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Brazilian Journal of Development 20204

ISSN: 2525-8761

Fabricação do tijolo ecológico com adição de plástico reciclável PET

Manufacture of ecological brick with the addition of recyclable PET


plastic
DOI:10.34117/bjdv8n3-293

Recebimento dos originais: 14/02/2022


Aceitação para publicação: 22/03/2022

Frederico Pinto Marques


Mestrando em Engenharias dos Materiais
Instituição: Instituto Federal do Piauí
Endereço: R. Álvaro Mendes, 94 - Centro (Sul), Teresina - PI, CEP: 64000-040
E-mail: frederico_pinto26@hotmail.com

Simey do Vale Garcia


E-mail: simeygarcia85@hotmail.com

Roseane Martins dos Santos


E-mail: rosyggle@ifpi.edu

Rodrigo da Silva Magalhães


E-mail: rmagalhaescaxias@gmail.com

Jose Francisco Reis sobrinho


E-mail: reissobrinho@ifpi.edu.br

Aline de Sousa
E-mail: alinedisousa@hotmail.com

Aline Alves Milhomem da Silva


E-mail: allyne.am2011@hotmail.com

RESUMO
As embalagens de quase tudo que consumimos e a maioria dos materiais que utilizamos
estão envolvidos por plástico. De uma simples garrafa d’água a um computador, tudo é
feito de algum tipo de plástico, gerando assim, após sua utilização uma enorme
quantidade de lixo. A utilização excessiva do plástico (polímero) certamente devido ao
baixo custo de produção, tem contribuído para proliferação de um sério problema
ambiental devido ao seu descarte. O resíduo desse polímero que já foi utilizado pode ser
reciclado retornando ao consumidor. O tijolo ecológico, que por sua natureza vem
mostrando que é uma alternativa viável para nossas construções, sem utilização de queima
de arvores e emissão de gás carbônico na atmosfera, é um excelente receptor de resíduos.
Esse trabalho busca através de um breve apanhado bibliográfico, avaliar a incorporação
do PET - Poli (Tereftalato de Etileno), uma das variações do polietileno na fabricação do
tijolo ecológico.

Palavras-chave: tijolo ecológico, polímero, pet reciclável.

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ABSTRACT
The packaging of almost everything we consume and most of the materials we use are
wrapped in plastic. From a simple water bottle to a computer, everything is made of some
type of plastic, thus generating, after its use, an enormous amount of waste. The excessive
use of plastic (polymer), certainly due to the low production cost, has contributed to the
proliferation of a serious environmental problem due to its disposal. The residue of this
polymer that has already been used can be recycled and returned to the consumer. The
ecological brick, which by its nature has been showing that it is a viable alternative for
our buildings, without the use of burning trees and emitting carbon dioxide into the
atmosphere, is an excellent waste receiver. This work seeks, through a brief
bibliographical overview, to evaluate the incorporation of PET - Poly (Ethylene
Terephthalate), one of the variations of polyethylene in the manufacture of ecological
bricks.

Keywords: ecologic brick, polymer, recyclable pet.

1 INTRODUÇÃO
De acordo com Sena et al (2017), a necessidade de preservar e conservar o meio
ambiente faz com que esse seja um dos assuntos mais comentados ultimamente no
mundo, não só pela comunidade científica, mas pelo público em geral. Muitas ações do
homem têm alterado o ecossistema com consequências danosas, tais como: o aumento da
temperatura global, poluição dos mares, rios e lagoas por esgoto e resíduos tóxicos,
poluição do ar, através do lançamento na atmosfera de gás carbônico, enxofre e outros
gases não menos danosos. Toda essa preocupação vem fazendo com que o setor da
construção civil busque o desenvolvimento de novos materiais e técnicas voltados para o
conceito de sustentabilidade.
Bilodeau e Malhotra (2000) enfatizam que, para a Engenharia Civil, a concepção
de desenvolvimento sustentável envolve o uso e produção de materiais de elevado
desempenho a custos razoáveis, com o menor impacto ambiental possível. O princípio do
desenvolvimento sustentável é uma melhor distribuição dos recursos econômicos da
humanidade, tendo uma preocupação com a preservação da natureza. Os processos de
produção devem economizar energia e não gerar subprodutos perigosos, que põem em
risco a natureza e o ser humano (Penttalla, 1997).
O mercado da construção civil se apresenta como uma das mais eficazes
alternativas para consumir materiais reciclados, pois a atividade da construção é realizada
em qualquer região, com a ampliação cada vez maior do ambiente construído, o que
permitirá reduzir os custos de transporte. Além disso, grande parte dos componentes

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necessários à produção de edificações podem ser produzidos sem grande sofisticação


técnica (JOHN, 1996).
Com o passar dos anos, as leis de incentivo ao desenvolvimento sustentável vêm
se tornando mais rígidas fazendo com que os setores produtivos geradores de poluentes e
resíduos minimizem seus impactos. No Brasil, em 2010, foi sancionada a Política
Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) que tem a finalidade a não geração de resíduos
ou a diminuição do seu potencial risco ao meio ambiente e a saúde humana pelas
perspectivas da reciclagem, reutilização e destinação ambientalmente adequada de
rejeitos (PNUMA, 2015).

Figura 1: Prioridade da geração de resíduos

Fonte: PNUMA (2015).

O modelo de pirâmide invertida, mostrado na Figura 1, é aplicado à PNRS na ótica


de duas perspectivas que aproximam a produção do consumo sustentável:
responsabilidade compartilhada e logística reversa (PNUMA, 2015).
De acordo com Grande (2003), os tijolos de solo-cimento representam uma
alternativa em plena sintonia com as diretrizes do desenvolvimento sustentável, pois
requerem baixo consumo de energia na extração da matéria-prima, dispensam o processo
de queima e reduzem a necessidade de transporte, uma vez que os tijolos podem ser
produzidos com solo do próprio local da obra.
Os tijolos de solo-cimento são apresentados como uma das alternativas para a
construção em alvenaria. São elementos que, após pequeno período de cura, garantem

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resistência à compressão simples similar à dos tijolos maciços e blocos cerâmicos, sendo
a resistência tanto mais elevada quanto maior for a quantidade de cimento empregada.
Segundo a FUNTAC (1999), deve ser limitada a um teor ótimo que confira ao material
curado a necessária qualidade, sem aumento do custo de fabricação.
Este artigo trata de uma revisão bibliográfica sobre a aplicação de plástico
reciclável PET, Poli (Tereftalato de Etileno) na produção do tijolo ecológico. Esta revisão
foi realizada a partir do histórico de publicações até o ano de 2020 e tem o intuito de
levantar as principais informações sobre a qualidade dos produtos produzidos, com o
objetivo de mostrar a eficácia da adição do polímero reciclável em sua composição
pulverizado no tijolo ecológico através da caracterização mecânica de acordo com as
normas, de forma a incentivar novas pesquisas.

2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 TIJOLO ECOLÓGICO
Segundo a NBR 8491 (1983) - Tijolo maciço de solo cimento, este material é
definido como tijolo cujo volume não é inferior a 85% do seu volume total aparente,
constituído por uma mistura homogênea, compactada e endurecida de solo (o qual não
deve apresentar matéria orgânica em teores prejudiciais), cimento Portland, água e,
eventualmente, aditivos. Podem ser classificados em tipo I e II, com dimensões de
(20x9,5x5) cm e (23x11x5) cm, respectivamente (comprimento, largura e altura). No
tocante às especificações técnicas, estes tijolos devem apresentar teores de absorção de
água médio e individual não superiores a 20% e 22%, respectivamente, e resistência
mínima à compressão média e individual entre 2,0MPa e 1,7MPa, respectivamente.

Tabela 1 – Tipos de tijolos de solo-cimento


Tipo Dimensões Uso Exemplo
Tijolo maciço (5 x 10 x 20) cm Assentamento de alvenaria
comum semelhante ao tijolo convencional

Tijolo maciço (5 x 10 x 21) cm Assentamento com baixo consumo


com de argamassa
encaixe

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½ tijolo com (5 x 10 x 10,5) cm Elemento para conectar as juntas e


encaixe amarrações sem necessidade de
quebras.

Tijolo com dois (5 x 10 x 20) cm Assentamento a seco, com cola


furos e encaixe (7 x 12,5 x 25) cm rança ou argamassa plástica. As
(7,5 x 15 x 30) cm tubulações das instalações
hidrosanitárias, elétricas e outras,
passam pelos furos.

½ tijolo com (5 x 10 x 10) cm Elemento para conectar as juntas e


furo e encaixe (7 x 12,5 x 12,5) cm amarrações sem necessidade de
(7,5 x 15 x 15) cm quebras.

Caneletas (5 x 10 x 20) cm Empregado em execução de vergas,


(7 x 12,5 x 25) cm reforços estruturais, cintas de
(7,5 x 15 x 30) cm amarração e passagem de tubulações
horizontais.

Fonte: Lima (2010)

O tijolo de solo-cimento apresenta um processo construtivo simples, não necessita


de mão de obra especializada, utiliza máquinas simples, de pequeno porte e baixo custo.
Sua principal matéria prima é abundante, de fácil obtenção e baixo custo. Na produção
do tijolo de solo-cimento não são usadas fontes de energia provenientes da degradação
do meio ambiente, nem gerados efluentes que possam causar danos ao mesmo. Em vista
disso, Sena et al (2017) afirmam que o tijolo solo cimento pode ser classificado como
ecológico.
Sendo a construção civil um dos ramos que mais utiliza os recursos naturais, surge
a necessidade de incorporar novos materiais e técnicas construtivas que minimizem os
impactos ambientais. Nesse cenário, surge o tijolo de solo-cimento constituído por solo,
cimento e água em sua composição. Este apresenta boa resistência à compressão. Sua
matéria prima é abundante, sendo também chamado de tijolo ecológico, pois não exige o
processo de queima de madeira e combustível, reduzindo assim o corte de árvores e
consequentemente a emissão de monóxido de carbono (MOTTA, 2014).
Vários fatores físico-químico como sólidos, água e ar que constituem o solo
podem influenciar nas características do produto final do solo-cimento, dentre eles a
dosagem do cimento, natureza do solo, teor de umidade e compactação ou prensagem

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(MERCADO, 1990). Já a coesão do solo cimento é determinada pela constituição do


cimento, sua finura, quantidade de água e a temperatura ambiente (BAUER,1994).
Quanto ao aspecto construtivo, os dois furos no tijolo ecológico proporcionam
isolamento térmico, acústico e proteção contra umidade, pois formam câmaras de ar
Ferraz (2004). Os tijolos ecológicos quando sobrepostos no assentamento, formam dutos
por onde são passados os fios e as tubulações, evitando rasgos nas paredes e garantindo
uma maior economia de materiais e mão-de-obra. Os tijolos por serem feitos com solo
(terra), que é um material que possui isolamento térmico em potencial, fará que sua
resistência térmica e acustica, tenha uma temperatura agradável nos dias quentes e nos
dias frios, não deixando também que a poluição sonora invada os ambientes, mantendo a
residência aconchegante (WELTER, 2010).

2.2 RESÍDUOS PLÁSTICOS


O crescente uso de embalagens plásticas, principalmente no setor alimentício, faz
com que o número de material descartado diariamente continue crescendo ao longo dos
anos. Este tipo de material tem um pequeno ciclo de vida útil, gerando grande quantidade
de resíduos sólidos, que acaba sendo depositado na natureza. Tendo em vista os impactos
negativos deste descarte inadequado, vários estudos visam reutilizar resíduos de base
polimérica com o intuito de diminuir os prejuízos causados ao meio ambiente
(MORANDE ET AL 2015).
A população vive a era dos polímeros, em que plásticos, fibras, elastômeros,
adesivos, borrachas, geossintéticos, etc., tornaram-se termos comuns no nosso cotidiano
(BUENO, 2004). A grande maioria dos geossintéticos é formada por polímeros sintéticos,
onde os mais utilizados são o polietileno tereftalato (PET), o polipropileno (PP), o
polietileno (PE) e o álcool de polivinila (PVA) (EHRLICH E BECKER, 2009).
Com aumento do consumo de materiais poliméricos pela humanidade, também
elevou a disposição inadequada destes resíduos no meio ambiente, entre eles pode-se citar
garrafas (PET) e pneus, ambos com elevado tempo de decomposição (300 a 600 anos). A
engenharia busca reduzir estes ataques a natureza. Em paralelo realiza pesquisas para a
correta reutilização de alguns rejeitos aplicados a reforço de solos (SILVA, 2007).
Entre a grande massa de resíduos sólidos urbanos gerado todos os dias nos
municípios brasileiros, embalagens fabricadas com PET podem ser o destaque. Este
polímero pode ser usado como matéria-prima principal para diferentes tipos de produtos
devido ao seu baixo custo de produção e grande versatilidade. Contudo, A decomposição

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do PET em ambiente natural e muito lento, causando considerável impacto ambiental. O


PET foi introduzido no Brasil em 1988, trazendo muitos benefícios para os consumidores,
mas também trouxe alguns problemas ambientais. De acordo com a Associação Brasileira
da Industria do PET, no ano de 2007, apenas 53,5% deste polímero foi devidamente
reciclado. Em outras palavras, aproximadamente 175.000 toneladas não receberam
nenhum tipo de tratamento de reciclagem.

Tabela 2. Composição gravimétrica da quantidade de RSU em diferentes cidades brasileiras


Melo, Pinheiro e Lino e Ismail Loureiro, Agostinho,
Gonçalves e Girard (2011) Rovere e Almeida;
Martins (2009) (2009) Mahler Bonilla,
Autores e (2013) Sacomano e
cidade/ tipos Giannetti.
de desperdício (2013)
Curitiba/ Belém/ Campinas/ Rio de São Paulo/
Estado do Estado do Estado de São janeiro/ Estado de São
Paraná Para Paulo Estado do Paulo
Rio de
janeiro
Metais 2% 2,64% 4% 24% 2,2%
Plásticos 17,8% 14,98% 15% 15,9%
Cartão 16% 17,06% 20% 17% 11,1%
Vidros 4,7% 1,52% 2% 1,8%
Orgânicos 47,9% 45,89% 46% 54% 57,5%
Outros 11,6% 17,91% 13% 5% 11,5%
Fonte: adaptado de: Melo et al. (2009), Pinheiro e Girard (2009), Lino e Ismail (2011), Loureiro et al.
(2013) e Agostinho et al. (2013).

Percebendo toda essa massa do PET, como garrafas de bebida de 2 L de


capacidade (com 50 g de massa cada), pode ser estimada quase 3,5 milhões de garrafas
que foram destinadas, em parte considerável, a irregular áreas de disposição
(PASCHOALIN FILHO J. A. ET AL, 2016).
No que tange à utilização das fibras de PET, tendo em vista sua origem e destino,
é de grande importância dar o encaminhamento correto devido à grande dificuldade que
o meio ambiente enfrenta com sua disposição inadequada (SILVA, 2007).
O PET é um plástico de grande popularidade. Para Mano (1991) todo esse sucesso,
se deve, às suas excelentes propriedades, a exemplo das altas resistências mecânicas,
térmica e química, aspecto nobre (brilho e transparência), parcialmente cristalina, barreira
de gases, entre outras.
O polietileno é dividido em quatro tipos. São eles: polietileno de baixa densidade
(PEBD), de baixa densidade linear (PEBDL), média densidade (PEMD) e alta densidade
(PEAD). Existe também o Polietileno Verde de Alta e de Baixa densidade O PET entra

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na classificação de baixa densidade (PEBD) e suas características são: (i) alta resistência
ao impacto; (ii) excelente barreira a gases e odores; (iii) flexibilidade; (iv) transparência;
(v) possui maior viscosidade e maior brilho; (vi) boa resistência à tração e ao rasgo
(COUTINHO; MELO E MARIA, 2003). Por consequência dessas características, o
mercado apresenta uma ampla utilização para o PET.
São as embalagens pós-consumo do PET - Poli (Tereftalato de Etileno), que estão
atingindo percentuais cada vez maiores na composição do lixo urbano, com presença
crescente no meio ambiente (ABIPET, 2012).
De acordo com Frigione (2010) a reciclagem do PET proporciona vantagens nas
dimensões ambiental, social e econômica. Estas vantagens se traduzem através da
diminuição da extração de matéria prima virgem não renovável, na disposição em aterros,
no consumo de energia, pois no processo de reciclagem é utilizada em média 30% da
energia necessária para produzir a resina virgem sem comprometer a qualidade do
produto final, na criação de uma cadeia de logística para coletar, segregar, transportar e
destinar este rejeito e na redução do preço dos produtos na utilização do material reciclado
(algo em torno de 30% em comparação ao produto virgem).
Existem também no ramo da construção civil muitos materiais produzidos a partir
de resíduos de PET. Aragon e Ghiraldello (2014) apontam alguns destes, como: carpetes,
forros, telhas, revestimentos, tubos entre outros. Apesar de poderem ser utilizados de
diversas formas, o preconceito quanto a materiais recicláveis ainda é muito intenso e gera
na população a ideia de que este possui menor qualidade, sendo uma ideia equivocada já
que os resíduos de PET podem agregar vantagens aos materiais, como no caso deste
estudo. Associar a construção civil, que possui um ritmo extremamente crescente em sua
indústria, ao aproveitamento destes resíduos não degradáveis, gera um salto considerável
na relação da construção civil à sustentabilidade.
Segundo Aragon e Ghiraldello (2014), os polímeros de polietileno possuem
características nas suas propriedades bastante positivas, como processamentos com
menor custo de energia e grande durabilidade; podem ser rígidos ou flexíveis, leves,
indeformáveis e de fácil trabalhabilidade, características essas que inseridas na
construção civil, podem proporcionar bons resultados.

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2.3 PLASTICO RECICLÁVEL ADICIONADO NO TIJOLO ECOLÓGICO:


PRINCIPAIS BENEFÍCIOS
Dyer (2010), em estudo observou que as argamassas de PET aguentaram maiores
cargas que os tradicionais feitos de cimento e areia na mesma proporção, podendo ser
uma alternativa o uso de resíduos em tijolos de solo-cimento.
Segundo Sena et al. (2017), a utilização de resíduo de PET pode ser uma
alternativa viável na fabricação de tijolos solo- cimento, sendo utilizados de maneira
inteligente e benéfica à sociedade.
O estudo realizou testes de compressão mecânica e absorção de água em diferentes
traços, obtidos a partir da adição de teores de PET. As análises apontam para uma ação
sinérgica, na qual a adição de certos teores do polietileno contribui para o aumento da
resistência dos blocos (SILA ET AL, 2017).
Os resultados obtidos mostraram que a interação do material com o PET faz com
que o teor de absorção de água seja diminuído quando se aumenta a dosagem do PET
pulverulento (MORANDE ET AL, 2017).
Segundo Kanaan (2018), a partir da análise dos resultados, foi possível observar
alterações na resistência provocadas pela adição de fibras PET na matriz do solo estudado.
A adição de fibras, em geral, proporcionou um aumento de resistência à compressão de
pico e pós-pico, onde as amostras com adição de fibras, apresentaram maiores
deformações até atingirem a ruptura, ou seja, proporcionaram maior ductilidade para
mistura com adição de fibras.
De acordo com Paschoalin Filho et al (2016), para cada tijolo manufaturado em
sua composição, foram utilizados aproximadamente 300 g de resíduos de PET. Este
desperdício de massa é equivalente a 6 garrafas de bebida de PET com capacidade de 2
litros. Assim, um metro quadrado (m2) de uma parede construída com este tijolo pode
retirar quase 180 garrafas de bebidas do meio ambiente. Assim, esta pesquisa visa propor
uma alternativa simples para a reciclagem de PET, evitando seu despejo e acumulação
em áreas irregulares, e reduzindo a demanda de matéria-prima pela indústria da
construção civil. Este tijolo também pode consistir em uma alternativa econômica para
obras de construção que não exigem responsabilidades estruturais.

3 MÉTODO
A metodologia adotada trata-se de um levantamento bibliográfico realizado no
Google acadêmico e portal de periódicos da CAPES, admitindo as publicações até 2020,

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sobre aplicação do plástico reciclável PET, em formato de pó na fabricação de tijolos


ecológico, visando mostrar seus pontos sustentáveis, econômicos e suas principais
características. De acordo com a temática do trabalho e as dúvidas sobre esse tema
buscou-se analisar leitura dos títulos e resumos de forma a verificar a escolha do artigo.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme levantado na literatura pesquisada para este trabalho, vários autores
realizaram trabalhos com a incorporação de resíduos plasticos para obter uma
mistura que contribua para a melhoria da massa cerâmica para a produção de tijolos
ecologicos.
Sena et al (2017) apresentaram estudos e resultados de ensaios de laboratório,
através dos quais se objetivou avaliar o comportamento de tijolos solo-cimento com a
incorporação de teores de resíduo provenientes da moagem de PET para aplicação na
construção civil. Para tanto, foram realizados ensaios de caracterização de um solo da
região de Caruaru-PE e da incorporação de resíduos de PET nas proporções de 5, 8 e
11%. O traço padrão em massa utilizado de solo-cimento foi de 1:10. Para realização do
ensaio de resistência a compressão foi adaptado um método para promover a melhor
compactação das partículas em corpos de provas de 50mmX100mm.
A metodologia de trabalho de Sena et al (2017) consistiu na caracterização dos
materiais em estudo e determinação dos parâmetros de resistência e absorção dos
produtos resultantes. Foram realizados ensaios de laboratório para a caracterização do
solo, dos resíduos de PET, das composições solo-resíduo, dos traços de solo-cimento e
dos corpos de provas produzidos.
Na Tabela 3, são apresentados os resultados obtidos em quatro corpos-de-prova
para cada amostra de traço, curados aos 7 dias.

Tabela 3 - Absorção de água dos CP’S


Formulações Absorção de água (%)
Amostra traço padrão sem PET 19,01
Amostra traço com adição 5% de PET 19,42
Amostra traço com adição 8% de PET 20,83
Amostra traço com adição 11% de PET 21,95
Fonte: Adaptado de Sena et al.(2017)

Os resultados obtidos atendem aos limites da norma, para os valores individuais


que são de 22% no máximo. Com relação aos valores de absorção de água, pode ser
observado que no geral, a incorporação dos resíduos de PET provocaram um pequeno e

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gradual aumento nos valores de absorção de água dos CP's. É importante destacar que
os traços estudados apresentam valores individuais de absorção de água abaixo do limite
máximo estabelecido pela NBR 8492/82, que diz que o tijolo ecologico não pode
apresentar a média dos valores de absorção de água maior do que 20%, nem valores
individuais superiores a 22%.
Na Tabela 4 e Figura 2 abaixo estão os resultados obtidos por Sena et al (2017),
de resistência média à compressão dos CP’S, em função do acréscimo na quantidade de
resíduos PET, aos 7 dias curados

Tabela 4 – Resultados em MPa do ensaio de resistência à compressão

Traço Media Desvio Padrão


Padrão 1,33 0,16
5% 1,84 0,19
8% 1,77 0,14
11% 2,17 0,16
Fonte: Adaptado de: Sena et al. (2017)

Figura 2 - Gráfico em relação traço x resistência aos 7dias

Resistência a Compressão
2,5

1,5

0,5

0
Traço

Padrão 5% 8% 11%

Fonte: Adaptado de: Sena et al. (2017)

Como pode ser observado os CP’S dos traços de 5%, 8% e 11% de substituição
de PET sobre o solo, apresentaram valores médios de resistência a compressão
superiores (considerando seus desvios padrão) ao valor mínimo exigido pela norma
NBR 8491/83 (> 2 MPa). No entanto o traço sem adição de resíduo não atendeu às
prescrições de resistência mínima aos 7 dias (SENA ET AL, 2017).

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Observou-se que a incorporação do resíduo de PET melhorou a resistência à


compressão média para todas as percentagens avaliadas, onde o teor de 11% promoveu
um acréscimo de 163,15% em comparação com o traço padrão (SENA ET AL, 2017).
Em relação ao índice de absorção de agua no traço de 11% de adição de PET
apresentar o maior índice entre os traços ensaiados de 21,95%, e consequentemente pelo
maior índice de PET apresentarem maior índices de vazios e ainda sim, apresentar maior
resistência entre os traços estudados, pode ser explicada pelo fato que, na medida em
que aumenta-se o percentual de PET em relação a massa de solo, mantendo o mesmo
traço 1:10, diminui a massa de solo, assim é como se aumentássemos o percentual de
cimento em relação a quantidade de solo, daí a resistência mecânica da peça também irá
aumentar (SENA ET AL, 2017).
A substituição parcial do solo pelos resíduos PET possibilita a obtenção de
produtos com propriedades técnicas que se enquadram nas especificações de normas
para tijolo em especial do tipo solo-cimento, onde a resistência mínima à compressão
média e individual de 2,0MPa e 1,7MPa, respectivamente, a saber que o método de
prensagem dos CP’S deste estudo foi realizado com um método adaptado (SENA ET
AL, 2017).
No trabalho realizado por Sila et al (2017), foi avaliado o comportamento
mecânico de blocos de solo-cimento incorporados por diferentes adições de fibras de
polietileno tereftalato (PET), provenientes de embalagens de refrigerantes. Trata-se de
uma pesquisa experimental quantitativa, que objetiva oferecer possível utilização desse
resíduo, contribuindo para o desenvolvimento de novos materiais para a construção civil
(CC) com características mais sustentáveis. A escolha pelo desenvolvimento de tijolos
de solo-cimento relaciona-se às suas características consideradas ecologicamente
amigáveis, pois não exigem queima durante sua produção, dispensam a utilização de
acabamento, possuem vantagens térmicas acentuadas, além de um sistema de furos e
encaixes com saliências, que permitem maior agilidade na CC. Assim, ampliar as
características sustentáveis desses blocos pode proporcionar uma diminuição do impacto
ambiental presente nessa cadeia, além de diminuir a extração de matéria prima in natura.
Essa pesquisa possuiu um caráter quantitativo, pois demonstrou os resultados de
seu estudo através de testes e números. O projeto executou os procedimentos
experimentais nos laboratórios do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
– Campus Palmas. Os materiais utilizados (cimento, areia e argila) foram fornecidos
pelo instituto, assim como as garrafas PET usadas para a incorporação nos tijolos

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recolhidas no refeitório da instituição. Para a pesquisa foram estabelecidos quatro traços


para a produção dos blocos, um com 0,25 % de adição de PET, outro com 0,50% de
incorporação e outro com 1,00% de adição em relação à massa total do tijolo. O último
traço com 0,00% de adição de PET foi utilizado para comparar o comportamento do
bloco com o desempenho dos tijolos que receberam os agregados (SILA ET AL, 2017).
O estudo avaliou o índice de absorção de água dos blocos e a resistência dos
mesmos a esforços de compressão. Os dados dos testes realizados foram tabelados a fim
de facilitar a observação do desempenho dos tijolos. O projeto buscou, por meio dos
dados, compreender se a adição de resíduos de PET promoveria melhorias no
comportamento dos blocos (SILA ET AL, 2017).

Figura 3 - Dados relativos à absorção de água nos blocos com diferentes teores de resíduo

Absorção média de água (massa)

14%

12%

10%

8%

6%

4%

2%

0%
Teor de Residuo (%)

0% 0,25% 0,50%

Fonte: Adaptado de: Sila et al, (2017)

O teste realizado demonstrou que os blocos com 0,25% de adição de resíduos


apresentaram menor índice de absorção de água que as amostras de 0,00%. No entanto,
os blocos com 0,50% de adição de PET apresentaram maior teor de absorção que os
tijolos com 0,25% de incorporação. Avalia-se que há um ponto entre 0,25% e 0,50% de
adição no qual a taxa de absorção de água é mínima. Observa-se que há o melhoramento
do comportamento do bloco desde que se estabeleça um limite ao teor de incorporação
dos resíduos.
Ainda segundo Sila et al, (2017) com as peças úmidas foi dado início ao teste de

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compressão, com o uso de uma prensa de compressão, no mesmo laboratório acima


citado. Esse procedimento teve por objetivo analisar e avaliar o comportamento dos
blocos de solo-cimento quando submetidos à força de compressão, comparando-se seus
desempenhos em estado tradicional – 0,00% de adição de PET – e com diferentes
proporções de agregados – 0,25% e 0,50% de adição de PET. Os dados relativos ao teste
em cada um dos tijolos serão apresentados na Figura 4.

Figura 4 – Resistência de cada traço dos tijolos em (MPa)

Resistência a Compressão (Mpa)


7,2

6,8

6,6

6,4

6,2

5,8

5,6

5,4
Teor de Resíduo (%)

0% 0,25% 0,50%

Fonte: Adaptado de Sila et al. (2017)

Por meio dos resultados obtidos através dos testes realizados, foi feita a análise do
desempenho dos tijolos. Os dados fornecidos pelo teste de compressão demonstraram que
os blocos com adição de 0,25% de PET apresentaram melhor resistência aos esforços que
os blocos de solo-cimento com 0,00% de incorporação. No entanto, os blocos com 0,50%
de adição apresentaram uma diminuição da resistência em relação aos de 0,25%, no qual
se avalia, assim como no teste de absorção de água, que existe um ponto de pico entre
0,25% e 0,50% para a resistência à compressão dos blocos incorporados pelos resíduos
reciclados. A pesquisa ressalta que o cimento utilizado no experimento (Portland CP-V
ARI) é um material para produção de peças de alta resistência, o que propiciou bons
resultados durante o teste de compressão. Porém, é notório que a adição de resíduos PET’s
aumenta percentualmente a resistência dos blocos. Subtende-se que, pelo polímero ser

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um material moldável, tenha se deformado durante o teste de compressão, aumentando


assim a resistência dos blocos (SILA ET AL, 2017).
Outro exemplo de estudos sobre a aplicação de resíduos plásticos aplicados no
tijolo solo-cimento é mencionado por Paschoalin Filho et al (2016), onde apresentam o
desenvolvimento de tijolos de solo-cimento manufaturados por meio da inclusão de
flocos de PET obtidos a partir da moagem de garrafas de água mineral. O Politereftalato
de Etileno (PET) pode ser caracterizado pela sua dificuldade de desagregação na natureza,
requerendo longos períodos de tempo para isso. Por outro lado, com o crescimento das
atividades da construção civil a demanda por matérias primas naturais também cresce,
causando impactos ambientais significativos. Dentro desse contexto, o objetivo dessa
pesquisa foi propor uma alternativa simples para o reuso do PET, prevenindo sua
deposição e acúmulo em áreas irregulares, além de proporcionar a redução da necessidade
de matérias primas naturais por parte da construção civil. (Associação Brasileira de
Normas Técnicas -ABNT, 2012) com o objetivo de verificar se solo coletado as amostras
eram apropriadas para solo-cimento fabricação.
Foram feitos os seguintes procedimentos:
1- Determinação da dosagem: após a caracterização testes, diferentes dosagens
foram estudadas para o tijolo fabricação. As seguintes dosagens foram testadas mistura
de solo + PET + cimento Portland em diferentes percentagens: a) Solo + 15% cimento
Portland + 20%PET; b) Solo + 20% cimento Portland + 15% PET e Solo + 25% cimento
Portland + 10% PET.
A dosagem escolhida foi a mistura que melhor permitiu homogeneidade e
consistência, por meio visual e exame tátil.
2- Fabricação e cura de tijolos: Para tijolos fabricação, a mistura escolhida foi
compactada usando Proctor Normal Energy por uma prensa manual. O a compactação e
a cura dos tijolos foram realizadas atendendo a NBR 10833 (ABNT,
2012). Depois de fabricação, os tijolos permaneceram por 7, 14 e 28 dias ao ar
livre,
protegido de mudanças climáticas.
3- Fabricação de espécimes: os espécimes foram moldados utilizando os tijolos
compactados conforme NBR 8492 (Associação Brasileira de Normas Técnicas [ABNT],
recomendação de 2012). Seis horas antes execução de testes compressivos, os espécimes
foram imersos conforme recomendação da NBR 8492 (ABNT, 2012). A Figura 5
apresenta um espécime imerso em água antes de realizar o teste de compressão.

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Figura 5 - Amostra imersa em água antes de realizar forca compressiva.

Fonte: Paschoalin Filho et al. (2016)

4- Foram realizadas os testes de resistência a compressão e absorção de água : os


testes de laboratório foram realizados de acordo com as recomendações do Associação
Brasileira de Normas Técnicas NBR 8492 (ABNT, 2012c). Os espécimes foram levados
para falha em 7, 14 e 28 dias de cura. Então o os valores obtidos foram comparados ao
mínimo valores aceitáveis apresentados na NBR 8491 (ABNT, 2012b). A imagem a
seguir apresenta o teste de resistência a compressão realizado para esta pesquisa. A Figura
6 apresenta um teste de resistência a compressão realizado e um aspecto interno de
amostra após a falha, respectivamente os testes de compressão usando tijolos estudados
foram realizados em três tempos de cura diferentes (7, 14 e 28 dias).

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Figura 6 – Teste de compressão do tijolo solo-cimento

Fonte: Paschoalin Filho et al. (2016)

O teste de Shapiro-Wilk foi realizado em a fim de verificar se os parâmetros de


resistência obtidos foram de uma população normalmente distribuída. O teste apresentou
um valor “p” maior que α = 5%, então a hipótese de que os dados de resistência a
compressão são de uma população normalmente distribuída foi aceita. A seguir, os dados
da média de resistência a compressão, desvios padrão e variâncias foram calculados. As
resistências a compressão obtidas para diferentes tempos de cura são apresentadas abaixo.

Tabela 5- Resistências a compressão obtidas para diferentes tempos de cura


Tempo de cura Intervalo de confiança para 95% Média (MPA) Desvio padrão Coeficiente de
RC mínimo RC máximo (MPA) variação
(MPA) (MPA)
7 dias 1,05 1,22 1,13 0,0035 0,001
14 dias 1,17 1,35 1,27 0,036 0,001
28 dias 1,68 2,26 1,97 0,11 0,014
Onde RC= Resistência a compressão
Fonte: Adaptado de Filho et al (2016)

Conforme mostrado na Tabela 5, a compressão media as resistências aos 7, 14 e


28 dias de tempo de cura foram respectivamente 1,13 MPa (sd = 0,035 MPa; var = 0,01),
1,27 MPa (sd = 0,036 MPa; var = 0,001) e 1,97 MPa (sd = 0,11 MPa; var = 0,014). A
baixa quantidade observada de “Sd” indica a boa homogeneidade da mistura.

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No entanto, as forças máximas de compressão obtidos foram inferiores ao


recomendado pela NBR 8491 (ABNT, 2012b) aos 7 dias de tempo de cura. Todavia,
considerando 28 dias de tempo de cura, a resistência a compressão média alcançou valor
próximo a 2,0 MPa. Segundo Valle (2001) tijolos de solo-cimento fabricados com solos
argilosos tendem a apresentam menor resistência a compressão do que os tijolos
compactado com solos de areia. Katale, Kamara e Adedeji (2014) recomendam estabilizar
solos argilosos com cal para obter melhores valores de resistência a compressão. Os
autores afirmam que o cimento Portland é o melhor para estabilizar solos de areia. De
acordo com Lara et al. (2014) melhores valores de resistência à compressão poderiam ser
alcançados usando energias de compactação mais altas para fabricação de tijolos.
Os autores apresentaram resistências a compressão obtidas para tijolos
compactados usando a Energia de Proctor Normal. Os tijolos foram levados 0,78 (7 dias)
a 1,40 MPa (60 dias). Esses valores de resistência a compressão podem ter ocorrido uma
vez que os flocos de PET não reagiram quimicamente com Cimento Portland. Del-Angel
e Vazquez-Ruiz (2012) estudando concretos feitos com adição de fibras PET, não
notaram nenhuma reação entre cimento Portland, água, areia e PET, mas apenas uma
certa aderência.
Segundo os autores, o PET só reage quando submetido a altas temperaturas. Silva
et al (2005) também não encontraram nenhuma influência significativa das fibras de PET
sobre resistência a compressão da argamassa. A quantidade de PET na dosagem e o
tamanho de sua partícula também pode ter uma influência na obtenção resistências a
compressão. De acordo com Cordoba, Martinez-Barrera, Diaz, Nunes e Yanes (2013)
maiores concentrações e diâmetros de partículas de PET podem causar o aumento de
vazios nas amostras e redução da resistência a compressão.
Os testes de absorção também foram realizados conforme recomendação da NBR
8492 (ABNT, 2012c) usando amostras com 7 dias de tempo de cura. Esses valores são
mostrados na Tabela 6.

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Tabela 6 - Valores de absorção de água


Amostra Absorção de água
(%)
T1 20,3
T2 20,4
T3 19,2
T4 21,3
T5 20,4
T6 20,2
T7 20,1
T8 21,4
T9 20,6
Fonte: Adaptado de Filho et al (2016)

O teste de Shapiro-Wilk foi realizado para confirmar se os valores de absorção de


água obtidos foram de uma população normalmente distribuída. Tabela 7 apresenta o
valor médio.

Tabela 7 - Valor médio para a absorção de água


Tempo de Máximo Mínimo Valor médio Desvio Variação
cura padrão
7 dias 21,4% 19,2% 20,4% 0,65% 0,42
Fonte: Adaptado de Filho et al (2016)

Conforme apresentado na Tabela 7, o valor médio para a absorção de água foi de


20,4% (dp = 0,65%, var = 0,42), próximo ao valor recomendado apresentado na NBR
8491, (Valor médio de absorção de água <20% e nem individual valor> 22%).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode ser observado a partir desta literatura que existem diversos estudos visando o
aproveitamento do plástico reciclável incorporado na massa de fabricação de tijolos
ecológicos. Com base nos resultados obtidos na pesquisa bibliografica, conclui-se que: Para
que os setores de recolhimento de resíduos de plástico e construção civil atuem em parceria
de forma sustentável, a adição dos polímeros para a fabricação de tijolos ecológicos trata-se,
portanto, de uma excelente alternativa para o aproveitamento desses resíduos, sendo uma
nova proposta para combater o déficit habitacional, configurando-se numa prática
ecologicamente correta, pois pode contribuir para reduzir o volume de material descartado na
natureza, reduzir a exploração dos recursos naturais, e assim contribuindo para a preservação
do meio ambiente. Como sugestão para trabalhos futuros pode ser a redução do consumo de
agregados em misturas solo-cimento bem como pode ser estudado a viabilidade da análise
econômica e ambiental entre tijolos cerâmicos e tijolos de solo-cimento.

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