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6 authors, including:
Jonas Falcão
University of Brasília
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All content following this page was uploaded by Jonas Falcão on 13 March 2020.
Jonas Pereira Falcão (1); Francisco dos Santos Rocha (2); Arlindo Pires Lopes (3); Roberto
Nascimento Lucena (4); Francisco da Cunha Morais Neto (5); Isabelle de Miranda Corrêa (6)
Resumo
A estimativa empírica e sem grande precisão da distância entre sapatas adjacentes, o desconhecimento de
possíveis rupturas no solo devido à superposição de bulbos de tensão e a dificuldade em calcular a
intensidade dessas interferências através de formulações analíticas são obstáculos enfrentados pelos
engenheiros projetistas. Além disso, a maioria dos softwares comerciais de dimensionamento de estruturas
não leva em consideração os efeitos causados pelas ações da estrutura ao solo. Neste sentido, este
trabalho proporciona uma metodologia para facilitar e tornar mais seguro, preciso e econômico o
dimensionamento e locação de sapatas de concreto armado. Por meio de um programa computacional que
utiliza o Método dos Elementos Finitos, SAP 2000, realizou-se a escolha do tipo de malha, a inserção das
características da malha, o acréscimo das cargas e por fim a adição das condições de apoio das malhas.
Verificou-se que os resultados das tensões obtidos por meio do método numérico são bem próximos dos
resultados das tensões obtidos por meio das formulações analíticas de Terzaghi e Carothers. Os resultados
obtidos neste trabalho demonstram a relevância em se adotar métodos computacionais para analisar as
tensões produzidas no solo.
Palavra-Chave:Sapatas, bulbos de tensão, interferências, formulações analíticas, programa computacional.
Abstract
The empirical estimate and without a large precision of the distance between adjacent footings, the
ignorance of possible soil breakings due to the superposing of bulb of stresses and the difficulty to calculate
the intensity of these interferences through the analytical formulations are obstacles faced by structural
designers. In addition, the majority of the commercial structural design softwares do not take into account the
effects caused by the actions from the structure to the soil. In this sense, this work provides a methodology
to ease and become safer, more precise and economic the dimensioning and the location of footings. By
means of a computer program that utilizes the Finite Element Method, SAP 2000, it was performed the
choice of the kind of frame, the insertion of the characteristics of the frame, the increase of the loads and the
addition of the restraint conditions of the frames. It was verified that the results of the stress obtained through
the numerical method are similar to the results obtained through analytical formulations of Terzaghi and
Carothers. The results obtained in this work demonstrate the relevance in adopting computer methods to
analyze the stresses produced in the soil.
Keywords: footings, bulbs of stress, interferences, analytical formulations, computer program.
Nos primórdios da Mecânica dos Solos, imaginava-se que as tensões eram dissipadas ao
longo da vertical de maneira linear com um ângulo de espraiamento de 30º.
Posteriormente, foram determinadas inclinações para diferentes tipos de solos.
Entretanto, essa hipótese simples contraria todas as observações experimentais, pelas
quais se verificou que a pressão distribuída em profundidade não é uniforme, mas sim
variável em forma de sino.
Experiências realizadas nos primeiros tempos da Mecânica dos Solos mostraram que ao
se aplicar uma carga na superfície de um terreno, numa área bem definida, os acréscimos
de tensões numa certa profundidade não se limitam à projeção da área carregada. Nas
laterais da área carregada também ocorrem aumentos de tensão (BARNES, 2016).
Para efeitos práticos, considera-se que tensões menores que 10% da pressão de contato
não têm efeitos na deformabilidade do solo e, portanto esta isóbara delimitaria a zona do
solo sujeita a deformações.
Z B (Equação 1)
3Pz 3
v (Equação 2)
2 R 5
P 3r 2 z (1 2 ) R
r (Equação 3)
2 R 2 R 3 R z
(1 2 ) P z R
t (Equação 4)
2 R 2
R R z
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 4
Figura 3 – Parâmetros de cálculo de Boussinesq (BASTOS (2010))
Entretanto, de acordo com BARNES (2016), o solo deve ser considerado como finito, pois
onde há estratos rígidos nas camadas mais profundos não haverá distorções e recalques
significativos o que contribuirá para o aumento de tensões nestes pontos. Além disso, a
maioria dos solos possui módulo de elasticidade ou rigidez diferente de um ponto para
outro, geralmente aumentando com a profundidade, o que torna as tensões verticais
maiores que os valores obtidos por Boussinesq.
BARNES (2016) comenta que o solo não deve ser considerado isotrópico, pois nos casos
de argilas pré-adensadas e rochas, estas podem ser muito mais rígidas na direção
horizontal do que na vertical, sendo consideradas anisotrópicas. Já em relação à
consideração de material elástico-linear, os comportamentos de argilas normalmente
adensadas e areias soltassão diferentes daquele apresentado por Hooke.
Segundo BARNES (2016), uma pressão uniforme aplicada pode ser representada por um
grande número de cargas pontuais. Cada uma dessas cargas produzirá tensões em um
ponto dentro de uma massa do solo, de modo que a integração das equações de
Boussinesq forneça a tensão sob uma pressão uniforme.
q
z [ sen cos( 2 )] (Equação 5)
q
x [ sen cos( 2 )] (Equação 6)
Além disso, o tamanho das dimensões da fundação se relaciona com a profundidade das
tensões no solo conforme mostrado na figura 5. Percebe-se que fora da projeção do
carregamento não há bulbo de tensões maiores que 50% do valor da pressão de contato
o que permite ao projetista desconsiderar a verificação da interferência de bulbos de
pressão em solos homogêneos.
Para qualquer valor da largura B, pode-se trabalhar com sapatas isoladas, pois a isóbara
pertencente a ηz = 0,5 está praticamente dentro do alinhamento vertical das faces da
sapata. Dessa forma, conclui-se que a superposição de tensões não ultrapassa o valor da
tensão admissível, porém para atender às condições construtivas, CAMPOS (2015)
recomenda que a distância mínima entre as faces das sapatas não seja inferior a 15 cm.
Figura 5: Distribuição de tensões no maciço em função das dimensões da sapata. (CAMPOS (2015))
De acordo com SORIANO (2003), estruturas de meios contínuos são muito complexas
para serem analisadas de forma exata e, por isso, são adotadas hipóteses simplificadoras
quanto: ao comportamento de material (isótropo elástico-linear, por exemplo), às
condições de apoio (direções impedidas a deslocamentos ou com apoios elásticos), às
ações externas (forças e efeitos de deformação imposta e de temperatura), e quanto à lei
de variação das grandezas incógnitas ou dependentes (deformações com leis lineares ou
de ordem superior, por exemplo), entre outras, de forma a se criar o que se denomina
modelo matemático.
3 Método Numérico
Neste trabalho, utilizou-se o programa computacional SAP 2000 – Structural Analysis
Program – desenvolvido pela empresa Computer & Structures, Inc. (CSi). O solo foi
definido com as características do módulo de elasticidade e coeficiente de Poisson
extraídos de MARAGNON (2009). Para um solo argiloso, obtém-se o módulo de
elasticidade igual a 30 MPa e o coeficiente de Poisson igual 0,3. Para modelar o solo,
utilizou-se o elemento finito do tipo Shell Thick com espessura de 1 metro.
Nas laterais e na base do solo, foram colocados apoios que restringem o movimento
translacional nas três direções conforme mostrado na figura 7, haja vista que os
deslocamentos nesses pontos são praticamente nulos. Quanto às reações provenientes
das sapatas de concreto armado, distribuíram-se as reações uniformemente nos nós das
malhas de elementos finitos através do processo de área de influência, figura 8. Dessa
maneira, os valores das reações nos nós intermediários são o dobro dos valores das
reações nos nós de extremidade da projeção da sapata.
4 Resultados
Na cidade de Manaus, é comum encontrar solos com taxa de consistência baixa, variando
entre 50 kPa e 100 kPa. Dessa maneira, em um edifício residencial de dois pavimentos a
reação que chega às sapatas de concreto armado são iguais a 100 kN, necessitando de
sapatas com dimensões iguais a 2 metros por 1 metro.
A partir da análise do gráfico mostrado na figura 10, verificou-se que os valores das
tensões no solo obtidos pelo método numérico são próximos dos valores das tensões
calculados pela equação de Terzaghi e Carothers, embora a equação tenha sido
formulada especificamente para sapatas corridas.
A partir de um exemplo extraído de BARNES (2016), foi analisada uma sapata corrida de
concreto armado de 6m x 1m, com reação de 600 kN. Procedendo de maneira análoga
ao caso anterior, a comparação dos resultados obtidos pelo método computacional e pela
Equação 3 pode ser visualizada na figura 11. Os bulbos de tensões no solo obtido através
do software SAP 2000 são mostrados na figura 12.
A tensão máxima obtida na camada de areia compacta foi de 86,23 kPa, estando este
valor abaixo da taxa de consistência da areia. Já na camada de argila mole, a tensão
máxima calculada foi de 28,78 kPa, a 12 metros da superfície de profundidade. A tensão
atuante no solo é superior à taxa de consistência do solo nessa camada, o que pode
gerar anomalias na edificação decorrentes do recalque do solo.
Portanto, no caso de sapatas com faces juntas, verificou-se que não houve tensões
maiores que as pressões de contato das sapatas analisadas individualmente, indicando
não haver tensões no maciço maiores que a pressão de contato e não sendo necessário
avaliar as tensões nos casos de solos homogêneos, conforme foi comentado por
CAMPOS (2015).
Finalmente, foram analisadas três sapatas com dimensões de 2 metros por 1 metro e
carga de 100 kN atuando sobre cada uma. As faces das sapatas adjacentes estão
espaçadas a cada 1 metro.
5 Conclusões
6 Agradecimentos
Dedico este artigo a Universidade do Estado do Amazonas a qual financiou esta pesquisa
de iniciação científica durante doze meses.
7 Referências
BARNES, G.. Mecânica dos solos: princípios e prática. Rio de Janeiro:Elsevier, 2016.
MARANGNON, M.. Mecânica dos solos II. Juiz de Fora: UFJF, 2009.