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1 Introdução
A esteira que envolve o processo de movimentação de solo e terraplanagem são influenciados por
uma ampla gama de fatores, incluindo condições edafoclimáticas e pedológicas entre outras variáveis que
englobam fatores relacionados às máquinas, às condições do trânsito, às restrições de locação ou ao próprio
local em si e outros fatores humanos relacionados. É notório que há a necessidade da otimização da
eficiência operacional de equipamentos como escavadeiras hidráulicas, rolos pneumáticos e caminhões, de
modo a garantir que a qualidade final do serviço executado não seja comprometida em curto, médio ou longo
prazo (PEDREIRA, 2017).
De acordo com a natureza dinâmica do local onde será realizada a obra, bem como a repentina
variação das condições climáticas, como a temperatura e chuvas intensas, é possível notar perturbações no
processo, como restrições completas nas estradas do canteiro ou um abrandamento considerável na execução
das etapas da terraplanagem. Assim, conforme delineia Pedreira (2017), é necessário que se obtenham dados
precisos nas etapas das operações no decorrer da execução dos serviços de modo a possibilitar a redução dos
desperdícios no processo de terraplanagem.
O procedimento anterior à terraplanagem inicia-se com a sub-base, que é a camada complementar da
base. Posteriormente é feito o subleito, que trata-se do terreno de fundação do pavimento, em seguida a
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regularização do solo, realizada sobre o subleito e, em seguida, o reforço do subleito, esta corresponde a uma
camada suplementar do subleito ou camada complementar da sub-base. Por fim, a base que é a camada
responsável por resistir a todos os esforços verticais do tráfego (GOMES; DA SILVA, 2018).
A terraplanagem em sentido lato pode ser definida como a operação destinada a conformar o terreno
existente aos gabaritos definidos em projeto. Nesse espectro, ela engloba os serviços de corte (escavação de
materiais) e de aterro (deposição e compactação de materiais escavados). A composição desses dois serviços
tem por objetivo proporcionar condições geométricas compatíveis com o volume e tipo de veículos que irão
utilizar uma via de tráfego. Na execução de uma obra de terraplanagem, além dos serviços básicos (cortes e
aterros), tornam-se necessárias outras operações: serviços preliminares, caminhos de serviços, empréstimos e
bota-foras (MARTINS, 2015).
Dessa forma, a total observância das normas técnicas na execução dos processos de terraplenagem se
mostra indispensável para que se ganhe produtividade e ao mesmo tempo diminua custos em face da
diminuição de perdas e desperdícios na operacionalização de máquinas e equipamentos, sem que se perca a
qualidade da obra executada, prevenindo assim, o surgimento de patologias na base que dará suporte para a
obra angariada.
Este artigo se justifica na importância dos profissionais de Engenharia Civil adquirirem o
conhecimento referente aos processos de terraplanagem, haja vista que, em âmbito profissional, essa temática
é constantemente verificada. Sob esse crivo, é imprescindível a obtenção de conhecimento teórico e prático
para o desenvolvimento desse procedimento, seguindo, sistematicamente, as determinações previstas em suas
respectivas normatizações.
Frente o exposto este artigo busca efetuar um estudo bibliográfico a respeito do processo de
terraplanagem em vias de tráfego, por meio de uma abordagem qualitativa de artigos, monografias, teses e
dissertações. Para a comunidade acadêmica a pesquisa servirá como fonte de dados e informações visando a
elaboração de novos estudos e aprofundamento nessa mesma temática, que se faz presente na rotina dos
profissionais da construção civil.
Nessa perspectiva, o artigo tem como objetivo geral: Compreender os processos que norteiam a
terraplanagem em obras de Engenharia Civil. Objetivos específicos: abordar aspectos conceituais e
normativos relacionados aos tipos de solos mais comuns; descrever o processo de terraplanagem e suas
principais tipificações e listar os principais equipamentos utilizados no processo de terraplanagem.
O artigo está estruturado em três seções: a primeira aborda tópicos conceituais e fundamentos
teóricos em relação aos tipos de solos e ao processo de terraplanagem; a segunda trata dos principais tipos de
procedimentos realizados na terraplanagem e a terceira, por fim, lista os principais equipamentos utilizados
na terraplanagem bem como proporciona uma discussão a respeito da eficiência deste serviço no âmbito da
Engenharia Civil.
2 Metodologia
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica básica, desenvolvida sob o crivo de uma abordagem
qualitativa e métodos dedutivos, com procedimentos sistemáticos, bem como objetivos descritivos do
fenômeno investigado. Nesse sentido, a coleta de dados ocorreu no período de março/2022, por meio de uma
revisão bibliográfica, sendo utilizadas publicações em periódicos envoltos à temática, sendo a principal fonte
de dados a plataforma Google Acadêmico. A escolha se justifica na medida em que essa indexa várias outras
fontes, inclusos periódicos, repositórios e revistas.
A busca de trabalhos foi realizada a partir, inicialmente, dos seguintes descritores: Terraplanagem,
Engenharia Civil, construção civil, aterro, corte, empréstimo, bota-fora, processo, procedimento e Brasil.
Consoante eram percebidas lacunas conceituais e realizadas novas coletas. Todavia, todos os dados reunidos
estão vinculados a pelo menos uma dessas palavras-chave.
A filtragem de dados ocorreu com base nos seguintes critérios cumulativos: artigos, monografias,
dissertações ou teses presentes na fonte de dados selecionada com pelo menos uma das palavras-chave
elencadas acima; publicados no período de 2015 a 2022, disponíveis no Brasil em português. Foi critério de
exclusão as publicações relacionadas unicamente à Engenharia Civil, sem abordar um dos outros descritores,
pois não atendiam às necessidades desta pesquisa. Ao fim da busca, identificou-se aproximadamente 10 (dez)
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artigos com potencial para análise. Entretanto, após a filtragem, restaram apenas 5 (cinco), os quais foram
analisados e conceituados.
3 Referencial teórico
O solo é uma substância composta por substâncias presentes na crosta terrestre, principalmente
rochas e detritos que se decompõem natural ou mecanicamente. Esses materiais fazem parte da litosfera
(parte superior da crosta terrestre) e não conferem resistência insuperável à escavação mecânica, perdendo
completamente sua resistência quando em contato com a água por períodos prolongados de tempo (DAS,
2007).
Conforme descreve Fernandes (2014), a crosta fornece a matéria-prima para o desenvolvimento da
maioria dos solos do mundo. Os processos de desintegração (fragmentação, divisão e desprendimento) e
decomposição (formação de substâncias mais simples de substâncias complexas) são responsáveis pela
produção de materiais aparentes e soltos não consolidados a partir de rochas e minerais, processo
denominado intemperismo.
Figura 1 - Perfil de Solo Residual de Gneiss do Rio de Janeiro
● Solo residual maduro: Porção mais superficial. Já não se encontra mais nenhuma porção da rocha
sã, mas ainda apresenta os mesmos minerais das porções subjacentes a ele.
● Solo residual jovem ou saprolito: Material predominantemente de decomposição, já é o solo
alterado. Porém ainda apresenta a intrusão de blocos de pedra, do mesmo material subjacente a ele.
● Rocha fraturada: Constituída da mesma rocha sã, mas já apresentando uma quantidade
considerável de descontinuidades, no início do processo de degradação.
● Rocha sã: Material ainda puro, ainda conserva a sua estrutura íntegra, menos suscetível a sofrer os
ataques dos intemperes da superfície.
Segundo Queiroz (2009), algumas propriedades importantes dos solos que os engenheiros
geotécnicos utilizam para analisar as condições do local e o projeto de terraplenagem, estruturas de
contenção e fundações são:
Peso específico ou Peso Unitário - O peso cumulativo de partículas sólidas, água e ar em uma
unidade de volume de solo. Observe que a fase de ar é geralmente assumida como sem peso.
Porosidade - A razão entre o volume de vazios (contendo ar, água ou outros fluidos) no solo para o
volume total do solo.
Taxa de vazio - A razão entre o volume vazio e o volume de partículas sólidas em uma massa de
solo. O índice de vazios está matematicamente relacionado à porosidade.
Permeabilidade - Uma medida da capacidade da água de fluir através do solo. É expresso em
unidades de velocidade.
Compressibilidade - A taxa de mudança de volume com tensão efetiva. Se os poros estiverem
cheios de água, a água deve ser espremida para fora dos poros para permitir que o volume do solo se
comprima, esse processo é chamado de consolidação.
Força de cisalhamento - A força de cisalhamento máxima que pode ser aplicada ao solo sem causar
ruptura por cisalhamento.
Limites de Atterberg - Limite de Líquido, Limite de Plástico e Limite de Encolhimento. Esses
índices são usados para estimar outras propriedades de engenharia e classificações de solos.
Antes do surgimento dos equipamentos mecanizados, e mesmo após, o serviço de movimentação das
terras era realizado pelo homem, com o auxílio de ferramentas tradicionais: pá e picareta para o corte,
carroças ou vagonetas com tração animal para o transporte.
O baixo desenvolvimento tecnológico e social nos séculos anteriores tornava viavel a utilização da
terraplenagem manual, devido a mão de obra abundante e barata. Estima-se que para produção de 50m³/h de
escavação de forma braçal, eram utilizados cerca de 100 homens. Ao comparar com uma escavadeira
utilizada atualmente, que desempenha a mesma produtividade de 50 m³/h com apenas um homem, fica
evidente a clara transformação possibilitada pelos avanços tecnológicos.
A terraplenagem mecanizada surge como consequência do desenvolvimento tecnológico, onde os
equipamentos mecanizados voltados para esse tipo de serviço começam a ser desenvolvidos. Isso se reflete
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Os serviços preliminares à terraplenagem podem ser compreendidos como serviços desenvolvidos com
o objetivo de promover a retirada de elementos, naturais ou artificiais, que possam vir a interferir nas
operações de corte ou aterro. Dentre os elementos comumente retirados do terreno durante essa etapa são:
vegetação de qualquer porte, construções, entulhos, postos, cercas, etc.
Dentro dessa etapa são compreendidos os serviços de desmatamento, destocamento e a limpeza, onde:
O desmatamento consiste no corte e retirada de toda a vegetação, de qualquer densidade. O destocamento
abrange a operação de corte e remoção de tocos de árvores e raízes, sendo realizado após a etapa de
desmatamento. A limpeza entende-se como a remoção de camada de solo ou material orgânico, em uma
profundidade média de aproximadamente 20cm, além da retirada de outros objetos e materiais indesejáveis.
No que tange o manejo ambiental durante esses serviços, uma séria de medidas devem ser adotadas,
tai como:
a) Troncos de árvores derrubados deverão ser enleirados a jusante da rodovia e de forma a evitar
obstrução do sistema de drenagem.
b) Não será permitida a queima do material removido.
c) Não é permitido o uso de explosivos para remoção de vegetação. Outros obstáculos, sempre que
possível, serão removidos por meio de equipamento adequado, mesmo que com certo grau de dificuldade,
objeto de criteriosa análise e metodologia adequada.
d) Solo orgânico removido deverá ser estocado, sempre que possível, visando recomposição de áreas
desmatadas para empréstimos, taludes, etc.
e) Tráfego de máquinas e funcionários deverá ser disciplinado de forma a evitar a abertura
indiscriminada de vias, o que acarretaria desmatamento desnecessário.
f) A aspersão de água nos trechos poeirentos, a remoção das camadas de lama e o controle da
velocidade em trechos com movimento de público são práticas recomendadas, que devem ser observadas
rigorosamente em respeito à vida humana.
g) Nas construções em áreas urbanas e semi-urbanizadas, deve-se exigir o respeito às normas de
trânsito e de transporte de cargas (velocidades máximas e mínimas, cobertura das caçambas com lonas, etc.).
Na execução de uma obra de terraplenagem, além dos serviços básicos (cortes e aterros) e serviços
preliminares, tornam-se necessárias outras operações - caminhos de serviços, empréstimos e bota-foras.
a) Caminhos de serviço: quando se trata de terraplenagem de trecho virgem, ou seja, trecho que não
possui uma estrada de ligação de caráter pioneiro é necessário abrir caminho para os equipamentos que
levarão o material retirado dos cortes para os aterros e também pode ser descrito como “caminhos de serviço
para execução da terraplenagem”. Além dessas estradas, são considerados como caminhos de serviço aqueles
que se destinam a assegurar o acesso às ocorrências de materiais a serem utilizados nos serviços de
pavimentação e drenagem, que são as pedreiras (pedra britada), jazidas (materiais já desagregados e solos em
geral) e areais (areia). (MARTINS et al., 2015)
b) Empréstimos: Segundo Martins et al. 2015, empréstimo são escavações efetuadas em locais
previamente definidos para a obtenção de materiais destinados à complementação de volumes necessários
para aterros, quando houver insuficiência de volume nos cortes, ou por razões de ordem qualitativa de
materiais, ou de ordem econômica (elevadas distâncias de transporte). Podem ser considerados dois tipos
distintos de empréstimos:
Empréstimos laterais - caracterizam-se por escavações efetuadas próximas ao corpo estradal, sempre
dentro dos limites da faixa de domínio.
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Empréstimos concentrados - são escavações efetuadas em áreas fora da faixa de domínio, em locais
que contenham materiais em quantidade e qualidade adequada para confecção dos aterros.
c) Bota-foras: pode ser definido como os volumes de materiais que são escavados nos cortes e
destinados a depósitos em áreas externas à construção rodoviária. Ou seja, são os volumes de materiais
escavados não utilizáveis na terraplenagem.
Vale ressaltar que na execução de quaisquer serviços de terraplanagem, podem-se distinguir cinco
operações básicas que ocorrem em sequência, ou, às vezes, com simultaneidade: escavação, carga do
material escavado, transporte, descarga e espalhamento.
Comumente conhecida como trator, que podem ser de rodas ou de esteiras, realizam atividades que
não exijam o transporte de terras, além de executar a tração ou empurrar outros equipamentos para o
aumento da tração de carga.
Figura 2: Trator de Rodas Figura 3: Trator de Esteiras
Corresponde ao trator de rodas ou esteira adaptado com o implemento de uma lâmina à frente do
trator que o transforma em uma unidade capaz de escavar e empurrar a terra.
Figura 4: Trator de rodas com lâmina Figura 5: Trator de esteiras com lâmina
São máquinas que têm a finalidade de escavar e carregar o material para uma unidade de transporte.
Figura 8: Pá-carregadeira Figura 9: Escavadeira Figura 10: Retro-escavadeira
Estas máquinas têm por finalidade a compactação do solo tanto na compactação das primeiras
camadas de aterro, quanto na fase de pavimentação das vias, de forma a reduzir o índice de vazios.
Figura 14: Rolo pé-de-carneiro Figura 15: Rolo vibratório Figura 16: Rolo pneumático
5 Considerações finais
Diante do exposto, nota-se que os serviços de terraplenagem são de grande importância para a
execução de uma obra de engenharia de qualquer porte, pois ela permite que locais de relevo acidentados
sejam base para a implantação de vias de tráfego, residências, prédios, dentre outros.
Para a boa execução de um serviço de terraplanagem faz-se necessário que a equipe de engenharia
esteja atenta às condições do clima e o tipo do solo, buscando momentos ideais para a realização das etapas
de escavação e compactação do solo para que não ocorram problemas no futuro. Também é de suma
importância um desempenho satisfatório em todas as etapas do ciclo de operação (corte, carga do material,
transporte e espalhamento/compactação), a utilização de equipamentos adequados para cada tipo de serviço
permite uma melhor relação custo-benefício, além de melhores resultados.
Por fim, fica explícita a necessidade que o Engenheiro Civil tenha amplo domínio sobre o tema e,
também, sobre as normas técnicas para que possa implementar os melhores métodos em suas obras,
principalmente as de cunho rodoviário, pois, em geral, são as que mais apresentam patologias provenientes
de problemas associados à terraplanagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Gomes, F.A.V; Da Silva, J.V. Terraplenagem e a aplicação do concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ)
para pavimentação em vias urbanas. Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Engenharia Civil) -
Faculdade Evangélica de Goianésia, 2018. Disponível em: http://repositorio.aee.edu.br/handle/aee/525.
Acesso em: 29 de mar. 2022.
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IX Simpósio Brasileiro de Mecânica das Rochas
IX Simpósio Brasileiro de Engenheiros Geotécnicos Jovens
VI Conferência Sul Americana de Engenheiros Geotécnicos Jovens
XI Congresso Luso Brasileiro de Geotecnia
23 a 26 de Agosto de 2022 – Campinas – SP
Martins, D.P.R et al. Introdução à Terraplanagem. Universidade Federal do Paraná Setor de Tecnologia -
Departamento de Transportes. Curso de Engenharia Civil. Paraná. 2015. Disponível em:
http://www.tecnologia.ufpr.br/portal/dtt/wp-content/uploads/sites/12/2019/05/Terraplenagem2015.pdf.
Acesso em: 29 de mar. 2022.
Ortigão, J.A.R. Introdução a Mecânica dos Solos dos Estados Críticos. 3ª Edição. Terratek, 2007.