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EPS – POLIESTIRENO EXPANDIDO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Fabiana de Moraes, Daniela Fiuza,


Lisiane Araújo e Ana Luísa Valencic

Resumo
Com o acréscimo de resíduos da construção civil, cria-se a necessidade de
utilizar métodos construtivos sustentáveis para minimizarmos os impactos causados
por tal e também seja viável financeiramente. Esse trabalho tem como objetivo
demonstrar o emprego do EPS – Poliestireno Expandido na construção civil - e
alguns pontos positivos a escolher por ele na construção, por exemplo, baixo
impacto no canteiro de obras e uma maior qualidade para o espaço construído. Por
meio de pesquisas bibliográficas, se tornou possível explanar sobre seu uso em
paredes, lajes, regularização de pisos e suas principais vantagens, como otimização
de tempo, custo e desperdícios, material de fácil modelagem, além da sua
capacidade de isolamento térmico e acústico.

1. Introdução
A sustentabilidade tem sido um tema recorrente nas agendas nacionais e
internacionais, devido a sua prática e desenvolvimento em resolver diversos
problemas atuais e mesmo por possibilitar evitá-los no futuro, como por exemplo a
redução da geração de resíduos e desperdícios (TAVARES; CONSTANTINO, 2021).
Os resíduos provenientes do setor da engenharia civil são conhecidos como
Resíduos Sólidos da Construção Civil (RCC), conforme define a Resolução 307
(BRASIL, 2002), do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
O Poliestireno expandido (EPS) foi descoberto pelos químicos Fritz Stastny
e Karl Buchholz, nos laboratórios da Basf, na Alemanha em 1949 (ABRAPEX,
2015). Há mais ou menos 30 anos, ocorre a utilização na construção civil, tendo
seu ápice no início dos anos 90 na indústria norte-americana. Por volta de 2010
essa tecnologia começou a ser utilizada no Brasil, se tornou um material vantajoso
para ser utilizado na construção civil, pois apresenta características como: leveza,
baixa condutividade térmica, resistência mecânica e fácil manuseio.
De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria Química
(ABIQUIM, 2017), no ano de 2014 foram consumidas 39.340 toneladas de
poliestireno expandido (EPS) no Brasil, mas somente 30% foram encaminhadas
para reciclagem. Um dos setores que vêm utilizando o poliestireno expandido, é a
construção civil. Comumente este material é usado em grande escala para o ramo
de embalagens, sendo descartado erroneamente, causando poluição, bloqueio de
bueiros e entupimentos, visto que o EPS caracteristicamente é impermeável
(AMBROSI, 2009), deste modo, estimular formas alternativas para o uso do EPS
contribui com a redução dos impactos no meio ambiente.
Esse trabalho tem com objetivo mostrar o uso e os benefícios quanto ao uso
do poliestireno na construção civil, diminuindo assim os impactos ao meio ambiente.

2. Referencial
2.1 O que é poliestireno expandido (EPS)

O Poliestireno Expandido (EPS) é um plástico celular rígido, devido à


polimerização do estireno em água, podendo apresentar diversas formas
geométricas tornando-se uma espuma moldada, constituída por um aglomerado de
grânulos. A leveza, isolamento térmico e o baixo custo são características que tem
fortalecido a presença do EPS no mercado consumidor (SANTOS, 2008).

2.2 Como o EPS é feito

De acordo com a ABRAPEX (2015), na fabricação do EPS não se utiliza o


gás CFC ou qualquer um dos seus substitutos. Para a transformação do EPS,
utiliza-se como agente expansor o pentano, um hidrocarboneto que se deteriora
rapidamente pela reação fotoquímica gerada pelos raios do sol, sem prejudicar o
meio ambiente. O produto final é composto de pérolas de até três milímetros de
diâmetro que, após se expandirem, aumentam em até 50 vezes o seu tamanho,
fundindo-se e moldando-se em diversas formas constituídas de 98% de ar e 2% de
poliestireno. Segundo Martins (2020) essa matéria-prima é obtida a partir do
petróleo, o EPS é um material incolor, inodoro com diversas aplicabilidades. Possui
uma espuma leve, porém rígida, por isso da capacidade de isolamento térmico e da
alta resistência ao impacto.
● a) A pré-expansão: O poliestireno (PS) é expandido, numa primeira fase de
pré-expansão, através de aquecimento pelo contato com vapor d’água. O
agente expansor incha o PS aumentando o volume em 50 vezes o seu
tamanho original.

Resultando em um granulado de partículas de EPS compostas por pequenas


células fechadas, que é armazenado para estabilização.

● b) O armazenamento intermediário: o armazenamento é necessário para


permitir a posterior transformação do poliestireno expandido. Durante esta
fase de estabilização, o granulado de EPS esfria criando uma depressão no
interior das células. Durante este processo o espaço dentro das células é
preenchido pelo ar circundante.
● c) A moldagem: o granulado estabilizado é colocado em moldes e novamente
exposto a vapor de água. Ao serem novamente submetidas ao vapor, as
pérolas comprimidas no molde voltam a inchar e se soldam umas às outras.
Na câmara de vapor, o processo de expansão pode ser interrompido por
arrefecimento brusco, projetando-se jatos de água fria contra as paredes do
molde, buscando uma redução no excesso de pressão, facilitando assim a
retirada do produto sem perdas na forma original.

2.3 Normas

- NBR 11752 – Materiais celulares de poliestireno para isolamento térmico na


construção civil e câmaras frigoríficas.
- NBR 7973 – Determinação de absorção d’água – Método de ensaio.
- NBR 8081 – Permeabilidade ao vapor d’água – Método de ensaio.
- NBR 8082 – Resistência à compressão – Método de ensaio.
- NBR 10411 – inspeção e amostragem de isolantes térmicos – Procedimento.
- NBR 11948 – Ensaio de flamabilidade – Método de ensaio.
- NBR 11949 – Determinação de massa específica aparente – Método de
ensaio.
- NBR 12094 – Determinação da condutividade térmica – Método de ensaio.

3. Metodologia
O método a ser utilizado para realizar este estudo, foi um levantamento
biblio­gráfico, com o objetivo de abranger ainda mais o conhecimento das
construções feitas em EPS.
A pesquisa bibliográfica busca solucionar um problema através de
referenciais teóricos já publicados, analisando e discorrendo as várias realizações
científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que
foi pesquisado, como sob que enfoque ou perspectivas foi tratado o assunto
apresentado através da ciência. Portanto, é de suma importância que o pesquisador
realize um planejamento do processo de pesquisa, compreendendo desde a
definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão da
sua forma de comunicação e divulgação. (BOCCATO, 2006, p. 266).

4. A utilização do EPS e O Meio Ambiente


De acordo com a Resolução nº 307, de 05 de julho de 2002, o Conselho
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, estabelece, entre outras coisas, que a
construção civil deve se responsabilizar pela geração dos seus resíduos, e que a
gestão de resíduos tem como foco reduzir, reaproveitar ou reciclar, a partir do qual
se observa que quanto mais entulho produzido nas obras, maior será a energia, o
tempo gasto e o custo agregado ao valor final, seja o que for que a construtora faça,
ou mesmo por meio de opções combinadas.

Grote e Silveira (2001) relatam que é possível aproveitar o EPS descartado,


sendo reprocessados, e depois reutilizados em novas peças para embalagens, além
de poderem ser utilizados como substratos a fim de melhorar o solo e novamente
utilizados em construções civis. Então o EPS é um grande aliado para quem quer
construir e respeitar o meio ambiente.

5. EPS na Construção Civil


Segundo Oliveira (2013), o conceito estrutural desse processo pode ser
considerado monolítico, e essa característica garante a estabilidade da edificação
como um todo, suportando até terremotos e furacões, tornando dispensável a
utilização de vigas e pilares, estruturas fundamentais dos sistemas que utilizam
alvenaria convencional para receber as cargas aplicadas.
Quando se utiliza o sistema monolite, há uma redução nas dimensões dos
alicerces da obra, reduzindo custos e tornando a execução mais simples, devido ao
fato de uma das características do EPS ser o seu baixo peso. O sistema pode
substituir o que existe nos meios tradicionais de construção, a execução de
estruturas de concreto armado, suas fôrmas e armaduras, alvenarias, gesso,
isolamentos horizontais e verticais (BERTOLDI, 2007, p. 12).

5.1 Isolamento Térmico e Acústico

No Brasil, se intensificaram os estudos com relação ao desempenho térmico


em habitações. Um dos componentes mais cobiçados nos imóveis é a vedação,
sobretudo quando se refere a fatores de isolamento termo acústico. Locais onde há
mínima ou completa ausência de ruídos, trazem maior aconchego e despertam
maior interesse para o mercado imobiliário, para a construção civil e também
economicamente (BERTOLDI, 2007).
De acordo com BERLOFA (2009), a preocupação em arquitetar um
ambiente que tenha conforto térmico tem como objetivo três questões principais:
Conforto: Isolando as paredes externas de uma estrutura, impede-se que haja uma
variação muito grande de calor ou de frio.
Economia: Possibilita a diminuição do tamanho de equipamentos de ar
condicionado, reduzindo os gastos com energia elétrica.
Estabilidade das estruturas: Com a diminuição da variação térmica em uma
estrutura, a edificação se tornará mais estável, uma vez que, os efeitos de dilatação
e contração se tornarão menores.

Figura 1: Isolamento térmico em paredes

Fonte: EPS Sistemas Construtivos - Instagram 2022

5.2 Paredes

Dentre as diversas aplicabilidades do EPS, Silva (2010) salienta sua


utilização em paredes, onde tal qual visto na alvenaria estrutural são autoportantes,
entretanto, possuem a espessura inferior se comparada ao sistema em alvenaria.
Ele ainda complementa que em um projeto onde pretende-se empregar o EPS, é
necessário utilizar-se de painéis, em conjunto com grelhas envoltas em arames.
Além disto o modelo demanda menos elementos construtivos, como pilares
e vigas, proporcionando uma economia interessante para a obra, que vai desde
madeiras a aço e concreto, materiais de construção que em geral representam uma
parcela relevante em uma construção convencional (PRUSNEI, 2016).
Figura 2: Painéis monolíticos estruturados.

Fonte: EPS Sistemas Construtivos - Instagram 2022

5.3 Lajes

De acordo com a NBR 6118:2003, lajes nervuradas podem ser moldadas no


local ou com nervuras pré-moldadas, cuja zona de tração para momentos positivos
está localizada nas nervuras entre as quais pode ser colocado material inerte, elas
podem ser unidirecionais ou bidirecionais. As lajes são elementos estruturais que
correspondem por grande parte do concreto utilizado em uma obra, nas lajes
maciças, por exemplo, chega-se a utilizar quase dois terços do volume total da
estrutura. Com isso, torna-se bastante oportuno o estudo aprofundado na escolha
do tipo de laje, visando obter as melhores soluções técnicas e econômicas
(BERLOFA, 2009).

Figura 4: Lajes nervuradas

Fonte: EPS Sistemas Construtivos - Instagram 2022


O EPS aplicado em lajes pré-fabricadas destina-se a preencher os espaços
vazios entre as nervuras. Essa solução alivia o peso próprio das lajes, permitindo a
redução do dimensionamento de toda a estrutura, além de reduzir mão de obra e
tempo, garantindo assim um serviço bem executado e mais viável economicamente
(ABRAPEX, 2021).
Outra característica importante do EPS para aplicação em lajes é o seu
baixo módulo de elasticidade, permitindo assim, uma distribuição adequada das
cargas ao longo das linhas de sustentação e uma perfeita vedação das juntas dos
blocos, evitando a exsudação do concreto, além disso, favorece a cura de concreto
moldado in loco, pois o EPS possui baixíssimo coeficiente de absorção (ABRAPEX,
2021).

● LAJE NERVURADA UNIDIRECIONAL PRÉ-MOLDADA: A laje


nervurada pré-fabricada unidirecional utiliza tradicionalmente, blocos de
concreto e tijolos cerâmicos como material inerte entre as nervuras,
aumentando significativamente o peso da laje e gerando perdas, seja por
quebra de material ou por vazamento de concreto. Com o uso do EPS, o peso
da estrutura diminui significativamente e não há risco de perda de material,
uma vez que não há quebra devido à queda e as juntas são muito justas,
impedindo o vazamento da nata de cimento (PAIVA, 2011).
● LAJE NERVURADA BIDIRECIONAL: As lajes nervuradas bidirecionais
é uma ideia recente, onde utiliza-se um tipo de bloco de EPS especialmente
desenhado para esta finalidade, para o preenchimento dos vãos das nervuras.
Trata-se de um bloco quadrado que em uma direção possui abas para a
formação de nervuras e em outra direção, possui um encaixe para apoio sobre
as vigotas. Com isso proporcionando a realização de grandes vãos
(BERLOFA, 2009).

5.4 Concreto leve

O concreto leve é um concreto do tipo cimento-areia que substitui a pedra


britada por flocos de EPS reciclado. A mistura cimento-areia se solidifica e envolve
as partículas de EPS, cujo volume constitui de 95% de ar, proporcionando um
concreto de baixa densidade aparente variando entre 700 a 1600 kg/m³, enquanto a
do concreto convencional, com pedra britada, é de 2400 kg/m³ (ABRAPEX, 2015).
As principais características do concreto leve são: densidade aparente baixa, bom
isolamento térmico, pequena absorção de umidade, resistência mecânica para
aplicações não estruturais (ABRAPEX, 2015). É aplicável sempre onde não haja
exigência de resistência a grandes esforços como: Regularização de lajes para
escoamento, painéis para fechamento de prédios, calçadas, etc (ABRAPEX, 2015).

6. Considerações
Com base nas pesquisas, analisamos que o EPS apresenta vantagens na
velocidade de fechamento da parede de vedação, por conta do tamanho das placas
de EPS em relação aos blocos cerâmicos, concede baixa absorção de água,
permitindo que a cura do concreto seja melhor e mais acelerada, trazendo assim
otimização do tempo de conclusão de obra, menor desperdício, redução da mão de
obra. Outro ponto positivo, é na facilidade de execução quanto às instalações
hidráulicas e elétricas.
Mesmo que no Brasil, o EPS ainda é pouco utilizado, está ganhando
espaço pois além de ser um material economicamente viável, não é alvo de fungos,
bactérias e insetos, além de ser totalmente reciclado. Uma das grandes
desvantagens do Poliestireno Expandido se dá ao seu grande volume, dificultando
assim o seu armazenamento (SANTOS, C. G. et al, 2013).
Podemos concluir que as vantagens econômicas, técnicas e ambientais
impulsionam a aplicabilidade do EPS, considerando, portanto, ser uma alternativa
viável nas diversas etapas da construção civil.
Referências
ABRAPEX. Associação Brasileira do Poliestireno Expandido. O que é EPS. São
Paulo, 2021. Disponível em: < http://www.abrapex.com.br/01OqueeEPS.html>.
Acesso em: mar. 2021.

Associação Brasileira Do Poliestireno Expandido - ABRAPEX. Manual de utilização


EPS na construção civil. São Paulo: Pini, 2006

COMISSÃO SETORIAL DO EPS. O que é eps?. Disponível


em:<http://www.epsbrasil.eco.br/eps/index.html>. Acesso em: 31 de ago. 2015

COÊLHO, Ronaldo Sérgio de Araújo. Método para estudo da produtividade da mão


de obra na execução de alvenaria e seu revestimento em ambientes sanitários.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de engenharia
Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, 2003.

PAIVA, E. A utilização do eps na construção civil. Mossoró, 2011. Disponível em:


<http://ebiblio.ufersa.edu.br/Download/22650.pdf>. Acesso em: 19 mar.2016.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional de Meio Ambiente,


CONAMA. Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002 – In: Resoluções,
2002. Disponível em acesso: 23 nov. 2020

DUARTE, L.P.; CARNEIRO, P.V. Sistema construtivo utilizando-se poliestireno


expandido para vedação. 2015. 30f. Artigo (graduação em Engenharia civil) –
Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2015.

FERRAZ, Gabriela de Andrade. (2014) Reutilização do Poliestireno Expandido como


agregado no composto de concreto leve para contrapiso. Campo Mourão, 2014.
45p. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Tecnológica Federal do
Paraná campus Mourão, 2014.

SANTOS, R. Estudo térmico e de materiais de um compósito a base de gesso e


EPS para construção de casas populares. Natal, 2008. Disponível em:
<ftp://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/ReginaldoDS.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2016

https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/poliestireno-expandido
Disponível em 12 de Agosto de 2022.

http://lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/3130.pdf Disponível em 12 de
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https://recima21.com.br/index.php/recima21/article/view/868/723 Disponível em 12
de Agosto de 2022.

https://www.aecweb.com.br/revista/noticias/o-setor-da-construcao-civil-e-o-principal-
mercado-que-usa-poliestireno-expandido/11889 Disponível em 12 de Agosto de
2022.

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