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ISSN: 2525-8761
Aline de Sousa
E-mail: alinedisousa@hotmail.com
RESUMO
As embalagens de quase tudo que consumimos e a maioria dos materiais que utilizamos
estão envolvidos por plástico. De uma simples garrafa d’água a um computador, tudo é
feito de algum tipo de plástico, gerando assim, após sua utilização uma enorme
quantidade de lixo. A utilização excessiva do plástico (polímero) certamente devido ao
baixo custo de produção, tem contribuído para proliferação de um sério problema
ambiental devido ao seu descarte. O resíduo desse polímero que já foi utilizado pode ser
reciclado retornando ao consumidor. O tijolo ecológico, que por sua natureza vem
mostrando que é uma alternativa viável para nossas construções, sem utilização de queima
de arvores e emissão de gás carbônico na atmosfera, é um excelente receptor de resíduos.
Esse trabalho busca através de um breve apanhado bibliográfico, avaliar a incorporação
do PET - Poli (Tereftalato de Etileno), uma das variações do polietileno na fabricação do
tijolo ecológico.
ABSTRACT
The packaging of almost everything we consume and most of the materials we use are
wrapped in plastic. From a simple water bottle to a computer, everything is made of some
type of plastic, thus generating, after its use, an enormous amount of waste. The excessive
use of plastic (polymer), certainly due to the low production cost, has contributed to the
proliferation of a serious environmental problem due to its disposal. The residue of this
polymer that has already been used can be recycled and returned to the consumer. The
ecological brick, which by its nature has been showing that it is a viable alternative for
our buildings, without the use of burning trees and emitting carbon dioxide into the
atmosphere, is an excellent waste receiver. This work seeks, through a brief
bibliographical overview, to evaluate the incorporation of PET - Poly (Ethylene
Terephthalate), one of the variations of polyethylene in the manufacture of ecological
bricks.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Sena et al (2017), a necessidade de preservar e conservar o meio
ambiente faz com que esse seja um dos assuntos mais comentados ultimamente no
mundo, não só pela comunidade científica, mas pelo público em geral. Muitas ações do
homem têm alterado o ecossistema com consequências danosas, tais como: o aumento da
temperatura global, poluição dos mares, rios e lagoas por esgoto e resíduos tóxicos,
poluição do ar, através do lançamento na atmosfera de gás carbônico, enxofre e outros
gases não menos danosos. Toda essa preocupação vem fazendo com que o setor da
construção civil busque o desenvolvimento de novos materiais e técnicas voltados para o
conceito de sustentabilidade.
Bilodeau e Malhotra (2000) enfatizam que, para a Engenharia Civil, a concepção
de desenvolvimento sustentável envolve o uso e produção de materiais de elevado
desempenho a custos razoáveis, com o menor impacto ambiental possível. O princípio do
desenvolvimento sustentável é uma melhor distribuição dos recursos econômicos da
humanidade, tendo uma preocupação com a preservação da natureza. Os processos de
produção devem economizar energia e não gerar subprodutos perigosos, que põem em
risco a natureza e o ser humano (Penttalla, 1997).
O mercado da construção civil se apresenta como uma das mais eficazes
alternativas para consumir materiais reciclados, pois a atividade da construção é realizada
em qualquer região, com a ampliação cada vez maior do ambiente construído, o que
permitirá reduzir os custos de transporte. Além disso, grande parte dos componentes
resistência à compressão simples similar à dos tijolos maciços e blocos cerâmicos, sendo
a resistência tanto mais elevada quanto maior for a quantidade de cimento empregada.
Segundo a FUNTAC (1999), deve ser limitada a um teor ótimo que confira ao material
curado a necessária qualidade, sem aumento do custo de fabricação.
Este artigo trata de uma revisão bibliográfica sobre a aplicação de plástico
reciclável PET, Poli (Tereftalato de Etileno) na produção do tijolo ecológico. Esta revisão
foi realizada a partir do histórico de publicações até o ano de 2020 e tem o intuito de
levantar as principais informações sobre a qualidade dos produtos produzidos, com o
objetivo de mostrar a eficácia da adição do polímero reciclável em sua composição
pulverizado no tijolo ecológico através da caracterização mecânica de acordo com as
normas, de forma a incentivar novas pesquisas.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 TIJOLO ECOLÓGICO
Segundo a NBR 8491 (1983) - Tijolo maciço de solo cimento, este material é
definido como tijolo cujo volume não é inferior a 85% do seu volume total aparente,
constituído por uma mistura homogênea, compactada e endurecida de solo (o qual não
deve apresentar matéria orgânica em teores prejudiciais), cimento Portland, água e,
eventualmente, aditivos. Podem ser classificados em tipo I e II, com dimensões de
(20x9,5x5) cm e (23x11x5) cm, respectivamente (comprimento, largura e altura). No
tocante às especificações técnicas, estes tijolos devem apresentar teores de absorção de
água médio e individual não superiores a 20% e 22%, respectivamente, e resistência
mínima à compressão média e individual entre 2,0MPa e 1,7MPa, respectivamente.
na classificação de baixa densidade (PEBD) e suas características são: (i) alta resistência
ao impacto; (ii) excelente barreira a gases e odores; (iii) flexibilidade; (iv) transparência;
(v) possui maior viscosidade e maior brilho; (vi) boa resistência à tração e ao rasgo
(COUTINHO; MELO E MARIA, 2003). Por consequência dessas características, o
mercado apresenta uma ampla utilização para o PET.
São as embalagens pós-consumo do PET - Poli (Tereftalato de Etileno), que estão
atingindo percentuais cada vez maiores na composição do lixo urbano, com presença
crescente no meio ambiente (ABIPET, 2012).
De acordo com Frigione (2010) a reciclagem do PET proporciona vantagens nas
dimensões ambiental, social e econômica. Estas vantagens se traduzem através da
diminuição da extração de matéria prima virgem não renovável, na disposição em aterros,
no consumo de energia, pois no processo de reciclagem é utilizada em média 30% da
energia necessária para produzir a resina virgem sem comprometer a qualidade do
produto final, na criação de uma cadeia de logística para coletar, segregar, transportar e
destinar este rejeito e na redução do preço dos produtos na utilização do material reciclado
(algo em torno de 30% em comparação ao produto virgem).
Existem também no ramo da construção civil muitos materiais produzidos a partir
de resíduos de PET. Aragon e Ghiraldello (2014) apontam alguns destes, como: carpetes,
forros, telhas, revestimentos, tubos entre outros. Apesar de poderem ser utilizados de
diversas formas, o preconceito quanto a materiais recicláveis ainda é muito intenso e gera
na população a ideia de que este possui menor qualidade, sendo uma ideia equivocada já
que os resíduos de PET podem agregar vantagens aos materiais, como no caso deste
estudo. Associar a construção civil, que possui um ritmo extremamente crescente em sua
indústria, ao aproveitamento destes resíduos não degradáveis, gera um salto considerável
na relação da construção civil à sustentabilidade.
Segundo Aragon e Ghiraldello (2014), os polímeros de polietileno possuem
características nas suas propriedades bastante positivas, como processamentos com
menor custo de energia e grande durabilidade; podem ser rígidos ou flexíveis, leves,
indeformáveis e de fácil trabalhabilidade, características essas que inseridas na
construção civil, podem proporcionar bons resultados.
3 MÉTODO
A metodologia adotada trata-se de um levantamento bibliográfico realizado no
Google acadêmico e portal de periódicos da CAPES, admitindo as publicações até 2020,
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme levantado na literatura pesquisada para este trabalho, vários autores
realizaram trabalhos com a incorporação de resíduos plasticos para obter uma
mistura que contribua para a melhoria da massa cerâmica para a produção de tijolos
ecologicos.
Sena et al (2017) apresentaram estudos e resultados de ensaios de laboratório,
através dos quais se objetivou avaliar o comportamento de tijolos solo-cimento com a
incorporação de teores de resíduo provenientes da moagem de PET para aplicação na
construção civil. Para tanto, foram realizados ensaios de caracterização de um solo da
região de Caruaru-PE e da incorporação de resíduos de PET nas proporções de 5, 8 e
11%. O traço padrão em massa utilizado de solo-cimento foi de 1:10. Para realização do
ensaio de resistência a compressão foi adaptado um método para promover a melhor
compactação das partículas em corpos de provas de 50mmX100mm.
A metodologia de trabalho de Sena et al (2017) consistiu na caracterização dos
materiais em estudo e determinação dos parâmetros de resistência e absorção dos
produtos resultantes. Foram realizados ensaios de laboratório para a caracterização do
solo, dos resíduos de PET, das composições solo-resíduo, dos traços de solo-cimento e
dos corpos de provas produzidos.
Na Tabela 3, são apresentados os resultados obtidos em quatro corpos-de-prova
para cada amostra de traço, curados aos 7 dias.
gradual aumento nos valores de absorção de água dos CP's. É importante destacar que
os traços estudados apresentam valores individuais de absorção de água abaixo do limite
máximo estabelecido pela NBR 8492/82, que diz que o tijolo ecologico não pode
apresentar a média dos valores de absorção de água maior do que 20%, nem valores
individuais superiores a 22%.
Na Tabela 4 e Figura 2 abaixo estão os resultados obtidos por Sena et al (2017),
de resistência média à compressão dos CP’S, em função do acréscimo na quantidade de
resíduos PET, aos 7 dias curados
Resistência a Compressão
2,5
1,5
0,5
0
Traço
Padrão 5% 8% 11%
Como pode ser observado os CP’S dos traços de 5%, 8% e 11% de substituição
de PET sobre o solo, apresentaram valores médios de resistência a compressão
superiores (considerando seus desvios padrão) ao valor mínimo exigido pela norma
NBR 8491/83 (> 2 MPa). No entanto o traço sem adição de resíduo não atendeu às
prescrições de resistência mínima aos 7 dias (SENA ET AL, 2017).
Figura 3 - Dados relativos à absorção de água nos blocos com diferentes teores de resíduo
14%
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
Teor de Residuo (%)
0% 0,25% 0,50%
6,8
6,6
6,4
6,2
5,8
5,6
5,4
Teor de Resíduo (%)
0% 0,25% 0,50%
Por meio dos resultados obtidos através dos testes realizados, foi feita a análise do
desempenho dos tijolos. Os dados fornecidos pelo teste de compressão demonstraram que
os blocos com adição de 0,25% de PET apresentaram melhor resistência aos esforços que
os blocos de solo-cimento com 0,00% de incorporação. No entanto, os blocos com 0,50%
de adição apresentaram uma diminuição da resistência em relação aos de 0,25%, no qual
se avalia, assim como no teste de absorção de água, que existe um ponto de pico entre
0,25% e 0,50% para a resistência à compressão dos blocos incorporados pelos resíduos
reciclados. A pesquisa ressalta que o cimento utilizado no experimento (Portland CP-V
ARI) é um material para produção de peças de alta resistência, o que propiciou bons
resultados durante o teste de compressão. Porém, é notório que a adição de resíduos PET’s
aumenta percentualmente a resistência dos blocos. Subtende-se que, pelo polímero ser
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode ser observado a partir desta literatura que existem diversos estudos visando o
aproveitamento do plástico reciclável incorporado na massa de fabricação de tijolos
ecológicos. Com base nos resultados obtidos na pesquisa bibliografica, conclui-se que: Para
que os setores de recolhimento de resíduos de plástico e construção civil atuem em parceria
de forma sustentável, a adição dos polímeros para a fabricação de tijolos ecológicos trata-se,
portanto, de uma excelente alternativa para o aproveitamento desses resíduos, sendo uma
nova proposta para combater o déficit habitacional, configurando-se numa prática
ecologicamente correta, pois pode contribuir para reduzir o volume de material descartado na
natureza, reduzir a exploração dos recursos naturais, e assim contribuindo para a preservação
do meio ambiente. Como sugestão para trabalhos futuros pode ser a redução do consumo de
agregados em misturas solo-cimento bem como pode ser estudado a viabilidade da análise
econômica e ambiental entre tijolos cerâmicos e tijolos de solo-cimento.
REFERÊNCIAS
PENTALLA, V. Concrete and Sustainable Development. In: ACI Materials Journal. V.94.
Nº 5, Set/Out, 1997, USA, p. 409–416.
PNUMA. GUIA PCS Tendências e oportunidades para o setor de negócios. São Paulo.
2015. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2015/06/PNUMA_Guia-
de-Produ%C3%A7%C3%A3o-e-Consumo-Sustent%C3%A1veis.pdf.
SENA R. J.; LAURSEN A.; SILVA J. S. Avaliação mecânica de tijolo maciço Solo-
cimento contendo resíduo de pet. Ano 13, v. 10, n. 1 - Edição Especial VEREDAS MPCT
| 2017
SILVA, A.O.; OLIVEIRA, D.F.; PAIVA, W.; SEVERO, M.C.; LOPES, T.S.A.; MIRANDA,
C.B. Resíduos sólidos industriais: uma fonte alternativa para o desenvolvimento de
tijolos ecológicos de solo cimento. XIV Forum latino americano de engenharia e
sustentabilidade – ENEEAMB. Brasilia, 2016.