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BOLSISTA E VOLUNTÁRIO
ORIENTAÇÕES:
2. EQUIPE:
Nome Acadêmico (a): Amanda Sutil Greszesczak
E-mail: 21000521@uepg.br
Nº telefone (celular): (42)99919-5729
Curso de Graduação: Engenharia Civil
Nome Orientador (a): Patrícia Kruger
E-mail Orientador (a): pkruger@uepg.br
Departamento: Engenharia Civil
Nome Coorientador (a): Rafael Jansen Mikami
3. DADOS SUBPROJETO:
1
ANÁLISE DO IMPACTO AMBIENTAL DA INCORPORAÇÃO DE AGREGADO MIÚDO
RECICLADO EM MISTURAS DE CONCRETO PERMEÁVEL
RESUMO
Pela busca de alternativas sustentáveis na construção civil, a utilização do concreto
permeável para pavimentação vem sendo estudada, assim como o emprego de RCD
(resíduo de construção e demolição) na produção de concretos. Além disso há a ACV
(Análise de Ciclo de Vida) contabilizando a emissão de gases do efeito estufa. Por haver
um alto consumo de cimento no concreto permeável e com isso um alto impacto
ambiental, uma possível melhoria no processo de produção seria a adição na mistura de
agregado miúdo, com o intuito de diminuir este consumo. Nesta pesquisa foi incorporado
RCD como agregado miúdo em peças de concreto permeável, realizando-se análises
mecânicas, hidráulicas e impacto ambiental comparando com peças que possuem
agregado miúdo natural ou não possuem. A incorporação se mostrou uma boa opção em
todos os aspectos, com o impacto ambiental diminuindo quase 30%.
INTRODUÇÃO
A construção civil, além de ser de grande influência para a sociedade, está
associada a diversos impactos ambientais. Um dos grandes problemas nos dias de hoje é
o que chamam de RCD (resíduo de construção e demolição), sua geração e disposição
irregular, como relata PAZ (2020). Esses resíduos podem ser classificados em quatro
classes, sendo que “A” são resíduos reutilizáveis e/ou recicláveis e é nesta classificação
que se enquadra o RCD (SCHAFHAUSER, 2019). A Associação Brasileira de Empresas
de Limpeza Pública e Resíduos Especiais relata que em 2021, o Brasil produziu 47
milhões de toneladas de Resíduos de Construção e Demolição (ABRELPE, 2021).
A má disposição do RCD pode poluir o solo, deteriorar a paisagem urbana,
comprometer o tráfego de pedestres e de veículos, danificar a drenagem urbana e
constituir uma séria ameaça à saúde pública (SANTOS, 2007). Tal disposição afeta
diretamente o meio ambiente, sendo responsável, juntamente com outros fatores, por
enchentes, em virtude do assoreamento do leito dos córregos, por danos à paisagem,
obstrução de vias de tráfego, proliferação de doenças, dentre outros prejuízos à saúde e à
vida humana (JOHN, 2000).
Como solução para o problema, em muitos casos a utilização do RCD como
agregado tanto miúdo quanto graúdo diminui o desperdício de matéria prima e desperdício
econômico. Segundo Reis et al. (2021), no setor de pavimentação as propriedades dos
materiais com o RCD são equivalentes às com o agregado natural, demonstrando o
potencial na sua reciclagem. Com o aumento do custo dos materiais de construção, a
redução da disponibilidade de materiais naturais, aliado às novas exigências/limitações
ambientais impostas na construção e manutenção de pavimentos, é imprescindível a
busca por materiais que possam apresentar bom desempenho com custo relativamente
baixo (HIRSCH, 2007).
Outro fator preocupante são os episódios de inundações causados por
deficiências de drenagem urbana nas cidades brasileiras que podem ser associados a um
processo acelerado e pouco planejado de desenvolvimento urbano. Dentre outros
comportamentos pouco recomendáveis, a falta de planejamento favorece a
impermeabilização do solo, promove a retificação e canalização de corpos de água e não
preserva as áreas de várzea e as calhas dos mesmos (LAMB, 2014).
2
Tucci (2001) destaca que, um fator que acaba contribuindo com o aumento do
volume de resíduos sólidos no sistema de drenagem urbano, é que, em países em
desenvolvimento, como o Brasil, as pessoas conscientemente usam os corpos de água, o
sistema de drenagem e os córregos para descarte de materiais inservíveis e lixo.
O concreto permeável pode vir a melhorar o cenário da drenagem urbana, pois
pode ser utilizado como um material de pavimentação altamente eficiente, que não só
pode ajudar na infiltração, mas também atuar como reservatórios temporários de um
considerável volume de água (HÖLTZ, 2011). Sua composição consiste em cimento, água,
agregado graúdo e, ocasionalmente, agregado miúdo (ACI, 2010; IBRAHIM et al., 2020).
No concreto permeável a relação entre os materiais constituintes e o nível de
compactação devem ser definidos para gerar uma estrutura de poros conectados
(PIERALISI et al., 2016; DEBNATH e SARKAR, 2018; XIE et al., 2018). Estes poros são os
responsáveis pela captação de águas pluviais, isto pois, o concreto permeável tem como
principal propriedade a sua elevada permeabilidade, devendo ser maior que 1 mm/s,
segundo a NBR 16416 (ABNT, 2015) como consequência do seu alto teor de vazios
internos interconectados.
O baixo impacto no uso do concreto permeável é um dos maiores fatores
atribuídos ao benefício ambiental do material. Tais benefícios estão relacionados com o
controle do escoamento das águas pluviais, o restabelecimento das fontes de água
subterrânea e a redução da poluição da água e do solo (TENNIS, 2004). O movimento
imediato das águas entre os poros, faz com que a superfície do pavimento fique livre do
acúmulo de água, facilitando a segurança na mobilidade de pessoas e de veículos,
aumentando a resistência ao deslizamento dos pneus nas estradas e dos pedestres nas
passarelas (COSTA, 2019).
Porém, por possuir um alto consumo de cimento em função da quantidade
reduzida ou ausente de agregado miúdo, é uma mistura com alto valor orçamentário e
devido a isso acaba tendo grande impacto ambiental. Com o objetivo de diminuir o
consumo de cimento e o impacto ambiental produzido pelo concreto permeável pode-se
adicionar à mistura o agregado miúdo. Já foi constatado que misturas com até 40% de
areia em relação à massa de cimento diminuem o consumo de cimento sem prejudicar as
propriedades mecânicas e hidráulicas (ISRAEL; MIKAMI; PEREIRA, 2021).
O RCD, resíduo de construção e demolição, também pode ser adicionado à
mistura para diminuir o impacto ambiental, como agregado miúdo. Para saber se
realmente é algo vantajoso, além dos testes mecânicos e hidráulicos, deve ser feito o
estudo do impacto ambiental desse concreto permeável com adição de areia natural e
areia de RCD.
Como avaliação do impacto ambiental, um dos métodos mais conhecidos e que
também é normatizado é a Análise de Ciclo de Vida (ACV), que conforme define-se é uma
técnica desenvolvida para mensuração dos possíveis impactos ambientais causados como
resultado da fabricação e utilização de determinado produto ou serviço. A abordagem
sistêmica da ACV é conhecida como do “berço ao túmulo”, na qual são levantados os
dados em todas as fases do ciclo de vida do produto. O ciclo de vida se refere a todas as
etapas de produção e uso do produto, relativas à extração das matérias-primas, passando
pela produção, distribuição até o consumo e disposição final, contemplando também
reciclagem e reuso quando for o caso.
Os estudos de ACV tiveram início na década de 60, com a crise do petróleo, que
levou a sociedade a se questionar sobre o limite da extração dos recursos naturais,
especialmente de combustíveis fósseis e de recursos minerais. Os primeiros estudos
tinham por objetivo calcular o consumo de energia e, por isso, eram conhecidos como
“análise de energia” (energy analysis) (COLTRO et al., 2007).
3
Normatizada pelas normas NBR ISO 14040 e 14044 da ABNT, a metodologia
usada pode ter variações dependendo do estudo a ser feito, mas como é observado na
Figura 1 é basicamente composto de quatro fases: definição de objetivo e escopo, análise
de inventário, avaliação de impactos e interpretação dos dados obtidos.
Figura 1 - Estrutura básica da avaliação de ciclo de vida
MATERIAL E MÉTODOS
Nesta pesquisa o objetivo foi avaliar a influência da adição de agregado miúdo –
natural e reciclado – nas propriedades do concreto permeável e analisar o impacto
ambiental desse processo. Para isso, esta pesquisa dividiu-se em duas partes: a primeira
consiste na dosagem do traço utilizado para a elaboração de peças de pavimentação de
concreto permeável para os ensaios mecânicos e hidráulicos, sendo uma lajota sem
adição de agregado miúdo e outras duas com adição de agregado miúdo: sendo uma com
agregado miúdo natural e outra com agregado miúdo reciclado, utilizando como base de
dosagem o método do grau de compactação (MIKAMI, 2022). Na segunda etapa foi feita a
análise do impacto ambiental conforme a Avaliação do Ciclo de Vida utilizando o método
numérico empírico (DOBROVOLSKI, 2022).
Para a produção do concreto permeável, os materiais utilizados foram Cimento
Portland (CP F II 32), brita 0/pedrisco, água e areia natural ou proveniente de RCD, nas
lajotas com adição de agregado miúdo. Os ensaios de caracterização do agregado graúdo
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e suas respectivas normas foram: distribuição granulométrica (NBR 7211, ABNT 2022),
massa unitária (NBR 16972, ABNT 2021), densidade (NBR 16917, ABNT 2021) e
absorção (NBR 16917, ABNT 2021). E do agregado miúdo: distribuição granulométrica
(NBR NM 248, ABNT 2001), determinação da massa unitária e do volume de vazios (NBR
NM 45, ABNT 2006), densidade (Chapman) (NBR 9775, ABNT 2011). Além destes, para o
agregado miúdo de RCD também foram feitos os ensaios de absorção (NBR 16916, ABNT
2021) e material fino (NBR NM 46, ABNT 2001).
A distribuição granulométrica da brita 0/pedrisco foi realizada e apresentou 90% do
material na faixa de granulométrica de 12,5 e 4,75 mm. O agregado apresentou uma
pequena quantidade de material pulverulento, que não prejudica o desempenho da
mistura. No ensaio da massa unitária do agregado graúdo realizado conforme a NBR
16972 (ABNT, 2021) foi considerado os estados solto e compactado. No ensaio de
densidade, conforme a NBR 16917 (ABNT, 2021) os resultados obtidos para os estados
de agregado superfície saturada, submersa e seco foram os apresentados na Tabela 1.
Tabela 1– Caracterização do Pedrisco
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Tabela 3 – Traços finais do concreto permeável
Fonte: O autor.
6
Figura 3 - Método da determinação da permeabilidade pela taxa de infiltração.
Para ser calculado a Análise de Ciclo de Vida (ACV) foi utilizado o método empírico
de Dobrovolski (2022). O método segue do princípio de que a emissão de CO2 equivalente
se dá em 3 etapas: produção de concreto para a geração do RCD (𝐸𝐶𝑂2𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢), o transporte
(𝐸𝐶𝑂2𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠) multiplicado pela distância total (𝑆𝑇) e o beneficiamento do RCD (𝐸𝐶𝑂2𝑏𝑒𝑛𝑒𝑓)
dependendo do seu diâmetro médio (𝑑𝑚é𝑑), como mostra a equação a seguir:
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Quadro 1 – Parâmetros adotados para a modelagem da equação
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Primeiramente foi calculado a densidade e porosidade no estado fresco de todas
as 10 lajotas moldadas de todos os traços. Esse parâmetro é importante pois segundo
Mikami e Pereira (2021), no estado fresco a porosidade considera principalmente os poros
intergranulares do material, ou seja, os poros que são capazes de conduzir água pelo
material somado com os isolados, que não conduzem água. Os resultados médios estão
apresentados na Tabela 5.
Tabela 5 – Densidade e Porosidade no Estado Fresco
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a substituição com agregado miúdo natural decresceu a porosidade em aproximadamente
6%. A importância da porosidade no Estado Fresco é utilizada para o controle de produção
das lajotas, para saber se o traço está sendo respeitado.
Feito a análise no estado fresco, também foi executado o ensaio de densidade e
porosidade no estado endurecido, que a caracterização resulta na porosidade total do
concreto, uma vez que além dos poros intergranulares os vazios da matriz cimentícia
também são considerados (MIKAMI; PEREIRA, 2021). Neste caso foram utilizadas 5 das10
lajotas de cada traço com os devidos resultados na Tabela 6.
Tabela 6 – Densidade e Porosidade no Estado Endurecido
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Figura 4 – Resistências Médias
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
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Tabela 8 – Análise do Ciclo de Vida dos traços estudados
Traço
(KgCO2eq/m³) (KgCO2eq/m³) (KgCO2eq/m³) (KgCO2eq/m³) (KgCO2eq/m³)
Referência 9168,09 0,43 9168,52 - 9168,52
Agregado 6671,17 0,43 6671,60 - 6671,60
miúdo
natural
Agregado 7198,72 0,43 7199,15 0,51 7199,67
miúdo RCD
(volume)
Agregado 6520,27 0,43 6520,70 0,51 6521,21
miúdo RCD
(massa)
Fonte: O autor.
Fonte: O autor.
CONCLUSÃO/CONCLUSÕES
Nesta pesquisa foram executados 4 traços de concreto permeável para a
análisemecânica e hidráulica, além da Análise de Ciclo de Vida. Sendo um traço sem
adição de agregado miúdo, um com adição de agregado miúdo natural e dois com
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agregado miúdo provindo de RCD, sendo uma substituição em massa e outra em
volume.
Nos ensaios de porosidade e densidade no estado fresco e endurecido,
todos os traços estão dentro dos parâmetros pois o concreto foi dosado para 25% de
porosidade e no estado endurecido os valores foram de 22% a 32% devido ao
agregado miúdo tambémgerar poros.
A NBR 16416 (ABNT, 2015) exige um coeficiente de permeabilidade maior que
0,1 cm/s então todos os traços estão dentre da norma. Para a resistência à
compressão a exigência é de 20 MPa e todos cumpriram a exigência também. Quanto
à Análise de Ciclode Vida houve um decréscimo significativo com a incorporação.
Como o concreto permeável é um material que visa uma maior
sustentabilidade, o estudo da sua dosagem deve visar um menor impacto ambiental,
o que foi possível apresentar neste estudo, que todos os traços com incorporação
atendem à norma em todosos ensaios realizados.
Outro ponto é que o RCD foi até mais vantajoso que a areia natural em quase
todosos ensaios, menos na taxa de infiltração, concluindo que o concreto permeável
é um potencial receptor de RCD.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao CNPq pela conceção da bolsa de Iniciação Científica, aos meus
orientadores Profa. Dra. Patrícia Kruger e ao Prof. Dr. Rafael Jansen Mikami pela confiança
e apoio, ao Laboratório de Materiais de Construção Civil, à mestranda Emilin Dobrovolski e
ao acadêmico Josias Coelho pelo apoio nos ensaios e na ACV.
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ABNT. NBR ISO 14044 – Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida –
Requisitos e orientações. Rio de Janeiro: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
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12
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Nada a declarar.
O presente relatório foi elaborado pela acadêmica que acatou as orientações, sugestões
e correções sugeridas. Atendeu ao solicitado quanto a forma tação e metodologia de
pesquisa.
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7. Avaliação do (a) orientador (a) em relação ao relatório:
( X ) Revisado e Aprovado
( ) Não Aprovado
04 10 2023
____/____/____
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