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Resumo – O sistema de construção com painéis monolíticos de EPS veio para agregar
valor à construção civil. Este trabalho acadêmicos foi compenetrado para o estudo do
processo construtivo, com a finalidade de destacar as etapas, apresentar algumas
vantagens e desvantagens e ressaltar uma estimativa de conhecimento e aceitação. Para
que se consiga difundir o sistema, é necessário que haja a capacitação de profissionais para
atuar no mercado e a normatização. Adquirindo assim, credibilidade do setor quanto ao
método.
1 INTRODUÇÃO
O Brasil está entre as principais economias do mundo com grande tendência
de crescimento, por se tratar de um país em desenvolvimento. É necessário um
grande investimento em infraestrutura, buscando novos métodos que contribuam
com rapidez, economia, eficiência, resistência, durabilidade e, acima de tudo,
sustentabilidade.
Dentre os métodos construtivos mais utilizados no Brasil, estão os sistemas
de vedação com blocos de concreto ou cerâmico, que geram muitos resíduos e
requer muita movimentação de materiais e consumo elevado de mão de obra.
Desenvolvido nos anos de 1980, o novo método recebeu a mesma
denominação de seu próprio fabricante, Monolite. A região em que foi criado é
caracterizada por invernos rigorosos e sujeita a abalos sísmicos, ou seja, um local
com necessidades de atendimento especial devido as condições climáticas e de
resistência das edificações. Concomitantemente, adicionando conforto e segurança
ao usuário. O método faz o uso de placas de Poliestireno Expandido em seu interior,
acrescido de telas de aço eletro soldadas nas laterais e posteriormente revestidas
com argamassa. A introdução desse método no Brasil só chegou na década de 90,
porém, nos dias de hoje, mais de 30 anos depois, ainda é pouco utilizado. (PAULA e
TEIXEIRA, 2019)
A falta de conhecimento é um fator que interfere na difusão dos painéis
monolíticos no mercado, mesmo o método tendo bom desempenho térmico, redução
no tempo de execução, facilidade de aplicação, diminuição de mão de obra e baixa
emissão de resíduos, sendo estes passíveis de reaproveitamento.
Por motivos culturais, a construção convencional de blocos cerâmicos é
consolidada pela população, o que dificulta a inserção ao público de novas
tecnologias na construção civil. Somando-se a isso, há a falta de mão de obra
especificada para a construção em EPS.
Os Painéis Monolíticos apresentam versatilidade de uso, atendendo os
projetos mais dinâmicos, aumento na produtividade do canteiro de obras, baixo
impacto ambiental e boa durabilidade, unindo serviços com a boa qualidade de
produtos (ABRAPEX, 2006).
Procurando um equilíbrio entre maior produção e menor impacto, o objetivo
deste trabalho é despertar na construção civil o interesse para a aplicação de
painéis monolíticos, em substituição ao sistema convencional de blocos cerâmicos e
de blocos de concreto, uma vez que suas paredes são os elementos estruturais da
superestrutura, como uma inovação que busca apresentar uma infinidade de
melhorias para a obra. Por tratar-se de um método promissor, se introduzido em
larga escala tende a revolucionar o setor da construção civil.
O desenvolvimento deste trabalho visa analisar a execução de residências no
sistema construtivo de EPS, detalhando o método construtivo, a obtenção do
material e os processos de montagem e apresentar as suas vantagens e
desvantagens.
2 PAINEL MONOLÍTICO
Segundo Almeida e Rodrigues (2020), ao se utilizar painéis modulares de alta
resistência quando acabados, com grande capacidade de carga, agilidade e redução
de custos, é que o sistema ficou conhecido por monolítico.
2.1 O Sistema em EPS
Segundo Genol (2021), a sigla EPS é a abreviação de poliestireno expandido,
que na realidade é um plástico celular rígido, expandido pelo gás pentano, que o
transforma em pérolas de até 3 mm de diâmetro. O uso desse gás não compromete
o ambiente, pois se trata de um hidrocarboneto, com rápida deterioração em reação
fotoquímica gerada por raios solares. Essas pérolas de EPS são expandidas por
meio de vapor e fundidas, as quais são transformadas em painéis. Os painéis ao
final do processo fabril são inodoros, não contaminantes e recicláveis. Em
concordância com Júnior e Neto (2017), sua fabricação permite que o resultado seja
um material com 98% de ar e apenas 2% de todo o seu volume seja de material
sólido na forma de poliestireno. Ele atinge uma expansão de até 50 vezes o volume
do seu grão inicial, decorrente da ação do vapor saturado.
A descoberta do poliestireno expandido foi em 1949 pelos químicos alemães
Fritz Stastny e Karl Buchhholz em Basf. No Brasil é trivialmente encontrado como
Isopor. Como apresentam Paula e Teixeira (2019), o método construtivo com painéis
industrializados, com o núcleo de EPS e telas eletrosoldadas, foi desenvolvido por
volta de 1985, pela empresa Monolite. A criação tinha como objetivo uma estrutura
monolítica que fosse autoportante, com capacidade acústica, indiferente a
intempéries e abalos sísmicos.
Segundo Bertoldi (2007) a presente tecnologia foi elaborada inicialmente em
vários países, nos quais foram implantadas unidades fabris, tais como: Argentina,
Egito, França, Guatemala, Itália, México, Rússia, Turquia e outros.
O reconhecimento e a homologação deste método construtivo por alguns
países foram cronologicamente por: Austrália, em 1990; Porto Rico e México, em
1994; África do Sul e Jamaica, em 1997; Trinidad e Tobago, em 2003; Irlanda, em
2006; Peru e Panamá, em 2010; Romênia, em 2011; Uruguai, Nicarágua e
Argentina, em 2012; Espanha e Equador, em 2013; República Dominicana, Índia e
Argélia, em 2014; Estados Unidos da América, em 2018; Europa, em 2016 e Rússia,
em 2018 (SILVA; GUIMARÃES; VAZ, 2021).
No Brasil, essa técnica é trazida nos anos de 1990, quando o sistema
construtivo foi submetido a um estudo pelo IPT (Instituto de Pesquisa Tecnológicas
de São Paulo), à qual foi sujeitada a todos os testes e ensaios normativos exigidos
para validação de sua eficácia (BERTOLDI, 2007).
2.2 Sustentabilidade
Segundo Motta e Aguilar (2009), o conceito sustentável está cada vez mais
presente em qualquer segmento de mercado e na construção civil não é diferente.
Buscando, assim, construções com grande capacidade de produtividade, associada
a baixo custo e desempenho ambiental. Os painéis têm a possibilidade de
reciclagem e a redução de custos na fundação de uma edificação, o que eleva a
positividade do uso do EPS, por ser um material leve e reciclável (BARRETO, 2017).
PROPRIEDADES Método UNID. TIPO TIPO TIPO TIPO TIPO TIPO TIPO
Ensaio 1 2 3 4 5 6 7
NBR
Densidade Aparente Nominal kg/m³ 10,0 12,0 14,0 18,0 22,5 27,5 32,5
11949
NBR
Densidade Aparente Mínima kg/m³ 9,0 11,0 13,0 16,0 20,0 25,0 30,0
11949
ASTM C-
Resistência mínima à flexão KPa ≥50 ≥60 ≥120 ≥160 ≥220 ≥175 ≥340
203
Resistência mínima ao
EN-12090 KPa ≥ 25 ≥30 ≥60 ≥80 ≥110 ≥135 ≥170
cisalhamento
Flamabilidade NBR
Material Retardante à Chama
(Se material classe F) 11948
3 PROCESSO CONSTRUTIVO
Nesse item são descritos os processos construtivos utilizados atualmente nas
diferentes etapas de uma obra em painéis monolíticos de EPS.
3.1 Fundação
Para todo e qualquer empreendimento, antes de se executar a fundação, é
necessário verificar as condições do terreno, que geralmente antecede os serviços
de limpeza, capina, escavação, aterro e compactação. A fundação é feita de acordo
com o cálculo estrutural e depende do estudo de solo do local (COSTA, 2019).
Ainda conforme Costa (2019), cada projeto determina o tipo de fundação a
ser utilizado. O sistema de construção em painéis monolíticos de EPS é baseado em
uma estrutura leve. Com isso, há uma considerável economia em aço nas armações
de suas fundações, o que evidencia uma fundação simples. Nessas condições,
podem-se utilizar sapatas corridas ou radier.
A fundação conveniente para esse método é o radier, um tipo de fundação
superficial que distribui toda a carga de maneira uniforme no terreno, como uma laje
de concreto. Algumas das vantagens desse tipo de fundação são: rapidez na
execução e reduções de mão de obra, na quantidade de formas e ao Máximo de
recalques diferenciais (MEDEIROS, 2017).
Conforme o Manual de Execução Isorecort – Monopainel® (2021), a
característica de resistência do concreto é definida em consideração aos aspectos
de durabilidade e resistência da estrutura em cada projeto, com uma determinada
espessura, sobre uma camada de brita nº 1, impermeabilizada com uma manta
PEAD (Polietileno de Alta Densidade) de 200 g/m². A armadura a ser aplicada no
radier é constituída por tela de aço CA-60, podendo ser simples ou dupla, o que vai
ser determinado pelo projeto estrutural, levando em consideração as forças atuantes
e as condições do solo.
Evidenciando que para a concretagem, os pontos de passagens do sistema
de esgoto e conduítes para alimentação elétrica de entrada já devem estar
devidamente instalados, conforme projetos.
3.4 Alinhamento
Para o alinhamento dos painéis, são utilizadas réguas de madeira
aparelhadas ou de alumínio, barras de metalon e/ou treliças. Seguindo alguns
cuidados, deve-se colocar a primeira régua a 60 cm do piso e a segunda a 200 cm
da primeira, conforme Genol (2021). Segundo Duarte e Carneiro (2015), se
necessário, dependendo do vão de abertura, deve ser feito o uso de réguas
intermediárias. São utilizadas âncoras diagonais e perpendiculares as réguas,
fixando-as ao piso, com espaçamento de 4 a 5 metros, por questão de segurança e
garantia.
3.7 Lajes
Depois da fase de aplicação da argamassa estrutural, interna e externa, é
colocada a laje de cobertura ou do pavimento seguinte. (BARRETO, 2017). A
execução pode ser através de uma laje treliçada unidirecional, em laje de vigotas de
concreto, ambas com placas de EPS, ou até mesmo em laje maciça.
Decorrido o tempo de cura da laje, aplica-se a estrutura para telhado e
colocação das telhas.
Segundo Costa (2019 apud MONOLITE, 2017), caso a laje tenha a sua
execução com painéis de cobertura inclinados, as ripas e telhas podem ir
diretamente sobre o concreto desempenado e no processo de cura, o que evita a
estrutura em madeiras.
4 METODOLOGIA
A finalidade da pesquisa pode ser entendida como básica, pois há o intuito de
se aprofundar em ponto específico do tema, que fica exposto o processo construtivo
da construção com painéis monolíticos de EPS. Além disso, baseia-se em artigos e
trabalhos acadêmicos que abordam o assunto e que possibilitaram o
desenvolvimento, caracterizando-a como descritiva.
Segundo Praça (2015), um alto desempenhado na elaboração de um artigo
se dá no empenho do aluno em fazer o uso consecutivo de leitura, crítica e reflexão,
através de outros trabalhos científicos. Para se desenvolver um estudo direcionado
aos painéis monolíticos de poliestireno expansível em casas, o artigo apresentado
baseia-se também em pesquisas bibliográficas exploratórias.
Estas pesquisas, realizadas em artigos, TCC, teses, dissertações e artigos
periódicos foram fundamentais para o conhecimento teórico do sistema de painéis
monolíticos e fomentou a busca de possíveis casos do uso do EPS para visitação.
Foram realizadas visitas técnicas em obras aqui denominadas A e B, entre os
meses de agosto e novembro de 2021. A obra A compreende um conjunto de dez
casas, podendo ser consideradas como residências unifamiliares térreas de baixo
padrão, com aproximadamente 60 m² cada unidade, com 2 quartos, banheiro social,
sala e cozinha integrada, lavanderia e garagem. Foram executadas em fundação
rasa modelo radier, paredes autoportantes em EPS, com laje maciça e treliçada. Já
a obra B trata-se de uma residência unifamiliar de médio padrão com 2 pavimentos,
sendo executada com fundação de blocos de coroamento de estacas e vigas
baldrames, painel monolítico de EPS usado como vedação no pavimento térreo e
laje treliçada. O pavimento superior será executado com paredes autoportantes em
EPS.
Foi realizada uma pesquisa através de formulário do Google e divulgada nas
redes sociais dos autores, a fim de saber o conhecimento do público sobre a
construção em painel monolítico de EPS.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O sistema de construção com painéis monolíticos de EPS tem a mesma
sequência de processos das construções convencionais, com características
diferentes em algumas etapas.
O solo deve ser analisado e preparado para o início da construção, estando
isento de entulhos, troncos e demais objetos que venham a comprometer
futuramente a edificação. Identificada a condição do solo, é realizado o projeto de
fundação adequado.
Os painéis são instalados após a base executada e marcados os pontos
específicos de cada arranque para sustentação deles. Deve-se atentar para o
perfeito alinhamento e garantindo um esquadrejamento das paredes.
A laje mais verificada nestas obras é a pré-moldada com armação de treliças
e para a cobertura, nas obras visitadas, utilizaram o emadeiramento e aplicação de
telhas cerâmicas.
O revestimento e piso adotados para banheiro e cozinha foi o porcelanato.
Durante as visitas técnicas, observou-se que nas obras podem ocorrer falhas
de execução, como desalinhamento de paredes e surgimento de fissuras.
Por se tratar de uma obra com medidas mais precisas e placas com a
finalidade de módulos, os vãos de janelas e portas foram projetados maiores que as
dimensões dos elementos a serem instalados. Com isso, houve a necessidade de se
fazer o preenchimento do espaço com uma camada de espessa de massa e
emendas de painel, ficando anterior as ações de verga e contraverga, que inibiriam
a fissuração.
Imagem 7: Vãos maiores que os elementos sendo
preenchidos. Fonte: próprio autor.
Sobre o grau de instrução foi gerado o seguinte gráfico, com 39,8% dos
entrevistados possuindo Ensino Superior completo e 36,7% com Ensino Superior
incompleto.
COSTA, Lucas Felipe Terencio. Casa de eps: análise do uso dos painéis
monolíticos de poliestireno expandido em construções residenciais. 2019. 34 f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia Civil) - Curso de
Engenharia Civil, Centro Universitário CESMAC, Maceió-AL, 2019.
SILVA, Cleomar José; GUIMARÃES, Lucas Roner dos Reis; VAZ, Yuri Matheus da
Costa. Abordagem teórica sobre construções com poliestireno expandido
(EPS). Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade UNA de Catalão – GO, 2021.
Construção em EPS
Este formulário tem a finalidade de saber o conhecimento do público sobre a
construção em painel monolítico de EPS. Faz parte do Trabalho de Conclusão de
Curso - Artigo Científico dos alunos João Batista, Luís Guilherme e Ohanna Dhara,
do curso de Engenharia Civil da UNA - Pouso Alegre, com orientação do Prof. M. Sc.
Elker Lucas Garroni.
1) Idade:
Até 20 anos – 6
De 21 a 30 anos – 44
De 31 a 40 anos – 26
De 41 a 50 anos – 15
De 51 a 60 anos – 6
Acima de 61 anos – 1
2) Sexo
Feminino – 52
Masculino – 46
3) Grau de instrução
1º grau incompleto – 0
1º grau completo – 2
2º grau incompleto – 1
2º completo – 20
Superior incompleto – 36
Superior completo – 39
7) Após uma breve abordagem sobre esse sistema neste formulário, despertou em
você a curiosidade para pesquisar sobre o assunto?
Sim – 94
Não – 4