUE (2002), FERREIRA et al. (2002), NUNES e CASTILHOS (2002),
NUNES et al. (2002), ALBUQUERQUE et al. (2004), ALLEDI (2004), MARQUES
(2004), NOGUEIRA (2004), ALBUQUERQUE et al. (2006), ALLEDI et al. (2006),
SOARES (2006) e ALBUQUERQUE (2007). Em todas as situações, verificou-se que a
técnica de instrumentação adotada forneceu resultados confiáveis.
103
Figura 3.27 – Resultados típicos de transferência de carga ao longo da estaca
instrumentada com strain gages (NIYAMA et al., 1996).
104
Figura 3.29 – Distribuição do atrito lateral ao longo do fuste (ALBUQUERQUE e
CARVALHO, 1999).
105
(a)
(b)
(c)
Figura 3.30 – Transferência de carga em estacas instrumentadas: (a) estaca escavada; (b)
estaca do tipo Hélice Contínua; (c) estaca Ômega (ALBUQUERQUE, 2001).
106
3.2.2 - Grampos
PROTO SILVA (2005) e SPRINGER (2006) realizaram calibrações das barras dos
grampos a fim de obterem uma correlação entre carga e deformação para cada strain
gage. Segundo PROTO SILVA (2005), desta forma pode-se levar em consideração
fatores intrínsecos ao processo de instrumentação que afetam as condições ideais de
trabalho, tais como: (i) ocorrência de bolhas de ar no contato strain gage-barra; (ii)
interferência na corrente de alimentação devido ao contato entre os cabos de
transmissão e a barra; (iii) isolamento elétrico inadequado; (iv) alinhamento incorreto
dos strain gages a colagem; (v) ocorrência de umidade no contato do strain gage e (vi)
rugosidade da superfície de contato.
107
A mobilização do atrito lateral ao longo do grampo ocorre gradualmente. Quando uma
força de tração (T0) é aplicada na extremidade externa do grampo (cabeça) ocorre um
movimento deste em relação ao solo e há a conseqüente mobilização da resistência ao
arrancamento no contato solo-grampo, gerando um campo de tensão-deformação.
Segundo CLOUTERRE (1991), pode-se afirmar que:
109
Figura 3.34 – Distribuição das tensões cisalhantes ao longo de um grampo com L = 3m
(adaptado de CLOUTERRE, 1991).
Figura 3.35 – Distribuição das tensões cisalhantes ao longo de um grampo com L = 12m
(adaptado de CLOUTERRE, 1991).
110
ensaio. À medida que seções mais próximas da extremidade interna são analisadas,
observa-se que as deformações diminuem até se anularem junto à extremidade do
grampo. Isto se deve à transferência de carga por atrito do grampo para o solo
circundante homogêneo. Este resultado corrobora o comportamento típico de
distribuição de carga durante os estágios de carregamento reportado por CLOUTERRE
(1991).
111
Figura 3.37 – Esquema da instrumentação da barra de aço (SPRINGER, 2006).
112
Ensaio de arrancamento [M1-08]
220
200
180
160
140
Carga [kN]
120
100
80
60
40
20
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Comprimento do grampo [m]
Figura 3.38 – Distribuição típica de carga ao longo do grampo com ruptura no contato
grampo-solo (SPRINGER, 2006).
220
200
180
160
140
Carga [kN]
120
100
80
60
40
20
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
Comprimento do grampo [m]
Figura 3.39 – Distribuição típica de carga ao longo do grampo com ruptura no contato
barra-nata (SPRINGER, 2006).
113
Da análise dos resultados, ou autores concluíram que: (i) não há diferenças
significativas das curvas normalizadas para os grampos de 3 e 6m de comprimento; (ii)
uma única curva, para um mesmo ponto ensaiado, pode representar os resultados,
independente do nível de solicitação (100% ou 50% da carga de ruptura) e (iii) as
deformações decrescem, e como conseqüência as cargas também, de forma linear ao
longo do comprimento do grampo.
Este capítulo teve como objetivo apresentar uma breve revisão de mecanismos e
mobilização de esforços em estruturas consideradas similares, tais como os tirantes,
grampos e estacas. Tirantes e estacas foram intensamente estudados e analisados e,
desta forma, os aspectos de comportamento já esclarecidos poderiam ser úteis para um
maior entendimento do comportamento mecânico de grampos.
114
CAPÍTULO 4
Este capítulo apresenta uma introdução ao método dos elementos finitos e ao programa
PLAXIS, ferramenta computacional utilizada para as simulações numéricas desta
pesquisa. A estrutura do programa, bem como seus modelos constitutivos, é reportada
de forma resumida. O capítulo finaliza com uma revisão sobre procedimentos
numéricos da literatura utilizados para previsão do comportamento de tirantes, estacas e
grampos sob solicitação axial.
A grande maioria dos problemas de engenharia não possui uma solução analítica
possível, pois envolve materiais diversos e condições de contorno complexas. Para a
solução desses casos, utilizam-se métodos numéricos que conduzem a soluções
aproximadas, obtendo-se os resultados em alguns pontos discretos da geometria do
problema.
(a) (b)
(c) (d)
117
Para aproximar a variação de uma grandeza (deslocamento, tensão, deformação, etc.)
dentro do elemento, são associadas funções de deslocamento ou modelos a esta
grandeza.
DESAI e ABEL (1972) resumem o MEF em um procedimento com seis passos básicos:
118
aplicação na solução de problemas mais complexos. Portanto, a capacidade de previsão
de um modelo está relacionada ao comportamento do material e ao modo como este
comportamento é traduzido através de formulações matemáticas adequadas (DESAI e
SIRIWARDANE, 1984).
119
Quando a superfície de potencial plástico coincide com a superfície de escoamento, diz-
se que ocorre fluxo associado;
(iii) Possuir uma lei de trabalho-encruamento/amolecimento (work-hardening softening)
que define os estados subsequentes do material.
dH dH e dH p (4.1)
onde:
dH = incremento de deformação total;
dHe = parcela elástica do incremento;
dHp = parcela plástica do incremento.
O programa PLAXIS (Finite Element Code for Soil and Rock Analyses) foi escolhido
como ferramenta numérica desta pesquisa. Trata-se de um programa de elementos
120
finitos bidimensional específico para aplicações geotécnicas. Este programa começou a
ser desenvolvido em 1987 pela Universidade Técnica de Delft (Holanda) e, desde então,
tem sido atualizado. Foi elaborado com o propósito de se constituir numa ferramenta
numérica prática, para uso de engenheiros geotécnicos que não sejam necessariamente
especialistas em procedimentos numéricos. Esta filosofia de desenvolvimento do
programa resultou numa interação bastante simples com o usuário-engenheiro, pois as
rotinas de pré e pós-processamento são fáceis de serem manipuladas.
O modelo pode ser do tipo deformação plana (plane strain), quando a geometria é
considerada bidimensional, e axissimétrico, quando apresenta uma seção radial única. A
Figura 4.2 apresenta os dois tipos de geometrias.
(a) (b)
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.3 – Posição dos nós e pontos de tensões: (a) 6 nós; (b) 3 pontos de tensão; (c)
15 nós e (d) 12 pontos de tensão (adaptado de BRINKGREVE, 2002).
Restrições ao movimento devem ser impostas no contorno, de modo que este, estando
suficientemente distante da região de interesse, possibilite a obtenção de respostas
satisfatórias. É comum adotar a base e as laterais como indeslocáveis tanto na vertical
122
como na horizontal. Os principais tipos de carregamento disponíveis no programa são
cargas distribuídas e cargas pontuais. Os pontos de aplicação devem ser fornecidos com
o valor da carga em kN/m2.
As deformações nos nós podem ser visualizadas como malha deformada, deslocamentos
verticais e horizontais, deformações totais e cartesianas (axiais, radiais e de
cisalhamento) e acréscimos de deslocamentos e de deformações em cada fase.
123
Assim como as deformações, as tensões também podem ser visualizadas em termos de
tensões totais, efetivas e cartesianas (axiais, radiais e de cisalhamento). Ressalta-se que
a convenção de sinais utilizada no programa PLAXIS, apresentada na Figura 4.4, é
diferente da usual na geotecnia. Quando algum ponto de tensão atinge a envoltória de
resistência de Mohr-Coulomb (Figura 4.4), ele é representado por um quadrado
vermelho vazado, enquanto que quando algum ponto excede a resistência à tração é
representado por um quadrado branco sólido.
124
4.3 - MODELOS CONSTITUTIVOS
ª 4 2 º
«K 3 G K G 0»
3
« »
D «K 2 G 4
K G 0» (4.2)
« 3 3 »
« »
« 0 0 G»
«¬ ¼»
E
G (4.3)
2 1 Q
E
K (4.4)
3 1 2Q
125
ângulo de atrito do solo (I) para a plasticidade do solo e o ângulo de dilatância (\). É
um modelo bastante utilizado como uma primeira aproximação de problemas
geotécnicos.
126
A condição de Mohr-Coulomb é uma extensão da lei de atrito de Coulomb. Esta
condição assegura que a lei de atrito de Coulomb é obedecida em qualquer plano dentro
de um elemento do material. A condição de Mohr-Coulomb pode ser definida por seis
funções formuladas em termos das tensões principais V1, V2 e V3 (SMITH e GRIFFITH,
1982):
Os dois parâmetros plásticos que aparecem nas funções (Equação 4.5) são o ângulo de
atrito (I) e a coesão (c). Essas funções representam um cone hexagonal no espaço de
tensões principais (Figura 4.6).
4.3.3 - Hardening-Soil
129
A rigidez do solo é definida, de maneira acurada, por meio do uso de três parâmetros: (i)
rigidez secante E50 correspondente à metade da tensão desviadora de ruptura (ensaio
triaxial); (ii) rigidez secante Eur para descarregamento e recarregamento (ensaio triaxial)
e rigidez do carregamento unidimensional Eoed (ensaio oedométrico). BRINKGREVE
(2002) afirma que, como uma primeira estimativa, pode-se considerar para vários solos
Eur | 3E50 e Eoed | E50.
Como visto anteriormente, o modelo considera que a rigidez do solo varia com o nível
de tensão confinante. Por isso, os valores introduzidos para os parâmetros de rigidez
devem ser correspondentes a uma tensão de referência, geralmente adotada como
100kPa. Durante a simulação, o programa calcula automaticamente o valor de cada
parâmetro em função das tensões atuantes. Entretanto, BRINKGREVE (2002)
reconhece que a principal limitação do modelo é que ele não leva em consideração o
amolecimento (softening) do solo.
130
4.3.4 - Soft Soil
O modelo Soft Soil é um modelo do tipo Cam-Clay utilizado para solos moles, como
argilas normalmente adensadas e turfas. As principais características deste modelo são:
131
4.3.5 - Soft-Soil-Creep
§t t'·
e ec CD log ¨ c ¸ (4.7)
© tc ¹
onde:
e = índice de vazios;
ec = índice de vazios no final do adensamento primário;
CD = índice de adensamento secundário;
tc = tempo no final do adensamento primário;
t’ = tempo de adensamento secundário.
132
onde o primeiro deve coincidir com a direção da anisotropia elástica. Cada plano pode
ter uma resistência ao cisalhamento distinta. As características básicas do modelo são:
133
ci Rinter csolo (4.8)
tgIinter Rinter tgIsolo d tgIsolo (4.9)
\ inter 0q para Rinter 1; caso contrário , \ inter \ solo (4.10)
onde:
ci = coesão da interface;
Rinter = fator de redução de resistência da interface;
csolo = coesão do solo;
Iinter = ângulo de atrito da interface;
Isolo = ângulo de atrito do solo;
\inter = ângulo de dilatância da interface;
\solo = ângulo de dilatância do solo.
Na Figura 4.9 os elementos de interface são mostrados com uma espessura finita, mas
na formulação do método dos elementos finitos utilizado pelo programa PLAXIS as
coordenadas dos pares de pontos nodais (do elemento plano e do elemento de interface)
são idênticas, ou seja, o elemento de interface considerado possui espessura nula.
Elementos de interface também são aconselhados para emprego em problemas de
interação solo-estrutura envolvendo cantos ou mudanças súbitas das condições de
contorno, que possam levar a grandes variações nos valores de tensão e deformação não
adequadamente reproduzidos por elementos planos convencionais. A introdução de
elementos de interface nestes cantos (Figura 4.9) pode melhorar significativamente a
qualidade dos resultados.
134
(a)
(b)
Figura 4.9 – Determinação de tensões nos cantos de estruturas: (a) sem elementos de
interface; (b) considerando elementos de interface (BRINKGREVE, 2002).
O critério de cut-off de tração deve ser também satisfeito pelos elementos de interface,
ou seja, os valores de tensão normal (V) devem ser inferiores à resistência à tração no
solo da interface (Vt,inter):
135
V V t ,inter Rinter V t ,solo (4.11)
Neste item faz-se uma revisão sobre modelagens numéricas de tirantes, estacas e
grampos sob solicitação axial de tração ou compressão. Ressalta-se que modelagens
numéricas de ensaios de arrancamento de grampos são raras na literatura.
4.5.1 - Tirantes
Os resultados numéricos obtidos pelo autor foram comparados aos resultados obtidos
experimentalmente, em areia densa, por OSTERMAYER e SCHEELE (1977). O
maciço e a barra foram discretizados em elementos isoparamétricos de 4 nós. A
espessura da nata foi simulada através de elementos de junta, originalmente
desenvolvidos para estudo de equilíbrio plano em maciço (GOODMAN et al., 1968). O
diâmetro médio do bulbo de injeção foi de 155mm, com barra de aço nervurada de
32mm de diâmetro.
PINELO (1980) admitiu que o tirante rompe pela nata, na interface barra-nata. Para o
aço e solo foram considerados comportamento elástico linear, sendo adotados os
parâmetros de deformabilidade do solo (E e Q). Para os elementos de junta foi
136
considerado comportamento não linear, adotando-se os parâmetros de resistência (c e I)
e a rigidez tangencial (kT), obtidos de ensaios de cisalhamento direto realizados na nata
pelo autor. Já a rigidez normal (kN) foi estimada. A malha de elementos finitos do tirante
em solo é apresentada na Figura 4.10.
137
Figura 4.10 – Malha de elementos finitos adotada para o tirante em solo (adaptado de
PINELO, 1980).
138
Figura 4.11 – Comparação da distribuição dos valores experimentais e numéricos de
tração na barra (adaptado de PINELO, 1980).
139
Figura 4.12 – Malha de elementos finitos adotada para o tirante em rocha (adaptado de
PINELO, 1980).
140
Figura 4.13 – Comparação entre os valores de deformação experimentais e numéricos -
tirante em calcário claro (adaptado de PINELO, 1980).
(a) (b)
Figura 4.15 – Modelo experimental: (a) geometria; (b) consideração da interface aço-
concreto (HAACH et al., 2004).
142
materiais (aço e concreto) linear. A Figura 4.17 mostra a malha de elementos finitos
adotada. Os resultados numéricos apresentaram uma boa concordância com os modelos
experimentais.
(a)
(b)
Figura 4.17 – Malha de elementos finitos adotada pelo programa ANSYS (ALMEIDA
FILHO et al., 2004).
143
Maiores detalhes relativos à aderência e ao comportamento da interface aço-concreto
em ensaios de arrancamento podem ser vistos em FERNANDES (2000), ALMEIDA
FILHO et al. (2004), HAACH et al. (2004), DE NARDIN et al. (2005a), DE NARDIN
et al. (2005b), HAACH (2005), ALMEIDA FILHO (2006) e ALMEIDA FILHO et al.
(2006). Estes autores, de modo geral, realizaram estudos experimentais e numéricos
através dos programas de elementos finitos ANSYS (2002) e ABAQUS (2003).
4.5.2 - Estacas
144
BRUGGER (1990) analisou o comportamento de uma estaca submetida a uma carga de
compressão. Foram utilizados três programas baseados no método dos elementos finitos
(CRISP, FUNDAMEF e PROGEO) e um programa baseado em curvas de tensão
cisalhante vs deslocamento (RATZ). O solo considerado nas análises foi uma argila. Os
programas, com seus modelos e resultados, foram comparados com métodos
tradicionais de previsão de capacidade de carga. Segundo o autor, a malha utilizada nos
programas baseados no método dos elementos finitos mostrou-se adequada para analisar
o atrito lateral da estaca.
O programa PROGEO (LOPES, 1980) realiza análise não linear incremental, usando o
processo de Runge-Kuta, e considera para o solo o modelo elástico não linear
hiperbólico do tipo DUNCAN e CHANG (1970). É codificado em FORTRAN e
permite análises de estado plano de tensão, estado plano de deformação e simetria axial.
Possui elementos quadrangulares isoparamétricos com 8 nós e 4 pontos de integração.
145
LEONG e RANDOLPH (1994) realizaram estudos paramétricos e comparações de
resultados de provas de carga de estacas embutidas em um argilito altamente fraturado,
a partir de uma versão modificada do programa de elementos finitos AFENA (A Finite
Element Numerical Algorithm), originalmente desenvolvido por CARTER e BALAAM
(1990). Foram analisadas estacas com resistência de fuste e de ponta e estacas com
somente resistência de fuste. O modelo adotado para a estaca foi elástico linear e o
maciço rochoso obedeceu ao critério de ruptura de Mohr-Coulomb, com parâmetros de
resistência (coesão, ângulo de atrito e dilatância) obtidos de WILLIAMS et al. (1980).
Os parâmetros de deformabilidade (módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson) e
peso específico foram estimados. A Figura 4.18 apresenta uma comparação entre as
curvas carga vs recalque obtidas através das análises numéricas e os resultados de
ensaios de campo de WILLIAMS et al. (1980). Observa-se uma excelente concordância
entre os resultados experimentais (pontos) e numéricos (curvas).
147
(a)
(b)
Figura 4.19 – Curvas carga vs recalque experimentais e numéricas: (a) estaca lisa; (b)
estaca rugosa (COSTA, 2005).
148
4.5.3 - Grampos
(a)
(b)
(b)