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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

ENGENHARIA CIVIL

Guilherme de Paulo Candido

Rafael Joaquim da Silva Filho

Rodrigo Pereira da Silva

Thiago Guilherme Brito Grota

UMA VISÃO SOBRE O SISTEMA CONSTRUTIVO LIGHT

STEEL FRAME NO BRASIL

SÃO PAULO

2019
UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

ENGENHARIA CIVIL

Guilherme de Paulo Candido

Rafael Joaquim da Silva Filho

Rodrigo Pereira da Silva

Thiago Guilherme Brito Grota

UMA VISÃO SOBRE O SISTEMA CONSTRUTIVO LIGHT STEEL

FRAME NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Cidade de São Paulo – UNICID,
como requisito para a obtenção do título de
bacharel em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. José Felix Drigo

SÃO PAULO

2019
FOLHA DE APROVAÇÃO

Guilherme de Paulo Candido

Rafael Joaquim da Silva Filho

Rodrigo Pereira da Silva

Thiago Guilherme Brito Grota

UMA VISÃO SOBRE O SISTEMA CONSTRUTIVO LIGHT STEEL FRAME NO

BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Cidade de São


Paulo – UNICID, como requisito para a obtenção do título de bacharel em
Engenharia Civil.

Comissão julgadora:

(membro externo)
(instituição)

(membro interno)
Universidade Cidade de São Paulo

Prof. José Felix Drigo


Universidade Cidade de São Paulo

São Paulo, 22 de junho de 2019


RESUMO

Este trabalho procurou compreender a aplicação técnica e viável do sistema


produtivo conhecido como LIGHT STEEL FRAME na construção de moradias no
território nacional. Buscou-se analisar cada fator inerente deste processo construtivo
para sua aplicação e possível adequação ao setor, averiguando a proposta de seu
custo-beneficio ante aos métodos tradicionais. Em diversos momentos podemos
constatar as vantagens deste método, porém o estudo recai sobre assuntos que vão
desde as fundações até as referentes aos revestimentos, mostrando que ainda
assim se constitui uma grande viabilidade na implementação deste processo
construtivo que se encontra em fase de amadurecimento em nosso país.

Palavras-chave: Método construtivo. Mão-de-obra. Matéria-prima. Construção a


seco. Sustentabilidade. Baixos resíduos.
ABSTRACT

This study sought to understand the technical and viable application of the production
system known as LIGHT STEEL FRAME in the housing construction around the
national territory. We sought to analyze each factor inherent in this constructive
process for its application and possible suitability to the sector, investigating the
proposal of its cost-benefit over traditional methods. In several moments we can see
its advantages, but the study falls on subjects ranging from foundations to those
related to coatings, showing that it is still a great viability in the implementation of this
constructive process that is in the phase of maturing in our country.

Keywords: Constructive method. Labor. Raw material. Dry construction.


Sustainability. Low waste.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Esquema adaptado típico de uma residência em LIGHT STEEL FRAME.............11

Figura 2 - Modelo de camadas LIGHT STEEL FRAME & Drywall.........................................12

Figura 3 - Modelo de camadas LIGHT STEEL FRAME & Drywall.........................................13

Figura 4 - Painel típico, apresentando guias em perfil U e montantes em perfis Ue.............13

Figura 5 - Travamento lateral de viga....................................................................................14

Figura 6 - Verga sobre o vão de abertura.............................................................................15

Figura 7 - Placa de gesso acartonado resistente ao fogo (RF).............................................16

Figura 8 - Corte esquemático de uma laje radier..................................................................18

Figura 9 - Corte detalhado de fundação sapata corrida........................................................18

Figura 10 - Efeitos da carga de vento na estrutura: translação (a) e tombamento (b)...........19

Figura 11 - Detalhe esquemático de ancoragem de painel estrutural à uma laje radier........19

Figura 12 - Cabeças lentilha; Sextavada; Panela e Trombeta, respectivamente..................20

Figura 13 - Execução montagem LIGHT STEEL FRAME.....................................................21

Figura 14 - Painel com contraventamento em “X”.................................................................22

Figura 15 - Distribuição dos esforços através da verga para ombreiras................................25

Figura 16 - Isolamento termo-acústico..................................................................................26

Figura 17 - Estrutura de piso em LIGHT STEEL FRAME......................................................27

Figura 18 - Cobertura plana em LIGHT STEEL FRAME.......................................................29

Figura 19 - Detalhe de tubulações elétrica e hidráulica no LIGHT STEEL FRAME...............29

Figura 20 - Localização do empreendimento........................................................................32

Figura 21 - Localização do empreendimento vista satélite....................................................32

Figura 22 - Instalações da rede de esgoto............................................................................33

Figura 23 - Lastro de brita.....................................................................................................34

Figura 24 - Lona Impermeabilizante e fixação de ferragens..................................................34

Figura 25 - Lonas e ferragens instaladas..............................................................................35

Figura 26 - Concretagem do Radier......................................................................................35


Figura 27 - Radier espalhado e nivelado...............................................................................36

Figura 28 - Perfis recortados e identificados.........................................................................37

Figura 29 - Montagem dos painéis steel frame.....................................................................37

Figura 30 - Montagem dos painéis concluída........................................................................38

Figura 31 - Treliças montadas e identificadas.......................................................................39

Figura 32 - Fixação das estruturas do telhado......................................................................39

Figura 33 - Fixação das estruturas do telhado......................................................................40

Figura 34 - Detalhe telha sanduíche.....................................................................................40

Figura 35 - Detalhe telha sanduíche.....................................................................................41

Figura 36 - Detalhe telha sanduíche.....................................................................................41

Figura 37 - Revestimento externo com placas OSB..............................................................42

Figura 38 - Revestimento externo com placas OSB..............................................................42

Figura 39 - Aplicação de duas demãos membrana líquida....................................................43

Figura 40 - Instalação de revestimento externo com placas cimentícias...............................44

Figura 41 - Revestimento externo com placas cimentícias...................................................44

Figura 42 - Revestimento externo com placas cimentícias...................................................45

Figura 43 - Fita de fibra de vidro com proteção alcalina 10 cm.............................................46

Figura 44 - Fita de fibra de vidro com proteção alcalina 1,00 m............................................46

Figura 45 - Massa cimentícia para tratamento de superfície.................................................47

Figura 46 - Tratamento base coat com tela de 10 cm...........................................................47

Figura 47 - Tratamento base coat com tela de 1,00 m..........................................................48

Figura 48 - Tratamento base coat concluído.........................................................................48

Figura 49 - Instalações elétricas e hidráulicas.......................................................................49

Figura 50 - Instalações elétricas (Iluminação).......................................................................50

Figura 51 - Detalhe instalação Elétrica..................................................................................50

Figura 52 - Detalhe fixação de abraçadeira nas tubulações..................................................51

Figura 53 - Detalhe de fixação de base de registro de pressão............................................51

Figura 54 - Detalhe da saída de água fria e esgoto..............................................................51

Figura 55 - Isolamento termo acústico das paredes com lã de rocha...................................52


Figura 56 - Isolamento termo acústico das paredes com lã de rocha...................................52

Figura 57 - Isolamento termo acústico banheiro...................................................................53

Figura 58 - Instalação de placas de drywall acartonado........................................................54

Figura 59 - Instalação de placas de drywall..........................................................................54

Figura 60 - Tratamento de juntas de dilatação......................................................................55

Figura 61 - Tratamento de juntas de dilatação......................................................................55

Figura 62 - Fechamento de forro com placas de drywall.......................................................56

Figura 63 - Fechamento de forro com placas de drywall.......................................................57

Figura 64 - Fechamento de forro com placas de drywall.......................................................57

Figura 65 - Quantidade de resíduo gerado na obra..............................................................58


Sumário

1. INTRODUÇÃO................................................................................................10

1.1. Objetivos.........................................................................................................11

1.1.1. Objetivos Gerais.............................................................................................11

1.1.2. Objetivos Específicos.....................................................................................11

1.2. Metodologia....................................................................................................12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................14

2.1. Light Steel Frame...........................................................................................14

2.1.1. Definição.........................................................................................................14

2.1.2. Guias..............................................................................................................16

2.1.3. Vigas...............................................................................................................17

2.1.4. Montantes.......................................................................................................17

2.1.5. Vergas............................................................................................................18

2.2. Segurança......................................................................................................18

2.2.1. Resistência contra o Fogo..............................................................................18

2.3. Método construtivo em Light Steel Frame.....................................................20

2.3.1. Fundações......................................................................................................20

2.3.2. Radier.............................................................................................................20

2.3.3. Sapata Corrida ou Viga baldrame..................................................................21

2.3.1. Ancoragem.....................................................................................................22

2.3.2. Ligações e Montagens...................................................................................23

2.3.3. Painéis............................................................................................................24

2.3.4. Contraventamento..........................................................................................25

2.3.5. Fechamento Vertical.......................................................................................25

2.3.6. Abertura de vãos............................................................................................27

2.3.7. Isolamento Termo-acústico............................................................................28

2.3.8. Impermeabilização.........................................................................................29
2.3.9. Lajes...............................................................................................................30

2.3.10. Cobertura........................................................................................................31

2.3.11. Instalações elétricas, hidrossanitárias e gás..................................................32

2.3.12. Métodos de Construção.................................................................................33

3. ESTUDO DE CASO.......................................................................................34

3.1. Introdução.......................................................................................................34

3.2. Local de implantação.....................................................................................34

3.3. Instalação de rede de esgoto.........................................................................35

3.4. Fundações......................................................................................................36

3.5. Painéis............................................................................................................39

3.6. Estruturas da cobertura..................................................................................41

3.7. Instalação de telhas........................................................................................43

3.8. Instalação de revestimento externo (Placas de OSB)...................................44

3.9. Aplicação da membrana líquida impermeabilizante......................................46

3.10. Instalação de placas de drywall cimentício....................................................46

3.11. Tratamento das juntas de dilatação externas (Base coat)............................48

3.12. Instalações elétricas e hidráulicas.................................................................52

3.13. Isolamento termo acústico com lã de rocha...................................................55

3.14. Fechamento interno com placas de drywall acartonado................................56

3.15. Instalação de Forro de gesso.........................................................................59

3.16. Resíduos da obra...........................................................................................61

3.17. Argumentações finais.....................................................................................62

4. CONCLUSÃO.................................................................................................64

Referências Bibliográficas...........................................................................................67

Anexo A – Cronograma da Obra.................................................................................70


10

1. INTRODUÇÃO

O estudo proposto visa obter conhecimentos mais detalhados sobre a


viabilidade do processo construtivo em LIGHT STEEL FRAME (tecnologia
amplamente empregada em diversos países desenvolvidos), no mercado brasileiro.

Esse novo processo construtivo implementado em escala no Brasil pode


apresentar significativos resultados quanto à questão de custo, agilidade e
eficiência, considerando a questão do déficit habitacional em nosso território e o
lançamento de programas governamentais para a solução deste problema.

A abordagem analítica proposta tem a finalidade de apresentar a existência


da viabilidade em implantar o processo construtivo em evidência, já que apresenta
uma tendência de expansão em sua utilização em âmbito nacional.

Tal sistema construtivo se mostra mais viável a medida que trabalhado em


grande escala de produção, já que a margem de lucro apresenta baixo valor em
cada unidade. A análise construtiva se faz presente neste estudo, procurando
difundir informações pertinentes às questões que vão desde as estruturais até às de
vedação.

O entendimento mais aprofundado sobre as técnicas empregadas, vantagens


e desvantagens trazem uma transparência sobre esse processo que facilita o
discernimento necessário para a escolha mais adequada ao que tange a construção
das moradias nacionais, permitindo que o tomador de decisões esteja amparado por
informações de relevância na aplicação do LIGHT STEEL FRAME.
11

1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivos Gerais

O objetivo do trabalho é apresentar uma abordagem do sistema LIGHT


STEEL FRAME no Brasil, visando sua implantação nas construções de moradias
nacionais, demonstrando a importância do uso deste sistema para o futuro da
construção civil.

1.1.2. Objetivos Específicos

Apresentar os principais fundamentos do sistema LIGHT STEEL FRAME,


como, origem, definição, vantagens, métodos construtivos e etapas construtivas.

Realizar um estudo verificando a funcionalidade de implantação do sistema


LIGHT STEEL FRAME nas moradias nacionais, com o intuito de evidenciar as
vantagens da utilização do sistema a esses tipos de empreendimentos.
12

1.2. METODOLOGIA

O presente trabalho foi desenvolvido utilizando o método de pesquisa


exploratório, buscando auferir conhecimento sobre o sistema construtivo LIGHT
STEEL FRAME, a partir da junção de dados e informações de diferentes fontes
referenciais, que formaram em seu conjunto, o que chamaremos de Referencial
Teórico e Referencial Prático.

Para melhor elucidação sobre estes referenciais, cabe informar que o


Referencial Teórico, foi baseado em material de autores, como Alexandre Kokke
Santiago, Renata Cristina Moraes de Castro, Arlene Maria Sarmanho Freitas, entre
outros estudiosos do sistema LIGHT STEEL FRAME; Ainda, em artigos e estudos
publicados por fabricantes e fornecedores de componentes, como a Placo do Brasil,
Saint-Gobain do Brasil ou órgãos e instituições do setor, como o Instituto Brasileiro
de Siderurgia, Centro Brasileiro de Construção em Aço, além de Normas Técnicas
pertinentes ao material utilizado e sistema construtivo, distribuídas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas – NBR.

Para composição do Referencial Prático, foram realizadas pesquisas de


campo, como palestras, cursos, visita técnicas, entrevistas com profissionais da
área, visita à distribuidores de componentes, dentro do qual podemos destacar as
seguintes fontes:

- Visitas técnicas à obra da empresa Criativa Steel Frame, de janeiro a maio


de 2019, sito a rua Noruega, 400 - Jardim Paulistano, na cidade de Americana, São
Paulo;

- Treinamento sobre novas tecnologias de construção a seco, em abril de


2019, na sede da empresa Esplane Espaços Planejados, na estrada Luiz Fernando
Rodrigues 2.225, Vila Boa Vista, na cidade de Campinas, São Paulo;

- Coleta de informações através de formulário padronizado, com engenheiros,


arquitetos e profissionais do mercado de construção a seco, que mantem contato
com o sistema LIGHT STEEL FRAME;

Como o objetivo deste estudo é o adquirir conhecimento identificando as


fases do processo construtivo LIGHT STEEL FRAME, o estudo tem caráter
13

essencialmente qualitativo, referenciado com grande acervo bibliográfico e


enriquecido com estudo de caso.
14

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. LIGHT STEEL FRAME

2.1.1. Definição

Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012), o LIGHT STEEL FRAME é um


método construtivo racional, cuja principal característica é ser constituído por perfis
de aço galvanizado de uma pequena espessura, possuindo formação a frio e
utilizado em vigas de piso, estrutura de treliças, painéis autoportantes e demais
componentes.

Descrevem que é um método de construção a seco e com uma rápida


execução comparada ao método de construção convencional.

O sistema LIGHT STEEL FRAME (LSF) não se define em apenas parte


estrutural, mas também em outras etapas como fundações, fechamento interno e
externo, instalações elétricas, instalações hidráulicas e isolamento térmico e
isolamento acústico. Na Figura 1 é possível identificar parte de seu sistema.

Figura 1- Esquema adaptado típico de uma residência em LIGHT STEEL FRAME.


(Fonte: Steel Framing: Arquitetura, CBCA)
15

Segundo os autores, os fechamentos verticais internos e externos são


nomeados como painéis estruturais ou autoportantes, compostos de perfis
galvanizados leves nomeados por montantes, com devido espaçamento entre as
peças as quais variam entre 40 a 60 cm, também incluso o isolamento térmico e
isolamento acústico.

Inclusive mencionam que a função dos painéis estruturais ou autoportantes é


a de distribuir os esforços uniformemente até o solo. O fechamento pode ser feito
por diversos materiais como placas cimentícias, OSB (Oriented Strand Board) ou
placa de gesso acartonado para ambientes internos.

De acordo com Consul Steel (2002), nos pisos são utilizados perfis como nos
painéis, porém são dispostos na forma horizontal, seguindo a mesma modulação
dos montantes. Os perfis se tornam estruturais, resistindo a esforços e fornecendo
devido suporte aos componentes do piso.

Quanto à cobertura, pode ser realizada de diversas maneiras, entretanto a


técnica mais empregada é com o uso de treliças de elementos galvanizados.

As camadas principais da estrutura em LIGHT STEEL FRAME, podem ser


apreciadas tanto na Figura 2 como na Figura 3.

Figura 2 - Modelo de camadas LIGHT STEEL FRAME & Drywall


(Fonte: Foto dos autores)
16

Figura 3 - Modelo de camadas LIGHT STEEL FRAME & Drywall


(Fonte: Foto dos autores)

2.1.2. Guias

Segundo Rodrigues (2016), as guias em perfis U ou perfis Ue no sistema de


encaixes estampados devem ser usadas na horizontal para produzir a base e o topo
dos paineis de parede, de piso e de cobertura. São também utilizadas - combinadas
ou não com as fitas de travamento lateral de vigas e de montantes, e montagem das
vergas. Este sistema pode ser visto na Figura 4.

Figura 4 - Painel típico, apresentando guias em perfil U e montantes em perfis Ue.


(Fonte: Steel Framing Arquitetura, CBCA).
17

2.1.3. Vigas

Segundo Rodrigues (2016), as vigas devem apresentar espaçamento entre si


em função do espaçamento entre os montantes. Elas devem ser dimensionadas
para gerar resistência aos esforços solicitantes (Momento fletor, Cisalhamento, Axial
de compressão e Tração). Para impedir sua flambagem lateral com torção, as vigas
necessitam ser presas lateralmente utilizando-se de bloqueadores em perfis Ue (ou
U simples) e fitas de aço galvanizado. O travamento lateral de viga pode ser
conhecido através da Figura 5.

Figura 5 - Travamento lateral de viga.


(Fonte: Steel Framing Arquitetura, CBCA).

2.1.4. Montantes

A NBR 15253:2005 indica que montantes são constituídos por perfis “U” e o
espaçamento entre eles varia entre 40 e 60 cm. Nas paredes internas o
dimensionamento dos montantes é realizado para suportar a tração atuando
isoladamente e a flexo-compressão; já o dimensionamento dos montantes das
paredes externas são feitos para suportar a flexo-tração e a flexo-compressão.
18

2.1.5. Vergas

Segundo Rodrigues (2016), as vergas podem ser constituídas por perfis caixa
ou perfis Ie, compostos por dois perfis Ue ligados pela alma por meio de parafusos
auto-atarraxantes com espaçamento de 600 mm e, no mínimo, de 2 parafusos por
seção. Devem ser dimensionadas para suportar aos esforços solicitantes (Momento
Fletor e Cisalhamento) e também deve ser considerado o enrugamento da alma. O
detalhamento de uma verga sobre vão de abertura pode ser obsevado
esquematicamente na Figura 6.

Figura 6 - Verga sobre o vão de abertura


(Fonte: Steel Framing Arquitetura, CBCA).

2.2. SEGURANÇA

2.2.1. Resistência contra o Fogo


19

Segundo Gaspar (2013), a maior fraqueza do aço é o fogo e altas


temperaturas, onde o aço raramente mantém suas características estruturais por
mais de 30 minutos.

O autor comenta que estrutura de aço deve ser protegida contra altas
temperaturas, com a finalidade preventiva de deformidades e perda de resistência
da estrutura.

A proteção do aço pode ser feita de duas maneiras. A primeira se trata da


proteção em caixão, que consiste em proteger os elementos estruturais como pilares
e vigas. Usa-se revestimentos de placas pré-fabricadas resistentes ao fogo como
placas de betão celular, cimento, vermiculite e gesso. A segunda maneira é a
proteção contínua, onde é feito a proteção de todas as parede e lajes. Esta é
conhecida pela proteção por resguardos e ecrãs, usando os mesmos materiais
citados na primeira maneira de acordo com o autor.

O mesmo acrescenta que a placa de gesso acartonado em si já fornece uma


excelente proteção contra fogo, alcançando resistência acima dos 30 minutos. Desta
forma, acaba cumprindo o regulamento contra incêndio, contando ainda com o uso
de lã mineral no isolamento termo-acustico, a qual também contribui para a
resistência da estrutura contra incêndio.

Existem outros materiais e técnicas que podem ser utilizados, como a placa
de gesso acartonado ignífugo (placa rosa) na Figura 7, a qual detém em sua
composição da fórmula a fibra de vidro, garantindo uma maior resistência ao calor e
ao fogo (PLACK, 2019); ou até mesmo duplicando as placas de gesso acartonado
comum, aumentando exponencialmente, assim, a proteção contra fogo.

Figura 7 - Placa de gesso acartonado resistente ao fogo (RF)


(Fonte: Placo)
20

2.3. MÉTODO CONSTRUTIVO EM LIGHT STEEL FRAME

2.3.1. Fundações

Santiago, Freitas e Crasto (2012), dizem que devido a estrutura LIGHT


STEEL FRAME ser leve e a carga ser distribuída de forma uniforme, exige-se menos
de sua fundação perante aos esforços solicitantes. Portanto, sua fundação deverá
ser contínua suportando os painéis em toda sua extensão. Sendo assim, a escolha
da melhor técnica/estrutura de fundação vai depender de alguns fatores, tais como:
topografia, tipo de solo e do lençol freático; entretanto os principais tipos de
fundações que se adequam ao LIGHT STEEL FRAME são Radier, Sapata Corrida
ou Viga Baldrame.

Segundo a Norma NBR 6122:2010, essas fundações são denominadas como


superficiais, onde a carga é transmitida ao terreno pelos eforços distribuídos sobre a
base da fundação.

2.3.2. Radier

Segundo a Norma NBR 6122:2010, radier é um elemento de fundação


superficial que abrange parte ou todos os pilares de uma estrutura, distribuindo seus
esforços diretamente ao solo.

Segundo Crasto (2005) o radier funciona como uma laje e transmite as


cargas da estrutura para o solo. Seus principais elementos estruturais são laje
continua de concreto armado, vigas de perímetro da laje e sob as paredes
estruturais ou colunas, e onde for necessário o fortalecimento da estrutura. Sempre
que o tipo de terreno permite, a laje radier é a fundação mais comumente utilizada
para construções em LIGHT STEEL FRAME. Pode-se observar na Figura 8 um corte
esquemático abrangendo o radier em relação aos painéis.
21

Figura 8 - Corte esquemático de uma laje radier


(Fonte: Crasto, 2005).

2.3.3. Sapata Corrida ou Viga baldrame

Segundo a Norma NBR 6122:2010, sapata corrida é sujeita a ação de uma


carga distribuída linearmente ou de pilares ao longo de um mesmo alinhamento.

A sapata corrida (Figura 9) é o tipo de fundação mais indicada quando as


cargas forem distribuídas atráves das paredes portantes. É constituída por vigas de
concreto armado, de blocos de concreto ou alvenaria que sao locados sob os
paineis estruturais. O contrapiso para esse tipo de fundação pode ser em concreto
ou perfis galvanizados apoiados na fundação (SANTIAGO, FREITAS E CRASTO
2012).
22

Figura 9 - Corte detalhado de fundação sapata corrida


(Fonte: Crasto,2005).

1.1.1. Ancoragem

A determinação da ancoragem depende dos esforços solicitantes que atuam


na estrutura, fundação, condições climáticas e ambientais. Portanto suas dimensões
e espaçamentos são definidos no projeto estrutural (CONSUL STEEL, 2002).

Segundo Crasto (2005), para evitar o movimento da edificação, devido à


ação do vento, deve-se ancorar a superestrutura na sua fundação, para que possa
ser evitado a translação ou tombamento com rotação do edifício, como demonstrado
na Figura 10.

Figura 10 - Efeitos da carga de vento na estrutura: translação (a) e tombamento (b).


(Fonte: Steel Framing Arquitetura, CBCA).
23

Segundo Crasto (2005), a forma de fixar os painéis de parede à fundação em


concreto é por meio de parafusos, auto-atarraxantes, conhecidos como parabolts,
aplicados na fixação dos painéis, conforme observado na Figura 11.

Figura 11 - Detalhe esquemático de ancoragem de painel estrutural à uma laje radier


(Fonte: Crasto, 2005).
2.3.4. Ligações e Montagens

Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012), os parafusos utilizados no


sistema LIGHT STEEL FRAME são os parafusos auto-atarraxantes e auto-
perfurantes. Existe no mercado tipos de parafusos para cada ligação específica
(metal/metal ou chapa/metal), gerando uma fixação de fácil execução no canteiro ou
durante a pré-fabricação. É considerado um material de ótima qualidade, levando-se
em consideração que a indústria busca aumentar sua durabilidade e desempenho.

Os autores acrescentam que os tipos de parafusos mais utilizados no sistema


LIGHT STEEL FRAME são: cabeça tipo lentilha, sextavada, panela e trombeta.
Estes formatos de cabeças dos parafusos definem quais os tipos de materiais que
serão fixados.

Os parafusos auto-atarraxantes apresentam dois tipos de ponta: a ponta


broca e a ponta agulha e sua devida utilização varia da espessura da chapa de aço
a ser perfurada. Portanto, o parafuso de ponta agulha é indicado para chapas com
espessura máxima de 0,84 mm, e o parafuso de ponta broca usado para chapas
com espessura mínima de 0,84 mm, usado geralmente em casos onde a conexão
tem várias camadas de materiais (ELHAJJ, 2004).
24

Figura 12 - Cabeças lentilha; Sextavada; Panela e Trombeta, respectivamente.


(Fonte: Steel Framing Arquitetura, CBCA).

Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012), os parafusos com cabeça tipo


lentilha, sextavada e panela são empregados na ligação metal/metal. Já os
parafusos trombeta servem para a fixação de placas de fechamento nos perfis de
aço, ou seja, ligação chapa/metal. Estes tipos de parafusos podem estão
representados na Figura 12. Ressaltam, também, que a montagem das edificações
em LIGHT STEEL FRAME pode ser feita das mais variadas formas, dependendo do
projetista e da empresa construtora. Quanto maior a industrialização do projeto,
maior será a racionalização no processo da construção, onde as atividades de
canteiro se resumirão em apenas montagem da edificação através do
posicionamento das unidades (Figura 13).

Figura 13 - Execução montagem LIGHT STEEL FRAME

(Fonte: Brasilit).

2.3.5. Painéis

Os painéis no sistema LIGHT STEEL FRAME exercem a finalidade de


componentes do sistema estrutural da edificação, associados aos elementos de
25

fechamento e desempenham a função de vedação vertical. Entretanto, nem todos os


painéis necessitam ser estruturais. Os painéis podem ser auto-portantes ou
estruturais, podendo ser internos ou externos; ou não-estruturais, quando funcionam
apenas como vedação interna ou divisória externa, ou seja, sem ter a função
estrutural (CRASTO; FREITAS, 2006).

Os painéis estruturais, ou autoportantes, são constituídos de elementos


verticais de seção transversal tipo “U”, conhecidos como montantes, e elementos
horizontais de seção transversal “U”, chamadas guias. Assim, os montantes
transferem as cargas verticais através de suas almas, fazendo os painéis
absorverem as cargas e transmitindo para suas devidas fundações (SAINT-
GOBAIN, 2011).

De acordo com Rodrigues (2016), os montantes são os elementos paralelos


verticais, podendo ser simples ou compostos, e devem apresentar espaçamento
máximo entre 400 ou 600 mm. A junção é através de parafusos auto-perfurantes e
auto atarraxantes com diversas formas de cabeça.

Visando dar rigidez ao sistema LIGHT STEEL FRAME, os montantes são


travados entre si para dar rigidez ao sistema.

2.3.6. Contraventamento

Segundo Crasto (2005), contraventamento é um elemento estrutural que,


geralmente, utiliza-se de fitas metálicas ou perfis Ue, visando transferir os esforços
horizontais para as fundações. Deve-se utilizar contraventamentos, com a finalidade
de evitar possíveis deslocamentos ou perda da estabilidade da estrutura. O método
mais comum de estabilização para o LIGHT STEEL FRAME é o formato “X”,
observado na Figura 14, onde é necessário o uso de fitas de aço galvanizado
fixadas na face do painel, do qual suas dimensões são definidas pelo projeto
estrutural.
26

Figura 14 - Painel com contraventamento em “X”


(Fonte: Crasto, 2005).

2.3.7. Fechamento Vertical

Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012), o sistema de fechamento é


composto por paredes externas e internas de uma edificação, visando
compatibilidade com o conceito da estrutura e dimensionamento, tendo em vista
suportar vedações de baixo peso próprio. Os componentes empregados no
fechamento devem atender aos requisitos que proporcionem satisfação às
exigências, tanto dos usuários, quanto à habitabilidade da edificação.

Segundo a norma NBR 15575:2013, são estabelecidos requisitos visando


atender a necessidade citada acima. Entre elas estão:

- Segurança estrutural;

- Estanqueidade;

- Conforto termo-acústico;

- Conforto Visual;

- Adaptalidade ao uso;

- Durabilidade;

- Economia.
27

Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012), os materiais utilizados no


fechamento são o OSB (Oriented Strand Board), a placa cimentícia e o gesso
acartonado somente para fechamento interno, devido seu melhor desempenho
estético e funcional. As placas OSB devem ser utilizadas no fechamento tanto na
face interna, quanto na face externa dos painéis. A OSB também pode ser utilizada
em forros, pisos e substratos para cobertura, porém não se deve ficar exposta a
intempéries, necessitando de um acabamento impermeabilizante. Outra vantagem
no uso da placa OSB é que, por esta possuir baixo peso próprio, não existe a
necessidade do uso de equipamentos específicos no seu transporte.

As placas cimentícias são melhores em áreas expostas a intempéries,


substituindo o gesso acartonado. Em caso de utilização em pisos, deve-se associar
com um substrato de apoio, como chapas de madeira, visando proporcionar às
placas cimentícias resistência ao esforço de flexão. Suas dimensões possuem
largura fixa de 1,20m e comprimento que pode variar de 2,00m, 2,40m e 3,00m. Sua
espessura possui variações de 6mm, 8mm e 10mm (SANTIAGO, FREITAS E
CRASTO, 2012).

Suas principais características são:

- Elevada resistência a impactos, o que possibilita seu uso em fechamentos


externos;

- Resistência à umidade;

- Podem ser curvadas, após a saturação;

- Baixo peso próprio;

- Compatível com a maioria dos revestimentos;

- São cortadas com facilidade;

- Rapidez de execução.

Segundo os autores, as placas de gesso acartonado são utilizadas no


fechamento vertical da face interna dos painéis estruturais e não-estruturais, bem
como para o fechamento das divisórias internas, ou seja, a vedação do gesso
acartonado é utilizada apenas na compartimentação e separação dos espaços
internos. Como o gesso acartonado não desempenha nenhuma função estrutural,
possuem uma vedação leve, fabricadas industrialmente e compostas de uma
28

mistura de gesso, água e aditivos, revestidas com lâminas de cartão. Suas placas
são comercializadas com largura de 1,20m e comprimentos que podem variar de
1,80m a 3,60m; sendo espessuras de 9,5mm, 12,5mm e 15mm. No mercado
nacional existem 3 tipos de placas de gesso acartonado. São elas:

- Placa Standard, para aplicação em parede destinadas a áreas secas;

- Placa Resistente à Umidade (RU), conhecida como placa verde, destina-se


aos ambientes expostos à ação de umidade, por um tempo limitado;

- Placa Resistente ao Fogo (RF), conhecida como placa rosa, deve ser
aplicada em áreas secas, em paredes com exigências especiais de resistência ao
fogo.

Deve-se haver compatibilidade com os componentes de fechamento e


revestimento, sendo que essa compatibilidade esteja diretamente ligada à
durabilidade do sistema construtivo (SISTEMA STEEL HOUSE, 2014).

2.3.8. Abertura de vãos

Segundo Terni, Santiago e Pianheri (2008), nas aberturas de vãos (portas e


janelas), se faz necessária a aplicação de perfis de aço galvanizado para
redistribuição dos carregamentos onde se encontram estes vãos (Figura 15). Tais
perfis são chamados de ombreiras e vergas.

A verga possui várias combinações, porém a mais utilizada é a composição


de dois perfis Ue conectados por uma peça parafusada em cada extremidade. Além
disso a guia da verga é conectada às ombreiras, para evitar a rotação da verga.
Podendo também permitir a fixação dos montantes de composição que estão
localizados entre a verga e a abertura, viabilizando a fixação das placas de
fechamento.
29

Figura 15 - Distribuição dos esforços através da verga para ombreiras.


(Fonte: Steel Framing Arquitetura, CBCA).

2.3.9. Isolamento Termo-acústico

Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012), “o desempenho termo-acústico de


uma edificação é determinado pela sua capacidade de proporcionar condições de
qualidade ambiental adequadas ao desenvolvimento das atividades para o qual ela
foi projetada”.

No sistema LIGHT STEEL FRAME são empregados isolamentos através de


multicamadas, ou seja, combinam placas leves de fechamento, deixando um espaço
entre os mesmos, posteriormente preenchidos com um material isolante, que pode
ser: lã de vidro, lã mineral ou lã de garrafa pet reciclada (conforme observado na
Figura 16). Por reter água, a lã mineral não é recomendada para áreas muito úmidas
e molhadas. A umidade não estraga o material, mas compromete a função acústica,
mesmo depois de seco (BIOLA, 2019).

O isolamento termo-acústico, visando controlar a qualidade e conforto, barram


a transmissão de sons e evitam as perdas e ganhos de calor para o meio externo
(SANTIAGO, FREITAS e CRASTO, 2012).
30

Figura 16 - Isolamento termo-acústico.


(Fonte: Foto dos autores).

No Brasil, a norma NBR 10152:1987 fixa condições mínimas de ruído em


determinados ambientes de uma estrutura conforme a finalidade de sua utilização. E
a norma NBR 15220:2005 define parâmetros para a avaliação do desempenho
térmico de edificações.

2.3.10. Impermeabilização

A norma NBR 15575:2013 estabelece critérios para estanqueidade de


fachadas, pisos de áreas molhadas, coberturas e demais elementos da construção.
As fontes externas de umidade comuns são a ascensão de umidade do solo pelas
fundações e infiltração de água de chuva pelas fachadas, lajes expostas e
coberturas. No interior das edificações a água pode decorrer dos processos de uso e
limpeza dos ambientes, vapor de água gerado nas atividades normais de uso,
condensação de vapor de água e vazamentos de instalações.

O sistema construtivo steel frame deve conter estanqueidade à água de


chuva em fachadas, em vedações verticais com incidência direta de água, em juntas
entre paredes e entre paredes lajes, em pisos com contato ao solo e no sistema de
31

cobertura. Além disso, as barreiras impermeáveis devem ser de não-tecidos


impermeáveis à água e permeáveis ao vapor d’água, podendo ser mantas pré-
fabricadas ou membranas moldadas in loco (SISTEMA STEEL HOUSE, 2014).

2.3.11. Lajes

Segundo Crasto, R. C. M. (2006), A estrutura de piso em LIGHT STEEL


FRAME utliza o mesmo princípio dos painéis, ou seja, perfis galvanizados cuja
separação de seus elementos estruturais ou modulação é determinada pelas cargas
a que cada perfil está submetido. Essa modulação, na maioria dos casos, é a
mesma para toda a estrutura: painéis, lajes e telhados, e pode ser verificada uma
visão esquemática na Figura 17.

Figura 17 - Estrutura de piso em LIGHT STEEL FRAME


(Fonte: Steel Framing, Arquitetura, CBCA).
A autora acrescenta que estes perfis, denominados vigas de piso, utilizam
outros perfis dispostos horizontalmente, cujas mesas tem as mesmas dimensões
das mesas dos montantes. Entretanto, a altura da alma é determinada por vários
fatores, entre eles, a modulação e o vão entre os apoios. Assim a disposição das
32

vigas de piso geram menor distância entre os apoios, resultando em perfis de menor
altura.

No sistema LIGHT STEEL FRAME existem 2 tipos de lajes. Uma é a laje


úmida, composta por uma chapa ondulada de aço que serve de fôrma para o
concreto e é parafusada às vigas de piso e uma camada de 4 cm até 6 cm de
concreto simples que formará a superfície do contrapiso. Outra é a laje seca, que
consiste no uso de placas rígidas parafusadas às vigas de piso e servem como
contrapiso, podendo desempenhar a função de diafragma horizontal (SANTIAGO,
FREITAS e CRASTO, 2012).

2.3.12. Cobertura

Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012), a cobertura é a etapa da


construção que visa proteger a edificação da ação de intempéries, também
desempenhando uma função estética. Podem variar de coberturas planas até
projetos com intersecções de águas.

Os autores acrescentam que as coberturas para LIGHT STEEL FRAME


possuem muita similaridade com os métodos convencionais, como observado na
Figura 18. Portanto, podem utilizar telhas cerâmicas, metálicas, fibrocimento, entre
outras.

Os autores salientam que pode-se fazer uso dos mesmos perfis utilizados nos
painéis de vedação da edificação, empregando os perfis U e Ue de aço galvanizado
com alma variando entre 90, 140 e 200 mm de altura.
33

Figura 18 - Cobertura plana em LIGHT STEEL FRAME


(Fonte: Steel Framing, Arquitetura, CBCA).

2.3.13. Instalações elétricas, hidrossanitárias e gás

Segundo Santiago, Freitas e Crasto (2012), as edificações construídas em


LIGHT STEEL FRAME utlizam instalações elétricas e hidrossanitárias semelhantes à
instalações convencionais, assim como é disposto no capítulo 826 da NBR
60050:2004, onde forros falsos e certos tipos de divisórias são considerados
espaços de construção (Figura 19). Ou seja: para o sistema construtivo em LIGHT
STEEL FRAME não temos diferenças significativas em relação ao convencional para
que se atenda às exigências normativas do bom funcionamento e segurança da
edificação.

Figura 19 - Detalhe de tubulações elétrica e hidráulica no LIGHT STEEL FRAME


(Fonte: Placo, Saint-Gobain).
34

As instalações são feitas internamente às paredes e forros, através de


conduítes plásticos fixados na estrutura. Tubulações de água são previstas nas
paredes hidráulicas.

No que se refere à passagem interna de tubulação de gás, não é permitida,


pois as paredes podem servir de câmara para o acúmulo de gás (CORPO DE
BOMBEIROS, 2011).

2.3.14. Métodos de Construção

Segundo Santiago, Freitas e Crasto, (2012). Existem três métodos de


construção para a montagem dos painéis de LIGHT STEEL FRAME, sendo eles:

I. Método “Stick Build”: Os perfis são cortados no canteiro de obra, e painéis,


lajes, vigas, colunas, contraventamentos e tesouras são montados no local. Suas
vantegens consistem em facilidades de transporte e ligações de fácil execução.

II. Método por painéis: Os painéis são pré-fabricados fora do canteiro e


montados no local da obra. Suas vantagens são velocidade de montagem, alto
controle de qualidade, minimização do trabalho na obra e aumento da precisão
dimensional.

III. Construção modular: Os painéis são completamente pré-fabricados,


incluindo acabamentos internos, revestimentos e instalações.

Já estruturas para as coberturas de edificações no sistema LIGHT STEEL


FRAME seguem a mesma base das construções convencionais, podendo executar
diversos modelos. Nos telhados inclinados, as tesouras nesse método possuem
características similares das construídas em madeira, tornando os projetos
parecidos (SANTIAGO, FREITAS e CRASTO, 2012).
35

3. ESTUDO DE CASO

3.1. INTRODUÇÃO

O projeto a ser apresentado foi realizado durante o período de janeiro a maio


do ano de 2019.

Em conversa com o engenheiro responsável pela obra e também com o


proprietário, foi evidenciado que o prazo de execução, foi o fator determinante pela
escolha do sistema construtivo LIGHT STEEL FRAME, no período de negociação, o
proprietário estava precisando de uma solução que oferecia construção rápida e
com o custo acessível as suas atuais condições financeiras. Foi então apresentado
alguns métodos construtivos, e o que mais chamou a atenção foi o LIGHT STEEL
FRAME, devido suas vantagens como desempenho termo acústico, pouca geração
de resíduos, custo benefício interessante e o prazo de conclusão da obra.

Neste estudo de caso, iremos evidenciar todas as etapas construtivas deste


projeto, desde sua fundação até os acabamentos finais. A residência possui uma
área construída de 90 m² composta por sala, cozinha, banheiros e quartas, e fica
localizada na cidade de Americana – SP

3.2. LOCAL DE IMPLANTAÇÃO

O empreendimento está localizado na rua Noruega, 400 - Jardim Paulistano,


Americana – SP abaixo os mapas com a localização do empreendimento (Figura 20)
e Localização do empreendimento vista satélite (Figura 21).
36

Figura 20 - Localização do empreendimento


(Fonte: Google Maps)

Figura 21 - Localização do empreendimento vista satélite


(Fonte: Google Maps)

3.3. INSTALAÇÃO DE REDE DE ESGOTO

As instalações dos tubos e conexões da rede de esgoto são as primeiras


etapas a serem realizadas em uma obra de LIGHT STEEL FRAME. Nessa
edificação, foi instalado sistema simples de esgoto, com tubos e conexões em PVC,
37

caixas de inspeção e gordura e conexão com a rede de esgoto municipal. Na Figura


22 temos as saídas de esgoto da cozinha e banheiro suíte. Os tubos e conexões
foram encamisados com cimento e areia, com o proposito de evitar movimentação
da tubulação.

Figura 22 - Instalações da rede de esgoto


(Fonte: Foto dos autores)

3.4. FUNDAÇÕES

A fundação utilizada neste empreendimento foi o Radier liso de concreto


armado.

Foi utilizado um lastro de brita de aproximadamente 7 cm (Conforme Figura


23) em toda a área do radier, assim evitando contato direto da armação com o solo.
Sob o lastro foi instalada uma lona plástica, para ajudar na impermeabilização e em
seguida foi realizada a fixação das ferragens (Figura 24 e Figura 25).

Após fixadas as ferragens, iniciou-se a concretagem com concreto usinado


(Figura 26), onde o mesmo posteriormente foi espalhado e devidamente nivelado
(Figura 27).
38

Figura 23 - Lastro de brita


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 24 - Lona Impermeabilizante e fixação de ferragens


(Fonte: Foto dos autores)
39

Figura 25 - Lonas e ferragens instaladas


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 26 - Concretagem do Radier


(Fonte: Foto dos autores)
40

Figura 27 - Radier espalhado e nivelado


(Fonte: Foto dos autores)

3.5. PAINÉIS

Após dado o tempo de cura do radier, iniciou-se a montagem das guias e


montantes, os painéis de LIGHT STEEL FRAME. Os painéis chegam no canteiro de
obras cortados e identificados (Figura 28) conforme orientado em projeto, e em
alguns casos, as paredes já veem montadas por inteiro (Figura 29) conforme o
projeto dos perfis.

Os montantes que ficaram em contato com o concreto, receberam o devido


tratamento impermeabilizante, assim, evitando sua corrosão com o passar do tempo.
Estes foram fixados na estrutura do radier com parabolt, e a união entre as guias,
montantes e travamentos horizontais foram realizados com parafusos auto
brocantes.

A conclusão da montagem dos perfis evidenciou-se na Figura 30.


41

Figura 28 - Perfis recortados e identificados


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 29 - Montagem dos painéis steel frame


(Fonte: Foto dos autores)
42

Figura 30 - Montagem dos painéis concluída


(Fonte: Foto dos autores)

3.6. ESTRUTURAS DA COBERTURA

As estruturas da cobertura são treliçadas e chegaram no canteiro de obras já


montadas e devidamente identificadas (conforme Figura 31), sendo assim,
necessária apenas a fixação das peças nos montantes horizontais superiores
(Conforme Figura 32 e Figura 33).
43

Figura 31 - Treliças montadas e identificadas


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 32 - Fixação das estruturas do telhado


(Fonte: Foto dos autores)
44

Figura 33 - Fixação das estruturas do telhado


(Fonte: Foto dos autores)

3.7. INSTALAÇÃO DE TELHAS

A telha utilizada no empreendimento foi a tipo sanduíche (Figura 34), onde foi
escolhido esse tipo de material devido ao seu melhor desempenho termo acústico.

As telhas são fixadas nas tesouras treliçadas com parafusos com vedações
5/16 x 110mm (Figura 35 e Figura 36).

Figura 34 - Detalhe telha sanduíche


(Fonte: Foto dos autores)
45

Figura 35 - Detalhe telha sanduíche


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 36 - Detalhe telha sanduíche


(Fonte: Foto dos autores)

3.8. INSTALAÇÃO DE REVESTIMENTO EXTERNO (PLACAS DE OSB)

A instalação das placas de OSB iniciaram pela parte inferior da estrutura


(Figura 37), ficando há aproximados 2 cm de distancia do radier, assim evitando
futura degradação do material devido a umidade vinda do solo.

As placas de OSB foram instaladas respeitando a norma de se instalar a


maior parte da placa no sentido transversal as vigas e foram utilizados parafusos
específicos para as placas de OSB. Foram utilizadas fitas de aço de 95 mm de
largura nos vazios entre os perfis metálicos, assim servindo de suporte para os
parafusos aplicados dos encontros horizontais das chapas de OSB, foi considerado
junta de dilatação entre as placas de 3 mm. Na Figura 38 podemos visualizar a
conclusão do revestimento externo em placas de OSB.
46

Figura 37 - Revestimento externo com placas OSB


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 38 - Revestimento externo com placas OSB


(Fonte: Foto dos autores)
47

3.9. APLICAÇÃO DA MEMBRANA LÍQUIDA IMPERMEABILIZANTE

Neste projeto não foi utilizado a membrana hidrófuga convencional, por


oferecer maior resistência, o cliente solicitou que fosse utilizado a membrana líquida
em toda a superfície externa da edificação. A membrana foi aplicada em 2 demãos
sob as placas de drywall cimentício (Figura 39).

Figura 39 - Aplicação de duas demãos membrana líquida


(Fonte: Foto dos autores)

3.10. INSTALAÇÃO DE PLACAS DE DRYWALL CIMENTÍCIO

O drywall cimentício foi uma particularidade exigida pelo cliente para


aumentar o isolamento acústico nas paredes de vedação. As placas foram fixadas
no sentindo transversal as placas de OSB (Figura 40). A junta de dilatação
considerada entre as placas de drywall cimentício foram de 3 mm. Na Figura 41 em
conjunto com a Figura 42 evidenciamos a conclusão das instalações das placas
cimentícias.
48

Figura 40 - Instalação de revestimento externo com placas cimentícias


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 41 - Revestimento externo com placas cimentícias


(Fonte: Foto dos autores)
49

Figura 42 - Revestimento externo com placas cimentícias


(Fonte: Foto dos autores)

3.11. TRATAMENTO DAS JUNTAS DE DILATAÇÃO EXTERNAS (BASE COAT)

As juntas de dilatação receberam o tratamento conhecido como base coat,


cujo o mesmo é composto por 3 componentes que são a fita de vidro com proteção
alcalina de 10 cm de largura (Figura 43), a tela de fibra de vidro de 1 metro (Figura
44) e a massa cimentícia de aplicação (Figura 45).

Primeiramente foi aplicado sob as juntas de dilatação a massa cimentícia para


ser possível a aderência da fita de 10 cm sob as juntas, após a fixação da fita é
passado novamente a massa cimentícia sobre a fita e dado o acabamento final nas
juntas (Figura 46).

No dia seguinte, foi iniciado a segunda etapa do base coat, onde com o
auxilio de uma desempenadeira dentada a massa cimentícia foi aplicada em toda a
50

superfície da fachada e posteriormente aplicada também a tela de fibra de vidro de 1


metro e toda a extensão da fachada (Figura 47).

Na Figura 48 evidenciamos a conclusão do tratamento das paredes externas


da edificação, assim sendo possível iniciar as atividades de revestimento de
fachada.

Figura 43 - Fita de fibra de vidro com proteção alcalina 10 cm


(Fonte: Foto dos autores)
51

Figura 44 - Fita de fibra de vidro com proteção alcalina 1,00 m


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 45 - Massa cimentícia para tratamento de superfície


(Fonte: Leroy Merlin, acesso em 08 de maio de 2019)
52

Figura 46 - Tratamento base coat com tela de 10 cm


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 47 - Tratamento base coat com tela de 1,00 m


(Fonte: Foto dos autores)
53

Figura 48 - Tratamento base coat concluído


(Fonte: Foto dos autores)

3.12. INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E HIDRÁULICAS

As instalações elétricas e hidráulicas do sistema LIGHT STEEL FRAME não


possuem muita distinção em relação ao sistema convencional e alvenaria. A
principal vantagem é que os tubos de hidráulica (agua fria, quente, esgoto) e a
infraestrutura de elétrica (Eletrodutos e conectores) são instalados dentro dos perfis
(Figura 49), diferente da alvenaria, onde há um processo arcaico de construir a
parede, rasgar a mesma para a passagem de tubos, conexões e infraestrutura
elétrica.

A infraestrutura de iluminação também é muito simples, os eletrodutos são


fixados nas treliças, deixando a saída do eletroduto próximo de onde ficará o ponto
de luz (Figura 50).

As caixas de luz de parede são fixadas diretamente nos perfis metálicos com
parafusos auto brocantes (Figura 51).
54

As tubulações de saída de água fria, quente e esgoto são fixadas nos perfis
com abraçadeiras tipo c, geralmente a fixação é feita próximo as conexões (Figura
52).

As bases de registro gaveta e registro de pressão recebem o mesmo


procedimento, onde é instalada uma travessa metálica e fixamos a base dos
registros nesta travessa com parafusos (Figura 53).

Os pontos de saída de água fria e esgoto também recebem uma fixação nos
perfis, assim evitando qualquer movimentação ou patologia futura (Figura 54).

Figura 49 - Instalações elétricas e hidráulicas


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 50 - Instalações elétricas (Iluminação)


(Fonte: Foto dos autores)
55

Figura 51 - Detalhe instalação Elétrica


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 52 - Detalhe fixação de abraçadeira nas tubulações


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 53 - Detalhe de fixação de base de registro de pressão


(Fonte: Foto dos autores)
56

Figura 54 - Detalhe da saída de água fria e esgoto


(Fonte: Foto dos autores)

3.13. ISOLAMENTO TERMO ACÚSTICO COM LÃ DE ROCHA

A técnica utilizada para o isolamento termo acústico do empreendimento, foi o


preenchimento de lã de rocha nos vão entre a placas de OSB (externas) e a placas
de drywall acartonado (Figura 55 e Figura 56).

As paredes do banheiro também foram preenchidas com lã de rocha (Figura


57).

Figura 55 - Isolamento termo acústico das paredes com lã de rocha


(Fonte: Foto dos autores)
57

Figura 56 - Isolamento termo acústico das paredes com lã de rocha


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 57 - Isolamento termo acústico banheiro


(Fonte: Foto dos autores)

3.14. FECHAMENTO INTERNO COM PLACAS DE DRYWALL ACARTONADO

O fechamento com as placas de drywall foram instalados no sentido


transversal aos perfis metálicos (Figura 58) e as placas sempre se intercalando, ou
58

seja, jamais deixando uma placa inteira sobre a outra (Figura 59), conforme
orientação da norma. A junta de dilatação entre as placas de drywall tanto na
horizontal quanto na vertical foram de 3 mm.

O material utilizado para o tratamento das juntas de dilatação, foi a fita micro
perfurada e gesso simples. Onde primeiramente é aplicada a fita e posteriormente
aplicada uma fina camada de gesso dando acabamento as juntas, como pode ser
observado nas figuras Figura 60 e Figura 61.

Figura 58 - Instalação de placas de drywall acartonado


(Fonte: Foto dos autores)
59

Figura 59 - Instalação de placas de drywall


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 60 - Tratamento de juntas de dilatação


(Fonte: Foto dos autores)
60

Figura 61 - Tratamento de juntas de dilatação


(Fonte: Foto dos autores)

3.15. INSTALAÇÃO DE FORRO DE GESSO

O forro de gesso seguiu o mesmo procedimento de instalação das paredes,


com as placas de gesso acartonado sendo instalados na transversal dos perfis
metálicos e com juntas de dilatação de 3 mm. O forro instalado utilizou-se tabicas
metálicas nas extremidades das paredes (Figuras Figura 62, Figura 63 e Figura 64).

O material utilizado para o tratamento das juntas de dilatação, também foi a


fita micro perfurada e o gesso simples. Onde primeiramente é aplicada a fita e
posteriormente aplicada uma fina camada de gesso dando acabamento as juntas.
61

Figura 62 - Fechamento de forro com placas de drywall


(Fonte: Foto dos autores)

Figura 63 - Fechamento de forro com placas de drywall


(Fonte: Foto dos autores)
62

Figura 64 - Fechamento de forro com placas de drywall


(Fonte: Foto dos autores)

3.16. RESÍDUOS DA OBRA

Essa é a quantidade total de resíduo gerado em 4 meses de obra (Figura 65),


desde a sua fundação até os fechamentos laterais e forros. Sendo uma das grandes
vantagens, a construção a seco além de oferecer velocidade na construção do
empreendimento, possui a característica de ser uma obra totalmente sustentável,
com pouquíssimos resíduos, e de fácil descarte. Aproximamos um telefone celular
para poder demonstrar o volume de resíduo gerado. Em conversa com o engenheiro
responsável pela obra, o mesmo mencionou que o descarte muitas vezes é feito em
conjunto com outras obras de steel frame, pois o volume apresentado sequer
preenche uma caçamba.
63

Figura 65 - Quantidade de resíduo gerado na obra


(Fonte: Foto dos autores)

3.17. ARGUMENTAÇÕES FINAIS

Devido o crescimento da demanda por construções habitacionais


industrializadas, as construtoras e incorporadoras vêm buscando por métodos
inovadores cada vez mais rápidos e eficientes para construções em larga escala e
que também possuam o prazo de construção otimizado e reduzido.

Com o intuito de diminuir o déficit habitacional no Brasil, o sistema construtivo


LIGHT STEEL FRAME surge como uma excelente alternativa, pelo fato de suas
etapas de construção serem racionalizadas e também, outro fator interessante aos
olhos de quem constrói e quem adquire, é que se trata de uma obra totalmente
sustentável, com pouquíssima geração de resíduos.

Outro fator muito atraente que apresentamos no decorrer do trabalho, é que o


sistema LSF é parcialmente ou totalmente pré-fabricado (conforme projeto), assim,
oferecendo um ótimo prazo de construção.
64

As estruturas metálicas em aço galvanizado do LSF possuem baixo peso


próprio, sendo possível a utilização de uma fundação simples (como o Radier ou a
sapata corrida), o que auxilia drasticamente na redução de custos pois, como
indicam experiências cotidianas, as fundações equivalem a aproximadamente 20%
do valor da obra.

Quando as paredes recebem técnicas e materiais que visam a otimização do


desempenho termo acústico, como paredes duplas de drywall, instalação de lãs de
rocha ou vidro, entre outras, obtém-se uma ótima melhoria na qualidade térmica do
ambiente e também no isolamento acústico. Este é um fator que chama bastante
atenção, pois a melhoria no desempenho acústico e térmico são características
fundamentais para o conforto do futuro proprietário.

Evidenciou-se, também, as características negativas presentes no sistema


LIGHT STEEL FRAME. Uma das desvantagens apresentadas foi em relação à mão
de obra qualificada disponível no mercado, onde instaladores de drywall (forros e
paredes) acreditavam que se tratava da mesma técnica utilizada nas instalações
simples de drywall. Entretanto, as instalações dos perfis metálicos estruturais
possuem diferentes técnicas comparadas ao drywall, onde era imprescindível o uso
de mão de obra com conhecimento do sistema. Desta maneira, com o avanço das
construções em LSF no setor construtivo, profissionais desqualificados se
interessaram em realizar tais serviços e buscaram especialização no sistema,
ocasionando, atualmente, um déficit de mão de obra apta para as instalações destes
tipos de estruturas.

Devido a necessidade de utilização de mão de obra especializada no sistema,


o método construtivo apresentava um custo de mão de obra maior comparado ao
sistema construtivo convencional (concreto armado e alvenaria). Porém, devido ao
aumento da concorrência na mão de obra, o custo foi reduzido, acrescentando que,
com o prazo da obra reduzido e otimizado e a utilização de fundações de simples
construção, o custo total da obra se torna cada vez mais equivalente se comparado
ao método convencional.

Um fator que provavelmente será o mais difícil de derrubar, é a questão


cultural das pessoas que, por falta de conhecimento, optam pelo método
convencional, mesmo tendo a escolha de uma obra mais rápida, sustentável e limpa.
65

Todavia acreditamos que, com o passar do tempo, o sistema LSF será mais
utilizado, e esse tradicionalismo ficará no passado.

Portanto, analisando as principais vantagens e desvantagens e também


observado in-loco, conclui-se que o LSF é bastante promissor, oferecendo
interessantes vantagens quando tratamos de prazo de execução, custo-benefício,
sustentabilidade, preocupação com o meio ambiente (devido sua baixíssima geração
de resíduos), além do conforto termo acústico adquirido ao realizar o devido
tratamento nas paredes.

Concluímos que o método construtivo LIGHT STEEL FRAME demonstra ser


uma excelente ferramenta para um futuro próximo, atendendo à demanda por obras
cada vez mais rápidas, eficientes e sustentáveis; com vantagens atraentes aos olhos
do público alvo, todas elas apresentadas neste estudo de caso.

4. CONCLUSÃO

Este trabalho buscou trazer informações relevantes sobre o sistema


construtivo LIGHT STEEL FRAME, identificando seus procedimentos construtivos,
normas de utilização, vantagens e também a sua viabilidade de inserção no
mercado brasileiro da construção civil.

Com a alta demanda habitacional no Brasil, os empresários do ramo da


construção civil buscam por novas soluções e métodos que satisfaçam as
necessidades de seus consumidores. E conforme abordado no conteúdo do
presente trabalho, foram constatados resultados extremamente positivos advindos
do sistema construtivo LSF.

Após visitas técnicas em empresas que atuam na fabricação e distribuição de


matérias-primas do LSF, conversas com profissionais do setor e engenheiros
especializados, além da percepção do crescimento exponencial de trabalhos
acadêmicos sobre o tema, ficou clarividente que este sistema construtivo se
66

consolida ao longo do tempo como uma solução para o déficit habitacional


Brasileiro.

Seria prematuro dizer que este sistema construtivo a seco venha um dia
substituir o método convencional, todavia, vem apresentando uma tendência
cristalina de expansão em sua utilização em âmbito nacional. O trabalho buscou a
abordagem substancialmente construtiva, em seus aspectos técnicos, de montagem,
viabilidade na execução, acompanhamento executivo e atendimento das normas
vigentes. Com isso, entendemos que o mesmo atingiu o objetivo proposto.

Algumas abordagens pontuais foram evidenciadas por um momento com o


intuito de estabelecer algum parâmetro comparativo, mas sem ter sido aprofundado
de uma maneira consistente, já que tais informações foram obtidas através de
conversas informais com profissionais do setor; porém de importante elucidação
acerca do assunto tratado.

O LIGHT STEEL FRAME apresentou, em diversos momentos, processos


executivos similares aos do sistema convencional, assim como outros
aparentemente equivalentes e que podem até mesmo se tornar um problema no
futuro. Como por exemplo temos o fator mão-de-obra qualificada. Como o sistema
construtivo LSF apresenta uma suposta semelhança em relação a instalação de
paredes divisórias e forros em drywall, os instaladores deste sistema (já consolidado
no Brasil) tendem a pressupor ser de igual execução e, consequentemente, não
buscam um curso profissionalizante. Sendo assim, há uma possibilidade real que
manifestações patológicas generalizadas se evidenciem no pós-obra, podendo
afetar negativamente essa mudança cultural ainda incipiente no Brasil, no que
concerne ao processo construtivo em LIGHT STEEL FRAME.

Além do fator mão-de-obra, também temos a questão cultural, que ainda


resiste e tende ao método convencional. Os consumidores, por desconhecerem o
sistema construtivo em LSF, apresentam obstáculos que impedem a escolha deste
sistema. Não raramente, os decisores favoráveis a escolha do método construtivo, já
tenham visitado e conhecido este método nos Estados Unidos da América, onde se
originou e prepondera o mesmo. Por apresentar uma estrutura mais leve e
montagem menos robusta, o LIGHT STEEL FRAME transmite a falsa sensação de
67

que a edificação apresenta certa insegurança, assim como desconforto termo-


acústico, para os desconhecedores e céticos.

Por outro lado, como demonstrado ao longo do estudo, o sistema LSF tem
demonstrado diversas vantagens perante o método convencional. Vantagens estas
que passam desde a economia em relação às fundações até as de caráter
sustentável, como a redução na quantidade de resíduos decorrentes da obra. Estes
pontos ressaltam que a falta de informações dos consumidores sobre o sistema
construtivo contribui em dificultar a quebra de paradigmas na construção civil.

Apesar da expansão da utilização do método construtivo LIGHT STEEL


FRAME, o mercado da construção civil ainda carece de estudos mais aprofundados
sobre o tema. Como o Brasil é um país tropical, muito da tecnologia desenvolvida no
LSF americano não se aplica no território nacional, ou tem baixa funcionalidade
como, por exemplo, a questão térmica em que o reboco térmico ainda não é
utilizado; ou a questão das telhas cerâmicas (com baixíssima utilização no mercado
americano), que em contato com os perfis galvanizados pode acelerar o processo de
corrosão.

Um dos pontos positivos na escolha do LIGHT STEEL FRAME como método


construtivo é o prazo de execução. Segundo engenheiros civis que já se dedicaram
aos métodos convencionais no passado e atualmente se dedicam ao LSF, o cliente
ao optar pelo novo método, pode ter sua residência entregue em até 1/3 (um terço)
do prazo se comparado ao sistema convencional. Inclusive, ressaltaram que o valor
referente à área construída já se encontra em equivalência para ambos os sistemas.
Dessa forma, pode-se deduzir que o LSF se apresenta financeiramente viável ao
construtor, se produzido em escala.

O presente trabalho buscou trazer informações relevantes acerca deste


sistema construtivo, ainda em fase introdutiva no Brasil, auxiliando os tomadores de
decisão na melhor escolha, provendo uma abordagem analítica na viabilidade de
implantação deste novo método em território nacional. Apesar de diversos dos
aspectos técnicos já serem contemplados em normas, ainda há muitos estudos e
ensaios a serem realizados. Questões como capacitação da mão-de-obra,
desempenho dos componentes do sistema em condições ambientais brasileiras,
análises patológicas pós-construtivas e viabilização no setor habitacional popular
68

são lacunas que podem ser exploradas no futuro, complementando o entendimento


necessário à consolidação desta forma construtiva, chamada LIGHT STEEL
FRAME.

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72

ANEXO A – CRONOGRAMA DA OBRA


Anexo II - Cronograma de Execução de Obra

Obra Residencial Light Steel Framing Revisão: 1 Original Houve alteração no cronograma
Cliente: Rodnei Gonçalves Machado Data correspondente do dia
Endereço: Rua Noruega 410 Jardim Paulistano Americana-SP Telefone:
Mês/Ano jan/19 fev/19 mar/19
Observações Carnaval
Dia 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29
Prazo de Execução (77 Dias) - Estimado seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex sáb dom seg ter qua qui sex

Pagamentos Criativa
Serviços de Pré Obra C
Serviços Eng. - Estrutural 60%
Serviços Eng. - Hidraulico
Serviços Eng. - Elétrico
T erraplanagem Inicio
Instalações provisórias
Gabarito do radier e calçadas C
Montagem do encanamento (esgoto, água e pluvial) C I
Concretagem do Radier e calçadas
Montagem de Painéis Estruturais O C E C
Nivelamento do piso para receber painéis
Montagem Estrutural in Loco
Montagem estrutura da cobertura
Instalação das calhas C I I
Instalação das telhas O C
Revestimento com OSB O C
Aplicação de membrana hidrófuga O C C
Revestimento com placas cimenticias O C
Acabamento externo O C
Instalações elétricas O C
Instalações hidraulicas O C
Revestimento com lã mineral O C
Revestimento interno com chapas de gesso O C
T ratamento de juntas interno O C
Montagem de forros O C
T ratamento de juntas dos forros O C
Serviços de finalização da obra
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