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CIVIL
Isabella Samanta Vieira Lackin1
lackinisabella@gmail.com
Resumo
Com o aquecimento da área da construção civil nos últimos anos, no Brasil, somado a
produção de resíduos no setor, temos como resultado um alto impacto ambiental. Com alto
consumo enérgico e utilização de recursos naturais. O resíduo da construção civil (RCC) ou
resíduo da construção e demolição (RCD) é todo resíduo gerado através da construção civil,
escavação ou demolição. É frequentemente descartado de forma incorreta, trazendo
problemas para as vias urbanas, como também, lotando aterros sanitários. Visto isso, tem se
feito necessário estudos que aprimoram o uso de RCC no setor tendo como exemplo, o
concreto reciclado, que utiliza o RCC como agregado. Que tem se mostrado um material
versátil, seguro e pode reduzir os custos de uma obra em outros países. No Brasil tem que
estimar se o uso do agregado reciclado para fabricação do concreto pode favorecer o meio
ambiente.
1. INTRODUÇÃO
1
Graduação em Engenharia Civil – Faculdade Ages de Senhor do Bonfim
considerar cada vez mais o uso do concreto com resíduos reciclado para contribuir com o
meio ambiente.
Várias são as fontes de geração de resíduos na construção civil. Por exemplo, a falta
de qualidade dos bens e serviços, no setor da construção, pode dar origem às perdas de
materiais, que saem das obras em forma de entulho e contribuem sobremaneira no volume de
resíduos gerados. Por outro lado, existem ainda as perdas que não saem da edificação, que
podem levar ao mau funcionamento das mesmas e acabam por acarretar o aparecimento de
manifestações patológicas. Deste modo, há uma redução da vida útil das estruturas, que
necessitarão de manutenção mais frequente, vindo também a propiciar maior consumo de
matéria prima e geração de resíduos (LEITE, 2001).
Em Salvador, onde é significativa a geração de resíduos sólidos urbanos, o
crescimento populacional, o desenvolvimento econômico e a utilização de tecnologias
inadequadas têm contribuído para que essa quantidade aumente ainda mais. Em um momento
caracterizado pelo forte aquecimento do setor imobiliário na cidade, torna-se urgente a
necessidade de soluções alternativas para a destinação dos RCC (EVANGELISTA; COSTA;
ZANTA, 2010).
Segundo a empresa de limpeza urbana de Salvador (LIMPURB), em 2020 a coleta de
RCC aumentou 0,86% em relação a 2019, nesse ano foram coletadas 2.462,28 toneladas por
dia de resíduos e 750.389,92 toneladas por ano.
A geração de RCD já possui números assustadores e a tendência mundial é que estes
valores aumentem ainda mais. Encontrar uma utilização para estes resíduos é mais que uma
necessidade, é uma obrigação (LEITE, 2001).
Em muitos países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão as usinas de reciclagem
de resíduos de construção e demolição já são uma realidade e o processo, em muitos deles, já
está muito avançado (LEITE, 2001).
As inúmeras pesquisas relacionadas ao estudo de agregados reciclados de concreto
atestam o grande potencial do material. No Brasil, os estudos concentram-se basicamente no
tratamento das sobras de concreto em centrais dosadoras, e ao reaproveitamento de resíduos
de construção e demolição (BUTTLER, 2003).
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Concreto
O concreto é um material composto, constituído por cimento, água, agregado miúdo
(areia) e agregado graúdo (pedra ou brita). O concreto pode também conter adições e aditivos
químicos, com a finalidade de melhorar ou modificar suas propriedades básicas
(BASTOS,2019). O concreto de cimento Portland é o mais importante material estrutural e de
construção civil da atualidade. Mesmo sendo o mais recente dos materiais de construção de
estruturas, pode ser considerado como uma das descobertas mais interessantes da história do
desenvolvimento da humanidade e sua qualidade de vida (HELENE E ANDRADE,2010).
O concreto usado como material estrutural é chamado de concreto estrutural e pode ser
o concreto simples, sem armadura; o concreto armado quando a armadura não é pré-
tracionada ou protendida e o concreto protendido quando a armadura é ativa ou protendida
(COUTO et al, 2013).
O concreto simples é usado na fabricação de blocos de concreto; na construção de
estaca broca de fundação; na construção de tubulações; no cimento de pisos etc. (BOTELHO,
2006). O concreto armado é um material de construção resultante da união do concreto
simples e de barras de aço, envolvidas pelo concreto, com perfeita aderência entre os dois
materiais, de tal maneira que resistam ambos solidariamente aos esforços a que forem
submetidos. A utilização de barras de aço juntamente com o concreto, só é possível devido as
seguintes razões: trabalho conjunto do concreto e do aço, assegurado pela aderência entre os
dois materiais; o coeficiente de dilatação térmica do aço e do concreto são praticamente
iguais; o concreto protege de oxidação o aço da armadura garantido a durabilidade da
estrutura (SOUZA JÚNIOR).
Por vida útil entende-se o período de tempo no qual a estrutura é capaz de
desempenhar as funções para as quais foi projetada, sem necessidade de intervenção não
prevista. A questão da vida útil das estruturas de concreto deve ser considerada como
resultante de ações coordenadas e realizadas em todas as etapas do processo construtivo
(HELENE, 2002).
No projeto de controle de qualidade do concreto, a resistência é uma propriedade
normalmente especificada, porque, comparado aos ensaios envolvendo outras propriedades, o
ensaio de resistência é relativamente fácil. Além disso, acredita-se que muitas das
propriedades do concreto, como módulo de elasticidade, estanqueidade ou impermeabilidade,
e resistência a intempéries, incluindo águas agressivas, estão ligadas à resistência e, por isso
podem ser deduzidas a partir dos dados da resistência. A resistência à compressão do concreto
é muitas vezes maior do que outros tipos de resistências. Assim, a maior parte dos elementos
de concreto é projetada para tirar vantagem de uma maior resistência à compressão do
material. Embora na pratica, a maior parte do concreto esteja sujeita simultaneamente à
combinação de tensões a compreensão uniaxial são mais fáceis de realizar em laboratórios, e
o ensaio de resistência à compressão para o concreto aos 28 dias é aceito universalmente
como um índice geral da resistência do concreto (MEHTA E MONTEIRO, 2008).
- Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel,
papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;
- Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;
- Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas,
solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de
demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem
como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos
à saúde.
3. METODOLOGIA
ARAGÃO (2007) fez uma análise de lajes pré-moldadas produzidas com concreto
reciclado de construção e demolição. Ele produziu três lajes, uma com agregado natural, outra
com agregado 50% reciclado e a última com agregado 100% com o FCK 25 Mpa, realizou
todos os ensaios de resistência à compreensão e modulo de elasticidade. Segundo os
resultados obtidos pelos ensaios o comportamento das lajes produzidas com concretos
reciclados foi muito semelhante ao comportamento da laje referência, para os valores de
deslocamento abaixo da flecha limite estabelecido pela NBR – 6118 (ABNT 2004).
5. CONCLUSÕES
Mesmo com os diversos problemas causados pela forma errada como no Brasil é
descartado os resíduos da construção civil, é muito pouco os estudos sobre a reciclagem de
resíduos.
Pelo estudo feito nas obras dos autores citados neste trabalho, foi comprovado pelos
ensaios feitos com concreto convencional e concreto reciclado que o concreto feito com
agregado reciclado atinge resultados de resistência à compressão próximo ao concreto
produzido de agregado natural e os resultados estão dentro da NBR 6118.
Observando esses resultados pode concluir que o concreto reciclado pode vir ser uma
alternativa na área da construção civil para contribuir com a preservação do meio ambiente.
Para que isso possa virar uma realidade é importante que no Brasil invista em pesquisas
cientificas sobre o caso e intensifique os estudos sobre durabilidade, trabalhabilidade,
porosidade, resistência a tração, resistência de aderência e também sobre o custo com o
gerenciamento de resíduos.
6. AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela oportunidade de concluir este artigo, a minha família
e amigos que me deram força durante esse processo. Agradeço também ao professor
orientador Paulo Ricardo pela paciência e dedicação nesse momento.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Programa de Pós-graduação em Engenharia civil. Universidade Federal de Alagoas.
BASTOS, Paulo Sérgio. Fundamentos do concreto armado. Bauru. Universidade Estatual
Paulista, 2019.
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BOTELHO, M. H. C. Concreto armado, eu te amo, para arquitetos. 2. ed. São Paulo:
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