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Análise de Sensibilidade de Fatores de Segurança de Estabilidade Externa de


uma Estrutura de Contenção em Solo Reforçado do Tipo Terra Armada

Conference Paper · June 2021

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Francisco Chaves Neto Teresa Raquel Lima Farias


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
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XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
Geotecnia e Desenvolvimento Urbano
COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

Análise de Sensibilidade de Fatores de Segurança de Estabilidade


Externa de uma Estrutura de Contenção em Solo Reforçado do
Tipo Terra Armada
Francisco Guerreiro Chaves Neto
IFCE, Fortaleza, Brasil, francisco_gchavesneto@hotmail.com

Caio Queiroz Fonteles


IFCE, Fortaleza, Brasil, caio_qf@hotmail.com

Teresa Raquel Lima Farias


IFCE, Fortaleza, Brasil, teresafarias@ifce.edu.br

Juceline Batista dos Santos Bastos


IFCE, Morada Nova, Brasil, jucelinebatista@hotmail.com

RESUMO: Neste artigo analisa-se a sensibilidade de parâmetros geotécnicos (ângulo de atrito e


peso específico aparente seco) na verificação de fatores de segurança externos (deslizamento,
tombamento, capacidade de carga da fundação e estabilidade global do talude) de uma estrutura de
contenção em Terra Armada de um viaduto, localizado no município de Fortaleza – Ceará. Para esta
pesquisa, apenas as análises com os ângulos de atritos de 26,0° e 28,5° apresentaram fatores de
segurança abaixo do permitido por norma (quanto ao deslizamento e/ou ruptura). Apesar de o peso
específico aparente seco ter variado 10 kN/m³, não foi observado instabilidade na estrutura com esta
variação. Além disso, os resultados indicam a análise de sensibilidade como uma ferramenta útil
que pode auxiliar na tomada de decisão em um estudo técnico.

PALAVRAS-CHAVE: Terra Armada, Fator de Segurança, Análise de Sensibilidade.

1 INTRODUÇÃO Para tal há a inserção dos reforços, criando,


assim, o solo reforçado.
Nos últimos anos, a estrutura de contenção do A Terra Armada, tema principal deste
tipo Terra Armada vem se destacando no trabalho, é um tipo de solo reforçado, sendo
mercado brasileiro e se desenvolvendo com a composto por uma estrutura de aterro
descoberta de novas tecnologias, devido à compactado, reforçado com armaduras
segurança, facilidade de execução, e ao baixo metálicas que interagem com o solo por meio
custo de implantação quando comparada a do atrito solo-armadura. Essa interação,
outras alternativas de contenção, como muros juntamente a um paramento flexível executado
de gravidade, podendo alcançar elevadas em concreto armado, promovem a estabilização
alturas. Além disso, tornou-se uma alternativa do talude vertical (PESSOA, 2016).
para obras rodoviárias, principalmente na Uma das formas de se analisar a estabilidade
estabilização de taludes verticais na construção dessas estruturas é por meio da determinação de
de viadutos. fatores de segurança. Além disso, para se
Segundo Ehrlich e Becker (2009), o solo avaliar como a variação de parâmetros
quando compactado, pode resistir à compressão geotécnicos afetam os valores de fatores de
além de diversos outros materiais, mas a sua segurança e qual a importância para a
capacidade de resistir à tração chega a ser nula. estabilidade da contenção, uma análise de
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sensibilidade apresenta-se como instrumento.


Para Nearing et al. (1990), a análise de
sensibilidade corresponde a uma avaliação das 2 METODOLOGIA
magnitudes relativas nas respostas de um
modelo, em função de mudanças relativas nos 2.1 Caracterização da Estrutura de Contenção
valores dos parâmetros de entrada do mesmo.
Dessa forma, neste artigo objetiva-se analisar O talude em estudo faz parte do viaduto sobre a
a sensibilidade sobre os parâmetros ângulo de Praça Manuel Dias Branco, ligando a Avenida
atrito e peso específico aparente seco, variando Aguanambi à BR-116 (Figura 1), construído
seus valores e observando suas influencias para melhorar a mobilidade em uma das
sobre os fatores de segurança em estudo. principais entradas da cidade de Fortaleza.

Figura 1. Localização do Viaduto sobre a Praça Manuel Dias Branco (FONTELES, 2017).

Foi realizada a coleta de dados em Fonteles Tabela 1. Informações iniciais para o dimensionamento
(2017) (Tabela 1) das características estruturais da estrutura em estudo (FONTELES, 2017).
Gometria do muro
e geotécnicas da contenção para a análise da
Espessura – e (m) 6,0
estabilidade externa do talude. Altura – h (m) 3,6
Após a obtenção dos dados, foram Espacamento dos reforços (m) 0,75
selecionados os parâmetros que seriam Inclinção da face (%) 3
utilizados na análise de sensibilidade, Parâmetros do solo de aterro
determinando-se que esta seria aplicada com os Classificação SUCS SM
kN/m3) 19,07
parâmetros ângulo de atrito interno, no intervalo
real (°) 36
entre 26° a 46° com uma diferença de 2,5° entre teórico (°) 34
cada análise, sendo o valor real de 36°, e peso Coesão (kPa) 0
específico aparente seco do material, no Característica do rolo compactador
intervalo entre 12 kN/m³ a 22 kN/m³ com uma Tipo de equipamento Dynapac CA134
diferença de 2 kN/m³ entre cada análise, sendo Tensão vertical induzida (kPa) 110
o valor real de 19,07 kN/m³.
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Foi utilizada a NBR 7188 (ABNT, 2013), da estrutura sofrer um momento, ou seja, de que
que trata da carga móvel causada por veículos e esta possa rotacionar. Para que a estrutura seja
pessoas em pontes e viadutos. De tal forma, classificada como estável quanto ao
adotou-se 75 kN/m² como carga móvel aplicada tombamento, é necessário que o momento
na superfície da estrutura. resultante, ou seja, aqueles que tendem a
Realizou-se então a análise da estabilidade estabilizar o projeto (como aqueles causados
externa da estrutura de Terra Armada, sendo pelo peso próprio da estrutura) seja pelo menos
obtida da mesma maneira que os taludes duas vezes maior ou igual ao do momento ativo,
convencionais, adotando diretrizes causado pelo empuxo horizontal do terreno e da
estabelecidas na NBR 11682 (ABNT, 2009) sobrecarga, sendo verificado pela Equação 1.
sobre a análise de estabilidade de taludes.
ΣMr
Procurou-se estabelecer os fatores de segurança CS = ≥ 2,0 (1)
ΣMa
quanto à probabilidade de ocorrência de: A)
deslizamento, B) tombamento, C) ruptura ou Em que, ΣMr: somatório dos momentos que
deformação excessiva do terreno de fundação, tendem a manter a estrutura estável (kN.m/m);
além de analisar também D) a instabilidade Σma: somatório dos momentos que tendem a
global da estrutura, mecanismos estes que são tombar a estrutura (kN.m/m).
ilustrados na Figura 2.
É importante observar que neste trabalho não
foi levado em consideração o efeito do empuxo
passivo nos momentos resultantes, procurando
assim favorecer a segurança da estrutura.
Para os cálculos dos momentos resultantes
(Mr), dos momentos ativos (Ma) e do empuxo
ativo (Ea ) foram utilizadas respectivamente as
Equações 2, 3 e 4. Já para os cálculos dos
coeficientes de empuxo ativo, foram utilizadas
as Equações 5 e 6.

ΣMr = ΣM + Ea Lsenβ (2)


2
h2
ΣMa = Ea h1 cosβ + (QKa2 ) (3)
2
1
Figura 2. Mecanismos para análise da estabilidade Ea = 2 γh2 Ka1 cosβ (4)
(EHRLICH E BECKER, 2009).
cosβ-√( cos2 β- cos2 θ)
Ka1 = (5)
cosβ+√( cos2 β- cos2 θ)
Sendo cada fator de segurança calculado em θ
duas situações: uma em que o peso específico Ka2 = tg²(45°- 2 ) (6)
aparente seco foi fixado no valor real de 19,07
kN/m³, variando o ângulo de atrito no intervalo Em que, ΣM: somatório dos momentos
entre 26° a 46° e outra em que ângulo de atrito causados pelo peso próprio da estrutura
foi fixado no valor real de 36°, variando o peso (kN.m/m); Ea: empuxo ativo resultante causado
específico aparente seco no intervalo entre 12 pelo terreno (kN/m); β: ângulo de inclinação do
kN/m³ a 22 kN/m³. terreno em graus; L: comprimento total da
estrutura (m); Ea: empuxo ativo resultante
2.2 Fator de Segurança Quanto ao (kN/m); h1: altura de aplicação do empuxo ativo
Tombamento causado pelo terreno (m); Q: sobrecarga
(kN/m²); Ka2: coeficiente de empuxo ativo na
No caso do cálculo da segurança ao sobrecarga; h2: altura de aplicação do empuxo
tombamento, o fator analisado é a probabilidade ativo causado pela sobrecarga (m); γ: peso
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específico aparente seco do solo (kN/m³); h: Em que, qu: capacidade de carga do solo de
altura total do solo externo à estrutura (m); Ka1: fundação (kN/m²); qmax: tensão máxima
coeficiente de empuxo ativo no solo; θ: ângulo solicitante no solo de fundação quando a
de atrito do solo em graus. estrutura for colocada (kN/m²); ΣP é o peso
próprio da estrutura em (kN/m); b:
2.3 Fator de Segurança Quanto ao comprimento de reforço da estrutura (m); e:
Deslizamento excentricidade (m).

No caso da análise da possibilidade de haver o Para calcular a excentricidade foi utilizada a


deslocamento horizontal da estrutura, o fator a Equação 10, observando que este resultado deve
ser levado em consideração para que o sistema ser menor que um sexto do comprimento na
seja classificado como seguro quanto ao base da estrutura, para que não haja forças de
deslizamento é se o atrito entre a estrutura e o tração na base. De acordo com Ehrlich e Becker
terreno da fundação é 1,5 maior que o empuxo (2009), para o cálculo da capacidade de carga
ativo horizontal causado pelo solo externo à do solo de fundação, a Equação 11 pode ser
estrutura. Foi utilizada para verificar a utilizada, levando-se em consideração que o
segurança, no caso de um solo que não possui solo investigado não apresenta coesão.
coesão e também não levando em consideração
as forças do empuxo passivo, a Equação 7. b ΣMr-ΣMa b
e = 2 - (ΣP+E )< (10)
a senβ 6
1
CS =
(ΣP+Ea senβ)tgθ2
≥ 1,5 (7) qu = γD + γD(Nq -1)fqi + 2 γB' Nγ fγi (11)
Ea cosβ

Em que, D: embutimento da fundação (m);


Em que, ΣP: peso próprio da estrutura em
Nq,γ: são fatores de capacidade de carga; fqi,γi:
(kN/m); Ea: empuxo ativo resultante (kN/m); β
sãos os fatores de excentricidade e inclinação da
é o ângulo de inclinação do terreno em graus; θ2
carga; B’: largura efetiva da fundação em
é o ângulo de atrito do solo de fundação em
metros (b-2e).
graus.
Ehrlich e Becker (2009) também oferecem as
2.4 Fator de Segurança Quanto à Ruptura do
Equações 12 e 13 para os fatores de
Terreno de Fundação
excentricidade e inclinação da carga, ainda
levando em consideração a ausência de coesão
Para verificação da segurança quanto à
significante no solo em estudo.
capacidade de carga do terreno de fundação, é
analisada a razão entre os valores da resistência
[ ]
2
do terreno de fundação e da resultante vertical Ea cosβ+(QKa2 h2 )
fqi = 1 - (12)
ΣP+Ea senβ
proporcionada pela estrutura, classificando-se
como seguro quando à resistência do terreno de fγi = (fqi )3/2 (13)
fundação é três vezes maior ou igual à
resultante vertical proporcionada pela estrutura Os fatores de capacidade de carga foram
(Equação 8). Para o cálculo da tensão máxima calculados pelas Equações encontradas em
que será solicitada no solo de fundação, Reisnner (1924) apud Vesic (1975) (Equação
utilizou-se a Equação 9. 14) e Meyerhof (1955) (Equação 15).

qu θ
CS = ≥ 3,0 (8) Nq = eπtg(θ) tg2 (45°+ 2 ) (14)
qmax
Nγ = 2(Nq +1)tg(θ) (15)
(ΣP+Ea senβ) 6e
qmax = (1 + ) (9)
b b
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2.5 Fator de Segurança Quanto à das fitas, tendo por base os valores empregados
Instabilidade Global da Estrutura por Marchesini (2007).

Fator de segurança quanto à instabilidade global


da estrutura permite verificar a estabilidade
geral do talude por meio dos parâmetros do solo
na estrutura e na vizinhança, sendo verificadas
diversas superfícies de ruptura no terreno, com
o objetivo de encontrar a superfície cujo fator
de segurança seja o menor, assim pode-se Figura 3. Modelo da estrutura de Terra Armada - módulo
chama-la de superfície de ruptura crítica. Slope/W do software GeoStudio® versão estudante.
Nesta pesquisa foi utilizado o módulo
Slope/W do software GeoStudio® para a análise Com o software obteve-se a superficie de
da estabilidade global do talude. Para isso ruptura crítica e respectivo coeficiente de
utilizou-se os parâmetros obtidos por Fonteles segurança dessa superfície, como exemplificado
(2017), sendo assim possível montar um na Figura 4, em que foi aplicado os valores
modelo próximo da realidade para ser aplicado reais de ângulo de atrito e peso específico, 36° e
no programa e assim encontrar a superfície de 19,07 kN/m³, respectivamente.
ruptura crítica a partir do método de Bishop. O
fator de segurança obtido nessa superfície deve
ser maior ou igual a 1,5 para que o talude seja
considerado estável.
Devido a utilização da versão estudante do
GeoStudio®, certas limitações foram aplicadas
no modelo, sendo assim: foi permitido apenas a
Figura 4. Superfície de ruptura crítica - módulo Slope/W
utilização de três tipos de materiais; não foi do software GeoStudio® versão estudante.
possível aplicar a sobrecarga na estrutura; e não
foi possível introduzir as fitas metálicas no solo.
A Figura 3 ilustra o modelo montado no 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
software Slope/W, podendo ser observado que o
solo foi separado em duas seções: (i) seção Na Tabela 2 é possível observar os resultados
amarela, em que é representado o solo natural obtidos por meio da análise de sensibilidade
sem coesão e (ii) a seção verde, em que é aplicada no parâmetro ângulo de atrito, no
representado a área em que as fitas metálicas intervalo entre 26º a 46º com uma diferença de
estão inseridas no solo, tendo assim o mesmo 2,5º entre cada análise, sendo o valor real de
peso específico aparente seco e ângulo de atrito 36°, mantendo também o valor real do peso
do solo natural, mas nesse caso foi adotado uma específico (19,07 kN/m³).
coesão fictícia como sugerido no estudo de
Tabela 2. Coeficientes de segurança com variação do
Silva (2012), simulando a resistência à tração ângulo de atrito de 2,5º.
dos reforços por meio da coesão, tornando θ (°) Tombamento Deslizamento Ruptura Global
assim o modelo mais coerente. 26,0 4,438 1,230 1,730 2,058
Para permitir que o modelo seja mais 28,5 4,891 1,510 2,920 2,248
próximo da realidade, o paramento em concreto 31,0 5,402 1,847 4,941 2,448
33,5 5,983 2,255 8,379 2,658
armado foi considerado como um terceiro 36,0 6,648 2,751 14,266 2,882
material que faz parte da massa deslizante do 38,5 7,411 3,360 24,448 3,044
talude, tendo seu peso específico de 23,58 41,0 8,296 4,112 42,318 3,158
kN/m³, além disso, adotou-se valor de coesão 43,5 9,327 5,049 74,279 3,253
de 500 kPa e ângulo de atrito de 500° na região 46,0 10,539 6,228 132,849 3,352
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Na Figura 5 é possível visualizar como os


coeficientes de segurança variam de acordo
com os valores de ângulo de atrito interno
adotados na análise de sensibilidade.

Figura 5. Coeficientes de segurança versus ângulos de atrito.

Na Tabela 3 são apresentados os resultados Tabela 3. Coeficientes de segurança variando o peso


obtidos por meio da análise de sensibilidade específico aparente seco ().
aplicada ao parâmetro peso específico aparente  (kN/m³) Tomb. Desliz. Ruptura Global
do material, no intervalo entre 12 kN/m³ a 22 12,00 4,611 1,975 7,754 3,105
kN/m³ com uma diferença de 2 kN/m³ entre 14,00 5,228 2,216 9,851 3,019
cada análise, sendo o valor real de 19,07 kN/m³, 16,00 5,812 2,439 11,743 2,954
mantendo o valor real do ângulo de atrito (36°). 18,00 6,364 2,646 13,436 2,904
19,07 6,648 2,751 14,266 2,882
A Figura 6 apresenta como os coeficientes de 20,00 6,888 2,839 14,948 2,864
segurança variaram de acordo com os valores 22,00 7,385 3,020 16,300 2,735
do peso específico aparente seco.
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Figura 6. Coeficientes de segurança em função de valores de peso específico aparente seco.


Quanto à variação do ângulo de atrito, o Para esta pesquisa, apenas as análises com os
coeficiente de segurança quanto à ruptura do ângulos de atritos de 26,0° e 28,5° apresentaram
terreno de fundação foi o que mais variou, fatores de segurança abaixo do permitido na
devido ao fato de que, para seu cálculo, foi norma (quanto ao deslizamento e/ou ruptura),
necessário encontrar a capacidade de carga do sendo classificados como taludes instáveis.
solo de fundação, consequentemente os fatores
de capacidade de carga, sendo estes altamente
dependentes do valor do ângulo de atrito. 4 CONCLUSÕES
Portanto, a variação ocasionou uma inclinação
De acordo com os resultados obtidos, foi
bastante elevada na curva desse coeficiente de
possível observar como os parametros ângulo
segurança.
de atrito e peso específico influenciam nos
O comportamento dos outros coeficientes de
valores de coeficientes de segurança de
segurança com a variação do ângulo de atrito
estabilidade externa de uma estrutura de
foi muito parecido entre si, sendo uma curva
contenção em solo reforçado do tipo terra
crescente, pois seguem uma relação diretamente
armada. A partir da avaliação de como a
proporcional com o valor do ângulo de atrito.
variação desses parâmetros afetam os fatores de
Quanto à variação do peso específico seco,
segurança e sua importância para a estabilidade
os coeficientes de segurança ao tombamento,
na situação em estudo, pode-se realizar um
deslizamento e ruptura do terreno de fundação
estudo de alternativas de materiais que possam
apresentaram comportamentos similares entre
ser utilizados para a execução da estrutura,
si, com uma curva crescente em relação ao
conforme a disponibilidade local em função de
valor do parâmetro em análise.
valores de fatores de segurança que atendam
O coeficiente que se diferenciou nesse caso
aos critérios de segurança e economia da obra.
foi o global, demonstrando uma curva
Os resultados desta pesquisa indicam a
decrescente, isso se deve principalmente ao fato
análise de sensibilidade como uma ferramenta
de que o valor do peso específico seco
útil que pode auxiliar na tomada de decisão em
influencia tanto para aumentar o momento
um estudo técnico e em processos de
atuante quanto o momento resistente do solo,
dimensionamento de estruturas de caráter
havendo assim uma sensibilidade maior desse
geotécnico, podendo proporcionar uma solução
parâmetro para os momentos atuantes no caso
mais viável com base nas características dos
em estudo.
materiais disponíveis na região.
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Por fim, sugere-se a realização de análise de


sensibilidade em um solo que também apresente
coesão, parâmetro este que não esteve presente
no solo em estudo, para uma análise mais
detalhada de como todos os parâmetros
geotécnicos presentes em uma análise de
estabilidade de taludes e estruturas de
contenção influenciam na determinação dos
fatores de segurança.

REFERÊNCIAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas. (2013) NBR
7188: Carga móvel rodoviária e de pedestres em
pontes, viadutos, passarelas e outras estruturas.
Rio de Janeiro.
Associação Brasileira de Normas Técnicas. (2009) NBR
11682: Estabilidade de Encostas. Rio de Janeiro.
EHRLICH, M.; BECKER, L. (2009) Muros e Taludes
de Solo Reforçado: projeto e execução. 1ª ed.
Brasil: Oficina de Textos.
FONTELES, C. Q. (2017) Contenção em solo reforçado
tipo Terra Armada: um estudo de caso da obra do
Viaduto da Avenida Aguanambi, Fortaleza/CE.
Monografia de Graduação, Curso de Bacharelado em
Engenharia Civil, IFCE.
MARCHESINI, I. A. (2007) Análise determinística,
probabilística e de sensitividade de um talude
situado na Serra do Mar do Paraná. Monografia de
Graduação, Curso de Engenharia Ambiental, UFPR.
MEYERHOF, G. G. (1955) The bearing capacity of
foundations under eccentric and inclined loads. In:
INT. CONF. ON SOIL MECH. AND FOUND.
ENGIN., 3., Proceedings... Zurich, Switzerland. v. 1.
NEARING, M. A.; DEER-ASCOUGH, L.; LAFLEN, J.
M. (1990) Sensitivity analysis of the WEPP
hillslope profile erosion model. Transactions of the
ASAE, v. 33, n.3, p.839-849.
PESSOA, R. G. (2016) Avaliação dos custos
construtivos de estruturas de contenção no
município de Natal/RN. Monografia (Bacharel em
Engenharia Civil) - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, Brasil.
SILVA, N.H. (2012) Análise do dimensionamento de
solo reforçado tipo Terra Armada: Muros de
Terra Armada Verificação da Segurança.
Dissertação (Mestre em Engenharia Civil) -
Universidade Nova de Lisboa, Portugal.
VESIC, A. S. (1975) Bearing capacity of shallow
foundations. In: Foundation Engineering Handbook,
McGraw-Hill, New York, NY, USA.

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