Você está na página 1de 7

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/362684554

Uso de drenos horizontais profundos (DHP's) no controle da freática para o


aumento do FS e estabilidade de taludes

Conference Paper · August 2022

CITATIONS READS

0 118

3 authors, including:

Marcio Leão
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
68 PUBLICATIONS 87 CITATIONS

SEE PROFILE

All content following this page was uploaded by Marcio Leão on 14 August 2022.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

Uso de drenos horizontais profundos (DHP’s) no controle da


freática para o aumento do FS e estabilidade de taludes
Fernando Pereira da Silva
Geólogo Geotécnico, Instituto Minere, Parauapebas, Pará, fernandosilvageologo@gmail.com

Daniel Katarira
Geólogo, Walm Eng Ambiental, Belo Horizonte, Brasil, dkatahira@gmail.com

Márcio Fernandes Leão


Geólogo de Engenharia e Geotécnico, D.Sc., Instituto Minere, Belo Horizonte, Brasil,
marciotriton@hotmail.com

RESUMO: Este trabalho analisou o uso de drenos horizontais profundos (DHP) no controle da freática para o
aumento do fator de segurança (FS) de taludes que apresentam instabilidades, surgência e fator de segurança
abaixo do que está estabelecido por norma. Foram realizados mapeamentos, sondagem mista e coletados
blocos para identificação das litologias envolvidas e levantamentos dos parâmetros dos materiais geológicos.
Foram confeccionadas seções geológico-geotécnicas para subsidiar as análises de estabilidade, buscando
determinar a viabilidade da implantação, quantidade e disposição espacial dos DHP’s. Foram identificados
três materiais que compõem as camadas dos taludes e a análises de estabilidade recomendou o retaludamento
da área estudo, com indicação da inclinação máxima e largura da berma, buscando a reconformação da área
afetada pela ruptura. A sondagem também identificou os níveis d’água que subsidiaram a implantação de
DHP’s e sistema de drenagem superficial que visa evitar danos futuros advindos do escoamento das águas
superficiais. A análise de estabilidade mostrou que a instalação correta de DHP’s possui grande influência no
controle do nível freático. O rebaixamento do NA no talude acarreta um aumento significativo do FS, fazendo
com que a estrutura seja aprovada nas normas vigentes, as vezes sem o uso de retaludamento.

PALAVRAS-CHAVE: DHP, Estabilidade de taludes, FS, Freática, Rebaixamento.

ABSTRACT: This work analyzed the use of deep horizontal drains (DHP’s) in the control of the water table
to increase the safety factor (FS) of slopes that present instabilities, seepage, and safety factor below what is
established by standard. Mappings, mixed drilling and block collection were carried out to identify the
lithologies involved and surveys of the parameters of the geological materials. Geological-geotechnical
sections were made to support stability analyses, seeking to determine the feasibility of implantation, quantity
and spatial disposition of the DHPs. Three materials that make up the layers of the slopes were identified and
stability analysis recommended the re-sloping of the study area, with indication of the maximum slope and
width of the berm, seeking to reconfigure the area affected by the rupture. The drilling identified the water
levels that led to the implementation of DHP’s and a surface drainage system that aims to prevent future
damage from surface water runoff. According to the stability analysis, it was verified that the correct
installation of DHP’s has a great influence on the control of the water table. The lowering of the NA on the
slope leads to a significant increase in the FS, causing the structure to be approved in accordance with current
regulations, sometimes without the use of a straightening.

KEYWORDS: DHP, Slope stability, FS, Water table, Lowering.

1 Introdução
Drenos horizontais são definidos como orifícios perfurados em um corte ou aterro e revestidos com um
metal perfurado ou um forro de plástico com fendas (Royster, 1980). O objetivo do uso de drenos horizontais
como parte do trabalho de controle de instabilidades é drenar as águas, mantendo assim o solo insaturado. O
projeto e o sucesso dessas medidas geralmente são baseados apenas na experiência local. A eficácia do sistema
de drenagem horizontal é função de muitos fatores, incluindo a localização do dreno, o comprimento e o

https://proceedings.science/p/149108
XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

espaçamento, bem como as propriedades do solo e aspectos geométricos. Normalmente, a eficácia é descrita
em termos da avaliação do fator de segurança pelo aumento da inclinação do local onde será implantado o
dreno horizontal em comparação com o fator de segurança para o caso sem drenos horizontais. Houve alguns
estudos (Royster, 1980; Lau e Kenney, 1984; Martin et al., 1994), que tentaram descrever em parte os muitos
parâmetros que controlam o projeto de drenagem horizontal ou avaliar a viabilidade de usar um sistema de
drenos horizontais para diminuir os níveis de água subterrânea em encostas (por exemplo, Craig e Gray, 1985).
Martin et al. (1994) sugeriram que um pequeno número de drenos instalados em locais apropriados de acordo
com um modelo conceitual bem concebido do regime hidrológico e hidrogeológico, podendo ser mais eficaz
do que um grande número de drenos instalados em espaçamento uniforme ao longo da geometria avaliada.
Atualmente, parece haver poucas informações disponíveis na literatura na área de drenagem horizontal.
Este trabalho avalia a aplicabilidade de DHP’s em um talude natural localizado no acesso a um grande
complexo minerador, localizado no Norte do Brasil, com objetivo de estabilização da estrutura geotécnica. A
aplicação do sistema de drenagem em obra de engenharia é muito comum em serviços de escavação para
rodovias e mineração. Estas estruturas geotécnicas precisam ser constantemente monitoradas por terem suas
condições naturais alteradas e ações corretivas devem ser tomadas.
Em escavações, por muitas vezes, é necessário o uso de poços de rebaixamento para garantir a
estabilidade dos taludes, porém localmente podem ocorrer surgências na estrutura do talude, levando a
diminuição do fator de segurança (FS) a valores ≤ 1. Nessas condições, a implementação de drenos horizontais
profundos pode auxiliar na normalização das condições e aumento do FS, pois ele controla as magnitudes das
poropressões geradas em taludes naturais, escavações, túneis e consequentemente aumentam as tensões
efetivas deste solo e seu FS.

2 Metodologia

Foram realizadas três visitas na área de estudo e constadas trincas transversais, indícios de
movimentação, escorregamento de massa, surgência e trincas longitudinais em áreas reconstituídas. A
inspeção visual também chamou a atenção para a diferença na geometria dos taludes.
As análises de estabilidade e percolação foram realizadas pelo programa Slide 2018 (Rocscience.Inc, Toronto
– Canadá) e uma base de dados topográficos em DXF.
Foi estruturado um plano de investigação geotécnica onde: recomendou-se a coleta de amostras
deformadas e indeformadas, sondagem mista para levantamento de parâmetros de resistência, reconhecimento
dos materiais geológicos e suas profundidades, além de ensaios de infiltração a cada dois metros. Os furos
realizados foram planejados também, com o intuito de haver instalação de instrumentação para medição do
nível de água INA.
Posteriormente foram confeccionadas seções geológico-geotécnicas para subsidiar as análises de
estabilidade, buscando determinar a viabilidade da implantação, quantidade e disposição espacial dos DHP’s.

3 Resultados e Análises
3.1 Investigação geotécnica

A partir da interpretação das sondagens para as seções, podem ser destacados três materiais
geológico/geotécnicos distintos: Estéril, Canga/Solo Laterítico e Solo Residual de Rocha Máfica decomposta,
sendo que esta última foi dividida quanto ao seu grau de resistência em Solo Residual de Rocha Máfica duro
e rijo. O nível freático dos taludes estudados também foi observado e está entre 8 m e 15 m de profundidade,
a partir da cota de terreno de cada furo realizado.
A coleta de blocos foi bem-sucedida e retiraram três amostras indeformadas dos poços de investigação
para realização de ensaios de cisalhamento direto, cuja as tensões normais aplicadas foram de: 25 kPa, 75 kPa,
150 kPa e 300 kPa. Os parâmetros de resistência obtidos a partir da trajetória de tensões cisalhantes máximas
X tensões normais encontram-se apresentados na tabela 1.

https://proceedings.science/p/149108
XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

Tabela 1. Resultados de ensaios de cisalhamento direto.

Corpo de Provável
c' (kPa) ’ ()
Prova Material
Solo
GEO 1178 25 30
Laterítico
Solo 34
GEO 1178A 9
Laterítico
GEO 1179 S. R. Máfica 6 32

Os parâmetros de resistência para o solo laterítico e para o solo residual de rocha máfica foram estimados
com base em correlações via sondagens SPT e nos resultados dos ensaios de cisalhamento direto. A O estéril,
na qual não foi objeto do estudo, os parâmetros foram adotados com base em trabalhos anteriores.

Tabela 2. Parâmetros de resistência ao cisalhamento adotados.

apresenta os parâmetros adotados para as análises de estabilidade. O estéril, na qual não foi objeto do
estudo, os parâmetros foram adotados com base em trabalhos anteriores.

Tabela 2. Parâmetros de resistência ao cisalhamento adotados.

Parâmetros de
Peso Específico (kN/m³)
Material Resistência Efetivos
Nat. Sat. c' (kPa) ’ ()
Estéril 20 21 8 32
Solo Laterítico 19 20 25 26
S.R. Máfica
20 21 36 27
Duro
S. R. Máfica
20 21 24 24
Rijo

Para determinação da condição freática do modelo, foi realizado uma análise de percolação a partir do
software Slide 2018, divido a ausência dos parâmetros de permeabilidade dos materiais. Foram utilizadas
informações disponíveis na literatura para determinar o parâmetro de permeabilidade dos três materiais
identificados. A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta os parâmetros adotados no estudo de
percolação.

Tabela 3. Parâmetros de condutividade hidráulica (k) dos materiais. Fonte: Martin & Stacey (2017) e Lima
et al (1992).

Coeficiente de
Material Kv/Kh
Permeabilidade (m/s)
Estéril (1) 1,00 x 10-6 1
Canga / Solo Laterítico (2) 1,00 x 10-6 1
Solo Residual de Rocha Máfica Duro (3) 1,00 x 10-7 1
Solo Residual de Rocha Máfica Rijo (3) 1,00 x 10-7 1

https://proceedings.science/p/149108
XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

3.2 Seção geológica - geotécnica

Com o objetivo de embasar a análise de estabilidade, foram confeccionadas três seções geológicas –
geotécnica, (Figuras 1, 2 e 3), resultado das interpretações dos dados coletados pela investigação geotécnica.
A seção B-B’ apresenta maior criticidade pois foi onde ocorreram as trincas e rupturas, especificadas acima.
Após análises de estabilidade foi possível recomendar o retaludamento da área estudo, com indicação
da inclinação máxima e largura da berma, buscando a reconformação da área afetada pela ruptura. Ainda de
acordo com as análises e leituras do nível d’água foi recomendada a implantação de DHP’s e sistema de
drenagem superficial.
De forma a verificar a eficiência das soluções propostas, foi realizado a análise de estabilidade acoplada
à análise de percolação para as seções em estudo, considerando a execução do retaludamento e da implantação
dos DHP’s.

DHP

Figura 1. Seção A-A’ – Análise de Estabilidade + Percolação – Solução Implantada.

DHP

Figura 2. Seção B-B’ – Análise de Estabilidade + Percolação – Solução Implantada.

https://proceedings.science/p/149108
XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

DHP

Figura 3. Seção C-C’ – Análise de Estabilidade + Percolação – Solução Implantada.

3.3 Drenos horizontais profundos DHP’s

O rebaixamento do lençol com o uso do DHP’s visou estabilizar o talude, com a finalidade de
proporcionar um fator de segurança estabelecido pela NBR 11.682/2009, em acordo com a Erro! Fonte de
referência não encontrada.. Com base nas condições de locação do talude, adotou-se nível de segurança
contra perda de vidas humanas ALTO e nível de segurança contra danos ambientais e materiais ALTO. Assim,
o FS deverá ser maior ou igual a 1,5.

Tabela 4. Fatores de segurança mínimos para estabilidade de taludes (ABNT NBR 11.682)

Nível de segurança
Nível de segurança contra perda de vidas humanas
contra danos materiais e
ambientais Alto Médio Baixo
Alto 1,5 1,5 1,4
Médio 1,5 1,4 1,3
Baixo 14 1,3 1,2

Os DHP’s foram dimensionados considerando as leis de Darcy (cálculo da vazão de percolação) e


Manning (capacidade de vazão do elemento de drenagem) que estabelece a capacidade de vazão do elemento
de drenagem. No entanto, a vazão foi determinada de acordo com o estudo de percolação realizado pelo
software Slide. A equação de Manning é descrita a seguir:
2 1
𝐴
𝑄 = (𝑛) ∗ 𝑅 3 ∗ 𝑆 2 (1)

Em que:
• Q= Capacidade de drenagem do dreno (m³/s);
• A= Área da seção transversal do dreno (m²);
• R= Raio hidráulico do dreno = área / perímetro molhado (m);
• S= Declividade do dreno;
• n= Coeficiente de rugosidade

https://proceedings.science/p/149108
XX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP

Para um dreno de PVC de diâmetro de 4” (10,16 cm), com declividade de implantação de 4%, a vazão
calculada para um DHP foi de 0,00512 m3/s. A implantação dos DHP’s foi dimensionada para as quatro
primeiras bermas do talude, de forma a proporcionar o rebaixamento do lençol freático ao longo do talude. O
comprimento total dos DHP’s é de 30 metros, com declividade de implantação de 4%.

4 Conclusões

Nas análises de estabilidade foram levadas em consideração a recomendação do retaludamento para


reconformação dos taludes bem como uma padronização das relações de inclinação máxima 1,5H:1,0V e
largura das bermas de no mínimo 4 metros. A investigação geotécnica constatou elevado nível freático,
observadas após 24h da execução dos furos.
De acordo com a análise de estabilidade, foi verificado que a instalação correta de DHP’s, possuem
grande influência no controle do nível freático. O rebaixamento do NA no talude acarreta um aumento
significativo do FS, fazendo com que a estrutura seja aprovada nas normas vigentes, sem o uso de
retaludamento.
Buscando evitar danos futuros nas bermas e taludes advindos do escoamento das águas superficiais é
importante dimensionar e construir um sistema de drenagem superficial para coleta e direcionamento de águas
pluviais e advindas dos DHP’s.
O monitoramento das estruturas é muito importante durante e depois da execução por isso, após a
implantação das soluções propostas, recomenda-se a inspeção mensal ou quinzenal da área bem como a leitura
contínua dos INA’s instalados.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos aqueles que contribuíram com a realização deste trabalho, em especial minha
família Laiana, Fernanda e Théo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Associação Brasileira de Normas Técnicas (2009). NBR 11682. Estabilidade de taludes. Rio de Janeiro.
Craig, D.J., Gray, I., 1985. Groundwater Lowering by Horizontal Drains. GCO Publication No.: 2/85.
Geotechnical Control Office, Engineering Development Department, Hong Kong, p. 123.
Lau, K.C., Kenney, T.C., 1984. Horizontal drains to stabilise clay slopes. Canadian Geotechnical Journal 21
(2), 241 – 249.
Lima, D.C, Applicability of Classical Soil Mechanics Principles to Structured Soil, US/Brazil Geotechnical
Workshop on Applicability of Classical Soil Mechanics Principles to Structured Soils, Belo Horizonte –
MG, 1992.
Martin, D.; stacey, P. Open Pit Slope Design in Weak Rocks, CRC Press, 2017.
Martin, R.P., Siu, K.L., Premchitt, J., 1994. Review of the performance of horizontal drains in Hong Kong.
Special Project Report, SPR 11/94, Geotechnical Engineering Office, Civil Engineering Department, Hong
Kong, p. 106.
Royster, D.L., 1980. Horizontal drains and horizontal drilling: an overview. Transportation Research Record
783, 16 – 25.

View publication stats https://proceedings.science/p/149108


Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Você também pode gostar