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Resumo:
As embalagens de muitos produtos que consumimos e a maioria dos materiais que utilizamos
estão envolvidos por plástico. Com a Revolução Industrial, houve um aumento significativo
na produção de lixo, principalmente derivados plásticos, causando impactos sanitários graves
ao meio ambiente. Desse modo, este trabalho tem como objetivo avaliar o desempenho do
tijolo solo cimento com uso do resíduo polimérico incorporado na mistura dos agregados,
dando a este resíduo uma nova aplicação para seu uso evitando seu despejo e acúmulo em
áreas irregulares e reduzindo a demanda por matéria-prima pela indústria da construção civil.
Para isso, será necessário avaliar o comportamento e propriedades do tijolo solo cimento após
a adição de resíduos poliméricos em sua composição. Por isso, os materiais utilizados foram:
solo, cimento, água e resíduo polimérico, seus ensaios serão feitos na Universidade CEUMA.
A primeira etapa foi a caracterização do solo, na segunda etapa será adicionado o resíduo
polimérico, a terceira etapa será confeccionados os tijolos com uma prensa manual e processo
de secagem e por último será feito os ensaios da resistência a compressão.
Abstract :
The packaging of many products we consume and most of the materials we use are wrapped
in plastic. With the Industrial Revolution, there was a significant increase in the production of
waste, mainly plastic derivatives, causing serious health impacts on the environment. Thus,
this work aims to evaluate the performance of the soil-cement brick with the use of polymeric
residue incorporated in the mixture of aggregates, giving this residue a new application for its
use, avoiding its dumping and accumulation in irregular areas and reducing the demand for
material. raw material by the civil construction industry. For this, it will be necessary to
evaluate the behavior and properties of the soil-cement brick after the addition of polymeric
residues in its composition. Therefore, the materials used were: soil, cement, water and
polymer residue, their tests will be carried out at CEUMA University. The first step was the
characterization of the soil, in the second step the polymeric residue will be added, the third
step will be made the bricks with a manual press and drying process and finally the
compressive strength tests will be done.
Submissão: 21.11.2022
1
Aluno Concludente do Curso de Engenharia Civil, e-mail: clayton110993@ceuma.com
2
Orientador - Mestre, e-mail: alessandro004926@ceuma.com.br
2
1 INTRODUÇÃO
desse material alternativo para suprir essas necessidades, tem gerado diversos estudos que
mostram a eficácia da incorporação de produtos plásticos à fabricação de tijolos, que são
considerados ecológicos, por não utilizarem o processo de queima, diferente do tijolo
tradicional que tem maior impacto quanto a sua fabricação. Quando comparados, é
perceptível promover resultados válidos entre tijolos comuns e tijolo solo cimento
considerados ecológicos.
Assim, esta pesquisa tem como objetivo avaliar o desempenho do tijolo solo cimento
com uso do resíduo polimérico incorporado na mistura dos agregados, dando a este resíduo
uma nova aplicação para seu uso evitando seu despejo e acúmulo em áreas irregulares e
reduzindo a demanda por matéria-prima pela indústria da construção civil.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Até a década de 1950, as empresas tentavam lucrar sem se preocupar com passivos
que geravam ao meio ambiente. Desde então, esse pensamento mudou, pois as empresas
passaram a ver as práticas sustentáveis como uma forma de agregar valor aos seus produtos,
garantir uma imagem positiva na sociedade e manter uma vantagem competitiva sobre os
concorrentes. Nesse contexto, a quantidade de resíduos gerados no mundo tornou-se um dos
focos da discussão da sustentabilidade (YEMAL et al., 2011).
Por definição, os plásticos são substâncias sintéticas que replicam estruturas químicas
encontradas na natureza. Além disso, eles também podem ser chamados de polímeros, a
palavra é de origem grega, onde poli significa muitos e mero, parte. Os polímeros nada mais
são do que a associação de cadeias menores, chamadas monômeros, para formar as forças de
interação e são relativamente fracas comparadas as forças de interação entre um celulósico
(PARENTE, 2006).
Os plásticos possuem propriedades específicas como leveza, resistência (com
resistência ao impacto sem deformação), ataque de corrosão e a principal característica é a
degradação antimicrobiana. O plástico também pode ser dividido em duas Categorias:
Termoplásticos e Termofixos. Os termoplásticos são materiais que não requerem aquecimento
(fusão) e resfriamento sem perda significativa de suas propriedades físicas, capaz de se
dissolver com solventes específicos. Os termoplásticos mais comuns encontrados no mercado
são: O Polietileno (PE), Polipropileno (PP), Poliamidas (PA), Policarbonato (PC), Acrilinitrila
Butadieno Estireno (ABS), Policloreto de Vinila (PVC), etc. Por sua vez, os termofixos,
também chamados de termorrígidos, são materiais que uma vez derretidos e conformados não
é possível a sua recuperação, impedindo assim uma nova moldagem, ou seja, são materiais
cuja reciclagem não é possível (PIVA, 2004).
Devido ao crescente uso de embalagens plásticas, principalmente no setor alimentício,
o número de materiais descartados diariamente tem aumentado ao longo dos anos. Esse tipo
de material tem um ciclo de vida útil (utilização pelo consumidor) curto e gera uma grande
quantidade de resíduos sólidos, que acabam indo parar na natureza. Diante dos efeitos
negativos desse descarte inadequado, vários estudos têm se concentrado no reaproveitamento
de resíduos à base de polímeros para reduzir os danos ambientais (PASCHOALIN et al 2016).
Dentre a grande massa de resíduos sólidos urbanos gerados diariamente nos
municípios brasileiros, as embalagens feitas com Plástico ganham grande destaque, devido
sua capacidade de aplicação, principalmente no setor de alimentos. Este polímero pode ser
utilizado como principal matéria-prima para diversos tipos de produtos devido ao seu baixo
custo de produção e grande versatilidade. No entanto, a degradação do Plástico no ambiente
natural é muito lenta, o que acarreta um impacto ambiental significativo.
4
Os Resíduos Sólidos Urbano (RSU), de acordo com a lei federal nº. 12.305/10, que
estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, incluem os resíduos domésticos, quer
dizer, todos os resíduos provenientes de atividades domésticas advindos de residências e
limpeza urbana, em decorrência de coletas públicas e privadas nas quais os resíduos são
acumulados (ABRELPE, 2013).
Um dos maiores problemas ambientais das cidades contemporâneas é a produção
excessiva de resíduos sólidos. Isso representa tudo aquilo que não precisamos mais, lixo de
qualquer natureza. Sobras orgânicas de cozinha, embalagens de produtos consumidos
diariamente, pneus, garrafas, latas, papel, toneladas de resíduos gerados pelos milhões de
pessoas que vivem nas grandes cidades são descartados, tornando- se um problema para o
mundo (AZEVEDO, 2011).
Com o uso em larga escala de garrafas plásticas, principalmente a partir da década de
90, surgiu um problema ambiental muito sério: O descarte inadequado desse material. Muitas
dessas garrafas foram descartadas incorretamente e acabaram na terra, rios, esgotos, mares e
matas. Estima-se que esse material pode levar até 800 anos para se decompor (daí a
importância de sua coleta e reciclagem). Uma garrafa plástica pode ser considerada um
resíduo sólido caso seja inviável sua transformação física, físico-químico ou biológicos
(MOREIRA, 2013).
A chegada das embalagens Plásticas ao Brasil ocorreu em 1988, trazendo inúmeros
benefícios ao consumidor, também o desafio de reciclar esse produto após seu descarte. Nos
últimos tempos, a produção nacional cresceu exponencialmente. O Brasil é hoje o terceiro
consumidor mundial de PET, com aproximadamente 3400 marcas de vários refrigerantes
registrados. Embora pareça que a tendência de crescimento do mercado de embalagens para
refrigerantes está chegando ao limite, o crescimento do consumo aparente de PET no Brasil
está crescendo mais rápido do que sua produção, impulsionada pela entrada dos plásticos em
novos segmentos do ramo de alimentos (DIAS; TEODOSIO, 2006).
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Plástico (ABIPLAST,2020),
no ano de 2020 (Figura 1), mais da metade deste polímero foi devidamente reciclado. O PET
é hoje um dos produtos mais reciclados no Brasil, cerca de 884 mil toneladas desse produto
são recicladas trazendo não só benefícios a natureza, mas gera renda e milhares de empregos a
indústria da transformação.
No que diz respeito ao uso das fibras de termofixos (Figura 2), dada a origem e
destino, é muito importante indicar a rota correta devido à grande dificuldade enfrentada pelo
meio ambiente devido ao seu descarte inadequado, é importante buscar os locais apropriados
para descarte e empresas especializadas que recebem e transforma esse produto (SILVA,
2016).
O poliéster é um plástico muito popular. Para Mano (2005), todo esse sucesso se deve
às suas excelentes propriedades, como alta resistência mecânica, térmica e química, aparência
nobre (clareza e transparência), parcialmente cristalina, barreira a gases etc.
O tijolo ecológico (Figura 3) pode ser entendido como uma mistura de vários
componentes intrínsecos a sua fabricação, como cimento, solo e outros e a adição de um
produto como carga incorporado a esta mistura, mantendo suas características e propriedades
ou ainda melhorando-as de forma que possa trazer benefícios ao meio ambiente e ajudar a
indústria da construção que demanda insumos para produção.
O termo empregado denominado de “tijolo ecológico” foi criado para evidenciar o
acréscimo de material reciclado a sua composição, no entanto, o termo “tijolo solo-cimento”
será utilizado com suas demais referencias normativas por se tratar de um produto já
normatizado pela ABNT, mas, entende-se que sempre fará referência ao tijolo ecológico por
conta desta adição de material reciclado.
Dyer (2010) em seus estudos percebeu que as argamassas fabricadas com uso de
resíduos plásticos reciclados carregam uma carga maior do que as tradicionais argamassas de
cimento e solo na mesma proporção, concluindo que o uso de resíduos em tijolos de solo-
cimento pode ser uma alternativa, garantindo aumento de propriedades importantes para esse
7
produto.
Segundo Sena et al. (2017), a utilização de resíduos plásticos como carga durante
processo de mistura na produção de tijolos de solo-cimento pode ser uma alternativa viável
usado de forma sustentável e beneficiam a sociedade e o meio ambiente.
Durante o processo de verificação das propriedades dos tijolos produzidos de forma
ecológica, avaliou-se a compressão mecânica e absorção de água em diversos traços obtidos
pela adição do teor de plásticos. As análises indicam um efeito sinérgico, onde a adição de
determinadas quantidades de polietileno contribui para aumentar a resistência dos blocos
(FIAIS et al, 2017).
No processo de validação dos resultados com o uso proporcional de misturas de
material reciclado de poliésteres e matérias de fabricação do tijolo ecológico, mostraram que a
interação dos materiais faz com que o teor de absorção de água diminua quando a dosagem do
pó de resíduos plásticos é aumentada (CONTO et al. 2017).
Quando adicionado fibras de plástico a mistura dos demais agregados, os resultados
observados apontam aumento da resistência. A adição de fibras geralmente aumentou a
resistência à compressão de pico e pós-pico, com as amostras de adição de fibras
apresentando maiores tensões até atingirem a fratura, ou seja, proporcionaram maior
ductilidade antes de serem misturadas com a adição de fibras (PASCHOALIN FILHO et
al.,2016).
Segundo Paschoalin Filho et al. (2016), para cada tijolo produzido, foram utilizados
cerca de 300 g de resíduos plásticos na mistura de sua composição. Este resíduo em massa
corresponde a 6 garrafas de bebidas PET com volume de 2 litros. Por exemplo, um metro
quadrado de um muro construído com esse tijolo, pode retirar aproximadamente 180 garrafas
que poderiam ser descartadas de forma irregular no meio ambiente.
O solo compõe a maior parte dos tijolos. Pode aparecer entre 90 e 93% de sua
composição, variando conforme o tipo de traço escolhido. Antes de ser utilizado, deve estar
com pouca umidade, destorroado, peneirado e livre de matéria orgânica.
Segundo a ABCP (2000), o melhor solo é aquele que necessita de menor quantidade
de cimento para atingir a sua estabilidade. Por esse motivo, os solos arenosos e siltosos são
preferíveis em relação aos argilosos. Para Soma (2012), devem ter algo entre 45 e 50% de teor
de areia. A argila é necessária na mistura, porém em pequena quantidade apenas para a liga
suficiente a desmoldagem do tijolo da prensa e manuseio.
Segundo Grande (2003), para obter um solo-cimento de alta qualidade é necessário
saber com qual material de origem se está trabalhando, neste caso o solo. O solo deve possuir
características que garanta uma alta resistência à compressão e pouca retração durante a
secagem, fatores diretamente dependentes de uma mistura equilibrada de areia, silte e argila.
Segundo Pisani (2005), pode-se acrescentar que esse tijolo contém matéria-prima
abundante em todo o planeta por se tratar de terra bruta. A NBR 10833:2012, que trata da
fabricação desse tijolo utilizando o procedimento de prensagem manual ou hidráulica,
recomenda os valores apresentados na Tabela 2 para as principais características que o solo
deve ter (ABNT, 2012).
A NBR 8491: 2012, trata dos requisitos gerais para tijolos solo-cimento, estabelece os
critérios mínimos aceitáveis para utilização e características dimensionais, absorção de água e
resistência a compressão, também especifica que o percentual de solo passante na peneira de
nº 4, que deve ser de 100% e na peneira de nº 200 entre 10% e 50% (ABNT, 2012).
Se tratando de características de resistência, a amostra ensaiada, a norma preconiza
que o corpo de prova não pode apresentar a média dos valores de resistência menor do que 2,0
MPa (20 kgf/cm2) nem valor individual inferior a 1,7 MPa (17 kgf/cm2), com idade mínima
de sete dias (ABNT, 2012).
Lima (2020) e Mello (2020) destaca que o método mais utilizado para classificação do
tipo de solo é o método Highway Research Board (HRB),que se dá a partir dos resultados da
curva granulométrica do solo, do limite de liquidez e do índice de plasticidade, é muito
utilizado como norteador para normas de dosagem de cimento pela ABCP (2004). Essa
classificação é disposta em grupos e subgrupos, além de definir o índice de grupo (IG) que é
um valor composto por valores inteiros que variam de 0 a 20, conforme apresentado no
Quadro 1.
Conforme o BT-111 (ABCP, 2000) e a ABNT NBR 10833 (2012), os cimentos que
podem ser utilizados devem atender a uma das seguintes especificações:
O mais recomendado é cimento Portland comum (CP I), pelo seu menor custo e
resultados de resistência semelhantes aos demais (SANTIAGO, 2001).
2.3.2 Água
A água está presente na mistura e cura dos tijolos. Deve ser isenta de impurezas
nocivas à hidratação do cimento; presumindo-se adequadas as águas potáveis (ABCP, 2000).
A água é um componente crucial na cura dos tijolos de solo-cimento. Durante o
processo de cura, a água é necessária para hidratar o cimento presente na mistura de solo-
cimento, o que leva à formação de ligações químicas entre as partículas de cimento e solo
(VERDE, 2020). Essas ligações são responsáveis pela resistência e durabilidade dos tijolos
após a cura.
A água também ajuda a manter a umidade dentro dos tijolos de solo-cimento, o que é
essencial para garantir que a cura causada de maneira uniforme e que os tijolos não rachem ou
se deformem (BICALHO, 2020). Além disso, a água contribui para a dissipação do calor
gerado durante o processo de hidratação do cimento, evitando que os tijolos sejam danificados
por temperaturas elevadas.
Portanto, a água é essencial para o processo de cura dos tijolos de solo-cimento e deve
ser adicionada na quantidade correta para garantir que os tijolos adquiram resistência e
durabilidade necessárias para seu uso em construções.
3 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO
O presente trabalho foi desenvolvido por meio da elaboração de tijolos ecológicos com
adição de resíduos poliméricos para a verificação do desempenho, considerando as diretrizes
normativas. A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Materiais da Universidade Ceuma
(UNICEUMA), na cidade de São Luís, Maranhão, desde a análise da qualidade do solo até a
confecção dos tijolos ecológicos.
Desse modo, para a efetivação da proposta, foi necessário seguir um procedimento,
considerando a escolha do material que iria compor o tijolo, realização da caracterização do
solo, fabricação dos tijolos solo-cimento e a avaliação das propriedades físicas e mecânicas do
mesmo. Para facilitar o entendimento, estão indicados no fluxograma da figura 4, sendo
aprofundado nos tópicos a seguir.
O material polimérico reaproveitado pelo estudo, foi obtido por meio do material
residual de uma empresa de reciclagem, localizada no município de São Luís – MA, que é
especializada em resíduos plásticos e possui larga experiencia de mercado.
A empresa recicla materiais tais como: restos de cadeiras, mesas, carcaças de
máquinas de lavar, tanquinhos e ventiladores, esses materiais geralmente são triturados e
comercializados. Os materiais utilizados neste trabalho serão plásticos oriundos de vários
processos de reciclagem da empresa, que foram posteriormente adicionados na massa do
tijolo solo-cimento após moagem. Geralmente estes resíduos são os refugos do processo e não
possuem mais viabilidade para a reciclagem.
O material foi passado por pesagem e por teste granulométrico (Figura 5), onde a
amostra foi passada na peneira de número 10, com abertura de 2,00 mm, para se ter a
granulometria igual ou semelhante a granulometria do solo, para posteriormente ser
adicionado e facilmente misturado ao traço.
Figura 5 - Resíduos Poliméricos
3.1.2 Cimento
3.1.3 Água
3.1.4 Solo
O solo escolhido é oriundo da cidade de São Luís- MA, foi obtido como resíduo de
uma obra de escavação em calçada, onde o solo excedente seria descartado (Figura 4).
Para determinação da escolha do solo foi realizado o teste tátil conforme demonstrado
na (Figura: 7 a e b) e confirmado que suas características para execução do tijolo após análise
13
em laboratório.
Foi utilizado uma parcela do solo para as análises físicas e mecânicas, a fim de
identificar se a amostra de solo escolhida é ideal para o estudo. As análises laboratoriais
seguiram as etapas de peneiramento, secagem, análise granulométrica, limite de liquidez e
limite de plasticidade., as quais são detalhadas a seguir.
Na figura (Figura 11) abaixo pode-se observar que o solo obtido apresentava
granolometria diversa onde se percebe na Figura 11 (a) o solo natural com granulometia
diversifacada, na Figura 11 (b) o solo peneirado com granulometria homogenia e na Figura 11
(c) parcela do solo rejeitado, a qual apresentou pedregulhos.
Figura 6 – Solo antes e após o peneiramento, podendo identificar (a) Solo natural, (b) solo passante pela peneira
e (c) Solo retido na peneira que foi descartado
14
a) b) c)
F
Após esta etapa, foi aguardado o esfriamento do solo e em seguida, foi pesado 1,5 kg
para as posteriores análises (Figura 14).
A composição granulométrica do solo se deu com base a norma ABNT NBR 248 que
estabelece os procedimentos para a análise granulométrica de solos por peneiramento (ABNT,
2003).
A análise granulométrica de solo é um ensaio que permite determinar a distribuição
dos tamanhos de partículas presentes (MARTINS, 2018). Essa análise é importante para
compreender as características físicas e mecânicas do solo, como sua permeabilidade,
compactação e resistência.
A amostra destinada ao ensaio por peneiramento foi colocada em uma série de
peneiras com aberturas graduadas de malha números 10 (2,0 mm), 40 (0,42 mm) e 200
(0,074mm) (Figura 15). A amostra foi agitada manualmente para as frações de solo ensaiada
passar, o material retido em cada peneira foi pesado (Figura 16).
A avaliação do limite de liquidez foi com base a norma ABNT NBR 6459/2016, que
estabelece o método para a experiência do limite de liquidez de solos (ABNT, 2016). A norma
estabelece o método de Casagrande para a experiência do limite de liquidez, que consiste em
determinar o número de golpes necessários para abrir uma fenda no solo em uma concha
padronizada, em um aparelho de penetração manual denominado cinzel (BICALHO;
GRAMELICH; SANTOS, 2014).
Após a análise, foram coletados os resultados relacionando a quantidade de golpes x
umidade do solo, mediante ao cálculo obteve o limite de liquidez da referida amostra (Figura
12).
O limite de plasticidade do solo foi realizado com base na norma ABNT NBR 7180 de
2016 que estabelece os procedimentos para a experiência do limite de plasticidade de solos. A
norma estabelece os procedimentos para a realização do ensaio de limite de plasticidade, entre
eles o método do limite de plasticidade na placa de vidro (ABNT, 2016)
O limite de plasticidade é uma das propriedades do solo que indica a umidade mínima
17
SU −SS
SU= ∗100
SS
onde:
SU = Solo úmido
SS = Solo Seco
A umidade higroscópica do solo é a quantidade de água que o solo é capaz de reter por
adsorção, ou seja, a capacidade do solo em absorver a umidade presente no ar circundante. A
determinação da umidade do solo foi realizada de acordo com a NBR 6457 de 2016 que trata
sobre “Amostras de solo- Preparação para ensaios de compactação e ensaios de
caracterização”.
Foi separado uma porção do solo, destorroado delicadamente para que não houvesse
perda de umidade, o material (solo) foi adicionado em capsulas metálicas previamente
pesadas, em seguida, foi realizado a pesagem do conjunto (capsulas e solo).
Posteriormente, as capsulas foram colocadas na estufa de aquecimento até a secagem
do solo, em um intervalo pré-estabelecido entre 16 e 24 horas (Figura 14).
Após esse intervalo, fez-se uma nova pesagem do conjunto capsula/solo, para
realização do cálculo de umidade, conforme a fórmula:
M −MBS
Uh= ∗100
MBS
Onde:
Uh = Umidade Higroscópica (%)
M: Massa da amostra de solo antes da secagem (g)
MBS: Massa da amostra de solo após a secagem em estufa (g)
M ∗Uh
W ótimo =
100
Onde:
W ótimo = Teor de umidade ótima do solo (%)
Uh = Umidade Higroscópica (%)
M: Massa da amostra de solo antes da secagem (g)
O traço escolhido para esse estudo foi de 7:1, em atendimento aos requisitos de
resistência e absorção, conforme a norma ABNT NBR 8491:2012 (Tijolo de solo-cimento -
Requisitos) sendo considerado a massa dos elementos constituintes, a qual para cada 1 parte
de cimento teve-se 7 partes de solo. Os traços passaram por um processo de inclusão
progressiva de agregados poliméricos em substituição à massa do solo, conforme apresentado
na tabela 4.
Foi adquirido para a pesquisa um par de forma modeladora macho e fêmea para
prensar tijolos ecológicos solo-cimento na medida 12,5x25cm de comprimento, com furos de
2.1/2’’ e largura de 12,30cm, feita de material alumínio, pesando aproximadamente 2 kg e
com profundidade de 24,80 cm (Figura 15).
A prensa manual foi confeccionada na cidade de São Luís - MA em aço carbono nas
medidas de: 12,5x25 cm e 09 cm de altura, modelo: 2 furos, vazados, conforme mostra a
Figura 16.
A produção dos tijolos com e sem resíduos poliméricos foi iniciada com o preparo dos
componentes (solo e cimento, e solo cimento com resíduos poliméricos), em seguida, foi
realizado a mistura do material para a homogeneização dos mesmos (Figura 17). Após, foi
20
adicionado água em pequenas quantidades, e misturada manualmente para que não houvesse
grumos ou áreas com excessos de água, com o intuito de evitar problemas com possíveis
fissuras ou trincas nos tijolos, a mistura foi homogeneizada até atingir a consistência desejada.
Solo
Cimento
Polímero
Fonte: Autor (2023)
Após o preparo da mistura, o material foi colocado na forma modeladora, para a
compactação e prensagem da amostra (Figura 18). Em seguida, os tijolos foram retirados do
molde com cuidado, para evitar que os tijolos desmanchem, posteriormente, foram
empilhados à sombra, em uma superfície plana e lisa (Figura 19) conforme sugerido pela
norma.
Foram produzidos tijolos para cada tipo de composição, após a produção, os tijolos
foram constantemente umidificados com um borrifador, 3 vezes ao dia no intervalo de 7 dias
para o processo de cura, esse processo é essencial para a cristalização do cimento, garantindo
assim a resistência e permanência dos tijolos.
Durante esse período os tijolos foram molhados diariamente com água limpa,
21
evitando que a superfície do tijolo ressecasse, para não formar trincas e fissuras (Figura 20),
os tijolos foram empilhados em pilhas com altura menor que um metro, sendo sempre
protegidos da exposição direta com o sol e chuva.
Após as 24 horas, os tijolos foram retirados e secos superficialmente para ser feita a
pesagem a fim de obter a massa saturada (m2), o cálculo do ensaio de absorção de água se deu
a partir da seguinte formula (ABNT, 2013)
22
m2−m1
A %= x 100
m1
Onde:
A= Absorção de água (expressa em porcentagem)
m1= Massa do corpo de prova seco em estufa (g)
m2= Massa do corpo de prova saturado (g)
A obtenção dos resultados se deu a partir da carga máxima que o corpo de prova
suportou, dividido pela área da face do tijolo, conforme demostrado a seguir:
F
ft=
S
Onde:
ft = Resistência à Compressão (MPa)
F = Carga de ruptura do coro de prova (N)
S = Área de aplicação da carga (mm2)
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Com base nos ensaios realizados no solo para a produção de tijolos solo-cimento,
pode-se observar que ele é caracterizado como um solo areno-siltoso de classificação
Highway Research Board (HBR) de A-2-4, com predominância de 71,6% de areia e 28,4% de
silte e argila.
Conforme representado no Gráfico 1, a amostra de solo apresenta porcentagem de
material passante pela peneira de Nº 200 (0,075mm) de aproximadamente 28,4% e de 100%
de material passante na peneira N°4 (4,8 mm), estando em acordo com as exigências da
ABNT NBR 10833/2012, que determina que o percentual passante nas peneiras de Nº 4 em
até 100% e na peneira de N°200 entre 10 a 50%.
Características de solo semelhante ao encontrado por Lima (2020) ao analisar a
composição do solo para a produção de tijolos solo-cimento com adição de fibra do coco,
onde o autor descreveu a amostra como A-2-4 com predominância de 66,17% de areia e
33,9% de silte e argila.
O solo utilizado possui características de solos arenosos, em razão disso, o mesmo não
apresentou limite de liquidez e nem de plasticidade, a amostra no ensaio de liquidez não
aderiu a concha do equipamento Casagrande. Quanto ao ensaio de plasticidade, a amostra não
apresentou formato cilíndrico após a modelagem na placa de vidro, apresentando resistência
quanto ao formato, dando assim o não plástico e não líquido.
De acordo com a classificação Highway Research Board (HBR), solos do tipo A-2-4,
por seres arenosos, apresenta liquidez ≤ 40% e índice de plasticidade ≤ 10%, assim sendo,
resultados compatíveis com o tipo de solo. Rodrigues e Holanda (2013) afirmam que solos
ricos de fração de areia e com baixa plasticidade são os mais indicados para a produção dos
tijolos ecológicos solo-cimento, pois essas características favorecem a estabilização do tijolo
com a menor quantidade de cimento.
A amostra nesse estudo se enquadra no tipo de solo recomendado para a produção de
tijolos solo-cimento, levando em consideração aos requisitos requeridos pela ABNT NBR
10833/2012 sobre a “Fabricação de tijolos e blocos de solo-cimento” ao qual estipula o limite
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T1
1
0.8
R² = 0.296749024707412 0.83
0.6 0.75
Mpa
COMPOSIÇÃO DO TIJOLO
Conforme apresentado no gráfico não foi obtido o resultado esperado para os traços
com 100% de solo e 0% de polímero, 90% de solo e 10% de polímero, 85% de solo e 15% e
no traço com 80% de solo e 20% polímero, isso correu devido à baixa compactação dos
tijolos o que o ocasionou a presença de vazios.
Após a verificação dos resultados foi decidido realizar correção na compactação dos
tijolos, com isso foi realizado ajuste na forma, corrigindo a produção dos tijolos com
aplicação maior compactação. Após os ajustes pode-se verificar que os tijolos ao serem
desformados apresentavam maior rigidez.
26
T2
1
0.95 R² = 0.829001367989056 0.97 0.97
0.9
Mpa
0.85
0.8 0.83 0.84
0.75
0% Polímero 10% Plímero 15% Polímero 20% Polímero
COMPOSIÇÃO DO TIJOLO
T3
2
1.5 R² = 0.946226925156407 1.7
1
Mpa
COMPOSIÇÃO DO TIJOLO
Média Geral
1.4
1.16
1.2
1 0.87
0.8R² = 0.694491846771008 0.84
0.8
Mpa
0.6
0.4
0.2
0
0% Polímero 10% Polímero 15% Polímero 20% Polímero
Composição do tijolo
5 CONCLUSÃO
O solo utilizado nessa pesquisa não se mostrou apropriado para a fabricação do tijolo
solo-cimento.
Diante dos resultados obtidos podemos analisar de forma positiva o fato do solo não
ser apropriado, pois deixa claro que o polímero conseguiu corrigir a falta de resistência que o
solo apresentou, chegando a atingir a média individual de 1,7 Mpa na média individual. Outro
ponto a se destacar é que o polímero por ser mais leve que o solo tem maior volume
incorporado na mistura o que aumenta a produção dos tijolos solo-cimento, com isso pode-se
reduzir a exploração de matéria prima (solo) da natureza e retirar mais resíduos (plásticos)
que são descartados de forma imprópria no Meio Ambiente, dando a esses resíduos outra
finalidade, com seu uso na fabricação de tijolos ecológicos.
Um dos cuidados na fabricação de tijolos solo-cimento é o aparecimento de fissuras e
isso pode ter influenciado diretamente nos resultados de compressão, já que as fissuras por
efeito de retração, que geram por si só pontos de fraqueza nos tijolos. Desta forma é
importante fazer o acompanhamento durante o período de cura dos tijolos, a fim de se evitar o
desgaste superficial dos tijolos.
Os tijolos solo-cimento em suas composições de 100% solo e 0% polímero, 90% solo,
10% polímero, 85% solo 15% polímero, 80% solo e 20% polímero atenderam aos padrões
estabelecidos para absorção em água.
Deve-se destacar que os resultados obtidos com a porcentagem de 20% de polímero
abrem novas alternativas para novos estudos não só para aplicação em tijolos ecológicos
como para outros estudos.
Um dos pontos a se observar é que a forma modeladora utilizada nesse estudo pode ser
bem aplicada para fabricação de tijolos ecológicos para uso pessoal, mas não para fabricação
comercial uma vez que a compactação dos tijolos foi comprometida e esse aspecto pode ter
contribuído nos resultados.
Fica como sugestão, a utilização de prensa com haste metálica que garante maior
compactação dos tijolos, evitando vazios e o surgimento de fissuras nos tijolos. Também
deve-se avaliar a resistência com diferentes dias de cura, assim pode-se ter maior precisão nos
resultados.
Outro ponto importante, trata-se do tipo de solo empregado no estudo, com base em
diferentes usos de solos pode-se chegar a resultados, mas abrangentes quanto ao uso do
resíduo de polímeros na produção de tijolos solo-cimento.
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