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FACULDADE ÚNICA

AROYTO PEREIRA DE LIMA CARDOSO

METODOLOGIAS DE PROSPECÇÕES DIRETAS ADOTADAS NO BRASIL EM


OBRAS DE BARRAGEM

PARAUAPEBAS - PARÁ

2022
FACULDADE ÚNICA

AROYTO PEREIRA DE LIMA CARDOSO

METODOLOGIAS DE PROSPECÇÕES DIRETAS ADOTADAS NO BRASIL EM


OBRAS DE BARRAGEM

Artigo Científico apresentado à Faculdade


Única, como parte das exigências para a
obtenção do título de Especialista em
Engenharia Geotécnica.

PARAUAPEBAS - PARÁ

2022
METODOLOGIAS DE PROSPECÇÕES DIRETAS ADOTADAS NO BRASIL EM
OBRAS DE BARRAGEM

Aroyto Pereira de Lima Cardoso

RESUMO

Aproximadamente todos os grandes projetos de engenharia executados a nível mundial necessitam


de dados provenientes das pesquisas geotécnicas, o que não é diferente em projetos de barragem,
portanto, é de suma importância que os profissionais tenham conhecimento e domínio dos métodos.
Neste sentido, este trabalho traz uma revisão bibliográfica sobre os principais métodos de
prospecções geotécnicas diretas adotadas nos projetos de barragem no Brasil. Importante verificar
que na literatura é possível verificar três métodos e em norma apenas dois, o que denota uma grande
necessidade de se conhecer os principais escritores e pesquisadores do tema. Nesta pesquisa é
possível notar que mesmo diante de tantas tecnologias disponíveis no mercado ainda realizamos
projetos e executamos obras através de estudos e investigações geotécnicas executados por meio de
instrumentos clássicos, simples e antigos, porém, bastante eficazes..

Palavras chave: Prospecção. Amostragem. Barragem. Solo. Rocha.

Introdução

Em todo projeto de barragem é necessário que sejam executados processos


de prospecções ou sondagens com a finalidade de coletar informações que sejam
consistentes acerca do detalhamento e caracterização dos solos e rochas.
Estas prospecções e sondagens por sua vez ocorrem de forma direta e
semidireta, sendo a semidireta aquela que em que o investigador ou sondador não
consegue acessar ir até a profundidade em que o material solo ou rocha se
encontra, permitindo apenas o reconhecimento mediante as amostras coletadas.
E as prospecções diretas, que por sua vez, permite ao investigador um conato
direto com o material investigado, por meio de escavações como poços, trincheiras e
túneis (COSTA, 2016).
Ainda segundo Costa (2016), com este procedimento é possível definir no
local as características do subsolo analisado, como perfil do solo, textura e estrutura,
presença de blocos e ou matacões nos horizontes do solo, características do
saprólito, características litológicas, atitude real das descontinuidades dos maciços
rochosos e espaçamento, abertura, rugosidade e preenchimento dos planos de
descontinuidade.
A norma NBR 9604 (2016) apresenta apenas dois métodos de sondagem
direta que são as metodologias de poços e trincheiras, já Costa (20166), apresenta
mais um que seria a metodologia de túneis.
Portanto, neste trabalho abordaremos os três tipos prospecção direta
encontrados na literatura, bem como conceituando de acordo com os principais
autores encontrados.

Desenvolvimento

Determinar as características de um subsolo não é uma missão fácil, haja


vista a gigantesca diversidade de minerais e aglomerados existentes nas
composições de solo ou rocha.
É impossível conhecer as suas características sem antes estar padronizado e
bem assessorado com ferramentas e profissionais experientes, a prospecção de um
solo é fundamental no processo de tomada de decisão em projetos, podendo colocar
a perder todo um investimento caso o sistema de gerenciamento do projeto esteja
alimentado com muitas inverdades acerca do subsolo.
Por este motivo estaremos realizando uma revisão sobre os métodos diretos
de prospecção adotados no Brasil em áreas de barragem.

Poços

De acordo com a norma NBR 9604 (2016), poços são escavações verticais de
seções circulares ou quadradas, quando projetada em um plano horizontal, com
dimensões mínimas suficientes para permitir o acesso de um observador.
Por este motivo ela é caracterizada direta pois a escavação realizada para a
amostragem possibilita que o pesquisar consiga acessar e tocar o material do local
perfurado, estes poços além de possibilitar as inspeções das paredes e do fundo, e
a retirada de amostras representativas de solo, deformadas e indeformadas, podem
ser executados tanto em solos quanto em rochas (COSTA, 2016).
De acordo com Costa (2016), para as escavações em solos utilizam-se
ferramentas manuais, como pá, enxada, enxadeco, picareta, barra-mina etc. A
seção do poço pode ser quadrada ou circular, e a dimensão varia em função do
material a escavar e das necessidades de observação e amostragem.
No que diz respeito as aberturas de poços em rochas estas devem ser
abertas com a utilização de explosivos, e sua abertura pode ser feita de cima para
baixo ou o contrário, no caso de ser feita a partir de uma obra subterrânea (COSTA,
216).
Costa (2016) reforça que a rocha possui elevada resistência à escavação, as
paredes escavadas podem ser mantidas estáveis com cortes verticais, dispensando
qualquer tipo de escoramento.
Sempre houver execução de abertura de poços a principal finalidade são as
coletas de amostras, que devem feitas com o sem perturbação, ou seja, com
deformação ou sem deformação.
A norma NBR 9604 (2016) define a amostra deformada como sendo uma
amostra extraída por raspagem ou escavação, implicando na destruição da estrutura
original e na alteração das condições de compacidade ou consistência naturais.
Já a indeformada a mesma norma define como sendo uma amostra extraída
com o mínimo de perturbação, procurando manter sua estrutura original e condições
de umidade e compacidade ou consistência naturais.
Costa (2016), explica que a amostragem em um poço deve ser feita ao longo
de sua parede lateral, em solo ou em rocha.
O autor vai mais afundo que a norma e diz que na amostragem deformada,
pode a amostra ser retirada de um determinado horizonte do solo ou coletada de
forma a representar uma mistura de diferentes horizontes (COSTA, 2016).
Quando Costa (2016) aborda a amostragem do tipo indeformada ele explica
que se deve escavar um nicho na parede do poço, deixando intacto um bloco do
horizonte do solo a ser amostrado.
Em obras de barragens o poço é utilizado de acordo com (COSTA, 2016) com
os seguintes objetivos, caracterizar e amostrar os materiais incoerentes nas
fundações da barragem, nos canais e em emboques de túneis, aferir a geofísica,
caracterizar e amostrar os solos que serão utilizados nas jazidas de materiais
terroso, acessar os túneis de investigação nas fundações da barragem.
Trincheiras

Para Costa (2016) A trincheira, por ser uma escavação geralmente muito
extensa e estreita, é sempre aberta em solo, e pode ser escavada manualmente ou
de forma mecanizada.
Na abertura mecanizada emprega-se diversos tipos de escavadeira, sendo
mais utilizadas as de caçamba, de arrasto, de mandíbulas e a retroescavadeira. E
na abertura manual utiliza-se os mesmos instrumentos empregados na abertura de
poços (COSTA, 2016).
A norma NBR 9604 (2016) define a prospecção por trincheiras da seguinte
forma:
Como uma escavação geralmente vertical, ao longo de uma determinada
linha ou seção, de modo a se obter uma exposição contínua do terreno,
com dimensões variáveis, sendo as mínimas suficientes para permitir o
acesso seguro de um observador, visando a inspeção das paredes e fundo,
e retirada de amostras representativas deformadas e indeformadas.

Sendo a sua amostragem executada da mesma forma utilizada em


poços. Em barragens as trincheiras são muito utilizadas conforme explicado por
(COSTA, 2016):
Utilização da trincheira em projetos de barragem é a caracterização dos
materiais incoerentes ao longo das fundações da barragem, pois, como se
trata de uma escavação mais longa permite uma melhor visualização
desses materiais que o poço, não apenas ao longo das ombreiras, mas
também na parte mais rebaixada do vale. Nas fundações, as trincheiras são
geralmente escavadas ao longo do cut off, ou ao longo da base do plinto, no
caso de barragens de enrocamento com face de concreto. Outra utilização
refere-se às obras em canais e também ao local previsto para a ogiva do
vertedouro.

Túneis

Conforme mencionado anteriormente não foi possível encontrar uma


aplicação na norma, no entanto, achou-se interessante apresentar este método em
função de que o mesmo foi evidenciado por (COSTA, 2016).
O autor diz que os túneis aqui analisados por ele são aqueles abertos
unicamente com a finalidade de pesquisar os solos e rochas locais, razão pela qual
podem ser considerados como obras temporárias.
E que neste caso são aplicadas na escavação de solo ou no saprólito podem
utilizar as mesmas ferramentas referidas para poços e trincheiras (COSTA, 2016).
Quanto a sua aplicação em barragens o autor afirma o seguinte:

A sua aplicação em barragens restringe-se a estudos nas ombreiras, em


situações pouco comuns representadas por fortes declividades e espesso
regolito. Já os túneis escavados em rocha visam investigar as fundações da
barragem ou caracterizar as condições geomecânicas do maciço rochoso
para implantação de obras subterrâneas. Esses túneis são abertos por
explosivos e geralmente acessados através de poços abertos também na
rocha. Seu principal uso refere-se à realização de ensaios in situ de
mecânica das rochas.

Conclusão

Portanto, a realização de uma revisão bibliográfica detalhada acerca do tema


nos faz refletir sobre o grau de importância de dominarmos os métodos práticos e
analíticos destas investigações uma vez que além de não serem muito aplicados em
outras obras de engenharia são bastante importantes em obras de barragem.
Importante verificar que os métodos de trincheiras e poços são muito
semelhantes em suas amostragens, mas possuem diferenças quanto ao formato de
abertura tanto para rochas quanto para solos.
Percebemos que não existe especificado em norma o método de sondagem
por abertura de túneis, no entanto, é possível checar na literatura a sua existência
evidenciado a necessidade de se conhecer os principais escritores acerca do tema.
Por fim, concluímos que atualmente, mesmo diante de tantas tecnologias
disponíveis no mercado ainda realizamos projetos e executamos obras através de
estudos e investigações geotécnicas executados por meio de instrumentos
clássicos, simples e antigos, porém, bastante eficazes.
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9603: Sondagem a trado –


Procedimento: Referências. Rio de Janeiro, 2015.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6484: Solo - Sondagens


de simples reconhecimento com SPT - Método de ensaio: Referências. Rio de Janeiro,
2001.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9604: Abertura de poço e


trincheira de inspeção em solo, com retirada de amostras deformadas e indeformadas –
Procedimento: Referências. Rio de Janeiro, 2016.

COSTA, Walter Duarte. Geologia de barragens. Oficina de Textos, 2016.

DE MATOS NOGUEIRA, Rodrigo et al. Importância Da Sondagem SPT Na Construção


Civil. Revista Pesquisa e Ação, v. 5, n. 2, p. 171-178, 2019.

MACIEL FILHO, Carlos Leite. Introdução à geologia de engenharia. Ed. da UFSM, 1997.

PEREIRA, Caio. Tipos de Sondagem de Solo. Escola Engenharia, 2015. Disponível em:
<https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-sondagem/>. Data de acesso:
29/11/2022.

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